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Gado tem o desafio de bancar a
from Edição Outubro 480
by portaldbo
Desafio é bancar a floresta Fazenda das Pedras, em Curvelo, MG, recorre à pecuária para cobrir os custos do plantio de árvores e aposta na intensificaçao para ampliar área consorciada.
João Maurício Kubitschek Prates decidiu intensificar a pecuária para garantir que ela cubra os custos de formação gradativa da floresta
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Ariosto MesquitA
AFazenda das Pedras existe há 150 anos. Foi originalmente da família “Mascarenhas”, famosa por seu feitos na indústria têxtil. São 5.960 hectares (ha) incrustados em pleno cerrado mineiro, no município de Curvelo, bem às margens da BR-040, no trecho da rodovia que liga Belo Horizonte a Brasília. Com áreas típicas de cerrado, a propriedade – hoje pertencente ao casal Maurício Sebastião Martins e Maria Ilka Kubitschek Prates – dedicou-se, por décadas, exclusivamente à pecuária de corte (mais especificamente à cria), mas sua localização estratégica, pareceres técnicos favoráveis e um incontido desejo de investimento em produção de madeira nobre levaram os proprietários a apostar na silvicultura.
O projeto, entretanto, enfrentava um desafio: o ciclo produtivo das espécies madeireiras é longo (10 a 20 anos), exigindo desembolsos elevados antes das árvores começem a dar retorno financeiro. Como driblar essa situação? A saída encontrada foi manter a pecuária na propriedade. Coube a ela sustentar os custos da silvicultura. Inicialmente, o gado e a floresta foram mantidos em áreas específi cas, sem integração. As primeiras árvores para produção de madeira começaram a ser plantadas em 2007/2008, mas os proprietários perceberam, sete anos atrás, que a pecuária tradicional não conseguiria pagar as contas do projeto.
Foi, então, que João Maurício Kubitschek Prates, filho do casal responsável pela gestão da fazenda, resolver intensificar o sistema. Trocou a cria pela recria/engorda e apostou na integração pecuária-floresta (IPF). Para adequar a infraestrutura da fazenda ao novo modelo, criar sinergia interna e garantir bons resultados financeiros, Prates contratou duas consultorias: uma para a atividade pecuária (Prodap, de MG) e outra para a produção florestal e silvipastoril (Projeta Agroflorestas, também de Minas).
Hoje, dos 1.474 ha de área em uso, o produtor destina 313 ha à integração pecuária-floresta (IPF), com 95% de eucalipto e 5% de paricá), 33 ha à floresta solteira (mogno e cedro, com irrigação por gotejamento), 37 ha ao cultivo de capim Mombaça (para produção de volumoso) e 1.091 ha ao pastejo rotacionado e à terminação em confinamento (instalação com capacidade estática para 550 cabeças).
A fazenda possui ainda uma área de 1.100 ha que foi plantada com eucalipto para produção de energia e colhida há quatro anos, mas ainda aguarda reutilização. De acordo com Prates, a primeira área de integração formada em
Animais na área de integração pecuária-floresta, que é a “menina dos olhos” da Fazenda das Pedras.
2013 tem corte de árvores previsto para 2023. Desde o início do projeto de IPF, o produtor tentou formar 100 ha de floresta comercial por ano, mas esse ritmo precisou ser desacelerado, visando ajustes entre faturamento e despesas.
Segundo Prates, a propriedade tem conseguido se manter sem recursos externos, mas, para garantir avanços futuros, a pecuária terá de passar por uma segunda onda de intensificação. O custo do componente florestal é alto, principalmente nos dois primeiros anos. “Vamos ter informações claras sobre o resultado financeiro do modelo que adotamos quando o ciclo das árvores chegar ao fim, mas posso dizer que a renda vinda da produção de carne tem sido essencial para o sistema”, salienta Prates.
resultados da pecuária
Os números apresentados por Leonardo Diniz, da Prodap Consultoria, mostram que, se a pecuária ainda não sustenta a propriedade, está próxima desse objetivo. “Conforme nossas projeções iniciais, cada bovino deveria deixar o equivalente a pelo menos 2@ no caixa da fazenda para manter as despesas do sistema silvipastoril”, relata o consultor. O balanço do ano passado apontou retorno médio de 3@/cab, que, ao preço médio de R$ 162,3/@, significou receita líquida de R$ 486,93/cab. O confinamento apresentou resultado operacional ainda melhor: R$ 665,89/cab, nos machos, e R$ 202,43/cab, nas fêmeas.
Em 2019, a Fazenda das Pedras terminou um total de 788 animais, com peso médio de 19,68@/cab, sendo 485 a pasto e os demais a cocho. Os 260 machos e as 43 fêmeas confinadas pesaram, em média, 23,1 e 15,4@/cab, respectivamente. A propriedade compra animais principalmente no final do período seco (entre setembro e novembro), com peso de 7 a 12@. Uma parte desse gado é recriada a pasto nas águas e confinada na seca seguinte. Outra parte permanece a pasto na seca e é abatida, no ano seguinte, tendo-se a opção de fazer semiconfinamento nos 45 dias antes do abate, para potencializar o acabamento de carcaça, caso o mercado demande esse tipo de produto. “O tempo de permanência dos animais na fazenda, portanto, varia de 12 a 18 meses”, conta Diniz.
A propriedade também faz “sequestro” de bezerros ou “confinamento de recria” para encurtar essa fase de vida do animal. “Usamos a técnica de forma estratégica. Os animais mais leves, comprados durante o período seco, são confinados até que as chuvas comecem e os pastos atinjam altura média de entrada. Os lotes ficam no confinamento por 60 a 90 dias. A dieta é composta por 16 kg de silagem e 1,3 kg de ração por animal/dia”, explica o consultor.
Diniz trabalha com um protocolo nutricional que prevê a suplementação a pasto na recria e na terminação, usando sal mineral mais milho/sorgo na proporção de 0,5 g por quilo de peso vivo (PV), durante as águas, e proteinado na proporção de 1 g/kg de PV, durante os meses secos. Os lotes que entram em semiconfinamento nos 45 dias pré-abate recebem uma mistura de 5 g/kg de PV. Em 2019, o protocolo descrito atendeu 15% dos animais. “Neste ano, esse percentual deve aumentar”, explica o consultor.
Menina dos olhos
A área de IPF, que soma 311 ha, é a “menina dos olhos” da Fazenda das Pedras. O consórcio foi iniciado com foco no componente florestal, mas tentando obter o máximo também da pecuária. Como gestor da fazenda, Prestes considera que a sinergia entre as duas atividades garante equilíbrio ao sistema e ganhos mútuos. “Antes de formar a floresta, preparamos muito bem o solo, fazemos correção com calcário e adubação de base, o que dá vigor especial à gramínea plantada entre os renques.
A pastagem da IPF é formada no segundo período chuvoso que se segue ao plantio das árvores. “Quando eles crescem, passam a garantir conforto térmico aos animais e ajudam a manter oferta de capim de qualidade por mais tempo, sobretudo nos meses mais secos”, avalia o produtor. O monitoramento constante da área, segundo Prates, é outra contribuição da pecuária à silvicultura. A presença do vaqueiro no local para vistoriar e manejar o gado facilita a vigilância florestal, que não se tem normalmente, além de garantir segurança patrimonial. Esse funcionário também ajuda na observação de pragas e doenças nas árvores (quando treinado para
Bois saídos do confinamento, que tem capacidade estática para engorda de 550 cabeças
nnn Fazenda em números (2019) Nome: Fazenda das Pedras LocaLização: Curvelo, MG Área totaL: 5.960 ha Área aberta e em uso: 1.474 ha Área de iPF: 313 ha Área de PecuÁria: 1.091 ha Área Para siLagem de mombaça: 37 ha FLoresta soLteira (mogNo e cedro): 33 ha rebaNho médio aNuaL: 1.369 Cab totaL de @ comPradas: 4.403 totaL de @ veNdidas: 15.514 Produção totaL: 8.704@/ano Produção média Por cabeça: 6,4@ Produção média Por ha (Pasto): 7@ vaLor médio da @ veNdida: r$ 162,31 resuLtado Por cabeça: 3@ nnn
Curvelo
Belo Horizonte
Floresta solteira de mogno, um dos xodós de Prates
isso), além de eventuais riscos de incêndio.
Na IPF, as árvores são plantadas com espaçamento de 8 m entre renques (fila única) e 3,5 m entre árvores. “Esse arranjo resulta em um total de 370 plantas/ha, ou 28 m2 por planta. O modelo tradicional prevê 10 x 4 m, ou 40 m2 / planta. Optamos por uma população de árvores mais densa após estudos técnicos indicarem que produção de madeira decorrente desse arranjo agregaria valor ao sistema”, conta Luciano de Magalhães, da Projeta Agroflorestas. Entre os renques de árvores foram formadas pastagens de Marandu, Massai, Piatã e Paiaguás, capins de boa produtividade.
Manejo e lotação
A Fazenda da Pedras optou por produzir madeira para serraria devido a seu maior retorno econômico. “A madeira nobre é 2,5 vezes mais valorizada do que o eucalipto destinado à produção de energia. Pode chegar a R$ 150/m3. Nossa expectativa é obter uma produtividade de 35 m3/ha. Desse corte, virão recursos para próximos investimentos”, diz o consultor.
Mas como fica o capim nesse sistema? Indagado sobre o risco do espaçamento estreito inibir o crescimento das forrageiras, devido sombreamento, Magalhães explica que, apesar de não fazer desbaste (retirada de árvores finas e/ou defeituosas para favorecer o desenvolvimento das remanescentes) a fazenda faz desrama (a partir do sexto mês até 2,5 anos de idade), estratégia que ajuda a minimizar o
sombreamento na área de pasto. “Retiramos os galhos inferiores das plantas em até um terço de sua altura. Se uma árvore tem 6 m, a desrama é feita em 2 m. Dessa forma, também é possível obter uma tora de mais qualidade, sem nós”, explica Magalhães, da Projeta.
Prates admite que ajustes no suporte dos pastos consorciados serão necessários a partir de 2021. Segundo ele, até o sétimo ano, a integração pecuária-floresta cumpre seu papel como planejado, acomodando uma lotação de animais equivalente a 70% do que é colocado em área a pleno sol. “Nos três anos finais, tende a ocorrer um decréscimo na lotação por hectare, mas vamos tentar conter ao máximo essa queda, por meio de ajustes. Nas futuras áreas a ser implantadas, vamos readequar a adubação entre linhas, atentar para um melhor preparo da terra, além de escolher clones vegetais que possam interagir melhor com o capim”, diz o produtor.
Leonardo Diniz, da Prodap, observa que a fazenda não faz cálculo de lotação por área específica, até pelo fato de que são cinco setores distintos de IPF. “Os diversos lotes podem alternar pastejos em áreas abertas e em integração”, explica. Em 2019, a lotação média, considerando-se todos os pastos da fazenda nas águas e ma seca, foi de 0,7 UA/ha.
Planos futuros
Como conta com áreas disponíveis para incorporação ao sistema produtivo, a Fazenda das Pedras está em plena fase de ajustes e ampliação das medidas de intensificação. “Algumas glebas têm limitação física para o plantio de árvores comerciais. Nelas, possivelmente, entraremos com a pecuária buscando produzir o máximo por hectare. No confinamento, ainda fazemos apenas um giro, mas, para 2021, já planejamos a adequação do manejo para dois giros”, informa Prates.
Graduado em agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o produtor vem avaliando a possibilidade de diversificar ainda mais as atividades na propriedade, mantendo sempre a linha de se autofinanciar, ou seja, andar com as próprias pernas. “Quem sabe a gente consegue ampliar a área de capim para produção de volumoso e ainda destinar uma área à lavoura de soja, que ajudaria a financiar a reforma das pastagens? Mas como isso demandará outra infraestrutura e maquinários, ainda estamos avaliando essas possibilidades”, admite. n
Agropecuária Ribeirópolis realiza seus primeiros leilões
Com tecnologia de produção, a Ribeirópolis consegue suprir a demanda interna e oferecer parte da reserva para o mercado.
Em 33 anos de atividade, a Agropecuária Ribeirópolis fez sua estreia no mercado de Leilões em 2020. Depois do primeiro leilão, em agosto passado, com cem por cento de liquidez, o Grupo aposta em outros três eventos, quando irá disponibilizar parte da sua reserva genética para o mercado.
Serão ofertados Touros, Novilhas e Vacas PO prenhes e paridas, além de touros CEIP e bezerros comerciais, como forma de mostrar os resultados do trabalho de melhoramento genético, voltado para a produção. A assessoria técnica da criação PO da Ribeirópolis é feita pelo Célio Arantes Heim.
Segundo o gerente comercial da empresa Ângelo Gardim De Cesare, o mercado está num ciclo de alta regido pela oferta e procura de animais, isso estimula o pecuarista a produzir mais e, portanto, a necessidade por genética aumenta. Cenários como o aumento das exportações brasileiras, assim como o aumento da demanda interna provocado pelo retorno do comércio pós pandemia, também fazem parte do contexto de mercado avaliado pela Ribeirópolis para realizar os leilões”, argumentou.
Por serem virtuais, os Leilões podem atender pecuaristas de várias localidades, com entrega garantida na malha viária a partir do Mato Grosso. “Quem tiver interesse em produzir com qualidade tem nos leilões a oportunidade certa. A nossa seleção de touros tem o objetivo de ampliar resultados, direcionando a atividade para trazer matrizes com habilidade materna, longevidade e fertilidade, e machos com peso, carcaça e rendimento econômico”, afirmou o gestor.
Confira os leilões: - 28/11 – 1º Leilão Touros CEIP Ribeirópolis 620 animais entre touros, novilhas comerciais precoces Realização: Central Leilões e Aroeira Leilões - 06/12 - Leilão de Produção Ribeirópolis Gado comercial, touros PO, 400 bezerros comerciais e 20 novilhas PO prenhes Realização: Estância Bahia Leilões - 08/12 – Leilão de Fêmeas PO Fêmeas PO prenhes e paridas, além de um lote de bezerros comerciais Realização: MB Leilões e Aroeira Leilões
Agropecuária Ribeirópolis LTDA Fazenda Ribeirópolis IV Rodovia MT 130 km 10 – Rondonópolis, MT Telefone: (66) 34223583/(66) 99919-9955 e-mail: nelore.ribeiropolis@hotmail.com adm.ribeiropolis@gmail.com Instagram: @agropecuaria.riberopolis
Grupo Ribeirópolis investe há 33 anos em genética de ponta, com animais produtivos e precoces