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Projeto Fazendas Pantaneiras

Raio X do Pantanal

Projeto FPS busca alternativas para se produzir com sustentabilidade na região

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Fazendas pantaneiras têm perfil muito profissional e enfrentam limitações com mão de obra

Ar iosto Mesquita

Há pouco mais de 15 anos, quando o conceito de sustentabilidade “debutava” na pecuária, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS) se viu perante um desafio: como definir critérios para avaliar o nível de sustentabilidade de fazendas em biomas diversos e complexos como o pantaneiro? Para levantar subsídios nessa área, eles percorreram rios e estradas da região, em viagens que levavam até três dias. Como resultado desse trabalho, em 2018, a Embrapa lançou o software Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) e, no ano seguinte, um projeto de extensão rural com o mesmo nome, atualmente reunindo 15 fazendas de gado de corte do Mato Grosso.

Esse projeto somente se tornou possível graças a uma parceria público-privada inédita, envolvendo Embrapa, Federação da Agricultura e Pecuária do MT (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MT), Associação dos Criadores do MT (Acrimat), Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e sindicatos rurais, instituições que integram o comitê gestor do projeto. Prevista para durar cinco anos, a primeira “versão” do FPS (outra já está sendo montada com fazendas pantaneiras do MS) fechou seu primeiro ano de atividades com um diagnóstico completo das propriedades participantes, localizadas em Cáceres, Poconé, Itiquira e Barão de Melgaço.

O diagnóstico (que está sendo apresentado individualmente aos produtores participantes, devido à pandemia

da Covi-19), é uma espécie de raio-x de cada propriedade, indicando seus pontos fortes. fragilidades, potencial produtivo e alternativas para melhoria de resultados. O levantamento desses dados foi feito por uma equipe (três técnicos e um supervisor) contratada pelo projeto, com recursos do Senar/MT.

“Cada técnico acompanha um grupo de cinco fazendas, visitando-as por três dias a cada mês. Essa assistência é totalmente sem custo para os pecuaristas, mas eles devem se comprometer a executar o plano de ações elaborado para a fazenda, investindo em manejo, gestão, sanidade e reprodução, de acordo com as necessidades diagnosticadas”, explica o coordenador de assistência técnica e gerencial do Senar/MT, Armando Urenha Júnior. A escolha das fazendas, segundo ele, aconteceu de forma natural, por adesão, a partir de reuniões em Cáceres, em 2018, que antecederam a formatação do projeto.

“Fechamos somente com 15 propriedades, em função da limitação de recursos, mas todas cumprem três requisitos básicos: possuem rebanho superior a 100 cabeças, estão efetivamente em área do bioma Pantanal e têm como principal atividade econômica a bovinocultura de corte”, diz o executivo do Senar. O acordo entre o comitê gestor do FPS e os pecuaristas garante o sigilo dos dados de cada fazenda. Urenha não soube precisar o orçamento do FPS para os cinco anos, mas garante que cada instituição participante do comitê gestor tem seus encargos. Ao Senar, MT, por exemplo, coube contratação e custeio da equipe de campo. “Cada técnico se dedica ao longo de 15 dias/ mês, recebendo R$ 58 pela hora de atendimento”, revela.

Tradicionalismo

O diagnóstio do FPS confirma o perfil tradicionalista da pecuária na região. “O Pantanal abriga fazendas centenárias, algumas com mais de 300 anos, que ainda utilizam práticas extensivas e cuja mão de obra, de baixa escolaridade, tem dificuldade para assimilar tecnologia”, conta Urenha. Além disso, os técnicos detectaram grandes dificuldades logísticas. No período das chuvas, o acesso a várias fazendas somente é possível por via aérea ou fluvial, quando não ficam totalmente isoladas. Há gargalos também nas áreas de gestão, manejo e meio ambiente.

Os participantes do projeto podem até discutir formas de superar algumas limitações impostas pela legislação ambiental. Uma delas seria a proibição de se substituir um capim nativo por uma forrageira exótica. “O suporte para esse trabalho será científico e, para isso, contamos com a Embrapa”, observa a pecuarista Ida Beatriz Machado Miranda Sá, presidente do Sindicato Rural de Cáceres e participante do projeto com a Fazenda Nossa

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O Pantanal está deixando de ser um grande berçário”

Jeremias Pereira, ex-dirigente sindical de Cáceres, MT

Senhora do Machadinho (3.400 ha de área total e um rebanho médio de cria de 800 cabeças).

Uma das primeiras produtoras a aderir ao FPS, Beatriz tem a expectativa de conseguir dar uma guinada nas práticas internas da propriedade, cuja gestão ela assumiu em 2016, após a morte do pai, ocorrida no ano anterior: “Quero elevar o nível tecnológico para estreitar o ciclo de parto das vacas, dar melhor aproveitamento à área disponível e ordenar o pastejo”, diz. Como líder sindical do município detentor do maior rebanho bovino do Mato Grosso (1,1 milhão de cabeças – Imea/2018), Beatriz admite que as práticas tradicionais ainda debilitam o resultado financeiro do produtor pantaneiro. “Apesar de ser tendência, a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), por exemplo, ainda é rara e adotada de forma bem pontual”, exemplifica. Seu antecessor no comando do sindicato, Jeremias Pereira Leite, tem expectativa de que o FPS consiga ajudar a reverter uma tendência de “esvaziamento” da pecuária no bioma. “O Pantanal já foi conhecido como um grande berçário da bovinocultura de corte, mas atualmente somente 30% dos bezerros recriados e terminados em Cáceres vêm da planície. O restante é adquirido em outras regiões”, diz. Para o gerente de relações institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Júnior, o FPS pode mudar o pensamento e ações dos produtores, graças a seu formato extensionista: “Muitos achavam que ganhavam dinheiro, mas só trocavam figurinhas. Com a presença do técnico na fazenda e o engajamento do pecuarista o projeto certamente representará um divisor de águas”.

Inteligência computacional

O trabalho a campo dos pesquisadores delineou diversos protocolos para as fazendas pantaneiras sustentáveis, baseados em índices como “Conservação e Produti

Projeto Fazenda Pantaneira Sustentável

Execução: Embrapa, Famato, Senar/MT, Imea, Acrimat e sindicatos rurais dos quatro municípios Início/término: 2019/2024 Fase atual: Devolutiva dos diagnósticos dos modelos produtivos Alcance: 15 propriedades (aproximadamente 100.000 ha) • 26.000 ha em Poconé • 39.000 ha em Cáceres • 35.000 ha Barão de Melgaço e Itiquira Rebanho atendido: 52.000 cabeças • 8.000 cabeças em Poconé • 22.000 cabeças em Cáceres • 22.000 cabeças em Barão de Melgaço e Itiquira

vidade de Pastagens”, “Financeiro”, “Bem-Estar Social” e “Manejo e Bem-Estar do Rebanho”. Os dados de diagnóstico e de ajustes alimentam o sistema e os protocolos, que geraram indicadores, ajudam no delineamento do caminho a ser trilhado pelas fazendas. Para viabilizar o software, que é a ferramenta referência para o projeto, a Embrapa Pantanal contou com a participação da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP).

“Como o bioma é muito complexo, diverso e com fazendas bem diferentes umas das outras, a opção foi usar a inteligência computacional aplicada”, revela a pesquisadora Sandra Aparecida Santos, da Embrapa Pantanal. Ela se refere à lógica fuzzi, modelo que permite capturar informações imprecisas e convertê-las para um formato numérico, resolvendo problemas onde variáveis apresentam imprecisões. De acordo com a cientista, que acompanha todo o processo do FPS desde o início – há uma década e meia – o software trabalha com os seguintes aspectos que geram indicadaores de sustentabilidade: ambiental (biodiversidade, recursos hídricos e pastagem nativa); econômico (pastagem nativa, finanças, produtividade, manejo e bem-estar) e social (trabalho, comunicação/lazer, saúde, educação e habitação). n

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02 JULHO 2020

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