Habitat 16

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Número 16

arquitetura | arte | design

Gaetano Pesce

O legado do gênio da arquitetura e do design que fascina o mundo






habitat EDITORIAL

Novos Tempos

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o lapso temporal que insiste em soprar a vida, há tempo para reinterpretar, reparar ou reverter. A arte é mentora desse movimento que flexiona a mente. Fonte inexaurível do pensamento afiado que não se acomoda. Nas palavras de Gerhard Richter, foi resumida numa tacada: “a arte é a mais elevada forma de esperança”. Onde brota o fervor criativo, tudo está conectado. Para esta edição que navega na inovação e nas esferas borbulhantes da produção artística, Gaetano Pesce é mestre do seu tempo e do amanhã por compreender como poucos que a flexibilidade liberta. Alavanca a busca pelo novo, num ciclo infindável onde a pluralidade prevalece. Devemos ser coletivos. Nesse semestre o Brasil brilhou. Como país que questiona convenções ultrapassadas ao mesmo tempo que dá voz ao movimento, tardio, de reparação. Foi assim que a nova edição da Bienal de São Paulo ganhou o mundo, e se tornou emblemática. Contesta a realidade da sociedade atual - violência, dominação de territórios e diásporas, num movimento metamórfico de debates culturais e sociais

potentes. A riqueza dos talentos brasileiros, para além do eixo Rio-São Paulo, oxigena a economia criativa, como mostrou a SP-Arte Rotas Brasileiras. A força do amanhã está no plural, não no singular. O planeta que dilacerou o meio ambiente, agora corre para a sustentabilidade, no design, arquitetura e construção civil. Nossa equipe tentou reproduzir no decorrer das páginas o cinzelar das novas percepções que fagulham questões urgentes para inspirar novos tempos. Repensar a modernidade líquida como Gaetano Pesce evoca na filosofia de Zigmunt Bauman. Encontrar significância no ato de amor do abraço de Martin Luther King e sua mulher após conquistar o prêmio Nobel da Paz em 1964, captado na escultura de Hank Willis Thomas (foto abaixo). Que soprem os ventos e nos levem em direção a constelações de tempos novos. Já era tempo. Boa leitura! Débora Mateus Diretora de conteúdo.

The Embrace 2022, Hank Willis Thomas, Simões de Assis. Foto: Divulgação

EXPEDIENTE Publisher: Cíntia Peixoto, cintia.vieira.peixoto@gmail.com | (41) 99225-7610 Comercialização: Saltori Mídia Estratégica, saltori@saltori.com.br | (41) 99996-9995 | R SALTORI REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS LTDA | 05.552.266/0001-60 Direção de conteúdo: Débora Mateus | debora@dmcomunicacao.com Direção de arte: Igor F. Dranka | ferreiradranka@gmail.com Conselho editorial: Cintia Peixoto, Consuelo Cornelsen e Débora Mateus Colunistas: Paula Campos (Coluna Sobre Morar), Rodolfo Guttierrez (Coluna É Design), Cesar Franco (Coluna Conexão), Isabela França (Coluna Caleidoscópio), Débora Mateus (Coluna Spectrum, Arte & Design), Christian Ullmann (Coluna Ponto de Vista). Redes sociais: Cristina Fontoura Consultoria, consultoriacristinafontoura@gmail.com, @consultoriacristinafontoura Tradução (revisão): Cecília Bergamo Contato: arevistahabitat@gmail.com Créditos: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office (Capa) Impressão: Maxi Gráfica e Editora LTDA. | maxigrafica@maxigrafica.com.br Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes

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habitat INDICE

habitat Edição 16

14. CAPA.

Gaetano Pesce, o gênio inovador da arquitetura e do design, revela como construiu o legado que fascina o mundo

34. ESPECIAL SP-ARTE.

SP-Arte Rotas Brasileiras celebra a riqueza da arte nacional

42. ESPECIAL BIENAL.

O impacto da emblemática edição da Bienal de São Paulo

52. COLUNA SPECTRUM.

Speed of Grace inaugura nova sede da Simões de Assis

58. MOSTRA

Obras de Victor Brecheret em exposição no MON

60. ARQUITETURA REGENERATIVA.

Festival Rigenera traz mostra internacional para Curitiba

70. DESIGN & ARTE

Marcelo Stefanovicz estreia nova exposição individual

80. ENERGIA LIMPA

Pirâmide Solar do Caximba é referência em sustentabilidade

84. NOTAS DE MERCADO

As principais notícias do mercado imobiliário e outros lançamentos

90. COLUNA SOBRE MORAR

O lar de Raíssa Zanini, Ercílio e Fiorella Slaviero

96. COLUNA É DESIGN

Carlos Motta, o designer da natureza

100. COLUNA CALEIDOSCÓPIO

Desfile na Pinacoteca de SP homenageia José Leonilson

107. COLUNA CONEXÃO

Cobertura dos eventos sociais de destaque em Curitiba

122. PONTO DE VISTA

Christian Ullmann reflete sobre REdesign

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habitat ARQUITETURA DESIGN ARTE

L’Espace e Conexão Habitat apresentam espaço inédito no Batel para falar de Arquitetura, Arte e Design Com conceito pioneiro em Curitiba, a Casa L’Espace | Conexão Habitat promoverá, durante 10 meses, eventos e mostras exclusivas para debater as principais tendências na economia criativa

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osto de gente que transforme sonhos em realidade”, diz Cintia Peixoto, Publisher da revista Habitat. Com esta frase, ela anuncia mais uma ação pioneira na capital paranaense. A Casa L’Espace | Conexão Habitat estreia em dezembro como um ambiente exclusivo para estabelecer diálogos sobre arquitetura, arte e design, áreas que impulsionam a economia criativa no país. O novo projeto surge como uma parceria entre a L’Espace Incorporadora e a revista Habitat, que tem se destacado pelo conteúdo diferenciado e entrevistas exclusivas voltados a destacar as novidades destes segmentos, além do mercado imobiliário. Nascida a partir da união de ideias criativas e ousadas de profissionais da arquitetura e engenharia, a L’Espace é hoje responsável pelos em-

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preendimentos mais inovadores e autênticos de Curitiba, valorizando o espaço de seus moradores e da própria cidade. “Nós temos amadurecido esta ideia há algum tempo. Depois do sucesso obtido com o evento Conexão Habitat, quando trouxemos Lissa Carmona, CEO da ETEL e Tamara Perlmann, diretora de novos negócios da SP-Arte, para falar sobre a proeminência do design brasileiro, não houve dúvidas”, explica. Segundo ela, o conceito da Casa L’Espace | Conexão Habitat se alinha às principais tendências do cenário nacional, sobretudo em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, onde espaços voltados a promover este tipo de conteúdo têm ganhado destaque. “Curitiba é uma cidade que volta o olhar para questões inovadoras. Nosso espaço promoverá reflexões sobre o que há

de mais importante nestes setores”. “Acho que essa parceria nasceu naturalmente entre duas empresas com ideias similares. Ambos vemos a arte, a arquitetura e a inovação como elementos importantes em nosso dia a dia, nossos lares, nossas cidades. Vamos fazer, durante esse período, um ponto de encontro de todos que apreciam e buscam tudo isso, com muito conteúdo e qualidade”, complementa Alexandre Dely, sócio da L’Espace. Situada no Batel, um dos bairros mais privilegiados de Curitiba, a Casa será palco para eventos mensais voltados a arquitetos, formadores de opinião, empresários, profissionais de design e do mercado imobiliário que além de ter acesso a talks exclusivos poderão ter a oportunidade para networking.





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MESTRE DO FUTURO Gaetano Pesce, gênio inovador da arquitetura e do design, revela em entrevista exclusiva como construiu o legado artístico que fascina o mundo

Por Débora Mateus

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ão poucos os gênios da arquitetura e do design que conseguem se manter inovadores ao longo da vida. Gaetano Pesce é um deles. Considerado um dos nomes criativos mais importantes dos últimos cinquenta anos, possui uma visão revolucionária. Criador de obras extraordinárias, foi o primeiro a compreender o que muitos não conseguiram: transmitir mensagens com significados políticos, religiosos, filosóficos e existenciais por meio de objetos e construções arquitetônicas – muitas vezes elevados ao patamar de arte. Assim, a história de sua vida conquistou o mundo. Suas criações estão presentes nos mais importantes museus: MoMA, Metropolitan Museum of Art, Victoria and Albert Museum, Musée du Louvre, Centre Pompidou e o Musée des Arts Décoratifs – são 30 coleções permanentes diferentes, além de exposições em inúmeras galerias de arte nos quatro cantos do globo.

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Aos 84 anos, em entrevista exclusiva à Habitat, Pesce conta como construiu seu repertório intelectual profundo, instigante e provocador. Ele defende a diversidade criativa, com a mesma veemência que rejeita a padronização do modernismo, assim como a repetição da indústria orientada à uniformização. Como um mestre do futuro, desafia convenções pelo questionamento inabalável. Assim, encontra o novo constantemente. “Quando eu era muito jovem, por volta dos 18 anos, fui chamado de comunista. Na época, me disseram que a Rússia era um paraíso de liberdade. Visitei o país e voltei com a impressão oposta. É um paraíso de não liberdade e não diversidade”. Quando começou a trabalhar como designer ao lidar com a produção em série, percebeu que, da mesma forma que as pessoas são diferentes, os objetos também deveriam ser.


Desenho da Pluralist Tower (Torre Pluralista), idealizada por Gaetano Pesce em 1987 para ser construída em São Paulo. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Sit Down Armchair & Ottoman and Sit Down Sofa, produzidos em 1975. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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“Assim como as pessoas são diferentes, o design e a arquitetura também devem ser”

Peças: Nobody’s Perfect, Limited-Edition Diversity is Beautiful Chair, 2022. Foto: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

Nos anos 1975, em parceria com a Cassina, começou a produzir cada peça de mobiliário como um objeto único. “Acredito que devemos lutar contra o Estilo Internacional (ou Arquitetura Moderna) e as ideologias que nos dizem que somos todos iguais”. Em sua prática criativa, ele convida a refletir sobre a aceitação da imperfeição humana, algo que aprofundou quando conheceu a filosofia Zen, numa visita ao Japão. A série de cadeiras em resina, criada em 2002 e reeditada em 2019, Nobody´s Perfect (Ninguém é Perfeito) e Diversity Chair (Cadeira da Diversidade) é um exemplo digno de destaque.

Nobody’s Perfect Chair (cadeira) e Monolithic Tables (mesas), 2022. Foto: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Nobody’s Perfect Limited-Edition Diversity is Beautiful Chair, 2022. Foto: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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MANIFESTO PELA LIBERDADE FEMININA

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om a poltrona mais emblemática que criou - Up 5 Lounge Chair with Up 6 Ottoman, também conhecida como La Mamma ou Donna-, Gaetano Pesce fez história. Demonstrou que o design pode ser uma ferramenta de expressão contra a opressão feminina. Concebida em 1969 para a B&B Italia, foi inspirada na silhueta de uma mulher. Amarrada por uma bola atada ao pé, evoca a imagem de um prisioneiro. É feita com espuma - material que tornou a assinatura do mestre italiano inconfundível.

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As peças figuraram em prestigiadas exposições, fazem parte da coleção permanente do MoMa e receberam uma versão gigante, a Maestà Sofferente, apresentada na Piazza Duomo (2019). Mais de meio século após sua criação, elas ainda transmitem um recado atual. “O serviço das mulheres em transformar o mundo ainda não se materializou. Os homens continuam fortemente conservadores e têm medo delas. Reagem com violência diante da liberdade feminina. Veremos que o mundo será melhor quando as mulheres estiverem em posições de poder”, enfatiza.


Maestà Sofferente, 2019. Versão gigante das icônicas cadeiras Up 5 Lounge Chair with Up 6 Ottoman, em uma apresentação na Piazza Duomo, em Milão. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Cara Madre, 2015. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

A história de Gaetano Pesce é moldada pela forte presença da arte e pelo impacto significativo das mulheres em sua vida. Sem a presença do pai, que perdeu ainda bebê, foi com a mãe Alda que aprendeu lições valiosas. Talentosa pianista, ela nutriu seu amor pela música, ensinando-o a criar de acordo com o contexto presente, princípio que embasa seu processo. Ele também apurou seu olhar cultural muito cedo, vivendo em cidades como Veneza e Florença, verdadeiros polos históricos e artísticos.

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Aprendeu a desenvolver sua sensibilidade, algo que denomina como elasticidade mental, em oposição à rigidez, com as mulheres que encontrou ao longo da vida. “Aos 16 anos, conheci uma renomada psicanalista de Trieste e amiga de minha mãe. Ela abriu minha mente ao sugerir que eu lesse ‘Ulisses’ de Joyce. Fiquei impressionado com a linguagem e entendi que mensagens rígidas não deveriam existir mais. A arte é arte quando permite interpretação; se for rígida, não é arte”.

À época da faculdade de arquitetura em Veneza, suas criações tiveram influência de Milena Vettore, estudante de arte e companheira. Juntos, fundaram o Grupo N, um coletivo que desenvolvia experimentos inovadores em design programático. Ele passou a seguir aulas de design em paralelo às de arquitetura por sugestão de Vettore. Neste momento, começou a criar suas peças enxergando-as como forma de cultura, muito além da funcionalidade.


Vaso Indispensabile III, 2020. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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ODE À ARQUITETURA PLURAL

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magine uma torre residencial onde cada andar é projetado por um arquiteto consagrado de diferentes países, incluindo o Brasil, com nomes como Gaetano Pesce, Frank Gehry e Renzo Piano. Este é o conceito da Torre Pluralista, projeto de Pesce criado em 1987, que surgiu durante conversa com a amiga Adriana Adam. Concebido como um monumento da arquitetura do século 21, evidenciando a pluralidade dos habitantes de cada andar, foi projetado para ser construído em São Paulo. No entanto, devido ao Plano Collor, a torre não saiu do papel. “O projeto é antes de tudo, um exemplo de arquitetura democrática. Uma apresentação de diversidade. É muito impor-

tante que um dia seja construído. Se não for por mim, então por outra pessoa”. Ele sustenta que no dia em que for realizada, a torre será uma afirmação do momento na arquitetura. “Poderemos mostrar finalmente que os arquitetos são capazes de ter não apenas uma, mas diferentes línguas, seguindo o lugar em que vivem, suas culturas, crenças, etc”. Para trocar ideias sobre o paisagismo do projeto, que chegou a ser cogitado por construtores brasileiros, o italiano relembra que foi procurar Roberto Burle Marx. “Foi um prazer para mim conversar com esse tipo de gênio da natureza controlada pelo homem. E lembro-me daquela reunião como se fosse ontem”.

“É preciso entender que o Estilo Internacional se tornou obsoleto. Cada lugar tem uma história e uma identidade única. Se a arquitetura se constrói e funciona em lugares distintos, o arquiteto precisa ter linguagens diferentes”

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Pluralist Tower (Torre Pluralista). Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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ARQUITETURA FIGURATIVA

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ara inovar, é necessário propor novas ideias, e isso Gaetano Pesce realiza com maestria. Sempre à frente de seu tempo, surpreende com originalidade. Característica de sua linguagem, a figuração é explorada como uma forma de conexão humana, tanto em suas obras de design quanto nas

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de arquitetura. Entre suas realizações, destacam-se a Casa na Bahia, em Salvador, e Pescetrullo, em Puglia. Construída em 1998, a Casa da Bahia foi um de seus primeiros trabalhos residenciais de arquitetura figurativa. Seguia as características da região: muitas cores, texturas e musicalidade. A residência

pertencia a ele e à Adam. “Minha casa no Brasil existe porque há fotos, vídeos. Mas certamente é melhor, se pudermos manter o original construído e existente para sempre, como muitos monumentos. Deixe-me dizer, a arquitetura é muito rara. A cada século, talvez haja 10, no máximo 15 exemplos de arquitetura”


Detalhes da Casa da Bahia, construída por Gaetano Pesce em 1998. Foto: Ruy Teixeira // Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Pescetrullo, projetada por Pesce em Puglia, na Itália em 2008 é outro notável projeto figurativo. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

O projeto da Pescetrullo executado por ele em 2008 em Puglia, na Itália, também é outro exemplo que contou com a espuma de poliuretano, material que emprega pela flexibilidade. Nas duas casas, o arquiteto demonstrou como criar uma experiência arquitetônica diferenciada que estimula as sensações humanas.

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Quanto aos novos projetos, eles continuam a todo vapor. Depois das icônicas cadeiras que criou para o desfile da Bottega Venetta, no ano passado, Gaetano Pesce revela um novo trabalho. “As cadeiras nas quais estou trabalhando no momento são capazes de representar o afeto entre seres humanos, independentemente do

gênero. É uma celebração do amor em todas as suas formas”. O mestre da arquitetura, do design e da arte permanece jovem pela riqueza intelectual que exercita. Assim como o tempo, que ele desafia e domina, evolui. Vive cada dia com a mesma intensidade com que dá vida às obras e faz de seus dias, momentos únicos.


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Pescetrullo, projetada por Pesce em Puglia, 2008. Foto: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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AMIZADE EM CURITIBA

Uma das mulheres brasileiras com quem Pesce mantém amizade até hoje é Consuelo Cornelsen, figura importante no cenário cultural do Sul do Brasil. “Consuelo é uma pessoa sensível que entende melhor do que outros qual é a natureza do nosso tempo. Ela ajuda a cultura do lugar onde vive, com dificuldades. Conheci Consuelo através de Adriana Adam, amiga muito próxima que infelizmente morreu jovem. As duas mulheres me ajudaram a entender o Brasil e a América do Sul. Posso dizer que, junto com Consuelo, podemos fazer muitas coisas em seu país”. Conheça o escrito poético redigido por Consuelo Cornelsen para um catálogo sobre o legado do amigo italiano. Gaetano Pesce | Foto: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

LA DONNA, LA DIVERSITÀ, IL TEMPO Para Gaetano Pesce, com amor. Consuelo Cornelsen A origem de Gaetano foi felizarda. Foi criado pela mãe em uma época caracterizada pela solidificação das relações humanas. Alda, a mãe visionária, mostrou a ele como capturar experiências, pois a curiosidade não vem do responder, mas sim do perguntar, assim como no trabalho, em que o importante não é fechar questão, mas sim como abrir a mente. Gaetano entendeu que trabalhar com a arte, a arquitetura, e a criação, lhe traria um prazer de constantes e inesperadas surpresas. Tornou-se Gaetano Pesce e, em êxtase, elevou-se na escalada da vida. Gaetano intensifica tudo e encara qualquer polêmica, garantindo a presença de um sopro inovador. Ele é o homem do futuro, livre para o raciocínio e o pensamento, cuja fórmula é simples: possui um encantamento natural de quem herdou

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amor e sensibilidade. Gaetano se tornou uma produtiva fusão e reinvenção de todo o magnífico universo feminino e acrescentou seus próprios elementos, atualizando informações para ser diferente e próximo a este tempo. Alda ensinou a ele como dominar todas as energias até se tornar o deus-símbolo do desejo maravilhoso de penetrar o desconhecido e sua diversidade, já que ninguém é igual. É preciso ver as pessoas sem o pressuposto da nossa. E Gaetano sabe disso. Ele dirige seu pensamento provavelmente à diversidade cultural. A diversidade é necessária e talvez seja a única possibilidade para a construção da história. É a dimensão dinâmica da condição humana, num futuro que é líquido, como afirma Pesce. Esse conceito de modernidade líquida, desenvolvido pelo sociólogo polonês

Zygmunt Bauman, diz respeito a uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos. Houve mudanças de perspectivas para um mundo onde as relações humanas foram substituídas por conexões que se desligam a qualquer momento. As pessoas estão cada vez mais ansiosas, tristes e sobrecarregadas, e Gaetano percebeu que nesta época, pós-contemporânea, é preciso apresentar o novo, o que vai para além da imaginação. Gaetano Pesce é representante e realizador das utopias, provoca mudanças e, como convém aos deuses, criadores e poetas, trazer de volta as belezas e as maravilhas.



habitat GAETANO PESCE

MASTER OF THE FUTURE Gaetano Pesce, an innovative genius in architecture and design, reveals in an exclusive interview how he built the artistic legacy that captivates the world

By Débora Mateus

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here are a few geniuses in architecture and design who manage to remain innovative throughout their lives. Gaetano Pesce is one of them. Considered one of the most creative names of the past fifty years, he possesses a revolutionary vision. As the creator of extraordinary works, he was the first to understand what many couldn’t: how to convey political, religious, philosophical, and existential meanings through objects and architectural constructions – often elevated to the status of art. Thus, the story of his life has won over the world. His creations can be found in the most important museums: MoMA, the Metropolitan, Museum of Art, the Victoria and Albert Museum, the Louvre Museum, the Centre Pompidou, and the Musée des Arts Décoratifs – there are 30 different permanent collections, in addition to exhibitions in countless art galleries around the globe.

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At the age of 84, in an exclusive interview with Habitat, Pesce reveals how he’s built his deep, thought-provoking, and provocative intellectual repertoire. He advocates for creative diversity with the same vigor with which he rejects the standardization of modernism, as well as the repetition in an industry oriented towards uniformity. As a master of the future, he challenges conventions through unwavering questioning. Hence, he constantly finds the new. “When I was very young, around 18 years old, I was called a communist. At the time, they told me that Russia was a paradise of freedom. I visited the country and came back with the opposite impression. It’s a paradise of no freedom and no diversity.” When he began working as a designer, dealing with mass production, he realized that, just like people are different, objects should also be.


Drawing of the Pluralist Tower, conceived by Gaetano Pesce in 1987 to be built in São Paulo. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Sit Down Armchair & Ottoman and Sit Down Sofa produced in 1975. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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“Just as people are different, design and architecture should also be”

Nobody’s Perfect Limited-Edition Diversity is Beautiful Chair, 2022. Photo: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

In 1975, in partnership with Cassina, he began producing each piece of furniture as a unique object. “I believe we should fight against the International Style (or Modern Architecture) and the ideologies that tell us we are all the same,” he said. In his creative practice, he invites a reflection on the acceptance of human imperfection, something he deepened when he encountered Zen philosophy during a visit to Japan. The resin chair series, created in 2002 and reissued in 2019, Nobody’s Perfect and Diversity Chair, are both noteworthy examples.

Nobody’s Perfect Chair and Monolithic Tables, 2022. Photo: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Nobody’s Perfect Limited-Edition Diversity is Beautiful Chair, 2022. Photo: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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WOMEN’S FREEDOM MANIFESTO

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ith the most iconic armchair he created - the Up 5 Lounge Chair with Up 6 Ottoman, also known as La Mamma or Donna - Gaetano Pesce made history. He demonstrated that design can be a tool of expression against women’s oppression. Conceived in 1969 for B&B Italia, it was inspired by the silhouette of a woman. Tied by a ball attached to the foot, it evokes the image of a prisoner. It is made of polyurethane foam - a material that became the unmistakable signature of the Italian master.

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These pieces have been featured in prestigious exhibitions, they are part of the permanent collection of MoMA and received a giant version, the Maestà Sofferente, presented at Piazza Duomo (2019). More than half a century after their creation, they still convey a current message. “The women’s service in transforming the world has not yet materialized. Men remain strongly conservative and are afraid of them. They react with violence in the face of women’s freedom. We will see that the world will be better when women are in positions of power,” he emphasizes.


Maestà Sofferente, 2019. Giant version of the iconic Up 5 Lounge Chair with Up 6 Ottoman, displayed at Piazza Duomo in Milan. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Cara Madre, 2015. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

The story of Gaetano Pesce is shaped by the strong presence of art and the significant impact of women in his life. Without the presence of his father, whom he lost as a baby, it was with his mother Alda that he learned valuable lessons. Talented pianist, she nurtured his love for music, teaching him to create according to the present context, an underlying principle in his process. He also cultivated his cultural perspective from a young age, living in cities like Venice and Florence, true historical and artistic hubs.

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He learned to develop his sensitivity, which he refers to as mental elasticity, as opposed to rigidity, from the women he encountered throughout his life. “At 16, I met a renowned psychoanalyst from Trieste and a friend of my mother’s. She opened my mind by suggesting I read ‘Ulysses’ by Joyce. I was impressed by the language and understood that rigid messages should no longer exist. Art is art when it allows interpretation; if it’s rigid, it’s not art”. During his time at the architectu-

re school in Venice, his creations were influenced by Milena Vettore, an art student and companion. Together, they founded the N Group, a collective that developed innovative experiments in programmatic design. He began taking design classes alongside his architecture studies on Vettore’s suggestion. It was during this time that he started creating his pieces, seeing them as a form of culture, far beyond mere functionality.


Vaso Indispensabile III, 2020. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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ODE TO PLURAL ARCHITECTURE

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magine a residential tower where each floor is designed by a renowned architect from different countries, including Brazil, with names like Gaetano Pesce, Frank Gehry, and Renzo Piano. This is the concept of the Pluralist Tower, a project by Pesce created in 1987, which emerged during a conversation with his friend Adriana Adam. Conceived as a monument of the 21st-century architecture, highlighting the diversity of the inhabitants on each floor, it was designed to be built in São Paulo. However, due to the Collor Plan, the tower never took off the ground. “The project is, first of all, a very important example of democratic architecture. It´s a presentation of diversity. It

is very important that one day it will be built. If not by me, then by someone else”. He maintains that on the day it is realized, the tower will be a statement in architecture. “We can finally show that architects are capable of having not just one, but different languages, following the place they live, their cultures, beliefs, etc.” To exchange ideas about the project’s landscaping, which was being considered by Brazilian builders, the Italian recalls that he sought out Roberto Burle Marx. “It was a pleasure for me to talk with this kind of genius of nature controlled by man. And I remember that meeting today like it was yesterday”.

“It is important to understand that the International Style has become obsolete. Every place has a history and a unique identity. If architecture is to be constructed and function in distinct places, the architect needs to have different languages.”

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Pluralist Tower. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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FIGURATIVE ARCHITECTURE

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o innovate, it’s necessary to propose new ideas, and Gaetano Pesce does this masterfully. Always ahead of his time, he surprises with originality. A hallmark of his language, figuration is explored as a form of human connection, both in his design works and in his architecture.

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Among his achievements, Casa da Bahia, in Salvador, and Pescetrullo, in Puglia, stand out. Built in 1998, Casa da Bahia was one of his early figurative architectural residential works. It followed the characteristics of the region: many colors, textures, and musicality. Located by the seaside, the residence belonged

to him and Adam. “My house in Brazil exists because there are pictures, videos, etcetera. But it’s certainly better if we can keep the original built and existing forever, like many monuments. Let me tell you, architecture is very rare. In every century there are maybe 10 examples of architecture, 15 at the most”.


Details of the Casa da Bahia, built by Gaetano Pesce in 1998. Photo: Ruy Teixeira / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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Pescetrullo, designed by Pesce in Puglia, Italy, in 2008, is another notable figurative project. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office.

The Pescetrullo project executed by him in 2008 in Puglia, Italy, is another example that used polyurethane foam, a material he employs for its flexibility. In both houses, the architect demonstrated how to create a distinct architectural experience that stimulates human sensations. As for his new projects, they are

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still in full swing. After the iconic chairs he created for the Bottega Veneta fashion show last year, Gaetano Pesce reveals a new project. “The chairs that I am working on at the moment are able to represent the affection between human beings regardless of gender. It is a celebration of love in all its forms”.

The master of architecture, design, and art remains youthful through the intellectual richness he exercises. Just like time, which he challenges and masters, he also evolves. He lives each day with the same intensity with which he breathes life into his works and turns his days into unique moments.


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Pescetrullo, designed by Pesce in Puglia, 2008. Photo: Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

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FRIENDSHIP IN CURITIBA

One of the Brazilian women with whom Pesce maintains a friendship to this day is Consuelo Cornelsen, an important figure in the cultural scene of Southern Brazil. “Consuelo is a sensitive person who understands better than others what is the nature of our time. She uses herself to help the culture of the place where she lives, with difficulties. I know Consuelo through a very close friend, Adriana Adam, who unfortunately died young. Both these women helped me to understand Brazil and South America. I can say that through Consuelo we can do a lot of things”. Discover the poetic writing penned by Consuelo Cornelsen for a catalog about the legacy of the Italian friend. Gaetano Pesce | Photo: Olga Antipina Photography / Courtesy of Gaetano Pesce’s Office

LA DONNA, LA DIVERSITÀ, IL TEMPO To Gaetano Pesce, with love. Consuelo Cornelsen. Gaetano’s origin was fortunate. He was raised by his mother during a time characterized by the strengthening of human relationships. Alda, the visionary mother, showed him how to capture experiences, as curiosity doesn’t come from answering but from asking questions, just like when it comes to work, where the important thing is not to settle questions but to open the mind. Gaetano understood that working with art, architecture, and creation would bring him the pleasure of constant and unexpected surprises. He became Gaetano Pesce and, in ecstasy, ascended the ladder of life. Gaetano intensifies everything and confronts any controversy, ensuring the presence of an innovative spark. He is the man of the future, free in thought and reasoning, whose formula is

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simple: he possesses a natural enchantment inherited from love and sensitivity. Gaetano became a productive fusion and reinvention of the magnificent female universe, adding his own elements and updating information to be different and in tune with the times. Alda taught him how to master all energies until he became the god-symbol of the wonderful desire to penetrate the unknown and its diversity because no one is the same. People need to be seen without the assumption of ourselves. And Gaetano knows this. He probably directs his thinking towards cultural diversity. Diversity is necessary and perhaps the only possibility for constructing history. It is the dynamic dimension of the human condition, in a future that is fluid, as Pesce claims. This concept of liquid modernity, developed

by the Polish sociologist Zygmunt Bauman, refers to a new era in which social, economic, and production relationships are fragile, fleeting, and malleable, like liquids. There have been changes in perspective for a world where human relationships have been replaced by connections that can be disconnected at any moment. People are increasingly anxious, sad, and overwhelmed, and Gaetano realized that in this post-contemporary era, it is necessary to present the new, something beyond imagination. Gaetano Pesce is a representative and achiever of utopias, provokes change, and, as befits gods, creators, and poets, brings back beauty and wonder.


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habitat ESPECIAL SP-ARTE

NOVAS PERSPECTIVAS PARA A ARTE NACIONAL Em sua segunda edição, SP-Arte Rotas Brasileiras abriu o calendário do último semestre valorizando a pluralidade com 300 artistas de 11 estados brasileiros, em São Paulo Por Débora Mateus

Heitor dos Prazeres, Sem título, 1962, Almeida & Dale. Foto: Divulgação

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próprio nome já indica o contexto: a SP-Arte Rotas Brasileiras consolida sua segunda edição como uma feira que celebra a diversidade e a pluralidade da arte produzida em várias regiões do Brasil. Ela emerge como um braço complementar ao circuito principal, SP-Arte (sua 19ª edição ocorreu em abril). Realizada entre 30 de agosto e 4 de setembro na capital paulista,

a mostra inaugurou o calendário das artes do último semestre do ano, impulsionando novos negócios. Reuniu 300 artistas de 11 estados brasileiros, sendo 40% deles não brancos. Segundo Fernanda Feitosa, diretora e idealizadora da SP-Arte, além de fomentar a inclusão e a diversidade, questões que refletem o zeitgeist atual, o evento concentra produções que ainda não têm muita penetração no circuito.

“Sp-Arte Rotas Brasileiras tem alma nacional, mergulha nas raízes da riqueza plural da cultura de nosso país. A ideia é trazer novas perspectivas e narrativas, além de valorizar a qualidade da produção de artistas provenientes das mais diversas regiões brasileiras. Os estrangeiros que visitam se encantam pelo frescor das obras que se diferenciam das exibidas na maioria das outras mostras”, conta à Habitat.

Iole de Freitas, Sem Título 2021, Galeria Silvia Cintra + Box 4

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habitat ESPECIAL SP-ARTE OXIGENAR A ECONOMIA CRITIVA

A potência transgeracional tanto do mix dos artistas quanto dos 70 expositores que os promovem se reflete também na diversidade da escolha de galerias, entre as já consolidadas e as novas, além de coletivos e projetos artísticos. Fato que demonstra a oxigenação que a feira injeta no mercado, de acordo com Feitosa. Ela

também ressalta que a presença de diversos curadores estimula o fomento da inclusão profissional. “É crucial que eles sejam acolhidos e possam exercer seu trabalho de forma independente, para além dos museus. A boa arte é aquela que provoca reflexões e instiga perguntas”, destaca.

Erika Verzutti, Carambola Grande, 2023, Fortes D’Aloia e Gabriel. Foto: Divulgação

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Gilvan Samico, A Árvore da Vida e o Infinito Azul, 2006, Marco Zero. Foto: Divulgação

Diálogos entre artistas e galerias de diferentes origens e gerações produzem narrativas poderosas. Galerias estabelecidas no eixo Rio-São Paulo, como a Almeida & Dale, que apresentou obras do artista carioca Heitor dos Prazeres; e a Fortes D’Aloia & Gabriel, que expôs uma seleção de trabalhos de Erika Verzut-

Ayrson Heráclito, Juntó - Abebé com Ofá. Paulo Darzé. Foto: Divulgação

ti, recentemente exibida na Cidade do México e inédita no Brasil, se misturam com espaços mais jovens e outros fora desta região. A Marco Zero, de Belo Horizonte, exibiu trabalhos do Movimento Armorial, idealizado pelo dramaturgo e escritor Ariano Suassuna. Na Paulo Darzé, de Salvador, foram apresentadas

obras de Nádia Taquary e Ayrson Heráclito. “Eu quis trazer a minha poética que fala sobre as conexões entre a Bahia e a África, com fotografias, esculturas e pinturas que abordam o passado pré-colonial e convidam a refletir sobre o futuro”, explica o artista baiano, também selecionado para a 35ª Bienal de São Paulo.

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habitat ESPECIAL SP-ARTE

NOVOS TALENTOS

Marina Woisky, De onde vêm as coisas, Millan. Foto: Divulgação

Felipe Rezende, À espera do raio verde, 2022. Óleo e impressão de papel carbono sobre lona de caminhão, RV Cultura e Arte. Foto: Divulgação

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Projetos especiais, como coletivos e residências artísticas, desempenham um papel significativo, de acordo com Tamara Perlmann, diretora de novos negócios da mostra. Para ela, o circuito se comunica com um público mais jovem ao estimular reflexões sobre questões de gênero e identidade, comuns à nova geração. Isso explica por que passaram a frequentar também a feira principal SP-Arte, um movimento de renovação crucial ao cenário cultural. Além do projeto Sertão Negro, novidade desta edição que foi fundado por Dalton Paula em Goiânia, participaram o Arte-Pará, curado por Laura Rago e Roberta Maiorana, com obras de seis artistas que desafiam estereótipos da Amazônia; Novos para Nós, de Renan Quevedo, que busca artistas populares em todo o Brasil; e o Xiloceasa, um coletivo de artistas da região do Ceagesp formado no Ateliescola Acaia. Entre os jovens artistas que se destacam, Perlmann cita nomes como o de Luana Vitra, também selecionada para a Bienal, que utiliza minerais para recriar símbolos universais e explorar questões políticas e subjetivas. Além dela, Marina Woisky, representada pela Millan, que emprega a técnica de preenchimento de tecidos com materiais diversos para criar obras que desafiam a dimensionalidade; e Felipe Rezende, da RV Cultura e Arte em Salvador, que aborda as narrativas dos trabalhadores e se inspira em referências literárias, cinematográficas e da cultura pop.


Obra de Maxwell Alexandre, produzida especialmente para a exposição. Foto: Thiago Barros/Divulgação

CASA SP-ARTE

Em simultâneo à feira, aconteceu a mostra individual “Novo Poder: Passabilidade, Miss Brasil,” assinada pelo carioca Maxwell Alexandre, na Casa SP-Arte. A série contempla 20 obras inéditas de pinturas a óleo sobre papel pardo que exploram a presença da comunidade preta

em “templos consagrados da arte contemporânea” como museus, fundações, galerias e centros culturais. “A reivindicação desses espaços está diretamente relacionada a uma posição de poder. É onde a história se legitima, onde se manipulam as narrativas e a construção de imagens,” afirma Alexandre.

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habitat ESPECIAL BIENAL

O IMPACTO TRASFORMADOR DA 35ª BIENAL DE SÃO PAULO Desaf iando as convenções, a exposição instiga novas reflexões sociais e culturais com obras que transcendem a linearidade do espaço e do tempo ocidental Por Débora Mateus

A expografia arquitetônica, criada pelo escritório Vão, se alinha ao contexto disruptivo da Bienal. Pela primeira vez o acesso à rampa que conduz ao segundo andar foi bloqueado. Foto: Levi Fanan / Fundação Bienal de SP

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o adentrar a 35ª Bienal de São Paulo, maior exposição de arte contemporânea do Hemisfério Sul, os visitantes são confrontados com uma experiência muito além do óbvio. Apoiada no contexto que destaca a imprevisibilidade, a mostra intitulada “Coreografias do Impossível” encoraja o público a questionar a linearidade de preceitos e tempos que não se sustentam. Práticas artísticas desfazem convenções estabelecidas ao longo de séculos, enraizadas em períodos coloniais. As realidades frequentes da sociedade atual - violência, dominação de territórios e diásporas -, são contestadas num movimento metamórfico potente de debates culturais e sociais. “Estamos em um momento singular. O mundo atual clama

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por soluções para questões urgentes e a capacidade da arte em nos estimular a encontrar algumas dessas respostas é notável”, diz José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. Com curadoria coletiva e horizontal de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Viellel, o circuito conta com 1.100 obras de 121 artistas do mundo todo, sendo 80% deles não-brancos. A força do coletivo é proposta como um meio de transformação que instiga novas formas de agir e pensar. Uma maneira, segundo os curadores, de tornar possível o impossível, em alusão ao tema da exposição. “A coreografia representa o movimento. Isso implica em descobrir novas dimensões temporais

e espaciais. Nesse contexto, as formas e temas em si não ocupam o centro, mas sim as relações e conexões que se estabelecem, seja por semelhança ou contrastes. Para aprender é preciso desaprender, descontruir narrativas que não são mais coerentes”, conta à Habitat, Manuel Borja-Villel, historiador de arte e um dos curadores. Para ele o caráter histórico e questionador desta edição espelha a importância mundial da repercussão que o evento está conquistando. O contexto de comunidade pode ser percebido em diversos trabalhos, como Oq Ximtali (2017/2023), registro de Manuel Chavachay que ilustra uma performance na Guatemala com 20 barcos tradicionais atados uns aos outros, formando um círculo no lago Atitlán.


Tadáskía assina projeto artístico que inclui elementos de sua primeira obra literária. Foto: Levi Fanan / Fundação Bienal de SP

Tadáskía, apresenta uma instalação que inclui o livro Ave Preta Mística, série de manuscritos e ilustrações que fazem referência à pensadora feminista negra Audre Lorde. A obra se funde a esculturas criadas com diversos materiais e um grande desenho na parede que celebram o movimento do voo onírico da ave, matriarca do bando, remetendo ao exercício constante e coletivo para uma vida sem amarras.

Oq Ximtali (2017/2023), Manuel Chavachay. Foto: Divulgação / Catálogo 35ª Bienal de São Paulo

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habitat ESPECIAL BIENAL

Detalhe de Oblivious to Oblivion (Alheios ao Esquecimento), instalação de Geraldine Javier. Foto: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo

NOVAS ABORDAGENS

Camadas disruptivas permeiam não apenas a composição do corpo curatorial, as obras e o elenco artístico, mas também a arquitetura do pavilhão, projetado por Niemeyer. Alinhada ao conceito da Bienal, a expografia é assinada pelo escritório Vão, vencedor do Prêmio

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Début Trienal de Lisboa que explora o espaço de maneira radical. Pela primeira vez os mezaninos ondulantes sobre o pé-direito central do pavilhão foram bloqueados. A ruptura do fluxo convencional de visitação reinventa a experiência do público que é direcionado do primeiro andar diretamente para o terceiro.


Luana Vitra, se destaca pela conexão profunda com o mundo mineral. Influenciada por suas origens em Minas Gerais, investiga a degradação ambiental provocada pelas economias extrativistas e pelos regimes escravagistas seculares. “Os metais têm múltiplas vozes. Meu compromisso é transmiti-las de forma poética e política, enfocando a relação entre paciência e violência na natureza”. A artista explica que desde o começo do ano se dedicou ao trabalho apresentado na Bienal. “Pela primeira vez, consegui tudo o que queria porque concentrei muita energia. Os ecos estão sendo incríveis. É muito gratificante perceber que tenho tocado um público grande, em especial nesta Bienal que é tão marcante”.

Pulmão da mina, Luana Vitra Foto: Victor Galvão

Instalação Samesyn, Igshaan Adams. Foto: Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paul

A vida cotidiana das classes populares não brancas que ainda vivem nas townships sul-africanas é o foco central da instalação de Igshaan Adams. Com o uso

de materiais que também fazem parte da rotina dos habitantes destas áreas, o artista reflete sobre a realidade dicotômica marcada pela pobreza e esperança.

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habitat ESPECIAL BIENAL

Projeto Timur Merah IX, Citra Sasmita. Foto: Levi Fanan/Fundação Bienal de São Paulo

No projeto artístico Timur Merah IX: Além do Reino dos Sentidos (Oráculo e Demônios – 2023), a balinesa Citra Sasmita recria crônicas locais e resgata o legado cultural das técnicas Kamasan, que conferem à mulher um papel de protagonismo.

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Outro ponto notável nesta edição é a extensão do ofício do fazer manual. Ele permeia diversos dos projetos artísticos propostos pela curadoria. O contraste entre obras novas e antigas instiga diálogos complexos, abrindo caminhos para novos questionamentos. Os trabalhos de Sonia Gomes, expostos num corredor inteiro, e Rosana Paulino, estreante da Bienal, se comunicam com as esculturas enigmáticas costuradas por fios e tecidos de Judith Scott, falecida em 2005. Escultura criada pela artista Judith Scott. Foto: Levi Fanan/ Bienal de São Paulo

Rashuaka, Kássia Borges e Ibã Huni Kuin, integrantes do MAHKU Foto: : Levi Fanan/ Bienal de São Paulo

Uma variedade de produções indígenas também enriquece esta edição, incluindo as do coletivo MAKHU (Movimento dos Artistas Huni Kuin). Eles recriaram em painéis gigantes os cânticos sagrados e mitologias da floresta

que fazem parte de sua cosmologia. Em cartaz até 10 de dezembro, a Bienal, eleva sua grandiosa missão: transformar a arte em uma poderosa alavanca de expressão para edificar um futuro mais promissor e inclusivo.

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habitat ESPECIAL BIENAL

Templo de Oxalá, Rubem Valentim. Foto: Levi Fanan Fundação Bienal de São Paulo

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Coluna SPECTRUM por Débora Mateus

Along the Way to Illinois 2023, Zéh Palito, Simões de Assis.

The Speed of Grace estreia nova sede da Galeria Simões de Assis em São Paulo Exposição promove o diálogo entre artistas de diferentes países valorizando visões inovadoras das comunidades pardas e negras nas sociedades passadas, presentes e futuras Fotos: Divulgação / Simões de Assis

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ntre as exposições simultâneas à Bienal, a coletiva The Speed of Grace, realizada pela galeria Simões de Assis para sua nova sede em São Paulo, converge com o panorama global das artes. Sob curadoria do crítico cultural ganês, Larry Ossei-Mensah, a mostra amplifica o diálogo intergeracional entre artistas de diversos países, consagrados e emergentes na vanguarda contemporânea. Um elenco de

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peso formado por Amoako Boafo, Anthony Akinbola, April Bey, Bony Ramirez, Deborah Roberts, Derrick Adams, Emanoel Araujo, Hank Willis Thomas, Larissa de Souza, Ludovic Nkoth, Mestre Didi, Serge Attukwei Clottey, Tunji Adeniyi-Jones, Zandile Tshabalala e Zéh Palito. As obras desafiam convenções sociais e estruturas de poder, valorizando as visões ecléticas inovadoras das comunidades negras e pardas.


The Embrace 2022, Hank Willis Thomas, Simões de Assis.

Segundo Guilherme de Assis, diretor da galeria, a exposição reflete a consolidação da Simões de Assis na capital paulista e marca a nova fase de expansão. “Para retribuir a receptividade obtida nestes 5 anos, inauguramos uma exposição com nomes de destaque internacional num espaço com conceito museológico: amplo, com pé-direito de 6 metros e que segue o mesmo projeto luminotécnico da Pinacoteca. A primeira exibição não poderia ser mais emblemática”, afirma em entrevista exclusiva. Ele conta que a ideia surgiu, há um ano, durante a visita do curador ganês ao espaço expositivo da galeria na SP-Arte, quando ficou fascinado pelos trabalhos de Zéh Palito. Para Ossei-Mensah, o elenco artístico da nova mostra inspira o diálogo, a introspecção e o poder da expressão que se infiltra na diáspora há gerações. “Ao centrar as narrativas, ideias, curiosidades e preocupações das comunidades negras e pardas, esses artistas formam uma constelação de perspectivas culturais que expressam visualmente a riqueza e o `sabor´ que fornecem às nossas sociedades passadas, presentes e futuras”.

Style Variation I (Afro) 2020, Derrick Adams, Simões de Assis. Renomado artista americano, Adams é conhecido por seu ativismo, possui diversas ações sociais. Fora do país, ele é representado pela Gagosian, uma das maiores galerias do mundo.

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Coluna SPECTRUM por Débora Mateus

As abordagens ecléticas inspiradas nas origens africanas perpassam todos os trabalhos. As séries de serigrafia do americano Derrick Adams conversam com a escultura The Embrace, de Hank Willis Thomas, representação figurativa da fotografia do casal após Martin Luther King receber o Prêmio Nobel da Paz de 1964. O abraço suspenso, quando visto de lado, assume a forma de um coração, simbolizando a força do amor negro. A pintura Along the Way to Illinois 2023, de Zéh Palito, que já foi vendida, destaca a importância das obras brasileiras: há uma lista de espera de 200 interessados em seu trabalho.

Give me assurance 2022, Serge Attukwei Clottey, Simões de Assis.

Opa Esin Nile Fun Orun - Cetro da Lança da Terra para o além 2007, Mestre Didi, Simões de Assis.

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Sem Título, Emanoel Araujo, Simões de Assis.


MÚLTIPLAS REFLEXÕES

O novo espaço, projetado pelo escritório curitibano Arquea Arquitetos, reverbera a significância das percepções transgeracionais. “É nosso papel promover novos talentos. Eles dialogam com as obras de figuras já falecidas, que marcaram a história com seu ativismo como Mestre Didi e Emanoel Araujo”, enfatiza Assis. As histórias dos mestres brasileiros se relacionam com reflexões ambientais e sociais como em Give me assurance 2022, de Serge Attukwei Clottey, que reutiliza pedaços dos galões Kufuor usados durante a escassez de água nos anos 2000.

Fundada pelo arquiteto curitibano Waldir Simões de Assis em 1984, a galeria que leva seu sobrenome, por sugestão de Gilberto Chateaubriand, um dos grandes colecionadores do país à época, é dirigida por duas gerações. Com trajetória vanguardista, reúne uma notável coleção formada por expoentes da arte concreta, moderna, sinética e contemporânea. Hoje conta com três espaços: em Curitiba, São Paulo e o mais recente inaugurado em Balneário Camboriú.

Hystrix Top 2023, Amoako Boafo.

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habitat EXPOSIÇÃO

O FEMININO NA OBRA DE BRECHERET NO MON Em cartaz até dezembro, a nova mostra reúne mais de 100 obras do artista Victor Brecheret

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arte de Victor Brecheret, importante escultor ítalo-brasileiro, sob a perspectiva do eterno feminino, pode ser contemplada no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba até o dia 5 de novembro. São 100 obras entre desenhos e esculturas produzidas ao longo de décadas, incluindo a última criação do artista, Retrato de Marisa (1955). Os trabalhos exibidos na mostra “O Feminino na Obra de Victor Brecheret” demonstram sua habilidade única em retratar imagens femininas por meio de poucos traços - leves e límpidos. Segundo Juliana Vosnika, diretora-presidente do MON: “Exposições como essa justificam a nossa busca incessante em trazer cada vez mais visitantes para essa fruição de conhecimento, beleza e reflexão promovida pelo museu”.

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Exposição no MON reúne obras de Victor Brecheret. Fotos: Jaime Acioli

Curada por Daisy Peccinini, a exibição apresenta esculturas de diversas dimensões, em sua maioria nus que se relacionam ao simbolismo feminino da Terra, a Grande Mãe, a deusa Gaia, Geia, dos gregos, o elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora ilimitada. Para Peccinini, essa investigação que explora a força da mulher é subjacente do consciente e inconsciente de Brecheret. “Algumas esculturas como as denominadas ´maternidades` demonstram a falta da mãe. Sua fonte de inspiração é a mulher que é Terra, que gera, cuida e preserva. Essa figura feminina pode ter vários símbolos, conceitos maiores que são as alegorias. Um dos exemplos é a grande escultura de Maria Della Costa. A ideia surgiu quando o artista foi assistir o teatro “O Canto da Cotovia”, que se refere à Joana d’Arc”.



habitat ARQUITETURA REGENERATIVA

REGENERAÇÃO NA ARQUITETURA MARCA MOSTRA INTERNACIONAL EM CURITIBA Projeto vencedor de premiação promovida pelo Ministério da Cultura da Itália tem participação inédita da capital paranaense

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Annex Bulding, por MAP studio Magnani Pelzel Architetti Associati, vencedor do concurso do Festival Architettura II, Premio Architettura Emilia Romagna. Foto: Divulgação

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romover a regeneração arquitetônica, por meio de uma colaboração internacional que foca em novas práticas contemporâneas, sem deixar de preservar a história. Assim surgiu o Rigenera Circolare, ação criada pela Ordem dos Arquitetos de Reggio-Emilia, região com rico patrimônio histórico-cultural e arquitetônico, em parceria com o Ministério da Cultura da Itália. Coordenado pelo conselho da instituição, o projeto vencedor do Festival Architettura II,

2022-2023, teve a participação de figuras do cenário cultural de Curitiba, como Consuelo Cornelsen e o arquiteto Fernando Canalli. Durante uma videoconferência, eles elaboraram uma programação em conjunto com os arquitetos italianos. Aquele dia marcou o início dos preparativos. A cidade de Curitiba foi escolhida por Reggio Emilia para participar no concurso, que venceria a premiação.

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habitat ARQUITETURA REGENERATIVA

A ideia se transformou no Festival Rigenera, que ocorreu em setembro na capital paranaense. Com realização do Consulado Geral da Itália em Curitiba, por meio do Festival Mia Cara, contou com coordenação geral de Consuelo Cornelsen, apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Paraná, IAB-PR em parceria com Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, CAU-PR, além do banco BRDE. Para Eugênia Berti, Cônsul Geral da Itália para o Paraná e Santa

Catarina: “O entusiasmo do grupo de arquitetos brasileiros e italianos presente ao descrever as obras tornou a experiência única e ‘regenerativa’. Conseguimos interpretar que a partir do patrimônio material existente, por meio da memória dos lugares, é possível modificar a estrutura coletiva urbana sem apagar a cultura imaterial da cidade. A arquitetura nasce desse ato poético que a conecta com a palavra cultura, em harmonia no olhar de uma criança voltado ao espaço”.

Complexo Monumental Chiostri Di San Pietro, por Zamboni Associati Architettura. Festival Architettura II, Premio Architettura Emilia Romagna. Foto: Divulgação

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RENOVAÇÃO URBANA

Centro de Investigação e Inovação - Cirfood District, de Iotti + Paravani Architetti e Studio LSA. Festival Architettura II, Premio Architettura Emilia Romagna. Foto: Divulgação

O Rigenera Circolare prioriza a regeneração por meio da reutilização de edifícios desativados, redução da expansão do solo e participação ativa dos cidadãos. A mostra inaugural do festival ocorreu no Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões, em Curitiba. Foram apresentados 20 projetos selecionados no Premio Architettura Emilia-Romagna, que aplicaram esses conceitos em áreas periféricas italianas. Em paralelo, ocorreram palestras sobre exemplos de construções circulares em Curitiba, Porto Alegre e na Itália. Entre os palestrantes, estiveram os arquitetos italianos Giorgio Teggi, Nadia Calzorari e Corrado

Bondavalli, em bate-papo mediado por Flávio Schiavon; e os brasileiros Fernando Canalli, Mauro Magnabosco e Rosana Popp. Também participou o designer Christian Ullmann, que falou sobre a transformação de materiais de descarte em novas peças. O evento social de celebração do festival aconteceu no Palácio Garibaldi, outro marco histórico da capital, e contou com importantes personalidades como a secretária Estadual de Cultura do Paraná, Luciana Pereira Casagrande e Ana Cristina de Castro, presidente da Fundação Cultural de Curitiba.

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habitat ARQUITETURA REGENERATIVA

Instalação urbana do Rigenera reuniu projetos italianos e brasileiros na Boca Maldita. Foto: Victor Dias

MOSTRA NA BOCA MALDITA

Uma instalação urbana com 330 painéis e 110 projetos assinados por arquitetos italianos e brasileiros na Boca Maldita, foi outro ponto alto do festival. Com expografia de Fernando Canalli e design das pranchas por Erica Takanashi e Eduardo Verri, a mostra exibiu 55 projetos nacionais. Eles foram curados pelo IAB-PR, em conjunto com Consuelo Cornelsen. Segundo Luiz Eduardo Bini, presidente da Instituição, a exposição cele-

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bra o centenário do IAB-PR. “É uma das maiores mostras sobre arquitetura e urbanismo para o cenário nacional”, explica. Os projetos italianos apresentados nesta instalação venceram duas edições do Premio Emilia-Romagna Architettura e do Prêmio LSQ (Lugares Suburbanos de Qualidade), selecionados por um júri presidido por Nadia Calzorari e Giorgio Teggi. “Escolhemos Curitiba pelo caráter inovador. É um marco para o intercâmbio cultural itálo-brasileiro”, destaca Calzorari.


Espaço cultural BRDE – Palacete dos Leões Foto: Guilherme Puppo

REDESCOBRIR CURITIBA

O Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões, restaurado em 2005, é um centro cultural dedicado à arte, arquitetura e história. Não por acaso, sediou a abertura do evento Rigenera. Esta antiga residência da família Leão, empreendedora no ciclo da erva-mate, foi projetada em 1902 pelo engenheiro Cândido de Abreu. O processo de revitalização preservou o ecletismo

arquitetônico original, que harmoniza características neoclássicas e influências barrocas. O novo local é administrado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. Aberto ao público para visitação durante a semana, se torna um roteiro imperdível para quem quer mergulhar na herança histórica, redescobrir a cidade, além de desfrutar de programações culturais gratuitas.

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habitat EXPOSIÇÃO

EXPOSIÇÃO DE MARCELO STEFANOVICZ NA GALERIA HERANÇA CULTURAL Em sua nova série Rabiscos e Sombras, o artista e designer apresenta peças que exploram o conceito de impermanência

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Exposição individual Rabiscos e Sombras de Marcelo Stefanovicz na Galeria Herança Cultural. Fotos: Dora de Barros

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arcelo Stefanovicz, designer e artista paranaense, é conhecido por desconstruir elementos e combinar signos para criar narrativas poéticas que investigam objetos do cotidiano, desafiando as fronteiras entre o abstrato e o funcional. Sua mais recente exposição individual Rabiscos e Sombras, inaugurada na Galeria Herança Cultural em São Paulo, é composta por 24 peças que abordam a ideia de impermanência.

Na série que reúne luminárias de mesa, piso, pendentes e castiçais - todos criados em aço com pintura PU e eletrostática -, Stefanovicz apresenta uma linguagem artística ambivalente, inspirada na natureza maleável do material que mescla a dimensão escultórica com a funcionalidade do objeto. Linhas e curvas habilmente moldadas, dobradas e soldadas, ultrapassam os limites da percepção. À primeira vista, elas podem parecer um emaranhado caótico. No en-

tanto, ao analisar de maneira mais detalhada, percebe-se o sentido harmônico entre espontaneidade e controle. O contraste de sombra e luzes dos spots que incidem sobre as esculturas acrescenta uma camada de movimento e volume às peças. Curada por Bruno Simões, a exposição é uma experiência profunda e singular a conferir. Fica em cartaz até o dia 4 de dezembro.

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WLS ENERGIAS

habitat publi

Aquecimento de Água Inovador Novo sistema lançado por startup paranaense alia sustentabilidade, conforto e gera cerca de 80% de economia aos usuários

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sustentabilidade é uma tendência cada vez mais presente em diversas áreas. Na construção civil, por ser uma das mais impactantes ao meio ambiente, é uma questão crucial. Com o objetivo de atender à demanda de construtoras e incorporadoras que buscam por tecnologias ecológicas, a WLS Energias Alternativas, startup Construtech de Curitiba com DNA em sustentabilidade e expertise em soluções inovadoras para aquecimento de água, apresenta um lançamento nacional. Trata-se de um sistema termodinâmico agregado a uma placa trocadora de calor, que proporciona uma economia de 80% em comparação aos sistemas de aquecimento a gás. Além disso, devido ao baixo consumo energético, essa novidade se configura como uma solução totalmente sustentável. O sistema oferece conforto, podendo ser utilizado para o aquecimento de banho, piscina, piso, calefação em geral, além de refrigeração como ar-condicionado, por exemplo. O médico Roger Manetti de Oliveira, que aderiu à solução, destaca os benefícios: “Para nossa residência, as principais vantagens são a praticidade e o conforto, além de ser uma fonte sustentável. Podemos usar vários chuveiros simultaneamente. Temos água quente em qualquer ponto da casa, sem oscilação. O investimento se paga no longo prazo, o que acaba sendo mais vantajoso”, explica.

De acordo com João Carlos Boscardin, fundador do IPETEC, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, a parceria com a WLS é um passo importante para um futuro mais consciente. “Estamos orgulhosos de apoiar a solução da WLS Energias Alternativas, uma inovação que não apenas reduz os gastos financeiros, mas também contribui de maneira significativa para a preservação ambiental. Através dessa parceria, demonstramos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável, impulsionando a economia verde”, pontua.

A empresa celebrou a nova fase de expansão com a participação na Feira HABITACON 2023, que aconteceu em setembro, na capital paranaense. Após um longo período de estudos, realização de prova de conceito e venda para clientes, a WLS apresentou o lançamento para vários segmentos da construção e administração de condomínios de Curitiba e Região. O novo momento de crescimento prevê a preparação de novos instaladores e cadastro de revendedores para ampliar o portfólio de clientes. Edição 16

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habitat VITRINE

Luminárias Seletti

MAISON & OBJET: ENTUSIASMO NO DESIGN E DÉCOR Por Priscila Muller, Fotos: Divulgação

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igura importante da arquitetura e do design de interiores, sempre antenada com as novidades do segmento, Priscila Muller esteve na última edição Maison & Objet, uma das maiores feiras de decoração e design do mundo, que aconteceu no mês de setembro em Paris. Ela empresta seu olhar apurado para destacar as principais percepções e tendências apresentadas durante o evento. Sob o tema Enjoy!, a feira

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convidou à busca pelos prazeres por meio de cores, extravagâncias, audácias e humor. Uma reflexão, segundo ela, para usufruir de um novo momento mundial em um contexto de otimismo. A ideia é aproveitar a vida da mesma maneira como as misturas: de texturas, da explosão de cores vibrantes, do design de diferentes tempos – do vintage ao contemporâneo, fazendo tudo funcionar.


Biombo Tramonto A New York, Gaetano Pesce para Cassina

Espaço explora a combinação geométrica no décor

Peças da série Wire do estúdio belga Muller Van Severen, eleito designer do ano pela Maison & Objet

A profissional destaca os objetos de décor com múltiplas funcionalidades sem deixar de lado a praticidade como poltronas e sofás, além de jogos de tabuleiros. Tudo muito prático e decorativo. A pegada artsy é outro ponto a ser enaltecido. Entre os destaques, estão as luminárias da Seletti - objetos de design que alcançam o status de arte. Os motivos ambíguos e a versatilidade são apresentados de maneira a celebrar esse prazer no design de interiores. O jogo de contrastes de escalas, objetos e peças de mobiliário em dimensões pequenas ou muito grandes, com ergonomia diferenciada trazem ainda mais impacto, celebrando esse manifesto ao entusiasmo.

Ambiente proposto pela Percles Paris mistura peças-desejo de diferentes designers

Sofá Bombom da Roche Bobois, assinado pela artista portuguesa Joana Vasconcelos é um dos destaques do Mix and Match

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habitat SUSTENTABILIDADE

CURITIBA NA VANGUARDA DA ENERGIA RENOVÁVEL Em funcionamento desde março, Pirâmide Solar do Caximba se torna modelo sustentável de referência

Foto: Ricardo Marajó/SMCS

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Pirâmide Solar do Caximba, em operação há mais de meio ano, se posiciona como referência na energia sustentável. Inaugurada pela prefeitura na região Sul de Curitiba é a primeira usina solar da América Latina a ser instalada sobre um aterro sanitário desativado. Com 8,6 mil painéis solares espalhados em 48 mil metros quadrados, o parque fotovoltaico abastece o equivalente a 30% do consumo dos prédios públicos do município,

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resultando em uma redução anual de R$ 2,6 milhões na fatura de energia. O projeto, que já recebeu visitas públicas, se destaca como uma ação efetiva e inovadora no combate às mudanças climáticas. Desenvolvido em parceria com a rede C40 (Grupo de Grandes Cidades para Liderança Climática), faz parte do programa Curitiba Mais Energia, que engloba diversas ações para ampliar a produção energética renovável da prefeitura e reduzir a emissão de gases de

efeito estufa. Outras instalações solares em funcionamento incluem as do Palácio 29 de Março, do Salão de Atos do Parque Barigui e da Galeria das Quatro Estações, do Jardim Botânico. Pequenas usinas solares também serão implantadas sobre a Rodoferroviária e os terminais do Santa Cândida, do Boqueirão e do Pinheirinho. Uma vez mais, a capital paranaense reafirma sua posição de liderança para a preservação ambiental com projetos inovadores.



habitat IDÉLLI

Idélli Curitiba - Mobiliário de Alto Padrão diferente de tudo que você já viu O maior grupo moveleiro da América Latina abre suas portas no coração do Batel

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Idélli Ambientes apresenta uma abordagem contemporânea sobre as soluções para os espaços que valoriza o conceito, a inspiração e a criatividade como elementos fundamentais para o desenvolvimento de projetos de mobiliário.

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A loja fica localizada na Avenida Do Batel e conta com mais de 450m2 de um showroom moderno e acolhedor, que convida arquitetos, designers de interiores e clientes a darem asas à sua imaginação, através das infinitas possibilidades de personalização.


UM PARQUE FABRIL DE PRIMEIRO MUNDO

A Idélli faz parte do Grupo K1, o maior grupo moveleiro da América Latina, que possui um parque fabril principal de 220.000 m2, além de outras quatro fábricas, totalizando mais de 300.000 m2 de área construída, que conta com design italiano, precisão alemã e tecnologia japonesa, com automação de ponta a ponta em seus processos

SUSTENTABILIDADE

O Grupo K1 é o primeiro grupo moveleiro do Brasil a se tornar Carbono Neutro, obtendo também o selo de 100% de energia renovável pela The International REC Standard.

PRESENÇA INTERNACIONAL

A Idélli possui 35 franquias pelo Brasil e está em expansão pelos EUA, com duas franquias localizadas em Miami e Orlando. Além de atender todo o território nacional, o grupo é o maior exportador de móveis do Brasil, tendo seus produtos vendidos para 47 países.

Horário De Atendimento: Segunda a sexta, das 9h às 19h, Sábados das 9h às 12h Av, Batel, 1550, Loja 5 - Curitiba/PR Telefone e whatsapp: (41) 99190 1533 |

@idellicuritiba

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habitat MERCADO COLEÇÃO DE PRÊMIOS

O Lieu Unique, empreendimento de urbanismo da Plaenge em Campo Grande, recebeu recentemente o prestigiado Prêmio Master Imobiliário, que reconhece a excelência e inovação no setor. No ano passado, o condomínio já havia conquistado a categoria de Design Arquitetônico pelo OPAL Award - Outstanding Property Award London. Além do Prêmio Master Imobiliário, a Plaenge também foi premiada em outros quatro projetos em 2023, pelo International Property Awards, uma das mais renomadas premiações do mercado imobiliário global.

HAMILTON DE HOLANDA EM CURITIBA

Hamilton de Holanda, virtuoso bandolinista, compositor e improvisador brasileiro que venceu o Grammy Latino em 2022, desembarcou na Ópera de Arame, em Curitiba, para um show memorável como parte do programa Curitiba Jazz Sessions, apresentado pela Lagunitas. O disco “Flying Chicken”, criado pelo trio que inclui Hamilton de Holanda, o pianista Salomão Soares e o baterista Thiago “Big” Rabello, foi apresentado durante o evento na capital paranaense e está concorrendo ao Grammy Latino deste ano.

BIODESIN NA ROSENBAUM

A edição inédita da Feira na Rosenbaum, plataforma criativa que promove o design brasileiro, estreou no IED (Istituto Europeo di Design). Realizado no final do último mês, o evento reuniu 50 criativos de diferentes regiões do país. Os trabalhos apresentados combinaram tecnologia, técnicas do fazer manual e o uso de materiais sustentáveis. Destaque para os vasos e luminárias feitos em bioplástico à base cana-de açúcar e milho, do É Pedra Design. Com estética escultural renascentista e a pintura barroca, as peças incorporam a impressão 3D e são moldadas manualmente – uma abordagem que funde o digital e o manual.

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habitat MERCADO

TENDÊNCIA EM CASA DE LÔLO CORNELSEN

A Casa Impelle, instalada em um imóvel projetado nos anos 1950 por Lolô Cornelsen, apresenta um novo conceito em moda de luxo em Curitiba. A tradicional multibrand de roupas femininas inaugurou uma ala concebida pelo Escritório Boscardin Corsi, para receber uma curadoria de marcas autorais que traz perfumaria para casa, decoração, papelaria fina, acessórios para viagem, joias, bolsas e sapatos. Além disso, conta com um setor para a compra e venda de vestidos de festa second hand e os transforma em moeda para consumo na própria loja. Para atender a proposta inovadora e sustentável, sob o conceito de economia circular no mercado de luxo, o ambiente assinado pelo arquiteto Edgard Corsi respeitou as características do projeto original da residência. Com conceito sofisticado inspirado no quiet luxury, o novo ambiente traz formas orgânicas e uma paleta de tons claros e quentes, ressaltados pela iluminação natural.

VITRINE FLORAL

Um ateliê floral foi o ponto de partida para a concepção da nova vitrine da Mercatino di Casa, no shopping Pátio Batel. Assinada por Gustavo Scaramella, em celebração ao aniversário de um ano da loja e a chegada da primavera, a vitrine se transformou em um cenário dramático e colorido. Flores de diversas espécies contrastam com os elementos de décor, selecionados de maneira meticulosa para criar o contraponto do mix and match, característica singular da linguagem estética do arquiteto.

CONQUISTA INTERNACIONAL

Assinado pela MCAA arquitetos, o projeto do empreendimento Saffire Elie Saab, parceria entre a construtora e incorporadora Lavvi e o estilista libanês de alta costura, recebeu a premiação internacional de arquitetura Central & South America’s Pacific Property Awards 2023. Lançado em abril deste ano, o residencial de luxo localizado em Moema, uma das áreas mais exclusivas da capital paulista, foi premiado em duas categorias - Uso Misto Residencial e Uso Múltiplo Residencial. O projeto é reconhecido pela arquitetura singular com linhas contemporâneas e atenção aos detalhes.

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SILICON ENGENHARIA

habitat publi

Construtora e Incorporadora de Curitiba restaura obra de Franco Giglio Novo empreendimento da Silicon Engenharia preserva obra do muralista italiano que se tornou figura importante da história artística paranaense

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eguindo a premissa de que a conexão entre arte e arquitetura é fundamental para a valorização da história cultural de Curitiba, a incorporadora Silicon Engenharia assumiu a preservação de uma obra do

prestigiado artista italiano, Franco Giglio (1937-1982). O painel artístico que integrava a antiga residência da Família N. Bonilauri, foi restaurado e fará parte de uma praça interna do Bento 246, novo empreendimento da incorporadora localizado no bairro Água Verde. De acordo com Gustavo Tomasi, diretor da Silicon Engenharia, a ideia de preservar o trabalho artístico, surgiu desde a aquisição da área. “No primeiro contato que tivemos ao adentrar o terreno, era inquestionável a grandiosidade daquele mural, parte da fachada do antigo casarão. A decisão pelo restauro foi imediata”, explica. A Praça Franco Giglio será uma oportunidade para que moradores e visitantes possam contemplar um exemplar do legado do artista que contribuiu

para o patrimônio histórico da cidade. Nascido na Itália e radicado em Curitiba nos anos 1959, Franco Giglio ficou conhecido por criar murais de mosaico em grandes dimensões para construções relevantes como a Assembleia Legislativa do Paraná, Cemitério Municipal de Curitiba, Faculdade de Ciências Econômicas do Colégio Bom Jesus, Palácio da Justiça do Paraná, além de residências particulares. O muralista também foi responsável por executar projetos como o de Poty Lazzarotto para o Monumento ao Tropeiro na Lapa e o de Guyma para a agência do Banco do Brasil em Assunção, no Paraguai. Com trabalhos realizados em diversas cidades, o artista conquistou reconhecimento no meio artístico nacional. Edição 16

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Coluna SOBRE MORAR por Paula Campos

Arte e cor para uma família contemporânea e descontraída As casas contam a histórias de seus moradores, e nós contamos as histórias dessas casas. Conheça o lar de Raíssa Zanini, Ercílio e Fiorella Slaviero Fotos: Eduardo Macarios

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m meio à profusão de cores milimetricamente calculadas, acontece a vida de Raíssa, Ercílio e Fiorella: uma união perfeita entre o agito e calmaria, visualmente traduzidos nos gostos e escolhas de um apartamento que pelo estilo e modernidade poderia estar em qualquer lugar do

mundo. É no 19° andar de um edifício com vista panorâmica, no bairro Juvevê, que mora esta família cheia de energia. A fusão das personalidades de cada dá o tom do lar contemporâneo que combina funcionalidade e estilo.

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Coluna SOBRE MORAR por Paula Campos

DIVERSAS IDENTIDADES

Raíssa é dona de uma postura elegante e delicada, fala equilibrada e sorriso doce. Conduz a vida familiar com sutileza e flexibilidade. Sua personalidade foi moldada aos 14 anos quando embarcou em uma jornada pelo mundo para seguir carreira de modelo. Viveu em lugares como Coreia, Milão e México, onde conheceu seu grande amor, por meio das redes sociais. Hoje trabalha com moda, junto à sogra em uma confecção e loja de roupas. Foi a moda que influenciou seu gosto pela arte, e mesmo tendo em sua casa artistas renomados, para ela o design por si basta, mesmo sem assinatura. “A arte está no nosso próprio olhar, é algo individual”, afirma.

Ercílio é um cara interessante que mistura energia e tranquilidade. A ousadia para ele é algo natural. Verdadeiro entusiasta do incomum, chegou a ter como animal de estimação, uma onça chamada Mamba. Seus hobbies variam desde carros esportivos até tatuagens, além das artes marciais, especialmente o jiu-jitsu. Possui uma personalidade despreocupada, informal e com pitadas de humor, algo que traz descontração à família. O gosto pelo singular fica visível nas escolhas de sua casa. Assim como Raíssa, ele tem apreço pela arte e arquitetura contemporânea.

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TRANSFORMAR COM ARTE E COR

A escolha do imóvel aconteceu em 2011, logo que se casaram. Ficaram encantados pela vista para a Serra do Mar, região estratégica no alto do Juvevê, com planta espaçosa e bem dividida. O casal optou por não fazer reforma imediata para entender melhor as necessidades da família. A reforma aconteceu 10 anos depois, em meio à pandemia. Havia chegado a hora de adaptar o apartamento ao novo momento de suas vidas, que neste intervalo de tempo passou a ter mais uma integrante, a Fiorella. Uma menina fora do comum, divertida, sociável e conectada com a natureza. Nas palavras de Raíssa, “ela é uma cópia do pai”. Participou de todo o processo de reforma, em especial na brinquedoteca, espaço com detalhes lúdicos, cores fortes, linhas fluidas e criativas que remetem à natureza, e que se destaca na obra pintada a mão pela artista Luciana Gnoatto. O escritório archi.feel, das arquitetas Camila Accioly e Marcela Nicz, foi escolhido para materializar os sonhos e ideias do casal. Em sinergia com Raíssa e Ercílio, as profissionais tiveram flexibilidade para conceber uma composição pautada no senso estético e estilo contemporâneo A profusão de nuances coloridas das peças de mobiliário e obras de arte enriqueceu a base de cores como cinza, branco e preto, sugeridas por Ercílio. Sob a curadoria das arquitetas, estão itens assinados por renomados designers do meio nacional e internacional como André Mendes, Guilherme Wentz, Paolo Ridolfi, Jaqueline Terpins, Magis, Paulo Mendes da Rocha e Alex Rocca, amigo de Raíssa. Tapetes com design criativo completam os espaços e somam-se à coleção de obras de arte do casal. Uma conquista que faz toda a diferença no décor, segundo Raíssa. Ela conta que convenceu aos poucos o marido de que pequenos detalhes poderiam dar o tom acolhedor ao ambiente, evidenciando o

design, tão importante para ele. As peças de Lola Muller e da marca Tecer foram escolhidas pela exclusividade e por trazer alegria ao décor. O equilíbrio das identidades de Raíssa e Ercílio foi determinante para o resultado da nova casa. Ela buscava estilo, praticidade e funcionalidade, enquanto o marido priorizava o conceito e design. A conexão de suas personalidades diferentes e pequenas concessões se transformou em um refúgio para usufruir bons momentos junto da pequena Fiorella. Assim como o entardecer, que pode ser admirado todos os dias em seu lugar favorito - o lounge com vista panorâmica. Em meio a muitas cores, uma atmosfera urbana e descontraída, unem-se as distintas, porém conexas visões de morar da família. Para Ercílio, sua casa é o lugar para relaxar e descansar. Para Fiorella e Raíssa, é a paz e o amor traduzido em um único refúgio. Edição 16

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1. Luminária Poste com Neve 1,84m R$ 1.990,00 | 2. Papai Noel 80cm R$ 449,90 3. Quebra Nozes 1,1m R$ 1.751,90 | 4. Xícara com Pires Natalina 15cm R$ 61,90 5. Prato Raso Natal Colorido 26cm R$ 59,90 | 6. Taça de Vidro para Água Gold 15X6cm R$ 178,90 7. Escultura Resina Natal Rena Rústica 50cm R$ 422,90 | 8. Árvore de Natal New Imperial 2.10m R$ 1.359,90 9. Cenário Carrossel Musical Giratório com Luz 25cm R$ 599,00 | 10. Urso Rústico Natural Sentado 31cm R$ 159,00 11. Cenário Vila Natalina Roda Gigante com luz, som e movimento 55x23x23cm R$ 949,00 12. Papai Noel decorativo em Pé Vermelho e Verde 45cm R$ 269,90


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Coluna É DESIGN por Rodolpho Guttierrez

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O Designer da Natureza

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arlos Motta, nome reverenciado no mundo do design brasileiro, transcende a mera criação de objetos icônicos. Com uma trajetória que passa pela formação em arquitetura e uma ‘pós-graduação’ junto à comunidade caiçara, população tradicional do litoral paulista, Motta nutriu sua curiosidade e observação pela natureza desde cedo. O profundo respeito pelo meio ambiente e reconhecimento por seus colaboradores moldaram sua jornada no design. “Tudo o que eu aprendi até hoje foi com a natureza, com a simbiose e com tudo que acontece nesse meio. Com as pessoas que estão inseridas na floresta como os caiçaras, índios e nativos que utilizam os elementos naturais para a medicina e para criar canoas, casas, ocas, até os brinquedos das crianças. Tudo está equilibrado, porque existe uma harmonia, existe essa coisa holística dentro do pensamento do uso da floresta”, conta. O designer explica que encontrou inspiração em mundos

extremos. No lifestyle do surf das ondas da Califórnia, onde viveu por dois anos na juventude, à tranquilidade da vida no campo em São Francisco Xavier, onde reside atualmente. Para ele, não há ruptura entre suas ações, valores, saúde e relação com a família e os amigos. Tudo está interligado e reflete em suas criações. “Pela minha maneira de ser, e sempre foi assim, nunca separei uma ação, um valor, uma maneira de conduzir a minha vida. Não separo o surf do trabalho, da família, dos amigos e da saúde. Tudo é tudo uma coisa só. Existe algo muito íntimo e óbvio da maioria das coisas que desenho”. Motta é um visionário do design. Sua percepção de futuro é enraizada no respeito ao meio ambiente, na consciência coletiva e na reutilização de materiais. Ele acredita que o trabalho manual em conjunto com a arte são elementos cruciais que sempre terão valor para as pessoas. É fundamental resgatar o vínculo afetivo com os produtos. Optar por uma quantidade menor de peças, mais humanizadas, em contraposição aos produtos vazios de histórias.

“Tudo o que aprendi até hoje foi com a natureza, com a simbiose”

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Fotos: Fernando Laszlo

Carlos Motta explica como usa a sustentabilidade em criações que transcendem a estética e expressam valores


Carlos Motta. Foto: Ruy Teixeira

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Coluna É DESIGN por Rodolpho Guttierrez

Poltrona Asturias no Sesc Pompeia. Foto: Ruy Teixeira

“O ateliê fideliza clientes pela estética dos produtos, sistema produtivo, reuso de madeira e pelo modelo em que todo mundo da cadeia produtiva tem participação nos lucros. Quando os clientes conhecem tudo isso, entendem que uma peça bem-feita tem valor. É um caminho sem volta”. Carlos Motta nos mostra que o design pode ser uma ponte entre a criatividade humana e a natureza, um equilíbrio delicado que resulta em obras de arte funcionais, carregadas de significado em respeito ao nosso planeta. Seu legado é um lembrete de que o design pode transcender a estética e expressar valores, harmonia e sustentabilidade.

Residência Carlos Motta. Foto: Romulo Fialdini

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Coluna CALEIDOSCÓPIO por Isabela França

Homenagem ao multiartista Leonilson num desfile contemporâneo, delicado e consistente na Pinacoteca de SP Pela primeira vez a família do cearense autorizou o acesso à casa onde o artista viveu e a seu acervo de mais de 3.500 obras catalogadas entre bordados, diários, desenhos e pinturas Fotos: Zé Takahashi

Ítaca, poema do grego Konstantinos Kaváfis, narrava a jornada de Ulisses em retorno para a sua terra natal e era um dos favoritos de José Leonilson. Foi ele que serviu de farol para nortear a coleção, dividida em três blocos principais: pérolas, andarilhos e âncoras.

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a aura mágica da Pinacoteca de São Paulo, a Neriage desfilou “Cartas para Ítaca”, título de sua coleção para o verão 2024, em reverência a José Leonilson, artista visual cearense que deixou um legado de três décadas. A primeira parte do desfile

interpretou as obras de Leonilson com traços fluidos, onde frases desconexas do artista acompanharam tons de azul e branco, em contraste com delicados acessórios em ouro e pérolas, concebidos pela designer de joias Victoria Sayeg.

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Coluna CALEIDOSCÓPIO por Isabela França

Na segunda parte da apresentação, a marca reforçou suas características como os plissados e a combinação de texturas, representando a convergência com o processo criativo do artista homenageado. Por fim, tons terrosos e peças com recortes tubulares simbolizaram a chegada à terra natal, em uma celebração do legado de Leonilson. Para dar vida à coleção, a Neriage explorou uma ampla gama de tecidos com texturas só possíveis com a tecnologia. Crepes, sedas e plissados permitiram peças de alfaiataria sensacionais, com um escrutínio pelas décadas de 1970, 1980 e 1990, mas um olhar no futuro.

A coleção impecável e a performance na Pinacoteca foram uma oportunidade para aqueles que buscam fundamentos para suas criações. O evento celebrou de forma singular a influência da moda na vida e obra do pintor e escultor, filho de costureira e de um dono de loja de tecidos, que cresceu entre as máquinas de costura. O ambiente doméstico somado ao talento natural foram essenciais e se tornaram terreno fértil para que Leonilson desenvolvesse suas habilidades em bordados. Assim, seu interesse pela moda foi aos poucos dando a tônica de sua arte. A conexão com o universo da moda é antiga, desde a criação de um fanzine chamado “Vogue Ideal”, em 1976, até uma apresentação para a Fiorucci nos anos 1980.

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Na última obra de Leonilson, exposta na Capela do Morumbi, ele utilizou duas camisas masculinas bordadas para simbolizar a homossexualidade e questionar os tabus sociais e religiosos associados a esse tema. Agora, foi a vez da moda retribuir o tanto que este genial criador fez por ela. Ao som de Madonna, cantora admirada por Leonilson, o evento contou com 400 convidados. Reuniu estampas maximizadas e técnicas icônicas do pintor e escultor em crepe de seda e jacquard. Frases de Cazuza, outro ídolo de Leonilson, foram bordadas nas peças. O tributo destacou a riqueza e a versatilidade do artista, traduzindo sua paixão em uma coleção que ultrapassou o vestir. Foi celebração da intimidade, da coragem de se expressar e da eternidade da arte em qualquer suporte.





Coluna INSTAGRAM por Cristina Fontoura

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CASA FOA

Casa FOA Buenos Aires 2023 acontece no Parque de Innovación, obra emblemática da arquitetura racionalista de 1937, Monumento Histórico Nacional em 2005. Nesta edição participam mais de 50 designers, em 46 espaços. O tema é “O Design Comunica”, um convite à reflexão sobre as múltiplas formas como o design transmite a sua função de projetar objetos e espaços. Trata-se de colocar em jogo o sensorial, contar histórias e provocar emoções através do design. Vale a pena a viagem! @casafoa

@revistahabitat

ETEL

A ETEL, embaixadora do design brasileiro universalmente reconhecida, parceira da Fundação Oscar Niemeyer e do Studio Superluna, apresentaram um dos mais prestigiados mestres do século 20: o arquiteto e designer Oscar Niemeyer (19072012) no “Lake Como Design Festival 2023”.

IAB

Em cerimônia de abertura na Boca Maldita em Curitiba de 330 painéis com projetos de diversas partes do Brasil e da Itália. Selecionados pelos aspectos estéticos ou funcionais, oferecidos pelo IAB|PR em homenagem aos 330 anos de Curitiba. Luiz Eduardo Bini Gomes da Silva, presidente do IAB|PR à produção de Consuelo Cornelsen, filha de Lolô Cornelsen e a presença da Cônsul da Itália para o Paraná e Santa Catarina, Eugênia Berti. Adoramos! @iab_pr @italyincuritiba @l.eduardogomes @consuelocornelsen @fernando.canalli @umsopro @jdnavolar

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@etel @superlunastudio @lissacarmona

PÁTIO BATEL 10 ANOS

Pátio Batel criou um espaço imersivo e instagramável o Balloon Experience, para seu aniversário de 10 anos. Uma piscina gigante de bolinhas e instalações interativas com cores, luzes e sons. Parabéns a equipe do Pátio Batel, 10 Anos nos proporcionando, encontros, moda, alta gastronomia, tendências e excelência! Foi show! @patiobatel @camilaseleme @paulapignanelli @gabicomandulli @orlando__dartora @br_nomuller


Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

NPK MÁRMORES A NPK Mármores, em parceria com a Laguna, recebeu convidados para apresentação do decorado do edifício Trevi, novo empreendimento da construtora de Curitiba. Os presentes puderam aproveitar uma aula show com a chef Kika Marder e a

arquiteta Priscilla Muller na sede da Laguna, além de visitar o apartamento modelo que conta com materiais NPK, como Limestone Monclair no piso e Travertino Silver na bancada e painel do home. Foto: Patricia Amancio

DEBORAH BASSOLI EMPREENDIMENTOS Os empresários Décio Trombini e Airton Trombini com Deborah Bassoli na festa de celebração de seu novo empreendimento, o edifício Aretha. O novo prédio da Deborah Bassoli Empreendimentos será uma oportunidade para investir no mercado de short stay. Foto: Marcelo Andrade.

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

PLAENGE Os executivos Fabiano Muchinski, assessor da Plaenge Urbanismo, Leonardo Turin, superintendente da Plaenge Urbanismo, e Luiz Gustavo Salvático, superintendente regional da Plaenge em Curitiba, com o prêmio Master Imobiliário, recém-conquistado pela construtora Plaenge, com o projeto Lieu Unique, empreendimento de Campo Grande (MS). Foto: Divulgação

REGINA CASILLO A editora literária, galerista e produtora cultural Regina Casillo tomou posse na Academia Paranaense de Letras, em cerimônia realizada em setembro, no auditório que leva seu nome e localizado no complexo Solar do Rosário. Ela assumiu a cadeira número 9, que tem Euphrasio Correia como patrono, Leôncio Correia como fundador e que foi ocupada por Vasco Taborda Ribas e Ário Dergint de Rawicz. A presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, foi uma das personalidades que prestigiou o evento. Foto: Kraw Penas

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NÚCLEO PARANAENSE DE DECORAÇÃO O Núcleo Paranaense de Decoração (NPD) promoveu a segunda edição do Núcleo Journey, no Museu Oscar Niemeyer. O evento trouxe para Curitiba a renomada agência de pesquisa de tendências em consumo, comportamento e inovação, Box 1824. Na foto de Patrícia Amancio, Leandro Lorca, presidente do NPD, o arquiteto Jorge Elmor e Eviete Dacol, diretora de marketing do Núcleo Paranaense de Decoração.

BOTTEH Os arquitetos Leandro Sumar e Patricia Furukawa assinam um ambiente que traz a magia do oriente para a Casacor Santa Catarina, em Florianópolis. O “Oásis” conta com mais de 50 peças da Botteh Handmade Rugs, incluindo os clássicos tapetes artesanais da marca, puffs e diversos adornos. Na foto de Guma Miranda, Leandro Sumar, o proprietário da Botteh, Amir Shahrouzi, Patrícia Furukawa e a gerente da Botteh Região Sul, Bartira Brittes. Edição 16

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

GALERIA LAGUNA No cenário da Galeria Laguna, o Fórum Real Estate reuniu líderes do mercado imobiliário e da construção civil em Curitiba. O evento, intitulado “Caminho sem Volta: LEED é o Padrão”, contou com as apresentações de especialistas, incluindo José Gava Neto, diretor de Administração e Finanças do Sebrae/PR; Volnei da Rosa Porto, diretor financeiro da Educa-

ção Adventista do Sul do Brasil; e Felipe Faria, CEO do Green Building Council Brasil (GBC). A iniciativa foi promovida pelo World Trade Center (WTC) de Curitiba, Joinville e Porto Alegre, em colaboração com a empresa de consultoria e engenharia em sustentabilidade, Petinelli. Foto: Rodrigo Félix Leal

JAIME LERNER DESIGN A arquiteta Samira Barakat, fundadora da marca Jaime Lerner Design, aproveitou a temática de outubro, mês da Criança, para lançar, em Curitiba, a versão infantil do banco W em madeira. A apresentação foi realizada no Centro Juvenil de Artes Plásticas, dirigido por Luiz Gustavo Vidal. Produzida em compensado naval, o Mini W, para crianças de até 12 anos, foi customizado pelos alunos que participam das oficinas de artes visuais e de desenho da instituição que celebra 70 anos de atuação. A peça traz o selo da Sense Móveis, responsável pela produção da linha infantil. Foto: Thabata Martin

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CASA IMPELLE A empresária Sylvia Sartorelli recebeu convidados para apresentar o inovador conceito da Casa Impelle. Na foto de Thamy Poli, Sylvia Sartorelli entre Luciana e Anna Bergerson.

COSY HOME Em um cenário arrebatador concebido pelo party designer Marcos Soares, a Cosy Home transformou o espaço da Cerâmica Jardim em um autêntico oásis de cores e estilos. Nitsa Vianna, sócia proprietária da loja, quis proporcionar aos convidados uma atmosfera ousada para a apresentação oficial da nova coleção da Missoni. O evento teve uma culinária italiana singular, preparada pela Mia Trattoria, e banda instrumental que transportou os presentes para uma autêntica atmosfera do Velho Continente. Foto: Patrícia Amancio.

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

SÈVE ART GALERIA Na inauguração da Sève Art Galeria, os artistas Sergio Rolim, Felipe Scandelari e Lys Aurea Buzzi com as arquitetas e sócias-proprietárias da galeria, Helena e Letícia Rolim de Moura, e o curador Arthur do Carmo. A Sève acabou de abrir as portas na Carlos de Carvalho, no Batel. Foto: Marcelo Almeida.

HOLY BATEL Os arquitetos Rafael Valente e Juliana Cesar, da RVJC Arquitetura, são os autores do projeto da Holy Home Store do Batel. A nova loja tem 1.000 metros quadrados e três andares de presentes, cama, mesa e banho e artigos para cozinha e eletroportáteis. Foto: Divulgação

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ZILDA FRALETTI A Galeria Zilda Fraletti encerra o ano celebrando uma agenda vibrante de exposições e atividades que dinamizaram o cenário artístico. Em 2024, os sócios Zilda Fraletti e Carlos Cavet prometem continuar sua dedicação, expandindo o Clube do Colecionador, uma forma estratégica e acessível de incentivar o colecionismo para todos os públicos. Foto: Gerson Lima

FELIPE GUERRA O arquiteto Felipe Guerra, sócio do consagrado escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, celebra a inauguração do inovador bairro Viva Park Porto Belo , em Santa Catarina. Com um olhar focado na sustentabilidade, a equipe redefine urbanismo, promovendo uma verdadeira revolução na concepção de espaços urbanos. Foto: Divulgação

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

REVEEV BALNEÁRIO CAMBORIÚ A Reveev Balneário Camboriú abriu sua nova loja, com dez ambientes projetados por arquitetos e designers renomados de Santa Catarina. No evento, 250 convidados desfrutaram de um coquetel para conhecer os novos produtos da coleção “Respire”, que inclui camas, colchões e itens de design exclusivos para quartos. A foto de Carlos Alves destaca o CEO Klaus Diether Glatz, o arquiteto Jayme Bernardo e a Coordenadora de Projetos Kresthine D. G. Klaumann.

PÁTIO BATEL Na avant-prèmiere do Balloon Experience do Pátio Batel, experiência pensada especialmente para celebrar os 10 anos do shopping, da esquerda para a direita e de cima para baixo, Lucas Haas, Jorge Estrela, Iago Spellmeier, Paula Pignaneli, Bruna Vieira, Danusa Patel, Camila Fleischfresser, Orlando Alves e Gabrielle Comandulli. Todos do time do Pátio Batel. Foto: Amanda Lavorato.

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BAGGIO SCHIAVON ARQUITETURA A Baggio Schiavon Arquitetura está conduzindo estudos de viabilidade para diversos tipos de projetos pelo Brasil, abrangendo residências, condomínios industriais, logística e planos urbanos abrangentes. Recentemente, Flávio Schiavon se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para discutir um grande projeto urbanístico no interior do estado. Além disso, as equipes de Manuel Baggio e Schiavon estão concentradas em detalhar projetos imobiliários no Mato Grosso e em Santa Catarina. Foto: Paula Morais

AG7

A AG7 promoveu em seu estande de vendas uma sequência de eventos para o lançamento do Pace Ecoville - edifício com mais de 160 metros de altura e 44 andares. Segundo a construtora, o projeto será a materialização plena do bem-estar, onde o morador é o centro e a natureza, o seu ambiente. A programação

contou com a produção de Marcos Soares, música de RM Jazz Trio, e gastronomia e drinques de Petit Pop e Deseo Bar. Mais de 500 pessoas estiveram presentes nos dias, entre personalidades, colaboradores, empresários e jornalistas.

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

TAG HEUER A prestigiada marca suíça de relógios de luxo TAG Heuer inaugurou sua nova butique no shopping Pátio Batel. Esta é a quarta loja exclusiva da marca no Brasil e a primeira no Sul do país, resultado de uma parceria com o Grupo Bergerson, que atua no segmento de joias e relógios no Brasil há 60 anos. Na foto de Patricia Amancio, Franck Suznjevic, vice-presidente Latam da TAG Heuer; Marcelo Bergerson, diretor geral do Grupo Bergerson; e Fernando Bonamico, superintendente do Pátio Batel.

FESTVAL CHALLENGER Depois de quase uma década, Curitiba voltou ao calendário da Associação de Tenistas Profissionais (ATP) com o Festval Challenger. Os empresários Paulo Beal (à esq.) e Paulo Henrique Beal, da Rede de Supermercados Festval, entregaram o convite ao vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, para prestigiar o torneio realizado no Graciosa Country Club e que contou com nomes do tênis mundial. Foto: Valterci Santos.

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GT BUILDING A GT Building participou como patrocinadora do XX Torneio Aberto de Golfe do Alphaville Graciosa Clube, em Pinhais, na Grande Curitiba. O CEO da incorporadora, Geninho Thomé, esteve presente no evento com a gerente de Marketing, Fernanda Viana. Foto: Divulgação

PONTO DE DECORAÇÃO Os arquitetos Edison Vello, Yara Mendes e Suely Ruon, com a diretora de Marketing do Ponto de Decoração, Marinice Bettega; o colunista Cesar Franco; as arquitetas Silmara Pimpão e Liamara Zardo; e o presidente do Ponto de Decoração, Marcos Pereira, na premiação promovida pela associação no Indra Catering. Foto: Kátia Fugazza.

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Coluna CONEXÃO por Cesar Franco

PRÊMIO EQUILIBRISTA 2023 Bruna Hadad, CFO da WAP, foi a grande vencedora do Prêmio Equilibrista 2023, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (IBEF-PR). A cerimônia ocorreu em outubro no Castelo do Batel, com um público de aproximadamente 400 pessoas. Na foto, Bruna Hadad e o presidente do IBEF-PR, Ricardo Pereira. Crédito: Fredi Fotos

CA2A O presidente da CA2A, Patrick Ferro, foi o anfitrião, com o irmão e sócio Rodrigo Ferro, do lançamento da fase 2 do Tayayá Porto Rico Residence & Resort, em Maringá. O evento contou com a participação de 2 mil convidados, que conheceram em primeira mão o novo projeto arquitetônico do empreendimento, assinado pelo escritório da renomada arquiteta Juliana Meda. Na foto de Henrique Campinha, Patrick Ferro e Juliana Meda.

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Tempo para o [Re]Design

Luminária Crystal, design Nathalia Nova. Banco estrela, design Fernando Iasz e Christian Ullmann para Fabriko, marcenaria compartilhada. Mancebo Virgínia, design Raquel Finotti, Talpa Design.

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stamos vivendo o início da terceira década do século 21. É vital entender e projetar as demandas e necessidades deste século. O conceito de [RE]generar envolve a ideia de restaurar, organizar novamente, fazer a reconstituição de algo. No urbanismo, arquitetura, ou design, os profissionais têm muito para colaborar e realizar. Assim como discutimos a regeneração do tecido social nas cidades, na área urbanística; e o retrofit de prédios históricos no contexto arquitetônico; é importante entender que o material descartado destas reformas pode se transformar em novos produtos. O REdesign é uma abordagem REnovada do design. Visa REstaurar e REvita-

lizar os sistemas contemporâneos para a criação de novos ecossistemas naturais e sociais, eliminando conceitos negativos e maximizando os positivos. Isso pode ser alcançado através do pensamento projetual de Ciclos Fechados que prevê elaborar produtos, processos, serviços e experiências, transformando o material de descarte em novas matérias-primas. Ao incorporar novas tecnologias e processos necessários, surgem alternativas projetuais que planejam novos futuros, a partir de uma abordagem que gera conexões e explora temas relevantes da atualidade. Durante um século, o design seguiu a lógica de usar a matéria-prima virgem para a criação e produção de produtos, em um processo industrial de economia

linear. Agora estamos em um momento de revisão dos acertos dos últimos 50 anos. A compreensão da necessidade de projetar de forma diferente, aprender a co-criar, diversificar a produção e ressignificar. Esse conceito requer novos modelos de negócios, visão a longo prazo e novas perguntas que abordem desafios complexos. É preciso melhorar a qualidade de vida do maior número de pessoas e de todas as espécies vivas no planeta. A natureza segue sendo a nossa guia, há 4 bilhões de anos ela evolui, melhora seus ciclos e ecossistemas - todos interligados e funcionando de maneira harmônica. O desafio é aprender a desaprender os modelos convencionais para [RE]aprender novos modelos.

Christian Ullmann é designer e coordenador dos projetos desenvolvidos pelo Centro de Inovação do IED Brasil

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Fotos: Projeto [RE]design Edifício Virginia, Istituto Europeo di Design Brasil (IED Brasil). Coordenação Christian Ullmann

Coluna PONTO DE VISTA por Christian Ullmann




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