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Figura 1: Participação do profissional

Figura 1: Participação do profissional

Captura de tela feita em 08/04/2021, contendo um comentário realizado no Workplace, após a publicação do 2º episódio do Feracast, onde o profissional sugeriu a implementação das entrevistas no programa.

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Os benefícios de trazer o podcast para comunicação interna, no caso da BRQ, foi dar voz aos colaboradores em meio a tantas formas de se comunicarem. Evidenciando as mudanças no podcast, a mensagem transmitida é de que o conteúdo está literalmente sendo produzido por eles e a eles, e não somente como mais um meio de comunicação para ser acessado. Ao se sentirem parte de um meio que tem como foco informá-los, e onde possuem liberdade para conversarem diretamente com quem produz conteúdo é plausível afirmar que o fenômeno da vida através das telas tem abertura para humanizar as realções, mesmo que por meio da internet. Como afirma Castells (1996-2000, p. 69), a medida que os usuários tomam para si uma tecnologia, eles tem o poder de redefini-lá. Isso pode acontecer direta ou indiretamente, mas a forma de fazer comunicação nos dias atuais tende a ter o foco em pessoas, não somente em instaurar uma nova plataforma e impor o consumo, pois a discussão sobre a importância do usuário ter uma experiência positiva sobre uma plataforma é de grande interesse de quem produz. Mais a frente, a presente pesquisa abordará os efeitos que métricas estabelecidas e alcançadas tem na perpetuação de um projeto lançado como teste e de que forma o feedback do consumidor, e no caso do podcast, o ouvinte, intercede sobre os próximos passos.

2.2 Conexão Cultural

Anteriormente, a pesquisa abordou sobre os impactos que a plataformização da vida trouxe com afinco, no último ano principalmente, e de que forma as telas estão inseridas, interferindo ou facilitando as atividades diárias. É possivel usar a seguinte abordagem: o aumento do consumo de podcast no Brasil é uma consequência da globalização, tratando-se do cenário midiático. Pode ser vista como uma suposta eliminação cultural de outro canal de comunicação ou uma chance de propagação maior daquele conteúdo, graças à plataforma onde está hospedado. Para Jenkins (2014, p. 345), a propagação de uma mídia está diretamente ligada a capacidade técnica e cultural de uma comunidade e é nesse raciocínio que a implantação de um novo canal de comunicação precisa ser analisada, antes da inserção dentro das empresas.

A queda das barreiras, a abertura do Windows e o surgimento do PC tudo isso combinado para empoderar mais indivíduos do que nunca a fim de se tornarem autores de seu próprio conteúdo em forma digital. Depois, a difusão da internet e o surgimento da vida, via web, graças ao navegador e às fibras ópticas, possibilitaram a mais pessoas do que antes se conectar e compartilhar conteúdo digital com outras pessoas por menos dinheiro do que em qualquer momento anterior. (...] De repente estava disponível uma plataforma para colaboração que todo tipo de pessoa do mundo inteiro podia agora ligar e usar, competir e se conectar, para compartilhar trabalho, trocar conhecimento, iniciar empresas e inventar e vender produtos e serviços. (FRIEDMAN, 2005, p. 92 apud. JENKINS, GREEN & FORD, 2014, p. 344).

Como afirma Jenkins (2014, p. 344), ao citar um apontamento do autor Thomas Friedman (2015), a convergência de várias tecnologias pode sim acarretar prejuízo para as mais antigas, mas também pode significar que a informação detém um poder maior sendo disseminada por vários emissores. Inserir podcast em endomarketing é uma forma de “vender” as informações aos profissionais de uma forma diferente, colaborativa e acessível de qualquer lugar que a pessoa esteja, contanto que tenha acesso a internet, e é nesse ponto que a obra Cultura da conexão (JENKINS, 2014) friza a importância do consumidor estar conectado 100% do tempo, pois aquilo que não se propaga, morre.

Como afirma Julia Helen (2014, p. 83), em sua resenha sobre a obra de Jenkins, atualmente, a cultura do público de ser apenas consumidor está sendo quebrada, ele se vê no papel de participar, discutir, interagir, criticar, e principalmente espalhar aquilo que recebe. Mais a diante, a pesquisa abordará como que os profissionais participaram de forma ativa do Feracast, contribuindo assim para a evolução do projeto, mas o que é necessário salientar é que com esse movimento, os consumidores de conteúdo estão se tornarndo os produtores, mesmo que indiretamente. O estudo da conexão que há entre o emissor, o meio e a mensagem, no caso da produção do Feracast foi pautado nos canais que os profissionais tem acesso, os ambientes que eles conectam durante o trabalho e de que forma a informação chegaria de maneira mais eficiente a todos. Pensando no impacto que uma mídia tem em gerar significado e valorização, tornando-se propagável a medida que os consumidores se assemelham à ela é que a equipe responsável pela implantação de um projeto para comunicação, como o podcast, tem que focar.

3. ENDOMARKETING E AS NOVAS MÍDIAS

Essa parte do estudo procurará explicar como a tecnologia e os novos meios de fortalecimento da marca interna contribuíram para uma nova visão da empresa sob a área de endomarketing, aproximou as pessoas (mesmo que cada uma em sua casa) e imergiu os profissionais a se engajarem nas comunicações internas. O Endomarketing, como a própria nomenclatura já diz, é a realização do ‘marketing para dentro’, ou seja, é o marketing interno preocupado com a formação e a motivação dos funcionários de uma empresa, para que eles possam tratar de maneira ágil e solícita os seus clientes. Isso pode ser comprovado com a afirmação de Bekin (2004, p.3), que foi o pioneiro no Brasil a utilizar o conceito de Endomarketing, “promover entre os funcionários e os departamentos os valores destinados a servir o cliente ou, dependendo do caso, o consumidor”. Como cita Saul Bekin, o então gerente de produtos da empresa Johnson & Johnson, na década de 70, os profissionais que excercem o papel de endomarketing nas empresas têm como único cliente os próprios funcionários e como objetivo final promover sinergia através de suas ações internas. Trazendo para a realidade, a área de endomarketing de uma empresa tem como foco prover bem-estar para os profissionais, desenvolver uma cultura inclusiva e quase criar um estilo de vida corporativo que é possível.

3.1 Apresentando: a inovação da Comunicação Interna

O podcast não foi descoberto ou criado recentemente. Mas ser inserida em endomarketing para fins de comunicação interna é onde está a novidade para as empresas que adotaram essa nova mídia como estratégia e como foi o caso da BRQ Digital Solutions, na criação e execução do Feracast. Em entrevista realizada virtualmente, através da plataforma Zoom Meetings com Isabela Medeiros, jornalista, professora e produtora de podcast, é citado que o podcast, antes de colocarmos vários nomes, é uma conversa que chega a qualquer lugar; então, precisamos voltar e simplificar essa modernidade, ressurgindo com a raiz da mídia em áudio: o rádio. Ferraretto, Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pontuou (2020): “Para além do que o senso comum considera, o passado não

se extingue totalmente e há sempre a possibilidade de que surjam novos indícios ou provas a respeito de algo” (FERRARETO, 2020, p. 12) Como aponta Ferrareto, toda e qualquer troca de comunicação entre seres humanos é o que mantém a proximidade das relações, independente da distância. Hoje, o rádio não cumpre as mesmas funções, por exemplo, de quando surgiu no caso das radionovelas. E apesar do foco majoritário ser as notícias diárias ou reprodução de faixas musicais, é nele que está enraizado o podcast, que por ser uma modalidade nova, ainda depende de testes para saber em quais casos e como pode dar certo. Na Comunicação Interna não seria diferente. Ao abordar a Época de Ouro do Rádio, Ferrareto (2020) coloca em questão a ideia de interatividade, quando comparada ao contexto atual.

Por que usar a expressão “época de ouro” se a participação do ouvinte, embora existente, era muito menor do que a verificada na contemporaneidade, sob a vigência das redes sociais? Por que usar a expressão “época de ouro” se a presença do meio na residência das pessoas estava limitada à existência da rede de energia elétrica da qual dependiam para funcionar aparelhos valvulados de tamanho considerável? (FERRARETO, 2020, p. 16)

Se na Era de Ouro do Rádio a eletricidade representava a grande inovação técnica, hoje o formato de podcast está mergulhado em um tipo de ambiente digital que influencia o modo como o público recebe o produto. No endomarketing, essa característica vem sendo direcionada para resolver os desafios diários, fazendo com que a comunicação prevaleça e chegue de forma rápida e eficaz aos profissionais, demonstrando que não importa como o dia dele esteja corrido, a área se adaptou à rotina e entregou a informação com a mesma intenção e qualidade que fora publicada em rede social interna, por exemplo. A história é respaldo e facilitadora na hora de implantar essa mídia internamente nas empresas, que abordaremos mais pra frente, nesse estudo. Por exemplo, o profissional pode não consumir de forma deliberada o podcast, mas pode haver uma memória de infância onde a família se reunia para ouvir as notícias através do rádio e que remeta à familiaridade. McLuhan (2005, p. 145) viu o rádio como uma nova mídia que provocava efeitos transformadores na sociedade, e concluiu que esses vão destacar, obsolescer, resgatar e reverter. Qual seria o efeito do podcast em uma área considerada conservadora, como o endomarketing?

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