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Sabor da Carne

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Banco de sêmen na fazenda

Estrutura de estocagem eleva eficiência da IA TF e permite negociar doses de touros em melhores condições, antecipadamente.

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Local escolhido para montagem do banco de sêmen deve ser seco, arejado e sem incidência de luz solar direta

Denis Cardoso

Em função do avanço da IATF (inseminação artificial em tempo fixo) nas fazendas brasileiras, vem crescendo o número de produtores decididos a gerenciar o material genético que usam em seus planteis de maneira mais profissional. Muitos, inclusive, estão criando “bancos de sêmen” na própria fazenda, com três objetivos: melhorar a eficiência de manejo da IATF, ter maior poder de negociação na hora de comprar material genético e reduzir custos de manutenção com nitrogênio líquido, gás utilizado para conservação das doses congeladas a uma temperatura de 196 ºC negativos. O custo de montagem do banco varia de R$ 10.000 a R$ 20.000, dependendo de seu tamanho.

A Agropecuária Água Preta, por exemplo, que mantém 30.000 cabeças em 15.000 ha de pastagens no município de Cocalinho (MT) e foi pioneira no uso de IATF no Brasil, também foi uma das primeiras a montar um banco próprio de sêmen para atender seu programa de cruzamento industrial, que envolve 12.000 matrizes Nelore, inseminadas com Rubia Galega, para produção de animais 1/2 sangue destinados ao programa de carne de qualidade do Pão de Açúcar. “Desde que optamos pelo banco de sêmen, em 2007, conseguimos reduzir consideravelmente o custo de aquisição de material ge

nético, além de melhorar bastante manejo o na IATF”, relata João Paulo Martinelli Massoneto, gerente geral da fazenda Água Preta. Segundo ele, fica bem mais fácil pedir descontos às centrais de genética quando se compra grande quantidade de sêmen de uma única vez, meses antes do início da estação de monta. “Entramos no mercado comprando todo o sêmen de que precisamos: 18.000 doses/ ano”, destaca. Além de preços promocionais, a negociação antecipada permite levar para casa doses de touros “badalados” (em evidência nos sumários da raça e nas rodas de conversas entre os pecuaristas), cujos lotes de sêmen se esgotam rapidamente nas centrais, geralmente alguns meses antes do início da estação reprodutiva.

Como montar o banco

A primeira providência, para montagem de um banco de sêmen próprio, é escolher um local adequado para armazenagem dos botijões, que não devem receber luz solar direta, nem ficar sujeitos à umidade. Se possível, manter os recipientes sobre estrados de madeira, sem contato com o chão. Manter botijões de reserva e material adequado para a medição do nível de nitrogênio também é importante. Feito isso, é preciso decidir que tipo de botijão comprar para estocagem do sêmen.

Na fase inicial de montagem de seu banco de sêmen, a Fazenda Água Preta comprou dois botijões de 34 litros, cada um com capacidade para 4.200 doses (considerando-se palhetas de 0,25 ml). Porém, com o passar do tempo, a equipe da fazenda constatou que eles não eram suficientes para estocar todo o material genético previsto para aquela estação de monta. Ao fazer contas, Massoneto percebeu que comprar outros botijões de igual tamanho (34 litros) elevaria os gastos com nitrogênio líquido. Os novos tanques também exigiriam um espaço maior do que o disponível. A solução foi desativar os botijões em uso e comprar outros maiores, de 47 litros, que, individualmente, tem capacidade para armazenar o dobro de sêmen (8.400 doses), além de exigir. proporcionalmente, uma quantidade menor de nitrogênio. Explica-se: o gasto com esse insumo varia muito de fazenda para fazenda, mas, em média, um botijão de 34 litros consome em torno de 8 litros de nitrogênio/ mês. Se a fazenda trabalhasse com dois recipientes desse tamanho, teria consumo mensal de 16 litros do gás, que, que geraria custo de R$ 240/mês, considerando-se o produto a R$ 15/litro, conforme cálculos do veterinário Renato Girotto, da RG Genética Avançada, de Água Boa, MT, que presta serviços à fazenda. Já um botijão de 47 litros consume 11 litros de nitrogênio/mês e gera despesa de R$ 165/mês, R$ 75 a menos do que a apresentada pelos dois botijões de 34 litros.

Hoje, a Fazenda Água Preta conta com quatro botijões grandes, o que lhe permite aproveitar boas promoções de preços de sêmen e estocar material genético para até duas estações de monta (volume superior a 30.000 doses). “Existe essa possibilidade, embora não seja uma prática comum nossa, pois sabemos que o

Palhetas de sêmen de diferentes touros em uma das canecas que fica alojada no botijão. O correto é usar recipientes pequenos para trabalho no curral.

ideal é trabalhar sempre com estoques para, no máximo, uma única estação de monta, pois, no processo de melhoramento genético, teoricamente, a geração imediatamente seguinte de touros é melhor do que a anterior”, justifica Massoneto.

Por ser uma grande prestadora de serviços, a RG Genética também possui banco de sêmen próprio para estocar parte do material genético aplicado nos rebanhos de seus clientes (cerca de 70 fazendas de corte). A empresa mantém, em Água Boa, MT, uma estrutura com capacidade estática para 67.200 doses, composta por seis botijões de 47 litros e quatro de 34 litros (para armazenamento do sêmen), além de outros 16 exclusivamente para transporte do material genético e manejo em currais. “Temos ainda um depósito onde acondicionamos os botijões de clientes no período fora da estação de monta, liberando a fazenda da tarefa de controlar o nível de nitrogênio”, afirma Girotto.

Botijões de trabalho

É importante que a fazenda invista em recipientes específicos para “trabalho” (que são menores, 20 aou 10 litros), para não precisar levar os botijões de estoque para os currais. “Uma fazenda que, por exemplo, pretende inseminar, no dia, um lote de 100 matrizes, acaba, desnecessariamente, levando para o curral um recipiente contendo 600 doses”, afirma Girotto. Geralmente, os botijões de estocagem maiores alojam seis necas, onde ficam armazenadas racks de sêmen de diferentes touros. Se forem levados ao curral, parte do material não usado naquele dia será exposto ao ambiente toda vez que o técnico levantar uma das canecas para fora do nitrogênio, com o intuito de retirar a palheta específica de sêmen escolhida para aquele momento. “Esse processo acaba provocando mudanças bruscas de temperatura, o que pode comprometer a qualidade do material genético”, alerta o técnico da RG Genética Avançada.

O uso de botijões menores para trabalho permite transportar para os currais somente a quantidade certa de doses que será aplicada nos lotes de fêmeas submetidas à IATF naquele dia. Ou seja, no caso de uma única rodada de inseminação envolvendo 100 vacas, coloca-se no botijão de transporte apenas cinco “racks”, cada uma delas em uma caneca diferente (20 doses por caneca). Com isso, as doses inseridas em cada caneca serão manuseadas 20 vezes, no máximo. No caso de uma fazenda que insemina 10.000 animais, o proprietário da RG Genética aconselha a compra de um botijão de 47 litros (8.400 doses) e outro de 34 litros (4.200 doses) para estocagem, o que resultaria em capacidade estática de 13.000 doses, além de um ou dois recipientes para transporte e manejo no curral, que poderia ser de 10 ou 20 litros (ambos com capacidade de 1.200 doses). A Fazenda Água Preta optou por trabalhar com dois de 20 litros.

“A quantidade de botijões de trabalho depende muito da quantidade de retiros que a fazenda tem e também se ela faz ou não serviços simultâneos nos currais”, avalia Girotto. No caso de uma fazenda com programa de IATF direcionado para 10.000 fêmeas e que tenha pelo menos dois retiros trabalhando de maneira independente, o veterinário recomenda a aquisição de dois botijões de serviço, além de um tanque de 47 litros e outro de 34 litros. “Nos meus cálculos, para este projeto específico de banco de sêmen, o pecuarista investirá algo em torno de R$ 14.000”, calcula o veterinário. n

Equipamentos para montagem de um banco de sêmen em uma fazenda com 10.000 matrizes sai por cerca de R$ 14.000”

Renato Girotto, da empresa RG Genetica Avançada

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