Ragnaroks do Thor nas Hqs - p.14
Thor Ragnarok - o filme - p.18
Os primeiros 500 - p.23
Patas Sujas - p.26
Edição 002 - Novembro de 2017
QUADRINHOS, FILMES, SÉRIES E TUDO SOBRE O UNIVERSO NERD
As séries da Marvel/Netflix p.4
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Marvel nos cinemas, quadrinhos e TV O segundo volume de Nerd Review é dedicado à editora da Casa das Ideias, mas isso não foi à toa, duas estreas marcam o final de outubro e início de novembro para os fãs da Marvel: Thor Ragnarok e Justiceiro. O primeiro é mais um filme da franquia cinematográfica bilionária que vem sendo construída desde o primeiro Homem-de-Ferro. Apresento aqui uma análise do filme na qual observo os problemas do excesso de humor para o desenvolvimento de boas histórias. Para aproveitar essa estreia por que não conhecer um pouco das histórias que serviram como base para o grande e apoteótico fim de Asgard. Um dos artigos fala especificamente sobre dois Ragnaroks pelo qual o Thor passou nos quadrinhos, um na década de 1960 e outro dos anos 2000. Nas telinhas teremos a série do Justiceiro, personagem que foi apresentado na segunda temporada de Demolidor e que promete trazer ainda mais violência para a franquia do canal de streeming Netflix. Aproveito ainda para dar um panorama geral de todos os programas já lançados dessa franquia, então relembre de Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e Defensores. Ainda sobre a Marvel, mas agora uma produção nacional, fiz uma entrevista com Erik Vinícius, o criador do principal site brasileiro sobre o Homem-Aranha. E como não vivemos apenas de Marvel, confira a brilhante série independente em quadrinhos de Cris Peter: Patas Sujas. Já falei muito, então vire a página e boa leitura.
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As séries da Marvel/Netflix Um simples acordo entre duas gigantes possibilitou a criação de todo um universo paralelo à uma das maiores franquias contemporâneas do cinema. Confira as séries lançadas até aqui pela parceria Marvel e Netflix e algumas pistas já deixadas para o futuro. 4
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SÉRIES
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udo começou em abril de 2015, quando o universo Marvel se expandiu para a telinha. Claro que não é o primeiro seriado de TV da Casa das Ideias e nem o primeiro programa interligado com a cronologia dos filmes. Mas é a primeira experiência com super-heróis em um canal de streaming. A maior vantagem desse sistema? A liberdade do espectador ver como, quando e quantos episódios quiser. Uma temporada que costuma se estender durante 10 (em canais pagos) a 26 (na tv aberta norte-americana) episódios que podem demorar até oito meses para concluir uma história. No sistema por streaming, toda uma temporada é entregue no mesmo dia, tornan-
do o seriado em um grande filme dividido em X partes que podemos assistir de uma só vez. Tal sistema é pago, mas bem mais barato que um serviço de assinatura via cabo ou satélite, e não depende necessariamente da audiência imediata (é contado o número absoluto de visualizações independente do horário), e assim é permitido que se faça uma história mais complexa e densa. Como o Homem-Aranha já tem sua casa nos cinemas, ainda que turbulenta, o Demolidor foi escolhido para iniciar esse projeto. Criado em por Stan Lee e Bill Everett no longínquo ano de 1964, o personagem nunca estrelou entre os principais da editora, embora tenha rendido fases muito boas nas Hqs no decorrer dos anos. N������� �� 2017
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Demolidor (2015 ) Comecemos então com o Demolidor, para quem não conhece, Matt Murdock é um advogado cego que conseguiu seus poderes devido um acidente quando era adolescente, ele salvou uma pessoa de ser atropelado por um caminhão que carregava produtos tóxicos, infelizmente um dos latões caiu do veículo e derramou seu conteúdo no jovem Murdock (também deu poderes a umas certas tartarugas, mas isso é outra história). Esses produtos químicos o cegaram, porém seus outros sentidos se ampliaram a níveis sobre-humanos, além de desenvolver um tipo de radar. Não é a primeira vez que o “Atrevido” dá às caras em na Tv. Outras aparições de destaque ocorreram no Julgamento do Incrível Hulk em 1989, foi um dos longa-metragem que saíram depois que a série do Hulk havia terminado. Ele apareceu também em alguns episódios da série animada do Homem-Aranha e do Quarteto Fantástico em meados dos anos 90. Apenas em 2003 ele conquistou seu primeiro live-action solo: Demolidor – o Homem sem Medo. Foi um filme controverso e polêmico que mostrava a origem e as primeiras perdas do personagem reunindo Wilson Fisk, Mercenário e Elektra. Esse filme foi rechaçado pelos fãs e afastou Ben Affleck das produções de super-heróis até recentemente. Sinceramente, não acho o filme tão ruim, ainda mais se for considerar que o momento 6
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em que ele foi feito ainda era o início das tentativas de emplacar os gibis nas telonas. Chegamos então na data de 10 de outubro de 2012, os direitos do personagem do Demolidor que estavam com a 20th Century Fox voltam para a Marvel Studios. Em seguida, em abril de 2013 o presidente do estúdio, Kevin Feige, libera o uso do personagem dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. Em outubro do mesmo ano a Marvel já mostra a intensão de produzir quatro séries de ficção e uma minissérie, totalizando 60 episódios, para exibição no formato streaming (Netflix, Amazon e WGN América). Algumas semanas mais tarde, a Marvel e a Disney anunciaram o acordo com a Netflix e os títulos que sairiam: Demolidor, Jessica Jones, Punho de Ferro e Luke Cage, todas conduzindo para a minissérie Defensores.
Imagem promocional da primeira temporada de Demolidor
SÉRIES
Elenco da Primeira Temporada: Wilson Fisk (Vicent D’Onofrio), Claire Temple (Rosario Dawson ), Demolidor/Matt Murdock (Charlie Cox); Karen Page (Deborah Ann Woll), Foggy (Elden Henson), Karen Page (Deborah Ann Woll)
Se em um primeiro momento a Netflix não se pronunciou quanto a produção de mais temporadas destes personagens, se defendendo que elas estavam atreladas a um projeto maior que seria os Defensores. Quem acompanha as séries já percebeu que o sucesso de público garantiu novas temporadas e séries como a do Justiceiro que estreia em breve.
como Foggy; Deborah Ann Woll (True Blood, Ruby Sparks) como Karen; Rosario Dawson (Sin City, Grindhouse) a Enfermeira Noturna; entre outros. As locações das filmagens foram mesmo Nova York, mais especifi camente nas áreas do Brooklin e Long Island e se estenderam durante o segundo semestre de 2013.
Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix, logo declarou que as séries teriam um tom mais pesado que os filmes e a produção de 2003 do advogado cego. Claro que não quer dizer que temos violência explicita ou cenas de nudez, lembrem-se que é uma série com o selo da Marvel E da Disney. O produtor executivo da Marvel Television (não tenham medo) Jeph Loeb afirmou que nas séries que da Netflix, embora interligadas com o Universo Marvel dos Cinemas, não abordará o mesmo nível de poderes, então dificilmente veremos pessoas voando pelos céus ou martelos mágicos.
A primeira temporada foi realmente um sucesso de público e crítica com sequências cruas de luta onde o Matt aprendia da pior maneira que não ter um fator de cura podia mata-lo. A estética pendendo para o noir, muita sombra e um destaque para o contraste preto e vermelho era evidente. Em relação à história, acompanhamos a origem de dois grandes personagens, além do Demolidor que passou a participar ativamente do combate ao crime na Cozinha do Inferno; vemos em Wilson Fisk o maior desenvolvimento de personagem, conhecemos o passado do vilão e o que o levou ao papel de líder empresarial e criminoso de Nova York, mas de forma tão bem-feita que não vemos as ações do vilão justificadas. De fundo descobrimos sobre uma organização criminosa que viria a dar dor de cabeça no futuro todo apenas por uma velhinha oriental e misteriosa interpretada por Wai Ching Ho, a Madame Gao.
O elenco foi escalado no início de 2014 e conta com Charlie Cox (Stardust, Teoria de Tudo) como Demolidor/Matt Murdock; Vicent D’Onofrio (Law and Order: Criminal Intent, Nascido para Matar) como Wilson Fisk; Elden Henson (Efeito Borboleta, Jogos Vorazes – A Esperança)
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Jessica Jones ( 2015) Depois de Demolidor acompanhamos Jessica Jones, uma investigadora ranzinza que tem um passado sombrio. Personagem criada por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos para uma série no selo adulto Marvel Max que foi tão bem escrita e inserida que muitos a consideram uma personagem já clássica. As pouco mais de 20 edições do primeiro volume da personagem foram a base para esse programa que apresenta uma heroína reclusa e alcoólatra que sofreu sérios abusos de um vilão, o Homem Púrpura. Com tons mais arroxeados acompanhamos Krysten Ritter (Jessica Jones), David Tennant (Kilgrave), Rachael Taylor (Trish Walker) e Carrie-Anne Moss (Jeri Hogarth). Foi uma série muito interessante, mas que poderia ter sido resolvida em menos episódios, as idas e voltas no roteiro tornaram o desenvolvimento mais lento do que deveria e, por fim, um tanto cansativo. A série teve um dos melhores easter-eggs que foi a participação do Luke Cage (Mike Colter) em uma trama secundária, mas importante para ambos personagens.
Krysten Ritter (Jessica Jones) e Carrie-Anne Moss (Jeri Hogarth).
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SÉRIES Demolidor ( 2016) Se intrometendo no meio da agenda previamente programada, a segunda temporada de Demolidor estreia em março de 2016. Os atores principais retornam e recebem o acréscimo de Jon Bernthal (Frank Castle) e Elodie Yung (Elektra Natchios). Diferente das séries anteriores, os produtores resolveram dividir os treze episódios em três arcos de histórias, que se interligam, mas que se resolvem de forma mais ou menos independente. O problema aqui foi a interpretação e o ritmo narrativo dos arcos: temos um início bombástico e empolgante com a aparição do Frank Castle matando as gangues remanescentes que planejam preencher o vácuo de poder deixado pela prisão do Fisk na primeira temporada. Representações de quadros e sequências clássicas dos encontros entre o Demolidor e o Justiceiro foram os pontos mais altos. No entanto, a aparição da insossa Elodie Yung passou a perna na empolgação gerada pelo início da temporada, continuamos com representações e adaptações de passagens clássicas como a origem da personagem e outros momentos, mas a atriz não ajuda em nada e muitas vezes eu pensava que um boneco de muppet seria mais expressivo.
Luke Cage ( 2016) Em setembro de 2016 foi a vez do lançamento de Luke Cage, um programa com tom mais amarelado e sufocante narrando a vida no Harlen. Aqui a população se acostumou a viver dependendo do crime organizado para proteção e manutenção de uma relativa paz e prosperidade. A opção estética da música aos enquadramentos, sequências, cores e trama vem diretamente dos filmes blaxploitation dos anos 70. Ao longo de dois arcos, cujo o primeiro é melhor desenvolvido que o segundo temos Mike Colter (Luke Cage); Simone Missick (Misty Knight); Mahershala Ali (Cornell ‘Cottonmouth’ Stokes) e Erik LaRay Harvey (Willis ‘Diamondback’ Stryker). O programa dividiu opiniões, e embora a conclusão do episódio final tenha realmente sido fraca, de certa forma boba, os elementos trabalhados ao longo dos episódios foram bem cuidadosos e interessantes. N������� �� 2017
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Punho de Ferro ( 2017) (Danny Rand) divide o protagonismo da série Em meio a críticas de whitewashing e corecom Jessica Henwick (Colleen Wing)... ok, ografias mal executadas, Punho de Ferro foi o isso não é oficial, mas a Jessica muitas vezes último personagem dos Defensores a ser aprerouba a cena. Ora como antagonistas, ora sentado no início de 2017. Vamos por partes, como aliados temos os irmãos Joy Meachum as cenas de luta foram exageradamente criti(Jessica Stroup) e Ward Meachum (Tom cadas, é visível a queda de qualidade em relaPelphrey), finalmente, como vilões temos ção à performance apresentada no Demolidor, David Wenham (Harold Meachum) e a mas ainda assim não é no nível Bollywood. espetacular Wai Ching Ho reprisando seu Embora faça referência aos filmes de luta dos papel como Madame Gao. Ah, e claro, a anos 70, a série tenta manter o tom mais “Nick Fury” Rosario Dawson como Claire realista, de forma que não nem Jason Born Temple que mais atrapalhou do que ajudou. e nem Tigre e o Dragão. E o whitewashing nem vale a pena comentar, por realmente ser exagero e desconhecimento de quem mencionou esse elemento, o fato do Danny Rand ser um ocidental que se tornou o Punho de Ferro contribui na formação do personagem, de forma que ele não é levado a sério por ninguém justamente por nos apoiarmos nos estereótipos. O problema da série se encontra em uma interpretação extremamente inocente que parece não apresentar nenhum desenvolvimento ao longo da série. Finn Jones Finn Jones (Danny Rand) divide o protagonismo da série com Jessica Henwick (Colleen Wing), mas a Rosario Dawson está em todas.
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SÉRIES
Defensores ( 2017) Pegando emprestado o nome de outro supergrupo da Marvel, os vigilantes urbanos da Casa das Ideias foram os escolhidos para fi gurarem seus seriados na plataforma on-line e filmes e séries Netflix. Os planos sempre foram apresentar Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro em programas próprios para finalizar tudo com uma grande reunião em Defensores. Agora finalmente chegamos ao fim do primeiro ciclo de seriados da Netflix, a tão esperada reunião chegou às telinhas. Lembro como a notícia dos seriados mais urbanos foi aceita pelos fãs de quadrinhos pela simples esperança em ver uma adaptação mais fiel de personagens que já foram explorados pelo cinema, ou não. Nesse meio tempo, tivemos boas críticas que foram perdendo o fôlego com o passar dos seriados, temporadas adiadas, temporadas inesperadas, surpresas e decepções. Mas todas convergindo para a tão esperada reunião do time B da Marvel Estúdios. Em apenas oito episódios, vemos a amarração e conclusão de plots criados desde a primeira temporada de Demolidor e aparecendo, em maior ou menor grau, nos outros seriados da franquia como Punho de Ferro e a segunda temporada do querido advogado cego da Cozinha do Inferno. O quarteto só se reúne definitivamente no final do terceiro episódio, até então vemos como cada personagem estava tocando sua vida desde a última vez que os tínhamos visto.
E ao contrário da aura de super-heróis perfeitos que vemos entre os Vingadores, os vigilantes de Nova York são personagens quebrados, todos carregam a culpa pelas ações passadas, alguns ela é tão grande que os impede de usar suas habilidades para um bem maior. Com os quatro juntos percebemos as falhas e vantagens se sobressaindo em cada um, Matt (Charlie Cox) se nega o quanto pode em voltar a colocar o macacão vermelho depois de perder Elektra (Elodie Yung) e colocar seus amigos em risco na temporada passada; Jessica (Krysten Ritter) ainda não superou seu passado de abusos e vive de algumas investigações particulares, o suficiente para pagar sua bebida; o Danny (Finn Jones) continua infantil, dá uns ataques de birrinha e continua em sua jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal sempre em companhia de Colleen Wing (Jessica Henwick); o mais bem resolvido é o Luke (Mike Colter), que acabou de sair da prisão e, com um empurrãozinho da Misty Knight (Simone Missick) e da Enfermeira Noturna (Rosário Dawson, a Nick Fury dos Defensores), resolve assumir o manto de proteção do Harlem. N������� �� 2017
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Mike Colter (Luke Cage), Charlie Cox (Demolidor), Krysten Ritter (Jessica Jones), Finn Jones (Danny Rand)
Quanto aos vilões, todos já sabem que é a organização mística/criminosa do Tentáculo (The Hand no original, e que com a tradução para Tentáculo, embora já consagrada pelo tempo, perde bastante seu significado). Somos apresentados ao restante dos cinco grandes mestres do grupo, além da simpática e perigosa Madame Gao (Wai Ching Ho), conhecemos Sowande (Babs Olusanmokun), Alexandra (Sigourney Weaver) e Murakami (Yutaka Takeuchi). Infelizmente, eles são cães que mais ladram do que realmente mordem, e isso pode desanimar o espectador. A atuação é bem natural, em geral todos estão confortáveis com seus personagens, os mais fracos continuam sendo Finn Jones e Elodie Yung, e isso e problemático, pois ambos são centrais à narrativa. Destaco a participação da Madame Gao (Wai Ching Ho), Luke Cage e Colleen Wing, entre os dois primeiros é engraçado que, mesmo em espectros diferentes da “força”, transparecem calma em relação aos desafios que vão surgindo ao longo da história, ainda assim, sua aparente tranquilidade não significa menos “poder de fogo” nas 12
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lutas. Já Wing, tem uma presença e poder nas lutas que supera muito o namorado riquinho mimado Danny. O ritmo da narrativa é constante e estável, episódios impares mais calmos, que se foca no desenvolvimento e apresentação dos personagens; seguidos de episódios pares com mais foco na ação. Uma estratégia que tem como função mostrar à audiência quem é quem, sem obriga-lo assistir todos seriados anteriores, e isso torna a história cansativa e, por vezes, exageradamente didática. Mesmo com menos episódios, que os costumeiros 13 das produções da Marvel/Netflix, acredito que tudo poderia ter sido resolvido em apenas seis partes.
A equipe reunida prestes à entrar em ação, o grupo ainda recebe ajuda do ninja Stick (Scott Glenn)
SÉRIES Algo que sempre se destacou nos seriados da Marvel/Netflix é a estética de cores e música que marcam os personagens e refletem um pouco do próprio clima e psicológico de cada um. Isso é mantido nessa reunião, e se destaca no momento em que os diretores trabalharam a estética de Defensores de forma a mesclar as cores e músicas de cada um dos programas anteriores. Em um mesmo ambiente podemos ver os matizes que corresponde cada identidade, como se fossem auras a sua volta, sem tornar brega ou carregado em demasia, mas trabalhando com naturalidade a iluminação ao aproveitar os efeitos do reflexo da luz. Infelizmente, na sequência final de luta, a escolha da trilha sonora não foi tão
bem escolhida quanto o restante do seriado. Claro que o sucesso das séries da Marvel não vai permitir que Defensores seja o fim do universo, mas sim o encerramento do primeiro grande arco, acredito que de muitos, pelo menos enquanto fizer sucesso. Sabemos que Demolidor terá uma terceira temporada, assim como Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro já foram confirmados para voltarem futuramente. Mas antes de tudo, ainda esse ano podermos assistir a série solo do Justiceiro, personagem inicialmente apresentado em Demolidor que ganhou seu próprio programa, tamanho o sucesso entre os fãs.
Justiceiro ( 2017) E agora estamos a poucos dias de mais uma produção Marvel/Netflix, pouco foi falado sobre o enredo da série que estreará dia 17 de novembro, mas sabemos do básico: justiceiro caçando os bandidos que mataram sua família. De concreto sabe-se apenas que teremos Jon Bernthal novamente como Frank Castle / Punisher e Deborah Ann Woll (Karen Page). Os novos atores a integrar o elenco Marvel/Netflix serão Ebon MossBachrach no papel de David Lieberman/ Micro, um recorrente suporte de bastidores das histórias do Justiceiro; Amber Rose Revah fazendo a agente de segurança Dinah Madani; e Ben Barnes como o antagonista Billy Russo. As filmagens da série ocorreram entre outubro e dezembro de 2016 em Nova York sob o nome fantasia de Crime e contará eventos ocorridos antes e depois da segunda temporada de Demolidor.
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Os R agnaroks do
O Ragnarok é um evento cósmico, catastrófico e final, mas também bastante recorrente no mundo do Thor. Aproveitando o recente lançamento do terceiro filme do deus nórdico da Marvel, acompanhe aqui dois momentos em que o mundo esteve para terminar na série mensal do Thor e que apresentaram como título de arco o nome Ragnarok. Vamos conhecer algumas das diferenças entre as histórias publicadas nos anos 60 e no início dos anos 2000, mas que tiveram sua parcela de inspiração para o recente filme. 14
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QUADRINHOS
O PRIMEIRO RAGNAROK No primeiro fim do mundo nórdico aconteceu em 1969, entre The Might Thor 153 a 159. Este seria apenas o primeiro Ragnarok das revistas do deus nórdico entre muitos outros que viriam no futuro. Aqui Stan Lee e Jack Kirby criam um ser de imenso poder que teria sido preso por Odin no passado, Mangog.
Terra. Se observarmos, encontramos bastante semelhança com o plot do filme da Marvel: Ragnarok + Loki no trono de Asgard + logo de divulgação meio anos 60 - 70.
É interessante como as histórias são levadas de gancho em gancho, a primeira do volume, por exemplo, é o final de um arco onde Loki consegue parte dos poderes da rainha Norne e ataca Thor com ajuda do Troll Ulik. A história tem continuidade com o deus do trovão indo para Midgard atrás de seu irmão enquanto o Troll que caia em um poço sem fundo descobre a caverna e liberta Mangog. Em seguida descobrimos que Odin está em seu recorrente sono para recuperar seus poderes enquanto o ataque de Mangog se mostra iminente, nesse momento Loki retorna a Asgard e, por ser filho de Odin, toma o trono enquanto seu irmão Thor continua na Magog atacando
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O SEGUNDO RAGNAROK Outros fins ou quase fins aconteceram, mas o mais próximo da ideia de um Ragnarok ocorreu em 2004 nas últimas edições do segundo volume de Thor, entre os números 80 e 85. O arco foi originalmente lançado em na mesma época da Queda dos Vingadores, evento que abalou o universo Marvel. Esse arco signifi cou o fim dos personagens asgardianos pelos três anos seguintes, voltando apenas em 2007 pelas mãos de Straczynski. Nessa época o deus Odin estava morto, e Thor havia tomado seu lugar como governante dos deuses nórdicos. Além disso, ele havia passado por uma série de acontecimentos, entre eles um filho com Amora, mas que uma viagem no tempo alterou os fatos. Conhecemos a forja o qual foi criado o martelo do deus do trovão e Loki invadindo o velório de um anão com seus asseclas, causando morte e destruição. Thor então vai enfrentar seu irmão Loki pela última vez nessa saga onde vemos deuses morrendo feito moscas no que seria a épica e derradeira aventura. 16
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O roteiro é de Michael Avon Oeming e amarra de forma bastante interessante as mitologias do Deus tanto na Marvel como nos contos históricos. À medida que avançamos na história vemos a dor e solidão que cresce no personagem. Claro que isso não teria o mesmo impacto sem os desenhos de Andrea Di Vito. Andrea conta a história por meio de grandes painéis com diferentes ângulos de câmera. Mostrando domínio tanto nos diálogos ou momentos contemplativos como em batalhas, que acontecem a cada edição. Sequências de quadros sem nenhum diálogo mostram que não cabe piadinhas nas lutas, a briga e por vida ou morte. Assim, devo ressaltar sua boa narrativa gráfica, fluida e cinematográfica, algo que poderia ser usado em filmes futuros do Deus do Trovão. São dois momentos bem distintos do personagem, mas igualmente interessantes, ambos foram lançados recentemente em encadernados nas coleções de capa preta e vermelha da editora Salvat. As revistas ainda vêm com extras que exploram a trajetória do Thor nos quadrinhos e dos artistas envolvidos. Leitura obrigatória para os fãs do Poderoso Thor.
Apoca Th
Os perigos do exagero da comédia. Thor Ra estreou no último 26 de outubro, mas alguns e nas páginas seguintes a crítica do filme.
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FILMES
alipse hor
agnarok, o terceiro filme solo do personagem excessos destruíram uma boa história. confira
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odo filme de quadrinhos cria expectativas entre seus fãs, mas isso pode ser bem prejudicial para apreciar a obra ou mesmo analisa-la. Por isso eu tento não ler nem ver nada sobre os filmes, mesmo trailers eu evito de assistir. Mesmo assim, uma coisa ou outra acaba passando pela barreira. Para esse Thor eu tive dois momentos, quando foi anunciado que o subtítulo seria Ragnarok fiquei empolgado, logo pensei em algo épico e destruidor.Não demorou muito para ter essa perspectiva quebrada pelo anúncio de que o gênero explorado seria uma comédia. Não gostei, mas foi melhor assim do que me bombardearem com notícias sobre um drama épico e me entregarem outra coisa, como aconteceu com Era de Ultron ou Homem de Ferro 3. O filme então ficou a cargo do diretor neozelandês Taika Waititi, um novato, mas com ótimas comédias independentes. Chris Hemsworth já tinha provado seu bom timing para comédias em Caça Fantasmas e agora teria uma oportunidade para redefi nir o herói. Os curtas metragens lançados no Youtube foram preparando o tom do filme e apresentavam um humor bastante casual e
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de cotidiano ao mostrar o Thor em uma vida banal, algo parecido com os vampiros de O que Acontece nas Sombras, filme de Taika. No entanto, a transposição desse tom para o cinema não funcionou. O enredo do filme tem uma estrutura simples desenvolvida em três atos: a apresentação onde descobrimos o que o Thor vinha fazendo desde Era de Ultron, seu reencontro com Loki e Odin (este último com ajuda do Dr. Estranho). No segundo ato, conhecemos Hela e descobrimos que ela é filha primogênita de Odin e que agora quer dominar Asgard e o universo. A Cate Blanchet entrega uma vilã perigosa, mas que convence mais pela boa atuação do que pelo roteiro que lhe deram, em determinados momentos parece ser apenas uma filha mimada com raiva por ter ficado de castigo. Ainda assim ela provoca mortes importantes entre os guerreiros asgardianos. Sequência impactante, mas que infelizmente não é tratada com o devido cuidado no decorrer da história e acaba se perdendo todo o peso dramático que ela exigiria, apenas os poucos espectadores que lembram dos personagens sentirão essas mortes.
Hela destruindo Asgard
FILMES
A batalha entre Thor e Hulk promete não deixar pedra sobre pedra.
Ainda no segundo ato, depois de um breve embate entre Thor, Loki e Hela, o Deus do Trovão cai no mundo de Sakaar é preso e vira um gladiador à serviço do Grão Mestre, interpretado por um Jeff Goldblum que parece um Silvio Santos com terno colorido e mais excêntrico. Nesse planeta, o protagonista luta contra o Hulk e depois, juntos, fogem e finalmente enfrentar a Hela no ato final.
Toda tentativa de drama é desperdiçada com piadas fracas ou bobas piadinhas físicas, A trama é simples, mas interessante, apresenta vários elementos de referência aos quadrinhos que provocam sorrisos involuntários dos fãs, mas o excesso de comédia elimina qualquer envolvimento. Toda tentativa de drama é desperdiçada com piadas fracas ou bobas piadinhas físicas, na qual uma pessoa bêbada tropeça, ou frases de efeito que só conseguem provocam bocejos.
É interessante que Marvel explore gêneros diferentes em seus filmes, mas existem formas para que isso seja bem explorado. O tom exagerado de humor poderia ser usado, mas caberia melhor se tivessem entregue um filme inteiro com o Thor Sapo. A junção de Ragnaroks com Planeta Hulk não é a melhor base para uma comédia. E se essas eram para ser as duas grandes referências do filme, falharam miseravelmente, pois no fim só entregaram uma trama B do Torneio dos Campeões, quase um roteiro saído de um esquecido What If. As referências ao Walter Simonson e Jack Kirby aparecem a todo momento, mas não salvam o filme. Se uma produção depende de sobreviver de referências, prefiro comprar uma enciclopédia, com certeza todas as referências estarão lá. E assim os atores acabam incomodando pelos exageros. Chris Hemsworth e Tom Hiddleston que já demonstraram anteriormente ter uma boa química, mas cansam pela
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Thor (Chris Hemsworth), Valkyria (Tessa Thompson) e Bruce Banner (Mark Rufalo)
relação insistente de alianças e traições, ou nas piadinhas do “ele é adotado. O Pacto de Guerra do Hulk foi reduzido a dois personagens bobos e sem sal. Mesmo o Mark Rufalo não agrada, ele está meio perturbado por não saber o que aconteceu nos últimos dois anos, mas sua perturbação não convence. Tessa Thompson, que interpreta a Valkyria, me passa interpretações ambíguas, gostei da sua presença destruidora como ex-guerreira que vive como caçadora de recompensas, uma ronin com traumas de guerra; no entanto, há muito exagero na forma como o diretor mostra seu problema com a bebida, soa forçado, ela poderia muito bem estar sempre com uma garrafa ou frasco na mão, mas colocar
a personagem caindo de uma rampa como se fosse um desenho animado não fez o menor sentido para a personagem. No geral observo que os estereotipos colocados nos personagens para serem utilizados como ponte para o humor não condizem com toda a construção psicológica do próprio personagem. O melhor personagem do filme é o Heimdall, interpretado por Idris Elba, parece ser o único que agia com seriedade em relação à defesa de seu povo e sua terra. Enfim, mais uma vez a comédia atrapalhando um filme da Marvel, isso porque eles lançaram um filme muito bom no início do ano que também se encaixa no gênero da comédia e se passa no espaço: Guardiões da Galáxia. Este, por sua vez serve de influência inclusive na forma como as músicas são utilizadas como trilha, no entanto a inserção ocorre de forma menos orgânica e, assim, com menor peso e impacto. Torço muito para que os próximos filmes da franquia bebam menos da fonte da comédia. Uma aventura leve e que tenha objetivo de conquistar um público mais amplo não precisa ser boba.
Time reunido para o ato final, como destruir a deusa da morte sem morrer?
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PERFIL
Os primeiros 500 Aracnofã, o maior site brasileiro sobre o Homem-Aranha atinge a marca de 500 Podcasts. Conheça Erick Vinicius, o criador do site, os primeiros passos e os projetos futuros.
C
riado por fãs do Aracnídeo da Marvel, o Aracnofã está no ar desde janeiro de 2011 e a poucos meses de comemorar os sete anos de idade, em outubro de 2017 conquistou a invejável marca de 500 podcasts já publicados. A redação da Nerd Review entrou em contato com o criador do site, Erick Vinícius para saber um pouco mais como começou essa interessante empreitada, os primeiros posts, suas influencias e projetos futuros. Conheça um pouco mais do Aracnofã:
NERD REVIEW: VAMOS
COMEÇAR COM
UMA FÁCIL, QUAL O PERSONAGEM FAVORITO?
E
QUANDO VOCÊ COMEÇOU A COLECIO -
NAR QUADRINHOS?
ERICK VINÍCIUS: Nos meio dos quadrinhos de super heróis não tenho nem como escapar. O Homem-Aranha foi o meu primeiro contato com o gênero e, até hoje, é o personagem pelo qual mais me interesso. Apesar dele ter mudado com o tempo, na época em que comecei a ler HQs eu me identifiquei muito com ele então acredito que seja esse o motivo. O início da coleção foi por causa do meu pai. Eu lia muito revistas emprestadas da Turma da N������� �� 2017
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Mônica e, se me lembro bem, pedi a ele pra comprar uma revista de herói para mim. Mais tarde ele chegou com a Homem-Aranha #190, da Editora Abril, publicada em abril de 1999. Dali em diante comecei a ler ela e A Teia do Aranha todo mês. NR: QUANTAS REVISTAS ÇÃO? ALGUM ITEM RARO?
TEM NA
No início publicávamos algumas tiras, previews, checklists, reviews e notícias. Poucos meses depois tivemos nosso primeiro podcast e quando o site completou um ano passamos a publicar podcasts com periodicidade.
NR: QUEM FAZIA COLE - RA FORMAÇÃO? VOCÊ MUNDO?
PARTE DA PRIMEIJÁ CONHECIA TODO
EV: Faz algum tempo que não tenho controlado bem mas acredito que atualmente, entre nacionais e importadas, eu esteja com umas 2500 a 3000 edições, incluindo mangás e outros gêneros. Entre as raras as de maior destaque as edições 1 da Bloch, RGE e Abril, uma com autógrafo do Stan Lee (presente do amigo Márcio “Sasquash” Martins), e a famigerada Álbum Gigante #11, presente do Michael Lincoln, com a primeira aparição do Aranha no Brasil.
EV: O site começou com o Emanuel Barbosa (Maneco) e o Michael Lincoln (Mike). O primeiro eu conheci algum tempo antes numa espécie de grupo de bate papo do extinto MSN Messenger. Começamos a conversar por lá e logo adicionamos um ao outro para bater papo diretamente. Já o Mike conheci através do Twitter. Eu fazia boxes de quadrinhos para venda na época e acabei fazendo várias amizades, incluindo ele que, inclusive, tem o Twitter @Homem _ Aranha. No fim das contas era apenas uma amizade virtual, visto No início publicávamos algumas que cada um de nós mora em um estado ditiras, previews, checklists, reviews e ferente, porém nos aproximamos mais do que notícias. Poucos meses depois tivemos muitos amigos “físicos” com o tempo.
nosso primeiro podcast e quando o site completou um ano passamos a publicar podcasts com periodicidade. NR: ALÉM
DE QUADRINHOS, VOCÊ CO -
LECIONA MAIS ALGUMA COISA?
EV: Sou meio viciado em coleções desde criança, mas a grana não me permite focar em muitas mais. Então tenho coleções descompromissadas de cards de Pokémon, Hot Wheels temáticos, Blu-rays, cédulas e moedas antigas, miniaturas, cartões telefônicos e até alguns marca páginas, hehe. Mas, como falei, são descompromissadas então não devem encher uma ou duas caixas. NR: QUANDO
COMEÇOU O
ARACNOFÃ?
NR: QUAIS
SUAS INFLUÊNCIAS?
SURGIU A IDEIA PARA O SITE?
COMO
EV: Spiderfan e Guia dos Quadrinhos, sem dúvidas. Como colecionador eu gosto de saber tudo sobre o que gosto. No caso de quadrinhos, quero saber todas as edições americanas em que o personagem foi citado e onde cada uma delas foi publicada no Brasil, por exemplo. Esses dois sites foram as ferramentas principais pra saciar essa minha sede, inclusive com o primeiro inspirando o próprio nome “Aracnofã”. Eu queria fazer um site parecido com eles porém adicionando notícias, podcasts e etc e, batendo papo com o Mike e Maneco chegamos ao formato atual do site. Porém a ideia de banco de dados nunca morreu... NR: COMO
BALHO,
VOCÊS
POSTAGEM,
DIVIDEM
GRAVAÇÃO,
O
TRA-
EDIÇÃO,
EV: A ideia do Aracnofã data de 2010, com o site entrando no ar em 26 de Janeiro de MÍDIAS SOCIAIS? 2011. Comentei pela internet sobre a vontaEV: Com o tempo o foco do site acabou de de criar um site sobre o Homem-Aranha virando muito para os podcasts, como quem e colocamos ele no ar após poucos meses. acessa já deve ter notado. Hoje a equipe conta 24
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PERFIL com cerca de dez pessoas sendo que qualquer um pode publicar notícias e matérias. Sobre os podcasts normalmente eu organizo todos os programas que devem ser lançados e encaminho para os responsáveis pelas gravações, muitas vezes sem a minha participação.
pelo clichê, família de sites dedicados a cada herói e equipe.
Ao finalizar a maior parte das edições fica a cargo do Mago Editor Wellington “Macgaren”. Sério, o cara é uma máquina! Sem a equipe atual do site seria impossível a quantidade de conteúdo que produzimos e, se o Macgaren saísse hoje, provavelmente passaríamos a ter apenas um programa, quinzenal. Após gravados eu faço os posts de todos os programas. Quanto a mídias sociais vários possuem acesso, podendo postar curiosidades, imagens e vídeos. Além disso eu compartilho os programas que fazemos.
EV: O Emanuel teve a brilhante ideia de criar um grupo no Facebook em março de 2013 e ele se tornou nosso principal canal de comunicação com o público. Normalmente o pessoal não comenta nos posts ou enviam e-mails mas as discussões no grupo sempre têm envolvimento de muita gente. Recentemente também criamos um grupo no Whatsapp que sempre rende bons assuntos e ajudas mútuas.
NR: VOCÊS
TIVERAM ALGUM CONTATO
POSITIVO OU NEGATIVO COM EDITORES, ARTISTAS OU EDITORAS DO
HOMEM-ARANHA?
EV: Temos um bom relacionamento com esse pessoal. O antigo editor Rogério Saladino e a atual, Carol Pimentel, são sempre muito prestativos e amigos. Na última CCXP a Carol até saiu com a gente pra comer um lanche no shopping. Temos pouco contato com artistas, visto que a maioria é estrangeira, mas os daqui costumam ser cordiais. Vitor Cafaggi, por exemplo, sempre participa dos nossos Amigos Secretos enquanto Mike Deodato e Daniel HDR já gravaram podcasts com a gente. O HDR, inclusive, já me deu um desenho. NR: PENSAM
EM
OUTRO
NÚCLEO
DE
PERSONAGENS PARA EXPLORAR DA MESMA FORMA?
EV: Sim, inclusive já tentamos. O Demolidor foi o nosso alvo por ser um personagem que gosto e tem uma certa amizade com o Aranha porém o tempo escasso deixou o projeto parado. A minha vontade hoje seria reunir pessoas que possuem a mesma paixão que temos pelo Aranha porém por outros personagens para criar uma grande, desculpe
NR: COMO É O CONTATO COM O PÚELES CONVERSAM, OU SÃO MAIS
BLICO?
PASSIVOS
E
PROGRAMA?
NR: JÁ
SÓ
ESPERAM
ESTIVERAM
PELO
EM
PRÓXIMO
EVENTOS
FESTIVAIS COMO CONVIDADOS?
OU
EV: Como convidados foram poucas vezes. Já participamos de FIQ e CCXP como imprensa e de um Fest Comix, nesse último com um painel para discutir o então recém lançado filme Espetacular Homem-Aranha 2. O painel foi uma experiência legal pois filmamos (disponível no YouTube) e o Saladino e Cafaggi participaram. NR: ALÉM
VOCÊS
DOS
PROJETOS?
CRESCERAM
PODCASTS,
BASTANTE,
POSSUEM
OUTROS
EV: Estamos tentando colocar mais conteúdo em nosso canal do YouTube e estamos planejando algo legal no ano que vem para quem coleciona quadrinhos. Não posso entrar em detalhes mas deve rolar no próximo aniversário. NR: MUITO
OBRIGADO
PELA
ENTRE -
VISTA E DEIXO O ESPAÇO PARA VOCÊ SE DESPEDIR
EV: Gostaria de agradecer pelo convite e também deixar um para todos que estiverem lendo essa entrevista. O Aracnofã está de portas abertas para todo mundo e estamos dispostos a crescer para o caminho que esse público indicar. Valeu, Presto!
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Embarque em Patas Sujas Um projeto ambicioso de Cris Peter, no qual a premiada colorista se aventura nos roteiros de uma aventura em oito partes.
O
brilhante design de produção de Patas Sujas é apenas o início de uma bela aventura da colorista Cris Peter pelos roteiros. Um projeto pessoal de longo praso, a série em oito partes está prevista para ser lançada anualmante. E foi na CCXP de 2016 que eu abracei a ideia e comprei as duas primeiras edições.
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O primeiro elemento que chama atenção é em relação à ao formato, a capa foi impressa em papel craft que envolve o volume em canson de gramatura alta e uma cordinha de palha “lacrando” tudo. Um detalhe do design editorial que convida o leitor à leitura a partir de seu formato de convite
QUADRINHOS Ao comparar os dois primeiros volumes, mais uma surpresa, cada revista é interpretada por uma desenhista, o primeira edição por Sula Moon e a seguinte por Érica Awano. Cada uma colocando suas próprias peculiaridade, mas ambas fazendo um ótimo trabalho ao retratar e dar vida à esse cenário completamente novo criado por Cris Peter. Do design das criaturas no primeiro volume à introspectição do segundo que foca mais nas expressões dos personagens. Os desenhos ganharam mais alma ainda pela caracteristica mais crua e sem os inúmeros processos de pós-produção, como se eles fossem feitos diretamente na página, de forma a dar um ar de uma sequência de sketchs. E então chegamos ao enredo, que segundo a autora, teria surgido em um verão na praia depois de uma conversa com uma colega. A busca do sonho de escrever sua própria história em quadrinhos, onde, no formato de fábula, nos conta uma estranha lição de moral. Tudo começa quando uma bela garota é expulsa de seu vilarejo por ser diferente de
Arte de Patas Sujas
todos, mas logo é acolhida por seres estranhos que vivem em seu próprio acampamento. No segundo volume acompanhamos um príncipe que perdeu sua mãe e agora é obrigado a casar para que o reino tenha uma nova rainha, clichê? Seria, se o reino da Rainha Nima não fosse um matriarcado onde os homens servem apenas para a guerra, enquanto as mulheres que realmente mandam na política. É interessante como Peter subverte nossas expectativas sem fugir completamente da proposta de fábula, os elementos básicos continuam ali, só os personagens que se envolvem de forma diferente. Mesmo no miniconto que encerra o segundo volume, com o traço de Gustavo Borges, vemos o grande tema a ser trabalhado: o preconceito, nas suas mais diferentes facetas. É uma ótima revista que pode ser lida de forma completa, ao longo dos oito números programados (estou esperando pelos próximos heim?); ou de forma independente, pois cada volume apresenta um desenvolvimento que de certa forma pode ser entendido sem os outros; ou simplesmente pela arte, tanto os desenhos como o design gráfico das revistas. Que venha o próximo número.
As descobertas da princesa de Patas Sujas
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