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Gráfico 2: Consumo de podcast

em home office e espalhados pelo Brasil. Partindo dessa abordagem, e devido ao distanciamento social ainda vigente, o diálogo é uma excelente saída para aproximar, como der, cada um, mesmo que estejam em casas e realidades diferentes. Se colocado no papel, a teoria é perfeita. Mas, na prática, não flui muito bem assim. Na pesquisa realizada com os profissionais da BRQ, através da plataforma Microsoft Forms, é possível observar que mesmo com a busca de atingir a todos, de forma igual, não acontece; e 14% dos respondentes relataram que não ouvem o Feracast por falta de tempo (Gráf.2).

Gráfico 2: Consumo do podcast

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Gráfico retirado da pesquisa feita via Microsoft Forms, em setembro de 2021. Fonte: autoria própria.

As circunstâncias que podem ter gerado esses dados são várias, e falaremos sobre o consumo de conteúdo por demanda mais à frente, mas observa-se que, assim como uma conversa presencial entre amigos, a Comunicação Interna ainda depende da disponibilidade de tempo dos ouvintes, que por sua vez permanecem na dispensação de tempo entre suas tarefas, que não cessam. Então, o desafio de humanizar a mensagem que é passada internamente segue constante para a equipe de Endomarketing da empresa que se predispõe a ouvir o seu público.

3.3 Imersão através do som

Gravar, editar, cortar, sonorizar, equalizar e publicar: verbos no infinitivo porque a produção de um podcast exige essa flexibilização. E no Feracast, o objeto de estudo dessa pesquisa, a identidade sonora, é sinônimo de fidelização dos ouvintes, segundo a Designer e Editora Biatriz Alves, que faz parte da equipe de produção do podcast e é responsável por fazer a “magia acontecer”. Em uma entrevista realizada virtualmente, através da plataforma Zoom Meetings, ela divide o seguinte pensamento: “O som também é uma identidade. E como o podcast não é um produto físico, é muito importante que a pessoa reconheça o produto só de olhar a divulgação, ou de ouvir a vinheta no começo do episódio, por exemplo” (ALVES, 2021, Apêndice E) Como afirma Biatriz, a importância de ter uma identidade original e com referência direta ao produto divulgado está no destacamento entre tantos podcasts ou outros produtos existentes. Quando o narrador traz sua própria identidade ao podcast, unindo com a edição personalizada, reflete a aproximação necessária para que o ouvinte reconheça o programa em meio a pluralidade da podosfera. O podcast traz o ouvinte pra perto através do poder que o áudio e a edição bem-feita, exercem. Mas é possível abordar nesse estudo a magnitude que a sonorização tem, além de criar uma identidade. Quando um produto é lançado ou estreado e não existe uma foto, um objeto ou uma forma de tornar aquilo palpável, ele está fadado ao esquecimento. Então, qual seria a solução para o podcast? Investir em sua marca através das ferramentas que possui: áudio, voz e um conhecimento básico de edição. Pensando exclusivamente na abertura do podcast da BRQ, um rugido de leão, traz um significado enorme ao ouvinte, pois internamente os profissionais são denominados de “Feras” através das comunicações, campanhas e conquistas, o que é um facilitador para chamar a atenção daquele que reproduziu uma faixa do Feracast. Os elementos "voz, ruídos, música e silêncio" falam com o subconsciente, palco das emoções, e esta é a explicação do poder da linguagem. Relacionando diretamente com o Feracast, o profissional ouve o rugido no começo de cada episódio e já se identifica com aquilo, podendo dizer para si: “Isso foi feito pra mim!” .

A professora Gisela Ortriwano (1948-2003), uma das maiores especialistas em rádio jornalismo do Brasil, falou muito a respeito da linguagem radiofônica, da paisagem visual e do quanto é prazeroso ter a liberdade para imaginar. A interatividade é um desejo antigo do ouvinte, nos tempos do rádio a abertura que havia para interagir era pequena, mas hoje, a maioria dos podcasts evoluem graças aos feedbacks que recebem através das redes sociais. por exemplo, os narradores curtem falar que receberam sugestão de algum ouvinte, ou falam o famoso “atendendo a pedidos”, para demonstrar proximidade. Então, o áudio, que era pra ser apenas um transmissor de mensagem, passa a fazer parte da troca riquíssima entre quem o produz e quem o consome. Na entrevista virtual, Biatriz faz uma observação pessoal como ouvinte de podcasts que consome: “Quando eu escuto podcast, principalmente no home office, sinto que tem alguém conversando comigo. Você dá risada junto, ou se simpatiza com a fala, prendendo sua atenção como se fosse uma conversa mesmo” (ALVES, 2021, Apêndice E) Mas se não há uma sinergia entre os narradores, o público e o meio que é transmitido, é necessário voltar e abordar a produção de forma diferente. Para uma empresa implantar um podcast interno, que mais adiante será tratado de forma profunda, é necessário estar preparada com o que ninguém ensina, mas todo mundo aprende: comunicação. Conhecer o ouvinte vai além de saber qual o nicho que os profissionais daquela empresa atuam: chega a ter relação com a vida e tudo com o que eles se assemelham e se identificam na hora de se informarem. Então, se a empresa possui um público que não é consumidor assíduo de podcast, a apresentação da novidade muda de foco e tem potencial de ficar mais rica, pois não só estreia esse canal de comunicação, mas faz com que quem escuta se sinta acolhido, – assim, pode gerar um resultado positivo. Na entrevista virtual, Isabela Medeiros compartilha um caso de quando foi contratada para implantar um podcast interno em uma empresa de contabilidade:

Fui fazer um piloto pra uma empresa e eram profissionais de mais idade, então não era simplesmente lançar o podcast e mandar o link pra eles, não são da geração dos streamings, então eu tive que voltar alguns passos e ensinar como se consumia aquela mídia (MEDEIROS, 2021, Apêndice C).

A imersão está em abraçar o público-alvo desse canal de comunicação e caminhar junto com ele, seja através de uma referência sonora na abertura do episódio, vozes conhecidas relatando as novidades, uma entrevista em clima agradável de respostas ou sugestões de quem consome. A sensação é de uma eterna conversa. Quando não se tem o apoio de imagem, expressões faciais ou interações físicas em uma comunicação, a exigência de produzir um material que prenda única e exclusivamente pela sinergia entre fala e informação aumenta. Mas o áudio é inclusivo. Há espaços para julgamentos? Com certeza, mas não são os mesmos que aconteceriam em um vídeo, por exemplo. Comparando o Podcats, um arquivo de áudio gravado para difusão com o Videocast, que é a mesma mensagem, porém gravada em vídeo, temos um exemplo claro da diferença entre ter e não ter a imagem como parte do entretenimento do consumidor daquele produto. Conforme alguns apontamentos da Editora do Feracast, Biatriz Alvez, conseguimos visualizar as possíveis diferenças de captação de som entre os produtos citados acima: “No Youtube, por exemplo, existem muitos cortes, pra manter a edição perfeita. No podcast, não. E é isso que traz a proximidade de uma conversa, a naturalidade através do áudio – porque na vida real, a gente gagueja, dá risada e fala coisas fora do roteiro” (ALVES, 2021, Apêndice E) Reflita se já consumiu um videocast no Youtube: caso a imagem fosse cortada e o programa fosse apenas relatado com apoio do áudio, seria a mesma coisa? Provavelmente não, pois os roteiros desse produto são executados de forma que som e imagem entrem em convergência. E é desse ponto que os desafios do podcast se divergem do videocast. Em Paciente 63 (2021), uma audiossérie original brasileira lançada pelo Spotify, que explora várias temáticas de ficção científica como viagem no tempo e futuros distópicos e faz uma reflexão sobre futuro através do presente, é possível notar o poder que a sonorização combinada com as narrações imprime uma paisagem sonora em que o ouvinte imerge. “Ouvir uma série de áudio gera a intimidade necessária para a autorreflexão. Você faz parte da história porque ajuda a construi-la", comenta o criador da áudiossérie, Júlio Rojas (MARAGÃO, 2021). Não é preciso ser uma série original Spotify - serviço de streaming mais popular e usado do mundo, para entregar uma experiência imersiva ao ouvinte, principalmente com comunicação interna. Quando Júlio menciona que a edição bem-feita faz com

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