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Aprender sobre política nunca é demais
Política devia ser para todos e para todas e em todos os dias do ano. E é, mas nem percebemos, porque confundimos a política do dia a dia, de cada cidadão e cidadã, com a política partidária. E não é por menos. A história nacional e a mundial mostram a crueldade do mundo político-partidário. Isso não quer dizer que as pessoas devam fugir desse meio. Pelo contrário. Devem ingressar nele e tentar mudá-lo. Que tal aprender com a história para entender um pouco por que esse universo se move de maneira tão controversa? O cinema pode ser uma boa maneira de começar a enveredar e a compreender esses meandros. Prefere se aprofundar mais? Há livros suficientes para se montar uma verdadeira biblioteca.
Para ler
O Contrato Natural (Instituto Piaget, 1994) - É urgente a escolha entre o prolongamento do combate feroz que o ser humano tem feito à natureza e o início do diálogo entre ambos. No limiar de uma luta de morte, é necessário prever um contrato, realizar um acordo entre os homens para preservar a Terra, com a qual a humanidade precisa estabelecer paz para garantir a própria sobrevivência.
Repensando o Partido Verde Brasileiro (Ateliê Editorial, 2004) explica a ideologia verde e os caminhos políticos que o partido propunha quando do lançamento do livro. O autor, Tibor Rabóczkay, argumenta que não há solução para problemas sociais à custa do ambiente. Ele também aborda as relações entre direita e esquerda e os dilemas do “onguismo”. Ao final, discute algumas questões polêmicas como a compatibilização entre cristianismo e controle de natalidade.
Partidos Políticos no Brasil (1945-2000) (Zahar, 2000) é uma bora de referência, que organiza as informações sobre a origem e o desempenho eleitoral dos partidos brasileiros após o fim do Estado Novo, durante os anos do autoritarismo e na experiência democrática contemporânea iniciada em 1985.
Em O Príncipe (várias edições), um clássico sobre pensamento político, Maquiavel mostra como funciona a ciência política. Discorre sobre os diferentes tipos de Estado e ensina como um conquistar e manter o domínio sobre um Estado. Trata, ainda, das virtudes que o governante deve adquirir e dos vícios que deve evitar para se manter no poder.
Em Estado e democracia: Uma introdução ao estudo da política (Zahar, 2021), misto de guia para iniciantes e ensaio de interpretação do presente, os professores André Singer e Cicero Araujo e o pesquisador Leonardo Belinelli combinam a sua longa experiência de ensino da disciplina na Universidade de São Paulo e a investigação teórica. Entre o nascimento da política na Antiguidade clássica e o fantasma de um “totalitarismo neoliberal” nos dias correntes, os autores apresentam a origem do Estado moderno, o impacto do temido Leviatã, o clarão renovador das revoluções democráticas, o horror do regime totalitário dos anos 1930 e o igualitarismo do pós-guerra. Hoje, quando espectros regressivos voltam a apertar corações e mentes ao redor do mundo, é necessário concentração para pensar e discernimento para agir politicamente de modo a afastar os perigos que rondam – e retomar o caminho da liberdade, da igualdade e da fraternidade apontado mais de duzentos anos atrás.
Para assistir
No filme Curral (2020), disponível na Netflix, Joel é um advogado que está na disputa para a eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa para participar da campanha, angariando votos de um bairro simples do município através da promessa do fornecimento de água. Apesar de receoso, Chico aceita, mas se vê atravessado por forças conflitantes enquanto questiona a ética desse tipo de campanha.
Baseado em fatos reais, Argentina, 1985 (2022) traz a história verídica dos promotores públicos Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, que ousaram investigar e processar a ditadura militar mais sangrenta da Argentina. O filme vem sendo aclamado por sua força e pela história que o Brasil sequer pôde viver, porque “Nós não enfrentamos o passado”, como bem colocou a historiadora e escritora Heloisa Starling, professora da UFMG. Disponível na Amazon Prime.
O filme No se passa no Chile, em 1988. Pressionado pela comunidade internacional, o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito nacional para definir sua continuidade ou não no poder. Acreditando que fosse uma oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes do governo resolvem contratar René Saavedra (Gael García Bernal) para coordenar a campanha contra a manutenção de Pinochet. Com poucos recursos e sob a constante observação dos agentes do governo, Saavedra consegue criar uma campanha consistente que ajuda o país a se ver livre da opressão governamental. O filme, de 2012, pode ser assistido no Telecine.
Extemistas.br (2023) é uma série produzida pela Globoplay que acompanha políticos, influenciadores e militantes arrependidos para mostrar como a radicalização sequestrou o debate público no Brasil, culminando nos atos antidemocráticos.
Democracia em vertigem, de Petra Costa (2019), retrata um dos períodos mais dramáticos da história do Brasil. No filme, o político e o pessoal estão entrelaçados pela narração de Petra. Por meio de relatos de seu complexo passado familiar e acesso sem precedentes a líderes do passado e do presente, a cineasta analisa a ascensão e a queda desses governantes e a polarização de uma nação. O filme pode ser conferido na Netflix.
Jango, de 1984, é um documentário dirigido por Silvio Tendler que retrata a história de João Goulart, conhecido como Jango (1919 - 1976). A obra acompanha a sua entrada na política, o golpe e o exílio no Uruguai. O documentário ainda reúne depoimentos de personalidades brasileiras.
Em Getúlio (2014), os últimos dias do ex-presidente do Brasil, Getúlio Vargas (Tony Ramos). Uma crise é desencadeada após um atentado quase matar seu maior opositor, o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges). O presidente é o principal suspeito como mandante do crime e a oposição quer tirá-lo do poder, mas ele tenta defender sua inocência, antes de cometer suicídio. Disponível na Netflix.
O filme Torre das Donzelas (2018), de Susanna Lira, expõe as torturas sofridas pelas mulheres presas durante o período da ditadura militar (1964 - 1985), por meio do relato de pessoas que foram perseguidas. Entre elas, está a ex-presidenta Dilma Roussef. O filme pode ser assistido na GNT.
Em Bacurau (2019), pequeno vilarejo do sertão brasileiro, os moradores descobrem que não constam mais em nenhum mapa. A comunidade local está ameaçada e sofre com falta de recursos básicos e de políticas públicas. O filme retrata o cenário desigual do país, com foco na resistência popular – na Globoplay.
Uma noite de 12 anos, que pode ser assistido na Netflix, se passa em 1973, no Uruguai. José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort) são militantes dos Tupamaros, grupo que luta contra a ditadura militar local. Eles são presos em ações distintas e encarcerados junto a outros nove companheiros, de forma que não possam sequer falar um com o outro. Ao longo dos anos, o trio busca meios de sobreviver não só à tortura, mas também ao encarceramento que fez com que ficassem completamente alheios à sociedade, sem a menor ideia se um dia seriam soltos.
Como se filiar a um partido político? Quais são as vantagens e desvantagens de se filiar a um partido político no Brasil? Quais são as regras? O vídeo foi produzido para as eleições de 2018, mas vale a dica. Disponível em: http://www.politize.com.br/.