habitat Fevereiro e março 2023 | Número 12
BRASILIDADE
O nosso caldeirão cultural é plural, obra das terras de dimensões continentais, das fronteiras diversas, da gente criativa e original. Venha conhecer as origens do conceito e quem faz dele um tesouro nacional p. 14
Entrevista A curadoria de arte feita por Ticiana Martinez revela um Brasil de valor p. 26
Mundo Os destaques da Maison & Objet, que faz de Paris o melhor destino p. 58
habitat EDITORIAL
Gustavo Caboco.
SIM, NÓS TEMOS BOROGODÓ!
A
s referências múltiplas, que formam o caldeirão cultural nacional, se misturam e viram magia pura - o nosso borogodó, que virou conceito e chancela para o produto nacional. A brasilidade, talhada à base da heterogeneidade, é tão fantástica, que parece sobrenatural. É feita de todas as cores, cheiros, temperos, sabores, samba, forró, vanerão e xaxado. Tudo traduzido em arte, arquitetura, artesanato, design, comunicação e marketing. Porque, sim, nós temos borogodó! A brasilidade é facilmente percebida e amplamente admirada. Criatividade, inovação, descontração, ineditismo, um jeito próprio de misturar cores e materiais são os nossos atributos.
A Habitat revirou suas raízes, brasileiras de corpo e alma, e selecionou uma amostra de talentos nacionais, que revolucionam o mundo à sua volta, com personalidade forte, talento e um jeito brasileiro de fazer as coisas e transformar o planeta. Nossa economia é criativa, nosso design é descontraído e nossa natureza é particular. Nossos pés estão no samba. E, se fôssemos vocês, também entraríamos nesta dança! No mais, comemoramos juntos o centenário do Copacabana Palace, um hotel que nos devolveu a alegria de viver, depois da Primeira Guerra Mundial e da Gripe Espanhola. Banhado de sol e à beira de uma das praias mais famosas do mundo, ele também é produto nacional. Boa leitura.
EXPEDIENTE
Publisher: Cíntia Peixoto, cintia.vieira.peixoto@gmail.com e (41) 99225-7610
habitat
Comercialização: Saltori Mídia Estratégica, saltori@saltori.com.br e (41) 99996-9995 R SALTORI REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS LTDA | 05.552.266/0001-60
Revista
RM
Contato: arevistahabitat@gmail.com Direção de arte: Igor F. Dranka Edição: Larissa Jedyn Redação: Larissa Jedyn Redes sociais: Cristina Fontoura Consultoria, consultoriacristinafontoura@gmail.com -
/acristinafontouraconsultoria
Créditos: Plomp/Snøhetta, Neoscape, AMNH, MAD, MVRDV, Minmud, Fender Katsalidis, Ahmed Wahba, Heneghan Peng, OMA, DBOX for Mori Building Co., Foster + Partners, The Boundary, Herzog & de Meuron, Studio Horak, MIR, Moare, Albari Rosa/AEN. Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes
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BRASILIDADES.
Brasilidade é produto nacional!
ENTREVISTA.
Ticiana Martinez desvenda a alma nacional com seu trabalho de curadoria de arte popular
COLUNA SPECTRUM.
Os múltiplos talentos de Lina Bo Bardi
HISTÓRIA.
O centenário do Copacabana Palace
ARQUITETURA.
Os projetos mais aguardados do ano em todo o planeta
MUNDO.
Maison&Objet faz de Paris a capital do design
SOBRE MORAR.
Arte, alma cosmopolita e tradição no apartamento de Rodolfo Fontana
COLUNA É DESIGN.
Um mercado feito de afeto e aquarela
HOMENAGEM.
O legado deixado por Pedro Nehring, um dos idealizadores dos jardins de Inhotim
COLUNA CALEIDOSCÓPIO.
Cultura, ingredientes e sabores na nova casa da Chef Morena Leite
GASTRONOMIA.
Bosque e parrilla, a boa combinação do Maria Eugênia Gastronomia & Natureza
COLUNA CONEXÃO.
O que está rolando na cidade
OPINIÃO.
A graça da vida desconectada
PONTO DE VISTA.
O ano do Núcleo Paranaense de Decoração
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habitat QUEM SOMOS
Equipe Saiba quem faz a Revista Habitat
CINTIA PEIXOTO
RENATO SALTORI
IGOR DRANKA
LARISSA JEDYN
Cintia Vieira Peixoto é a nossa publisher e conta com mais de 20 anos de experiência no mercado editorial local e nacional
Renato Saltori é o diretor comercial da Habitat, e atua há muitos anos no mercado editorial de publicações de clubes
Designer com mais de 10 anos de experiência no mercado editorial de impressos
Larissa Jedyn é jornalista, editora da Habitat e com experiência no mercado de revistas
ROGERIO SALTORI
MARIO RIBEIRO
CESAR FRANCO
PAULA CAMPOS
Atendimento comercial da Saltori Mídia Estratégica.
Atendimento comercial da Saltori Mídia Estratégica.
Cesar Franco é relações públicas e é o colunista social da Habitat
Paula Campos é arquiteta e home hunter. Ela assina a coluna Sobre Morar com Gabriela Riet
CRISTINA FONTOURA
RODOLPHO GUTTIERREZ
ISABELA FRANÇA
DÉBORA MATEUS
Cristina Fontoura, trend hunter e especialista no mercado de luxo, é quem comanda o instagram da Habitat
Rodolpho Guttierrez é designer, empresário, conselheiro do Centro Brasil Design e assina a coluna É Design na Habitat
Isabela França é jornalista, mas poderia ser arquiteta, marchand ou chef de cozinha. Sempre com um largo sorriso no rosto, sua marca registrada.
Débora Mateus é curadora, comunicadora especializada em moda e marketing com vivência internacional. Assina a coluna Spectrum, um guia sobre talentos do design, arte e experiências.
Publisher
Comercial
colunista
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Diretor de Arte
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Editora
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Coluna INSTAGRAM por Cristina Fontoura
@revistahabitat
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LOUIS VUITTON VOLTA A FAZER UMA COLAB COM A ARTISTA YAYOI KUSAMA. Esta é a segunda vez que a maison trabalha com a japonesa, uma das artistas contemporâneas mais importantes da atualidade, aclamada pela crítica, conhecida por seu uso repetitivo de pontos, bolas e materiais reflexivos, que oferece cores e a impressão de tinta fresca, propositalmente pintadas de forma irregular. Arte, moda e design estão mais do nunca unificadas, dando as coordenadas para as próximas tendências! @louisvuitton @yayoikusamamuseum
100 ANOS DO COPACABANA PALACE. UM ÍCONE CARIOCA
DAVID ADJAYE PROJETA A SEGUNDA TORRE MAIS ALTA DE MANHATTAN.
A famosa história do mais tradicional e luxuoso hotel do Rio de Janeiro começou com sua construção pelo empresário Octávio Guinle, em 1923, por sugestão do então presidente da República, Epitácio Pessoa. Projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire e inspirado nos famosos hotéis Negresco, em Nice, e nos hotéis Carlton, em Cannes, o Copacabana Palace, a Belmond Hotel, é desde então um símbolo de excelência e hospitalidade no Brasil e no mundo. Para contar a história do Copa sob diferentes perspectivas, ao longo do próximo ano o hotel receberá 100 personalidades, entre artistas, formadores de opinião, celebridades, jornalistas e convidados.
O projeto se chama Affirmation Tower, é na 11ª Avenida, junto ao Hudson, onde abrigará dois hotéis, um mirante, uma pista de gelo, além de lojas e escritórios, incluindo a sede da NAACP, Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor.
@belmondcopacabanapalace
@adjaye_visual_sketchbook
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E A BRASILIDADE, O QUE É? O nosso caldeirão cultural é fundo e nele cabem referências múltiplas, que se misturam e viram borogodó puro. Conceito que é traduzido em linguagens diversas e marca a boa produção nacional
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ara entender o Brasil - o Brasil das matas frondosas e do samba no pé, do mar sem fim e da gente sorridente, da economia criativa, da gastronomia inventiva e do design descolado - é preciso mergulhar de peito aberto e olhos atentos. E nem pense em se contentar com as convenções. O caldeirão cultural nacional é fundo e nele cabem referências múltiplas, que nem sempre se misturam, mas, às vezes, viram magia, que pode ser chamada de borogodó, brasilidade, personalidade forte.
Olhe quantas naturezas moram no Brasil. Tem praia e tem sertão, tem floresta, pantanal, morro, planície. O Brasil tem também gente de todo jeito. Caboclo, indígena, negro, branco, oriental, gringo que veio e ficou e assim se fez a miscigenação. De raças, credos, temperos, sotaques, perfumes e música. Nossa festa é plural. O sangue pode até não ser puro, mas é sangue bom.
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SOMOS PARTE DO TODO
De acordo com o sociólogo Muniz Sodré, talvez a característica mais marcante da “brasilidade” hoje em dia seja a percepção nítida da diversidade humana. “A heterogeneidade sempre foi um traço singular do Brasil, mas hoje acadêmicos e meios de comunicação tornam claras as diferenças entre citadinos, povos originários, quilombolas, sertanejos, ribeirinhos e outros.” E, para a jornalista Néli Pereira, pesquisadora, mixologista, consultora de “brasilidades” e autora do livro Da Botica ao Boteco, essas brasilidades são fantásticas porque parecem sobrenaturais, são encantadas e, ao mesmo tempo, palpáveis - podem ser alcançadas, porque resistem. “Formaram, nas frestas e nos riscados, as nossas brasilidades. Eu poderia até tentar descrevê-las: o som da batida do tambor, a cor dos bois Caprichoso e Garantido, do vermelho escarlate do urucum, que
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chega a manchar a pele, o gosto da mandioca com manteiga derretida, do cuscuz quentinho, a pulsação inebriante e contagiante de uma roda de samba, a elegância sem igual no mundo de velhas guardas e guardiãs da nossa cultura. O ramo da benzedeira, o banho de cheiro. Mas brasilidades não se descrevem, se sentem”, escreveu em uma coluna publicada na revista Vogue. “Olhando mais a fundo, para a cosmogonia de alguns dos nossos povos originários e de outros que aqui chegaram, não há distinção entre o natural e o sobrenatural. Porque tudo é da natureza, tudo é um mundo só. E se é assim, então, incrivelmente, nós fazemos parte dele. Esse é talvez o maior aprendizado, e o espanto com o qual não conseguimos lidar. Como assim, somos parte desse universo tão fantástico?”, completa ela, sugerindo um brinde com cachaça a todas essas realidades que orgulham e arrepiam.
SENTA, QUE VEM HISTÓRIA
IMAGEM É TUDO
Quando se aplica o conceito da brasilidade na arte, no artesanato, no design, na arquitetura, a viagem é ainda mais fantástica. Segundo Ana Brum, do Centro Brasil Design, a brasilidade é facilmente percebida e amplamente admirada quando se olha de fora para dentro do país. Mobiliários, maquinários, moda, arquitetura, comunicação e branding, por exemplo, estampam suas superfícies com criatividade, inovação, descontração, ineditismo, um jeito próprio de misturar cores e materiais - todos atributos muito valorizados em concursos internacionais e identificados imediatamente como brasileiros. “A cosmética é uma das áreas que melhor usa esse conceito de brasilidade, não só na concepção dos produtos em si, mas em toda comunicação visual e verbal, que exalta a miscigenação, a natureza exuberante, as cores, os frutos e ativos nacionais”, comenta.
O iF Design Award, um dos mais importantes prêmios de design do mundo, trouxe recentemente um editorial dedicado à história do design e da arquitetura brasileira - de Oscar Niemeyer a Guto Requena. Segundo a publicação, o design, como todos os outros aspectos da cultura brasileira, é definido pela arte de misturar tradições e influências díspares para criar algo totalmente novo. Em um histórico breve, a publicação destaca que “as duas décadas entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da ditadura militar (1945-1964) foram um período de extraordinária liberação criativa no Brasil. Os europeus que fugiram para o Brasil criaram e se beneficiaram de um clima único de esperança, experimentação e crescimento econômico. Artistas como Tarsila do Amaral e Cândido Portinari, designers de móveis como Joaquim Tenreiro e Martin Eisler, paisagistas como Roberto Burle Marx e Mina Klabin e, claro, arquitetos como Sergio Rodrigues, Rogério Duarte, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer tornaram-se os principais protagonistas de uma cultura de design exclusivamente brasileira”. O modernismo, conforme o editorial, encontrou um novo sopro de vida no Brasil, produzindo uma alternativa mais opulenta às abordagens frias e lineares de modernistas europeus. Brasília foi o símbolo e produto por excelência desse período, com o conjunto escultórico de prédios de Oscar Niemeyer. Agora, os brasileiros estão redescobrindo a herança modernista. O Estúdio Campana, por exemplo, elevou materiais comuns, mesmo descartados, a móveis clássicos. Eles também anunciaram o anseio de designers brasileiros de trabalhar em outros segmentos e de formas mais sustentáveis e responsáveis ambiental, social e culturalmente. Fev. Mar. 2023
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Gustavo Caboco
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ELES SÃO A CARA DO BRASIL A brasilidade é plural, obra das terras de dimensões continentais, das f ronteiras diversas, da gente criativa e original. Traduzir tantas referências, retiradas das fontes naturais, da expressão cultural primeira, das cores vibrantes, dos cheiros, dos temperos, dos cantos e das danças e das rezas, é outra prova de coragem e qualidade dos nossos artistas, artesãos e designers. Eleger poucos é tarefa inglória, mas a seleção, necessária para f ins editoriais, faz um recorte de um universo colorido, rico, representativo e que nos enche de alegria e orgulho.
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SÉRGIO RODRIGUES
O abraço generoso de uma poltrona mole de Sérgio Rodrigues dá a tônica do trabalho autoral do maior nome do design do imobiliário nacional, conhecido no Brasil e no exterior como criador do móvel genuinamente brasileiro. Como outros modernistas do seu tempo, Sérgio era um sedutor. Se inspirava na sensualidade das curvas do relevo das montanhas e dos corpos femininos. Formas duras eram adoçadas pelo mestre. Carioca de nascimento, ele dizia que os móveis deveriam refletir a cultura de sua origem e proporcionar o conforto adequado ao clima e ao jeito brasileiro. Ele buscava por descontração em um tempo de móveis estritamente funcionais.
SÉRGIO MATOS
Reunir design e artesanato não era só uma opção. Mas uma verdade de vida inteira. O designer mato-grossense Sérgio Matos nasceu perto de uma reserva indígena no Xingu e, desde cedo, percebeu a força do trabalho ancestral, que o abastece de inspiração e nutre o desenvolvimento de seus produtos de mobiliário e decoração. Tudo é referendado no caldeirão cultural com tempero mestiço, que ganhou o mundo. Depois da surpresa da forma, o olhar mergulha mais profundamente no trabalho de Matos, para entender mais desse Brasil cheio de texturas, com cheiro de mato, cor de bicho e personalidade livre. As peças são em fibras naturais, algodão colorido e nylon.
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MARTHA MEDEIROS
As rendas são marca registrada da alagoana Martha Medeiros. Antes aplicadas primorosamente em ricas peças de roupa, passaram a ocupar espaços da casa, com linha de decoração e linguagem que espalham o DNA rendeiro por tudo. Suas criações têm identidade forte, resgatam o valor da renda como matéria-prima e levam a arte e o artesanato nacionais para o mundo. Ela ainda mantém, em Milagres, no litoral de Alagoas, a Casa Medeiros, um espaço paradisíaco que mostra seu trabalho aliado a outras expressões culturais e artes transbordantes de brasilidade.
JADER ALMEIDA
O arquiteto catarinense Jader Almeida tem conquistado o coração dos amantes do design. Sua criatividade singular na construção de móveis únicos tornou suas criações icônicas no mercado moveleiro. A leveza e fluidez das formas são a marca registrada de suas peças. Com geometria simples e estética atemporal, suas peças são premiadas em concursos nacionais e internacionais de design.
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ADRIANA BARRA
Marcado por cores vibrantes e estética tropical, o trabalho da estilista paranaense Adriana Barra expressa a diversidade da natureza brasileira e conquista admiradores por todos os cantos. Faz um tempo que, aos vestidos superestampados, somaram-se também coleções de objetos e tecidos para decoração de interiores, levando suas estampas características e multicoloridas para cima de cortinas, estofados, almofadas até eletrodomésticos.
ESPEDITO SELEIRO
Conhecido por seu trabalho em couro, Espedito Seleiro não é novato no mundo do design mobiliário. A pedido de um cliente, ele aplicou sua arte colorida sobre uma cadeira Diz, de Sérgio Rodrigues. Com os irmãos Campana, criou a coleção Cangaço, lançada na Art Basel Beach de Miami em 2015. Nascido em Nova Olinda (Ceará), Espedito é filho, neto e bisneto de seleiros e se tornou referência na criatividade do uso do couro. A função virou sobrenome reconhecido, de quem assina coleções em parceria com grifes de moda. Coisa que antes sua família fazia para Lampião, o Rei do Cangaço, em forma de sandálias, chapéus e casacos.
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GUSTAVO CABOCO
Artista visual Wapichana, trabalha na rede Paraná-Roraima e nos caminhos de retorno à terra indígena Canauanim. Sua pesquisa se produz nos encontros com os parentes e é apresentada através de desenhos, bordados, textos, vídeos, murais, performances e objetos.
ESTÚDIO ARADO
Um estúdio criativo focado na pesquisa e divulgação do imaginário popular brasileiro, sobretudo rural. Por meio de projetos autorais e comissionados, o Estúdio Arado cria elementos genuínos e lastreados que ajudam a compreender a formação cultural do Brasil. Com sede na pequena Queluz, cidade de 13 mil habitantes no interior de São Paulo (quase na divisa com o Rio de Janeiro), o Arado é também uma marca e um instituto de pesquisa. Eles criaram, por exemplo, ilustrações para capas de livro, identidade visual de marcas, desde 2021 tem uma loja on-line com artigos autorais, como cartazes, ilustrações, calendário e até cachaça, produzidos de forma artesanal a partir das pesquisas e vivências.
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RIMON GUIMARÃES
Quando a cidade deixa de ser vista como lugar de passagem, ela vira espaço de convivência. E é isso que Rimon Guimarães busca ao provocar diálogos nos muros e ruas curitibanos e do mundo, por onde passa levando sua arte empoderada e a expressão genuína da contracultura. A cidade é o lugar onde a arte se desdobra, cresce, em que todos podem ver e ter acesso. É plataforma de conexão, em que as pessoas se apropriam dela para se comunicar. Conhecido por seus murais multicoloridos, de natureza exuberante e forte presença de figuras negras, que remetem à sua origem, Rimon é nome reconhecido pela arte e pelo discurso contundentes.
CLAUDIA ISSA
A argila proveniente de terra brasileira encontra forma e identidade pela arte minimalista e orgânica da designer e artista plástica Claudia Issa. Os sentimentos, os sonhos e a intuição fortalecem o relacionamento que ela constrói todos os dias com o material. Sua brasilidade é monocromática, suave, conceitual e atemporal, como sua marca, a Konsepta. Fev. Mar. 2023
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habitat ENTREVISTA
DESCOBRINDO O BRASIL
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T
iciana Martinez comanda a Ôda Design Club com o coração aberto e os olhos atentos. Ela e sua equipe trabalham com curadoria de arte e artesania, nas mais variadas técnicas e dos mais diversos recantos do país. Sua vida é descobrir, revelar e dar aquele empurrãozinho para que marcas, artistas e artesãos brasileiros vivam bem de seu trabalho, encontrem espaço no mercado e sigam criando e deleitando consumidores e expectadores. Com vocês, nossa conversa exclusiva com Tici.
COMO VOCÊ ENTENDE O CONCEITO DE BRASILIDADE? ELE É FEITO DE QUÊ? NOSSAS RAÍZES, NOSSAS INTERPRETAÇÕES OU UM MODO DE AÇÃO MAIS DEFINIDO?
Considero a brasilidade uma forma de expressão, que se mostra por meio de cores texturas, sons, cheiros de mata, sabores. Nosso país é exuberante. A extensão territorial possibilita uma diversidade enorme de encontros culturais e isso resulta em belíssimos trabalhos artísticos.
QUAIS SÃO, NA SUA OPINIÃO, AS FORMAS DE EXPRESSÃO DESSE CONCEITO MAIS IMPORTANTES? TÉCNICAS, LINGUAGENS, PERÍODOS.
A terra e sua entrega de matéria-prima por meio da argila. Gosto muito da cerâmica e suas manualidades, as formas orgânicas que elas permitem e que transformam a peça em algo único, transmitindo uma sensação de sofisticação despretensiosa. Sou uma entusiasta de manualidades como o tear, a cerâmica, o vidro soprado, todos trabalhos que têm uma história na sua construção e que, muitas vezes, têm herança afetiva de legado das técnicas passadas de avós para filhos e netos. A fibra natural também é outra matéria-prima muito característica do país e que gosto muito de trabalhar na Ôda.
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habitat ENTREVISTA COMO É FAZER CURADORIA DE OBJETOS DE ARTE NACIONAL? COMO SE DÁ ESSE TRABALHO?
A curadoria da Ôda tem muito de paixão e encantamento, afinal, precisamos nos emocionar com o trabalho, com a história da peça. O genuinamente belo emociona. Adoro quando percebo que nosso trabalho pode fazer diferença no caminhar de uma nova marca, como aconteceu com Alex Rocca, Ana Penso, Spiral e vários outros. Muitas marcas passaram pela Ôda e sei que tivemos uma contribuição especial na história de cada uma delas. A Ôda é uma empresa feita por corações que pulsam valores e eles são o nosso diferencial. Tudo aqui é pensado para dar uma entrega de máxima de qualidade, atenção e cuidado. Sempre frisamos que nossa curadoria é especial, mas o que a acompanha – que é a forma como nos relacionamos com fornecedores e clientes – é o nosso grande diferencial. Nossa curadoria passa pelo processo padrão do mercado, feita nas feiras, porém nossa principal aposta é o garimpo de peças e marcas em diferentes formatos, como viagens, pesquisas, entre outros. Poder conectar com a pessoa que produz a peça é algo muito enriquecedor e transformador. Hoje podemos dizer que nos relacionamos com todas as marcas que habitam nossa curadoria, conhecemos as pessoas, suas histórias, a forma como produzem seu trabalho. Isso nos enriquece e nos diferencia, pois cria um repertório inigualável para apresentar aos clientes.
QUEM SÃO, NA SUA OPINIÃO, OS NOVOS NOMES DESSA EXPRESSÃO NACIONAL? QUEM VOCÊ DESCOBRIU RECENTEMENTE?
Wentz e Studio Orth. Localmente temos muitos nomes que lançamos ao longo de nossos seis anos. Recentemente iniciamos um trabalho com a Omana têxtil que apresenta peças em renda renascença, em uma colaboração de artistas e artesãs.
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Considero a brasilidade uma forma de expressão, que se mostra por meio de cores texturas, sons, cheiros de mata, sabores. Nosso país é exuberante.
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A BRASILIDADE AGREGA VALOR AO PRODUTO NACIONAL?
Com certeza. O nosso jeito de criar e produzir agrega grande valor ao produto nacional, que conta com um belíssimo repertório cultural. Sua expressão é observada em muitos trabalhos brasileiros.
COMO ESSE CONCEITO É VISTO EM OUTROS LUGARES?
Acho que o mundo reconhece nosso país como exuberante e especial. Cada vez mais estamos presentes em feiras e espaços internacionais. Temos nomes nacionais que são muito reconhecidos fora do país.
Serviço Ôda Design R. Saldanha Marinho, 1230 - Centro (41) 99277-1015 |
@odadesignbr
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Coluna SPECTRUM por Débora Mateus
A outra faceta de Lina Histórias e fotos inéditas revelam como Lina Bo Bardi também foi vanguardista no design de mobiliário
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e na última década a brasilidade ganhou mais destaque no segmento de arquitetura e design, muito se deve à Lina Bo Bardi. Italiana de origem com alma brasileira, ela faz parte dos vanguardistas que iniciaram esse movimento desde o modernismo. Foi junto de seu marido, Pietro Maria Bardi, importante jornalista, marchand, historiador e crítico de
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arte, que construiu um legado inestimável para o arcabouço arquitetônico e cultural brasileiro. “Era evidente o diálogo e a troca intelectual entre o casal. Lembro de presenciar quando o professor Bardi fazia alguma observação nos textos que ela submetia ao seu crivo”, conta Eugênia Gorini Esmeraldo, conselheira do Instituto Bardi e museóloga do MASP, que atuou como assistente de Pietro.
Lina não somente mergulhou, mas transformou o país que adotou aos 32 anos, plural como sua personalidade, no espaço ideal para o desabrochar de sua linguagem única. Como a maioria dos visionários, nadava contra a corrente em sua época de atuação. Não seguia tendência ou modelos. Carregava uma força poética libertária polivalente, como poucos. Muita gente desconhece, mas a mesma ousadia que a consagrou como arquiteta de projetos emblemáticos como o MASP – parte essencial do patrimônio da cidade de São Paulo, criado por seu marido e Assis Chateaubriand –, verteu em uma atuação igualmente pioneira para o design de
móveis. Esse é o cerne do novo livro Lina Bo Bardi Designer: O Mobiliário dos Tempos Pioneiros 1947-1958, de Sergio Campos. Um projeto literário com vasta pesquisa documental e fotográfica que visa trazer informações sobre essa faceta menos conhecida. O material, em grande parte inédito, é rico como a mulher que evidencia. Reúne fotos, depoimentos, manuscritos, croquis e instiga a crítica. “Além do embasamento documental, procurei destilar outras referências, abrindo espaço para reflexões filosóficas e sociológicas”, conta Campos.
Poltrona P12, design de Lina Bo Bardi & Studio D´Arte Palma, 1950 Créditos: Sergio Campos
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Coluna SPECTRUM por Débora Mateus
Cadeira 3 Pés em conduíte elétrico (ferro), por Lina Bo Bardi 1948/49 Créditos: Sergio Campos
No design, as criações de Lina também provam sua perspectiva revolucionária. Eram pautadas na busca incansável pela brasilidade. Ao olhar para a cultura do povo brasileiro, usava materiais vernaculares que desafiavam o mainstream da época: cordas náuticas, cunhas de carro de boi, compensado de pinho, entre outros. Matérias-primas impensáveis quando, segundo o escritor, a maioria dos modernistas do país seguia a corrente internacional. Os móveis desenhados por ela influenciaram os primeiros produzidos em série assinados por nomes como Zanine Caldas, Jean Gillon, Sergio Rodrigues e Jorge Zalszupin. A cadeira 3 Pés, feita com conduíte (1948), parece ter ecoado quatro décadas depois, no conceito criativo de designers contemporâneos como os consagrados irmãos Campana. De acordo com Eugênia Esmeraldo, a nova obra literária que tem o apoio do Instituto Bardi, traz um alentado volume sobre os belos exemplares desenhados pela ítalo-brasileira: “Sergio Campos contou com a participação fundamental de nossa saudosa Conselheira Anna Carboncini, que atuou na direção e contribuiu para a história do Instituto. Pesquisadora do mobiliário assinado por Lina Bo Bardi, auxiliou com documentos, conselhos e opiniões para o livro”.
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Interior do Studio D´Arte Palma. Foto: Peter Scheier, Arquivo Instituto Bardi
DESCOBERTAS INESPERADAS
A narrativa é própria de quem colecionou histórias ao longo de 10 anos. Foi esse o tempo que Sergio Campos levou para finalizar e publicar o livro. A pesquisa foi iniciada junto dos preparativos da exposição homônima, que contou com sua curadoria em 2014, na icônica Casa de Vidro, residência do casal Bo Bardi. No decorrer das 356 páginas, o olhar do autor reflete sua experiência como curador, colecionador de brinquedos antigos e galerista. Na jornada investigativa, ele se deparou com alguns fatos inesperados. A descoberta dos móveis originais da Casa Bittencourt, após 70 anos, foi um dos mais surpreendentes. Projetada por Vilanova Artigas, a residência icônica foi mobiliada em 1950 com peças do Studio D´Arte Palma, fundado por Lina e Pietro junto com o arquiteto Giancarlo Palanti. “Tudo começou quando eu tentei saber onde aquele mobiliário poderia estar. Depois de três anos, consegui encontrar, comprar e restaurá-lo. Realizei um ensaio fotográfico em que recriei a ambientação de uma imagem da época”, explica.
Cadeira MASP 7 de abril, por Lina Bo Bardi, 1947 Créditos: Sergio Campos
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Livro retrata obra de Lina Bo Bardi como designer entre 1947 e 1958.| Créditos: Thomas Scheier
Sergio também criou experimentos interessantes para ilustrar alguns tópicos de sua publicação. Elegeu a fotografia como forma de exercer vários olhares para compreender e registrar o design de Lina em um novo contexto. Fotografou a cadeira MASP 7 de abril, na Avenida Paulista. Concebida em 1947 para ser usada no pequeno auditório do museu, a peça era funcional, simples, dobrável e fácil de empilhar, remetia às cadeiras dos circos itinerantes. Feita com elementos da cultura popular, carregava o DNA visionário da sua idealizadora. Tinha o assento em couro de sola selvagem costurada com barbante, à moda das vestimentas dos povos do sertão. A Habitat, publicação que inspirou o nome desta revista, também ganhou um capítulo especial. Ligada ao MASP, Capa da 1ª edição da revista Habitat | Créditos: Acervo Instituto Bardi
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foi outro projeto dos Bo Bardi. Por eles foi fundada e editada entre 1950 e 1953. Campos diz ser apaixonado pelas 15 edições publicadas no período. A primeira, já prenunciava a amplitude de seu objetivo: ser um meio difusor das ideias de seus fundadores, comprometidos com a sociedade. “A história das artes no Brasil continua ainda em grande parte inédita”, mencionava a nota editorial. Além do rico acervo que incluía imagens das peças do Studio Palma, o galerista relata que as páginas reforçam elementos com os quais Lina se comprometeria por toda a vida, como a democratização do conhecimento. Quanto ao projeto literário, não é à toa que o autor deve seguir, em 2023, com lançamentos em território nacional e outros países. Ele mira no segundo volume, em um futuro não muito distante. O foco será a importante contribuição de Lina Bo Bardi para o cenário cultural do Nordeste, nos anos em que viveu em Salvador (1958-1964). Quem sabe, será uma oportunidade para investigar mais a fundo a questão que envolve a influência dela no tropicalismo. Eis um tema que é fonte de inúmeras indagações e que já foi discorrido no brilhante artigo de Marcelo Ferraz para a revista Projeto, em 2008. Ele teve a felicidade de conviver e colaborar com uma das mulheres mais importantes para a cultura brasileira do século XX.
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O COPA É 100!
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h, os loucos anos 1920. Catárticos, eles vieram para aplacar as tristezas e restrições causadas pela Gripe Espanhola e pela Primeira Grande Guerra. Todos mereciam comemorar, enf im. E o que melhor que um hotel na beira da praia mais famosa do paraíso tropical ao sul do Equador, com festas liberadas, noitadas boas e promessas de melhores dias? Nascia ali, banhado de sol, numa das construções mais emblemáticas do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace. Um hotel, ou seria melhor dizer, um estilo de vida e um cartão postal, que comemora agora em 2023 seu primeiro centenário. Para desejar vida longa ao Copa, uma seleção de curiosidades e histórias saborosas desse marco da cidade maravilhosa.
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O Copa foi o primeiro grande prédio de Copacabana. Em 1919 os empresários Octávio Guinle e Francisco Castro Silva compraram o terreno de frente para o mar. Em volta dele, apenas casas e construções pequenas. A ideia da dupla era construir um hotel para abrigar os visitantes da “Exposição do Centenário da Independência do Brasil” que seria realizado em 1922. Porém, a construção só ficou pronta em 1923 devido a problemas logísticos que incluíam o atraso na entrega de materiais para a construção como mármores e dificuldades na engenharia. Dois hotéis importantes serviram de inspiração para o hotel de sonho na praia. O arquiteto Joseph Gire se inspirou em dois hotéis famosos na época: O Hotel Negresco (construído em 1913 em Côte d’Azur, Nice, França) e o Hotel Carlton (construído em 1913 em Cannes, França). A engenharia ficou por conta de César Melo e Cunha. Praticamente toda a mão de obra do hotel foi importada e até os operários contratados eram estrangeiros. Joseph Gire, que era francês, soube adaptar a arquitetura de Nice, Cannes e da Riviera Francesa para o calçadão de Copacabana. Arquitetura clássica e mediterrânea se encontram no projeto do Copacabana Palace, que contou com materiais especiais na construção e na decoração, como: cimento da Alemanha; cristais da Boêmia; lustres e toda a vidraçaria da, na época, Tchecoslováquia; mármore da Itália e móveis da França.
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O interior é repleto de lustres e cortinas imponentes, e quem entra no Copa, apelido carinhoso que o hotel ganhou, vai se sentir um membro da realeza. Antiguidades e objetos preciosos que marcaram o início do século 20 fazem parte do hotel. Entre os destaques do décor, tonalidades claras nos quartos; janelas grandes que vão até o topo do pé-direito em estilo clássico; paredes cobertas com madeira, principalmente nos salões principais; uso de revestimentos caros como o mármore e o cristal, em especial nos banheiros. A inauguração contou com a presença da cantora e atriz francesa Mistinguett, uma das mais populares da Europa, se tornando um símbolo da década de 1920. Sua presença transformou a inauguração do Copa um grande evento mundial. Teve início também a era de grandes festas promovidas no local, que viravam notícia nos jornais da época. Dentro do hotel chegou a funcionar uma casa de jogos. Com um padrão internacional, o cassino entrou pra a história como um dos maiores do Brasil, recebendo visitantes ilustres de todo o mundo. Após a proibição dos jogos no país em 1946, o cassino fechou e o local passou a abrigar uma casa de espetáculos. Depois do término da Segunda Guerra Mundial, o presidente Eurico Gaspar Dutra decretou que jogos de azar seriam proibidos no Brasil. A interdição do cassino enfraqueceu a movimentação no hotel, que começou a decair aos poucos. Tudo se complicou nos anos 1960, quando a capital foi transferida para Brasília e o Rio de Janeiro começou a abrigar empreendimentos mais modernos no setor da hotelaria. O Copa passou por um período de decadência e, em 1985, foi cogitada a sua demolição. A “salvação” do hotel foi sua consagração como patrimônio histórico federal, estadual e municipal. A Belmond, que na época se chamava Orient-Express Hotels, comprou o Copacabana Palace em 1989. Aí foi só alegria. Fev. Mar. 2023
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A piscina do Copa foi inaugurada em 1935 e contou com a presença de celebridades ilustres como Jayne Mansfield. A atriz norte-americana ficou hospedada em 1959 e participou de um dos bailes de carnaval. Na década de 1940, também funcionou por lá uma escolinha de natação, sob a direção da nadadora Maria Lenk, primeira grande nadadora brasileira. Em 1930, foi inaugurado o Golden Room, o mais icônico salão do Copacabana Palace e também a primeira casa de espetáculos da América Latina. Em suas dependências se apresentaram artistas como Josephine Baker, Ray Charles, Marlene Dietrich, dentre outros. No local também eram realizados os famosos bailes do Copa. O hotel teve hóspedes famosos e astros do cinema como Rock Hudson, Rita Hayworth e Romy Schneider. Quem também apareceu por lá foi a cantora Janis Joplin, que passou uma temporada no Brasil para curtir o carnaval. Em 1977, o cantor Rod Stewart foi expulso depois de quebrar objetos durante uma partida de futebol dentro da suíte. Nos anos 1990, foi a vez da princesa Diana, que mergulhou de madrugada na piscina para fugir dos flashs dos paparazzis. É famosa também a entrevista dada pelo cantor Freddie Mercury na fachada do hotel. No sexto andar estão as suítes mais caras. É lá que se hospedam famosos, milionários e chefes de estado em um dos sete apartamentos com vista para o mar. O local também conta com uma piscina exclusiva que já foi frequentada por Gisele Bündchen e Mick Jagger, por exemplo.
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Em contagem regressiva para comemorar seu centenário no próximo dia 13 de agosto, o Hotel Copacabana Palace, ícone da sofisticação carioca, deu início a uma série de atividades programadas ao longo do ano. O calendário inclui, além de eventos, projetos como a recuperação da famosa fachada voltada para a praia desde 1923. Na reforma, estão previstas nova pintura, mais próxima da que existia no início do século passado, e uma nova iluminação cênica. A montagem dos andaimes começou esse mês, e as obras acabam em julho.
habitat DESIGN
ARTE NO JARDIM DO MON
A
área verde ao lado do Museu Oscar Niemeyer está de cara nova, com a exposição do projeto “MON sem Paredes – Artistas Conquistam os Jardins do MON”, que integra as comemorações de 20 anos da instituição. Obras dos artistas Gustavo Utrabo e Mariana Palma ocupam pela primeira vez o espaço. Na área interna do Museu, no hall do Pátio das Esculturas, o público pode conferir, simultaneamente, maquetes e desenhos feitos pelo paranaense Gustavo Utrabo durante o processo de concepção de suas obras que estão do lado de fora. “Cada vez mais democrático e inclusivo, com esta iniciativa, o Museu Oscar Niemeyer rompe definitivamente o limite físico de suas paredes e abraça a população, chegando
ao espaço externo da instituição e tornando-se acessível a todos”, explica a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “MON sem Paredes” também é um convite para que o público externo que, eventualmente, não tenha o hábito de frequentar o Museu perceba e se inspire com a arte e sinta-se instigado a visitar as outras exposições. O projeto deverá ser de longa duração, com novas versões previstas. Segundo o curador Marc Pottier, esta é a primeira versão de um projeto em que o MON passará a, regularmente, convidar artistas para ocuparem os espaços públicos do Museu. “A arte no espaço público também permite uma variedade de atividades interativas que nem sempre uma exposição museológica permite”, diz Pottier.
Serviço “MON sem Paredes – Artistas Conquistam os Jardins do MON” Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico @museuoscarniemeyer
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habitat DESIGN
CALENDÁRIO CRIATIVO
Conf ira os principais eventos de arte, design e arquitetura de 2023 e que vão apresentar os principais lançamentos e tendências do setor
MARÇO DW! DESIGN WEEKEND SÃO PAULO. O maior festival de design da América Latina e um dos mais importantes do mundo acontece de 11 a 19 de março, abrindo agenda anual de eventos de design e arquitetura no Brasil. A DW! é um festival urbano que, há mais de uma década, tem como objetivo promover a cultura do design e suas conexões. Arquitetura, arte, decoração, urbanismo, inclusão social, negócios, inovação tecnológica e outros temas da economia criativa, tudo isso tem vez durante o evento. SP-ARTE. A maior feira de arte da América Latina chega a sua 19ª edição e será realizada entre 29 de março e 2 de abril, no icônico Pavilhão da Bienal. Com mais de 150 expositores entre galerias de arte e design, instituições culturais e editoras, a SP–Arte apresentará um panorama da arte global, com a presença de galerias nacionais e internacionais, e destaque para a arte brasileira. 46
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EXPO REVESTIR. A maior feira de revestimentos e acabamentos da América Latina acontece de 14 a 17 de março, na São Paulo Expo e contará com mais de 300 expositores. Lá você vai encontrar lançamentos em revestimentos cerâmicos, louças, metais, rochas ornamentais, mosaicos, madeiras, laminados, cimentícios e vítreos.
ABRIL SALÃO DO MÓVEL DE MILÃO. O maior evento de design do mundo volta à data tradicional e acontece entre 18 e 23 de abril. Nesses dias, a Rho Fiera recebe as marcas mais importantes do setor em todo mundo. Durante a edição, ocorrem a Euroluce, com lançamentos luminotécnicos, e eventos paralelos espalhados pelos principais distritos de design de Milão. COVERINGS. Considerado um dos principais eventos de revestimentos cerâmicos e pedras naturais da América do Norte, o evento acontece entre os dias 18 a 21 de abril no Orange County Convention Center, em Orlando, Estados Unidos, com profissionais da indústria de ladrilhos e pedras. MAIO BIENAL DE ARQUITETURA DE VENEZA. De 20 de maio a 26 de novembro de 2023, a 18ª Exposição Internacional de Arquitetura ocupará os espaços do Giardini, Arsenale e outros locais de Veneza. Com o tema O Laboratório do Futuro, a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 convida “arquitetos e profissionais de um campo expandido das disciplinas criativas a extrair exemplos de suas práticas contemporâneas que traçam um caminho para o público imaginar, ele mesmo, o que o futuro pode reservar”. Inspirado no trabalho de Lokko sobre “A África como laboratório para o futuro”, o tema desta bienal procura oferecer novas definições para o futuro e para este laboratório. CASACOR-PR.Após a realização de duas edições consecutivas no edifício Aqua, a diretoria da Casa Cor Paraná anuncia a continuidade do evento no mesmo endereço em 2023. A edição da Casa Cor Paraná acontece de 28 de maio a 16 de julho.A mostra confirma a importância da ressignificação de edifícios patrimoniais que se preparam para adaptar-se a novas etapas e novas funções na vida econômica contemporânea da cidade.
SETEMBRO
IF DESIGN AWARDS. Esta é a premiação internacional mais importante de design. A cerimônia vai ocorrer no dia 15 de maio, no teatro Friedrichstadt-Palast, em Berlim, Alemanha. Além da celebração ser em um local histórico, o evento promete ainda muita conexão entre pessoas do mundo todo. OUTUBRO DUTCH DESIGN WEEK. Nos dias 21 a 29 de outubro, a cidade de Eindhoven, na Holanda, recebe a Dutch Design Week. Nela serão apresentados trabalhos de 2.600 designers. O evento registrou mais de 355 mil visitantes nacionais e estrangeiros nos anos anteriores, e 2023 promete repetir o sucesso.
LONDON DESIGN FESTIVAL. Promovido entre os dias 16 e 24 de setembro, o evento celebra e promove Londres como a capital da economia criativa. O festival reúne mais de 300 atrações e conta com o lançamento de novos produtos, mostras temáticas, experiências imersivas e encontros informais. Fev. Mar. 2023
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habitat ARQUITETURA
VIDA NOVA AO MUSEU MAIS ANTIGO DO MUNDO DEDICADO À CULTURA EGÍPCIA O escritório OMA venceu o concurso para renovar o museu mais antigo do mundo dedicado à cultura do Antigo Egito, o Museo Egizio, fundado em 1824 e instalado no Collegio dei Nobili em Turim, Itália. O projeto é uma colab entre Andrea Tabocchini Architecture, T-Studio e o consultor histórico Andrea Longhi, e tem como proposta busca abrir o espaço cultural a todos, criando um pátio coberto e uma série de salas urbanas conectadas dentro do espaço. A reorganização das áreas públicas do museu atual passou pela criação da Piazza Egizia, onde as atividades serão compartilhadas entre o Museo Egizio e a cidade. Com seis salas urbanas distintas, cada uma com sua escala, função e qualidade únicas, o projeto conecta as diferentes entidades por meio de uma coluna central com um padrão geométrico no pavimento térreo para continuidade visual. A Piazza Egizia, a maior sala urbana, é projetada como um espaço público central compartilhado entre o Museo Egizio e a cidade.
TIJOLO SUSTENTÁVEL APROVEITA RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO
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A startup escocesa Kenoteq lançou um tijolo de construção mais sustentável, que não é queimado e é feito de 90% de resíduos de construção. O K-Briq foi desenvolvido pela professora de engenharia Gabriela Medero na Universidade Heriot-Watt de Edimburgo. O material, que demorou mais de 10 anos para ser desenvolvido, foi criado com o objetivo de reduzir o impacto ambiental da indústria da construção – uma das mais poluentes do planeta. O K-Briq se parece com um tijolo normal, tem o mesmo peso como um tijolo de barro, mas oferece melhores propriedades de isolamento e, olha a graça, pode ser produzido em qualquer cor. A empresa foi escolhida para receber um Fundo de Investimento Zero Waste Scotland, desenvolvido para estimular iniciativas de economia circular na Europa.
A ARQUITETURA “BIKE-FRIENDLY” DE COPENHAGUE Copenhague, conhecida como uma das cidades mais felizes do mundo, é bike-driendly e foi nomeada a Capital Mundial da Arquitetura UNESCO-UIA em 2023, além de sediar o Congresso Mundial de Arquitetos UIA, devido ao seu forte legado e liderança mundial em arquitetura e desenvolvimento urbano inovador. Isso inclui, é claro, os avanços da cidade na direção de um transporte sustentável, principalmente com bicicletas. A criatividade de arquitetos e os investimentos em infraestrutura transformaram Copenhague em uma das cidades mais bike-friendly do mundo, o que exigiu a adoção de uma série de medidas: bicicletários bem pensados, ciclovias amplas, pontes sem carros, áreas livres para pedalar livremente e redes de bicicletas conectadas a espaços públicos e privados.
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POR DENTRO DA ARTE
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estir uma roupa virtual, sentar na cadeira pintada no quadro, sentir o sol que vem pela janela, o vento nos campos de trigo. A arte interativa, além de transformar a obra em ambiente cognitivo para o público, a transforma no lugar da experimentação, da ação, da performance, do toque, no qual os signos produzidos são organizados em um todo lógico e comunicativo por meio de uma interface. Prepare seus sentidos e embarque conosco nas mostras de arte interativa que estão em cartaz no Brasil e que vêm arrastado grandes públicos para os museus e salas de exposição.
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KLIMT Gustav Klimt, o pintor austríaco de “O Beijo”, vem para o Brasil com esta e outras obras na inédita exposição Klimt: A experiência imersiva. Depois de receber mais de 350 mil pessoas nas temporadas de Barcelona, Bruxelas, Los Angeles e Madri, a exposição imersiva e multimídia oferece uma viagem pela vida e obra de Klimt, mais uma imersão por Viena, cidade em que o pintor nasceu, cresceu e desenvolveu sua obra. A mostra conta com uma experiência inédita em realidade virtual, para orientar o público por dentro das pinturas criadas por Klimt, que virou um grande representante do movimento Art Nouveau. Mais informações sobre data e local no site FeverUp
BANSKY E FRIDA De um lado, o street artist britânico que se esconde e preserva sua identidade à medida que faz sua arte contundente e atual. De outro, a mexicana que fez de si a própria musa e apresentou suas dores, seus sonhos e desejos por meio da arte e tornou-se um ícone feminista. Juntos em um mesmo tempo e espaço, os dois artistas se unem pelo fascínio que suas obras suscitam e que os tornaram populares e gigantes no cenário mundial. No Shopping El Dorado, até abril.
A EXPOSIÇÃO “FRIDA KAHLO – A VIDA DE UM ÍCONE” É UMA BIOGRAFIA IMERSIVA. Esta é a maior exposição imersiva já criada em torno da vida e obra da mexicana Frida Kahlo (1907-1954). Por meio de coleções de fotografias históricas, filmes originais, ambientes digitais, instalações artísticas, itens de colecionador e música original, o público é convidado a um mergulho nos momentos mais relevantes da vida da artista mexicana e nos valores e ideais que fazem sua obra reverberar nos tempos atuais ainda com mais força.
“THE ART OF BANKSY: “WITHOUT LIMITS”
A mostra reúne mais de 160 obras de Bansky, entre originais certificados, gravuras, fotos, litografias, esculturas, murais e instalações de video mapping, feitas especificamente para esta edição. Alguns de seus trabalhos foram cuidadosamente reproduzidos especialmente para a exposição a partir de sua técnica de estêncil. Banksy é um artista que adora provocar, choca. Ele faz isso com poesia, energia, humor. As obras estarão distribuídas em 14 ambientes, incluindo uma sala dedicada à Ucrânia, com suas intervenções mais recentes feitas em uma área bombardeada.
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O QUE VEM EM 2023 A segunda torre mais alta do mundo, o maior museu arqueológico do Egito, projetos de alguns dos escritórios de arquitetura do planeta. Esta seleção de 15 projetos, que devem ser inaugurados em 2023, prometem reescrever a paisagem, inovar as técnicas construtivas, renovar os contornos e inspirar novas revoluções.
BIBLIOTECA “FLORESTA DO CONHECIMENTO” PEQUIM, CHINA / SNØHETTA E ECADI Com uma topografia variada sob uma cobertura que lembra copas de árvores, o projeto da nova Biblioteca de Pequim oferece aos visitantes a possibilidade de ler em meio à floresta. A fachada de vidro autoportante de 16 metros de altura garante transparência, enquanto as colunas esculturais contêm um sistema de tecnologia distribuída que controla o clima interno, a iluminação e o conforto acústico.
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ARANYA “CLOUD CENTER”, CHINA MAD ARCHITECTS Localizado em Qinhuangdao, a 160 milhas do leste de Pequim, China, o “Cloud Center” de Aranya parece estar flutuando sobre a paisagem. O centro de 2.500 m² vai servir de espaço de arte pública, marcando o centro de uma paisagem escultural, conceituada pelos arquitetos como um “jardim de pedra branca”.
PIRÂMIDE DE TIRANA, ALBÂNIA / MVRDV Este projeto reabilita as estruturas de um monumento comunista, que vai se transformar em um novo centro da vida cultural de Tirana. O projeto preservou a casca de concreto enquanto abre o átrio para o entorno. Cafés, estúdios e oficinas ocupam o local do antigo museu.
CENTRO DE ARTE CÍVICA DE ZHUHAI JINWAN, CHINA / ZAHA HADID ARCHITECTS A construção do Centro de Arte Cívica Zhuhai Jinwan, na China, está quase concluída. O projeto integra quatro instituições culturais: um grande teatro, um salão multifuncional, um centro de ciências e um museu de arte. Elas terão vida autônoma, mas serão unidas por uma grande estrutura que se estende por 170 metros de largura e 270 metros de comprimento.
MUSEU INFANTIL DE EL PASO, EUA / SNØHETTA O novo museu está localizado no centro de EL Paso, Texas, a menos de um quilômetro da fronteira entre Estados Unidos e México. Ele foi projetado para se destacar no horizonte da cidade e tornar-se uma sala de aula cívica e um espaço de lazer para as crianças e famílias de El Paso.
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MERDEKA 118, KUALA LUMPUR, MALÁSIA / FENDER KATSALIDIS O arranha-céu atingiu 678,9 metros de altura e já se tornou o segundo edifício mais alto do mundo, atrás somente do Burj Kalifa de Dubai. A torre, que tem 118 pavimentos, conta com fachada triangular facetada de vidro, inspirada nos padrões da arte tradicional malaia.
GRANDE MUSEU EGÍPCIO, EGITO HENEGHAN PENG Projetado para acomodar alguns dos artefatos mais preciosos da humanidade, o Grande Museu do Egito está com as obras atrasadas. Mas, quando ficar pronto, ele se tornará o maior museu do mundo dedicado a uma civilização.
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TORANOMON-AZABUDAI, TÓQUIO HEATHERWICK STUDIO O empreendimento, que vai agregar escritórios, residências, lojas, uma escola, um templo e estações de energia, está planejado para se somar ao domínio público da cidade de Minato, em Tóquio. Ele inclui ainda três torres de Pelli Clarke Pelli e uma loja de varejo projetada por Sou Fujimoto.
AEROPORTO INTERNACIONAL DO MAR VERMELHO, ARÁBIA SAUDITA / FOSTER + PARTNERS Localizado na costa oeste do país, o aeroporto faz parte do maior projeto do Mar Vermelho e do desenvolvimento turístico. Inspirado nas cores e texturas do deserto, ele terá cinco estruturas dispostas radialmente em torno de uma área central e que vão operar independentemente.
BIBLIOTECA NACIONAL DE ISRAEL HERZOG & DE MEURON A Biblioteca Nacional será construída na base do Knesset (Parlamento de Israel), em Jerusalém, e junto do Museu de Israel, do Museu de Ciências e da Universidade Hebraica. Com 45 mil m², a biblioteca terá espaços públicos ao redor do edifício, tudo reunido por meio de uma claraboia.
MUSEU AMERICANO DE HISTÓRIA NATURAL NOVA YORK, EUA / STUDIO GANG A expansão do Museu Americano de História Natural em Nova York, conhecido como o “Centro Richard Gilder de Ciência, Educação e Inovação”, une 10 edifícios de museus e cria um campus monumental com galerias de exposições, salas de aula e um teatro digital imersivo. A arquitetura é inspirada por processos como a formação de cânions e estruturas glaciais. Fev. Mar. 2023
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MUSEU DE ARTE MODERNA DE VARSÓVIA, POLÔNIA / THOMAS PHIFER AND PARTNERS O Museu de Arte Moderna de Varsóvia e o Teatro TR Warszawa vão integrar o novo centro de arte para Varsóvia, na Polônia. As duas novas instalações, de linhas contemporâneas, vão integrar o patrimônio cultural e arquitetônico da cidade.
CENTRO MARÍTIMO ESBJERG, DINAMARCA / SNØHETTA O centro é concebido como um espaço compartilhado para clubes náuticos e visitantes do porto, proporcionando à cidade costeira um centro social marítimo. Com design inspirado no artesanato dos barcos, o edifício celebra a tradição marítima e cria novas instalações sociais e esportivas.
EDIFÍCIO MASARYČKA, PRAGA ZAHA HADID ARCHITECTS Com O 28.000 m², o projeto cria um diálogo entre o centro velho de Praga, conhecida como “a cidade das 100 torres”, e as “barbatanas” externas, dentro da fachada de Masaryčka. Construída sobre um antigo estacionamento, o edifício visa proporcionar uma nova rota de pedestres e integrar meios de transporte.
FACTORY INTERNATIONAL, REINO UNIDO OMA / ELLEN VAN LOON O projeto apresenta uma área de 13.350 m² que vai receber diversas formas de arte, desde grandes exposições e concertos em larga escala até apresentações íntimas e experiências imersivas. A obra conta também com espaços públicos ao longo do rio Irwell em Manchester, animados por atividades como concertos, mercados e oficinas.
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SEMPRE TEREMOS PARIS
Sede da Maison & Objet, uma das principais feiras de design e decoração da Europa, a capital f rancesa reúne beleza, inovação e preocupação com o planeta
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aris, a capital da moda, emprestou fama a outro evento, a Maison & Objet, uma das principais feiras de design e decoração da Europa. Beleza e savoir vivre, afinal, encontram morada na capital francesa. Nesta edição, a mostra veio com o tema “Take care” (“Cuide”, em tradução livre), convidando público e expositores a cuidarem uns dos outros e do planeta. Outra coincidência para com a cidade, que batiza o tratado internacional sobre mudanças climáticas, adotado em 2015. Na prática, a ideia é incentivar as marcas a serem mais sustentáveis, inclusivas e responsáveis, apresentando produtos e abordagens que fazem deste um mundo melhor para viver. “A sociedade anseia por novos modelos, e isso é algo que as marcas podem oferecer, fornecendo soluções que visam o meio ambiente, salvaguardar experiência ou encorajar todos nós a cuidar dos outros ou focar em nosso próprio
bem-estar. Hoje, um novo conjunto de ética está ditando o tipo de atividade de consumo que estamos vendo”, destaca o consultor Vincent Grégoire, diretor criativo da NellyRodi, no comunicado oficial da feira. Realizada duas vezes no ano, a Maison & Objet atrai compradores de design de todo o mundo para o lançamento de mais de 1.800 marcas de casa e estilo de vida. Espalhada por sete salões no Parc des expositions de Paris Nord Villepinte, a mostra exclusiva para profissionais é dividida em 19 setores de categoria - decoração de casa, roupa de cama, culinária e artesanato entre eles. O pavilhão Signature Hall traz as novidades das marcas de luxo, como Les Ottomans, Popus Editions, Maison Matisse e Tekna, em pop-ups inteligentes e conceituais. Ao lado de ícones como Editions Serge Mouille, o evento registrou o retorno de empresas italianas, como Gervasoni, Meridiani e Martinelli Luce ou Pulpo (Alemanha), Baobab (Bélgica), Lladró (Espanha), Alessi (Itália) além da estreia de novos participantes como Maison Matisse (França), Mogg (Itália) ou Stamuli (Suécia). Teve manufaturas icônicas francesas reunidas pelo Ameublement Français, como Atelier Alain Ellouz, la Manufacture des Emaux de Longwy ou Taillardat, além da contemporaneidade de marcas japonesas e coreanas. Entre outros destaques, a edição se rendeu a uma nova geração de designers, representada por talentos espanhóis, franceses e britânicos em ascensão, que colaboraram com marcas e vieram promover suas próprias cole-
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1. Blue yomi sofa, 2. Myra wing chairs, 3. Chair Jujube
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ções. Jean-Charles de Castelbajac apresentou novas colaborações e Philippe Starck lançou na feira sua coleção de design ecológico com a empresa espanhola Andreu World. O tema ligado à sustentabilidade foi ilustrado de várias formas, incluindo destaques dedicados à projeto. A Confederação das Indústrias Dinamarquesas, em associação com Laurence Carr, especialista em design e economia circular, propôs uma mostra de 11 casas exemplares, “Circularidade em Ação”, inaugurada na presença da Princesa Marie da Dinamarca, enquanto o 3 jovens vencedores do prêmio Future On Stage propuseram novos produtos incorporando o compromisso com o futuro da indústria. Aos interessados em participar da próxima edição, recomendamos estender a viagem por mais um ou dois dias para pegar o Paris Deco Off e visitar as casas de tecido que ocupam os showrooms ao longo do Sena com suas últimas coleções. Sem contar que, entre uma visita técnica e outra, dá para cumprir um roteiro pelos cafés e restaurantes preferidos, além de se perder pela cidade e incorporar o flâneur que existe em você.
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Coluna SOBRE MORAR por Paula Campos
Arte, alma cosmopolita e tradição no apartamento Delta As casas contam a histórias de seus moradores e nós contamos as histórias dessas casas. No ‘’episódio’’ de hoje, o lar do arquiteto Rodolfo Fontana
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ensível, empático, cordial e com forte vocação para o belo, amante da música e dono de olhos que, sem dúvida, buscam o primor. Tamanha afinidade com a beleza das coisas, que ele, aos seis anos de idade, já sabia que seria arquiteto. Rodolfo tem alma cosmopolita - inclusive já morou em Nova York -, mas seu lado europeu, o gosto pelas tradições e pelo estilo clássico falam muito sobre seu interesse por história, que é aprimorado a cada viagem que faz e livro que lê, sempre em busca de experiências que o enriquecem culturalmente.
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História, aliás, é uma boa palavra para defini-lo. Sobretudo a de sua família, que Rodolfo conta com muito carinho e que tem forte influência na sua relação com o morar. Sua casa é repleta de objetos, obras de arte e elementos herdados, sobre os quais ele conhece cada detalhe. Receber seus convidados com elegância e sutileza é uma tradição familiar que faz questão de manter. Aprendeu cada detalhe ao longo da vida com suas avós e sua mãe, grandes anfitriãs, e é nestes momentos de convívio que coloca em prática uma de suas expressões favoritas: “’joie de vivre”.
REPERTÓRIO
Seu lado romântico aparece em sua afeição pela música, representada pelo Piano Essenfelder, que fica logo na entrada, além de filmes antigos e clássicos. Sua bagagem de interesses confere a ele um repertório cultural riquíssimo, que, aliado ao seu jeito metódico, é aplicado com esmero nos projetos de seu escritório. Planejou cuidadosamente sua carreira. Seu olhar exigente o levou, desde muito jovem, a construir um currículo invejável. Após se formar em arquitetura na Universidade Positivo, buscou aprimoramento em renomadas escolas no
Brasil e no mundo, como a Escola de Arquitetura e Paisagem de Bordeaux, na França, University of Illinois em Chicago, Parsons The New School em Nova York, Belas Artes de São Paulo e na Luxury University do Instituto Roberto Miranda. E é este padrão de excelência que Rodolfo imprime em seus projetos. Sem medo de ousar, mistura estilos com naturalidade e cria projetos únicos, que representam o momento e a situação de cada cliente sem perder a riqueza cultural que faz parte de sua essência.
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Coluna SOBRE MORAR por Paula Campos
O LOFT CONTEMPORÂNEO
Um de seus hobbies o fez comprar o apartamento que mora hoje. Por anos, jogou squash no Graciosa Country Club. Ao dar-se conta da proximidade, não teve dúvidas na escolha, um lugar para morar e que permitiu a ele resgatar o bem-estar que sempre esteve presente em sua vida. Ao passar pelo edifício, ainda em construção, percebeu que os apartamentos teriam pé-direito duplo, fato que coincidiu com um desejo antigo de ter um loft estilo nova-iorquino. A bela vista o conquistou, de suas janelas pode observar duas charmosas casas antigas e a beleza das árvores da região.
PRIMOR E EXCELÊNCIA NA DÉCOR
A planta original de quase 230 m² foi alterada para atender o seu momento de vida, 3 das 4 suítes foram transformadas em home-office e closet, deixando o layout fluido e integrado. A separação dos ambientes se dá pelo equilíbrio de cores, mais claras nas áreas sociais e mais escuras e acolhedoras nas áreas íntimas. O piso de madeira natural em tom claro deixa a composição leve, e tapetes desenhados por Rodolfo, com linhas geométricas, determinam a sutil conexão entre os espaços. Móveis assinados e detalhes em cor trazem a personalidade de Rodolfo para os ambientes. E assim surge o apartamento com ares de loft contemporâneo, um mix entre o novo e o antigo que abriga todo o acervo de Rodolfo.
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ARTE E HISTÓRIA.
Seu lar, além de abrigar as recordações de seus antepassados, também foi desenhado para expressar seu gosto pela arte. O pé-direito duplo serve como um reduto para telas, expostas de maneira nada tradicional. Grandes nomes dividem espaço criando uma atmosfera interessante, a cara do morador. E, como uma melodia, percebe-se autenticidade e forte sensibilidade àquilo que faz os olhos brilharem e o coração bater mais forte. Entre os diversos artistas, estão nomes como Di Cavalcanti, Emanoel Araújo, Gonçalo Ivo, André Mendes, Alfredo Volpi, Tomie Ohtake, Yuri Serodio, Paolo Ridolfi e Julio Bittencourt. Uma obra que marca muito bem a conexão de Rodolfo com sua família, a arquitetura e a história da cidade é uma tela de Poty Lazzarotto. Um presente do próprio artista para seu avô, na ocasião do nascimento do neto, a obra retrata um menino entrando em uma estação tubo de Curitiba. O mais curioso é que o menino em questão é o próprio Rodolfo. Como arquiteto e amante das artes, fazer parte de um trabalho de Poty relacionada ao urbanismo e à história de Curitiba é um enorme prestígio.
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A sua obra de arte preferida é assinada por Bruno Marcelino. Foi em uma exposição no Solar do Barão, antiga casa de seu trisavô, o “Barão do Serro Azul’’, que ele se encantou e encomendou ao artista uma peça exclusiva para seu novo lar. Ao visitar o apartamento, o artista visualizou na amplitude do pé direito duplo a correlação entre o céu e a terra. A terra representada pelo enorme painel em mármore Nero escovado, e o céu representado pela metade superior da parede em cor branca. Diante dessa nobre observação,criou a escultura em placas de inox e madeira que reflete de forma dinâmica cada detalhe do apartamento. Para Rodolfo, morar é ‘’vontade de estar’’. Sua casa é o espaço que o faz sentir-se bem.
Paula Campos é arquiteta e atua no mercado imobiliário com o método de Home Hunting. @sobre.morar
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Coluna É DESIGN por Rodolpho Guttierrez
Sem criatividade, o mundo não tem graça nenhuma Em um longo processo de descobertas, Monique Bolliger encontrou na pintura e na aquarela a expressão do seu talento
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vida de um criativo começa cedo. As primeiras lembranças de Monique Bolliger são de desenhar quase todos os dias e entregar os desenhos para sua mãe. Talvez a sua forma de comunicação tenha sido sempre por meio da arte, mas isso só fez sentido anos depois. O bisavô materno Arnoldo, engenheiro cartográfico, foi um grande desenhista, mas não passava pela cabeça de Monique que poderia se descobrir parecida com ele. Seus pais sempre desenharam e, por isso, percebe hoje que a habilidade foi herança dos dois lados da família. O pai, Marcos Cury, é médico cirurgião, mas nas horas vagas gostava de pintar telas e criar peças funcionais para a sua cutelaria Neubauer. A mãe Dariene Bolliger, uma pintora nata,
criou aquarelas lindas, vistas apenas pela família. Sua casa sempre foi recheada de livros de arte, revistas e programas de televisão que traziam conversas sobre os artistas que mais gostavam. Monique entendeu cedo que o mundo sem criatividade não tem graça. Aos 16 anos, ganhou da mãe telas, pincéis e tintas. Quando perguntaram o que ela iria pintar, seu padrasto respondeu que a artista era Monique e que ela deveria se sentir à vontade para criar o que quisesse. Quando as primeiras telas ganharam formas, cores e vida, pedidos e encomendas já não eram mais novidades. Familiares e amigos queriam comprar suas obras e, certa vez, um tio ofereceu uma bolada por um quadro que pintou para sua mãe. O negócio não foi feito, mas ali ela teve a certeza que tinha talento.
Na faculdade, fez Design Gráfico pela manhã, na Universidade Positivo, e Administração de Empresas na Faculdade UniCuritiba, no período noturno. Logo nos primeiros dias de aulas no curso de design relembra que se sentia um peixe fora d’água porque quase todos os seus colegas tinham intimidade profunda com todos os softwares e ela nem sabia falar os nomes dos programas mais usados. Entendia o meio virtual como garantia de trabalho, mas as aulas manuais a fascinavam. “Eu amava colocar a minha criatividade pra fora e exercitava a minha habilidade manual com prazer. Tudo ao meu redor ficava mais leve, colorido e feliz. Chegava ao ponto de falar que não deveriam existir computadores porque daí eu seria uma excelente aluna em todas as matérias.” Depois de 14 anos, acredita que a formação em Desenho Industrial a fez evoluir em dois aspectos: um foi colocar em suas mãos a criatividade que estava dentro da cabeça, coisa que exercita hoje com facilidade e prazer; e outro foi o aprendizado de que adversidades, inseguranças e medo do desconhecido fazem parte do processo. Depois de formada, trabalhou por três anos no negócio da família, se aventurou com um quiosque de iogurte e, hoje, entende que tudo serviu de aprendizado. Voltou ao Design Gráfico como Gerente de Redes Sociais, mas, seis anos, engravidou, mudou para o interior de São Paulo com o marido e resolveu que precisava recomeçar. Buscou um ateliê de uma artista plástica e fez aulas de pintura, onde descobriu a pintar no papel e a paixão pela aquarela.
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Coluna É DESIGN por Rodolpho Guttierrez
E como com seus primeiros quadros, a sua primeira arte nesse curso foi para o seu bebê, a segunda e todas as outras também foram para ele, tudo sempre começou presenteado aos familiares. Novamente vieram as encomendas dos amigos e viu ali a oportunidade de fazer do hobby um trabalho. Pintar para o filho enquanto estava grávida era uma forma de se ocupar e conseguir expor toda a sua criatividade. Mas, depois do nascimento do filho Guilherme, voltou para Curitiba e para o trabalho de gestão de redes sociais na agência de publicidade que já trabalhava. A arte estava longe de novo, mas precisava voltar. Uma encomenda de pinturas, vinda de Ponta Grossa, a fez reavaliar os seus desejos e anseios profissionais e dar uma chance para o que realmente parecia ser o seu propósito, expressar seus sentimentos através das pinturas. Em meio à pandemia, desempenhando o papel de mãe full time, professora do seu filho das aulas on-line, gerente de redes sociais e, na madrugada, pintora. Mais de 40
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pinturas foram feitas em três meses e, a cada nova arte secando numa bancada improvisada dentro de casa, maior era a sua exigência, curiosidade e busca por técnicas. Foi uma verdadeira imersão no mundo das artes, até que, numa madrugada, se lançou em um desafio: se conseguisse pintar um cachorro, pediria demissão e iria atrás da sua arte. Assim nasceu a Mobo, a realização de um sonho que sempre esteve ali, adormecido é verdade, mas sempre ali. A Mobo que virou seu negócio principal é onde Monique trabalha principalmente com encomendas de aquarelas personalizadas. ̈ Transmitir amor por meio da minha arte é fundamental, pois, conseguir colocar num papel de aquarela algo ou um animalzinho importante para a vida de alguém, é algo que me realiza demais. A cada encomenda entregue, a cada cliente feliz recomendando meu trabalho para amigos e familiares é a resposta de que estou no caminho certo e a criação da Mobo realmente é o meu propósito. ̈ O processo de atendimento da Mobo é muito simples, os clientes geralmente já a procuram com suas ideias pré-moldadas sobre o que querem. As encomendas giram em torno de pinturas de pets e aquarelas infantis. “Diversificar os materiais, para que minhas pinturas sejam entregues de maneiras diferentes e criativas, é a primeira meta para esse ano. E assim fazer com que mais arquitetos e designers conheçam minhas artes. ̈ Com a conta da Mobo4you, no Instagram, já tem suas obras em todos os estados do Brasil e em países como Holanda, Suíça, Portugal, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e Canadá.
Serviço Envios para todo o brasil @Mobo4you
habitat HOMENAGEM
O HOMEM DE ALMA VERDE Pedro Nehring, paisagista de Inhotim, faleceu em janeiro e deixou como legado a exuberância dos jardins do nosso museu a céu aberto
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á pouco mais de um ano, a Revista Habitat teve o prazer de fazer uma visita virtual guiada, ao Instituto de Inhotim, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, por meio de uma entrevista exclusiva com o paisagista Pedro Nehring. Responsável pela exuberância de um dos maiores museus a céu aberto do mundo, Nehring faleceu em janeiro. Seu último trabalho no museu foi a criação do Jardim Sombra e Água. Em nota, o Instituto Inhotim lamentou o falecimento. “Pedro Nehring foi figura central na construção da coleção botânica do Inhotim, uma das mais importantes do mundo, e na criação das paisagens que encantam milhares de pessoas”, destaca a nota. Durante a nossa conversa, o paisagista comentou que caminhar pelos jardins de Inhotim vai sempre além de contemplar sua exuberância. Inserido em porção florestal remanescente de Mata Atlântica e Cerrado – dois dos biomas mais ricos em biodiversidade e, ao mesmo tempo, ameaçados do planeta – o Instituto é um campo pulsante para pesquisa científica e uma ferramenta de conservação e educação ambiental. Ele não se demorava a explicar que sustentabilidade e Inhotim têm tudo a ver. O uso de espécies nativas (aquelas que ocorrem naturalmente na região) no paisagismo de Inhotim é um exemplo de prática que colabora para o conceito. “Ao utilizar essas espécies, que são adaptadas ao clima da região, há uma diminuição em gastos com irrigação, por exemplo. Outra forma é fazer uso da compostagem. A manutenção diária dos jardins do Instituto Inhotim gera uma enorme quantidade de material de podas. Esse material é compostado, e o resultado é um rico composto orgânico, utilizado na adubação dos jardins do Instituto. Perceba que a compostagem, além de ser uma ótima solução para esses resíduos, também poupa gastos do Inhotim com compra de composto e contribui com a sustentabilidade. O paisagismo e a preservação podem coexistir, gerando resultados belíssimos e sustentáveis em longo prazo”, explicou Nehring. Pedro arquitetava os jardins com prazer, devoção e noção da sua reponsabilidade. Não era para menos: em 2010, Inhotim foi reconhecido como Jardim Botânico, título atribuído pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos (CNJB). Hoje, o Instituto é referência nacional e internacional em paisagismo tropical contemporâneo. O Jardim Botânico do Inhotim faz a gestão do acervo e das coleções botânicas, compostas por mais de 4,3 mil espécies nativas brasileiras e exóticas de várias partes do mundo, além de pesquisa e monitoramento do patrimônio natural do Instituto. O passeio real em companhia de Nehring não aconteceu, se bem que muito de lá diz também a respeito do paisagista. Portanto, o passeio vira homenagem ao homem de alma verde. Fev. Mar. 2023
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Coluna CALEIDOSCÓPIO por Isabela França
Chef Morena Leite abre sua alma e seu ninho, em Trancoso É na casa do litoral baiano que consegue expressar de forma genuína a cultura local, seus ingredientes e sabores
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om jeito de menina baiana, Morena anda com os pés descalços em sua casa que mais parece um cenário de Jorge Amado, debruçado sobre a mata e emoldurado pelo mar e pelo céu, recheado de objetos de arte, tecidos e fibras naturais, madeiras, pedras, sementes e contas. Para o observador mais atento, além do jeito, ela também tem o dom, que Deus deu.
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Morena Leite é uma das chefs de cozinha e empresárias da gastronomia mais festejadas do Brasil. Ela nasceu e cresceu no famoso Quadrado de Trancoso, no litoral baiano, e tenho certeza que aquela energia incrível que emana por lá deve ter se misturado aos temperos das panelas do restaurante de seus pais e ajudado a forjar esta mulher tão talentosa e atualizada com o que existe de mais bacana no mundo.
Sócia do Grupo Capim Santo, ela comanda restaurantes em São Paulo e no Rio de Janeiro e ainda está à frente do Instituto Capim Santo, que há 12 anos capacita pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, transformando vidas por meio da gastronomia. Com um time de mais de 300 pessoas trabalhando em todos estes projetos, é em sua casa de Trancoso que ela recarrega as baterias e busca inspiração. É para onde volta sempre, depois de cada uma das muitas viagens mundo afora levando a brasilidade e buscando conhecimento. Suas raízes em Trancoso são profundas e é ali que ela consegue expressar de forma genuína a cultura baiana, seus ingredientes e sabores.
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Coluna CALEIDOSCÓPIO por Isabela França
A casa, seu ninho, é onde Morena compartilha com os amigos, a família e quem mais quiser suas crenças, aprendizados e experiências. No ano passado, a cozinha - estrategicamente colocada no espaço mais nobre da sala e da varanda – foi reformada e nascia o Alma Ninho. A proposta de receber o público deu tão certo que, este ano, a casa ganhou mais alguns quartos e a experiência que começou sendo apenas gastronomia se tornou completa com a possibilidade de hospedagem. O que o Alma Ninho tem de tão especial? Além de toda a aura que envolve Morena Leite, o Alma Ninho está num espaço muito privilegiado do Quadrado. No final de uma ruela estreita com toda a bossa das primeiras cidades brasileiras, o portão sempre aberto é um convite. Esculturas, pinturas naif, tapeçaria, mobiliário e outras criações de artistas regionais dão o tom de aconchego. O projeto é do arquiteto Paulo Alves e o design de interiores é de Luís Fronterotta. Todos os tapetes são da By Kamy Verde, produzidos de forma totalmente sustentável. O enxoval é da Trousseau.
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Os hóspedes já entram na batida da dona da casa, descalços. Uma pilha de Havaianas logo na entrada indica que este é um lugar para se livrar de tudo o que possa prender seu corpo e sua mente e alimentar apenas a alma. Quer você vá apenas para o jantar ou as cumbucas com sambinha lounge dos finais de semana, que esteja disposto à experiência completa e exclusivíssima de hospedagem, o Alma Ninho é o sinônimo de luxo contemporâneo. Para os eventos de gastronomia, a média é de 12 pessoas. Já para a hospedagem, a casa conta com quatro suítes e deve ganhar mais duas ainda este ano. Eu estive por lá e recomendo, fortemente. Mais informações sobre o funcionamento do local, horários, valores e serviços, entre em contato pelo @almaninhotrancosco.
Serviço Restaurante Alma Ninho Reservas (73) 9852 3851 |
@almaninhotrancoso
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habitat GASTRONOMIA
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PARRILLA NO BOSQUE Especializado em carne, o Maria Eugênia Gastronomia & Natureza oferece uma experiência, que aguça todos os sentidos
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urante o dia, o bosque de 12 mil m², que envolve o restaurante Maria Eugênia Gastronomia & Natureza e fica perto do Parque Barigui, convida à exploração de árvores enormes (sendo a mais expressiva delas a Maria Eugênia, espécie que dá nome ao empreendimento), jardins coloridos e um córrego. À noite, as luminárias penduradas nas árvores dão outra dimensão ao espaço, mais dramático e encantador. Ocupando uma antiga chácara próxima da rotatória que marca o cruzamento da Avenida Manoel Ribas com a Via Vêneto, o restaurante tem uma proposta completamente diferente do polo gastronômico do qual é vizinho. São diversos ambientes espalhados pelo bosque e ligados por trilhas forradas com calçamento em pedra: decks cobertos, lounges e a Casa Costaneira, construção inspirada nas residências de montanha, com paredes erguidas a partir de toras inteiriças e suas formas arredondadas. Ali funciona o buffet de antepastos, a adega e o wine bar, consagrando o vinho como uma de suas opções. Drinks e cerveja artesanal também são outras alternativas para harmonizar com o menu. O projeto luminotécnico foi feito pelos próprios sócios, Fernando Donnabella, Jean Pierre Lobo, Lyana Lustosa e Junior Marcondes, e o projeto arquitetônico foi realizado em parceria com o escritório Godino Arquitetura e Engenharia.
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habitat GASTRONOMIA
COMER
A casa é especializada em carnes e mistura uma cozinha inspirada nas tradições das parrillas argentina e uruguaia, com menu assinado pelo chef Ivo Lopes, reconhecido nacionalmente pelo talento e criatividade. O cardápio conta com cortes bovinos 100% Angus e iguarias como o Porco Moura, raça suína herdeira da tradição ibérica que se desenvolveu no Paraná e conquistou os chefs com sua carne macia e saborosa. Além disso, massas frescas, risotos e frutos do mar assados na parrilla também fazem parte das criações exclusivas do Maria Eugênia. O chef titular da casa é Thiago Abduch, jovem profissional que realizou trabalhos de destaque em Curitiba e Rio de Janeiro.
CURTIR
As crianças têm especial atenção. Além de uma área kids (com recreação aos sábados e domingos), o restaurante Maria Eugênia é um convite para brincar ao ar livre. O espaço se completa com balanços suspensos, bancos, mirantes e outros ambientes. Mobiliários integrados à natureza – tudo feito com madeira de reflorestamento - convidam a relaxar e aproveitar bons momentos em meio a um oásis de tranquilidade pertinho da região central da cidade.
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Serviço Restaurante Maria Eugênia Gastronomia & Natureza Rua Capitão Antônio Pedri, 408 - Santa Felicidade. Quarta e quinta-feira, somente jantar, das 19h às 23h30. Sexta-feira e Sábado, almoço do meio-dia às 16h; jantar das 19h às 23h30. Domingo somente almoço, das 12h às 17h. Reservas (41)99788-0080 |
@restaurantemariaeugenia
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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco
WALKIRIA NOSSOL Além dos projetos assinados pelo seu escritório de arquitetura e interiores, Walkiria Nossol assina duas linhas em 2023: de luminárias artesanais de luxo e de mobiliário pet. Foto: Mehjji Moana.
ENCONTRO VIP Vani Tedesco abriu seu apartamento no edifício Pharos, um dos mais luxuosos da Barra sul de Balneário Camboriú (SC), para jantar que reuniu um grupo seleto de mulheres. Na foto, Vanira Adami, Sofia Poletto, Cinira Paiva , Vani Tedesco e Alda Tedesco.
AGL Com obras a todo vapor do residencial New Urban, no Novo Mundo, e os lançamentos de dois empreendimentos previstos para 2023, a incorporadora AGL inaugurou nova sede em Curitiba, no Água Verde. Na foto, os irmãos engenheiros e proprietários da AGL, Giancarlo Antoniutti (de branco, em frente à porta) e Luiz Antoniutti , com a equipe da incorporadora.
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REGINA BRUNI A lighting designer Regina Bruni assina projetos luminotécnicos para grandes empreendimentos comerciais e residenciais em todo o Brasil. A profissional tem escritórios em Curitiba, São Paulo e Balneário Camboriú.
EDUARDO MOURÃO Além de consagrados projetos residenciais, comerciais e de hotelaria por todo o país, o arquiteto Eduardo Mourão está à frente da empresa Studio Casa, que desenvolve coleções de móveis e objetos que são distribuídos em diversas lojas no Brasil. Foto: Daniel Katz.
BETH EGAS A designer de interiores Beth Egas atua fazendo projetos residenciais e corporativos em Curitiba, no litoral e também no interior do Paraná. Alem de projetar, Beth realiza o acompanhamento das obras do início ao fim, para que os seus clientes não se preocupem e apenas apreciem o resultado final.
LAGUNA A convenção de vendas do KAÁ, novo empreendimento residencial da Construtora Laguna, reuniu diretoria e corretores para apresentar os diferenciais do projeto no Bigorrilho assinado pelo escritório Bernardes Arquitetura. Na foto, Renan Fernandes, head de vendas; Felipe Sebben, gerente comercial; e André Marin, diretor de incorporação da Laguna. Fev. Mar. 2023
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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco
CULTURA A arquiteta Luciana Casagrande Pereira assume seu segundo mandato à frente da Cultura no Paraná, agora como secretária. No final do ano passado, o governador Ratinho Jr. anunciou a criação da Secretaria da Cultura. Na foto de Gilson Abreu (AEN), Luciana no Museu Oscar Niemeyer.
FOTOGRAFIA As fotógrafas Tânia Buchmann e Charly Techio, supervisoras do curso de Fotografia do Centro Europeu, lançaram a marca Duas Fotografias. (@duas.foto), que oferece ensaios diferenciados e inspiradores. Na foto, uma das clientes da dupla: Thais Ramos, sócia-fundadora e CEO da marca De Benguela.
INTERSEPT
RENATA BERNARDO Cíntia Peixoto, sócia e publisher da Revista habitat, e a empresária Florlinda Andraus em badalado evento da joalheira paulistana Renata Bernardo, que inaugura atelier em Curitiba.
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Há mais de 22 anos atuando no setor de segurança patrimonial e serviços, Fernando Henrique Ribas, CEO do Grupo Intersept, tem recebido cada vez mais prestígio tanto de clientes, quanto de seus pares de mercado. Isso lhe permitiu alçar cargos de liderança no Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná (Sidesp-PR), onde exerce a vice-presidência, e na Federação Nacional onde figura como diretor.
Coluna CONEXÃO por Cesar Franco
ANNA LOYOLA A arquiteta Anna Loyola atua há mais de 25 anos e vive na ponte aérea Curitiba-São Paulo, onde coordena dois escritórios. Agora ela assumiu o desafio de reconectar-se com o trabalho de seu pai, o também arquiteto Eli Loyola (in memorian). Anna tem vasta experiência em projetos de condomínios, residências, escolas e hospitais. Foto: Márcio Scavone.
IVANA ANDRADE Após consolidar seu trabalho em Minas Gerais, a arquiteta Ivana Andrade chegou ao Paraná com foco em novas parcerias e o avanço de seu escritório em Curitiba e nos Campos Gerais. Na foto de Marcelo Elias, Ivana na vitrine assinada por ela para Artefacto.
JBA O casal Claudia e Ilso Gonçalves, sócios e diretores da JBA Imóveis, celebra o 30° aniversário da empresa, em 2023, com novas lojas na Região Metropolitana de Curitiba e uma sede fora do Paraná. Foto: Lening Abdala.
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CONFRARIA Em evento promovido pela Confraria Imobiliária de Curitiba, o fundador e presidente da Casteval Construção e Incorporação, Osvaldir Benato, foi o grande homenageado da noite, que reuniu 250 construtores, incorporadores e corretores de imóveis. Na foto de Gerson Lima, Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária; e o arquiteto Jayme Bernardo.
SAN REMO A Construtora San Remo acaba de lançar um serviço inovador e inédito no mercado imobiliário: a Assistência Técnica Vitalícia. Uma equipe especializada de engenheiros da empresa passa a ser responsável por identificar, propor soluções, orientar e executar serviços de manutenção nos imóveis da construtora. Na foto de Eduardo Macarios, Aline Moritz Perussolo Soares e João Carlos Perussolo, diretores da San Remo.
ELEUTHERIO NETTO Após o sucesso de suas exposições em Veneza (Itália) e Miami (EUA) no ano passado, o artista visual Eleutherio Netto prepara mostra individual em Balneário Camboriú (SC) em abril de 2023.
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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco
MONARCA A arquiteta Ana Letícia Virmond (na foto com Seme Raad) irá assinar dois novos apartamentos decorados para o residencial Álamo, da Construtora Monarca, que tem projeto assinado pela Baggio Schiavon Arquitetura e paisagismo de Benedito Abbud. Uma das unidades do prédio no Bigorrilho receberá itens da Simmetria Ambienti e o outro apartamento, peças da Inove Design. Foto: Patrícia Klemtz
FLÁVIO SCHIAVON O bairro do Cabral acaba de ganhar um novo residencial de luxo, projetado pela Baggio Schiavon Arquitetura, comandada por Flávio Schiavon. De frente para o Graciosa Country Club, o A.I.R. Cabral teve seu projeto pautado pelos conceitos de arte, minimalismo e leveza, como sugere o nome do edifício, cujas sílabas remetem à expressão “Art in Residence”. Foto: Paula Morais.
VINCERE A Víncere Incorporadora acaba de entregar o residencial Serra Juvevê, edifício que traz o espírito da casa de montanha para apartamentos com terraços panorâmicos. Na foto de Sisi Terezin , durante evento de entrega do imóvel, o engenheiro da Víncere, Fernando Meira; a diretora da incorporadora, Adriana Macedo Perin; a head de Marketing do Grupo Noster, Thábata Gulin Guarinello; e o diretor da Víncere Locações, Vinícius Dunetz.
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GRAMARCAL O escritório Jayme Bernardo Arquitetura assina o projeto do estande da Gramarcal na Expo Revestir 2023. Na foto de Gerson Lima, os diretores da Gramarcal, Filipe Ravera, Marinete Ravera de Azevedo e Anderson Ravera, que já estão nos preparativos para a maior feira de revestimentos e acabamentos da América Latina em São Paulo.
EDUARDO PIMENTEL O vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, também é desde o início de 2023 o secretário de Estado das Cidades do Governo do Paraná. De acordo com ele, a orientação do governador Carlos Massa Ratinho Junior é levar às demais cidades paranaenses as ações de Curitiba, sob a gestão do prefeito Rafael Greca, que ajudaram a consolidar a capital como a mais inteligente do Brasil.
VILLA BATEL Marcia Almeida e a arquiteta Camilla Motter que assinou a nova vitrine da Villa Batel
TRANCA SOLIDÁRIA A 5ª Edição da Tranca Solidária desembarcou, mais uma vez, na sede da Praia Mansa do Iate Clube de Caiobá (ICC) nesta temporada de verão. O evento beneficente teve o patrocínio master da Construtora Laguna. A entidade escolhida para receber a doação este ano foi o Pequeno Cotolengo. A Tranca Solidária é uma iniciativa de Fernanda Borio, Paula Mocellin Slaviero, Priscilla Müller, Tatiana S. Reichmann e Renata Sguario. Fotos: André Neto
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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco
ZILDA FRALETTI A Galeria Zilda Fraletti inicia 2023 com um convite para os apaixonados por arte. Seu Clube de Colecionadores, programa de créditos para aquisição de obras de arte semelhante ao modelo de consórcio, também irá oferecer aos participantes durante o ano palestras, workshops e conversas com convidados especiais. Na foto de Gerson Lima, os sócios Zilda Fraletti e Carlos Cavet.
ARQUITETARE Para Elaine Zanon, “arquitetura é cultura”, onde o principal foco é identificar a personalidade, a essência de cada cliente e proporcionar o bem-estar em cada projeto: mais do que uma casa, um espaço onde a pessoa vai cultivar boas memórias e qualidade de vida, um lar. Na foto, as arquitetas Elaine Zanon e Cláudia Machado, sócias da Arquitetare.
MARCOS SOARES À frente da MS Interiores, Marcos Soares sempre imprime sofisticação e personalidade em seus projetos de festas e decoração. Também são marcas registradas do profissional o espírito de renovação, o atendimento próximo e pessoal com os clientes e o cuidado com cada detalhe.
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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco
THEO GOUVEIA Festa de um ano de Theo Ciruelos Gouveia no Iate Clube de Caiobá. Na foto de Júlio Saito, o aniversariante com os pais Victor Matheus Gouveia e Vitória Ciruelos
PRISCILLA MULLER Em evento super prestigiado, Priscilla Muller inaugurou vitrine na Reveev, loja de camas e colchões de alto padrão em Curitiba. Foto: Kelly Knevels
IVANGELA CURRA LUXURY HOUSE A Luxury House abriu suas portas para oferecer uma nova experiência em eletrodomésticos de alto padrão. Destaque para a SMEG, marca italiana que terá seus produtos vendidos com exclusividade pela loja em Curitiba. A proprietária Beatriz Kunz em foto de Kelly Knevels.
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Arquiteta Ivangela Curra tem se dedicado a projetar e executar condomínios de sobrados que são tendência no pós-pandemia.
BOTTEH
ELIZA SCHUCHOVSKI Eliza Schuchovski em sua nova vitrine na Artefacto. Foto: Rodrigo Ramirez
Lançamento da vitrine assinada por Jayme Bernardo para a Botteh Tapetes. Na foto de Patrícia Amancio, o casal de proprietários da marca, Daiane Michelim e Amir Shahrouzi, e a gerente da loja, Bartira Brittes, com Jayme Bernardo.
BMW Valéria Yaeko Ohira, gerente geral de pós-vendas da BMW; Cristiane Dalla Valle, diretora de marca BMW Euro Import; e Michelle Maciel, gerente comercial BMW; na apresentação do novo X1 na Ópera de Arame.
CASACOR 2023 Pedro Ariel Santana e Marina Nessi no lançamento da Casacor Paraná 2023.
CRIS DAROS Em evento na Artefacto, Cris Daros apresentou sua nova vitrine. Foto: Gustavo Sguissardi. Fev. Mar. 2023
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BOAS VINDAS A AG7, incorporadora de wellness building do Brasil, anunciou a contratação da nova Diretora de Operações da empresa, Marcela Pfeiffer. O objetivo da marca com o novo reforço no time é aproveitar toda a expertise da profissional na gestão de equipes e na construção de empreendimentos voltados para a alta renda, de modo a estruturar projetos marcantes no mercado imobiliário de bem-estar. Arquiteta, Urbanista e Publicitária, Pfeiffer possui uma formação acadêmica extensa em seu currículo, com destaque na Certificação de Project Management Associate, IPMA, Mestre Profissional em Marketing e especialização em Gerenciamento de Obras. De acordo com a nova Diretora de Operações da AG7, a sua experiência com empreendimentos únicos e exclusivos, como Fazenda Boa Vista, Las Piedras, Boa Vista Village e Fasano, soma ao que a incorporadora já faz, com foco em inovação e em seus clientes. “Meu propósito é contribuir com os objetivos da AG7, trazendo o dinamismo e pioneirismo de São Paulo, gerando mais eficiência nas ações e resultados, sempre com o foco nos clientes, nas pessoas.”, explica Marcela
PAISAGISMO REGENERATIVO A Incorporadora AGL e a CWB Outdoor inauguraram a Praça New Urban, um espaço de uso compartilhado construído no terreno vizinho ao empreendimento da incorporadora, que está sendo erguido em Curitiba. Com projeto assinado pela Bloco Base, a obra foi entregue com uma programação preparada para mostrar aos frequentadores todo o potencial do novo ponto de encontro da vizinhança. A Praça do New Urban foi inspirada por iniciativas de requalificação de áreas ociosas pelo mundo e a tendência de um novo modelo de ocupação dos espaços urbanos. Com o propósito de oferecer um espaço sustentável e que contribua para a recuperação do
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equilíbrio natural no ambiente urbano, a AGL buscou a parceria de empresa especializada em paisagismo regenerativo, que priorizou a oferta de equipamentos úteis para a comunidade, um ambiente seguro e atrativo para a vizinhança e a seleção de espécies nativas da Mata Atlântica.
Coluna OPINIÃO por Priscila Leopoldino
DESCONEXÃO O papel volta a ter espaço no mundo superconectado. O que pode parecer paradoxal, também pode ser uma grande oportunidade para o meio e de conexão na vida das pessoas
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ou do tempo da internet discada, da TV que não permitia pausar o programa, da música predileta gravada na fita cassete com a marca d’água da emissora de rádio e das pausas para folhar uma revista atrás de matérias que pudessem aguçar a minha imaginação. Que pausa deliciosa para escolher as revistas que me deixavam curiosa e esclareciam minhas dúvidas nas diferentes fases da vida, das trocas com meus amigos sobre determinados assuntos, das fotos colocadas nas matérias de lugares lindos e ainda não desbravados - responsáveis por encher nossos olhos e nossa imaginação - nos levando àqueles lugares de forma prazerosa. Dos assuntos mais polêmicos que nos faziam refletir e criar nosso próprio senso crítico sobre as situações. E até mesmo dos horóscopos, que nos faziam pensar e dar risada dos possíveis fatos ou acontecimentos que poderiam conduzir a nossa vida nos próximos dias.
Será que essas pausas “impressas” poderiam ser retomadas nos ajudando a recriar a nossa conexão com nós mesmos sem influências ou opiniões de terceiros? Será que poderiam nos ajudar a acalmar nossa ansiedade ou nos levar a lugares distantes sem tempo indeterminado? Tenho certeza que sim. O meio impresso nos proporciona pequenos prazeres como o ritual de sentar e prestar atenção, em ver a qualidade da matéria ou entrevista selecionada, nas fotos maravilhosas escolhidas pelos profissionais do meio e, claro, dos anunciantes que ali estão em busca do seu melhor consumidor. Em pleno 2023, em um mundo superconectado, observamos crescimento de percentuais de consumo no meio revista nos institutos de pesquisa. O que pode parecer paradoxal, também pode ser uma grande oportunidade para o meio e de conexão na vida das pessoas.
Priscila leopoldino é consultora de negócios e canais de comunicação
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Coluna PONTO DE VISTA por Leandro Lorca
O NOVO ANO DO NÚCLEO PARANAENSE DE DECORAÇÃO
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este ano, o Núcleo Paranaense de Decoração completou 21 anos de história e nos consolidamos como um grupo forte, unido e completo de lojistas. Atualmente, contamos com 32 lojas associadas e formamos o melhor circuito de compras de alta decoração do Paraná, uma vez que temos associados em praticamente todos os segmentos que uma construção ou reforma demanda. Compartilhamos de um mesmo propósito: fortalecer nosso mercado a partir de conexões, experiências e negócios. Nossa organização é democrática e busca envolver seus associados em todas as ações que promove. A participação, o engajamento e o comprometimento de todos é essencial para estarmos na vanguarda do nosso segmento. O trabalho à frente de uma associação demanda tempo, energia, dedicação e é esta construção que viabiliza a superação de resultados a cada ano. De fato, 2022 foi marcante. Além de ter sido muito positivo para o nosso setor, pela primeira vez na história do NPD, levamos quase 100 pessoas - entre profissionais e lojistas - para viagens culturais. A agenda contou ainda com ações estratégicas e encontros enriquecedores, em que nos conectamos e compartilhamos experiências. Em termos de resultados, tivemos aproximadamente 700 diferentes escritórios comprando em nossas lojas associadas, número que comprova o quanto o Núcleo tem sido um porto seguro para os principais especificadores do Paraná. Afinal, esse é um dos nossos principais objetivos: ser um “selo de garantia” para os profissionais do segmento, proporcionando um mix completo de lojas para os seus projetos.
É importante ressaltar que toda loja interessada em ingressar ao Núcleo Paranaense de Decoração passa por uma curadoria, realizada pela diretoria e os demais lojistas associados. Seguimos este processo para garantir que teremos somente lojas idôneas, sólidas e com histórico positivo em nossa associação. Hoje temos uma diretoria atuante e participativa e, para os próximos anos, queremos trazer novos associados para compor a diretoria, pois entendemos que essa oxigenação é muito saudável para a associação. 2023 será mais um ano favorável para o segmento, pois Curitiba continua atraindo pessoas, o que mantém aquecido o setor de construção civil e, consequentemente, o nosso também. Além disso, temos empreendimentos sendo entregues na cidade e condomínios de casas surgindo. É importante nos atentarmos à mudança de comportamento das pessoas, que continuam ressignificando a relação com o local de trabalho e valorizando cada vez mais a sua casa na cidade, no campo ou na praia. Nosso planejamento para o próximo ano traz novidades para as lojas associadas e escritórios parceiros. Serão três viagens culturais para destinos incríveis, com a participação de mais de 120 pessoas, entre lojistas e profissionais. As expectativas são altas, afinal, em 2022, todos os encontros foram marcantes. Não podemos revelar mais detalhes, mas podemos garantir que 2023 será mais um ano inesquecível para todos que, de alguma forma, fazem parte da família do Núcleo Paranaense de Decoração.
Leandro Lorca é presidente do Núcleo Paranaense de Decoração