1 minute read

mafalda sofia gomes

Next Article
roberto bicelli

roberto bicelli

1992, Matosinhos. Estudou Línguas, Literaturas e Culturas (Português/Alemão) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Encontra-se a escrever a tese de doutoramento sobre construções de maternidade na literatura alemã da Idade Média. Publicou poemas em diferentes antologias (Curupira, A Sul de Nenhum Norte, Guetto, Tlön, Liberoamericanas: 80 poetas contemporâneas, Lluvia Oblicua: Poesía Portuguesa Actual, Flanzine). Coeditou o nº5 do zine MAIS PORNÔ, PFVR, especial poesia de Portugal. É vencedora da categoria de escrita no concurso Novos Talentos Fnac 2019 com o conto “Milho Rei”. O seu primeiro livro está a ser preparado para o próximo verão com editora Do Lado Esquerdo. Participará na Coleção elemeNtário da editora Flan de Tal com “Mercúrio”.

I – Bandeja

Advertisement

O amor é o olho do exilado estrábico que de espingarda apontada me ensinou a identificar os orbes pela forma precisa como cintilam nas lucernas as cabeças. O amor é um telescópio de que avisto as madeixas que gravitam nas orlas onde aportam os barcos para o fim do mundo. Penso os colonos que me habitam como um parasita e estou certa; eu sou hospedeira do que me aconteceu. Se as coisas germinam em nós, de nós eu serei um planeta habitado.

O amor é um olho que cerramos para morrer e outro para vos matar.

II – Viagem

Quantas coisas deixamos ficar aos revisores?

Quantas coisas me deixarão levar quando eu for?

III – Desenlace

O aquecimento global é mais universal que qualquer calcanhar camuflado pela tília.

Concordam que um ponto fraco é como um corpo mutilado? (A morte é universal, na poesia e na vida.)

O aquecimento global é um assunto poético porque é escatológico como o olho de João nos céus de Patmos.

Mas em que praia plantarão as nossas cabeças?

E que olhos me sobram para cegar?

This article is from: