8 minute read
PARA SEMPRE?
2
MELHORES AMIGAS OU AMIGAS PARA SEMPRE?
Advertisement
Fazer amizade dentro do ambiente de trabalho: Por que é tão difícil? Os tempos estão estranhos. Sua velocidade é tão grande que em um ano, temos a sensação que vivemos dois. E digo mais, dentro da nossa profissão, parece que estamos em um ônibus desenfreado que nos joga para qualquer lado aleatoriamente. Agora somando estresse, sono acumulado ou insônia, fadiga e problemas familiares isso pode ser uma bomba relógio. E se estivermos na TPM? Pronto! Nós podemos ser uma bomba relógio. Ampliando o círculo, qual é a probabilidade de ter pessoas como você ao seu lado? Muitas... Ou seja, é um ambiente altamente pertinente para “ não fazer” uma amizade, ou não, justamente por isso, podem nascer daí grandes alianças. Somos nós quem escolhemos. Pode ser que seja difícil no começo, mas todo início exige um certo treino mental, uma certa entrega e uma disposição para dar chances, muitas chances para o outro. Temos medo de nos envolver. Isso é uma verdade nua e crua. Já dizia alguém que viver é correr riscos, mas de verdade, quem, depois de uma certa idade, quer correr riscos? Queremos o conforto, as certezas, os “sim” da vida. Mas ela, a vida, não é, e nunca será assim. Viver é correr riscos e ter decepções nas amizades, é acima de tudo, uma realidade comum, por isso desculpar essas decepções está implícito na amizade. Olhar para o outro lado é preciso. O mais importante é aqui uma questão de definição:
O que você chama de amigo? O que você deseja de uma amizade?
Isso já nos ajuda bastante. Pensar sobre esse conceito já me ajudou muito. Será que seu conceito não muda com suas próprias vivências e carências? Um conceito que não muda, deve ser confiável? Será que ao evoluirmos como pessoa, nossa “régua” não deveria ser mais elástica? Se a cada experiência você estreitar mais a sua moldura mental, quem sobrará dentro dela? De vez em quando há pesquisas na internet falando sobre os benefícios mentais dos que têm amigos. Uma rede de pessoas que se possa contar ou confiar, em nossos momentos críticos - e eles existem pode apostar, é crucial para manter uma estabilidade emocional. Como já comentei, amigos são os parentes mais próximos que temos. Hoje em dia algumas pessoas já se preparam para a terceira idade comprando terrenos próximos dos amigos para construírem vilas e terem aí um final pleno de significados. E o que nós estamos fazendo? Estamos plantando não só um final pleno, mas estamos tendo um “meio” pleno também? Essa parte foi a mais difícil de escrever. Em todos os capítulos, sempre tinha algo em mente ou sempre passei por alguma situação semelhante, mas falar de amizade para adultos não é fácil, tampouco para mim foi fácil escrever sobre isso. Então inventei um jogo. E esse jogo não é para meu “eu adulto”, é para a minha criança que muitas vezes não é ouvida. Vamos pensar por uns momentos que não somos mais esses adultos chatos e cheios de razão e crenças que somos e sim, vamos tentar lembrar positivamente da criança cheia de amigos que um dia fomos. Se você não for essa criança cheia de amigos, não importa. Você teve pelo menos um amigo? Então vamos nos ater a isso. O nome do jogo é: “Jogo dos Antônimos”. Para a nossa criança interna é bem mais legal saber de antônimos que de sinônimos, certo? Ora todo mundo sabe o contrário de feio, mas nem todo mundo sabe uma palavra correspondente de “complacente”. Então meu convite é, vamos ler os próximos tópicos como crianças querendo fazer amigos, então para cada sentimento ruim que surgir que nos impeça de fazer amigos, o sentimento “antídoto” estará ao lado.
Espero que essa breve reflexão de ajude na conquista de novos amigos dentro do universo do trabalho. Não custa tentar.
Medo x Coragem
Essa foi fácil. Mas muitas vezes temos os dois andando juntos e não tem problema algum nisso. O medo nos protege. Quando vamos falar em público, quando começamos em um emprego novo com pessoas novas, quando trocamos de cidade parece que estamos sozinhos e nos protegemos, temos medo nesses casos. Isso é normal, senão não seríamos humanos. O medo nos preserva, mas temos que tê-lo sob controle e não ele a nós. Temos que saber onde estamos pisando, quem são as pessoas que nos rodeiam, mas isso não precisa nos paralisar. Já pensou que elas também estão com o mesmo sentimento? Tenha coragem para olhar no olho, dar um bom dia, expressar um sorriso. Coragem para ir com calma ou rápido, ir no seu ritmo, mas ir. Tenha coragem para ouvir e ter curiosidade genuína sobre o que lhe falam. Nem tudo lhe agradará, mas pelo menos você teve coragem para se abrir a uma possibilidade. Tenho certeza que nesse local novo de trabalho há muitas “crianças” também interessantes. Não perca elas de vista.
Frustração x Recomeço
Essa dupla é um pouco mais delicada, porém também dá para brincar. Acho que todo mundo já se frustrou com uma pessoa que chamava de amigo ou amiga. Seja porque você tenha razão, seja por que você fantasiou o jeito que ela deveria agir... Não importa. Talvez quando você era criança de fato, sempre teve todos os seus desejos atendidos e nunca “ficou no vácuo”, mas agora você cresceu. Precisa ver que as pessoas são o que são e a vida é bonita exatamente por isso. Não controle ninguém, você não precisa disso. Acima de tudo não se controle. Seja o que você é e deixe que os outros sejam.
Depois de uma frustação, respire fundo. Esfrie a cabeça e pense no porquê isso aconteceu. As pessoas têm criações distintas, reflexões distintas, valores também. Se é uma pessoa boa que te ensina muito, recomece. Zere tudo, é um exercício e tanto, deixe a frustração ir e recomece.
Decepção X Perdão
Isso é um pouco mais grave que a frustração. Coloquei o perdão aqui porque existem decepções que calam no fundo da alma e nos envelhecem, no sentido da perda, em questões de minutos. Quando falo em decepção são as falhas de caráter, são as trapaças, são coisas que os amigos optaram por fazer e não nos levaram em conta. Ou fomos nós mesmas que fizemos e não levamos em conta aquela amizade que nos foi dada. Em qualquer um dos casos, os atos ruins não podem nos acompanhar por toda vida. Aconteceu, refletimos e andamos para frente. Quer sejamos o objeto da decepção de alguém ou quer decepcionemos uma amiga, vamos perdoar. Aqui não vejo como fazê-lo sem ajuda espiritual, pois o perdão é o mais difícil dos sentimentos e na minha opinião, temos que buscá-lo muitas vezes fora de nós, com o nosso Criador. Nem sempre dá para retomar a amizade, mas pelo menos nós não seguiremos carregando mais “lixo mental”. O mais importante é saber que sempre podemos nos arrepender e que um fato isolado não nos descreve pela vida toda. Se perdoe e perdoe.
Apego X Afetividade
O apego é uma forma de medo disfarçado. Apego é quando tenho o sentimento de posse, mas não somos “coisas” pertencentes a ninguém, nem nossa amizade é exclusiva. Tampouco podemos exigir isso, a liberdade do ser é o que nos atrai. Perdendo essa liberdade nos perdemos de quem somos. No colégio tínhamos as “panelas”, nem queríamos fazer amizades com pessoas diferentes e nem queríamos deixar que nossas amigas fizessem novas amizades.
O contrário desse apego é demonstrar a afetividade com outras pessoas, conhecer outras formas de viver e respeitar essas formas. O apego também é uma forma de paixão, na qual vemos só o objeto desse sentimento. Não sufoque e nem se deixe sufocar. Libere esse passarinho que se chama amizade.
Co-dependência X Amor próprio
Apesar de ser muito comum a palavra dependência e sabermos o que significa, a co-dependência ainda não está muito bem compreendida. Para nos aprofundarmos mais, indico o livro “Co-dependência nunca mais “de Melody Beattie, editora Bestseller. Para mim, co-dependência é o ato prejudicial de vivermos em função de alguém e nos esquecermos de nós e ao final, ainda culparmos o mundo pelos nossos fracassos. Isso é mais comum do que se imagina e fazemos isso conosco e com os outros a toda hora. Muitas vezes temos alguns amigos que precisam mais de atenção que outros, por doença física ou algum transtorno real, então naturalmente nos transformamos em guardiã desse amigo. Porém quando ele melhora, nos vemos sem essa função e nós mulheres gostamos de cuidar. Cuidado! Não caia na armadilha de resolver as coisas pelos outros. Se você pode ajudar, ajude. Se não pode, diga não e não se culpe. Essa dependência do outro tem tudo a ver com uma baixa- auto estima. Se conheça, se goste. Goste da sua história torta. Não ceda a chantagens nas amizades e nem deixe ser chantageada. Ninguém gosta de ser controlado. Cada um tem seu caminho.
Inveja X Compaixão
Ninguém admite, mas a coisa mais biológica depois de parir é, nós mulheres, termos inveja. E por favor, não existe inveja boa. Isso é apenas um eufemismo, que nos colocaram para não termos mais culpa do que estamos sentindo por ter inveja. Todas nós já tivemos e fomos invejadas na mesma proporção. Então o jogo está empate, certo?
A primeira coisa que temos que pensar para acalmar o nosso coração é: Isso é apenas um sentimento. Não temos o poder de mandar qualquer sentimento negativo atrapalhar a vida de ninguém, ao mesmo tempo que ninguém também tem esse poder sobre a nossa vida. Pronto! Acabou-se! A não ser que você tenha obsessão por alguma amiga, nesse caso recomendo ajuda profissional, você é normal. Temos inveja de quem está do nosso lado, não daquela pessoa que não conhecemos. Quando tenho inveja, rapidamente procuro pensar que aquela pessoa também tem seus dias ruins, assim como eu. Procuro ver que ela como ser humano também tem seus “altos e baixos”, sobe no salto e desce do salto, que em algum quesito eu sou boa e ela pode não ser tanto. Procuro enxergar coisas da minha vida que me orgulho, como minha trajetória profissional e como ouço bem as pessoas. O objetivo desse pensamento não é desmerecer ninguém em absoluto, mas sim não me deixar tão para baixo no momento em que estou sentindo inveja. Repito, não existe nenhuma pessoa que já não tenha sentido inveja antes. Mesmo aquela amiga que você ache que tem tudo. Agora, se a maior parte do tempo o foco da sua vida está na vida da outra, você pode estar necessitando de ajuda para se encontrar. Faça uma reflexão sobre isso.