Revista Outdoor 9

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nº9 janeiro/fevereiro 2013

outdoor Revista

Torna-te fã

Manali leh em BTT, pedalar na estrada mais alta do mundo por Aurélio Faria

Entrevista

Aventura

com Emanuel Pombo

Ascensão ao Island Peak por Luísa Tomé

desafio

Ecopista do Dão

atividade

Snowboard em 10 questões

soS

Código Segurança Outdoor

foto-reportagem

A Serra e a Estrela por Teresa Conceição



Diretrizes EDITORIAL

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GRANDE REPORTAGEM Manali Leh em BTT, pedalar na estrada mais alta do Mundo por Aurélio Faria

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nº9 Janeiro_Fevereiro

2012

EM FAMÍLIA EVENTO — Brincar na Neve

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ATIVIDADE — Trekking com Burros na Costa Vicentina

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aventura DESAFIO — Ascensão ao Island Peak no Nepal por Luísa Tomé

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EVENTO — The Color Run

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PROJETO — Galiza por Sílvia Romão

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entrevista Emanuel Pombo — Downhill

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POR TERRA ATIVIDADE — Ecopista do Dão

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EVENTO — Paintugal

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neve atividade — Snowboard em 10 questões

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indoor — Preparação indoor para snowboard

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ENTREVISTA — Nick Coutts

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Pedro Pedrosa liderou a primeira grande expedição internacional de BTT… a travessia a Manali leh, a estrada mais alta do mundo. Não perca as histórias e desafios desta grande aventura…

FOTOGRAFIA PORTFOLIO DO MÊS — Luís Lopes

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FOTO DO MÊS — Rafting no Rio Paiva

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FOTO-REPORTAGEM — Serra e a Estrela por Teresa Conceição

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SOS Código de Segurança Outdoor

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DESCOBRIR REGIÃO — Na rota das aldeias históricas da Serra da Estrela

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livro aventura — Ericeira de Luís Ruivo

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PROJETO — Os Seven Summits de Paulo Miranda

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kids PARQUES AVENTURA

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ATIVIDADES OUTDOOR

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DESPORTO ADAPTADO JUDO PARA TODOS

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ESPAÇO APECATE Como desenvolver o Turismo de bicicleta em Portugal

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equipamento

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a fechar

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O atual campeão nacional de downhill esteve à conversa com a Outdoor e contou-nos alguns dos seus segredos, histórias e sonhos. Não perca esta entrevista recheada de vitórias!

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Teresa Conceição, através das suas imagens desvenda-nos alguns dos segredos da Serra da Estrela! Aqui comprovamos que mais uma vez, há imagens que valem mais que mil palavras. Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores. Não é permitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista.


Onde eficiência e cOntrOlO se juntam.

OCCAM Advanced Dynamics é a tecnologia com que criámos a bicicleta de trail mais eficiente do mercado. Uma máquina que te fará subir mais ágil do que nunca e te dará o máximo controlo para fazeres faísca em qualquer descida. Nova Orbea Occam, onde eficiência e controlo se juntam.

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Editorial Ficha técnica

chegou o número 9! A Revista Outdoor dá às boas vindas a 2013.

www.portalaventuras.clix.pt

N

este novo ano como o frio decidiu não dar tréguas, nós decidimos dar-vos sugestões para partirem à aventura com estas temperaturas.

Edição nº8 WPG – Web Portals Lda NPC: 509630472 Capital Social: 10.000,00

Começamos a nossa 9ª aventura outdoor a pedalar na estrada mais alta do mundo com Pedro Pedrosa… Sabem onde fica? Na reportagem vão encontrar esta e outras respostas. Continuamos a pedalar e metemos conversa com Emanuel Pombo, o nosso campeão de downhill que nos conta alguns segredos. Para além das suas palavras, deslumbrem-se com imagens fantásticas de Luís Lopes, num portfólio de cortar a respiração. A nossa aventura a pedalar termina na ecopista do Dão. Daqui, passamos ao ponto mais alto de Portugal Continental: a Serra da Estrela. Vamos levá-lo à descoberta das aldeias históricas e das atividades outdoor incluindo o snowboard, tão apreciado nesta altura. Na fotografia, Teresa Conceição desvenda-nos um pouco mais sobre a Serra, através da foto reportagem! Continuamos a nossa viagem, vamos caminhar na Galiza e terminamos com a ascensão ao Island Peak. Pelo meio ainda descobrimos atividades outdoor para realizar em Portugal, parques temáticos, ouvimos conselhos para partirmos à aventura em segurança e colocamos a leitura em dia com o livro “Ericeira” de Miguel Ruivo. O desafio está lançado, aceita entrar na aventura de ler o número 9 da Revista Outdoor? Boas aventuras e continue a acompanhar todas as novidades aventureiras no Portal Aventuras e no Facebook! ø

Rua Melvin Jones Nº5 Bc – 2610-297 Alfragide Telefone: 214702971 Site internet: www.revistaoutdoor.pt E-mail: info@revistaoutdoor.pt Registo ERC n.º 126085 Editor e Diretor Nuno Neves | nuno.neves@portalaventuras.pt Marketing, Comunicação e Eventos Isa Helena | isa.helena@portalaventuras.pt Sofia Carvalho | sofia.carvalho@portalaventuras.pt BEBIANA CRUZ | bebiana.cruz@portalaventuras.pt Revisão Cláudia Caetano Colaboraram neste número: Amâncio Santos, ana lima, andré faria, antónio gavinho, Aurélio Faria, cláudia almeida, emanuel pombo, jaime rendeiro, luís lopes, luísa tomé, nick coutts, paulo miranda, pedro alves, pedro pedrosa, sílvia romão, teresa conceição. som bebiana cruz

Nuno Neves Design Editorial Inês Rosado Fotografia de capa luís lopes Desenvolvimento Ângelo Santos

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Grande Reportagem

Manali leh em BTT,

pedalar na estrada mais alta do mundo!

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Foto: Paulo Mourão

 Por Aurélio Faria


A minha expedição: Pedro Pedrosa Grande Reportagem Manali Leh em Btt

Q

uase 10 anos depois da aventura aos Himalaias, Pedro Pedrosa continua a dar pouca importância ao facto de ter liderado a primeira grande expedição internacional da BTT portuguesa: a travessia de Manali leh, a estrada mais alta do mundo. Em agosto de 2003, e num feito que passou praticamente despercebido, um grupo de 7 portugueses pedalou mais de 500 km entre os 4000 e os 5000 metros, e à sombra dos altos cumes, percorreu a famosa e perigosa estrada que liga as províncias norte-indianas himalaianas com o Ladakh, já na fronteira com o Tibete. O PROJETO A ideia surgiu-me numa viagem anterior de mota com o meu primo Nuno Pe(...) uma drosa. Desafiei amigos de todo o país, e apurei um grupo final de 7 eleviagem até mentos. Constituiu-se um outro Manali, um percurgrupo mais pequeno de 5 que efeso massacrante e algo tuou um trekking no Ladakh, e se cruzou, algumas vezes, com os aterrador, para quem BTTistas. nunca presenciou as ul-

trapassagens aparenEntrámos no mundo das estradas temente suicidas dos de montanha com uma viagem até Manali, um percurso massacrante condutores indiae algo aterrador, para quem nunca nos. presenciou as ultrapassagens aparentemente suicidas dos condutores indianos. À chegada, fizemos 1 dia de marcha para adaptação à altitude, já superior a 2000m. Fomos notícia quando nos equipámos a preceito e montámos as bicicletas. Tivemos até direito a foto no jornal local, com legendas em hindi. O PRIMEIRO LA Em chinês ou tibetano, colo de montanha ou passe diz-se La. Numa tarde de chuva e frio, estreámo-nos no Rothang La, 3980 mts, a meio do segundo dia de expedição . O mau tempo foi depois compensado com a primeira descida vertiginosa e alucinante pelas entranhas do vale de Lahul. Aqui tivemos a primeira noção das dimensões himalaianas: seguimos o curso do rio Chandra e voltámos a subir para Keylong, o local de pernoita depois de 80 e tal kms a pedalar...

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Grande Reportagem A PAREDE Planeamos atacar a Parede, - como Na longa chamámos ao Baralacha La-, ao subida, mantiprincípio da tarde. A 4880 metros de altitude, a vemo-nos concenprimeira «parede» representrados e tentámos tava em apenas 20 km mais sempre ir bebendo de 1000 metros de desnível de subida sobre o local de dorágua, para manter mida, e era também a nossa a hidratação primeira aproximação aos 5000 correta. e às zonas onde sabíamos sentir já os efeitos da altitude. Na longa subida, mantivemo-nos concentrados e tentámos sempre ir bebendo água, para manter a hidratação correta. Fizemos o passe por volta das 14 horas. Depois da alegria e fotos da praxe, iniciámos a descida, com paragem nas primeiras dahbas (tendas de chá) a 4700 metros. Bebemos chá e reconfortámos o estômago com o habitual arroz, dahl e chapati. Cansados, adormecemos e, ao acordar, imediatamente nos apercebemos do erro cometido: havia fortes dores de cabeça! Ainda indevidamente aclimatizados, havia que descer rapidamente até ao local da dormida. É lindíssima a descida de 40 km até Sarchu! O vale é aberto, e devido às chuvas recentes estava coberto por um manto verde em contraste, deslumbrante, com as montanhas rochosas e os picos nevados. Cruzámos uma zona inóspita, com controlo militar e de passaportes, e depois de uma linha de água, local de acampamentos turísticos de verão, entrámos no estado de Jammu e Caxemira.

AS GATALOOPS

A pensar na dupla etapa, acordámos cedo nesse dia 22 de agosto, e começámos logo a pedalar vale abaixo, ao longo do rio, até ao marco que assinala o início das 21 gata loops. Na realidade, é uma estrada que serpenteia encosta acima, com uma inclinação suave, em 21 curvas em cotovelo. Fomos contando as ditas, e no final da 21ª gata loop atingimos os 4600 metros de altitude. E ainda nos faltavam alguns kms até ao Nakehla La (4850 mts), o primeiro colo do dia, e por alguns considerado como dos mais duros da travessia. Alertados pela experiência do passe anterior, rapidamente descemos até Whisky Nulah, a 4500, antes de atacarmos o nosso primeiro 5000. Com calma e paciência para manter um ritmo lento, e sempre com a preocupação da boa hidratação, e atingimos o objetivo, brindados com o bom 8

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Grande Reportagem Manali Leh em Btt tempo e vistas deslumbrantes das montanhas a perder de vista! A descida surpreendeu-nos com um troço de estrada que mais parecia uma prova de trial. Sem alcatrão testámos a concentração e os limites dos pneus Maxxis. Naquela noite, dormimos numa tenda tipo berbere, jantámos xau-min, e ainda tivemos energia para um serão de cantigas à desgarrada entre indianos e portugueses. Memoráveis, as “Pang Sessions!”

solveu pedalar connosco numa SCOTT alugada e algo torta. Com ele, rimo-nos e atravessámos um espetacular planalto de 40 km a 4600 mts de altitude. Fomos ainda obrigados a vencer mais duzentos metros de altitude para acampar no único sítio com água. Ao lado de duas stupas budistas, era um sítio lindíssimo, mesmo no final do vale e na base da montanha que iríamos subir no dia seguinte. Tomamos banho de copo, des-

cansámos e contemplamos com respeito os 5350 metros que teríamos ainda que enfrentar.

AS PAISAGENS

A primeira tarde pôs à prova a paciência e capacidade em manter um ritmo lento numa subida interminável... Mas fomos logo animados pela beleza da paisagem de cascatas, gargantas e vales imensos que se abriam a cada curva. No alcatrão deste início

O PLANALTO INTERMINÁVEL Com mal de altitude, o João optou por seguir com o grupo do trekking para Leh. Foi substituído pelo José Artur que levou a sua SEVEN até ao fim. Neste dia, o Raju, guia da logística que só víamos ao final da tarde, juntou-se ao grupo, e reOUTDOOR Janeiro_Fevereiro 2013

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Grande Reportagem de itinerário, a animação dos camiões que buzinam constantemente acabou também por ser irritante. Recordo a paisagem em TangLang La, e a vista panorâmica de 360º graus com o maciço dos Himalaias em todo o esplendor. As bandeiras de oração e um pequeno templo budista, - curiosamente com divindades hindus-, contrastavam com o edifício pré-fabricado dos operários que reparam todos os verões uma estrada danificada pelas intempéries. O vale que descemos é em tudo diferente de tudo o que já pedalamos até aqui. As cores magenta, grená e castanho escuro, as aldeias de casas tipicamente tibetanas e telhados onde se armazenam colheitas e se seca bosta de animais para combustível de Inverno, as culturas, as searas e a linha de água serpenteante. Acabámos por acampar num pequeno vale, onde tomámos um banho de “imersão” no ribeiro frio.

AS DIFICULDADES

O mal de altitude, agravado pelo esforço físico intenso, foi a maior dificuldade. Alguns de nós começaram logo a sentir as inevitáveis e normais dores de cabeça. O João foi quem mais se ressentiu, e nos últimos dias foi enquadrado no grupo de trekking. A descida de Tang Lang La é capaz de ter sido a mais alucinante da expedição. Depois de alguns, poucos, kms, de estrada má, avistámos uma linha que desce abruptamente e como um risco a encosta de terra. Não hesitámos quando lá chegámos: saímos da estrada para o mais louco «downhill» realizado num vertiginoso e inclinado trilho que provocou a separação imediata do grupo. Quando nos reencontrámos na estrada, gritámos da adrenalina: afinal, tínhamos descido dos 5100 para os 4700m em 2 a 3 kms , e atalhado em poucos minutos mais de 10 km na estrada!

Foto: Paulo Mourão

À medida que subíamos o vale em direção à alta montanha, havia cada vez menos trânsito, e mais chuva, que teimava em cair... Suposta-

mente, a influência da monção não deveria ter passado para além do primeiro passe. Alterações climáticas?!... A paisagem fez-nos esquecer tudo isso!

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OS REGISTOS

As jornadas foram planeadas com quadros estatísticos e resumo das dificuldades esperadas.

Dia 8

De Debring a Upshi; início do dia cedo com o ataque ao passe respeitável de 5360 mts ; subida de 20 km em piso duro, e possilidade de surpresas nos troços mais altos. Depois do passe, fabulosa descida. Na parte final, dhabas.

O DIA MAIS ALTO

E eis que chegou o dia D! Inspirados pelas mantras budistas, ouvidas às 5 da manhã, levantámo-nos antes do nascer do sol. Não quisemos arriscar uma subida tardia e o calor do meio-dia. Avançámos determinados e confiantes, para vencer mais de 2000 metros de desnível em 36 km, preparados para pedalar muitas horas a subir..., a subir..., subir.... Ao km 20, atingimos o controlo militar e apresentámos a necessária autorização, obtida no dia anterior em Leh. Única avaria da expedição: o Paulo Mourão substituiu a corrente. A partir do checkpoint, a estrada começou a degradar-se, e o piso tornou-se muito irregular, com cada vez menos alcatrão e mais pedra à superfície. Agravados pelo frio, pela chuva e pelos efeitos da altitude, os quilómetros finais foram

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Grande Reportagem Manali Leh em Btt

Duas bicicletas de travão de disco pagram o preço, e o susto foi grande para os condutores.


Grande Reportagem demolidores. A última hora de ascensão foi um verdadeiro desafio físico e mental, e exercício de concentração para atingir objetivo do dia e da expedição. Na última curva, e com o passe á vista, a queda de flocos de neve brindou o momento especial de pedalar a 5602 metros de altitude. Abrimos as garrafas de vinho do Porto Numância e tinto Monte Agudo, e saltámos literalmente de alegria. Houve ainda tempo para o chá oferecido aos que ali passam pelo militar de serviço. Vestimo-nos depois o mais que pudemos e aí viemos nós, de volta a Leh, em duas horas de descida non-stop! A situação político-militar em Caxemira impediu que pedalássemos ainda mais alto. A estrada continua para o Nubra Valley, e sobe a cordilheira do Karakorum, onde entronca com a famosa KKH, a KaraKorum Highway e com outro passe acima dos 5000 metros. Mas há sempre um novo desafio nossa espera: quem sabe, um dia destes, poderemos muito bem rolar por aquela outra estrada que trepa até aos 5900 metros de um vulcão na Bolívia! ø Conversa editada por Aurélio Faria Jornalista

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António Silva

Pedro Pedrosa (Guia) Idade: 32 anos Bicicleta: VooDoo D-Jab titânio, Pace, XT, Race Face 20-30-40 / Mavic CrossMax XL / 2xMaxxis WormDrive/ Magura Tomac João Teixeira

Paulo Mourão

Idade: 32 anos Bicicleta: Seven Sola titânio, RShox Sid team, RFace 22-32-42 / Mavic CrossMax XL disc / Discos Mini-Hope / 2xMaxxis Ignitor

Idade: 39 anos Bicicleta: Trek Fuel 100 ; Pace ; XT ; RFace 2232-42 / Mavic CrossMax XL disc / Discos Mini-Hope / 2xMaxxis Ignitor

Idade: 28 anos Bicicleta: BH Coronas ; Marzochi Bomber Z1 ; XTR ; LX 22-32-42 / Mavic / Shim V-Brake / Maxxis Ignitor + Maxxis WormDrive Daniel Marques

Miguel Tolda

Idade: 18 anos Bicicleta: Specialized S-Works M5 ; RShox Sid Race ; XTR ; FSA 2232-44 / Mavic CrossMax XL / Shim V-Brake XTR / Maxxis Ignitor + Maxxis Larsen Idade: 28 anos Bicicleta: Giant XTC 960 ; Manitou 6 elite ; XT/LX ; RFace 22-32-44 / Mavic CrossRoc disc / Discos Mini-Hope / Maxxis Ignitor + Maxxis WormDrive

Luís Coelho Idade: 38 anos Bicicleta: Specialized Stumpjumper ; Pace ; XT ; Shim 2232-42 / Mavic / Shim V-Brake / 2xMaxxis Ignitor

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Grande Reportagem Manali Leh em Btt

Participantes Himalaya Trail 2003


Em Família  Evento

I

niciou-se no passado dia 16 de dezembro a 5ª edição do Programa “BRINCAR NA NEVE” desenvolvido pela Federação de Desportos de Inverno de Portugal. Este é um projeto que se destina as crianças entre os 6 e os 10 anos e tem como principal objetivo a divulgação dos desportos de inverno, mais concretamente o Esqui Alpino e o Snowboard. As atividades decorrem na Estância de Esqui Serra da Estrela Vodafone e no Skiparque de manteigas em três momentos distintos durante os meses de dezembro, fevereiro e março. O enquadramento dos jovens é efetuado por técnicos da FDI14

-Portugal e monitores da área da saúde e do desporto, garantindo com a sua formação uma articulação imprescindível entre o brincar e o estímulo ao desenvolvimento desportivo e técnico, conducente a princípios de exigência e qualidade. Com esta atividade, a FDI-Portugal pretende para além de sensibilizar os jovens para a prática desportiva, incutir o gosto pela competição, focar a importância do companheirismo e incentivar para a prática necessária dos cuidados ambientais. A todos os jovens inscritos é disponibilizado o equipamento para a prática de esqui e Snowboard, nomeadamente esquis/

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prancha, botas, capacete, bastões, casaco e calças para a neve. Estão também incluídos no programa a alimentação, seguro, dormidas na Pousada da Juventude das Penhas da Saúde, o transporte para as pistas, forfaits e aulas ministradas por professores credenciados. Ao longo das várias edições do programa “BRINCAR NA NEVE” foram iniciadas nos desportos de inverno mais de 100 crianças, tendo sido descobertos alguns jovens com grande potencial que integram agora as seleções nacionais juvenis da FDI-Portugal. ø Jaime Rendeiro Federação de Desportos de Inverno


OUTDOOR Setembro_Outubro 2011

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Em Família  Atividade

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trekking com burros

arta à descoberta da natureza na companhia dos nossos simpáticos amigos orelhudos. Por belas paisagens campestres e falésias fantásticas, uma caminhada diferente e uma experiência para toda a família. Se pensa que os burros são teimosos e dão coices, esqueça... o burro é afável, terno, paciente, robusto, cooperativo e pachorrento e será, antes de tudo, o seu companheiro, vida e alma nesta bela travessia. Venha burricar! ø António Gavinho

Itinerário sugerido Dia 1: Vale das Amoreiras e Praia Vale dos Homens Receção e breve introdução ao manejo dos burros. Preparação do burros e início do trekking a partir do Vale das Amoreiras, rumo Noroeste, por montes brandos e verdejantes passando por terrenos agrícolas, pastagem e pinhais. Alguns montes e casas de campo, habitados, abandonados ou recentemente reanimados decoram o percurso. Na aldeia do Rogil um café é sempre bem-vindo antes de continuarmos até à nossa praia favorita, Vale dos Homens. Enquanto os burros aguardam em cima da falésia, os caminhantes podem usu16

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fruir da bela praia protegida entre os rochedos, um deles coroado com um ninho de cegonhas brancas. Este é o único local do mundo onde as cegonhas nidificam nas falésias! Segue-se um belo percurso na falésia ou por um pinhal romântico, dependendo do andamento do grupo. Pouco antes da chegada atravessamos um vale com uma ribeira, e chegamos ao conforto e acolhimento da Quinta Pero Vicente. Duração: 5 a 6 horas; Distância aprox.: 12 Km; Dia 2: Praia da Amoreira Partimos do Pêro Vicente em direção ao Rogil. Rodamos depois para sul, por uma vasta planície salpicada com manadas de gado. Regressamos à costa atravessando uma floresta densa e sombria de pinheiros mansos, acabando num caminho junto às dunas da falésia, sempre com a magnífica Costa Sul à vista. Acompanhamos a falésia até chegarmos à fantástica Praia da Amoreira e sua ria. Depois de desfrutarmos praia e mar (c/ café-restaurante) entramos por um belo vale e descobrimos as ruínas do antigo Monte da Amoreira situado em singular harmonia com a paisagem em redor. Todas as casas abandonadas pelo homem, menos o pastor que cuida dos terrenos em


Em Família Trekking com Burros

s na costa vicentina volta com o seu gado. Subimos ao planalto e terminamos a nossa viagem no Serrão. Transfer ao ponto de partida dia 1 - Vale das Amoreiras. Duração: 4 a 5 horas Distância aprox.: 11 Km Programa inclui: - 2 dias de caminhadas guiadas com burros - Enquadramento trekking com burros - 1 burro por 3 participantes - Acompanhamento por Guia - Transporte de bagagens nos burros - Picnic nos dois dias - Seguro de Resp.Civil e Acidentes Pessoais

- Transfer início / fim do percurso Ficha Técnica: Grau de dificuldade: Moderado Adequado a crianças a partir dos 6 anos Ponto de Encontro: Vale das Amoreiras, 3km NE de Aljezur - 10:30h do dia 1 Equipamento obrigatório: Mochila pequena, cantil (ou similar), roupa e calçado adequado para caminhar. Equipamento Recomendado: Máquina fotográfica, impermeável, protetor solar, óculos escuros, chapéu. Bagagem: Máximo de 1 saco / mochila de 12kg por pessoa (evitar malas rígidas por não serem adequadas ao transporte nos burros) Número mínimo: 3 pessoas (desconto para famílias a partir 4 pessoas) Um programa: Caminhos da Natureza Contactos E-mail: info@caminhosdanatureza.pt Telefone: 214 029 752 / 962 543 289 / 98

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Perfil Aventura

Island Peak

-Pede dal bhat, é o que ela come sempre! – Disse a Pipas com o seu ar decidido. Tinha chegado o momento de escolher a refeição e eu não me encontrava na sala comum do lodge. Já tinha passado tempo suficiente para a minha parceira de quarto conhecer bem as minhas preferências, o que não era difícil, já que, desde que entrara no Parque Nacional de Sagarmata para iniciar o trekking me enamorara por aquele prato típico nepalês tão saboroso! É com o aromático vapor que sai das lentilhas condimentadas com especiarias e alho que o meu apetite aumenta. A acompanhar esta taça cheia de bhat, é servido um simples arroz, ou dal, e alguns vegetais no meu caso, pois não como carne. O grupo era grande e convinha não atrasar muito os pedidos, afinal não estamos a falar de um restaurante. Rolo no pequeno espaço que separa as duas camas do quarto e sinto o bem estar de alongar as costas. É o suficiente para me poder esticar um pouco, mas mesmo só um pouco. Não posso dei18

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xar de rir da situação, o espaço não é muito mas a vista da janela compensa grandemente. Depois de passar algum tempo a alongar regresso à sala onde me dão a sorrir a notícia que o meu almoço vai ser “o do costume”. Os lodges são pequenas casas locais adaptadas para receber as centenas de trekkers que acorrem todos os anos a este parque tão emblemático, é aqui que se encontra o monte Evereste e costuma ser a primeira opção para quem visita o Nepal pela primeira vez. Não foi o meu caso, esta é a minha segunda ida ao Nepal. Há oito anos tinha optado por uma zona menos turística quando aqui passei a minha lua-de-mel, o parque de Langtang e os Lagos de Gosaikund, local de peregrinação hindu e de grande significado espiritual. Na zona onde nos encontramos os lodges já têm algumas condições de conforto, encontramo-nos num local remoto onde todos os bens que consumimos são carregados por animais ou às costas de alguém. Não seria justo pedir mais do


um pouco em baixo. Seria o dia em que faríamos uma pausa para aclimatar e para isso estava planeado uma visita ao campo base do Amadablan, essa belíssima montanha que nos abraça como uma mãe carinhosa. No entanto, chove há três dias e ainda nem a conseguimos ver. Vindos da Passados cinco dias de caminhada, o nosso orga- enigmática, confusa e poluída capital nepalesa, nismo já se acostumou ao tranquilo ritmo do dia- já tivemos a nossa dose de sorte quando ater-a-dia de quem optou por umas férias ativas e ramos no inacreditável aeroporto de Lukla. Os saudáveis. Que melhor pode haver que partir ventos fortes, a nebulosidade e a constante para um país longínquo como o Nepal, mudança de visibilidade leva a que os com toda a aura de magia que convoos sejam muitas vezes atrasados Passados tém e passar dezassete fantásticos ou cancelados. A adrenalina invadias a caminhar num ambiente de esta aterragem, curva apercinco dias de de montanha, com paisagens tada à esquerda, faz-se silêncio caminhada, o nosso deslumbrantes e na compana pequena avioneta, baixar organismo já se acostunhia de amigos que partilham para os 450m de pista, à nosdo mesmo gosto? A parte físisa frente um penhasco, tramou ao tranquilo ritmo ca até acaba por ser o mais var com convicção, respirar do dia-a-dia de quem fácil, penso que o maior desafundo, já está! Entramos no optou por umas férias fio é a partilha tão íntima que mundo dos shortens e bandeiativas e saudátemos com todo o grupo nestes ras de oração da melhor maneidias, o desafio de tolerar feitios ra, percorremos o trilho que nos veis. diferentes dos nossos, o desafio de leva a Phakding debaixo de um sol aceitar alguma má disposição derivade Outono, sentindo o leve cheiro dos da do cansaço, o desafio de sair da nossa rododendros e acompanhados pelo som das zona de conforto. águas fortes do rio Dudhkoshi. Na manhã seguinte subimos os 520m de altitude que nos separaObservo o grupo que se encontra sentado na vam da capital do reino sherpa, Namche Bazaar. sala do lodge em Pangboche. É um momento de Estamos agora a quase 4000m de altitude e para descanso, uns lêem, há quem converse, outros que a nossa aclimatação seja o melhor possível, escrevem os seus diários, outros ainda deixam- vamos aqui pernoitar mais uma noite. Quan-se dormitar levados pelo cansaço. O moral está do subimos em altitude, a pressão diminui, o ar

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Aventura Island Peak

que nos é oferecido, uma cama, comida, casa de banho por vezes no interior e um espaço quente onde todos podemos confraternizar. Atrevo-me até a dizer que poderia perder todo o encanto se houvesse demasiadas mordomias.


Aventura

torna-se rarefeito e a concentração de oxigénio é menor, o que significa que temos menos oxigénio disponível. A respiração torna-se ofegante. O nosso fantástico organismo tem resposta a esta situação, mas para isso necessita de tempo. Tempo para poder fabricar mais glóbulos vermelhos para que o oxigénio transportado para as nossas células comece a aumentar. E aproveitando esse tempo, visitamos no dia seguinte a aldeia de Khunde debaixo de uma chuva miudinha e persistente. Esta mesma chuva acompanhou-nos ao Mosteiro budista de Tengboche e as nossas mãos húmidas fizeram rodar os moinhos de oração em respeito pelas tradições locais. Tivemos o privilégio de nos abrigar um pouco neste mosteiro e visitar o seu interior, sentados tranquilamente no chão da enorme sala de orações adornada de cores vivas. - As vistas do Amadablan daqui são espetaculares – ouço alguém dizer. À nossa frente uma capa cinzenta de nuvens não nos deixa ter a mínima ilusão de ver as montanhas tão cedo. E é esta a razão do silêncio que se instalou entre o grupo. Ninguém saiu para visitar o campo base do Amadablan. No dia seguinte acordamos com o mesmo céu cinzento. Olho pela janela e tento imaginar como 20

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Aventura Island Peak

será essa montanha tão mágica, Amadablan. O João aproxima-se: - Luísa, vamos cancelar a ida para Dughla hoje. Só vamos apanhar chuva e o conforto no próximo lodge é menor. Ficamos mais um dia em Pangboche, descansamos e temos mais tempo para aclimatar. Estamos na montanha e já sabes como é, dependemos das condições climatéricas e temos que ser flexíveis e ir alterando os planos conforme for melhor. O meu coração bateu mais forte. Como vamos explicar isto ao restante grupo sedento de caminhar e já há dois dias dentro do mesmo lodge? Hoje - Não te preocupes, hoje tenho vai ser um dia uma surpresa que vai alegrar longo, vamos mais toda a gente. Estava a guarda-la para o campo base, uma vez subir em almas vou ter mesmo que a titude e por vezes ajuda usar já.

se conversarmos um

Chegada a hora do almoço pouco para distrair nem queria acreditar no que do cansaço. via, adeus fried rice, dal bhat, tomato soup, hoje há bacalhau cozido com batatas regado por um maravilhoso azeite alentejano! Foi o suficiente para nos animar e proporcionar um almoço saboroso e divertido. Restabelecidas as energias e cada vez mais acostumados à altitude, partimos para uma jornada de dois dias numa só, recuperando o tempo perdido. De ânimo forte deixamos o que foi o nosso lar nestes três dias e seguimos rumo ao nosso objectivo, o Kala Pattar, de onde se têm das mais fascinantes vistas do Evereste. - Posso contar-te a história do livro que estou a ler? - Pergunto à Inês, com quem partilho uma forte amizade e amor pela montanha. Hoje vai ser um dia longo, vamos mais uma vez subir em altitude e por vezes ajuda se conversarmos um pouco para distrair do cansaço. - Estás a ler um livro passado no deserto, não é? Curioso como escolheste um local quase oposto ao que estamos - Respondeu ela. Estou a ler o "Tuareg", mas ao longo da minha leitura tenho deparado com situações comuns entre o deserto e a montanha, mais do que opostas. Depois de termos passado estes dias juntos percebemos que a montanha nos oferece tempo e espaço para estarmos a sós connosco próprios, mas ao mesmo tempo também partilhamos tudo e ficamos unidos aos outros com laços de ferro. -

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Aventura

Vou contar-te um episódio que me marcou neste livro. - E assim passou o tempo até à paragem para almoço. Pernoitamos essa noite na pequena aldeia de Lobuche num modesto lodge. No quarto ao meu lado está um casal, a Rita e o Miguel, com quem os laços de amizade se vão estreitando cada vez mais. São de uma disponibilidade incrível e como médicos estão constantemente a ser solicitados sem nunca deixar de ajudar. A tábua de madeira que separa os nossos quartos é tão fininha que quando me deito um pouco na cama para descansar encosto-me e sinto alguém do outro lado, sorrio, a noção de intimidade aqui desvanece-se... Ao final do dia ainda saio um pouco para apreciar a beleza da pirâmide quase perfeita do monte Pumori. A chuva dos dias anteriores trouxe-nos uma surpresa, tinha nevado naquelas altitudes e na manhã seguinte esperava-nos um espetáculo 22

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surpreendente no trilho que nos leva ao Kala Pattar com os seus 5600m. A pureza do branco que nos rodeava tornou a paisagem mais bela; foi-se mostrando à medida que íamos desligando os frontais e o sol espreitava ao nosso lado. Se o trilho se mostrou uma surpresa, a vista deste miradouro privilegiado deixou toda a gente extasiada! Evereste, Nuptse, Lhotse, Khumbu ice falls, finalmente ao vivo a imagem que retinha na minha memória há tantos anos, num poster oferecido por um amigo. Somos abençoados por um dia soalheiro, nem uma brisa passa por nós, está calor e há quem comece a libertar-se da roupa. Há tempo para conversar, fotografar, alongar, rir ou simplesmente observar em silêncio tamanha grandiosidade. Mas o tempo não para e sensatamente começamos a regressar, felizes com um sentimento de dever cumprido. No entanto, o nosso objectivo nesta viagem é maior e vai requerer mais força, tenacidade e confiança, subir aos 6190m do Island Peak, qual "ilha num mar de gelo" vista da aldeia de Lobuche.


Aventura Island Peak - Temos que nos organizar, somos muitos para um duche apenas – Ouço alguém reclamar. Ao longo de toda a viagem vão surgindo pequenos contratempos para resolver, é assim viajar em grupo. E são estes contratempos que nos tornam mais humanos e fortalecem a nossa amizade. Os lodges são muito simples, mas há alguns que oferecem duche, se assim podemos chamar à pequena casa de pedra com um balde pendurado, onde se coloca água aquecida que sai por uns pequenos furos. Não convém usar muita, é um recurso escasso. Para quinze pessoas tomarem duche nestas condições passaram algumas horas. Está uma senhora a aquecer constantemente água e os elementos do grupo vão passando com um ar feliz e lavadinho à medida que saem da casa de banho. Com ajuda, os cabelos compridos são lavados no exterior com água fria, tarefa que traz risota a todos. É esta simplicidade de dar valor a pequenas coisas que tomamos por certas, que nos torna mais humildes e nos dá

a possibilidade de relativizar muitas das nossas prioridades. Escusado será dizer que este duche foi dos melhores que tomei, como se da melhor banheira se tratasse e o pequeno fio de água que escorria pelo balde pareceu-me satisfatoriamente abundante. Dirigimo-nos para o campo base em duas fases, há elementos que seguiram à frente para quando chegarmos já termos parte do acampamento montado. Acabaram-se os lodges, a partir daqui a nossa casa vai ser uma tenda, opção que não agrada a todos. A tenda messe, o coração do acampamento é uma grande tenda branca com forma de iglo, espaço para comer, ler, conversar ou simplesmente descansar. Aqui existe uma mesa, bancos, luz e aquecimento o que a torna bastante convidativa. Seguimos a um passo lento e ritmado, vamos para 5000 m e temos mesmo que forçar esta lentidão, tudo é feito com muita calma como se praticássemos tai-chi, com a mesma concentração. O fascínio de encontrar a OUTDOOR Janeiro_Fevereiro 2013

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Aventura natureza na sua forma mais agreste e grandiosa nesta região nunca acaba, e é neste ambiente que encerra uma atração mágica indescritível que chegamos ao campo base do Island Peak. Vamos recolher os nossos sacos que foram transportados por yaks e escolhemos o melhor local para montar a tenda. Só depois de terminada esta tarefa é que nos reunimos novamente. - Amanhã é um dia de treino, vamos finalmente utilizar o material técnico que trouxemos. Vamos usar o arnês, aprender a caminhar encordados, como utilizar o jumar, rapelar, etc. - João explica-nos o dia seguinte como só ele consegue, como um mestre que transmite a sua arte porque a ama profundamente e se identifica com ela. O ambiente é descontraído e para muitos cheio de novidades nessa manhã. Todos estamos atentos às explicações que nos são dadas, afinal a nossa vida pode depender disso. Em todas as atividades a correta utilização do material é essencial para minimizar riscos de acidentes e esta não é uma exceção. Foi montaEm todas do um rapel para treinarmos esta as atividades a técnica de descida por cordas, treinamos regras de segurança correta utilização numa cordada e verificamos o do material é essencial material individual.

para minimizar riscos de acidentes e esta não é uma exceção.

À tarde na tenda messe, dediquei-me com o Miguel à tarefa de filtrar água. A que recolhemos dos cursos de água não é própria para consumo. Para evitar fervê-la ou utilizar desinfetantes que demoram algum tempo a atuar e deixam a água com um sabor estranho, todos os dias era filtrada para encher os nossos cantis. É uma boa maneira de passar o tempo, tranquilamente e na conversa. Após o jantar temos a típica reunião que precede o dia de ascensão. João descreve pausadamente o que nos espera no dia seguinte, anima e tranquiliza o grupo, dá conselhos pertinentes e manda-nos descansar mais cedo, a partida fica marcada para as 4 horas da manhã. Quem terá conseguido descansar esta noite? O nervosismo espelha-se em alguns olhares sonolentos; tomamos um chá, algumas bolachas e com os frontais ligados iniciamos a nossa subida. Sinto-me lindamente, calma, feliz pelo dia que me espera. Seguimos a passada lenta e cadenciada do João que nos leva a transpor a primeira parte de rocha e nos eleva, já com o sol a raiar, ao glaciar. É deslumbrante esta zona do glaciar. Separamo-nos em duas cordadas e percorremos o glaciar onde as vistas nos vão surpreendendo cada vez

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Aventura Island Peak

mais. De todos os efeitos que a hipoxia, ou baixo teor de oxigénio, pode ter no ser humano, tive a sorte de me acontecer o melhor, a euforia. E ao chegar ao ponto chave, à zona onde alguns membros do grupo já tinham instalado cordas, extraio um poder destas fortes montanhas de granito, um magnetismo que fortalece a vontade e torna menos intransponíveis as barreiras que se nos apresentam. Com o meu companheiro de escalada à frente, Aurélio, sigo conversando alegremente e tentando reter o mais possível na minha mente esta paisagem tão grandiosa. Aguardamos a saída da primeira cordada do cume, com a qual nos cruzamos, encarrapitados na vertente, num equilíbrio precário. É a nossa vez, seguimos para o ponto mais alto, cada respiração um esforço, cada passada uma dura empreitada. Alegres naquele espaço tão reduzido felicitamo-nos, é a hora dos sorrisos, das fotografias e de absorver toda a forte energia que nos rodeia. Cansados mas alegres iniciamos o nosso regresso “a casa”. É à porta da tenda messe que abraço o Aurélio e o felicito. A subida é muitas vezes longa e penosa, mas a tarefa só está terminada quando descemos e nos encontramos em segurança, só ai relaxamos e damos por terminada a jornada. O verdadeiro valor do esforço na montanha, não vem meramente de atingir o cume; vem mais do sonho do que é atingir o objetivo. Por isso, ao seguir pelos belíssimos trilhos na montanha, sentindo a sua quietude, ao sorrir para as crianças quando se cruzam no caminho, ao sentir as orações a voarem desprendendo-se das suas bandeiras, ao orar na passagem pelos shortens, rapidamente nos tornamos crianças cheias de admiração pelas coisas simples e belas. É necessária humildade para entrar no coração deste lugar, como um viajante penitente explorando a mensagem da natureza para além dos altos cumes. ø Luísa Tomé

Papa-Léguas

www.papa-leguas.com

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Aventura  Evento

THE COLOR RUN

Matosinhos, Lisboa, Coimbra e Algarve estão no caminho dos 5 kms mais felizes do planeta! 26

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Aventura The Color Run OUTDOOR Julho_Agosto 2011

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Aventura O que é o The Color Run®? O The Color Run® é uma grande festa de alegria e diversão. Os 5 kms, a primeira parte do festival podem ser feitos a correr, a caminhar ou a rastejar e é uma experiência ímpar que se concentra menos na velocidade e muito mais num momento colorido de diversão entre amigos e família. Os participantes são de todas as idades, formas e feitios, e todos eles são “brindados” com uma Tatoo logo na saída. Quer se trate de um participante ocasional ou de um verdadeiro atleta, estes cinco quilómetros The Color Run® constituem uma experiencia incomparável, em que não só a cor, mas também o riso, a alegria e o convívio são comuns a cada um dos participantes. Como funciona? Este evento tem duas regras muito simples: o uso obrigatório de uma t-shirt branca no início da prova e pintura O total no final! Os participantes partem para os 5 quilómemaior banho tros como um imaculado de COR -- o Color livro branco. No fim, fiBlast -- é reservado para cam como se tivessem o final, e logo depois os caído no caldeirão das cores do arco-íris! E se participantes são convidapor acaso não chegados a comparar pinturas e a rem o suficientemente permanecer em animado coloridos, no final terão uma festa inesquecível de convívio, com comida, COR.

muita cor e grande animação!

O que é a COR? Cada quilómetro do percurso é associado a uma cor: amarelo, laranja, cor de rosa e azul. À medida que os participantes completam os sucessivos quilómetros, entram nas Zonas de Cor -- as Color Zones -onde são pulverizados de cor por voluntários, patrocinadores e colaboradores do evento. O maior banho de COR -- o Color Blast -- é reservado para o final, e logo depois os participantes são convidados a comparar pinturas e a permanecer em animado convívio, com comida, muita cor e grande animação! Todos os produtos utilizados ao longo do percurso são 100% naturais e seguros – a tinta em pó atirada aos participantes é constituída, essencialmente, por amido de milho, não representando qualquer perigo e sendo facilmente lavável após o final. E o que acontece no final? Podemos seguramente garantir que o nosso fi-

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Aventura The Color Run

nal é o melhor pós-5 quilómetros do planeta. No final da corrida, os participantes são convidados a ficar na festa e a testarem os limites máximos da COR nos seus amigos. ø Datas: Matosinhos 10/03 Coimbra 04/05 Lisboa, Algarve – Brevemente Mais informações Facebook

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Aventura  Projeto por Silvia Romão

GALIZA...

N

ão sei se é a Galiza que tem algo de português ou se, ao contrário, Portugal tem algo de galego. Talvez qualquer uma das hipóteses seja válida e é isso que me faz surgir este sentimento de pertença de cada vez que vou à Galiza. A primeira vez que aqui estive era uma recém-adolescente e o olhar sobre esta região ficou-se pela excitação própria das excursões 30

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do colégio que nos permitiam dormir fora de casa. Ou melhor, davam a sensação de fazer algo proibido quando (pensávamos nós) passávamos as noites a enganar os professores, fingindo que dormíamos quando na realidade inventávamos jogos diversos, preferencialmente de terror, para nos manter despertos. Nessa altura, não dormir uma noite inteira era a maior aventura que podíamos viver na Galiza.


Volto à Galiza agora, passado quatro anos. Não pela fé nem pelos seus caminhos mas pela vontade de explorar os pormenores que, em passagens anteriores não tinha tido oportunidade de ficar, apreciar, tornar-me íntima. Chego a Mondariz escondida pelo nevoeiro de inverno. A encosta cobre-se de nuvens baixas que se confundem com as chaminés fumegantes que salpicam entre o verde da paisagem. Há frio, há chuva, há muita água que escorre por onde há espaço. E onde não há, ela cria-o afastando

pedras, ignorando árvores presunçosamente e sem pedir licença. Ainda mais em Mondariz, onde ela é protagonista. Esta vila, não muito distante da fronteira portuguesa, tem como centro de atenções uma nascente de águas termais que a tornaram famosa nos finais do século XIX e quase todo o século XX, até o turismo termal se associar a pessoas de condição débil e entrar num período menos glorioso. Hoje, reabilitado, transformou-se num SPA e centro de bem estar termolúdico que acolhe calorosamente gente de todas as idades à procura de curas rápidas e eficazes para acabar com os dias que transbordam cansaço e excesso de trabalho. Mas Mondariz é muito mais que águas exclusivamente termais. Existem as águas do rio Tea presentes em todos os seus recantos. E graças aos caminhos que elas desbravaram ao longo dos anos, é agora possível acompanhar o seu percurso, respeitosamente ao seu lado. Apesar da ameaça permanente de chuva, avanço pelos trilhos que ladeiam o rio, encorajada por um grupo de praticantes de canoagem pouco intimidados pela força crescente que o rio vai exibindo à medida que a floresta se adensa. Olhando à distância, a sensação que surge é que neste lugar existe uma constante competição entre a determinação da água e a teimosia das árvores e outras vegetações que, ao percebe-

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Aventura Galiza

Largos anos mais tarde foi o Caminho de Santiago. Muitos trilhos já tinham passado pela sola dos meus pés mas nenhum me ensinou tanto como os nove dias que passei a percorrer as estradas antigas dos peregrinos. Aí conheci a Galiza da fé que se mistura com a Galiza natural. Ambas casam de uma forma tão íntima que se torna difícil estar numa sem sentir a outra. Mesmo quando o propósito não seja peregrinar. Da minha experiência de busca de uma fé pessoal, que surge a partir de um questionar constante de mim própria e da realidade que me rodeia, encontrei na Galiza e nos passos do Caminho, tempo e espaço para reflexões mais íntimas sobre os assuntos do divino, seja ele qual for. Não encontrei respostas concretas mas cresceu esta curiosidade pela existência e os seus mistérios. O que se tornou uma força motora da minha vontade indomável de conhecer o mundo. De preferência a pé.


Aventura

Assim que faço a curva do trilho percebo quem realmente manda ali. Olho conformada para a água que transborda, avisando-me que por ali deixou de haver caminho para mim. rem que o rio invade o seu espaço, se fincam ainda mais na terra. Nesta guerra nenhum ganha, nenhum perde. As árvores ali estão determinadas a manterem-se firmes perante a ameaça furiosa da água. De tal forma que quanto mais o leito sobe, quanto mais ele se enfurece, mais elas parecem ignorá-lo assumindo até uma postura divertida perante tal atrevimento hídrico. Por seu lado, a água, forte quando unida, mostra toda a sua audácia, desafiando a paisagem que invade sem cerimónias. O caminho segue pela margem e transforma-se num espaço de observação desta disputa de elementos da natureza. Atrevimento meu pensar que não me deixo envolver nestas discórdias. Assim que faço a curva do trilho percebo quem realmente manda ali. Olho conformada para a água que transborda, avisando-me que por ali deixou de haver caminho para mim. Que a partir dali é só entre o rio e a floresta. Não há espaço para mais ninguém. Ao longo do percurso que é a minha vida tenho vindo a aprender - por vezes de maneira fácil, outras de forma mais bruta - que há situações que não vale a pena contrariar. Se o caminho que segue em frente se torna uma sucessão de obstáculos cada vez mais intransponíveis, provavelmente é o destino a mostrar-nos que não é por ali. Então, sem mágoas nem ressentimentos mas com a lição aprendida, volto para trás, não porque desisto mas porque sei que há outros trilhos mais adequados à minha condição. Afinal 32

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a vida é fácil e não vale a pena contrariá-la demasiado. Ou teimar seguir direções que não são as nossas. Chegou pois o momento de voltar para trás. Interromper o percurso e regressar esperando que a chuva não se tenha unido ao leito do rio e tomado para si também o caminho de regresso. A frustração das coisas inacabadas vai-se diluindo à medida que me aproximo de novo do ponto de partida. Aqui, em pleno inverno galego, o lugar é da água que, ao contrário do que me pareceu no início, não compete com as árvores. Antes as abraça, alimenta-as e assegura-lhes que, enquanto conseguir reunir forças estará ali para as nutrir. De forma mais efusiva no inverno para que tenham todos os recursos para florir no verão. Por seu lado, as árvores não resistem teimosamente. Antes se curvam elegantemente numa vénia discreta, agradecendo o esforço cooperativo da água. E desta simbiose, deste trabalho de equipa, onde antes vi competição, nasce toda a paisagem natural única que forma a Galiza. A natureza e a fé confundem-se mais uma vez. Nesta fusão mostram-me que há sempre um lado bom mesmo quando parece o contrário. E que onde há competição pode antes surgir cooperação, se estivermos mais atentos. Se conseguirmos ver os dois lados. ø Sílvia Romão

30dp.org



Em famĂ­lia Entrevista

emanuel pombo,

um prazer sobre rodas por Bebiana Cruz fotografias: LuĂ­s lopes

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Julho_Agosto 2011 2013 Janeiro_Fevereiro OUTDOOR OUTDOOR


Entrevista Emanuel Pombo OUTDOOR Julho_Agosto 2011

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Entrevista

Emanuel Pombo dispensa apresentações. O atual campeão nacional de downhill esteve à conversa com a Outdoor e contou-nos alguns segredos, histórias e sonhos. Não perca esta entrevista recheada de vitórias. Como surgiu a tua paixão pelo BTT? Surgiu aos meus 12 anos quando recebi a minha primeira bicicleta por ter tido boas notas na escola. E o downhill apareceu por acaso ou já eras fã da modalidade? Foi um pouco por acaso. Por volta dos 14 anos recebi um computador com acesso à internet e descobri, juntamente com meu irmão mais ve36

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lho o que era o Downhill. Depois decidimos fazer uma pista atrás de casa para andar aos fins de semana com os amigos e a partir daí nunca mais quis outro desporto. A Madeira é uma região propícia à prática deste desporto. O facto de seres madeirense influenciou-te a praticaresdownhill? A Madeira é bastante propícia a prática do downhill e sem dúvida que influenciou em todos os aspetos. Já viajei bastante em competição e devo dizer que os trilhos madeirenses estão ao nível dos melhores do mundo, mas aliados a paisagens de cortar a respiração. A Madeira é sem sombra de dúvida um paraíso para o Downhill.


Entrevista Emanuel Pombo Este é um desporto que exige muitas horas de treino. Como te preparas para as provas? A preparação exige bastante treino e empenho. Primeiro, defino os objetivos a cumprir com o meu treinador Tiago Aragão e depois é elaborado um plano de treinos de forma a estar na minha melhor forma física nessas alturas. Essa

preparação passa por muitas horas na bicicleta, seja a pedalar ou descer, no ginásio, na preparação da minha bike e treino psicológico para quando chegar as provas, nada falhar. Qual a maior dificuldade numa prova de Downhill? A maior dificuldade para mim é concentração OUTDOOR Janeiro_Fevereiro 2013

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Em família Entrevista

que é preciso ter em provas importantes. O Downhill é uma prova contra o relógio, mas que ao mesmo tempo, tudo está contra nós. Seja a degradação do piso com as passagens dos atletas, as condições climatéricas ou simplesmente a nossa confiança. É aqui que a concentração é fundamental para não falhar nada no momento certo! Descreve-nos a sensação de competir ao lado dos melhores do mundo. É um enorme orgulho e um sonho concretiza38

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do! Sempre admirei muitos destes pilotos e muitos deles são meus ídolos, mas hoje em dia são meus adversários com que tenho o privilégio de competir. É uma sensação muito boa. Quais são os spots que eleges para a prática desta modalidade em portugal continental e ilhas? Em Portugal continental abriu recentemente o Bikepark de Ponte de Lima que é muito bom, em relação as ilhas, a Madeira é o melhor spot nacional.


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Entrevista Emanuel Pombo

Em 2010 viste o teu sonho ser quanha-me qualificado num bom lugar para a se destruído em segundos numa final, mas na última descida de treiqueda perigosa em Itália. nos antes da grande final, decidi ir Como aconteceu esse incium pouco mais rápido e acabei (...) dente? por me descontrolar no final e embati violentaÉ verdade! Naquela altuda primeira secção técnica e mente com a minha ra estava na minha melhor embati violentamente com a época de sempre. Tinha minha cabeça numa árvore cabeça numa árvore que sido Campeão Nacional e que provocou uma lesão na provocou uma lesão na vencido a Taça de Portuminha coluna que poderia minha coluna que podegal de Downhill e fui fazer ter posto um ponto final na ria ter posto um ponto a prova da Taça do Mundo minha carreira! Felizmente de Val-Di-Sole como prepaisso ainda não estava destinafinal na minha carração para o Campeonato da do e acabou por não ser esse reira! Europa e do Mundo nas semao caminho que teria que seguir. nas seguintes. Esta Taça do Mundo em Itália é das pistas mais técnicas e O que te motivou a regressar? exigentes, mas estava a sentir-me bem. TiAcho que foi a paixão pelo que faço! Foi um mo-


Entrevista mento horrível, que até tentei desistir do Downhill, mas não consegui! Foi quando decidi recuperar e mostrar a mim próprio que não era isto que iria parar-me, mas sim tornar-me mais forte! O documentário “The Comeback” documenta o teu regresso. O que significou para ti este projeto? Significou muita coisa, mas o mais importante era mostrar a minha história a outras pessoas e passar a mensagem que desistir não é opção e que devemos lutar pelo que nos faz feliz e pelos nossos sonhos. Recebi muitas mensagens positivas de pessoas que tiveram lesões, não só derivado das bicicletas, e que o meu documentário “The Comeback” foi uma inspiração para não desistir e continuar. Estas mensagens foram muito importantes para mim. O período de recuperação foi bastante duro e de muito trabalho, mas valeu a pena.

“The Comeback” foi uma inspiração para não desistir e conConsideras que esta é tinuar. Estas mensagens uma modalidade valoforam muito importantes rizada em Portugal? para mim. O período de Acho que sim! Houve uma recuperação foi bastante evolução bastante grande na modalidade nos últimos duro e de muito trabaanos e o trabalho passa por lho, mas valeu a dar mais visibilidade e dá a pena. conhecer o Downhill ao público em geral e não só a um “nicho” específico de pessoas. Essa visibilidade é importante para os atletas conseguirem mais patrocínios, de forma a poder competir ao mais alto nível.

Com um percurso já recheado de vitórias, o que ainda pretendes alcançar? Quero conquistar a minha 10ª camisola de Campeão Nacional e entrar no Top 20 da Taça do Mundo e Campeonato do Mundo em 2013. O número de praticantes de BTT está a aumentar. Quais os conselhos que dás a quem se está a iniciar? Os conselhos que dou é que usem sempre proteções, nunca pratiquem Downhill sozinhos e que se divirtam! Tenho a certeza que quem experimentar, vai querer continuar! ø

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Entrevista Emanuel Pombo OUTDOOR Janeiro_Fevereiro 2013

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A fechar

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Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR


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