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SILVANA GUIMARÃES

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ANA ESTAREGUI

ANA ESTAREGUI

(Belo Horizonte/MG) Socióloga e escritora. Organizou e participou de algumas coletâneas, entre elas, Hiperconexões — Realidade Expandida Vol. 2 (Org. Luiz Bras, Patuá, 2014) e 1917-2017 — O Século sem Fim (Org. Marco Aqueiva, Patuá, 2017). Editora da Germina — Revista de Literatura & Arte e do site Escritoras Suicidas. Publica seu primeiro livro, de poesia, em 2019.

suCinta

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nostalgia do próprio corpo: a fratura exposta na janela : conjugar a palavra antigo no presente do pós-futuro

somos uma orquestra: e eu só quero confessar meu amor sem dançar um foxtrote em dublin

mas toda paixão se molda em espanto: nasce entre precipícios: pirotecnias a cada transfusão de dor

o velho espelho incendiado a alma sorrateira escancarada a gente se acabando aos poucos: mijando a mágoa da vida inteira

anagapesis

menos que um corpo mais que uma coisa ser um girassol onde sempre chove ser o que eu quiser, baby

não é a solidão é mais que a solidão o que me livra dessa espécie de amor que me feriu e me fez ferir

nunca mais seu esperma a trofosperma alimentando outras vidas com a minha

pode espernear: mon coeur mis à nu lá fora passa o carro da pamonha e o moço grita pelo alto-falante: os deuses estão mortos

na vitrola o disco arranhado naquela parte em que a voz implora let me try again

mínima Via

um pássaro pousou no relevo côncavo do meu ombro

sede de dilúvio e essa dor que o tempo não estanca

certeira como a solidão das uvas verdes como o rumor dos rios secos

boca a boca aspirar o ar rarefeito

aos poucos afagar o ardor do amor baldio

a vida alumiada o turbilhão do nada o raio do não

nessa noite que nos afasta

autorretrato Com Colar de espinhos e ColiBri

carmem madalena flor hermafrodita mulher e amásia de joão estanislau pintor de paredes vizinho de barraco na favela da ventosa belzonte mg portador de moléstia séria: furor nos testículos oh carma meu

carmencita carmita carmamarga madrasta de seis sobrinhos aflitos dos mamilos apodrecidos do útero-deserto-áspero da alma imutável hematoma do corpocarneviva carmim

desenganada pelo médico do posto de saúde abro os olhos afasto borboletas e mariposas yo soy frita: o amor avis rara passou sem remédio que cure mi obsesión só a passagem de ida para o ceará: jericoacora “espero que la marcha sea feliz y espero no volver”

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