Bastidores Luxury Magazine 21

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06 – Os Nossos Luxos 08 – Curtas 12 – Juliana Paes 19 – Bastidores das Artes 20 – Joana Seixas 22 – Monólogos da Vagina 24 – Conceição Abreu 26 – Museu Banco de Portugal 30 – Amália Hoje 32 – Chavela Vargas 34 – Coco Chanel 38 – Augusto Cury 40 – Agenda 44 – Rafael Bordalo Pinheiro 58 – Perfumistas 62 – Vaidade no Masculino 66 – Pernas de Luxo 69 – News 72 – Proteja-se do Sol

74 – “Poudre de Soleil” 76 – Looks 80 – Reportagem: 100 anos ao serviço da beleza 88 – Valentino 90 – Moda 100 – Pessoas de Sucesso 102 – Pets 103 – Relações Fortes 104 – Festas e Eventos 108 – Gourmet 110 – Vinhos & Enólogos 112 – Restaurante + Coleccionável 114 – Viagem 120 – Auto-Bastidores 122 – Interessante | Titanic 124 – Horóscopo 126 – Editorial 128 – Retrato

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1 relógio D:light para Swarovski (*) ; 2 Colar Bvlgari (*); 3 relógio lótus por José António tenente (*); 4 relógio Manta 1970 de Breil Milano (€2 772); 5 Pendente e anel Change your Mind de Goms (€3 990 e €2 990); 6 relógio Calvin klein, na Boutique dos relógios (*); 7 relógio lorus (*); 8 relogio jóia Bvlgari (*); 9 Anel Gil Sousa (*); 10 Colar Montblanc (*); 11 Escrava Pekan (*); 12 Brincos e colar secret Garden Collection de Monseo (*) (*) – Preço sob consulta

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curtas Edna Celulari

Edson Celulari aparece irreconhecível no musical “Hairspray”. “Ser mulher é muito difícil, ainda por cima uma gordinha como a Edna, no filme interpretado por John Travolta. Ter de usar salto alto é mais que um desafio. Parece que quando ando, vou cair e para não falar nas dores que sinto nas pernas”, revelou Edson que teve o apoio da mulher, Cláudia Raia, nesta encenação de Miguel Falabella.

herman Enciclopédia

Quem não se lembra de Diácono Remédios, do Melga e Mike ou a Super Tia? Estas personagens marcaram a década de 90 e a carreira de Herman José. Agora pode ver e rever em DVD a primeira série deste programa de culto. Esqueça a Wikipedia, a partir de hoje só precisa da Herman Enciclopédia.

Twitter emprego

Depois de ter publicado a peculiar mensagem no Twitter: “Prison Break chegou ao final, mas eu tenho coisas a fazer: Bioshock”, Wentworth Miller vai regressar, para delírio dos fãs. Bioshock reporta à década de 60 e conta a história de uma metrópole subaquática construída por um empresário chamado Andrew Ryan. Até que na véspera do ano novo de 1960, indivíduos modificados geneticamente tornam-se uma ameaça à população. A direcção do filme está nas mãos de Gore Verbinski (da trilogia “Pirata das Caraíbas”), e o argumento de John Logan (“O Último Samurai”).

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Gelado, Bond gelado

A empresa inglesa Del Monte Super Fruit Smoothies lançou para o mercado um novo gelado, em sabor e formas, o 007. Tendo como base as formas do corpo de Daniel Craig, e uma cena do filme “Casino Royal”, o agente secreto pode ser seu, só e todo seu, com os tropicais sabores a mirtillo, romã ou framboesa.


Gloss erótico

Lembra-se dos anos oitenta de uma esferográfica com mulheres e fato de banho, que se ia despindo? Anos depois, a vingança chegou. A novidade é o lançamento da marca Urban Decay - um gloss erótico. Mas calma, não é nada que mereça ir para as prateleiras das sex shops. É um brilho labial que no topo tem a foto de um lindo homem. Ao virar a tampa, ele aparece na mesma pose só que em roupa interior. Quem não gosta de gloss, pode comprá-lo só pelo prazer de despir o rapaz.

Kensi Blye

O actor e modelo brasileiro Reynaldo Gianecchini está a fazer sucesso no leste europeu, mais concretamente na Geórgia, tendo sido considerado, numa sondagem nacional realizada pelo canal de televisão IMEDI, como o homem mais bonito. Este sucesso conquistado pelo brasileiro deve-se à transmissão das telenovelas “Laços de Família” e “Esperança” naquele país do leste europeu. Gianecchini ficou, inclusivamente, à frente de concorrentes de peso, como Hugh Grant.

Daniela Ruah parece talhada para cenas de acção. Pelo menos essa é a opinião da equipa da série ‘NCIS – Investigação Criminal’ (em exibição no AXN). Durante as gravações de ‘NCIS: Legend’, a actriz mostrou-se muito à vontade com as armas. Na série, Daniela Ruah veste a pele da agente especial ‘Kensi Blye’. Filha de militares, desejada pela CIA e pelo FBI, opta por se juntar a uma equipa especializada em segurança do NCIS (Naval Criminal Investigative Service), perita em altas tecnologias. “Ela é muito determinada e inteligente. Talvez demasiado impetuosa às vezes”, conta Shane Brennan, produtor-executivo da série e acrescenta: “Ela tem uma pontaria fatal. Para quem nunca tinha disparado uma arma antes, acertou sempre no alvo. Não se metam com aquela rapariga!” Na festa de apresentação da serie, Daniela cativou os fotógrafos.

Gémeas

Depois dos rumores de infidelidade de Matthew Broderick, o mundo é surpreendido com a foto oficial das filhas gémeas de Sarah Jessica Parker e Matthew Broderick. Marion Loretta Elwell Broderick e Tabitha Hodge Broderick, assim se chamam as meninas, foram geradas por Michelle Ross, de 26 anos, uma chamada mãe de aluguer. Na foto vemos a família completa com James, o filho biológico do casal. Noticias actualizadas em http://embastidores.blogspot.com e www.presscoast.com.pt BLM

Por: Joana Serra; Fotos: Divulgação e Ap Images

Gianecchini eleito o mais bonito

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secção curtas

That’s it!

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tempo médio de leitura: 2 minutos

Texto: Paula Martin; Foto: AP Images, Lennox McLendon

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omo é a vida… tínhamos reservado esta página para destacarmos o concerto de Michael Jackson em Londres. Nunca sequer imaginámos, vir a utilizar o mesmo espaço para falarmos sobre ele e… a sua partida. “Este será o cair do pano na minha carreira”, disse à imprensa no início de Junho, em Los Angeles, quando anunciou os concertos “This is it”. Há quem queira associar o fim da indústria da música à morte súbita de Michael Jackson, e saliente que rei do pop estava falido, assim como a indústria discográfica. Mas isso, e a par de todas as historias contadas e reinventadas sobre si, nada são mais que meras especulações. Ainda que amado por uns e odiado por outros, Michael Jackson continua a ser um artista impar. É a sua música que continua a tocar e a exerce influência e a dar lições de vigor à música pop. A trilogia formada pelos álbuns que Michael gravou com produção do maestro Quincy Jones – “Off the Wall” (1979), “Thriller” (1982) e “Bad” (1987) – é um legado musical, visual e coreográfico que está na veia de todos os grandes astros do pop actual, de Justin Timberlake e Britney Spears a Cris Brown, Usher, Rihana e tantos outros. É preciso lembrar que a dupla MichaelQuincy consolidou o então chamado teledisco, como veículo para o lançamento de sucessos, com a ajuda de grandes directores de cinema convidados a produzir os vídeos, como Johna Landis em “Thriller” e Martin Scorcese em “Bad”. As coreografias ousadas em palco, hoje tão comuns nos megaconcertos, são um legado de Jackson. Michael, assim como Madonna, recriam em palco os videoclips de cada música. Através do Twitter o agente de Madonna fez saber que esta tem vindo a preparar uma surpresa, para o primeiro concerto “This is it”. Madonna tem vindo a ensaiar um dueto, que ao subir ao palco surpreenderia o próprio Michael – até esse momento único perdemos…! O seu talento deve suplantar a imagem do monstro. O rei do pop partiu, mas a sua música, o seu “moonwalk” e o seu carisma, ficam gravados na história.


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entrevista

Jul i a na Paes “Eu sou uma ‘businesswoman’” Ela chegou lá. Mas, há dez anos, quando ainda não era famosa, Juliana Paes desabafava no seu diário sobre o corte, por falta de pagamento, do fornecimento de luz da sua casa. Hoje, pela primeira vez protagonista de uma novela em horário nobre da Globo, “Caminho das Índias”, ela define-se como uma businesswoman que cuida do seu dinheiro. E garante que sempre teve um espírito resignado, algo que reforçou na recente viagem que fez à Índia onde adquiriu hábitos como beber chá quente. Mesmo no Rio de Janeiro.

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oje estou muito triste. Tivemos dificuldade em pagar impressões. Tentei traçar um paralelo das minhas impressões a luz, então veio um senhor e cortou [o fornecimento]. com a preparação que tivemos antes de ir pra lá. Tivemos um A minha mãe estava muito stressada. Ouvi-a chorar workshop muito intenso antes de pisar o país. Foi mais de na casa de banho. Estou muito preocupada, porque já estou há um mês, e todos os dias tinha um orador diferente, muitos seis meses sem pagar a faculdade [de publicidade] e acho que indianos que vivem no Brasil. vou ter que desistir. Não vou dizer que sou triste, tenho os meus momentos felizes. A Letícia [a sua melhor amiga na época, que Isso é comum para minisséries, mas raro em novelas. morava nos Estados Unidos] está cá e fazemos vários passeios Foi uma vontade do director que já fossemos com uma fantásticos. Mas sinto falta de alguma coisa. Eu prometo que, se sementinha plantada. Assistimos a palestras sobre os hábitos tudo o que estou a ‘sonhar’ acontecer, vou ajudar toda a gente. de comerem com as mãos, por exemplo. Aprendemos como Tenho a certeza de que para o ano que vem as coisas vão mudar.” se pega na comida. Existe o pormenor de comer com a mão A actriz Juliana Paes, que fez 30 anos, conta direita. Sabia que eles raramente usam que escreveu este desabafo num diário “Acho que a imagem de sexy já a esquerda para comer? E aprendemos que encontrou há poucos meses, quando coisas como a maneira de andar na rua, trocava a vida de solteira pela de casada passou. Não é fácil descolar-se as relações entre homem e mulher, jovem com o empresário Carlos Eduardo Baptista. dos rótulos” com criança... A data do registo: 26 de Dezembro de 1999. Meses depois da lamentação, ela conseguiu o papel de O que sentiu quando chegou à Índia? empregada doméstica Ritinha na novela “Laços de Família” e A primeira sensação está relacionada com o cheiro. A Índia mudou totalmente o rumo da sua história. Com a personagem, tem um cheiro que não dá para reproduzir nem explicar. É um Juliana estourou. cheiro característico, uma mistura de tempero com incenso. A actriz diz que chorou na primeira vez que releu este diário. E Juliana, a protagonista Maya, de “Caminho das Índias”, ri de Depois do cheiro, que impressão da Índia ficou retida? quase tudo, quase o tempo todo. E tem motivos para isso, na Que eles vivem noutra época. É como se se voltasse atrás vida pessoal e na conta corrente. Embora não revele valores, no tempo. É assim: ao mesmo tempo que se vê uma loja ela acumulou um património considerável, especialmente informatizada, encontra-se ao lado um homem a fazer a barba por causa das campanhas publicitárias que encabeça. Por debaixo de uma árvore. Por causa do vestuário, parece que eles outras palavras, numa reviravolta chegou ao topo. estão na década de 80. Os homens vestem-se com calças de Devido à actual novela, Juliana tinha acabado de desembarcar cintura alta, e em momento algum se vê o ombro de algum deles, chegada da Índia quando falou connosco. Contou que as seja homem ou mulher. O ombro para eles é uma parte sagrada, cores, os temperos, os chás, a filosofia e muita coisa do país a não existe camisa de manga cava. As mulheres usam muita cor, deixaram impregnada. mesmo que estejam com os pés sujos. Ficam descalças, mas com saias cheias de brocados e brilhos. Isso é a poesia da Índia. Uma mulher de Niterói na Índia. O que é que isso significa? “Ui”, eu não sei qual é a diferença de ser de Niterói ou não. Mudou a sua maneira de vestir durante a sua estada lá? Mas eu posso dizer que fui muito feliz na Índia. Até escrevi um Mudei, porque acabamos por nos sentir muito estranhas com textinho sobre isso, a pedido do director [Marcos Schechtman] roupas ocidentais. Eles olham muito, mas não por cobiça. Olham no site da novela. O Marcos estava a recolher depoimentos por curiosidade. Eu vestia-me diferente do que me visto aqui, dos actores que estiveram na Índia. Escrevi sobre as minhas mas, obviamente, não usei sári. Aliás, lá identifica-se muito bem

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o status social da pessoa pela roupa. Percebe-se quem é mais humilde, a casada bem abastada, a simples. As casadas usam sári, têm uma pintura vermelha e usam cabelo preso. É muito raro ver uma indiana de cabelo solto ou semipreso. Ou usam trança, ou um coque. Elas só devem soltar o cabelo para os maridos, na intimidade. A viagem mexeu consigo? Eu não tenho a pretensão de dizer que um mês na Índia mudou a minha vida, mas entendo o ponto de vista deles. Eu sou espírita, a minha família é toda espírita, e um dos preceitos do espiritismo é a resignação, ou seja, é aceitar aquilo que nos acontece, a cruz que carregamos, sem questionarmos por que é que aquilo está a acontecer connosco. Eles são assim, a resignação está tão enraizada que eles simplesmente aceitam. Você falava do Brasil? Que visão têm do País? Têm uma visão sorridente do Brasil, mas eles não sorriem igual a nós. O sorriso deles é contido. E até têm um tempo para o riso. Eu não sei explicar exactamente como, mas nós temos um sorriso nos lábios. Isso para eles não significa nada. Também têm um olhar desprovido de máscara. Exemplo: se pedir aos indianos para posarem, eles não vão fazer igual a nós, não vão rir para a câmara. E se pedir para eles sorrirem, não vai ser escancarado. Quando as mulheres têm vontade de dar risadas, até tapam um pouco a cara. Como se gargalhar fosse “exposição” demais. E essa coisa de abraçar, dar beijinho, como em cumprimento? Ah, sim, cheguei a fazer isso, mas foi só nos dois primeiros dias. Depois percebi que não estava a ser correcta. Não era nem um beijinho, às vezes alguém apresentavame a um amigo e eu, toda calorosa, ia dar um abraço, alguma coisa assim. Eu sou assim. Não sou formal. Pedia desculpa. Eles são calorosos, mas à maneira deles. Você emagreceu, foi de tanta pimenta que colocou no prato? Emagreci. A comida apimentada faz-te comer muito menos. Por isso mesmo bebia bastantes líquidos durante as gravações. Eles bebem muito chá quente naquele calor, e eu não entendia o porquê. Só que eles têm razão: a temperatura interna fica tão quente como a do ambiente. E tomei muito chá com leite por lá. De perto, você é magrinha e miúda. Desculpe-me o atrevimento, mas você é o que se pode chamar de “falsa boa”. Concorda? [risos] Toda a gente diz isso. Tipo: ‘Ai, achei que você era grandona, tipo Cláudia Raia’. Tenho 1,70 cm e peso uns 56 kg. Sou pequena!


entrevista O que vai adaptar desta experiência à sua vida? Chá. Agora eu tenho prazer em tomar chá. Até tenho andado com uma garrafa térmica no carro. Qualquer chá serve. É a água quente que me faz bem. Eu senti a mudança no meu próprio metabolismo, sentia-me bem ao ir à casa de banho. Aprendi também a ficar mais paciente. Ainda é recente dizer que eu trouxe isso para a minha vida, mas posso dizer que, por enquanto, estou menos ansiosa. A sua imagem contínua sexy. Isso é bom? Eu acho que essa imagem já passou. É uma vitória para mim. Não é fácil descolarmo-nos dos rótulos que nos vão impondo logo no começo da carreira, porque é mais fácil fazer isso, colocar as pessoas nas prateleiras. Quando se consegue mudar de prateleira, é muito satisfatório. É, mas foi essa imagem que lhe rendeu uma conta bancária interessante, alguns anúncios. Aliás, está a acompanhar esta crise mundial? lida bem com suas finanças? Ai, eu sou uma businesswoman [ri]. Do género que fica atenta ao movimento da bolsa? Dei um tropeção, eu tinha investido em acções. Perdeu muito dinheiro? Não perdi muito, não, porque não sou arrojada, sou conservadora. Mas é porque ainda não me posso dar ao luxo de ser arrojada.

Afinal de contas suou para chegar onde chegou. Quando se trabalha para ter, tem que se ter cuidado. Mas não sou mão de vaca. Paga bem aos seus funcionários? [ri] Ligue ao Moisés [motorista], ao Wander [secretário] e à Marinete [secretária]! Sou muito generosa, gosto de dar coisas às minhas amigas. Organizou a vida da sua família? Dá muitos palpites? Ah, tenho que dar não é? Eu dou muitos palpites. Mas agora, graças a Deus, consegui montar o salão [de beleza] em Niterói. Está a correr muito bem. É o plano B da sua vida? É o plano B. Eu precisava de dar à minha família não só um sustento, mas um trabalho. A minha mãe sempre teve vontade de ter um salão. Ela já teve uma creche, um videoclube, uma loja de roupas, e eu trabalhava com ela. Ela queria ter um salão,

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“Toda a gente pensa que sou grandona, tipo Cláudia Raia” mas é tudo muito caro. Os produtos, o stock, os profissionais, as máquinas. Mas eu também não posso pôr o meu nome numa coisa que não seja boa. E como anda a vida de casada? Existe vida pós-casamento [ri]? Agora a sério, nós já morávamos junto antes de casar. Ele alugou o apartamento dele, com a expectativa da nossa casa ficar pronta. Eu acho que a melhor maneira de levar um relacionamento para a frente é não sobrestimar demais o amor. Achamos que o amor tem de ser sempre à flor da pele. Se encanar com isso, não vai para frente. Se resolver questionar o outro, a relação, vai transformar a sua vida num inferno. De maneira geral, o relacionamento é uma fase, e só tem que entender e saber passar as más e aproveitar as boas. Chega uma altura também em que a intimidade é tão boa.Como diz a [escritora] Martha Medeiros, “acho que chega a altura de interromper as buscas”.

tempo médio de leitura: 12 minutos

Texto: Por João Luís Vieira; Fotos: D.R.

É daquelas pessoas que assistem a programas de tV exclusivos de economia? Não chego a isso ainda, mas tenho aqui no meu iPhonezinho uma coisa chamada Stocks com o qual brinco o dia todo [tira um iPhone da mala]. Vejo os Dow Jones da vida. Mas se vir a minha carteira, é absurdo. Aplico em muita coisa. Dou cabo da paciência do meu gerente do banco várias vezes por semana. Eu tenho que ficar de olho. Quero ver, perguntar, saber como é.






nos

BASTIDORES ES da arte

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ngelina Jolie roda o novo filme “Salt” dirigido por Phillip Noyce. Nesta produção a actriz vive uma oficial da CIA que fez um juramento de honra ao seu país. Quando é acusada por um desertor de ser uma espiã da Rússia, Salt faz de tudo para limpar seu nome e provar que é uma patriota. Usando as habilidades que aprendeu como oficial, ela também precisa proteger o seu marido, já que as grandes forças dos Estados Unidos tentarão apagar qualquer prova da existência desta mulher. Jolie recusou que as cenas de acção, por vezes perigosas fossem gravadas por uma dupla e, desta vez, a actriz acabou mesmo por se magoar, tendo feito um arranhão na cara e um golpe na cabeça. Segundo o porta-voz dos estúdios Columbia, tratou-se apenas de “uma pequena lesão, sem gravidade”, mas Jolie teve de ser observada num centro médico de Nova Iorque. “Como medida de precaução, Jolie foi levada ao hospital para se submeter a exames médicos”, pode ler-se no comunicado emitido pelos estúdios Columbia. A situação não revelou qualquer gravidade e Angelina Jolie acabou por deixar rapidamente as instalações hospitalares e regressar ao trabalho, que para delírio dos seus admiradores, neste filme ora aparece morena, ora loura de olhos azuis muito claros, qual Brad Pitt. BLM

Texto: Joana Serra; Fotos: Hollywood Report

Evelyn Salt

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teatro

Joana Seixas

“Sou muito crítica ao meu trabalho”

Sob a direcção de João Lourenço, encontramos Joana Seixas no Teatro Aberto na peça “O Deus da Matança”, com Sérgio Praia, Sofia de Portugal e Paulo Pires. Antes de ingressar no Conservatório, onde se Licenciou em Teatro, Actores/Encenadores, já integrava um grupo de teatro dirigido por Almeno Gonçalves. Nestes últimos dez anos, é uma actriz activa no panorama cultural, dividindo-se entre a ficção televisiva, o teatro e o cinema. 20 BLM


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os últimos meses temo-la acompanhado na novela “Podia acabar o mundo”, dando vida a “Vera”, que segundo nos diz “é uma mulher frágil, mas sendo advogada tem um escudo exterior muito bem estruturado. É uma lutadora e uma eximia profissional. Porém é como mãe que todas as suas fragilidades vêm ao de cima. Mas foi uma personagem em constante crescimento, em constante mutação e acima de tudo, passa a mensagem de que nunca é tarde para despertar o que realmente nos move nesta vida.” Sabe bem voltar ao teatro? Sabe muito bem! E adoro a fase de ensaios, que é o período mais aliciante de todo o processo, porque podemos jogar com as emoções e com o texto, de uma forma livre de podermos experimentar as múltiplas opções que ele nos propõe. Estou a gostar muito de trabalhar com o João (Lourenço) e a equipa é fantástica. E o texto é maravilhoso, retrata a vida e as relações de dois casais com filhos, que se vêm confrontados com uma situação complicada. A minha personagem quer ser pedagogicamente correcta, mas não aguenta a pressão e acaba por revelar-se de forma totalmente inesperada. É uma personagem muito real. Estou muito contente. É muito crítica consigo? Sou muito crítica em relação ao meu trabalho, sem dúvida. E estou sempre a tentar melhorar, não tenho uma convivência muito pacífica com a minha imagem. E há personagens em que sinto que consigo ter mais distanciamento que outras, e fico perturbada o que faz com que nunca me deixe estagnar. No teatro, temos espaço e o momento próprios para a criação da personagem de uma forma mais interior. São meses de ensaio, numa alucinante e profunda viagem ao interior da mente humana, para nos prepararmos para aquele momento tão específico. O teatro é a casa dos actores, e é sem dúvida onde me sinto melhor. Sempre foi esta a profissão que quis? Quando era criança tive a sorte de viver num ambiente que deu liberdade de poder sonhar com o que queria, e sonhei com várias profissões, nomeadamente a de actriz. As minhas memórias de infância são muitas e muito boas! E o meu percurso começou nas artes. Percebi desde muito cedo que tinha de escolher algo que envolvesse criatividade, e quando terminei o secundário quis seguir Belas Artes, mas como não entrei, acabei por ingressar num curso profissional de design e durante esse ano integrei um grupo de teatro dirigido pelo Almeno Gonçalves. Foi ele quem me incentivou a candidatar-me ao Conservatório. No ano seguinte, apesar de ter conseguido entrar para Belas Artes, já não consegui deixar o Conservatório (risos)! Acho que tenho conseguido realizar os meus projectos, mas isso só me dá ainda mais vontade de continuar, e querer aprender sempre mais.

tempo médio de leitura: 4 minutos

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Texto: Joana Serra; Fotos: D.R.

“O teatro é a casa dos actores, e é sem dúvida onde me sinto melhor”

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teatro

Monólogos da Vagina O Casino Lisboa recuperou, no Auditório dos Oceanos, a peça Monólogos da Vagina, de Eve Ensler, trazendo uma visão intimista do universo quotidiano feminino.

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s Monólogos da Vagina dispensam apresentações. Representada em palcos de todo o mundo - em mais 119 países e está traduzido em mais de 45 línguas - já foi interpretada por actrizes tão famosas como Jane Fonda, Sharon Stone, Glenn Close, Amy Irving, Marisa Tomei, Brooke Shields, Salma Heyek e Meryl Streep. A obra-prima de Eve Ensler é uma viagem hilariante e tocante pelos indecifráveis confins da mente e do corpo femininos. Dá voz aos mais profundos temores e fantasias de mulheres reais, à sua irreverência e espirituosidade. O texto foi escrito em 1996 e é baseado num conjunto de mais de 200 entrevistas que a autora fez a mulheres de diversos países e diversas realidades sociais. Com um título propositadamente irreverente, a peça pretende chamar a atenção para assuntos tão relevantes no universo feminino, e não só, como a violação, a menstruação, a mutilação, o prazer, a infidelidade e as terapias de grupo. Em 2004, Jane Fonda e Marisa Tomei juntaram-se a um grupo de actrizes indianas e paquistanesas para apresentar uma sessão deste espectáculo, assinalando o Dia Internacional da Mulher. Guida Maria que estreou esta peça em Outubro de 2000 - dirigida por Celso Cleto no Auditório do Casino Estoril -, esteve em cena mais de seis meses ao que se segui uma tournée até 2002. Nesta nova versão, é dirigida por Isabel Medina e partilha o texto com Ana Brito e Cunha e São José Correia.

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Com um guarda-roupa de luxo - Ana é vestida pelos Story Tailors, Guida Maria por Nuno Baltazar e São José por Dino Alves -, as actrizes têm-se divertido com o texto e nos ensaios, partilhando entre si experiencias das suas já longas e sólidas carreiras. Para o ensaio geral foram vendidos bilhetes a cinco euros cuja receita reverteu a favor de uma instituição, tal como a UAU tem vindo a fazer noutras produções, desta vez para a APAV Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Eve Ensler é uma dramaturga de renome internacional e autora de peças como The Treatment, Necessary Targets e O Bom Corpo. Activista e fascinante figura pública, Ensler é fundadora e directora artística do DIA-V (www. vday.org), um movimento global para pôr termo à violência de que as mulheres são alvo.


Os Monólogos “Vagina. Pronto, já disse. Vagina. Lá está. Mais uma vez. Tenho dito esta palavra vezes sem conta nos últimos três anos. Tenho-a dito em teatros, universidades, salas, cafés, jantares e em programas de rádio por todo o país. Tê-la-ia dito na televisão se fosse permitido. Digo-a cento e vinte e oito vezes por noite sempre que represento a minha peça Os Monólogos da Vagina, baseada em entrevistas realizadas a um grupo heterogéneo de mais de duzentas mulheres sobre as suas vaginas. Digo-a quando durmo. Digo-a porque supostamente não devia dizêla. Digo-a porque é uma palavra invisível... uma palavra que desperta ansiedade, embaraço, desprezo e repugnância. (...) Digo ‘vagina’ porque quero despertar reacções nas pessoas e é precisamente o que tem acontecido. Onde quer que tenha havido uma encenação d’Os Monólogos da Vagina, tentaram censurar esta palavra em todos os meios de comunicação: nos anúncios dos jornais de maior tiragem, nos bilhetes vendidos em grandes superfícies comerciais, nas faixas penduradas nas fachadas dos teatros, nos atendedores de chamadas das bilheteiras cuja voz diz apenas ‘Monólogos’ ou ‘Monólogos da V.’. ‘Porquê?’, pergunto eu. ‘Vagina não é uma palavra pornográfica. Aliás, é até um termo médico. E a designação de uma parte do corpo, tal como cotovelo, mão ou costela’. ‘Não é pornográfica’, respondem-me. ‘Mas é uma palavra obscena. E se as nossas filhas pequenas a ouvissem, o que lhes diríamos?’ ‘E que tal se lhes dissessemque elas também têm uma?’, digo eu. ‘Se não o souberem já. Talvez fosse um motivo de alegria’. ‘Mas não usamos esse termo’, dizem-me. ‘Então, que nome lhe dão?’, pergunto eu. Eis as respostas: ‘pipi’, ‘coisinha’, etc... A lista é interminável. (...)”

Salma Heyek

“A minha vagina está zangada. E muito. Está lixada. A minha vagina está furiosa e tem de desabafar. Tem de desabafar sobre esta merda toda. Tem de falar com vocês. Mas afinal o que vem a ser isto? Há um exército de gente que se diverte a pensar em formas de torturar a minha pobre vagina, a minha meiga e adorável vagina... gente que passa os dias a conceber produtos psicóticos e ideias terríveis para, a pouco e pouco, destruir a minha rata. Filhos da puta. Falo de todas as porcarias que nos querem enfiar e com que nos querem limpar para que fiquemos atulhadas e para que ela desapareça. Ora, a minha vagina não vai desaparecer. Está chateada e não vai a lado nenhum. Pensemos, por exemplo, nos tampões. Mas que raio vêm a ser os tampões? Um pedaço de algodão enfiado por ali acima. Porque não descobrem uma forma de lubrificar subtilmente o tampão? Mal o vê, a minha vagina entra em choque. Diz logo ‘Nem penses nisso’. Fecha-se. Uma vagina exige muita dedicação. É preciso apresentá-la às coisas e preparar o caminho. É esse o papel dos preliminares. É preciso convencer a minha vagina, seduzi-la, conquistar a sua confiança. Não se pode fazer isso com a merda de um pedaço de algodão seco. Parem de me enfiar coisas. Parem de enfiar coisas e desistam de querer limpá-la. A minha vagina não precisa de ser limpa. Ela já cheira bem. Não a pétalas de rosa. Não tentem embonecá-la. Desconfiem se ele vos disser que ela cheira a pétalas de rosa quando deve cheirar a rata. Eis o que eles pretendem: querem limpá-la, querem que cheire a desodorizante de casa de banho ou a um jardim. Há desodorizantes vaginais com aromas florais, a frutos silvestres, a chuva. Eu não quero que a minha rata cheire a chuva”. (in Os Monólogos da Vagina - Publicações Europa-América)

tempo médio de leitura: 7 minutos

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Texto: Joana Serra; Fotos: UAU, Gregory Bull e Publicações Europa-América

Jane Fonda

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artes plásticas

As diferentes realidades de

Conceição Abreu

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A Bastidores falou em exclusivo com a conceituada artista plástica portuguesa, Conceição Abreu, sobre o seu percurso, a sua obra “Abrigos” e muito mais. Esse contacto é feito através dos vários meios que a multifacetada artista utiliza para se expressar, meios que vão desde o desenho à fotografia, passando pela escultura, dança ou pelo vídeo, confessando que “nenhuma forma de expressão é preponderante em relação às outras”. A utilização destes meios permitiu á artista adquirir uma maior visibilidade “no sentido que são comentados e vistos por um maior número de pessoas, especializadas e não especializadas nestas áreas, mas de expressão é na verdade só existem quando são relação às outras” que apresentados, vistos e comentados provocando assim trocas consequentes que é afinal o que se pretende”. Um objectivo alcançado com a obra “Abrigos” em 2006 onde interagem duas peças, a esfera circular do Jardim das Necessidades e o vestido de grandes dimensões, tricotado à mão em fio de cânhamo de Conceição Abreu. O rendilhado da peça e a transparência do Jardim das Necessidades levam a que não haja “uma separação total, resultando desta forma sempre uma possibilidade de troca, uma fenda onde se podem efectuar as relações entre o particular com o global, o exterior com o interior”, segundo palavras da própria criadora. “O crescimento e a expansão” pessoal são alguns dos objectivos pessoais de Conceição Abreu juntamente com a constante busca do “relacionamento entre diferentes realidades” que pretende incutir nas futuras peças. blm

Filomena Santos e Silva, Alexandra Fonseca Pinto, Caroline Pages e André de Quiroga foram alguns dos convidados presentes na inauguração da exposição tempo médio de leitura: 3 minutos

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Texto: Rui Miguel Costa; Fotos: Paulo Ribeiro

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viver actualmente em Madrid por procurar “uma experiência de vida fora de Portugal”, Conceição Abreu tem uma carreira em ascensão, seja pela variedade de obras ou pelos inúmeros prémios que já conquistou como o prémio de aquisição na modalidade de Fotografia, ou a Menção Honrosa em Vídeo, na Primeira Bienal Internacional de Montijo. Um percurso artistico iniciado no ano de 1989, após o curso na Escola “Nenhuma forma Superior de Dança, e reforçado mais preponderante em tarde no campo da pintura com a formação na Escola Ar.Co no ano de 1989, levando a que o trabalho, segundo a artista, “resulte num cruzamento dessas áreas ou saberes, para dar viabilidade a uma determinada ideia ou conceito “ que quer transmitir. Para Conceição Abreu o seu trabalho “nasce de uma dimensão mais íntima e que vai ao encontro de uma dimensão mais global onde os outros sintam e se emocionem e que se encontrem através da obra”.

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exposição

MUSEU BANCO DE PORTUGAL Um testemunho da história nacional

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O museu do Banco de Portugal é um museu único, não só pelo valor histórico mas também pelo valor monetário que se encontra exposto. A história do dinheiro explicada numa exposição que é muito mais do que uma mostra de moedas

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Banco de Portugal assume na sociedade portuguesa não só a função de entidade reguladora do sistema bancário nacional, mas também uma missão social e cultural através dos seus museus espalhados pelo país, como é o caso do museu patente no Edifício do Banco na Avenida Almirante Reis, em Lisboa. Ao descer ao piso do museu o visitante entra num espaço que está determinado para que possa caminhar no tempo de forma diacrónica. O primeiro núcleo do museu é designado de Artigo Padrão, fazendo referência ao período imediatamente seguinte à troca directa de produto por produto. Esta troca levantava algumas dificuldades e encontra--se então um artigo padronizado que facilitava essas transacções – como as conchas, cruzetas, etc. - adquirindo formas diferentes (armas, animais, entre outros) e o seu valor também era diferente dependendo da forma que adquiria. Na segunda parte da exposição caminha-se no período romano. A civilização romana foi a primeira a generalizar a moeda na Península Ibérica, pode-se ver que a moeda romana já era bastante semelhante à de hoje, cunhada em grandes centros e constituída de ouro e prata, contendo a figura do imperador numa das suas faces. Antes mesmo do início da formação de Portugal como país e entre o período após o domínio romano, existiram na nossa península moedas de outros povos dominantes na altura como os visigodos, suecos e árabes. A existência de tantos tipos de moedas e a consequente sobreposição, devia-se maioritariamente ao facto de naquele tempo as estruturas sociais e politicas serem menos sólidas do que as de hoje. Sendo natural que o fim de um império não implicava o desaparecimento imediato da moeda

vigente, sendo certo no entanto que a emissão de moeda era uma afirmação de poder político. As primeiras moedas nacionais surgiram no reinado de D. Afonso Henriques, cunhadas numa liga de Bulhão, contendo o símbolo da cruz. A primeira moeda de ouro nacional surge no domínio de D. Sancho I, foi chamada de Morabitino, e ostentava uma elevada influência árabe. No período de D. Fernando existe uma grande diversidade de moedas, pelo facto de o rei não a deixar desvalorizar, tendo como papel também subsidiar as diferentes empresas onde ele se envolveu. Uma era que contrasta com o período do reinado de D. Pedro onde há pouca emissão de moeda por não ter sido uma altura de muitos conflitos e envolvimentos externos. A moeda de Dona Beatriz (o real), aparece na sequência da morte de D. Fernando, e com o casamento da rainha com D. João I de Castela, que invade Portugal e instala a sua residência em Santarém, onde a moeda foi cunhada. Descobrimentos e Conquistas é o nome da quarta parte desta exposição monetária, um título que homenageia as relações que Portugal tinha com os outros povos, refere-se também ao desenvolvimento interno que o país sofreu na época, e onde é possível ver um foral e peças de porcelana, além das moedas que incluíam na iconografia a cruz da Ordem de Avis. Com a restauração aparece a primeira legislação que visa dar credibilidade à moeda e fazer face às despesas de guerra. No reinado de D Pedro II há uma preocupação em garantir que haja uma qualidade superior na moeda, existindo uma tentativa para evitar BLM

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exposição

O “Português” Nem só de exposições permanentes é composto este Museu do Banco de Portugal. Até final do ano o visitante tem ainda a oportunidade de ver a exposição temporária dedicada à moeda de prestígio internacional o “Português” - uma moeda de D. Manuel I, assim chamada por representar a expansão portuguesa por território indiano. Considerada a maior e mais pesada moeda europeia de ouro da época o “Português” circulou também na Europa Central e Setentrional, servindo na época para pagar acordos diplomáticos baseados em casamentos régios. O último “Português” a ser produzido data da segunda metade do século XVII em que a vestimenta da moeda é perfeitamente distinta da vestimenta gótica das moedas anteriores. Os exemplares patentes no Banco de Portugal mostram a beleza e esplendor que o ouro dá às moedas.

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que ela seja encurtada. O rei vai tentar fazer com que esta prática desapareça delimitando perfeitamente a moeda, causando que não seja produzida através de processo manual (a martelo) e mas sim por uma máquina que comprimia os dois cunhos, com o disco metál0ico no meio, dando à moeda com maior qualidade. É também neste reinado que o rei fez recolher toda a moeda cerceada para a casa da moeda, e mandou passar recibos no valor dessa moeda recolhida, que funcionaram como a primeira forma de papel-moeda. D. João V implementou o sistema de cédulas que eram nada menos do que títulos de empréstimo contraído pelo estado junto da população, uma divida remunerada algum tempo depois. Em 1808 surge o primeiro banco português instalado no Brasil logo a seguir à chegada, a este pais, da coroa portuguesa, na sequência das invasões francesas. Anos mais tarde no território europeu o primeiro banco criado é o Banco de Lisboa, em 1821, depois da revolução liberal e após a primeira constituição (presente na exposição). As primeiras notas aparecem justamente com a criação do Banco de Lisboa, e estão desde logo associadas a artistas que as desenhavam, neste caso o mérito pertenceu ao artista Domingos Sequeira. Estas notas destacamse por terem um tamanho maior, por serem a preto e branco, por serem impressas numa das faces e assinadas manualmente pelos directores do banco. A primeira filial deste banco é criada em 1825 no Porto, e foi o primeiro banco emissor, mas rapidamente surgem outras instituições, como o caso do nasce o Banco Comercial do Porto, em 1835, também emissor de moeda. A multiplicidade de bancos emitentes de moeda só acaba na prática no ano de 1891. O Banco de Portugal é criado no reinado de D. Maria II, mais precisamente em 1846, antecedendo o período de regeneração, uma época onde se levou a cabo um conjunto de medidas que visaram criar infra-estruturas e obrigaram à concentração de grandes capitais, bem como geraram o surgimento de muitos bancos, como a Caixa Geral de Depósitos. A primeira personalidade a ser retratada numa nota foi o rei D. Luís, estendendo-se esta homenagem em seguida a outras personalidades históricas e artísticas. Até 1887 co-existiam no sistema monetário português várias entidades emitentes moeda, desde farmácias ao hospital Civil do Alandroal entre outros, no entanto a partir desta data o Banco de Portugal torna-se a única entidade emissora no país. Já em 1914 o real – nome da moeda que vigorava até então – é substituído pelo escudo, e em 1925 são descobertas no


permitirá distinguir as notas falsas das notas verdadeiras, para além da marca de água poderá ver muitas outras formas de distinguir uma nota falsificada. O Museu do Banco de Portugal é um testemunho vivo da história nacional. blm Museu do Banco de Portugal Avenida Almirante Reis, Nº71 Horário: Dias úteis das 10 às 12 horas e das 14 às 16 horas. Entrada: Gratuita tempo médio de leitura: 9 minutos

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Texto: Rui Miguel Costa; Fotos: António Murteira da Silva e Banco de Portugal

Porto notas de 500 escudos falsificadas, da mesma chapa, com a mesma numeração e série, o chamado caso “Alves dos Reis”. A homenagem às figuras proeminentes da nossa sociedade continuou durante a ditadura Salazarista. A partir de 1974 em pleno Estado Democrático o Banco de Portugal é nacionalizado passando a ser uma empresa pública, e doze anos mais tarde Portugal adere à ex-C.E.E., actual União Europeia. As últimas notas de escudo emitidas do território luso foram desenhadas por Luís Filipe Abreu, evocando a época dos Descobrimentos. Portugal tornou-se num dos países fundadores da zona Euro em 1999, a politica monetária e cambial passa a ser conduzida pelo Banco Central Europeu. Com a extinção do escudo e com a entrada em circulação do Euro, a moeda de cada país tem uma face comum e a outra face com um desenho alusivo a um dos países da União. No Museu do Banco de Portugal poderá ainda testar a sua sabedoria quanto às diferentes faces das moedas de Euro, num jogo interactivo que o deixará no mínimo surpreendido. O museu disponibiliza-lhe ainda uma máquina que lhe

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música

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Amália H oje


“Amália foi a única artista pop que Portugal teve” O álbum “Amália Hoje”, que transforma em canções pop alguns fados conhecidos de Amália Rodrigues, pretende mostrar o “passado tremendo” de “uma artista pop em todo o seu esplendor”, explicou o autor do projecto, Nuno Gonçalves.

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Texto: Joana Serra com Lusa; Foto: D.R.

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grupo Hoje, criado propositadamente para este projecto fados e muito menos entrar no universo de Amália Rodrigues, mas conta com a participação de Nuno Gonçalves e Sónia o resultado final demonstrou ser “tradicionalmente moderno”, Tavares, dos The Gift, Fernando Ribeiro, dos Moonspell, e disse Paulo Praça. Paulo Praça, dos Plaza. “Achei sempre que não conseguia, porque o registo da voz da Amália “Amália Hoje” apresenta nove fados, a maioria com música é muito diferente do meu”, disse Sónia Tavares, mas à medida que a que Alain Oulman compôs para Amália, com letras de poetas cantora entrou no ambiente musical do projecto, encontrei o tom portugueses, como “Abandono” (David-Mourão-Ferreira), “Fado “pop que Nuno Gonçalves pretendia e fui perdendo o medo de dar Português” (José Régio), ”Gaivota” e “Formiga Bossa Nova”, ambos voz à senhora dona Amália. Eu sabia que não ia cantar o fado. Logo, de Alexandre O´Neill, “Nome de rua”, de Alain Oulman com fiquei mais descansada, porque não sei cantar o fado. A Amália, se poema de David Mourão-Ferreira, o tema francês “L´important calhar, saberia cantar o ‘Ok! Do You Want Something Simple?’ - eu c´est la rose”, de Gilbert Becaud e que Amália cantou em francês, não sei cantar a ‘Gaivota’ da forma como ela a cantou. São dois “Grito”, que a fadista escreveu com música pólos completamente distintos. Tentei, sim, de Carlos Gonçalves e, a fechar, “Foi Deus”, de “A Amália, se calhar, saberia aperceber-me dos sentimentos e interiorizáAlberto Janes. cantar o ‘Ok! Do You Want los, mas distanciar-me da forma de cantar, até Musicalmente, não há praticamente nada Something Simple?’ - eu não porque isso seria impossível”. que ligue estes temas aos fados que ficaram sei cantar a ‘Gaivota’ da Nuno Gonçalves explicou ainda a escolha conhecidos na voz de Amália Rodrigues. forma como ela a cantou” – dos elementos para este projecto, “eu queria Não há guitarras portuguesas, os arranjos Sónia Tavares que o Fernando trouxesse a paixão pela poesia, assemelham-se à sonoridade dos The Gift, a intenção com que ele canta as palavras e com a presença de orquestrações densas, de intensidade em também a inteligência com que pensa a música dele. O Paulo Praça, crescendo e de apontamentos electrónicos a marcarem a convidei-o porque não queria centralizar este disco em Lisboa. Ele cadência rítmica. vem do norte, de Vila do Conde. É um camaleão pop e achei que Destaque para “Formiga Bossa Nova” que Fernando Ribeiro seria interessantes trazer essa irreverência para o projecto. Os temas interpretou num registo melódico que o afasta completamente são apresentados com uma sonoridade actual, ou não fosse Amália da imagem de vocalista da banda heavy metal Moonspell. a primeira grande artista pop em Portugal. Ela cantava em todas Já “Fado português” e “Foi Deus”, interpretados sobretudo por as línguas, actuava em todos os países, ia aos melhores programas Sónia Tavares, vivem da forte presença de instrumentos de de televisão do mundo, adaptava-se aos mercados, viajava como cordas, com a participação da London Session Orchestra. ninguém... Ela fazia vida de artista pop. Balizada, obviamente, por esse Nuno Gonçalves, autor dos arranjos e da direcção musical, estilo de guitarra portuguesa e xaile nas costas, mas ela tinha muito explicou que a intenção do projecto era mostrar algo “de novo e mais de pop do que propriamente de fado”, defendeu o músico. de diferente”, mostrar Amália “com mais cor do que nunca” e que, “Amália Hoje”é editado pela La Folie, editora criada pelos The Gift, como artista internacional, existiu para além do fado. e pela Valentim de Carvalho Multimédia, e poderá ser transposta “A nossa missão era sermos fiéis àquilo que achamos serem as nossas para o palco, embora não haja qualquer data marcada. influências modernas da estrutura pop rock, cantar em português e de “Vai ser inevitável, mais cedo ou mais tarde, levarmos os Hoje alguma forma não ter medo de desrespeitar a obra e esse é o segredo, para o palco e para a estrada. Não sabemos se isso vai acontecer ter um pé na tradição e não ter problemas de mudar a cor”, explicou ou não, mas quando as coisas saem bem necessitam de continuar Nuno Gonçalves. “Acho que Portugal nunca entendeu bem o que e a continuação deste projecto sem dúvida que serão os concertos ela foi e, se este disco, com a modernidade que transmite, puder ao vivo”, disse Fernando Ribeiro. blm fazer isso em 2009 e dez anos depois de ter morrido, acho que já é uma missão cumprida”, rematou o músico. Os três vocalistas dos Hoje referiram que aceitaram participar no tempo médio de leitura: 5 minutos projecto com a relutância inicial de quem não sabia interpretar os

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música

Chavela Vargas La voz áspera de la ternura

Venerada pelas suas magníficas performances, Chavela Vargas é especialmente reconhecida pela sua dedicação ao género musical rancheras, – temas folclóricos de grande popularidade no México – mas mais do que isso, pela sua contribuição no panorama musical da América Latina. Vargas, a voz áspera da ternura, canta o sentimento, a paixão ao compasso de um coração desregrado.

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sabel Vargas Lizano, conhecida do público como Chavela Vargas, nasceu a 17 de Abril de 1919 em San Joaquín de Flores, província de Herédia, na Costa Rica. Filha de Hermínia Lozano e Francisco Vargas, Chavela revelou desde cedo a sua paixão pela música e, foi pela música, que ainda jovem, se mudou para o México. Chegada ao novo país, aquela que viria a ser uma das cantoras mais representativas do legado musical mexicano, passou por grandes provações. Desempenhou vários ofícios para se conseguir sustentar, desde criada a vendedora de roupa para crianças e durante largos anos cantou nas ruas até que, finalmente, teve a sua recompensa: tornou-se cantora profissional. Tinha, na

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altura, 30 anos. Enquanto jovem, todos se recordam da rapariga que se vestia como um homem, fumava cigarros, que bebia pesadamente e carregava sempre consigo uma arma. Contudo, a característica inconfundível, que ainda hoje a demarca, é o seu poncho vermelho, que continua a usar nos seus espectáculos. Vargas, a mulher capaz de arrancar das palavras que canta sentimentos fervorosos, interpreta com um estilo único cada melodia. A artista é uma estrela sempre em busca de um caminho próprio e define-se como um ser inconformista e rebelde, com uma voz singular e profunda que tão bem faz transparecer o seu coração desgarrado e temperamento escaldante. O seu primeiro álbum intitulado “Noche de Bohemia” foi lançado


sexual foi cedo descoberta, ainda em criança, e que se referiam a ela usando o termo“rareza”. Foi directa na conclusão: o que dói não é ser homossexual é ser encarada como se fosse uma peste. No ano de 2002 Vargas fez uma pequena aparição no filme “Frida” de Julie Taymor, onde canta “La Llorona”e onde também foi incluindo o seu clássico “Paloma Negra”. Mais uma participação a juntar às tantas outras que tinha vindo a fazer até então, como é o caso do filme “Grito de Piedra” do alemão Werner Hergoz, que se revelou um sucesso. Aplaudida no Olímpia de Paris, ovacionada no Palácio de Belas Artes do México e distinguida em Espanha pela Universidade de Alcalá de Henare, como Excelentíssima e Ilustríssima Senhora, a popularidade da cantora é tal que uma rua espanhola de Burgos adquiriu, recentemente, o seu nome. No passado mês de Abril, a cidade do México homenageia a cantora, atribuindo-lhe a Medalha de Mérito da Cidade do México. blm

tempo médio de leitura: 5 minutos

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Texto: Bruna Raposo; Fotos: Guillermo Arias, D.R.

em 1961 sob a alçada do seu amigo José Alfredo Jiménez, também ele cantor de rancheras, mas foi na década anterior, nos anos 50, que o seu nome começou a viajar por esse mundo fora. Foi, aliás, nessa altura que conheceu inúmeras estrelas de Hollywood, muito por força da temporada que fez no Champagne Room de La Perla, em Acapulco. Nomes como Rod Hudson, Grace Kelly e Ava Gardner passaram a fazer parte do seu rol de amigos, tendo também o privilégio de ter cantado no casamento da actriz Elizabeth Taylor com o produtor Mike Todd. A esses momentos somam-se outros tantos que levaram a carreira desta cantora ranchera a vários países, entre os quais os Estados Unidos, França e Espanha. Uma carreira imparável, desde 1950 a meados de 1970, que lhe permitiu contactar com vários artistas e intelectuais da época, incluindo Juan Rulfo, Agustín Lara, Frida Kahlo (com quem se diz ter tido um romance), Diego Rivera e Dolores Olmedo. Os discos foram-se sucedendo, mais de 30, e o público sempre a pedir mais e mais de temas que cantados por ela se iam transformando em clássicos, como “La Llorona”, “Somos” e “Luz de luna”. Chavela Vargas viu-se forçada a retirar-se, temporariamente, nos finais dos anos 70 devido à sua batalha de 15 anos com o alcoolismo, que descreve na sua autobiografia como os seus “15 anos no inferno”. Contudo, apesar dos anos de afastamento, o seu regresso aos palcos, em 1991, com a canção “El Habito”, não ficou nada aquém daquilo a que vinha habituando o seu público. Foi também nos anos 90 que foi redescoberta pelo cineasta espanhol Pedro Almodóvar, seu admirador de longa data e amigo pessoal, que a convidou para participar em alguns dos seus filmes, “La flor de mim secreto” e “Carne Trémula”. Aos 81 anos, e sem papas na língua, Chavela (diminutivo de Isabel) assume a sua homossexualidade e revela que entre os seus amores esteve a pintora Fridha Kahlo, romance alegadamente perpetrado durante o casamento da pintora com Diego Rivera. A cantora desvendou, na sua autobiografia, que a sua orientação

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7ª arte

Coco Chanel A Eterna

Mademoiselle Com 88 anos, a 10 de Janeiro de 1971, morre no Hotel Ritz de Paris, aquela a quem, até ao fim da vida chamaram “Mademoiselle”. Gabrielle Bonheur Chanel nunca chegou a conhecer as palavras de Kafka, que parecem ter sido escritas para si: “Na luta entre ti e o mundo, põe-te do lado do mundo”.

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utoritária, mitómana, cruel, obsessiva, perfeccionista, supersticiosa, insolente, combativa, inspirada e genial, a sua vida reuniu todos os ingredientes que a ergueram acima da vulgaridade: infelicidade, fulgor, fogo, vontade, ambição, coragem, perfídia, talento, desilusão, tenacidade e medo. Daí, o fascínio incessante por esta maníaca dos pormenores, por esta Arquimedes da vida e da moda. Quando aos 12 anos ficou sem mãe, foi entregue num orfanato, de onde jurou fugir, uma fuga de si mesma para uma outra, que parece ter durado toda a sua vida. Começou a afirmar-se através de pequenos trabalhos, fazia chapéus e entrou num music-hall a cantar “Qui Qu´a Vu CoCo”, canção que lhe deu o nome artístico que o futuro pedia. Sentiu, viu, observou e compreendeu depressa que o dinheiro, que pode oprimir, também pode libertar, simbolicamente a libertação do corpo num tempo de corpos tímidos e oprimidos onde o seu magro e livre, fazia sucesso. O Grãoduque russo Dimitri, sobrinho do Czar, o Duque de Westminster, amigo de Churchill e, durante a II Guerra Mundial, o oficial alemão Von Dincklage, o que lhe arruinou, por anos, a reputação e a vida em França, foram algumas das suas bem sucedidas conquistas amorosas, porém foi com a ajuda de Boy Capel e do romance de nove anos (1909-1918) entre os dois, que abriu a sua primeira loja de chapéus em Deauville e mais tarde em Paris. A partir daqui fez uma revolução na moda, contribuindo para construir o seu tempo e para inquietar a estética do mundo. Amiga de escritores como Colette, Max Jacob, Radiguet, Morand

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Cenas do filme “Coco avant Chanel”

e Reverd, muitos escreveram sobre ela páginas gloriosas e perversas, cheias de mistérios, alguns sucedidos entre os biombos de Coromandel do seu apartamento na Rue Cambon, mesmo por cima do atelier de trabalho. Íntima de Picasso, Stravinski, Diaghilev, Satie, Dali, Cocteau, Visconti, apoiou-os nas suas audácias e participou nas suas loucuras. Uma forte ligação, a de Chanel, com as artes do seu tempo (pintura, cinema, fotografia, teatro e bailado). Infiel no amor e fiel na amizade, é célebre a cena em que ela e a sua amiga Mísia Sert (famosa pianista e mecenas) vão de gôndola, sepultar na ilha de São Miguel, a dos mortos, Serge de Diaghilev (fundador dos Ballets Russes), que morrera no Hotel des Bains, no Lido de Veneza. Esse

cortejo teve o preto e branco que ela tanto gostava. A sua colecção de episódios épicos crescia ao mesmo tempo que as suas colecções na moda. Sabendo que tudo começa no corpo, mudou os corpos, uma verdadeira revolução na moda. Perfeccionista elevada ao expoente máximo, disse um dia sobre a sua arte: “Eu criei um estilo para o mundo inteiro. Vê-se em todas as lojas o estilo Chanel. Não há nada que se assemelhe. Sou escrava do meu estilo. Um estilo não sai de moda. Chanel não passa de moda”. E não passou. A juntar a uma longa lista, e enquanto a maison Chanel comemora os 125 anos pelas mãos do irrepreensível Karl Lagerfeld (desde 1983), anunciam-se, agora, novos livros e novos filmes sobre ela. BLM

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7ª arte

“Coco Chanel & Igor Stravinsky”

Gabriel “Coco” Chanel num momento de repouso seu atelier


Depois do sucesso do telefilme sobre a sua vida, com a brilhante interpretação de Shirley MacLaine, cabe a Audrey Tautou e a Anna Mouglalis, darem-lhe vida em “Coco antes de Chanel” e “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, respectivamente. Audrey Tautou descobriu uma Chanel “mentirosa, uma mulher cheia de contradições e lados obscuros. Porém, uma mulher muito maior do que eu, e disso nunca me esqueci enquanto a interpretava”. O filme “Coco Chanel & Igor Stravinsky”, começa com a infame estreia de ‘O Rito da Primavera em Paris’, 1913, quando a composição de Stravinsky e a coreografia experimental de Vaslav Nijinsky foram recebidos com vaias e gritos, quase um tumulto generalizado. Sete anos depois, Chanel, que compareceu à estreia, é apresentada ao empobrecido compositor e convida-o a mudar-se para sua vila. As primeiras críticas, após a apresentação em Cannes, elogiaram a imagem do filme, que recria o sumptuoso estilo Art Deco da vila e os figurinos duma Paris nos loucos anos 1920, porém outras vozes se fizeram ouvir, acusando alguns actores de não conseguirem “dar vida”, com credibilidade, aos personagens históricos. Dois filmes, duas visões diferenciadas sobre a mesma mulher, a grande revolucionaria e, se não a maior, criadora de moda, a eterna mademoiselle Chanel. blm “Eu criei um estilo para o mundo inteiro... Chanel não passa de moda”

tempo médio de leitura: 5 minutos

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Texto: Joana Serra; Fotos: AP Images

Shirley MacLaine numa brilhante interpretação de Coco Chanel

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AUGUSTO CURY

entrevista

O vendedor de sonhos O jardim da York House, em Lisboa, foi o cenário escolhido para a entrevista a um dos autores mais populares no Brasil. “O Vendedor de Sonhos – O Chamamento”, a última obra de Augusto Cury, já vendeu mais de 380 mil cópias por terras de Vera Cruz e chega agora às livrarias nacionais.

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omo começou a sua incursão pela escrita? Comecei quando estava no segundo ano de medicina onde, após passar por uma crise emocional, percebi que há dois caminhos que podemos fazer com a dor psíquica: ou ela nos constrói ou ela nos destrói. A partir daí comecei a sair da medicina e a passear pelo mundo das ideias da psicologia e da filosofia. Interessei-me em escrever tudo aquilo que reflectia para sobreviver no caos psíquico. Foram centenas de páginas, e em cada lugar em cada ambiente, analisava o comportamento das pessoas e escrevia bilhetes, fosse no autocarro, nos hospitais, ao andar pelas ruas. Era outra forma de evoluir como pessoa? Sim, como pessoa e como pesquisador da psicologia e da filosofia. Quase 20 anos depois tinha perto de 3mil páginas escritas e não publicadas. Então resumi essa teoria e enviei para várias editoras, mais uma vez foi um deserto por acharem que não era comercial. Dois anos depois uma editora apostou no projecto e eu publiquei “A teoria da inteligência multi-focal”, mas quase ninguém entendeu o que escrevi porque era muito fechado e porque eu abordo a teoria que afirma que o pensamento é virtual. Então chegado aqui tinha dois caminhos ou continuava a escrever textos fechados, ou aplicava toda essa teoria em experiências e fenómenos possíveis de serem assimilados pelas pessoas de um modo geral. Todos os meus 25 livros não são livros de entretenimento, e todos têm um foco que é estimular o pensamento crítico, a viagem interior, e a capacidade do “eu” ser autor da própria história.

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Acha que os seus livros e as suas teorias podem ajudar as pessoas a melhorar de vida e também a procurar um caminho melhor? Exactamente, procurar um caminho usando o caos como oportunidade construtiva, perdas e frustrações como oportunidades para desenvolver a resiliência, que é a capacidade manter a integridade diante dos sofrimentos e acidentes existenciais. De certa maneira vivemos numa sociedade doente, o normal na sociedade moderna é ser doente, stressado, tenso, o anormal é ser tranquilo, sereno e trocar experiências de vida. O livro acusa a sociedade que pauta a sua agenda pela superficialidade, que procura o sucesso pelo sucesso, e que não entende que drama e comédia, dor e sorriso, fracasso e sucesso faz parte da história do ser humano. os reality-shows ajudam a sociedade a continuar adormecida? Sim, tem razão. É o sucesso imediato, o culto da celebridade, e este culto é sintoma de uma sociedade doente, é uma estupidez da inteligência. Somos estrelas vivas no teatro da existência, temos a mesma complexidade e é possível viver no anonimato com dignidade sem precedentes. No livro “O Vendedor de Sonhos 2” que estou a lançar no Brasil, o subtítulo é “A revolução dos anónimos”. Nesse livro falo que os psiquiatras têm de aprender com os pacientes e que as celebridades têm de aprender com os anónimos. A vida é o som dos sons, o espectáculo dos espectáculos, nós deveríamos exaltar os anónimos, como um taxista, um chefe de cozinha, porque são seres humanos e têm a mesma complexidade que aqueles que estão no topo como expressão de celebridade.


“A vida é o som dos sons, o espectáculo dos espectáculos” académica, mas ele é tão espontâneo e critico que está sempre a usar a sua palavra para aproximar as pessoas financeiramente, e pelo menos ele estimula a percepção de que como seres humanos eles são mais próximos do que imaginam.

Mas pode-se usar esse mediatismo para ajudar os outros… É isso que tenho pensado nesses últimos anos, só vale a pena ser celebridade se puder promover a solidariedade e expressar as suas ideias humanísticas. Há celebridades que usam o seu mediatismo para uma auto-promoção, há políticos que usam a miséria para auto-promoção. E os que usam a influência social para estimular o pensamento crítico, o respeito pelos direitos humanos e a contrariar a ditadura do preconceito, esses tornam-se vendedores de sonhos.

o que faz falta hoje ao ser humano? O mais importante que revela as sociedades modernas como um hospital psiquiátrico é que as pessoas não têm consciência que têm o “eu”, esse “eu” tem de desenvolver consciência crítica, o que mais faz falta das sociedades ocidentais às orientais é estimular as crianças e os adultos a não serem vítimas das suas mazelas e a serem autores da sua própria história. blm

Para si quais as celebridades têm passado essa mensagem? O Lula da Silva, presidente do Brasil, embora tenha vários aspectos da sua política que precisam de ser reciclados, eu acho que ele tem conseguido passar a massagem. Ele nunca esteve numa universidade, não teve cultura

tempo médio de leitura: 6 minutos

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Texto: Joana Serra; Fotos: AP Images

A personagem principal é um professor que desperta para ensinar os alunos? O livro é escrito por um narrador, o primeiro discípulo cativado pelo primeiro vendedor de sonhos, e ele era um doutor de sociologia, foi chefe de departamento da sua área, e especialista em Marx. Mas era alguém pouco preparado para a vida, e há muitos doutores que são ícones nas ciências mas não têm protecção emocional, não sabem lidar com perdas e contrariedades, e isso que aconteceu com este doutor do livro. Quando o vendedor de sonhos consegue resgatá-lo fazendo o papel que nenhum psiquiatra, bombeiro ou polícia conseguiu, ele choca-o ao mostrar que todo o conhecimento que tem não amadureceu. Ele revela que uma pessoa madura deve aprender a vender e a comprar vírgulas, então o vendedor de sonhos aborda-o dizendo que vende vírgulas, uma vírgula para que continue a sua história, de repente o narrador percebe que a vida sem vírgulas é como um céu sem estrelas, é como uma mente sem maturidade.

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AGENDA A GAiolA DA loUCAs

Teatro rivoli - Porto Com a assinatura de Filipe la Féria, este é o grande espectáculo que abrange todas as camadas de público em mais um êxito numa comédia de humor, de grandes interpretações e rigor plástico.

MAriZA

PiAF

Coliseu dos recreios – lisboa 31 Outubro e 1 Novembro Talentosa, surpreendente, ímpar, arrebatadora. Não teríamos espaço para escrever todas as qualidades de Mariza. A verdade é que quanto mais fácil é ouvir a sua voz mais difícil se torna adjectivar esta fadista, ou como prefere ser apelidada, esta cantadeira de fados.

Teatro Politeama – lisboa Estreou em Angra do Heroismo, esgotou no Teatro Rivoli no Porto, e finalmente podemos ver em Lisboa o espectáculo mais intimista de Filipe La Féria. Wanda Stuart e Sónia Lisboa interpretam, alternadamente, a complexa personagem de Edith Piaf num enorme desafio às capacidades interpretativas de cantoras e actrizes. Desde “Master Class – Maria Callas” que La Féria não comovia o público desta maneira. Bravo!

LIVROS

ABsTinÊnCiA

Personagens complexas e surreais, recheado de realismo e humor satírico. Abstinência está a ser adaptado ao cinema pelos realizadores de “Little Miss Sunshine”. Uma surpreendente aventura!

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o TrEino Do CAVAlo – A solUÇÃo Dos ProBlEMAs Mais que um livro, um manual da autoria da conferencista de renome internacional, Jessica Jahiel, especializada em comportamento de cavalos. Um guia útil e apaixonante!

BoDA CEo

Um guia com práticas de meditação testadas e comprovadas em empresas de sucesso. Uma extraordinária ferramenta para o êxito!

MAis Do QUE UM CAFÉ

Um delicioso livro que revela os segredos da verdadeira liderança e das receitas para o sucesso duradouro, consequência do empenho e trabalho de equipa.


MoMEnTos,

Centro Cultural do redondo 12 setembro Afonso tem uma amante. O seu sócio Alves tenta conquistála e avança mais nos seus propósitos quando se julga que Afonso morreu, traído por uma paragem de digestão. A mulher de Afonso, Leopoldina, com o intuito de assegurar o enterro ao marido, vai a casa da Amante e é aí que descobre factos surpreendentes, até para o público.

UP - AlTAMEnTE

Da Disney•Pixar cheganos UP - ALTAMENTE! uma comédia de aventuras sobre um vendedor de balões de 78 anos, chamado Carl Fredricksen, que, finalmente, realiza o sonho da sua vida, uma grande aventura, quando prende milhares de balões à sua casa e consegue voar à descoberta da América do Sul.

PorTUGAl A QUEnTE E Frio

O primeiro livro de divulgação científica sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal. Conclusões: a Europa será dos continentes mais afectados e Portugal terá de enfrentar uma das maiores subidas regionais da temperatura. Há quem diga que Lisboa pode vir a ter a temperatura média actual de Rabat. Isso não evitará picos de frio e chuvas torrenciais.

ADEUs, VoU Ali já VEnHo

é o nome do mais recente trabalho discográfico de Herman José. Composto por 12 temas, entre os quais estão três compostos pelo próprio que complementa um alinhamento musical com canções da autoria de Carlos Paião, uma recriação do fado “Caldeirada”, que Amália gravou em 1977, além da recuperação dos genéricos dos programas “Casino Royal” e “Hora H” e “Podia Acabar o Mundo”.

A ilHA DA PAiXÃo

Afinal pode haver coincidências. Duas personagens que ao encontrarem-se, descobrem um segredo comum nas suas famílias que, mais de meio século depois fica prestes a ser desenterrado.

CArMinHo - FADo

Se há caso em que a palavra “Finalmente” faz sentido, é para anunciar o disco de estreia de Carminho. Há um par de anos que é aguardado com grande expectativa a voz a que muitos já chamaram “a grande esperança do fado”.

o PEQUEno sAMUrAi

Um método inovador na área da pedopsicologia, numa linguagem adequada às crianças, como lidar e vencer os medos das crianças. Um livro para ler em família.

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Coordenação: Paula Martin

As Calcinhas Amarelas

assim se intitula este trabalho de Dulce Pontes. Um CD duplo, que inclui temas inéditos e gravado ao vivo, para celebrar os preenchidos 20 anos de carreira. Recorde-se que Dulce Pontes foi a primeira interprete a dar “uma nova roupagem” ao fado, com “Lágrima”, desbravando assim o caminho para outros projectos.

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agenda inGlorioUs BAsTErDs sACAnAs sEM lEi

De Quentin Tarantino, com Brad Pitt, Diane Kruger, Eli Roth Era uma vez, na França ocupada pelos nazis… Tarantino cruza histórias infames, oprimidas, reais e maiores que a própria vida durante a II Guerra Mundial.

“MAlUDA – rETrosPECTiVA”

Palácio de são Bento - até 28 de Agosto Por ocasião das comemorações do 10.º aniversário da morte da pintora, a Assembleia da República promove a exposição “MALUDA – Retrospectiva”, em homenagem à artista. Comissariada pelo historiador de arte Jorge Rodrigues Batista, reúne cerca de cinquenta das mais importantes obras da pintora, pertencentes a várias colecções públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, muitas das quais nunca tinham sido expostas ao público português. Informações e marcações: Tel.: 21 391 96 25 / 21 391 97 73

ForÇA-G

é a primeira aventura de jerry Bruckheimer a 3 Dimensões. Sob a chancela Walt Disney é também o primeiro filme em 3D de ratos de laboratórios como agentes secretos. Estreia a 1 de Outubro.

noticias actualizadas em http://embastidores.blogspot.com

AinDA AliCE

Uma narrativa trágica de uma mulher em luta contra as traições da mente, tenazmente agarrada à ideia de si mesma, à memória de uma vida e de um amor intenso. Na compra deste livro, 1 euro reverte a favor da Alzheimer Portugal. Imperdível!

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DE AlMA E CorAÇÃo Um verdadeiro bestseller internacional. Uma historia envolvente de uma família e amigos, médicos e pacientes, todos parte de uma comunidade em transição. Uma escolha Oprah’s Book Club.

VAsTo MAr DE sArGAÇos

Antoinette Cosway é uma herdeira crioula nascida numa sociedade colonialista e opressiva, numa altura em que as famílias brancas vivem mergulhadas entre fumos de feitiçaria negra e revoltas de escravos. Um envolvente romance que nos transporta a uma Jamaica dos anos 30, que consegue que sintamos na pele a dor da discriminação. Maravilhoso!


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30 Anos à nossa maneira

Amália Hoje - Ao Vivo

Coliseu do Porto – 9 de Outubro Em palco os Hoje, Sónia Tavares, Fernando Ribeiro, Paulo Praça e Nuno Gonçalves, tocam ao vivo as canções do disco Amália Hoje. Fazem-se acompanhar da Orquestra Nacional Sinfónica da República Checa e do Coro de vozes que gravou em estúdio as canções pop de Amália.

Coordenação: Paula Martin; Fotos: Divulgação

Estádio do Restelo – 26 de Setembro Trinta anos depois do arranque, os Xutos & Pontapés são o emblema do que significa rock & roll em português - feito por portugueses, para portugueses. Donos de uma lista interminável de clássicos que faria muitas bandas roerem-se de inveja, os Xutos são verdadeiros “animais de palco”. Concerto imperdível!

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em bastidores

A obra de

Rafael Bordalo Pinheiro Criada em 1884 por um grupo de capitalistas, foi pelas mãos do seu fundador, Rafael Bordalo Pinheiro, que a fábrica de Faianças das Caldas da Rainha se tornou conhecida além de terras nacionais. Actualmente, subsiste com algumas dificuldades, mas não há dúvida que é parte incontestável da herança cultural portuguesa.

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aptizada com o nome Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha pelos seus fundadores, em 1884, viria apenas a ser conhecida como Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro aquando da morte do seu fundador, Rafael Bordalo Pinheiro, em 1905, e depois da fábrica inicial encerrar por venda em hasta pública. Na fábrica, Rafael Bordalo Pinheiro empenhou-se em dar continuidade à louça tradicional da região, fazendo uso do seu cunho e das suas potencialidades enquanto artista e sempre tendo em vista a projecção. Por conta desta dedicação e amor pela arte, este artista e a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha conseguiram o reconhecimento em várias exposições, recolhendo inúmeras medalhas de ouro, o que lhes valeu um símbolo de referência para a cerâmica regional e nacional. Com as sucessivas crises no sector, a fábrica acaba por encerrar, em 1908, com a sua venda em hasta pública. A morte de Rafael Bordalo Pinheiro, em 1905, veio alterar o sistema de funcionamento da fábrica, tornando-a mais familiar. O seu filho, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, a sua viúva e alguns familiares transferem os moldes do artista para um anexo contíguo à antiga fábrica, pertencente a Helena Bordalo Pinheiro, também filha de Rafael. É nesse espaço que se funda a empresa que hoje conhecemos como fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro. Contudo, e apesar do empenho em manter a fábrica próspera, as continuadas crises dos anos vinte obrigaram a algumas medidas no sentido de salvar a fábrica e, assim, um grupo de capitalistas das Caldas da Rainha acaba por adquirir algumas acções da empresa, passando a geri-la. Actualmente, a empresa ainda tem responsáveis descendentes desses investidores. Foi somente a partir do 25 de Abril de 1974 e, sobretudo nos anos 80, que a fábrica recuperou os níveis de produção que a tornaram tão afamada. A ampliação de instalações na zona histórica, o surgimento de novas unidades fabris e a abertura de lojas foram cruciais para assinalar este momento de expansão. O aumento de produtividade verificou-se também nos índices de exportação, atingindo cerca de 90% da sua capacidade. Os EUA foram os seus principais destinatários.

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A consolidação do sucesso das Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro verificou-se com inúmeras iniciativas, nomeadamente com a divulgação da obra de Rafael Bordalo Pinheiro, exposta no seu museu privado e, ainda, com exposições itinerantes da mesma em diversos municípios, pousadas e até no estrangeiro.

In “ Portugal Ilustrado”


Os produtos Conhecida por produzir vários utensílios, a fábrica dedicase, actualmente, e com mais afinco, aos serviços de mesa inspirados na obra de Rafael Bordalo Pinheiro. O mais conhecido e procurado por coleccionadores, antiquários e público em geral é o serviço de couve. Não obstante, há uma outra figura que é, igualmente, o cartão de visitas desta fábrica centenária e que desde há longos anos tem vindo a decorar as casas dos portugueses, assumindo-se como um objecto carregado de história e tradição – as andorinhas Bordalo Pinheiro – cujos moldes ainda hoje se mantêm os mesmos. Símbolo do artesanato popular e da cultura da nação portuguesa, a andorinha Bordalo Pinheiro assume-se como imagem da marca A Vida Portuguesa,, um projecto da autoria da jornalista Catarina Portas que divulga e difunde os produtos antigos portugueses que têm subsistido às alterações inerentes à evolução da sociedade moderna e, assim, conseguido manter a sua imagem e características originais.

Prato com 3 lagostas sobre folha de couve

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O Soberano! Publicado n’ Álbum das Glórias, 1882

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Canelabro Renascentista

Painel de azulejos com rãs, canaviais e ramos floridos Inicio do séc. xx

A Vida Portuguesa e as andorinhas Bordalo Pinheiro Foi em Novembro de 2004, depois de uma investigação exaustiva sobre os produtos tradicionais portugueses, que nasceu a marca Uma Casa Portuguesa, pelas mãos da jornalista Catarina Portas. Mais tarde (Maio de 2007) rebaptizada com o nome A Vida Portuguesa, este projecto tem um objectivo muito simples: revalorizar a qualidade da produção portuguesa manufacturada e dar a conhecer o nosso país e o que de melhor se faz por terras lusas. Neste sentido, a marca tem desenvolvido inúmeras parcerias com diversas marcas antigas no sentido de incitar à criação de produtos exclusivos AVP. É o que acontece com as andorinhas Bordalo Pinheiro, moldadas inicialmente pelo artista, em 1891, e que depressa se alastraram a vários utensílios, como pratos, adornos e azulejos. A presença desta ave é, contudo, mais visível nas fachadas, varandas e interiores de casas de norte a sul do país, tornando-se num dos objectos mais simbólicos da cultura portuguesa. Actualmente, a marca comercializa as versões populares e originais das andorinhas Bordalo Pinheiro, propositadamente reeditadas em 2006 segundo os moldes originais das Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro. Efeitos da crise Recentemente, a Fábrica Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro depara-se com um cenário de futuro incerto, consequência da crise mundial que se faz sentir um pouco por todo o mundo. Esta situação e a perspectiva de venda desta

Misula suportada por eolo

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em bastidores

fábrica levou várias pessoas, ligadas à esfera das artes, da cultura e de outros ramos a reunirem esforços no sentido de protegerem o património histórico e a obra de um artista que tanto fez para levar a imagem de Portugal aos quatro cantos do mundo. Em carta aberta dirigida ao Estado, estes representantes dos vários quadrantes da esfera pública portuguesa apelam, sobretudo, para que se salvaguarde o espólio do artista Bordalo Pinheiro, se promova o desenvolvimento e a transmissão dos saberes tradicionais e se reposicione a marca Bordalo Pinheiro nos segmentos de mercado de excelência, permitindo, consequentemente, a sua renovação através do envolvimento no projecto de nomes prestigiados e novos valores do design e das artes. Joana Vasconcelos, artista plástica e uma das assinantes desta carta, diz mesmo que, para salvaguardar a fábrica “a única via seria apostar numa estratégia que privilegiasse a componente artística e a qualidade em vez de insistir na comercialização de produtos vulgares que dificilmente competirão com a mão-deobra ainda mais barata de outros países”, e acrescenta “não o fazer seria desrespeitar a nossa história e desconsiderar o que de melhor se faz em Portugal”. O Grupo Visabeira, empresa que também já havia adquirido outras marcas nacionais de renome, nomeadamente a Vista Alegre Atlantis, adquiriu a Fábrica e todo o seu espólio, para que a arte e o talento de Bordalo Pinheiro possam continuar a ser admirados e adquiridos. blm

Figura de Guerreiro Negro 1904 (?)

CONtACtOS Museu Bordalo Pinheiro | www.museubordalopinheiro.pt joana Vasconcelos | www.joanavasconcelos.com A Vida Portuguesa | www.avidaportuguesa.com Grupo Visabeira | www.grupovisabeira.com

tempo médio de leitura: 7 minutos

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Texto: Bruna Raposo; Fotos: Museu Bordalo Pinheiro, Arquivo Press Coast

A Política: A Grande Porca Publicado n’ A Paródia, em 17.01.1900



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Humor Britânico Sacha Baron Cohen é já um nome incontornável da comédia mundial. Se não conhece as suas famosas personagens Ali G, Borat e o mais recente Bruno é porque não tem prestado atenção á cena humorística mundial.

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ascido em Inglaterra Sacha Baron Cohen desde cedo demonstrou a sua vocação para a comédia, mas só quando entrou na Universidade de Cambridge e mais tarde no teatro de interpretação judaica Habonim Dror é que o seu talento começou a captar a atenção do público. Após ter trabalhado no inicio da década de 90 como modelo, começou a apresentar programas de televisão na rede de cabo de Windsor e no Channel 4, já no final desta década participou no filme britânico “The Jolly Boy’s Last Stand”. Uma das personagens míticas de Sacha Baron Cohen, Ali G, começou com o programa homónimo “Da Ali G Show” em 2000, recebendo nesse mesmo ano o prémio BAFTA para melhor comédia. No entanto Ali G só alcançou a fama internacional pela primeira vez quando a rainha da pop, Madonna, o convidou nesse mesmo ano para participar no videoclip da canção “Music”. Deste repentino sucesso até á concretização de um filme foi um pulo, e “Ali G Indahouse” foi acolhido pelas camadas mais jovens com algum fervor. Seguiu-se em 2006 o filme “Borat: Aprender Cultura da América Para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão”, o filme gira á volta da obsessão de Borat em casar com Pamela Anderson, e pelo caminho aproveita para fazer entrevistas a várias personalidades americanas. Este trabalho rapidamente alcançou o top da tabela de filmes americana e valeu a Sacha o Globo de Ouro para melhor actor de comédia. Depois de dois anos a viver intensamente este personagem Baron Cohen anuncia no final de 2007 a sua intenção reformar definitivamente Borat. Mais recentemente o actor trouxe á luz do dia Brüno, mais um apresentador de televisão, mas desta feita proveniente da Áustria com um sentido de moda peculiar. No meio de todos estes personagens tão fortes Sacha Baron Cohen tem visto a sua vida privada mais poupada à curiosidade dos paparazzis. Sabe-se apenas que é casado com a actriz australiana Isla Fisher (que recentemente vimos protagonizar “Louca por compras”) de quem têm uma filha e que dividem o seu tempo entre as residências de Londres e Nova Iorque. Um dado já adquirido é o talento de Sacha para conseguir

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apreender e retratar as novas correntes da sociedade, levando as pessoas a rirem-se das suas próprias figuras. Ali G Uma das personagens mais famosas do comediante britânico, reflecte com grande perspicácia a realidade vivida nos subúrbios onde jovens se vestem como os rappers americanos. Ali G é no entanto um entrevistador que tem como alvo preferido pessoas famosas. No seu programa não existem tabus e as conversas de ocasião em vez de serem feitas á volta do tema sexo. Os seus entrevistados incluíram personagens tão distintas como o astronauta Buzz Aldrin, David e Victoria Beckham, Mohamed Al-Fayed e Donald Trump (que após um minuto de perguntas decidiu abandonar a entrevista indignado).


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capa

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Borat Outro dos personagens criado por Sacha Baron Cohen. Auto-intitulado o segundo melhor jornalista do Cazaquistão, Borat demonstra expressões que roçam o machismo, a homofobia e o anti-semitismo. Este jornalista viaja pela Inglaterra e pelos Estados Unidos entrevistando diversas pessoas dos nichos mais extremados da sociedade, de sulistas americanos a feministas e figurões de elite da Rainha. O sucesso do repórter da Ásia Central rendeu uma longa-metragem campeã de bilheteira na Europa e na América do Norte. Borat foi ainda apresentador dos prémios MTV realizados em Lisboa no ano de 2005. Brüno Bruno, é um repórter da TV austríaca que invade o mundo da moda, e lança os holofotes sobre a frivolidade e o confronto entre o que é gay e o conservadorismo extremo. Passa pelas lojas de Melrose, em Los Angeles, pelo Fashion Week de Nova York etc. Bruno faz de tudo para se tornar famoso nos Estados Unidos depois de ter sido banido na Europa de entrar nos eventos de moda. Um filme que fará dar umas boas gargalhadas enquanto toca ao mesmo tempo em questões sociais relacionadas com os estereótipos da nossa sociedade. Coleccionador de Processos Judiciais Se com “Borat” Sacha Baron Cohen coleccionou processos judiciais, a situação repete-se com “Brüno”. Segundo o site TMZ, a presidente de uma instituição de caridade na Califórnia, Richelle Olson instaurou um processo contra o comediante. Ela acusa-o de tê-la agredido fisicamente e ainda por ter usado linguagem vernácula quando apareceu caracterizado de Brüno num dos eventos beneficentes que organizou em 2007. Morte de Michael Jackson origina corte de cena O que Michael Jackson e o filme Bruno, têm em comum? Bem, Bruno estreou em Los Angeles, com algumas piadas sobre Michael Jackson no mesmo dia em que a lendária estrela pop faleceu. Em resposta à inesperada morte de Jackson, os executivos da Universal decidiram rapidamente apagar a cena a partir da estreia, por respeito à família. A cena cortada, onde envolve Michael Jackson, decorre numa “entrevista” realizada com a irmã, LaToya Jackson. Nela, o personagem Brüno tenta roubar o número de telefone de Michael do telemóvel de LaToya. “O Rei do pop é uma figura muito querida e as pessoas estão absolutamente chocadas com a sua morte, e seria realmente insensível, para as pessoas próximas e para os milhões de fãs, que incluísse a cena”, afirmou Larry Charles, o realizador.

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capa Sacha Baron Cohen e a mulher, a actriz Isla Fisher

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tempo médio de leitura: 7 minutos

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Texto: Rui Miguel Costa; Fotos: AP Images

Olsen e os convidados foram surpreendidos pelo actor que, segundo ela, surgiu fazendo uma “caricatura ofensiva de um homossexual” e estava vestido com uma roupa “ultrajante e sexualmente reveladora”. Na ocasião, Cohen gravava cenas para o falso documentário. A empresária continua, afirmando que se sentiu humilhada com a situação e, quando tentou interromper o actor, ao tirar-lhe o microfone da mão, ele começou a agredi-la verbalmente. O incidente deixou Olsen tão nervosa que acabou por bater com a cabeça acidentalmente e teve de ser levada para o hospital. No jornal The New York Daily News surgiu também a noticia que outro comediante, Pauly Shore, também processou Cohen devido a similaridades entre Brüno e a comédia que ele dirigiu em 2007 chamada “Adopted”. Numa particular cena do filme de Shore, um homem gay adopta um bebé africano, e essa mesma sequência é parodiada por Cohen em “Brüno”. O actor/realizador afirma que a semelhança entre as duas cenas é “notável” e já afirmou na imprensa americana, que terá seguido as medidas judiciais aplicáveis. Cohen pode até perder um amigo, ser criticado e processado, porém não perde a piada. blm

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em bastidores

O Perfumista

O nariz

por de trás do perfume “Há uma necessidade em se dar novamente um encantamento ao perfume”

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primeira lembrança que Jean-Claude Ellena tem de um odor, remonta aos seus quatro anos de idade. “Lembro como se fosse hoje, do cheiro dos biscoitos guardados num pote no alto do armário da cozinha. Era obrigado a subir a uma cadeira para poder alcançá-los”, diz. Hoje, aos 61 anos, este francês nascido em Grasse, cidade mediterrânea do sul da França, reputada pelas suas flores e oliveiras, é perseguido pelos odores mesmo durante o sono. “Durmo sempre com uma folha de papel e uma caneta na cabeceira da cama. Ontem à noite, por exemplo, despertei a meio da noite com a ideia de um odor, prontamente anotei as sensações do cheiro e depois voltei a dormir”, conta, como se fosse um poeta a sonhar com versos de rimas aromáticas. Os seus hábitos curiosos justificam: Jean-Claude Ellena é um dos mais respeitados criadores de perfumes contemporâneos. Como se diz no meio, trata-se de um “nariz” - um profissional de olfacto apurado e mestre em misturar ingredientes para produzir exclusivos líquidos perfumados, bem guardados em cobiçados frascos. No seu caso, a aprendizagem já vem do berço. O seu pai trabalhou em dois grandes grupos, fabricantes de perfumes, o americano

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IFF (International Flavors & Fragrances) e o suíço Givaudan. E a tradição perpetua-se na família: a filha, Céline Ellena, sucumbiu ao charme das fragrâncias e tornou-se “nariz” da grife The Different Company, fundada pelo pai. Como um sommelier capaz de identificar a origem e a safra de um vinho, um “nariz”, ao sentir a essência de um jasmim, num pequenino frasco, consegue apontar se a matéria-prima é proveniente do Egipto, Itália ou de França. Uma pessoa normal distingue entre três e quatro paladares num vinho e igual quantidade de odores num perfume. Para um profissional, no entanto, esse número é multiplicado por dez. Autor de clássicos como First (Van Cleef & Arpels), L’Eau Parfumée au Thé Vert (Bulgari), Déclaration (Cartier), Eau de Campagne (Sisley) ou Cologne Bigarade (Frédéric Malle), Jean-Claude Ellena ocupa desde 2003 o prestigioso cargo de director criativo de perfumes da Hermès, célebre maison do Faubourg Saint-Honoré, em Paris. Mas não basta fama, faro sensível e um savoir-faire familiar para se criar bons perfumes. Compor uma fragrância é como improvisar um prato na cozinha, mas, a exemplo dos melhores chefs, exige intuição e também muita ciência.


O momento mágico provocado pelo efeito do contacto do bálsamo na pele é precedido de um longo e complexo processo. Artesão no seu laboratório de Cabris, nos arredores de Grasse, onde trabalha com apenas um assistente, Ellena brinca com a imagem que ainda se faz do perfumista: “As pessoas que vêm visitar-me acham que vão encontrar-me no meio do campo, espremendo flores. Mas a abordagem é, antes de tudo, intelectual”. No feminino Feminista mas também feminina, ela acredita em sensibilidades olfactivas diferentes para os sexos: “São perfumes com escritas distintas. As mulheres têm mais emotividade, os perfumes possuem mais delicadeza e suavidade, já as notas masculinas são mais robustas” robustas”. Mas não há regras definitivas, ressalta. Nas últimas décadas, por exemplo, passou-se a usar aromas amadeirados para os perfumes femininos, o que antes era uma exclusividade das fragrâncias masculinas. “A madeira reflecte autenticidade, afirmação, o que corresponde à imagem da mulher moderna, independente, que trabalha. Acabou-se o uso abundante de notas florais e suaves para os perfumes femininos” femininos”, diz Nathalie Lorson.

Uma das tendências actuais, são as notas florais verdes. “Com a conotação actual do natural, do bio, do vegetal no aroma, o floral verde está em alta na forma de um odor não muito cru ou agressivo, mas com frescor. As notas de couro e resina, esquecidas, também retornam. Acho que são pistas futuras”, afirma. Nathalie Lorson define o seu trabalho na grande indústria da perfumaria semelhante ao de uma actriz: “Uso o mesmo grupo de ingredientes para criar um perfume para a Givenchy e para a Lalique. Sou a mesma pessoa, mas a cada vez encarno uma personagem, tento me colocar na pele da marca, fazer um produto que se identifique com a mesma e moldado ao desejo do cliente”. Quando obtém sucesso com um perfume que pouco tem a ver com sua identidade olfactiva, costuma dizer que actuou como uma excelente actriz.

hypnôse Senses, de Lancôme (75ml €83,20); romance, Elixir de Parfum de Ralph Lauren (50ml: € 76,62); Noa Dream, Eau de Toilette de Cacharel (100ml: €83,49); Miss Dior Chérie, Eau de Printemps de Dior (*); Escada Ocean lounge, Eau de Toilette (100ml: €67,50); Jeanne lanvin, Eau de Parfum de Lanvin (*); Ferré rose Princesse, Eau de Toilette de Gianfranco Ferré (100ml: €71); Un Jardin en Méditerranée, de Hermés (*); Amor Amor Sunrise, de Cacharel (*); Allure, Eau de Parfum de Chanel (*); Magnifique Eau de toilette, de Lancôme (*); Versense, Eau de Toilette de Versace (100ml: €86); Sheer Stalla, Eau de Toilette de Stella McCartney (100ml: €55,52) (*) preço sob consulta

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em bastidores “aperitivo olfactivo” antes de ir para a mesa. Já o Eau de la Reine de Hongrie, do século XIV, é o primeiro produto aromático alcoólico conhecido. Em vez de destilar a alfazema com água, como se fazia até então, teve-se a ideia de usar o álcool, o que com o tempo tornou-se norma. Muita coisa mudou desde o surgimento das primeiras fragrâncias criadas pelo homem. Nathalie Lorson acredita que, hoje, está em formação uma nova consciência das marcas e dos consumidores em busca de melhor qualidade, um retorno ao luxo. Para Ellena, a visão económica prevaleceu à estética e a arte da perfumaria decaiu em prestígio. “Há uma necessidade em se dar novamente um encantamento ao perfume”, observa. Sejam quais forem as invenções futuras (como o caso da crescente pesquisa por moléculas de cheiro artificiais), o perfume, como observa Jean-Claude Ellena, permanecerá uma fascinante história de odores e uma poesia de suvenires, presente na memória como o secreto aroma de biscoitos da sua infância. blm

Omnia Green Jade, de Bvlgari (€63,89); Flora, Eau de Toilette de Gucci (75ml: €82,50); PArIS d’Yves Saint Laurent Eau de Printemps (€61,43); Incanto Bliss, Eau de Toilette de Salvatore Ferragamo (100ml: €74); She Wood, Eau de Parfum de Dsquared2 (50 ml: €64); Almost Bare, Eau de Parfum de Bobbi Brown (50 ml: €45); Ungaro Party, Eau de Toilette de Emanuel Ungaro (90ml: €52) tempo médio de leitura: 7 minutos

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Texto: Maria João Horta; Foto: Dreamstime; Coordenação: Paula Martin com imagens cedidas pelas marcas

A Fiermenich possui 2500 matérias-primas no seu catálogo, 700 delas naturais e as demais sintéticas. “Para cada produto, chega-se a ter 30 qualidades de odor diferentes. Eu costumo trabalhar com uma paleta de 200 a 250 matérias. Mas vamos sempre procurando um ou outro produto à parte para marcar a diferença”, explica. Com uma quinzena de pedidos de novos perfumes, em concorrência permanente com outros grupos, Nathalie aspira mais odores do que respira ar. Para finalizar um único perfume, faz entre 400 e 600 testes no decorrer de um ano, tempo médio que diz levar para criar uma fragrância. “É um processo longo, provar, sentir, os odores diferem a cada dia”. Os fins-de-semana, em que passa perfumada com as suas provas, são usados como períodos de teste. A família também é usada como cobaia: “ Os meus filhos usam tudo o que levo para casa”, conta entre risos. Um dos primeiros perfumes de que se tem notícia é o Le Parfum Royal, do século I, utilizado pelos romanos como um



cosmética

VAIDADE

no masculino

Dermatologistas afirmam que são as mulheres que incentivam os homens a cuidarem-se. Então, que tal conhecer mais sobre a pele masculina e a sua missão?

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ada vez mais homens começam a interessar-se pelo mundo dos cosméticos. Os motivos? O mercado de trabalho valoriza a boa aparência e a sociedade trata melhor os que parecem jovens. Segundo especialistas em medicina estética, hoje cerca de 30% dos seus pacientes são homens. Quando resolvem cuidar da beleza, eles elegem, com frequência, as próprias parceiras como “facilitadoras” para entrarem nesse universo mais ou menos desconhecido. A mulher tem um papel preponderante na formação de opinião do marido, ou do namorado, em relação aos cosméticos e é ela que os mantém fiéis aos hábitos de beleza. Mas, na hora de assumir essa missão, não tome a sua rotina de beleza como referência. Os homens querem soluções descomplicadas e, por causa da testosterona, têm certas particularidades.“A pele masculina possui mais colagénio e é mais espessa, ou seja, é mais resistente e menos susceptível ao envelhecimento do que a feminina”, diz o dermatologista Nuno Osório. Mas calma, não precisa de morrer de inveja. Ela também tem os seus inconvenientes. Segundo o dermatologista e os próprios homens, há dois grandes problemas que frequentemente atacam o rosto masculino: a foliculite (muita vezes confundida com acne) e o excesso de oleosidade. A boa notícia é que existem formas de combater ambas. Foliculite É a inflamação nos poros por onde saem os pelos, normalmente causada pela fricção constante do barbear.

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Como amenizar o problema: Antes do barbear, o rosto deve ser lavado com água morna, para abrir os poros. É melhor investir em lâminas duplas ou triplas, que facilitam o corte, e nunca dispensar o gel de barbear com efeito anti-irritante, que torna a pele mais emoliente. Mas como também já sugerimos na edição anterior, uma exfoliação, até mesmo durante o duche, ajudará a levantar o pelo para um melhor corte. Como eliminar o inimigo: Para quadros de foliculite severa, a solução são cerca de cinco a dez sessões de depilação com laser ou luz pulsada. oleosidade Excessiva É o acúmulo de sebo no rosto, produzido pelas glândulas sebáceas. Como amenizar o problema: Lavar o rosto com produtos especificamente para peles oleosas. Usar algum creme para controlar a oleosidade nas regiões de maior produção de sebo (normalmente testa, nariz e queixo), garantidamente irá melhorar a aparência. Só devem ser usados protectores solares em gel, gel creme ou creme com efeito mate. Como eliminar o inimigo: Não há um tratamento que faça as glândulas sebáceas produzirem menos sebo. Se o problema parecer excessivo, marque consulta com um dermatologista ou endocrinologista, a fim de poder saber como anda o seu equilíbrio hormonal e descobrir se há algum hábito pessoal que pode ser mudado ou eliminado para que a pele fique menos oleosa.


TEsTE

Conheça o seu companheiro Escolha a alternativa que mais se aproxima do comportamento dele e descubra até que ponto está disposto a cuidar da pele do rosto. 1. Quando vão viajar, ele leva no nécessaire: a) Desodorizante e espuma de barbear b) Desodorizante, espuma de barbear, gel pós-barba e perfume c) Desodorizante, espuma e pós-barba, perfume, protector solar, hidratante 2. Ele aplica protector solar quando... a) Está com a pele vermelha, depois de ter passado um dia inteiro ao sol b) Depois de acomodado na praia, já com uma cerveja na mão c) Diariamente, na praia ou na cidade, antes de sair para o trabalho 3. sobre os seus produtos de beleza, ele... a) Nem sabe o que você usa b) Pergunta-lhe por que usa tanto creme, com uma ponta de curiosidade e outra de ironia c) Até já usou alguns dos seus produtos sob a sua orientação 4. Ele já foi a um dermatologista? a) Só vai ao médico se estiver doente (e, mesmo assim…) b) Marcou consulta, mas na hora H cancelou c) Foi, sim, fez limpeza de pele e comprou os produtos indicados 5. Ao falar da própria aparência… a) Não vê motivos para mudar b) Às vezes diz piadinhas sobre as suas rugas, para disfarçar a preocupação com os sinais do tempo c) Comenta que está sempre com aparência cansada e quer soluções para melhorar

rosTo Gama Force supreme, de Biotherm Homme, composto por creme hidratante (*), hidratante de olhos (*) e Neutralizer, anti-rugas hidratante (€65), Linha Anti-rides et Fermetè, de Clarins Men composto por regenerador, hidratante e contorne de olhos (*), para homens a partir dos 45 anos. A parir dos 30 anos, aconselha-se a linha Energie et Vitalité, Dior Homme Dermo system, hidratante Age Control e Sérum Yeux Tenseur Défatigant (*)

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cosmética

Ele tem... MAioriA A Pouco vaidoso: comece com calma Ele quer discrição quando o assunto é beleza. É arredio e acha que essa coisa de vaidade não é para ele. Por isso, os produtos 2 (ou 3 ou 4...) em 1 podem ser uma boa medida. O principal é não exagerar na quantidade de cosméticos, o que poderá assustá-lo. Vá com calma e invista inicialmente no trio sabonete esfoliante facial + pós-barba + protector solar. MAioriA B Vaidoso: acompanhe-o ao próximo estágio Lá no fundo, ele sabe que está na hora de agir. Mas, do pressentimento à acção, muita coisa pode mudar, basta dar um empurrãozinho. Que tal deixar na bancada da casa de banho um kit com: exfoliante + loção pós-barba + protector solar + creme anti-rugas? Quando achar que essa etapa já foi ultrapassar, passe a sugerir um creme específico para a região dos olhos. MAioriA C super vaidoso: apenas dê apoio Você não precisa pedir, porque ele já sabe da importância e necessidade de se tratar. Portanto, o seu trabalho é apenas lapidar a sua estratégia. Além de usar sabonete facial ou esfoliante, protector solar e anti-rugas, tente incluir-lhe na rotina diária, um hidratante específico para a região dos olhos. Tudo bem que ele está aberto a novidades, mas aja com calma: exigir que faça limpeza de pele já é pedir demais. Em vez disso, proponha uma máscara para remover partículas de pele seca, que corresponde a uma limpeza de pele. Ele vai aplicar em casa, em 10 minutos (o tempo que o produto deve agir na pele), e com toda a discrição. blm

CABElo Sérum anti-queda regenetic, de Biotherm Homme (€69); Champô e Loção Energic, de L’Oréal Professionnal Homme (€12 e €20), em cabeleireiros Hair saver, de Méthode Jeanne Paubert, poder anti-queda e rejuvenescimento (€69)

CorPo Elixir ultra remodelante Culturist, de Méthode Jeanne Paubert (€79); Desodorizante sander

PErFUMEs only the Brave, de Diesel (75ml €55,44) Polo Modern reserve, para assinalar o 30º aniversário de Ralph Lauren (118ml €75), e uma extraordinária edição limitada para coleccionador (*).

(*) pre;o sob consulta

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tempo médio de leitura: 7 minutos

Texto: Maria João Horta; Fotos: D.R.; Imagens cedidas pelas marcas

for Men (*)



cosmĂŠtica

Pernas de luxo

Contornos definidos

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Verão está a chegar, as saias substituem as calças e as pernas nuas saem à rua. Na praia e piscina, os biquínis deixam o corpo à mostra. Está na altura de se preparar e aproveitar o estímulo da nova estação para procurar os melhores tratamentos para reduzir a celulite, gordura localizada e flacidez. Os especialistas afirmam que as mulheres, em geral, têm uma predisposição genética para armazenar maior quantidade de gordura nos membros inferiores. A fórmula infalível da boa alimentação associada à actividade física e a produtos de qualidade, são os mandamentos para melhorar a forma física. Além disso, alguns tratamentos médicos e estéticos são armas poderosas para lapidar os contornos, tratando e prevenindo os problemas. O toque final fica com os cosméticos, grandes aliados da beleza das pernas e ficar linda da cintura para baixo.

Bons ProDUTos

A nossa selecção:

CElUliTE

Os nódulos que se formam nas camadas internas da pele atacam principalmente a região dos glúteos e das coxas. Têm origens diferentes -hereditariedade, disfunções hormonais, acúmulo de toxinas e gordura, além de problemas circulatórios. Pede prevenção constante, cuidando na alimentação e estilo de vida, evitando tabaco e sedentarismo. A celulite é classificada em quatro graus: No grau I não se notam as depressões na pele e as ondulações suaves só aparecem quando a região é pressionada. O grau II, além das ondulações, apresenta leves depressões, visíveis sob pressão. No III, a celulite é visível, e as depressões são vistas mesmo sem pressionar a região. E o IV, mais grave, tem ondulações visíveis e profundas. EXErCÍCios Caminhadas, natação, bicicleta ou aulas de aeróbia melhoram os problemas circulatórios, uma das causas da celulite, e queimam gordura, ajudando a combater os nódulos. A musculação também ajuda. Com o aumento da massa muscular, a região fica mais lisa e firme, o que disfarça e ajuda a reduzir o problema. AliMEnTAÇÃo É importante eliminar excessos de gordura e fritos e evitar açúcar. Beber muita água melhora a circulação. Sumos artificiais e refrigerantes pioram o problema. Aumentar a ingestão de soja é uma boa medida para quem luta contra a celulite.

Celluli laser intensive night, da Biotherm, um programa completo, de alta-precisão, no combate à celulite em 10 noites! (Leg Laser €38,01; Decollete Laser €

Supermince+, de Jeanne Piaubert Paris, um tratamento de choque baseado em 4 acções: neurocosmética, conceito anti-io-io, eliminação em massa gorda e açucares e firmeza (€44,50) Body Excellence Slim (gel Amincissant Anti-Cellulite), de Chanel, para uma acção drenante e reafirmante, tonifica os tecidos e remodela os contornos(€97)

FlACiDEZ

A flacidez afecta as pernas e glúteos nos músculos e na pele. Para firmar músculos, os exercícios são a principal arma. Os tratamentos que funcionam como uma ginástica passiva (tipo eletroestimulação) também fazem um bom trabalho. Já a pele flácida pede cuidados de hidratação e reestruturação das fibras de colágeno e elastina - o que pode ser conseguido com alimentação adequada, uso de cosmética de boa qualidade e tratamentos feitos em clínicas. EXErCÍCios Os músculos ganham firmeza na ginástica localizada com pesos e na musculação. Esses exercícios fazem com que os músculos fiquem cada vez mais fortes e firmes. Além disso, os músculos tonificados acabam por esticar a pele ao seu redor.

NUtrIÇÃO E BElEZA Da perfeita fusão das pesquisas avançadas em nutrição da Nestlé e os Laboratórios L’Oréal, nasce Innéov Drenante e tonificante - o primeiro concentrado nutricional remodelador de pernas, e Innéov Celulite na luta contra a pele “casca de laranja”, proporcionando uma silhueta mais tónica. (€ 25,70)

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cosmética COSMÉtICA MÉDICA O Laboratório Oenobiol apresenta três soluções para uma silhueta perfeita: Aquadrainant para uma drenagem eficaz (€28,50), Remodelant para redução de massa gorda na cintura, barriga e coxas (€28,50), e no combate à celulite o Cellu-Réducteur (€28,50)

AliMEnTAÇÃo Dietas drásticas de emagrecimento são as grandes causadoras da flacidez. Quanto mais rápida é a perda de peso, maior a flacidez. A fazer uma dieta, aconselhe-se sempre com alguém especializado. Não é recomendado fazer actividade física em jejum, nem por um período muito longo. “Isso pode fazer o organismo utilizar a musculatura como fonte de energia”, diz Marta Campos, personal trainer.

GorDUrA loCAliZADA

A gordura localizada é um problema hereditário e pode se agravar com a má alimentação, distúrbios hormonais e sedentarismo. “São células de gordura difíceis de serem destruídas e que se podem acumular nas coxas e barriga”, salienta a endocrinologista Eliane Pupin. Nesses casos, a fórmula “exercícios e dieta” é mais eficiente, e há cosmética de tratamento que ajuda a dissolver a gordura persistente.

AliMEnTAÇÃo Seguir uma dieta saudável é fundamental, mas sozinha não elimina a gordura localizada. “A dieta para emagrecer faz perder um pouco de tudo, inclusive músculos, e não só gordura”, explica Gláucia Figueiredo, nutricionista. É preciso fazer um balanço entre diminuição de alimentos gordurosos e calóricos, como molhos e fritos, e a prática constante de actividades físicas para que haja redução da gordura localizada sem perda de massa muscular. Outra dica importante é fraccionar as refeições. “Se ingere duas mil calorias por dia, por exemplo, o ideal é dividi-las em seis pequenas refeições”, diz. Assim, o organismo aproveita todas as calorias e estas não ficam acumuladas em forma de gordura. blm

PerfectSlim lifting Pro, da L’Oreal Paris, o primeiro lifting para o corpo com sistema anti-celulite e anti-relaxamento com Pro-Elastina (€22,30)

CelluMetric, de Vichy, apresenta-se num coffret de 28 saquetas monodose diárias dia e noite, para resultados duas vezes mais rápidos (€30). LipoMetric, com sistema lipomassajador, para uma perda centimétrica de volume (€25)

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Texto: Maria João; Imagens cedidas pelas marcas

EXErCÍCios A gordura, localizada ou não, é um prato cheio para a actividade física. “Ela é solicitada como fonte de energia pelo organismo, quando há uma rotina de exercícios constante e de longa duração”, diz Rita Antunes, professora de educação física. Os exercícios aeróbios são os mais indicados para combater as gordurinhas extras. É um engano pensar que a ginástica localizada elimina gordura localizada. Esse exercício fortalece os músculos e a actividade aeróbia queima a gordura em excesso. São actividades complementares, que devem ser praticadas em dias alternados, para se obter bons resultados.


4 Mulheres depois dos 30

revelam segredo de beleza

sofia Carvalho, joana seixas, Mafalda Arnauth e Margarida Pinto Correia escolhem a linha olAY Total Effects 7 para uma pele do rosto mais firme e de aspecto jovem É super prático!”, adianta. “Por vezes com o cansaço dos concertos a minha pele fica baça e apagada. OLAY Total Effects dá à minha pele uma luz própria e um aspecto muito mais saudável, escondendo os traços da fadiga”, revela Mafalda Arnauth E Margarida Pinto Correia, uma fã de actividades ao ar livre, justifica a sua preferência pelo facto dos produtos olAY

Total Effects ajudarem a manter a textura e o tom de pele uniformes, reduzindo o impacto causado pela exposição aos factores ambientais. Prática para estas mulheres, cuja pele do rosto está diariamente sujeita a agressões como a maquilhagem, as luzes do estúdio ou do palco, olAY Total Effects é indicada para qualquer mulher depois dos 30 anos, cuja actividade intensa a faz optar por uma única solução que lhe oferece 7 benefícios. blm

tempo médio de leitura: 3 minutos

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Texto: Joana Serra com Olay

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epois dos 30 é assim…: se por um lado as Mulheres se sentem mais maduras, livres e seguras nesta fase da sua vida, é também por esta altura que começam a surgir as primeiras preocupações com o envelhecimento. Ultrapassados os 30 anos, 4 Mulheres bonitas, de diferentes áreas e com diferentes estilos de vida, revelam sentir-se plenamente realizadas: fazem o que gostam, são independentes, confiantes e desfrutam cada vez mais dos pequenos prazeres da vida, reconhecendo porém, que com os 30 chegaram também os primeiros sinais de envelhecimento, e que os mesmos são mais visíveis na pele do rosto. Cuidadosas com a sua imagem, mas não reféns dela, entre ensaios, gravações, reuniões e compromissos familiares estas 4 Mulheres arranjam sempre tempo para cuidar da sua pele sendo olAY Total Effects o seu segredo para uma pele do rosto radiosa e de aspecto jovem. Indicada para mulheres a partir dos 30, a linha olAY Total Effects não só cuida da pele do rosto como realmente a melhora, oferecendo simultaneamente o poder de 7 cuidados anti-envelhecimento numa só embalagem: 1. transforma uma pele apagada numa pele radiante; 2. uniformiza a textura da pele; 3. hidrata intensivamente; 4. ajuda a reter a hidratação; 5. reduz visivelmente as rugas e linhas de expressão; 6. minimiza a aparência dos poros; e 7. uniformiza o tom da pele. É o chamado 7 em 1! “O facto de saber que com esta linha combato simultaneamente 7 sinais do envelhecimento deixa a minha consciência mais tranquila. É que não tenho o tempo que gostaria para cuidar da pele do rosto”, revela Sofia Carvalho que anda sempre numa correria. Já Joana Seixas, que reconhece ser geneticamente beneficiada no que diz respeito à sua pele do rosto, diz que adora sentir a sensação do rosto lavado com o Gel de Limpeza olAY Total Effects: “Limpa, exfolia ligeiramente e deixa a pele muito suave.

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news

A hidratação

profunda do coco lançamos-lhe um desafio: logo pela manhã, sinta o agradável aroma do coco no seu corpo e cabelo. A sensação refrescante transporta-a para lugares paradisíacos!

Cabelo

Shampoo, condicionador e mascara Herbal Essences para uma hidratação profunda. Uma espuma cremosa e leve para uma limpeza profunda mas sem danificar o seus cabelo e couro cabeludo. Para finalizar, o acondicionador e/ou o crema, que além de reforçar a hidratação, ilumina o seu cabelo com um brilho duradouro.

Corpo

Seja para um relaxante banho de imersão ou duche, esta linha de corpo The Body Shop contém coco virgem biológico e prensado a frio sem recurso a químicos, obtido através do programa Comércio com a Comunidades. A nossa sugestão: Coconut Shower Cream, o esfoliante Coconut Body Crub e para hidratação o Milk Body Lotion. Mas estes são só alguns dos produtos que compõem toda a gama. Um inicio de dia digno de uma princesa! blm

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A NATUREZA ao serviço da BELEZA Nutrição Profunda

A gama Vasenol Nutrição Profunda, com uma fórmula extremamente hidratante à base de manteiga de cacau, agentes hidratantes e vitamina E, é ideal para aplicar depois da exposição solar, penetrando na pele, hidratando e nutrindo desde o seu interior, eliminando o aspecto baço e a sensação áspera. A pele recupera assim o seu tom uniforme e brilho natural.

Nature Fusion

Texto: MJH; Fotos: Divulgação

Qual a diferença entre esta gama Pantene PRo-V e as demais? Bem, esta é a fusão perfeita entre a natureza e a ciência. Ainda que em todas as gamas Pantene esteja sempre presente a preocupação da saúde dos cabelos, os laboratórios P&G há muito que estudam o poder de Cássia, uma planta há muito utilizada na medicina tradicional oriental. Esta nova gama é enriquecida com Complexo de Cássia que, agindo como uma barreira protectora aos danos diários, proporciona um cabelo saudável com brilho natural, só conseguido com uma hidratação e protecção extremas. blm

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cosmética

“Poudre de soleil” B ronze em pó enriquecido com minerais, protege a sua pele dando-lhe um aspecto saudável, luminoso e uma excelente tonalidade. Uma dica: não deve aplicar sem antes hidratar a sua pele. Porém, aguarde até o hidratante ser totalmente absorvido. Aplicar com pinceladas largas e bem esbatidas. Excelente para usar antes, durante e prolongar o seu bronzeado.

Poudre de soleil dos Polysianes, de Pierre Fabre DermoCosmétique (€22,60)

Duo soleil e Poudre soleil de Clarins (€33,30)

Poudre Éclat Prodigieuse de Nuxe, para rosto e corpo (*) Poudre soleil de Jeanne Piaubert (*) Bronzing Powder de MAC (€25,50)

Glam Bronze Minerals (€22), de l’Oréal Paris, em duas versões para louras e morenas e Glam Bronze em Pó Duo (€19,80)

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soin soleil Velouté de Sothys (*)


Tropiques Minérale de lancôme, em pó compacto e solto (€48,99)

Duo pó bronzeador e madrepérola de Yves rocher (€19)

Palette Poudre soleil Monsieur de Jean Paul Gaultier (*)

niVEA stay real Terra (€12,20) e Poudre Yves Saint laurent (€39,26)

Pure Finish Mineral Bronzing Powder de Elizabeth Arden 35,30)

(*) pre;o sob consulta

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Por Maria João Horta; Fotos Divulgação/D.R.

soleil Tan de Chanel, (€50)

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looks

Este Verão

Arrase!

L’effet papillon, proposta de Bourjois para um Verão colorido. Destaque para a máscara de pestanas Coup de théâtre 2 en 1, para um olhar profundo.

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reparando-se para o Verão, adquira produtos de qualidade para uma maior durabilidade ao clima da estação. Os look’s chic e natural são a opção para qualquer ocasião. Deve utilizar a maquilhagem como acessório, tirando partido da mesma, e não como mascara para esconder perfeições. Aliás, a maquilhagem quando bem utilizada valoriza e evidencia o melhor que há em si, acabando por camuflar qualquer imperfeição, sem recorrer ao efeito “estuque”.

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Para esta estação as cores são vibrantes, com sombras acetinadas, nos tons de pérola, rosa, azul, branco, laranja, verde-água e lilás. Porém a palete de cores clássicas também estão presentes, para usá-las em separado ou para pequenos apontamentos, com tons entre bege, castanho bronze ou preto. A máscara de pestanas é indispensável. Se durante o Verão não pode deixar de beber água, é impensável sair de casa sem máscara de pestanas! A pele tem de parecer saudável e natural. Opte por bases fluidas ou então por bases em pó, que lhe proporcionam um efeito pele de pêssego. Não sem antes preparar a pele com o seu hidratante. E uma dica: junte ao seu hidratante protector solar. Além de tratar, também protege a sua pele. Aguarde uns minutos antes de aplicar a base. Os lábios merecem cuidados especiais. Escolham produtos que hidratem os lábios e com filtro solar. A tendência nos batons vai desde texturas opacas a nacaradas, contrastando com a


transparência e o brilho do gloss. Aparecem tons de rosa, laranja, vermelho, lilás ou natural – o chamado “cor de boca”. O blush, colocado de forma muito suave e leve, é um apontamento, como que se não existisse, para marcar q.b. as mação do rosto, conferindo-lhe um aspecto saudável e de prolongada primavera. Preparem-se. Que venha o verão!!!

Nature Temptation, uma suave palete de cores extraídas da natureza. Destaque para o Teint Lift Eclat, uma leve base com efeito lift.

Pop’art make up! Cores audazes, dinâmicas, festivas, vibram sobre a pele bronzeada. Enérgicas e chiques, irresistivelmente Dior.

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looks Para a mulher prĂĄtica, activa e sedutora. Destaque para o nacarado do trio de sombras degrade.

O contraste do negro com o pink, uma proposta extremamente irreverente. Destaque para a måscara de pestanas Ôscillation water-resistant.

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Tesouros de África, é o tributo de YSL a uma terra rica em cores para uma sedução extrema e extravagante.

Um visual muito clean, para realçar o melhor que há em si.

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reportagem

100 anos

ao serviço da beleza

Eugène Schueller e Max Factor foram os pioneiros na estética e cosmética. Investigadores visionários criaram um vasto império e, cem anos depois, as mulheres de todo o mundo agradecem a diversidade e qualidade dos seus produtos, para bem da beleza L’Oréal: Porque você merece!

O investigador e químico Eugène Schueller fundou em 1909, num pequeno apartamento parisiense onde a cozinha era o seu laboratório, a Sociedade Francesa de Tintas Inofensivas para o Cabelo. Aquela que viria a ser em 1939 a L’Oréal, teve a sua origem numa marca criada pelo seu fundador – L’Auréale, um tom dourado de coloração que Schueller registou em 1907 -, com a convicção de que se podia criar produtos cosméticos e renovar as “velhas receitas” de beleza. Este químico pioneiro transforma o cabelo humano num

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objecto de estudo científico e dedica-lhe vários produtos complexos como a coloração, ondulação permanente a frio e novas fórmulas de champôs sem sabão, que para garantir bons resultados passa a formar os cabeleireiros. Desde a sua fundação, a principal estratégia do Grupo L’Oréal tem sido investir na pesquisa científica. O desempenho, a segurança e a qualidade dos seus produtos baseiam-se na busca contínua por inovações científicas. O Grupo destina uma percentagem das vendas anuais à Pesquisa e Desenvolvimento. Os laboratórios em França,


Japão e Estados Unidos empregam mais de 2.800 pessoas em mais de 30 disciplinas, entre elas química, biologia, medicina e toxicologia. Com um perfil incomum na indústria de cosméticos, a L’Oréal é uma das poucas empresas capazes de executar todos os estágios de pesquisa e desenvolvimento, começando pela Pesquisa Avançada sobre cabelo e pele. O Grupo foca o seu trabalho em várias áreas de pesquisa. Através da Pesquisa Avançada, a L’Oréal procura compreender os mecanismos fundamentais que controlam a pele e o cabelo, como por exemplo a perda de cabelo e a pigmentação. A Pesquisa Avançada é também responsável pela criação de novas moléculas através das quais depende o desenvolvimento de novos produtos. A Pesquisa Aplicada prepara a empresa a médio prazo. Com base nas moléculas sintéticas produzidas pela equipe de Pesquisa Avançada ou propostas por fornecedores externos, a equipe de Pesquisa Aplicada aperfeiçoa produtos cosméticos e estuda novos conceitos. Por ano, mais de 3.000 novas fórmulas são criadas e 500 patentes registadas, depois de desenvolvidas nos seus 18 centros de investigação. O Desenvolvimento trabalha em parceria com as equipes de marketing e os laboratórios de desenvolvimento projectam produtos com base nas inovações propostas pelo sector de Pesquisa Aplicada. Grandes conquistas em pesquisa nos últimos anos incluem modelos de pele, Ceramida R e filtros solares. Na década de 1980, os cientistas da L’Oréal conseguiram reconstruir a pele através de engenharia celular. Actualmente estes modelos de pele são usados rotineiramente para pesquisa biológica e para avaliar a segurança e eficácia dos produtos. Ceramida R é uma ceramida sintética que repara a cutícula danificada do cabelo, fortalecendo e proporcionado brilho. Descoberta em 1989, apareceu pela primeira vez num shampoo L’Oréal Elseve em 1995. O actual portefólio do Grupo L’Oréal reúne 26 marcas internacionais, distribuídas e comercializadas em 130 países e, nas 40 fábricas espalhadas pelos Continentes, são fabricados perto de 13 milhões de produtos por dia! À 47anos em Portugal, a L’Oréal emprega 400 funcionários e são vendidos cerca de 186 mil produtos/dia. BLM

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reportagem

Com a nova coloração Imédia, Marilyn Monroe tranformou-se na sensual loura

100 anos, 100 projectos Para assinalar o seu centenário, a L’Oréal abordou uma vertente social: o Grupo desafiou cada uma das sucursais a apoiar um projecto de responsabilidade social. Com os 100 anos, surgem então 100 projectos destinados a ajudar, acompanhar e apoiar as comunidades desfavorecidas em acções nos domínios da educação, investigação científica e auto-estima. A L’Oréal Portugal junta-se à Câmara Municipal da Amadora e à Fundação Calouste Gulbenkian no apoio ao Projecto Geração, que visa reduzir o abandono escolar entre os jovens do Casal da Boba, as Oficinas de Penteados e Vocações e um novo curso, o de Empregado Comercial, de forma a formar os jovens para o mercado de trabalho. De realçar ainda o único prémio internacional, em parceria com a UNESCO, que homenageia eminentes cientistas de todo o mundo - For Women in Science (www.forwomeninscience. com) – e que espelha bem o conceito L’Oréal: O Mundo precisa da Ciência, e a Ciência precisa das Mulheres.

UM VAStO IMPÉrIO Fazem parte do Grupo L’Oréal as seguintes marcas: Lancôme, Garnier, Viktor & Rolf, La Roche-Posay, SoftSheen-Carson, YSL Beauté, Helena Rubinstein, Innéov, Kiehl’s, Maybelline NY, Giorgio Armani Parfuns, Matrix, Biotherm, Shu Uemura, Diesel, Vichy, Ralph Lauren, Redken, Kérastase, Body Shop, Skin Ceuticals, Cacharel, L’Oréal Professionnel, L’Oréal Paris.

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reportagem Não há ninguém ligado às artes cénicas que não conheça a Max Factor Max Factor: O Pai da Make-up

Nascido Max Faktor na Polónia de 1877, iniciou o seu percurso como maquilhador no Royal Ballet, na Rússia czarina. Em 1904, imigrou para os EUA e americanizou seu nome para “Max Factor”. Max Factor abriu uma pequena loja de cosméticos caseiros em St. Louis, e quando a indústria cinematográfica começou a crescer, mudou-se de imediato para a Califórnia, onde começou a trabalhar, humildemente como maquilhador em Hollywood. Até então, a maquilhagem que se usava no cinema, nos ainda filmes mudos, era a mesma que se usava para teatro, daí as imagens que vemos as pessoas parecem autênticos “zombies”! Max Factor transforma-se no criador da maquilhagem, como a conhecemos actualmente. Ele fez história ao criar a imagem de actrizes como Clara Bow, Jean Harlow, Katharine Hepburn, Rita Hayworth, Bette Davis ou Claudette Colbert, só para citar algumas. Resumindo: ele criou as divas. Elas apareciam lindas e glamourosas nos filmes, e todas as comuns mortais queriam saber e copiar os truques que as faziam parecer tão perfeitas. Ele maquilhava todos os actores e actrizes em Hollywood. Cansado de carregar a maleta com a maquilhagem de um set para outro, em 1909 abriu um salão de beleza nos estúdios. Ele e os seus assistentes eram os únicos a ter em

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mãos aqueles produtos que transformavam pessoas comuns em verdadeiros “deuses” com um brilho nunca antes visto. Cada maquilhagem era feita exclusivamente para cada rosto. Com a ajuda de uma extraordinária, mas assustadora, máquina calculava na perfeição os pontos e linhas de cada rosto: o que deveria ser moldado, acentuado ou camuflado. Como queriam manter a aparência deslumbrante também fora dos sets de filmagem, as actrizes costumavam roubar os produtos do salão. Foi então que, no inicio dos loucos anos ‘20, Max Factor abriu a sua primeira loja para que pudesse começar a vender os seus produtos “mágicos” ao grande público, fundando assim as bases da indústria da beleza. Max Factor foi pioneiro em várias coisas. Na sua Biografia Max Factor: The Man Who Changed the Faces of the World, de Fred E. Basten - diz que Factor foi o primeiro a usar o termo “makeup” e a aplicar o conceito da harmonia de cores, criando maquilhagens específicas para combinar com os tons de pele, de cabelo e dos olhos das mulheres. Ele teria sido também o primeiro profissional de makeup para imagens em movimento (1914) e o primeiro a desenvolver a forma de manter os poros fechados, recorrendo a mascaras de água gelada e produzir pestanas postiças feitas de cabelo natural e o gloss (1930), Pan-Cake (1937), lápis de sobrancelhas, Pan-Stik corrector e modelador, máscara com aplicador em bastão e maquilhagem à prova de água.


De Dietrich a Harlow Os actores, desde o cinema mudo até a década de ‘60, devem à marca Max Factor todo o glamour com que apareciam nas telas. Tanto o pai como o filho, ambos químicos, seguiram a carreira de visionários pesquisadores e transformaram o visual de centenas de actores e actrizes que se transformaram em ícones do cinema. Max Factor sabia definir traços, modificar faces e transformar qualquer mulher sem interesse em deusas do cinema. Foi assim com Marlene Dietrich, uma actriz alemã, que nada tinha de especial - a não ser um belo par de pernas -, descoberta por Hollywood após um filme alemão chamado “O Anjo Azul”. Esta mulher foi totalmente “arquitectada” para se transformar na diva que conhecemos. Primeiro arrancaram-lhe alguns molares para que a face ficasse mais encovada, modificaram as sobrancelhas (totalmente depiladas e pintadas em arco), criaram-lhe uma maquilhagem específica, que evidenciava as longas e finas pestanas postiças, numa pele alva como a neve, e com a ajuda de Pan-Stik moldelante e em tons mais escuros, contrastavam com os traços fortes do seu rosto, tornando-a mais feminina. O técnico de iluminação seguia também as orientações dadas por Max Factor, colocando uma luz atrás da cabeça da actriz para dar um ar quase sobrenatural, realçando o brilho do cabelo, como uma espécie de aura que fazia parecer ainda mais irreal e inatingível. A “Vênus Platinada”, Jean Harlow, também foi criada por Max Factor. O seu cabelo descolorado fez disparar a venda dos descolorantes nos Estados Unidos. Houve uma espécie de “loucura platinada” pelo mundo.

Max Factor sabia definir traços, modificar faces e transformar qualquer mulher sem interesse em deusas do cinema. Foi assim com Marlene Dietrich, Jean Harlow, Rita Hayworth, Katharine Hepburn, ou Bette Davis, só para citar algumas.

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reportagem

Max Factor reformulou totalmente a sua loja, que na época foi uma autêntica pedrada no charco. Transformou-a num showroom de quatro andares, com salão de beleza, expositores e mostruários (tendo sido suprimido o balcão que sempre separara o cliente do lojista), e onde as mulheres podiam experimentar os produtos, com a ajuda de maquilhadores profissionais que também as ensinavam como os aplicar. As actrizes começaram a fazer propaganda à marca, partilhando o segredo da sua beleza com o grande público. Jean Harlow mostrava como usar o conjunto Harmony Colours (as cores que combinavam entre si: pó, sombra, batom e ruge (blush)) num cartaz que anunciava o seu novo filme, cujo nome era sugestivo: “Born to Be Kissed” (Nascida para ser beijada). A procura pelos produtos Max Factor aumentava e as drogarias também os queriam. Max Factor estava renitente, mas percebeu que os clientes das drogarias confiavam nos farmacêuticos, e se os produtos fossem vendidos lá, certamente receberiam uma credibilidade que ele mesmo prezava. Foi então criada a Max Factor Society Make-Up, que se resumia em vender pó solto e tempo médio de leitura: 11 minutos

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Texto: Teresa Vasconcellos, Paula Martin; Fotos: Copyright/Direitos Reservados

compacto, ruge e batom em perfeita harmonia de cores com as sombras e as colorações de cabelo. Nos anos ’90 Madonna fez com que a Max Factor ressuscitase mundialmente, com o filme Evita, acabando por se tornar uma das muitas divas a dar a cara pela marca. Max Factor deixou um legado de inovação, glamour, e uma certeza: depois dele, as mulheres nunca mais foram as mesmas. E ainda bem!



entrevista

VALENTINO : O ÚLTIMO IMPERADOR “Não se pode ser perfeito neste filme”

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o seu filme de estreia,“Valentino: o último Imperador”, que chegou agora às salas de cinema de Nova Iorque, o produtor e realizador Matt Tyrnauer, consegue não abdicar da honestidade apesar do acesso ao mundo do estilista. O que poderia ter sido uma bajuladora – e aborrecida – ode em honra ao gigante da moda, é tudo menos isso, representando a tensão que tantas vezes espreita nos cenários de Valentino. É evidente que também há muito da extravagância do famoso estilista – os iates, o castelo, os pugs (os seus cães de estimação), cujos dentes são limpos regularmente. Nesta entrevista, Tyrnauer responde a algumas questões sobre o filme e o homem. lembro-me da sua reportagem para a Vanity Fair, em 2004, sobre o Valentino – foi o seu primeiro contacto com esta figura emblemática, ou já era um conhecedor assíduo do estilista? Não sou um escritor de moda, mas quando fui para Roma fazer

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essa peça tive a oportunidade não só de conhecer o Valentino, mas também o Giancarlo Giammetti, o seu companheiro e único sócio de há quase 50 anos. A dinâmica da sua relação era tão apaixonante – e o Valentino tão extremo na prodigalidade do seu estilo de vida e do seu talento – que não resisti a perguntar-lhes se poderia fazer um filme sobre eles. Disseram imediatamente que sim e foi assim que filmámos 270 horas de filme em dois anos. Essas filmagens acabariam por incluir algumas escaramuças, quer entre o Valentino e Giancarlo, quer entre o Valentino e a sua equipa. Até que ponto chegou a tensão? O Valentino é extremamente temperamental. Ele zanga-se muitas vezes ao longo de um dia de trabalho e no filme podemos ver vários momentos explosivos de faísca e de furor. Tanto ele como Giancarlo conseguem ser bastante combativos e muito dramáticos e por isso foram muito relutantes quanto à filmagem destas cenas.


o Valentino diz no filme, “Só me lembro daquilo que me quero lembrar”. Ele tem alguma noção do que se passa no mundo ou essa bolha abrange-o e protege-o de tudo? Ele pode não ler jornais nem comentar histórias sobre guerras ou outro tipo de notícias negativas, mas está muito bem informado sobre os temas do dia-a-dia – e sabe tudo sobre Hollywood. Ele tem noção do mundo, mas é o seu próprio mundo. Alguém do seu círculo de amigos contou-me um pouco do Valentino e das suas memórias de 1968 – foi o ano em que Jackie casou com Ari Onassis que envergava um dos seus vestidos, e também o ano em que em Paris se realizava um baile extremamente importante e maravilhoso. Esta pessoa relembrou-me que não é propriamente nisto que uma pessoa pensa quando se fala em 1968 – Chicago, distúrbios raciais, o assassínio de Martin Luther King, a Guerra do Vietname. A percepção do Valentino do ano de 68 é um pouco diferente.

Expliquei-lhes várias vezes que, por causa da imagem do Valentino, de alguém que é um ícone e perfeito – muito em parte devido à publicidade que gira à sua volta – o público acaba por não o ver como alguém totalmente genuíno. Eu disse, “Não se pode ser perfeito neste filme. Se não pareceres humano, com todas as tuas lutas e paixões, não vais ser uma personagem apelativa e de quem as pessoas gostem”. Foi uma ideia difícil de vender, mas a última palavra foi a minha. o que me pode contar acerca do seu lendário e pródigo estilo de vida? O Giancarlo Giammetti vive num mundo só seu, numa espécie de bolha de luxúria e de protecção do mundo real que ele criou para si próprio e que inclui castelos, casas de campo, enormes iates, aviões privados nos quais quatro ou cinco pugs viajam com ele, assim como chefs e equipas de jardinagem – e o mundo real nunca invade este perímetro. Ele criou a sua própria história.

na festa do 45º aniversário do Valentino, em roma, ele andava de mão dada com o lagerfeld, como grandes “companheiros de armas”, e de seguida Karl diz a Valentino “Comparados connosco, os outros fazem trapos”. os dois pareciam muito chegados, mais do que alguma vez poderia imaginar. “Companheiros de armas”é uma boa representação. Eles respeitamse muito um ao outro e conseguir ter esse momento no filme foi um acidente muito feliz. O nosso assistente de direcção, que é francês, disse-me que a escolha de palavras, enquanto eles caminhavam por aquele cenário, era em tudo semelhante às que crianças de escola usam. Foi difícil dizer adeus ao mundo do Valentino depois de ter passado dois anos imerso nele? Às vezes regressava ao meu apartamento em Nova Iorque e dava por mim a perguntar“Onde está o meu Valet? Onde é que ele foi?”

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Texto: Bruna Raposo com agencias; Fotos: AP Images

A marca estava a ser vendida enquanto decorriam as filmagens – foi a tensão em torno do negócio que levou o Valentino a gritar nos bastidores coisas como: “As pessoas têm que estar de joelhos em frente a mim?” Para mim, isso foi mais um símbolo de moda do que outra coisa. O que estava a acontecer era uma aquisição da última casa de haute couture, que era dirigida pela pessoa que a havia fundado, por uma firma privada cuja intenção era fazer muito dinheiro através da marca – algo como a Gucci, por exemplo. É o mundo dos nossos dias. Foi por isso que lhe chamámos “O Último Imperador”, porque o Valentino continua a fazer haute couture da mesma maneira, desde há 50 anos. Ele é a marca e há muito poucas pessoas assim: Ralph Lauren, Martha Stewart, Karl Lagarfeld não são Chanel.

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Amarelo sexy

moda

Uma brisa fresca para usar e

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“…como se o Verão e a luz dos jacarandás durassem eternamente.” Eugénio de Andrade

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pessoas de sucesso

Gil Sousa

O reconhecimento internacional Nascido a 4 de Novembro de 1969, Gil Sousa cedo sentiu que o seu futuro passaria pelo universo da joalharia. Conhecido pela sua irreverência e versatilidade, é um dos mais conceituados joalheiros do panorama nacional e dá cartas em várias exposições internacionais. A Bastidores falou com o designer sobre a sua marca, estilo e a sua recente participação na Feira About J.

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omo surgiu a Gs Fashion jewellers? Com 21 anos decidi iniciar o meu próprio projecto no comércio internacional. Em 2002, atingi, finalmente, a minha independência artística e criativa e decidi investir no meu próprio design e conceito de arte: criar jóias com alma, autênticas, sempre actuais mas intemporais. A partir daí tentei sempre criar algo meu, único, pessoal, e muito apreciado por todos, cumprindo o desejo de uma vida. Com que objectivo surgiu? Perante a oferta do mercado, senti que havia ainda espaço e necessidade de criar e desenvolver um conceito diferente de joalharia, lançar uma marca com força suficiente que definisse

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tendências de moda e se tornasse uma referência em Portugal. Assim, em 2003, criei a marca GS Fashion Jewellers, e com ela nasceu este novo conceito de joalharia. A visão da marca passa por criar jóias de moda intemporais (usáveis no dia-a-dia), mas que definam uma era, para mulheres com muito bom gosto. Ao longo destes anos de existência, a marca foi sucessivamente atingindo uma maior notoriedade e partilhando do reconhecimento cada vez maior do público. As colecções foram-se distinguindo pela sofisticação e pelo luxo. Como se define enquanto criador de jóias? Criativo e autêntico. Sou muito profissional e exigente, sempre atento às necessidades do mercado e identifico-me como um


criativo que define tendências de moda e desperta emoções. Enquanto artista, sou irreverente, com um forte e apurado sentido de humor, e com uma forte personalidade que tento manifestar nas minhas criações. Não resisto a incorporar, num conceito alternativo e muito pessoal, o estilo clássico e requintado na vertente moderna e actual da arte.

Que aspectos mais estima numa jóia? Para que uma jóia tenha sucesso, são essenciais oito elementos. A peças de arte tem de ter personalidade, ser cheia de vida e energia positiva, apresentar pormenor no design e rigor de acabamentos e, ainda, nobreza na escolha dos materiais, engenho e autenticidade. A quem se destinam as suas jóias? A mulher ideal que usa as jóias desta colecção é uma mulher muito independente e sofisticada. Tem um apurado sentido de bom gosto e sabe exactamente aquilo que quer: exige perfeição, exibe glamour, quer usar uma jóia de arte que reflicta o seu próprio modo de vida e o seu estilo. Mas, para além disso, cada jóia criada não é somente um reflexo da minha criatividade mas também uma clara indicação do que as mulheres querem e procuram. Enquanto joalheiro, faz jóias personalizadas? Claro que sim. Certos clientes e amigos merecem jóias desenhadas um pouco à sua imagem. Esta valia prende-se, sobretudo, quando estou relacionado com a pessoa em questão. Além disso, a personalização de uma jóia pode traduzir-se numa fonte de inspiração para a criação de outra jóia. Como é que se processa esse serviço? Tira dados sobre a pessoa em questão? Quando me proponho a criar e desenhar uma jóia personalizada, é fundamental conhecer a pessoa em questão, para que a jóia seja realmente identificável com a pessoa.

Aspectos como a personalidade, gostos pessoais pelas cores, estilos, valores, comportamento, e modo de estar e encarar a vida, são muito importantes. Não me limito a desenhar jóias belas e desejadas, há sempre uma intenção e um propósito. Quando crio uma jóia à imagem e semelhança de alguém, esse propósito torna-se uma evidência a respeitar. o que significou, para si, o convite para participar na Feira About J? Acima de tudo, satisfação e reconhecimento. Sem dúvida que o evento se apresentou como uma janela de oportunidade para, por um lado, representar Portugal e dar a conhecer ao mundo o que de melhor de Joalharia se faz cá dentro, uma vez que fomos a única empresa de Joalharia nacional a estar presente. Por outro lado, serviu como uma sólida ponte e ponto de partida para criar e desenvolver relações empresariais estratégicas com futuros parceiros e clientes por esse mundo fora. A sensação de expor e apresentar a colecção ao lado de marcas de perfil internacional e fazer a leitura do respectivo feedback, permitiu-me avaliar o nosso posicionamento perante esse mercado. Que colecções apresentou na capital da moda? Na colecção de 2009, foram apresentados novos artigos, desde anéis, brincos, pulseiras até colares, desenhados propositadamente para compor diferentes conjuntos alternados. Esta colecção distingue-se pela criação de jóias combinando sempre dois, de três tipos de ouro: ouro branco, amarelo e vermelho. Safiras no palco de todas as atenções, compostas por novas paletes de cores muito vivas e muito mais fortes, assim como uma maior variação dos tons. Que repercussões é que essa exposição lhe trouxe? A presença no evento desencadeou reacções francamente positivas: o número de encomendas disparou a um volume total extraordinariamente volumoso e a uma incrível taxa de crescimento. O número de propostas de agenciamento ou representação além-fronteiras foi verdadeiramente surpreendente. A nossa participação no evento foi um êxito total, e a organização já manifestou o seu interesse em estender o convite para os próximos eventos à volta do mundo. Por exemplo, o evento Dez ao Quadrado, em New York, no Four Season Hotel na 5ª Avenida, que contará com a participação exclusiva de dez das melhores marcas mundiais e, ainda, a próxima edição (que será a terceira) de About J Event no Dubai, em Outubro. blm tempo médio de leitura: 7 minutos

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Texto: Bruna Raposo; Fotos: D.R.

onde vai buscar inspiração quando está a criar? São muitas e variadas as fontes da minha inspiração. Podem advir de uma peça anterior, de um pormenor de uma peça em particular, de um olhar para uma peça com outro ângulo. Por outro lado, pode ser baseado numa colecção de vestuário de moda, num detalhe de corte. Mas muitas das vezes, a inspiração surge de algo inesperado, como uma pintura, uma gravura, uma música, uma expressão. No caso da última colecção, por exemplo, a inspiração veio do período Rococó: sensualidade, assimetria, e exagero nas formas e cores, cuidados nos pormenores e detalhes no seu esplendor e que rivalizam com um design avant-guard.

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pets

O JANTAR ESTÁ A CHEGAR

Novas terrinas Whiskas cozinhadas ao vapor

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Texto e fotos: Divulgação

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epois das saquetas em geleia ou em molho, Whiskas lança agora as terrinas em paté também cozinhadas ao vapor. Cinco novas receitas, com sabores inovadores e uma nova textura, que vão deixar os gatos com água na boca. As novas terrinas Whiskas em Paté cozinhadas ao vapor com: Galinha, Truta, Carne de Vaca, Perú Ligth ou Lebre, vão acrescentar ainda mais prazer e variedade às refeições dos gatos. As novas receitas estão agora mais palatáveis e irresistíveis. Whiskas introduz também na sua gama para gatinhos a terrina Junior de Vitela e Aves em paté, uma receita preparada a pensar nas necessidades específicas dos mais pequeninos. blm


De visita à Cidade Luz, Barbra Streisand fez-se acompanhar pelo marido, James Brolin e pela pequena Samantha, para celebrar os seus 67 anos. Barbra não deixa a sua amiga de quatro patas, nem mesmo quando visitou o Presidente Nicolas Sarkozy, que a convidou a visitar o Elysee.

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Foto: Francois Mori

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festas e eventos

Luxury & Glamour

Internacional Design Hotel

Isabel Angelino e Ângelo Rebelo

Raquel Loureiro Miguel Stanley e Emily Brown

Márcia Pereira, em representação da Embaixada do Brasil

A equipe Press Coast

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oi no Internacional Design Hotel, no Rossio, que a Press Coast fez a apresentação da renovada linha editorial da Luxury & Glamour - a primeira revista em Portugal para a mulher a partir dos 40 anos. A celebridade entrevistada, a capa, passa a assumir a Direcção Editorial do mês. Este conceito foi inaugurado por Penélope Cruz - que connosco

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partilhou as suas escolhas nas rubricas beleza, sol, moda, hair style, noivas e pets -, que sendo a “directora” a entrevista foi conduzida por alguém que a conhece bem - Pedro Almodóvar. Esta é a fórmula inovadora e pioneira que a L&G vai continuar a desenvolver. Nesta apresentação e entre os convidados, estiveram muitas caras conhecidas. blm

Fotos: António Murteira da Silva, João Cabral, Pedro Silva

Susana Dias Ramos e Alexandre Caleça do Carmo


Zilian

Sabrinas oferecidas aos convidados

Actuação dos abstractin

Leonor Seixas

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LX Factor vestiu-se a rigor para celebrar o 1º aniversário da Zilian em Portugal, com muitos convidados, a actuação dos Abstractin e muitos presentes para os convidados. BLM

Fotos: D.R.

Margarida Pinto Correia, Fernanda Ziolkowski e Vanessa

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festas e eventos

Pedro Almodóvar

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om a cumplicidade de Rosanna Arquette, Rossy de Palma organizou uma festa surpresa a Pedro Almodóvar no 1835 White Palm Hotel, em Cannes. Almodóvar tinha convidado 80 amigos, ligados ás artes, para jantar, e não estava à espera daquela surpresa. Penélope Cruz, Bibi e Tilda Swinton também estiveram presentes. No final, a opinião foi unânime, Rossy de Palma foi uma excelente entertainer.

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Fotos: D.R.

Pedro Almodóvar, Rosanna Arquette e Rossy de Palma



gourmet

Vinho

De coloração dourada, e aroma frutado, acompanha peixe e mariscos e é particularmente apetecível nos dias quentes, para que se sirva bem frio. A nossa sugestão passa pela riqueza e envolvência dos aromas.

A Real Companhia Velha apresenta Quinta de Cidrô reserva, um Chardonnay com todas as características e tipicidades próprias desta casta, onde sobressaem para além de uma notável frescura suportada pela excelente acidez, os aromas complexos de baunilha e frutos tropicais, e da combinação das excelentes condições do vale do Douro resultando um vinho de grande dimensão, com uma cor ligeiramente dourada de onde se realçam sabores a pessêgo, alperce, madeira torrada e especiarias. Quinta do Ameal Escolha tem uma edição especial de cerca de cinco mil garrafas/ano. Os aromas florais, flor de laranjeira, as notas de fruta (tangerina, limão, pêra, líchias) ligam-se com notas de baunilha, e o resultado do estágio em carvalho francês novo de Nevers, torna-o tão delicado e complexo, como é próprio de um grande vinho. Ideal para acompanhar mariscos e pratos delicados.

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Branco Produzido na Herdade que lhe dá o nome, o Esporão reserva revela-se um vinho rico, encorpado e equilibrado, com uma grande complexidade, a partir das castas Roupeiro, Arinto e Antão Vaz, e de uma fermentação e um estágio de seis meses em barricas novas de carvalho francês e americano. Aroma frutado com notas subtis de madeira de carvalho, apontamentos de tangerina, pêssego e goiaba, é uma boa opção para acompanhar peixe gordo grelhado ou no forno e com bacalhau.

Coordenação Paula Martin

O vinho Monte Velho é elaborado a partir de uma selecção de castas regionais alentejanas, Roupeiro, Antão Vaz e Perrum. Com aspecto cristalino, cor citrina revela-se um vinho muito aromático e frutado e com uma boa acidez que lhe garante uma excelente frescura e persistência, ideal para acompanhar peixe grelhado ou mesmo carne panada (milanesa) e mariscos. blm

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vinhos e enólogos

O sabor dos vencedores Syrah, podia ser o nome de um carro ou até mesmo de um novo gadget de uma qualquer marca, mas desengane-se porque, Syrah, é o nome do vinho feito na Casa Ermelinda Freitas e eleito melhor vinho tinto do ano, no concurso Vinalies Internacionales 2008.

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É neste âmbito educacional que a Casa Ermelinda pela voz de Leonor Freitas, pretende transformar-se“num símbolo pedagógico da região, levando às escolas a cultura e a história da vinha e do vinho, uma arte secular”. Agora que o tempo está a melhorar, liberte o Baco que há em si, visite esta herdade e aproveite para degustar alguns dos vinhos produzidos na Casa Ermelinda Freitas. blm

Syrah 2005

Casta: Syrah Época de Colheita: Finais de Setembro origem: Vinhas novas com 4 anos, situada em Fernando Pó solo: Podzolizado de areias e arenitos Clima: Mediterrânico-continental Vinificação: Fermentação em cubas-lagares de inox com temperatura controlada, e maceração pelicular prolongada. Estágio de 8 meses em meias pipas de carvalho Americano e francês. nota de Prova: Vinho de Cor granada, concentrado. Aroma confitado a lembrar fruta preta muito madura, alguma especiaria, com toque balsâmico da casta. Na boca é muito cheio, aveludado com taninos presentes muito bem integrados. Final longo e persistente Quantidade Produzida: 10.600 garrafas de 0.75 Litros. Período Máximo de Guarda: Aconselham-se 8 anos. Teor Alcoólico: 14,5 º vol Temperatura de Consumo: 18ºC Acidez Total: 5,62 g ácido tartárico/dm3 pH: 3,49 Açúcares residuais: 2,6 g/dm3 tempo médio de leitura: 3 minutos

Texto Rui Miguel Costa; Foto: Stoyan Nenov/Reuters

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ituada na zona de Fernando Pó, em Palmela, a Casa Ermelinda Freitas alia a tradição vitivinícola, que corre na família há quatro gerações, com a inovação que os meios de produção actuais requerem. Foi da mistura destes dois factores que nasceu o Syrah, descrito pela Casa Ermelinda Freitas como “um vinho de cor granada, concentrado. Com um aroma confitado a lembrar fruta preta muito madura, alguma especiaria, com toque balsâmico da casta. Na boca é muito cheio. Aveludado com taninos presentes muito bem integrados”. Plantado nos mais de 210 hectares de vinha que compõe a Casa Ermelinda Freitas, o Syrah tem as condições climatéricas para se desenvolver e tornar num produto de excepção. Estes hectares são ainda compostos por castas de Castelão (conhecida na zona como Periquita), 40 hectares de outras castas como Touriga Nacional, Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Petit Verdot e onde se enquadra também o Syrah, e 10 hectares de castas brancas como o Fernão Pires, Chardonnay, Arinto, Verdelho e Moscatel de Setúbal. Não se pense no entanto que o Syrah foi o único ao longo das quatro gerações a arrecadar galardões pela sua excelência. As principais marcas produzidas nesta herdade em Palmela - Terras do Pó, Dona Ermelinda e Quinta da Mimosa – foram também distinguidas anteriormente com várias prémios a nível nacional e internacional. A herdade onde está inserida a Casa Ermelinda Freitas envolve-se ainda em outras actividades ligadas ao sector vitivinícola, como o enoturismo optando por uma linguagem pedagógica adaptada a cada grupo que a visita, fazendo-se o culto da vinha e do vinho. Aqui poderá encontrar uma vinha pedagógica, onde crianças, jovens e adultos observam e aprendem sobre as diferentes castas que existem.


LAGAR DE BESADA

A sublimação do Albarino

Para mais informações www.lagardebesada.com

tempo médio de leitura: 2 minutos

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Texto: André de Quiroga; Foto: D.R.

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propriedade de três hectares da família Sineiro, na sub região de Salnés, nas Rias Baixas, produz a partir da casta rainha da região, o Albarino, seis referências em vinhos brancos e uma aguardente, todas com denominação de origem. A Cana, com D.E. Orujo, é uma aguardente de destilação tradicional, recomendada para o final de refeição. As outras referencias, Anada, Burbujas, Baladina, Lagar, Ex Libris e 1988 apresentam diversas versões de mono-varietais 100% Albarino, com um tipo de estágio diferenciado em função da segmentação de produto. A quinta íntegra ainda uma loja e um projecto de eno-turismo, com 4 quartos duplos, a partir do qual é possível visitar a região de Val de Salnés. A Ria de Arosa, as ruínas romanas de Vilanova e Monasterio de Armenteira são alguns dos pontos de interesse em redor do Lagar de Besada, de onde se chega também facilmente as praias de Sanxexo e Lanzada, e a ilha d’A Toxa. Os Sineiro produzem um tipo peculiar de Albarinos, vinhos de boutique, de produção muito limitada e qualidade super premium, que diferem do perfil mais habitual e das disponibilidades correntes em grandes superfícies ou garrafeiras. Exemplos desta aposta na qualidade, o Anada e o Burbujas, são dois expoentes do Albarino do Lagar de Besada. O Anada, um vinho para ocasiões irrepetíveis, é o resultado de uvas seleccionadas, com um estágio de 24 meses, e batonnage, que resulta num néctar cremoso, de cor, aroma e sabor intenso, a desfrutar em petit comitee. O Burbujas é um dos poucos espumantes produzidos na Galiza, de dupla fermentação, estágio de dois anos, um expoente das possibilidades da casta, que pode ombrear com alguns dos melhores cuveé do mundo. Estes dois vinhos tiveram a apresentação em Portugal em 2008, durante uma festa no Atelier de Joana Vasconcelos, no âmbito do Arte & Alma. blm

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restaurante

Restaurante Tágide

A FUSÃO PERFEITA ENTRE O GLAMOUR E A HISTÓRIA

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requinte, o charme e o bom gosto reúnem-se num só local em Lisboa, como uma ninfa do Tejo, o restaurante Tágide, no Chiado, surpreende-nos pelas iguarias da sua cozinha – de raiz portuguesa e influências internacionais (ou não tivesse o Chef vivido 15 anos na Suíça) – encantando quem lá entra como as ninfas seduziam quem navegava no Tejo. Situado num edifício de arquitectura pombalina, este restaurante destaca-se pelo serviço requintado, com uma vista sem igual sobre Lisboa, aliando a tradição à modernidade. O espaço renovado conta com apontamentos inusitados como os quadros de Maria João Brito e o candeeiro colorido de Tim Madeira. Este restaurante é um espaço que traduz

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o que o Chiado é: um pot pourrit de cultura, tradição, modernidade e actualidade. Os pratos mais emblemáticos deste restaurante não ficaram esquecidos, pode continuar a deliciar a “Santola à Tágide” ou o “Bacalhau à Casa”, se preferir pode preparar uma das receitas que deliciam quem vai ao Tágide, e que a Bastidores lhe apresenta nesta edição. O Tágide abre para almoços e lanches de Terça a Sábado, e à Sexta-feira e Sábado também para o jantar, oferecendo uma panorâmica única sobre a noite Lisboeta. Deixe-se encantar pelos pratos únicos deste restaurante tal como as tágides enfeitiçavam quem por elas passava. blm


As receitas SERICAIA COM CARPACCIO DE ANANÁS

Preparação: Misturar leite, gemas, farinha, açúcar e casca de limão Levar ao lume mexendo sempre

deixando cozer até engrossar. Deixar arrefecer. Bater as claras com um pouco de sal. Incorporar as claras ao preparado. Pôr em prato de barro untado e levar a cozer cerca de 15 minutos coberto de canela em pó. Cortar o ananás previamente descascado finamente. Montagem: Cobrir o fundo do prato com o ananás e pôr sericaia por cima.

VIEIRAS SALTEADAS COM CITRINOS E FIOS DE BETERRABA

TIRAMISU DE PERAS BÊBADAS EM VINHO DO PORTO

Ingredientes: 3 Vieiras grandes 1 Laranja 1 Lima 2 kumquats 1 Beterraba Flor de Sal Sal Pimenta Azeite Vinagre balsâmico

Ingredientes: 4 pêras rocha 1L de vinho Porto jovem 1pau de canela Duas estrelas de anis 150gr açúcar amarelo Creme: 250gr de mascarpone 3 Ovos 3 Colheres de sopa de açúcar Sal

Preparação: Retira-se a pele aos citrinos finamente. Põem-se no forno cerca de 2horas a 60°/70°. Quando secas, picam-se. Cozer a beterraba bem e descascar em água temperada. Limpam-se as vieiras

deixando só o branco. As “barbas” que se retiraram servem para fazer um óptimo fumet. Lavam-se bem por causa das areias sem as ter dentro de água mas lavando sobre água corrente. Montagem: Cortar a beterraba previamente descascada em fios (esparguete), temperar com flor de sal, azeite, vinagre balsâmico e gotas de sumo de laranja. Temperar as vieiras com sal e pimenta, saltear em azeite quente 1 2 minutos de cada lado. No meio do prato colocar esparguete de beterraba, as vieiras de lado com o pó de citrinos por cima.

Preparação: Descascar as peras e retirar o interior. Pôr a ferver o vinho do Porto e quando ferver deitar fogo para queimar álcool. Juntar ao vinho a canela, anis, açúcar amarelo e as peras. Deixar cozer aproximadamente 30minutos. Retirar as peras. A calda vai de novo a lume ate reduzir e atingir um ponto de xarope. Creme: Bater claras em castelo com pouco de sal. Fazer creme batendo as gemas com o açúcar ate ficar cremoso. Juntar mascarpone, incorporar o preparado e para finalizar juntar claras batidas em castelo. Montagem: Cortar as peras às rodelas, intercalar com o creme. Para finalizar, pôr um fio de calda por cima. Dica: Deixe arrefecer as pêras na calda e só depois retira-as

tempo médio de leitura: 4 minutos

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Texto: Rui Miguel Costa; Fotos: Paula Paz e Tágide

Ingredientes: 3, dl leite 5 Ovos 3 Colheres de sopa de farinha 250gr de açúcar Canela em pó Casca de ½ limão Sal Ananás

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viagem

MACAU Um cantinho Asiático com sabores Lusitanos

Durante cerca de 450 anos, fez parte do território português. Depois, a China tomou este pedaço de terra nas mãos, transformando-a aqui e ali. Contudo a herança portuguesa ainda continua presente, e ninguém a quer perder. Entre edifícios de traça lusitana e templos taoistas, entre o cozido à portuguesa e o Ta Pin Nou, uma espécie de fondue à chinesa, ou entre o cantonense e o por vezes audível “bom dia”, Macau segue enfrentando o futuro sem esquecer o passado. Mesmo que cada vez mais viva em função dos mega hotéis que albergam uma nova e crescente realidade e à volta da qual tudo gira: os casinos. Irão as tradições lusas e europeias resistir ao abraço cultural e aos costumes vindos do outro lado do delta do Rio das Pérolas ou do lado de lá das Portas do Cerco? Há quem acredite que sim...

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ituado a apenas 65 quilómetros de Hong Kong, na margem oposta do estuário do Rio das Pérolas, no outro lado do mundo, numa pontinha de uma planície do sul da Grande China, encontramos a mais antiga colónia europeia na Ásia: Macau. Uma particularidade que se deve aos intrépidos e aventureiros navegadores portugueses

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que começaram a percorrer no século XVI, os oceanos da costa do Pacífico com os seus ágeis galeões. Era o início de uma bela história de amor, incluindo a de Luís de Camões, mas que também passava por uma história de favores e contra-partidas, com a China a permitir que o reino de Portugal, em 1557, criasse um pequeno entreposto


comercial no seu território em troca da expulsão dos piratas que infestavam os mares do sul do império. E assim foi durante quase três séculos, com Macau a transformar--se no principal ponto de comércio com os chineses até que em 1842, quando os ingleses, vitoriosos nas guerras do ópio, anexaram uma área do continente chinês e estabeleceram a colónia de Hong Kong. Mas os portugueses por lá continuaram por mais alguns séculos, protegendo e governando esta pérola do oriente, até se tornar Região Administrativa Especial em 1986, com total autonomia, excepto nos assuntos de defesa e política externa para, em 1999, ser transferida definitivamente para o controle chinês. Hoje, passados todos estes séculos de história, os portugueses continuam a olhar para Macau com uma certa ternura e alguma nostalgia. E os que visitam este bocado de terra no outro lado do mundo, que cada vez são mais, não deixam de ser invadidos por uma sensação estranha. A de ver nomes portugueses identificando as ruas, em conjunto com nomes em chinês, edifícios no mais profundo estilo colonial português, puramente neoclássicos, palácios e igrejas que bem poderiam estar numa qualquer rua de uma qualquer cidade ou vila portuguesa. E há aquela sensação não menos estranha de pisar, a milhares de quilómetros de distância, a genuína calçada portuguesa. Uma sensação estranha que mais se acentua quando olhamos à nossa volta e dificilmente identificamos feições que tenham qualquer ligação com Portugal entre o meio milhão de pessoas que ocupam esses escassos 28 km2. Todavia continua a ser visível e sentida, principalmente para quem tem como língua materna a de Camões, a memória do convívio entre o Ocidente e o Oriente, entre portugueses e chineses. A exemplo do que acontece com a maioria dos ocidentais que visitam Macau, a principal porta de entrada para os portugueses é feita pelo mar do sul da China, usando a ligação de barcos rápidos - turbojet - que funcionam quase 24 horas por dia, de hora a hora, a partir de Hong Kong. E é estranho, ou talvez não, que a ansiedade de observar o mais antigo legado arquitectónico europeu em solo chinês, logo que se pisa Macau, mesmo para os não portugueses, nos leve a apanhar um táxi ou um autocarro directamente para a Praça do Senado, indicado em língua portuguesa nos mapas de caracteres chineses. É este o centro de Macau, em calçada portuguesa, com o edifício do Leal Senado a impor toda a sua beleza. Um lugar também marcado por outras construções que oferecem no seu conjunto uma unidade tradicionalmente lusitana, como a igreja de Santo Agostinho, o teatro D. Pedro V, o edifício da Santa Casa da Misericórdia, a igreja da Sé ou a igreja de S. Domingos, enquanto ali ao lado o templo taoista de SamKai-Kun reforça a dualidade arquitectónica da cidade. É aqui, na Praça do Senado, que continua a ser o local mais popular para eventos públicos e festejos, que desaguam centenas de turistas, chineses e macaenses de aparência marcadamente cosmopolita, sendo igualmente o principal ponto de encontro de jovens namorados com cabelos pintados, roupas coloridas e muita descontracção.

Macau não é apenas este legado histórico e arquitectónico centrado à volta da Praça do Senado, das não menos admiradas ruínas de S. Paulo, talvez a mais internacional e conhecida imagem do território, ou da Fortaleza do Monte, de onde se tem uma vista geral de Macau e que se estende já pela China continental. BLM

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viagem A igreja de São Paulo Desde 1565, os jesuítas estabelecidos em Macau envolveram-se em acções educativas e missionárias. Criaram o Colégio Madre de Deus, a primeira universidade de modelo ocidental do Extremo Oriente, Em 1602, o colégio passou a contar com uma nova Igreja, construída por chineses e japoneses, impressionando diversos visitantes do século XVII. Com a expulsão dos jesuítas em 1762, instalou-se no colégio um batalhão militar. O incêndio de 1835, que teria começado na cozinha do quartel, destruiu a igreja e quase todo o complexo originai do colégio. Restou a fachada da maior igreja construída no mais longínquo território colonizado pêlos portugueses, tornando-se uma das mais emblemáticas imagens de Macau.

É também a Macau que mereceu as honras de ser consagrada em 2005 como Património da Humanidade pela UNESCO, a Macau do Jardim de Camões, do Jardim Hong Kong Miu ou Lou Lim Leoc, verdadeiros oásis de tranquilidade, bucolismo e exotismo, onde os chineses se encontram para jogar dominó, passear as suas gaiolas por entre pequenos percursos rodeados de bambus e lagos onde proliferam flores de lótus, exercitarem-se aos primeiros raios de sol em doces e suaves movimentos de Tai Chi e Chi Kung ou interpretar peças da ópera chinesa. Existe também a Macau das lamparinas chinesas que iluminam velhos bazares rodeados de modernas vitrinas com os mais internacionais griffes, dos mega neons em caracteres chineses que anunciam ali existir mais um casino, das casas de penhores, dos pagodes e templos envoltos em fumos e odores de incenso, como o de Á-Má, o mais venerado de todos eles. A Macau das ruas estreitas percorridas por tendas e bancadas onde tudo 52 negoceia e se come, do Mercado Vermelho, dos pequenos altares discretamente colocados ao longo das ruas, esquinas ou à porta das casas, para afastarem os maus espíritos, dos prédios protegidos por grades para que os bons espíritos não saiam... A Macau do bairro de fantasia de “The Fisherman’s Wharf” que reproduz edifícios e cenários de diversos países, desde uma praça tipicamente portuguesa com o inevitável restaurante Camões, a um hotel da Louísiana ou ao Rock’s, do Coliseu de Roma, ao Royal Ópera House ou mesmo a um tradicional e romântico café parisiense. Ou a Macau do Museu do Vinho, que testemunha todas as regiões demarcadas da vinicultura portuguesa identificadas por manequins vestindo a rigor os trajes das diversas regiões, ou do Museu do GP de Macau, o único que tem direito a ter GP no seu nome sem pertencer ao circuito da Formula 1, ou de outros vinte museus e da Torre de Macau. A décima torre mais alta do mundo, nos seus 318 metros, com um restaurante rotativo que permite uma vista única sobre todo o território e as luzes brilhantes dos casinos e hotéis,

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Como ir Sem voos directos entre Lisboa e Macau, com a melhor opção a passar por Hong Kong e aí atravessar o delta do Rio das Pérolas nos rápidos jetfoils, a Lufthansa, via Frankfurt, com uma tarifa de 660 euros com taxas incluídas, apresenta-se como uma boa escolha para ligar Portugal ao seu antigo território oriental. Para maior comodidade, contacte: Across – Luxury Travel & Safaris Campo Grande, 220 B – 1700-094 Lisboa Telef.:+351 217 817 470 www.across.pt - travel@across.pt Centro de Promoção e Informação Turística de Macau Av. 5 de Outubro, 1 15 R/C - 1069-204 Lisboa Telef.: +351 21 793 65 42 www.macautourism.gov.mo tempo médio de leitura: 12 minutos

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Texto: Fernando Borges com Across; Fotos: D.R

um vertiginoso passeio à sua volta sobre uma plataforma suspensa ou uma adrenalínica escalada. É também a Macau das ilhas de Taipa e Coloane. Pedaços de terra conquistados ao mar, unidas por um istmo e ligadas à península por um conjunto de modernas pontes. A ilha de Taipa de intensa vida nocturna, dos grandes hotéis e casinos, dos bares onde dançam jovens tailandesas, vietnamitas e russas, das ruas e calçadas onde imperam nomes portugueses entre lojas e pequenos templos chineses, do aeroporto internacional, do jockey club, da avenida da praia ou da tasca do 0-Manel onde se pode degustar tradições da gastronomia portuguesa. Ou a ilha de Coloane dos espaços verdes, os poucos quase encontram em Macau, dos miradouros, das aldeias que já foram exclusivamente de pescadores, do Macau Golf & Country Club, da pequena igreja de São Francisco Xavier e dos restaurantes onde moram e resistem o cozido à portuguesa, o bacalhau à Gomes de Sá, bacalhau assado, a carne de porco à alentejana ou as sardinhas assadas, sempre acompanhadas de um Dão, Borba ou João Pires e onde não falta a “serradura”, os “papos de anjo” ou o “toucinho do céu”. Mas, entre histórias, patrimónios e tradições, entre pastéis de nata e Char Siu Pau - pãezinhos no vapor recheados com carne de porco -, amêijoas à Bulhão Pato e Tsun Guen - crepes de camarão recheados com pedaços de carne de porco, galinha, cogumelos, rebentos de bambu e feijão - um Herdade do Pinheiro e um Pou Lei - chá vermelho - uma nova Macau tem emergido na última meia década. A Macau que se dirige para reinar no mundo dos casinos e cada vez mais seja vista como a nova capital mundial do jogo e dos congressos. A Macau, ou a Las Vegas do Oriente, que ao tradicional, emblemático e mundialmente conhecido Hotel e Casino Lisboa, inaugurado nos anos 60, e mais uma vintena de casinos, juntou o Grand Lisboa, o Sands, o Winn, o Venetian - actualmente o maior casino do mundo e uma recriação da cidade de Veneza, com canais, gôndolas, 3000 suites e que albergará o Cirque du Soleil -, e o MGM Grand Macau, o mais recente casino de Macau com uma decoração e design inspirado na arquitectura que faz a história de Lisboa. E tudo isto enquanto mais um bocado de terra roubado ao mar, Cotai, uma zona entre Coloane e Taipa, continua a reafirmar-se e a preparar-se para receber outros mega empreendimentos para fazer companhia ao ali já existente Venetian. Mega hotéis-casino ligados a não menos mega grupos que incluem o Four Seasons, Shangri-La, Traders, Sheraton, St. Reggis, Hilton, Conrad, Fairmont e Raffles que, no total, representarão mais de 40 mil quartos. Números incontornáveis que direccionam esta nova Macau no caminho de se tornar um dos mais procurados destinos turísticos, tendo recebido em 2007 mais de 22 milhões de turistas, contra dois milhões em 1999 e que já ultrapassou Las Vegas em volume de negócios. É Macau à conquista do mundo oriental e ocidental muitos séculos após a chegada dos primeiros europeus idos da ponta mais ocidental da Europa, o povo de Camões, levados em frágeis galeões à procura da árvore das patacas. blm

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auto-bastidores

Honda Insight

O PRIMEIRO HÍBRIDO O sucesso do novo Insight é inegável, permitindo à Honda o destaque no mercado nipónico onde está a destronar outros híbridos ali bem presentes como o Prius da Toyota ou alguns modelos da Lexus

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ecorridos pouco mais de três meses sobre a estreia do Honda Insight no mercado japonês, está a revelarse um verdadeiro sucesso de vendas para a marca nipónica no seu próprio país, surgindo como o primeiro carro híbrido a conseguir ser o mais vendido naquele mercado. Com um gasto calculado de 4,3 litros de gasolina aos 100 km, pode mesmo chegar aos 3,9 litros, numa condução entre os 80 e os 110 km/hora. Porém, na sequência do convite feito pela Honda a um grupo de jornalistas para experimentar o novo híbrido entre Lisboa e Évora, a equipa da Press Coast conseguiu o primeiro lugar no pódio da economia, gastando pouco mais de 3 litros aos 100 kms! Disponível a partir dos 19.900 euros (a versão mais equipada custa mais 2.000 euros), o novo híbrido da marca japonesa alia a acção de motor de combustão com 1.339 cc e 88 cv de potência com outro eléctrico de 14 cv de potência - sistema IMA. O resultado, traduz-se num automóvel muito agradável de conduzir e que apela claramente à poupança.

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Uma década depois do primeiro Insight, a Honda recuperou a designação e desenvolveu aquele que diz ser “o híbrido para todos”. Ainda que à primeira vista possa haver alguma resistência à estética exterior é rapidamente ultrapassada e, o que parecia demasiado futurista, passa a ser apreciada. No interior, onde 4 pessoas viajam confortavelmente sublinhamos 4, porque o lugar do meio no banco traseiro tem posição mais elevada -, o destaque vai para o desenho “hightech” da consola central e painel de instrumentos que, aliás, acaba por convidar à poupança. Com interessante sistema de cores, o Insight informa sobre o estilo de condução e sobre o tipo de utilização que estamos a utilizar no sistema híbrido. Não se espere um carro para condução empenhada e desportiva (velocidade máxima fixada nos 186 km/h), mas antes um veículo de utilização familiar que, não obstante os 4,395 metros de comprimento, também é muito amigo da cidade.


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Por Alexandra Silva com Honda

tempo mĂŠdio de leitura: 3 minutos

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interressante

Todos a bordo do

RMS Titanic

Titanic, o barco mais famoso do mundo “atracou” em Lisboa, na estação do Rossio, no passado mês de Maio e ficará em terras portuguesas por tempo indeterminado. O navio que já fez sonhar milhões de pessoas e que deu origem a dezenas de filmes e livros chegou para contar a sua verdadeira história, incluindo todos os pormenores daquela fatídica madrugada de 14 para 15 de Abril de 1912. Exposição Titanic, imperdível!

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erdido a 3800 metros de profundidade, o Titanic é, foi e sempre será uma fonte de histórias, inspiração para filmes ou propulsionador de grandes obras literárias. Aliás quem não se recorda, por exemplo, do inesquecível filme de James Cameron - Titanic, com Leonardo Di Caprio e Kate Winslet, protagonistas de uma grande história de amor? São muitas as versões que contam a história deste majestoso rei dos mares, mas é nesta exposição que podemos encontrar todos os testemunhos, explicações e dados referentes a todos os momentos passados a bordo do RMS Titanic, desde a sua partida de Southampton até ao trágico encontro com o icebergue, no Atlântico Norte. Neste espaço, o elemento principal são as cativantes histórias dos passageiros que se encontravam a bordo do luxuoso transatlântico e que o visitante pode ir escutando ao longo do percurso. Foi graças aos testemunhos de familiares que se conseguiram preservar muitas das memórias que fizeram parte da travessia do Titanic. A juntar a estes importantes elementos estão os mais de 230

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objectos resgatados do fundo do mar, no local onde os destroços do colossal navio estão despojados há 97 anos. Entre loiça, talheres, pertences pessoais, garrafas de vinho e até dinheiro, são inúmeros os artefactos que compõem esta exposição. Devidamente resguardados e protegidos de qualquer possível dano ou mão curiosa, há no entanto, uma parte recuperada do navio em que o visitante pode tocar e até sentir toda a história vivida pelos 2228 passageiros que embarcaram na viagem. Uma exposição simples, real e emocionante que promete não deixar ninguém indiferente. De acordo com o responsável, “o que esta exposição traz de novo é que, metade do que se leu e se viu era ficção, portanto, a diferença é que esta exposição é a realidade. A exposição começa por explicar, no início, todo o trabalho que foi feito nas sete expedições. Depois faz um enquadramento às pessoas de tudo o que foi o processo de construção do Titanic e o que é que isso representava a nível social da época. De seguida, contamos como foi construído, a dimensão, o trabalho colossal que representava”. E assim se conta uma história.


CUrIOSIDADES

Ao entrar a bordo da exposição, o visitante recebe uma réplica daquilo que era um bilhete de embarque do transatlântico, uma forma original de o envolver neste ambiente e de tornar toda a visita mais emotiva e pessoal. Como refere José Cardoso, “cada ‘boarding pass’, como nós lhe chamamos, que é uma réplica daquilo que era o bilhete de entrada no Titanic, tem uma pequena história sobre um dos passageiros. As pessoas aqui têm a oportunidade de viver essa história e, muitas delas, o que fazem realmente no final, na parede do memorial que nós temos, é ir à procura das pessoas, ver se sobreviveram ou não e se há ou não alguns pertences pessoais da mesma dentro da exposição”. Todo este projecto foi construído seguindo uma certa ordem cronológica para que o visitante consiga experimentar, da maneira mais fidedigna possível, as sensações daquela viagem. Destaque para a ponte do Titanic e para as réplicas dos camarotes de primeira e terceira classe, sem esquecer a oportunidade de que dispõe para tocar no gelo de um icebergue de 8 metros e, desta forma, sentir o frio cortante das águas gélidas do Atlântico Norte que os tripulantes da época experienciaram. Neste espaço da exposição é possível também ouvir testemunhos dos momentos que se seguiram ao embate, verdadeiras histórias de coragem e humanismo, de pais que deram a vida pelos filhos, de avós e netos, irmãos ou

primos, testemunhos emocionantes e carregados de simbolismo. Por fim, o visitante pode restabelecerse de toda esta travessia no Café Verandah, novamente uma réplica de um dos espaços de lazer mais luxuosos do RMS Titanic. O acontecimento foi trágico e ficará para sempre marcado na história, mas o que se pretende com esta exposição é exaltar de forma apaixonada e comovente todas as vidas que foram afectadas neste fatídico acidente. Objectos e testemunhos transportam as memórias de milhares de vidas que ficaram para sempre guardadas e, por isso mesmo, “é muito fácil que uma pessoa se emocione, isso é um facto. A exposição também está construída para que a pessoa entenda, por um lado, o fascínio fantástico de toda esta história, mas também aquilo que foi uma catástrofe”, revela o representante. Espaço rossio – Estação do rossio Aberto todos os dias (incluindo domingos e feriados) das 10h00 às 21h00 Grátis para crianças até aos 4 anos Mais informações em: www.titaniclisboa.com

tempo médio de leitura: 7 minutos

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Texto: Bruna Raposo; Fotos: AP

. A quarta chaminé do Titanic era falsa. Servia apenas para dar a sensação óptica de que o barco era maior; . Não existia o quarto número 13; . A última sobrevivente, Millvina Dean faleceu no passado dia 31 de Maio, aos 97 anos; . Foram precisos 7,5 milhões de dólares para construir o Titanic. Actualmente, seriam necessários 400 milhões de dólares; . Só estavam disponíveis duas banheiras para os mais de 700 passageiros de terceira classe; . Quando o Titanic se afundou, a temperatura da água era apenas de -2 graus Celsius; . Domingos Fernandeo Coelho, Manuel Gonçalves Estanislau e José Neto Jardim – três portugueses oriundos da Madeira embarcaram no Titanic a 10 de Abril, em Southampton. Nenhum dos três sobreviveu ao desastre.

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HORÓSCOPO CARNEIRo

21 Mar/ 20 Abr

TOURO

21 Abr/ 20 Mai

Mês que se poderá caracterizar por alguma tensão. Cuide de si, faça o que tem a fazer e mantenha-se afastada de situações que o podem conduzir a mal entendidos. Opiniões que nada têm a ver com as suas realidades financeiras podem criar-lhe uma situação com alguma dificuldade. Um bom período para os seus assuntos de ordem sentimental.

Não se deixe dominar pela insegurança nem aceite as críticas dos outros como um facto consumado. Analise em primeiro lugar as suas tomadas de posição e de acordo com os resultados da sua análise proceda às alterações necessárias. Aproxime-se um pouco mais dos seus familiares. Poderá recorrer para uma ajuda pontual. Nas finanças muita contenção. Caso esteja de férias não se exceda nas suas possibilidades.

GÉMEOS

21 Mai/ 21 Jun

Encontra-se favorecida a sua actividade profissional. Energia, inspiração e vontade de melhorar a sua posição tornarão este mês bastante produtivo e a sua imagem sairá fortalecida em função das atitudes que tomar. Baseie o seu trabalho na sua capacidade e vontade de evoluir. Não seja inflexível e mantenha o seu espírito aberto a mudanças, pois durante este mês poderá conhecer alguém que terá muita influência no seu futuro.

CARANGUEJO

22 Jun/ 22 Jul

É importante para si o sentir que não é ignorado pelos amigos, e saber que os seus familiares gostam de si e apreciam a sua companhia. No entanto, não se esqueça que “quem não aparece esquece”. Não deve exigir do seu par o que não se sente capaz de retribuir. Compartilhe o seu coração, abra o seu espírito e tudo correrá bem.

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LEÃO

23 Jul/ 22 Ago

VIRGEM

23 Ago/ 22 Set

BALANÇA

23 Set/ 22 Out

Não se isole, viva e conviva. Tem amigos e familiares que gostam de si, com eles e com a sua ajuda conseguirá ultrapassar este período menos agradável. Tente fazer uma boa gestão dos seus dinheiros. Deixe que o seu par se aproxime de si. Além de lhe fazer muito bem contribuirá para se esquecer das suas preocupações.

Bom período em perspectiva. O seu trabalho e os seus projectos deverão começar a concretizar-se. Tudo o que se relacionar com dinheiro encontra-se favorecido e poderá proceder a pequenos investimentos. Os astros favorecem as relações sentimentais dos nativos deste signo.

Os seus níveis de confiança podem estar um pouco em baixo. Desenvolva as ideias que tem em mente e tudo melhorará. Os relacionamentos de amizade são o aspecto que poderão permitir um período agradável, especialmente na segunda quinzena. Alguma instabilidade na área financeira não deverá abalar a sua confiança. Evite despesas desnecessárias.

ESCORPIÃO

23 Out/ 21 Nov

SAGITÁRIO

22 Nov/ 20 Dez

Uma boa fase em perspectiva para os nativos deste signo. Os amigos serão uma boa opção para que nos seus momentos livres se descontraia um pouco. E este também é um bom período para tudo o que envolva finanças. Investimentos e aplicações de capital atravessam um bom momento com retornos bastante agradáveis. No campo sentimental, entregue-se e receberá.

Numa escala de oportunidades de zero a vinte, a sua nota será 17. Não deixe passar em branco as oportunidades. Lucros nos


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investimentos e aumentos salariais, aplicações de capital de médio risco encontram-se igualmente favorecidos durante todo o mês. No entanto, mantém-se a mesma recomendação; por muito boas que as perspectivas sejam esteja atento ao evoluir da situação económica. No campo sentimental, muito directa com o seu par e clarifique todas as dúvidas que possam existir.

CAPRICÓRNIO

21 Dez/ 19 Jan

AQUÁRio

20 Jan/ 18 Fev

PEIXES

19 Fev/ 20 Mar

Como na vida o trabalho só por si não significa tudo, existem outras coisas bem agradáveis, e tenha atenção a uma proposta para mudança de emprego, não é aconselhável aceitá-la de ânimo leve. Este mês as suas finanças tendem a começar a melhorar. No campo sentimental, construa a sua própria felicidade e não permita que o seu relacionamento dependa de terceiros.

Mês caracterizado por alguma instabilidade social da sua parte. Irá interrogar-se sobre o certo e o errado. Se for cuidadoso na forma como avalia os seus comportamentos de certeza que terá um melhor relacionamento futuro com os seus amigos e familiares. Algumas situações inesperadas poderão desencadear em si dúvidas quanto ao seu relacionamento sentimental. Deverá fazer uma profunda auto-análise que lhe permita melhorar o relacionamento com o seu par.

Del Carmen – delcarmen.previsoes@gmail.com

Este mês será muito positivo e receberá muitas provas de que o seu trabalho é devidamente reconhecido. Naturalmente os seus níveis de confiança aumentarão e a qualidade do seu trabalho será manifestamente superior. Os seus relacionamentos com amigos e familiares atravessam um período muito positivo. Conseguirá ajudar aqueles que necessitarem e receberá igualmente ajuda em questões que lhe levantam algumas dúvidas.


editorial

A Saudade não mata,mas magoa E

ra manhã quando me deitei. Pouco tempo depois acordo com o irritante “bip” do “pager”. Estava em Agosto de 1997 e recebera uma mensagem, no mínimo, invulgar: “liga a televisão. Ana”. Para a Ana me ter enviado aquela missiva, algo de importante se estava a passar. Acedi, e… Não queria acreditar, a princesa de Diana tinha morrido! Eu que, como o comum dos mortais, só a conhecia através dos media, desatei a chorar… Aquela mulher fantástica, jovem, perdera a vida num segundo. Claro que durante um largo período de tempo não se falou, e especulou, de outra coisa. Todos os óbitos ou nascimentos decorrentes nesse período, como notícia, mal viram a luz do dia. Em Outubro de 1999, também tive a triste notícia da partida da minha grande amiga e actriz Manuela Queiroz. E no dia seguinte, a partida de Amália. Como até na hora da morte e aos olhos das massas, umas estrelas são mais brilhantes que outras, lembro-me de regressar do funeral da Mané lavada em lágrimas (que me lembre foi a primeira vez que chorei em público, na rua), e a caminho de casa ter ido comprar o jornal. A senhora do quiosque mostrou-se solidária comigo, também ela chorava… por Amália. Eu ainda não tinha chegado a essa parte. A partida de Farrah Fawcett, também foi eclipsada por Michael Jackson. Com a morte de grandes estrelas, começa também a nascer o mito: será que morreu? – é a questão agora colocada por alguns, qual Elvis. Nós, povo de brandos costumes, nunca questionamos a morte dos nossos. E em vez de construirmos mitos, há sempre alguém que acaba por tentar destruir quem já não está entre nós para se defender. Porém, aqueles que conhecemos, que privamos com eles, aquando da sua partida, uma forte dor invade-nos, o coração despedaça-se… É esta a dor da saudade. E a saudade pode não matar, mas magoa… a dor é fulminante. Mas creio que não há nada pior que a saudade por daqueles que, ainda que não tenham partido e ao passarem pela nossa vida e deixarem um pouco de si, e que por razões várias, perdemos o contacto. A vida é tão frágil. E nem sempre temos coragem ou tempo de dizer: gosto muito de ti! Façam o favor de ser felizes! P.S. - Enquanto o céu ganha mais estrelas, a cultura fica mais pobre. Aos maestros Correia Martins e José Calvário, e à bailarina e coreógrafa Pina Bausch, a nossa homenagem.

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retrato

Irene

nome de Paz

Não é só o título de um livro, é também o significado do nome da grande actriz Irene Cruz. E Paz é exactamente o que se sente junto a Irene que comemorou 50 anos de carreira, e numa agradável conversa, com muitas confissões pelo meio, passamos a conhece-la melhor. 128 BLM


na vida real das pessoas, nos transportes públicos, fico fascinada a ver e a ouvir as pessoas como se movem, como falam como gesticulam e que depois me serve para criar uma personagem. Quando uma peça ou novela chega ao fim é uma dor, uma tristeza por ter de deixar uma personagem.” Admitindo porém que na sua profissão o mais difícil não é decorar os textos mas sim transformar as palavras que se decoram em personagem. Fazer tournées era “engraçado mas cansativo, para ver outros públicos que muitas vezes eles não podem vir a Lisboa, e que se calhar até gostam muito mais do que a maior parte das pessoas nas grandes cidades porque têm uma ingenuidade própria a ver os espectáculos, são mais puras e mais sinceras”. No ano de 1969 nasce o filho do casal, Carlos Nuno, um novo desafio na vida de Irene Cruz pois tinha de conciliar a vida de mãe, actriz, dona de casa e de mulher com todos os afazeres que lhe eram exigidos na época.

No seu percurso profissional Irene Cruz emprestou também a sua voz a inúmeras personagens de desenhos animados como o Pedro na série Heidi e a Willy na Abelha Maia. Em 1982 Irene Cruz junta-se a vários actores um dos quais Mário Viegas para criar o Novo Grupo. Neste ano Irene interpretou uma das peças, senão a peça, de maior sucesso da sua carreira “Oiçam como eu respiro” que esteve em cena 18 meses e com a qual ganhou vários prémios. Desde o final da década de 90 até hoje para além do teatro a actriz tem interpretado vários papeis em telenovelas, na sua maioria para a TVI, tendo a ultima delas sido a personagem Mariana Levi na novela “Olhos nos Olhos”. Em ano de celebração da sua carreira Irene revela sentirse “muito feliz por ter chegado até aqui e ter feito textos e personagens que me agradaram sempre e que tenho a consciência que soube fazê-las, hoje faria com certeza de outra maneira melhor”. Apesar de admitir que não irá fazer outros 50 anos de carreira, Irene Cruz afirma que é e será sempre actriz porque assim um Deus quis e ela sonhou. blm tempo médio de leitura: 6 minutos

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Texto: Rui Miguel Costa; Foto: António Murteira da Silva, Capa e fotos de arquivo gentilmente cedidos pela Contra Margem

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6 de Setembro de 1943, nascia Irene Gameiro da Cruz, em Sacavém junto ao rio Trancão, numa família humilde mas já direccionada para as artes. Irene cedo viria a descobrir na sua vida que é uma mulher do teatro, uma dedicação sempre presente mesmo no tempo em que ainda brincava aos teatros em criança e inventava os textos e a encenação. A actriz confessou à Bastidores ter pisado “os palcos com 5 aninhos numa companhia de teatro amador em Sacavém. Nessa peça fui fazer de rapazinho que queria trabalhar como actor, e o gosto pelos palcos existiu desde sempre porque eu era uma das ‘partners’ do meu pai nos seus espectáculos de ilusionismo”. Apesar de não saber o que significava ser actriz, a pequena Irene sentia já que essa era a profissão que queria seguir. Uma intuição e um sonho que começou a ganhar força anos depois, quando o pai a inscreveu no Conservatório com 14 anos. O seu talento velozmente passou das portas do Conservatório para os palcos nacionais quando foi à audição para a primeira peça que realizou enquanto actriz profissional em 1959 no Teatro Nacional D. Maria II. O trabalho tornou-se rapidamente incompatível com a vida de estudante e a jovem Irene nunca chegou a acabar o Conservatório por reprovar devido a faltas. A televisão entrou na sua vida ao ser convidada para fazer uma peça de teatro televisiva “Um Auto de Gil Vicente” e logo em seguida para apresentar no canal estatal português “Um Programa Juvenil”. A actriz doou sempre a sua arte de representar aos vários meios onde a poderia explorar, depois do teatro e da televisão chegou a vez do cinema em 1961, através do filme de Augusto Fraga, “Raça”. Num ritmo imparável Irene participou de 1961 a 64 em quatro revistas no Parque Mayer, onde ganhava um cachet de 30 mil escudos por mês, um valor bastante razoável para uma actriz iniciante de 19 anos na época. O profissionalismo e a seriedade foram sempre outros factores na sua carreira, como a própria afirma “não admitia graças nem partidas, acho muito feio fazer-se isso em cena, é anti-ética profissional. O teatro é uma coisa muito séria”. O teatro infantil foi outro dos géneros que Irene Cruz experimentou durante muitos anos embora defina as crianças como um publico “mais correcto, mais exigente. São muito atentos, e se alguma coisa corre mal interpelam-nos e aí é que vem aquela crueldade infantil. São o único público que me intimida”. Em Junho de 1964 conheceu aquele que viria a ser o seu marido, João Lourenço, depois de 9 meses de namoro, casaram-se em Março do ano seguinte, tinha Irene 21 anos. Em 1967 começou outra etapa na vida da actriz quando embarcou na criação d’O Grupo 4 constituído por Irene Cruz, João Lourenço, Morais e Castro e Rui Mendes, um grupo independente e profissional sem qualquer ajuda estatal. As primeiras peças subiram a palco no teatro Tivoli, embora o compromisso com o Grupo não a impedisse de fazer peças fora do mesmo. Irene Cruz reconhece que trabalha muito e que “não é só chegar aos ensaios e fazer. Faço muito trabalho de casa, pesquiso muito

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