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A profissionalização do futebol - página

A LAF rejeitava a profissionalização do futebol, pois, caso acontecesse, não conseguiria distinguir as elites das camadas populares. A profissionalização correspondia tanto a uma tensão que existia entre a tradição elitista e amadora dos primórdios da prática esportiva quanto a necessidade de regulamentação nos clubes - que possibilitava, na popularização do futebol, uma crescente participação remunerada de jogadores de origem pobre e negra. O futebol refletia, assim, as tensões sociais que percorriam o país. A conquista do campeonato carioca pelo Vasco da Gama, em 1923, foi simbólica. O time rompeu, de certa forma, alguns preconceitos e também ajudou a expandir o futebol no país. O time composto por negros e mulatos passou por cima dos favoritos Flamengo, Fluminense, Botafogo e América, compostos somente por jogadores

brancos.

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O futebol teve seu crescimento acentuado nos anos 30, devido a sua profissionalização, em um cenário de intensa movimentação política no país. Os principais movimentos foram a Revolução de 30, a Revolta Constitucionalista de 32 e a instauração do Estado Novo. Em 1933, a Confederação Brasileira de Desportos formalizou a atividade e a nova fase do futebol era quase concomitante à nova fase na política brasileira - Getúlio Vargas subiu ao poder em 1930 e, mais tarde, em 1937, instaurou a ditadura do Estado Novo, marcado por intensa opressão e privação da liberdade de opinião. Apesar disso, também foi marcado pelo memorável populismo varguista e sua incessante tentativa em incentivar um nacionalismo que legitimasse seu autoritarismo. O Estado Novo desenvolveu um processo de construção de uma nova identidade nacional e o futebol era artefato de Vargas.

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