Estrada também é lugar de mulher As mulheres estão rompendo velhos paradigmas e mostrando que são capazes de atuar nas áreas que desejam. Competência, perseverança e força é o que não falta
Texto Heloiza Helena C Zanzotti Fotos Arquivo pessoal
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esta edição da RE você vai conhecer a jauense Sabrina Moreira da Silva, 30, motorista carreteira. Sabrina faz parte de uma parcela de mulheres que quebram barreiras, superam desafios e fazem aquilo que amam.
COMO FOI SUA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA? Nasci em Jaú e morei no distrito de Potunduva até os 17 anos. Eu era aquela menina que vivia com os meninos na rua de casa brincando de bola, pipa, burquinha (bola de gude). Essas eram as brincadeiras que eu amava– e era só eu de menina, no meio de todos os meninos do bairro. Comecei a trabalhar cedo, aos 15 anos, em banca de calçados, pois precisava ajudar meus pais que trabalhavam duro para pagar as despesas da casa. Eles sempre me mostraram o caminho certo ...
COMO INICIOU NA PROFISSÃO? Era um sonho dirigir uma carreta e eu já tinha uma paixão imensa em fazer desse sonho uma profissão. O primeiro passo foi aos 21 anos, com a iniciativa de mudar a letra da CNH para categoria D. Aos 24 anos mudei para a categoria E e conclui alguns cursos como MOPP (Movimentação Operacional de Produtos Perigosos) - cargas explosivas - cargas indivisíveis, empilhadeira, curso coletivo e curso escolar, pois eu sabia que uma hora a oportunidade iria chegar e eu precisava estar preparada. QUAIS OS MAIORES DESAFIOS QUE ENCONTROU? A falta de oportunidade, pois todos os lugares onde eu ia pedir emprego falavam que eu era uma mulher e não tinha experiência. Muitos
É CASADA? Sim, sou casada há 7 anos com a Maiara e temos 3 cachorros que considero como filhos, é um amor sem fim.
debochavam e falavam que eu não iria encontrar trabalho por ser uma
QUANDO COMEÇOU A INTERESSAR-SE POR DIRIGIR CAMINHÕES? Esse interesse surgiu através do meu pai, que sempre trabalhou com ônibus levando a turma para colher algodão, além de caminhão munk e empilhadeira. Sempre que podia eu ia com ele para as fazendas colher algodão, eu amava tudo isso. Foi daí que surgiu a vontade de ser motorista de caminhão, eu sonhava em conhecer o Brasil através de uma carreta.
COMO É EXERCER ESSA ATIVIDADE NO DIA A DIA? VIAJA SOZINHA?
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mulher. Hoje em dia ainda há muitos preconceitos por eu ser uma mulher.
Exerço essa profissão como paixão, cada viagem, cada cidade, cada entrega realizada para mim não parece ser um trabalho, algo forçado. Todos os dias na estrada são apaixonantes, sempre apreciando as belas paisagens do tapetão. Viajo sozinha para todos os lugares e Deus me guiando sempre.