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CAP 3: MENOS SEDUÇÃO E MAIS SEGURANÇA

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MENOS SEDUÇÃO E MAIS SEGURANÇA.

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Até agora falei sobre sedução de um cargo para nós, vou comentar sobre a sedução entre duas pessoas que estão se relacionando. Você e seu paciente ou cliente. A internet está lotada de reportagens sobre assédio de médicos para pacientes e não é meu objetivo abordar isso neste livro. É um assunto triste, pois nosso juramento tem cinco séculos e até hoje não compreendemos certas coisas. Estive pensando em outras formas de sedução, a dos pacientes (ou clientes) para nós, mulheres profissionais. Em primeiro lugar, esse assunto no Brasil tem uma lacuna enorme, de tal forma que precisei buscar leitura em outro país, mas acho que se aplica aqui também, pelo menos para uma reflexão inicial. Quando liguei para nosso Conselho, um dos atendentes achou estranho pois “nunca havia recebido uma queixa assim, de paciente que deu em cima da médica”. Gente, nunca passei por uma situação destas, ou pelo menos que eu detectasse, mas temos que pensar sobre isso. A relação entre nós e os pacientes é uma relação também sujeita à entendimentos distorcidos. A depender do dia deles, e também do nosso, falamos de um jeito, usamos um tom mais alto ou ríspido ou então comunicamos algo com o corpo e... pronto! Já fomos mal interpretadas ou passamos algo que não queríamos passar. Nessa relação, como quem tem a informação técnica somos nós e já sabemos que informação é poder, o paciente pode querer seduzir para ter esse “poder” também e nesse caso, equilibrar a relação, na cabeça dele, claro. “É tudo muito inconsciente” como dia a psiquiatra Ethel Person, no artigo “Quando pacientes tentam seduzir médicos”, no Medscape de 23 de Novembro de 2016. Os pacientes têm ilusões e frequentemente não nos veem de fato como somos, criam uma fantasia e “nos vestem “ nela.

Cuidado com as profissionais que tocam nos pacientes, segundo o artigo, vocês estarão mais propícias a receberem uma investida, light ou não. Caso percebam algo de diferente, atendam sempre acompanhadas de outra colega. Em relação à um namoro profissional e paciente, o Dr. Stepnen Chantal, desse mesmo artigo, na Grã- Bretanha, que dá aula para profissionais que sofreram de algum tipo de sedução e perderam seus conselhos, ele diz que é enfático nesse sentido, “Nunca namorem seus pacientes, você não sabe o que acontecerá quando acabar essa relação”. Ele diz isso, porque viu muitos casos nos quais após o término, os parceiros denunciaram os profissionais, no caso médicos e enfermeiros, por falta de ética e olha que a relação como profissional de saúde já havia acabado há mais de seis meses (o que reza o regimento ético) para que assumissem outro tipo de relação. Enfim, sempre é um risco que se corre e temos que pensar no que podemos perder. Vou colocar minha experiência de 10 anos de consultório de Prática Ortomolecular, onde tenho que ficar no mínimo 40 minutos com o paciente e examiná-lo. Sempre penso no tom da minha voz, sou mais clara que posso ser, ouço com atenção o que ele tem a me dizer (lembrar que quem está se consultando é ele), sempre explico o exame que vou fazer (se for para tirar a camisa ou calça digo “ vamos precisar olhar a parte de trás das suas costas” ou “vou precisar medir próximo ao umbigo”), aí o nosso cérebro já sabe o que fazer. Depois de tudo isso falado e ponderado, vamos pensar na seguinte questão:

Será que eu sou suscetível a um paciente “sedutor” ou “instigador”?

FIQUE DESCALÇA E ESCUTE-SE!

Cuidado se:

Você sempre o coloca por último para dar mais atenção a ele; Se você demora mais na consulta ou atendimento;

Se você sempre arranja uma brecha na agenda mesmo estando esgotada; Se você passa do seu horário de anteder, e por fim; O que acho mais complicado: Se você sempre o atende quando ele quer, mesmo já sabendo que naquele momento não tem nenhum novo tratamento para dar.

Você pode estar se deixando seduzir por você mesmo com o pensamento “Isso nunca acontecerá comigo” ou mesmo, estar carente. Caso seja esse último, se trate, senão você não saberá onde você começa e termina o relacionamento médica-paciente, confundindo tudo.

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