ESPECIAL
ESPAÇO MAKER
POR DENTRO DA SALA DE AULA
Love food, not waste:
projeto conscientiza sobre o desperdício de alimentos.
PERFIL ANCHIETANO
Os presidentes do Grêmio e do Inter relembram seus tempos de Anchieta.
ESPECIAL
Alimentação saudável é trabalhada na Educação Infantil.
EM 1890, UM GRUPO DE JESUÍTAS INICIAVA UM NOVO CAPÍTULO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE PORTO ALEGRE.
SUMÁRIO
EXPEDIENTE
EDITORIAL
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APM
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DIRETOR-GERAL:
Pe. Jorge Álvaro Knapp, SJ DIRETOR ACADÊMICO:
Dário Schneider
DIRETOR ADMINISTRATIVO:
Inácio Reinehr
REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL:
Valéria Machado (MTB-RS 14.876)
ESPECIAL
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ESPAÇO MAKER ARTIGO
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O JOGO NA INTERAÇÃO COM A MATEMÁTICA
REDAÇÃO:
Setor de Comunicação e Marketing do Colégio Anchieta CONSELHO EDITORIAL:
PERFIL
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Marcia Schivitz (SOE), Dóris Trentini (SOP), Christiane Sisson (SOCE), Marcio Longhi (SOREP)
ARTIGO
REVISÃO:
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ERICO VERISSIMO NA ARENA LITERÁRIA
Renato Deitos
POR DENTRO DA
FOTOGRAFIAS:
Magis Produções, arquivos do Colégio e arquivos pessoais
SALA DE AULA
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ARTIGO
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PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
Anderson Muniz – Clemente Design PRODUÇÃO GRÁFICA:
MARCELO MEDEIROS E ROMILDO BOLZAN JR
INFANTIL B E A BUSCA PELA CONSCIENTIZAÇÃO DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Cristina Guzinski
PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO:
Ideograf TIRAGEM:
3.500 exemplares CAPA:
Espaço Maker Foto: Magis Produções
O papel utilizado na REVISTA ANCHIETA possui certificação FSC, sistema internacionalmente reconhecido, que identifica, através de sua logomarca, produtos originados do bom manejo florestal.
ARTIGO
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A IMPORTÂNCIA DE ATIVIDADES DIFERENCIADAS E CONTEXTUALIZADAS PARA A EDUCAÇÃO
ACONTECE
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ARTIGO
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OS DETETIVES DO UNIVERSO NA MISSÃO ATITUDES DO BEM
REDE DE PAIS
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ARTIGO
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AS EXPERIÊNCIAS DO ENSINO DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO
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ANTIGOS ALUNOS
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4A CONGREGA ANTIGOS ALUNOS E JÁ TRABALHA COM DESENVOLTURA
A REVISTA ANCHIETA é um órgão oficial de divulgação do Colégio Anchieta.
CONTATOS www.colegioanchieta.g12.br
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ARTIGO
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PROJETO APADRINHAMENTO FORMA AGENTES TRANSFORMADORES DA SOCIEDADE
EDITORIAL
O dia a dia de um colégio é repleto de acontecimentos, descobertas e aprendizados. A cada novo dia, surgem novos projetos e atividades que possibilitam aos alunos do Colégio Anchieta vivências e experiências significativas e diferentes desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
Pe. Jorge Álvaro Knapp, SJ DIRETOR-GERAL
Esta edição propõe um mergulho nas práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula, nos projetos, trazendo um olhar sobre a nossa proposta de formação integral.
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| REVISTA ANCHIETA
A REVISTA ANCHIETA busca mostrar à comunidade anchietana o trabalho realizado junto aos nossos alunos. Esta edição propõe um mergulho nas práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula, nos projetos, trazendo um olhar sobre a nossa proposta de formação integral. A partir dos artigos escritos por professores de diferentes áreas do conhecimento e segmentos, buscamos trazer o envolvimento dos nossos educadores no planejamento dessa infinidade de experiências para nossos alunos. A Associação de Pais e Mestres (APM) aborda em seu espaço as diversas campanhas e os eventos realizados pelos pais durante o semestre, reforçando o engajamento e a participação das famílias na vida do Colégio Anchieta. A reportagem principal desta edição traz a inauguração do Espaço Maker, um novo ambiente de aprendizagem planejado para o desenvolvimento de habilidades e competências importantes para nossos alunos. A oferta desse espaço, que engloba Sala Maker, Robótica e Jogos Digitais, representa mais um passo em direção à inovação na educação, atendendo às novas demandas dos alunos em busca da formação integral.
Os fatos que marcaram o semestre, como a inauguração dos Espaços Padre Pauquet, SJ, e Irmão Willy, SJ, a Festa Junina, a Semana Literária e a participação de um aluno do Ensino Médio em um programa de imersão na National Flight Academy, nos Estados Unidos, são destacados na seção Acontece. O leitor também vai saber mais sobre projetos desenvolvidos em sala de aula como Representantes de Turma, que neste ano contou com o apoio do Tribunal Regional Eleitoral para a organização da votação em urnas eletrônicas, e o Love Food, Not Waste, em parceria com o Sesc, sobre o desperdício de comida e novas formas de reutilização dos alimentos. Outras pautas como o evento Magis Inspiração, organizado pela Rede de Pais do Colégio Anchieta, o I Congresso da Rede Jesuíta de Educação, as ações da Associação dos Antigos Alunos do Anchieta (4A) e o Projeto Apadrinhamento também ganharam destaque nesta edição. Convido todos a descobrirem um pouco mais sobre o dia a dia do Colégio Anchieta ao percorrerem essas páginas, recheadas de acontecimentos, descobertas e muito aprendizado.
APM
APM MANTÉM PROGRAMAÇÃO intensa durante todo o ano A Associação de Pais e Mestres do Colégio Anchieta (APM) tem por objetivo a integração entre família e escola. Dentro desta perspectiva, iniciamos nosso ano letivo acolhendo carinhosamente as famílias, criando um forte vínculo de aproximação com a instituição que escolhemos para a educação de nossos filhos. E dispostos a caminhar juntos, desenvolvemos diversas ações em diferentes áreas.
N
o período de adaptação da Educação Infantil, um grupo de voluntários da APM esteve presente dialogando com os pais sobre os projetos que são desenvolvidos pela Associação. O 5° Brechó Solidário foi um dos primeiros projetos do ano, nos dias 14 e 15 de março. As doações são realizadas pelas famílias, e um grupo de voluntários do Projeto da Ação Social se dedica a organizar e selecionar as melhores peças a serem vendidas, revertendo o valor arrecadado para melhorias estruturais da instituição atendida. As demais roupas não vendidas no brechó são destinadas à doação. Neste ano, foram vendidas mais de 3.200 peças entre roupas, sapatos e acessórios, e a instituição beneficiada foi a Fundação Fé e Alegria. Dentro do Projeto de Fortalecimento da Rede de Pais, contamos com a participação das referências de série, representantes de turma e demais seguimentos do Colégio para tratar de assuntos pertinentes, além de ser um momento de integração, pois temos a oportunidade de conhecer outros pais, fortalecer os vínculos e trocar informações. Nossas reuniões acontecem na última quinta-feira do mês, às 19h, sendo que no mesmo dia, das 18h às 19h, temos o Happy Hour. No início de ano letivo, a APM reúne a sua equipe para alinhamento dos projetos que serão desenvolvidos neste período. No dia 30 de março realizamos o nosso Encontro no Morro do Sabiá. Foi um momento importante, pois, além de divulgação das atividades a serem
realizadas, confraternizamos com um delicioso almoço coletivo. A APM não se preocupa somente com o fortalecimento dos vínculos com os pais, queremos estar próximos também dos professores e funcionários. No mês de abril, foi realizado o sorteio de cinco Kits de Páscoa entre os professores e funcionários, contemplando um representante de cada setor. Consideramos imprescindível o trabalho deles para o dia a dia do Colégio. A APM e o Colégio oportunizam também que as famílias divulguem seus talentos. No dias 9 e 10 de maio, foi realizado o Bazar das Mães. Contamos com 13 expositores entre os produtos apresentados, e tivemos: alimentação, cosméticos, artesanato, vestuário e outros. Um atrativo deste ano foi o sorteio de quatro camisetas da dupla GreNal,
...iniciamos nosso ano letivo acolhendo carinhosamente as famílias, criando um forte vínculo de aproximação com a instituição...
Sarau Cultural da APM durante a Semana Literária e Cultural.
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APM
cujo critério de participação era a doação de um litro de leite. O legal desta iniciativa foi ver a alegria das crianças na realização do sorteio. Esta ação contribuiu com a Escola Infantil Pé de Pilão, que foi contemplada com 80 litros de leite arrecadados. “A UNIÃO FAZ A FORÇA”, além de todas as atividades realizadas, temos o privilégio de contar com pais que colaboram muito com a APM no Projeto da Ação Social. No dia 9 de maio, foram entregues chuteiras arrecadadas através de campanha realizada em parceria com a APM para o Projeto Craque Nota 10, idealizado e coordenado pelo professor Carlos Roberto A. Ocanha. Muitas crianças e adolescentes se beneficiam com este lindo trabalho. E os voluntários do Projeto da Ação Social da APM não param! Aconteceu em maio o mutirão de customização de uniformes que não são vendidos no brechó, mas que podem ser muito aproveitados por outras crianças. As mães voluntárias, com suas habilidades manuais, customizaram 134 peças que foram doadas para o Amparo Santa Cruz. Tivemos também uma mãozinha de outra instituição parceira, a UNISINOS. O curso de Moda implantou em uma de suas disciplinas, a customização dos uniformes do Colégio. Além de as peças serem aproveitadas por outras pessoas, estamos trabalhando com a educação voltada para a sustentabilidade. E as atividades continuam! No dia 4 de junho, tivemos a realização do VI Sarau Cultural, com a participação de professores, pais, alunos e antigos alunos em voz e violão. No dia 1 de junho, aconteceu no Colégio Catarinense mais um Encontro entre as APPs e APM dos Colégios Jesuítas da Região Sul. Os pais que participam do Projeto Sábado Esportivo integram as equipes nas mais variadas modalidades. É reservado um momento para as Diretorias da APM e APPs se reunirem para trocar experiências e programar o próximo encontro. É um momento de integração através do esporte, e a delegação do Colégio Anchieta contou com mais de 100 participantes. No ano que vem o Encontro será no Colégio Medianeira, em Curitiba. A APM esteve presente na maravilhosa Festa Junina que aconteceu no dia 15 de junho, através da participação dos pais ajudando nas barracas da Pescaria, da Cadeia e no Caixa. A comunidade anchietana se 8
| REVISTA ANCHIETA
mostrou mais uma vez presente. E nosso trabalho está ultrapassando os muros do Colégio! No dia 4 de julho conhecemos a Thaís através do mesmo propósito: construir uma educação de qualidade integrando família e escola. A Thaís é mãe do Colégio Província de São Pedro e buscou a APM para conversar sobre o trabalho que desenvolvemos. Ela está representando um grupo de pais que pretendem iniciar uma Associação de Pais em sua escola. Esperamos ter contribuído, e ficamos felizes por sermos referência e por confiar em nossas experiências. E os pais continuam buscando a integração com o Colégio através das atividades propostas pela APM. No dia 9 de julho aconteceu o MAGIS InspirAÇÃO. Um evento feito com muito carinho de “Pais
para Pais”, no qual o público teve a oportunidade de ouvir histórias inspiradoras e se sensibilizar para ter razões para acreditar. No dia 13 de julho, tivemos o 1º Encontro do CVX (Comunidade de Vida Cristã), movimento para leigos de Espiritualidade Inaciana, na Sede da APM, em que tivemos a oportunidade de conhecer este importante trabalho voluntário. Ainda em julho, tivemos o Encontro de Confraternização com as referências de série, representantes de turma e suas famílias. Contamos com a presença do Diretor do Colégio, Pe. Jorge Knapp, e do Ir. Celso Schneider. Já em agosto, participamos da Família Anchietana Solidária, uma experiência muito enriquecedora para quem participa e que possibilita muitas reflexões.
VEM AÍ:
§§ Festa Embalos de Sábado à Noite: 28 de setembro. §§ Bazar de Natal e Projeto Noite Feliz para todos: programados para novembro. §§ Segundo filme produzido pela Rede de Pais: após o sucesso do filme Artigo 243, vem aí mais uma produção da Rede de Pais em parceria com o Ministério Público. §§ Encontros de séries do Ensino Fundamental no Morro do Sabiá: datas serão anunciadas conforme cronograma. PROJETOS QUE OCORREM O ANO TODO:
§§ Família Anchietana no Esporte: no 1º e no 3º sábado do mês, aberto aos pais de alunos, professores e funcionários. §§ Encontro do Grupo da Espiritualidade: acontece quinzenalmente, nas quintas-feiras, na Sede da APM. §§ Missa da Família Anchietana: no 1º domingo de cada mês.
Participe da APM, venha conhecer nossos projetos! Nossa Sede fica na entrada do Portão 3 e está de portas abertas para recebê-los. Todas essas ações vão ao encontro da filosofia Inaciana, algo que está muito presente na vivência dos nossos filhos. E como pais, participar nos faz refletir e acreditar na importância dessa caminhada ser feita de mãos dadas entre família e escola. “Em tudo amar e servir.” Esperamos Você! Jacqueline Alvorcem e Sirlei Franceschi Diretoria da APM Gestão 2019/20
O JOGO NA INTERAÇÃO COM A MATEMÁTICA
ARTIGO
Marisa Bodini Bisotto e Michele dos Santos | Professoras de Matemática Cassiano Oberosler da Silva | Coordenador da Área de Matemática Joelene de Oliveira de Lima | Coordenadora de Tecnologias Educacionais Muitas pessoas têm medo da matemática, sendo essa disciplina escolar associada a emoções negativas. Pensando na importância das emoções e como elas podem interferir na aprendizagem, a equipe do Programa de Pós-graduação em Computação Aplicada da UNISINOS criou um sistema que ajuda os alunos a enfrentarem desafios matemáticos por meio de um ambiente virtual, com assistência individualizada. Esse recurso foi utilizado nas aulas de matemática do 7º Ano.
O
PAT2Math (Personal Affective Tutor to Math) é um Sistema Tutor Inteligente que visa assistir os estudantes na resolução de problemas algébricos. Ele emprega diversos algoritmos de Inteligência Artificial para simular um professor particular que assiste e ensina os aprendizes enquanto eles resolvem equações de primeiro grau. Ele corrige e provê dicas não apenas para a solução final, mas a todos os passos intermediários do estudante. O recurso é um programa inteligente web que assiste os alunos enquanto eles resolvem equações de 1º grau da seguinte forma:
1 orientando e corrigindo cada passo e a resposta final;
2 dando dicas quando o aluno não souber progredir;
3 usando elementos de “gamifica-
respostas dos alunos o grau de interação/ interesse dos mesmos pelo assunto abordado (neste caso, álgebra) e pela metodologia aplicada (computação afetiva). Nosso desafio foi colocar o potencial da tecnologia/software a favor do aluno, com o objetivo de um maior envolvimento nas aulas, pois acreditamos que os jogos constituem um excelente recurso didático que leva o aluno a desempenhar um papel ativo na construção do seu conhecimento. A atividade foi essencial em vários pontos tais como: na socialização da aprendizagem e das dúvidas; na organização e na análise da informação; na compreensão e na aceitação das regras; na autoconfiança da resolução dos problemas; no desenvolvimento cognitivo; no uso constante de conhecimentos prévios, entre outros. A percepção que tivemos é que o conteúdo aprendido teve significado, ou seja, “fez sentido” para os alunos, e trabalhar com o desenvolvimento de uma atitude positiva em relação à matemática para nós da equipe é ter certeza de que a aprendizagem, sim, foi significativa.
As aulas ocorreram no Laboratório de Matemática, na Biblioteca Central.
ção” para engajar os alunos (vão evoluindo de fase no jogo).
A cada passo realizado na tela, o sistema aponta se a operação está certa ou errada, o que dá ao aluno mais autonomia e possibilita que cada um evolua de acordo com suas capacidades individuais. Nesse momento, o programa atende Equações do 1º grau, portanto, é voltado para alunos do 7º Ano. O projeto pode ser expandido na medida das necessidades de cada grupo de alunos e professores. Um outro objetivo é captar através dos cliques e SETEMBRO DE 2019 |
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PERFIL ANCHIETANO
ELES PASSARAM PELO COLÉGIO ANCHIETA NOS ANOS 1970,
e o gosto pelo futebol já era algo em comum entre os dois. Anos mais tarde, essa mesma paixão pelo esporte os levaria a presidir os dois maiores clubes gaúchos de futebol. Romildo Bolzan Jr. e Marcelo Medeiros, presidentes do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e do Sport Club Internacional, respectivamente, relembram seus tempos anchietanos no perfil Grenal desta edição.
Marcelo Medeiros
Romildo Bolzan Jr
REVISTA ANCHIETA | Em que período estudaste no Anchieta? MARCELO MEDEIROS | Da quarta série do primeiro grau até o
REVISTA ANCHIETA | Em que período estudaste no Anchieta? ROMILDO BOLZAN JR | Estudei de 1975 a 1977.
fim do Colégio. Foi de 1970 até 1977.
RA | Quais são tuas principais lembranças do Colégio? RJ | Minhas principais lembranças são os colegas, professo-
Presidente do Sport Club Internacional
RA | Quais são tuas principais lembranças do Colégio? MM | As férias em Vila Oliva são recordações sempre muito
bacanas. Tem as duas Semanas Anchietanas que nós ganhamos, no futebol, no segundo e no terceiro anos do segundo grau, nas turmas 213 e 302. RA | De que locais mais gostavas? MM | Gostava do recreio, dos torneios de futebol, a estru-
tura que o Colégio dava pra fazer atividades externas sempre foi muito boa. RA | E as tuas disciplinas favoritas? MM | Educação Física, História e Português. RA | Ainda manténs contato com ex-colegas? Quais? MM | A gente mantém contato, sim, temos um grupo de
WhatsApp, onde a maioria dos colegas da época estão ali. RA | O Colégio influenciou na tua escolha profissional de
alguma forma? MM | Com certeza, os ensinamentos e as conversas com os
professores foram fundamentais na escolha profissional. RA | Há histórias peculiares? MM | Quando quebrei meu braço no pátio do Colégio. RA | Deixa uma mensagem para nossos alunos. MM | Aproveitem o Colégio, o
convívio com os colegas, e com isso tenham a certeza de que no futuro sentirão orgulho de pertencerem à Família Anchietana.
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| REVISTA ANCHIETA
Presidente do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
res, o bom ambiente e o nível de ensino. RA | De que locais mais gostavas? RJ | Gostava muito do campo de futebol. RA | E as tuas disciplinas favoritas? RJ | História e Português. RA | Ainda manténs contato com ex-colegas? Quais? RJ | Vários. Todos de minha turma: Eduardo Vieira da
Cunha, Luis Antônio Bins, Sérgio Fajat, Sérgio Rangel, Mário Freitas, Luis Eduardo Machado, entre outros. RA | O Colégio influenciou na tua escolha profissional de
alguma forma? RJ | Sim, mas também a influência profissional foi paternal. RA | Há histórias peculiares? RJ | Sim, como a visita à Vila Oliva e os episódios que lá
aconteceram, principalmente a diversão com os colegas. RA | Deixa uma mensagem para nossos alunos. RJ | O Anchieta é uma fábrica de cidadãos, dotados de
muitos valores para a vida.
ARTIGO
A importância de atividades diferenciadas e contextualizadas para a educação Rayane Levices | Professora de Ciências do Ensino Fundamental II No contexto do estudo da Química dos Alimentos, Alimentação Equilibrada e Sistema Digestório, nas turmas do 8º Ano do Ensino Fundamental II – série em que, junto com a professora Sílvia Cramer, ministro a disciplina de Ciências –, surgiu o projeto Desrotulando, em que os alunos foram desafiados a atuar como verdadeiros detetives de embalagens. Eles investigaram a composição de diferentes alimentos industrializados, “desrotulando” literalmente lanches e bebidas que normalmente consomem, a fim de identificar as quantidades de açúcar, sal e aditivos presentes em cada produto.
C
om o intuito da elaboração de um cartaz, de maneira a expor o que as embalagens apresentam em sua composição, foi solicitado que, em grupos, os alunos selecionassem previamente uma quantidade determinada de rótulos de lanches e os trouxessem em aula combinada. O foco da investigação eram as quantidades de açúcar e sódio, além dos diferentes aditivos (conservantes, corantes e estabilizantes). TELEFONE CELULAR COMO ALIADO O projeto foi desenvolvido durante as aulas, no Laboratório de Ciências, local em que os alunos puderam contar com o auxílio de uma ferramenta muito querida por todos: o celular! O uso do aparelho eletrônico teve como propósito baixar um aplicativo específico para ser utilizado na atividade. Esse aplicativo de nome homônimo, “Desrotulando”, trata-se do primeiro “Food Score” do Brasil, feito por nutricionistas, sem modismos ou radicalismos, fundamentado no Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. No aplicativo, as informações importantes do rótulo do alimento são traduzidas em uma nota de 0 a 100, de acordo com o seu grau de processamento: quanto mais processado, pior; quanto mais próximo do in natura, melhor; e conforme os ingredientes acrescidos, como aditivos, que pioram a nota. O score exibe pontuações que variam entre: Muito ruim (0 até
29), Ruim (30 até 59), Regular (60 até 79), Bom (80 até 89) e Excelente (90 até 100). Os alunos puderam consultar os produtos pelo código de barras, utilizando a câmera do celular para escaneá-los, ou por meio de pesquisa a um banco de dados da plataforma, criada e atualizada de forma colaborativa com o nome do produto, da marca ou da categoria. Além do score dos produtos, o aplicativo traz a tabela nutricional e a lista de ingredientes, discriminando-a. Considerando a intimidade que nossos alunos têm com o aparelho eletrônico, por que não usarmos isso a nosso favor? Com a crescente onda de novas tecnologias, a importância do emprego de ferramentas digitais em sala de aula é deveras significativa. De acordo com o Projeto Educativo Comum, no que diz respeito à dimensão curricular, a
Com a crescente onda de novas tecnologias, a importância do emprego de ferramentas digitais em sala de aula é deveras significativa.
Os alunos fizeram cartazes que depois foram expostos nos corredores.
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ARTIGO
atualização de recursos didáticos e tecnológicos para responder de maneira mais eficaz aos desafios dos tempos atuais são extremamente necessários (PEC 29). Visto isso, o uso do telefone móvel de maneira estratégica para a aprendizagem possibilita maior engajamento e envolvimento por parte do estudante. PALESTRA DE PROFISSIONAL DA SAÚDE Para embasar mais ainda o conteúdo visto em aula, pudemos contar com a palestra da nutricionista Betina Ettrich, com o foco na obra, já referida, Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. A profissional discorreu sobre o documento do Governo Federal, de 2014, que utiliza uma classificação para dizer quais são os melhores tipos de alimentos a se consumir. Em outras palavras, o Guia ajuda a mostrar o que é ou não é saudável e descreve os grupos de alimentos de acordo com os níveis de processamento e tratamento a que são submetidos. Os alunos tiveram a oportunidade de tirar dúvidas e se apropriar mais do conhecimento. E, para utilizar a informação de maneira contextualizada, a atividade do cartaz foi realizada. MÃOS NA MASSA O protagonismo do aluno foi o grande ponto de destaque da atividade. Para montar o cartaz, os alunos deveriam colar as embalagens escolhidas, indicar o score dado pelo aplicativo, escrever a lista de aditivos adicionados e demonstrar as quantidades de açúcar e sódio presentes. 12
| REVISTA ANCHIETA
Para tal feito, foram utilizados açúcar refinado, sal iodado e embalagens plásticas, tudo trazido pelos alunos. Estes, com a ajuda de colheres, “serviram” nas embalagens plásticas as quantidades de açúcar e sal e pesaram-nas em uma balança digital eletrônica de precisão para a confirmação da medida. Foi possível observar, durante a realização da atividade, relatos de alunos surpresos e impressionados com as quantidades de açúcar presentes em muitos dos lanches que costumam comer. O alarmante foi que diversos rótulos sequer continham essa informação e, muitas vezes, quando divulgada, estava fracionada para porções menores do que a presente no total da embalagem, o que demonstra que a rotulagem dos produtos não é clara e que existe uma diferença grande entre a propaganda no rótulo e o que realmente é o produto. Por vezes nos deparamos com empresas que não querem nos dar informações com a devida transparência e cuidado acerca de suas mercadorias. ESCOLHAS MAIS SAUDÁVEIS E CONSCIENTES Com a exposição dos cartazes, além de elogios por parte de alunos, colegas e equipe, foi possível observar o quanto o projeto impactou visualmente quem passava pelo corredor do 2° andar do Prédio A (local da exposição). A exposição atraiu a curiosidade, a atenção e os olhares, inclusive, de alunos de outras séries. O mais inspirador nesta experiência foi, sem dúvida, perceber que, após o
desenvolvimento do projeto, houve uma mudança efetiva de hábitos alimentares. Saber que, mesmo que de maneira sutil, houve um trabalho de conscientização é inspirador. E é justamente disso que se trata uma Educação Integral, que objetiva o desenvolvimento do processo educativo em todas as suas dimensões – cognitiva, estética, ética, física, social, afetiva –, ou seja, uma educação que possibilite a formação integral do ser humano, em todos os seus aspectos. A formação de cidadãos críticos que sabem fazer escolhas alimentares saudáveis vem ao encontro disso, pois a realidade em que vivemos é a de que todos querem alimentar-se melhor e ter saúde. Mas, com rótulos difíceis de entender, com o marketing agressivo e as infinitas opções disponíveis, descobrir os melhores produtos não é uma tarefa fácil. Existe um consenso de que a rotulagem dos alimentos deve mudar, para se tornar mais fácil de entender. Melhorar a rotulagem sobretudo daqueles ultraprocessados é essencial. Além disso, debate-se sobre como avisar acerca de aditivos não saudáveis e das excessivas quantias de açúcar, sal e gorduras, cujo consumo em demasia está associado aos índices mundialmente crescentes de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão e obesidade. Os índices de problemas de saúde decorrentes da alimentação ruim, baseada em congelados, bolachas, salgadinhos e outros similares, são alarmantes. Devemos buscar mais qualidade e quantidade de informações acerca dos alimentos que consumimos, e para isso é necessário oferecer essas orientações, que não só podem como devem ser obtidas na Escola. O objetivo de aprendizagem foi atingido! O resultado do projeto foi melhor do que o esperado, foi incrível! Hoje os alunos me procuram para mostrar os lanches saudáveis que trazem para o recreio: é notável a troca dos biscoitos industrializados por frutas; o abandono das embalagens por cascas. Esse é o melhor aprendizado, o que levamos para a vida! E saber que o projeto impactou positivamente os hábitos de meus alunos é muito gratificante.
ESPECIAL
ESPAÇO
MAKER
A
inclusão da cultura maker no currículo da instituição aconteceu antes mesmo da criação desse espaço. Disciplinas como Design Cognitivo (9º Ano) e Conexões Interdisciplinares (6º Ano) vêm oferecendo aos alunos inúmeras possibilidades de prototipar, desenvolvendo habilidades e competências importantes para sua formação. Desde o início do semestre, o Espaço Maker vem sendo planejado e preparado para receber professores e alunos. São três ambientes integrados: Sala Maker, Robótica e Gameficação, localizados no Prédio A, próximo à saída do elevador no estacionamento. Segundo a Coordenadora de Tecnologias Educacionais do Colégio Anchieta, professora Joelene Lima, a proposta do espaço, que acolhe uma tendência mundial, é envolver educadores e alunos em novas práticas de ensino que utilizem a tecnologia digital e os diferentes recursos para construir outros materiais. “Com base na cultura Maker, o espaço é um convite ao protagonismo de novas ideias e criações, permitindo o desenvolvimento de competências como criatividade, autonomia e empatia. A proposta deste espaço de ‘Educação Mão na Massa’ é de o aluno explorar o que
“Queremos despertar para habilidades e competências com as quais o aluno possa colocar a criatividade em prática”, anunciou o Diretor Acadêmico Dário Schneider ao grupo de professores que pela primeira vez ocupavam aquele espaço. Em meio a bancadas, impressora 3D e serras tico-tico, os docentes iniciaram uma jornada pelo mundo de possibilidades do novo Espaço Maker do Colégio Anchieta.
existe para além da sala de aula, realizar experiências e fazer coisas no mundo real”, explica. O planejamento desse novo espaço de aprendizagem teve a participação do Fablab UNISINOS, coordenado pelo professor doutor André Canal Marques, que prestou as orientações iniciais desde a visitação ao Fablab até quais materiais poderiam ser adquiridos pelo Anchieta. Além disso, também auxiliou, junto com o Serviço de Orientação Pedagógica do Colégio Anchieta, na criação de uma trilha de capacitação para professores de todas as unidades de ensino, com vivências em diversos tipos de recursos makers.
Na bancada, diversas ferramentas à disposição, entre elas a vaccumforming e a impressora 3D.
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ESPECIAL
Professores utilizaram materiais recicláveis para as experiências.
PREPARANDO PROFESSORES PARA A CULTURA MAKER
Para o professor André, agregar um espaço maker de construção de ensino-aprendizagem só traz pontos positivos para o Colégio, pois permite que os alunos se tornem produtores de conhecimentos e objetos, habilitando-os a identificarem problemas relevantes e buscarem soluções de forma colaborativa. “Aprende-se a experiência prática pesquisando, testando, discutindo, levantando hipóteses e compartiForam cinco quintas-feiras intensas de muito lhando as descobertas. Assim, os alunos desenvolvem habilidades como criatividade, pensamento crítico, trabalho e aprendizado. O 1º Curso de Formação capacidade de trabalhar em equipe, negociação, de Educadores teve uma carga horária de 15h capacidade de julgamento e tomada de decisão e e envolveu cerca de 30 educadores do Colégio solução de problemas complexos. Destaco aqui a Anchieta. Conforme a programação, os assuntos inteligência emocional, a capacidade de lidar com abordados partiram da introdução à cultura maker, problemas, com erros, e encorajar isso”, defende. passando pelas técnicas manuais, depois pelo A professora doutora Karen Selbach Borges, coordenacorte a laser e vaccum-forming, ainda pela sala de dora do Laboratório de Estudos Cognitivos Apoiados aula maker, e, por último, pela experiência prática por Computação (LECC) e colaboradora do POALab em impressoras 3D. As aulas foram ministradas FabLab, ambos pertencentes ao Instituto Federal de pelos professores André Canal Marques, Giulio Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Palmitessa e Maria do Carmo Dishinger, da (IFRS), campus Porto Alegre, explica que o envolvimento UNISINOS, e Karen Selbach Borges, do Instituto com atividades maker pode contribuir para o desenvolvimento do pensamento formal, ou seja, a capacidade Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do de desenvolver raciocínio lógico, trabalhar com abstraRio Grande do Sul (IFRS), campus Porto Alegre. ções e de resolver problemas que envolvem operações matemáticas como combinatórias, proporções, probabilidades, entre outras. “Imagina uma criança que OBJETIVOS DO ESPAÇO MAKER DO COLÉGIO ANCHIETA está aprendendo sobre proporções, §§ Desenvolver o acesso às ciências exatas e técnicas. poder colocar esse conhecimento §§ Democratizar a prática da robótica educacional, jogos em prática, ou, melhor ainda, digitais e do faça você mesmo (DIY - “do it yourself”). construir essa noção de proporção a partir de uma experiência de modelagem digital e impressão 3D do seu personagem de aventura favorito. Isso, com certeza, seria mais eficaz e, por que não dizer, mais divertido, do que fazer exercícios no caderno”, ilustra. 14
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§§ Formações e cursos sobre o uso das máquinas digitais,
plataforma de prototipagem rápida, eletrônica, programação ou temas mais específicos.
§§ Uso de maquinário para realização de protótipos,
projetos únicos ou pequenas séries pelos profissionais de educação, empreendedores, artistas e estudantes.
ESPECIAL
ADRIANA FANTIN Orientadora pedagógica do 1º e do 3º Anos
Ao longo do curso, os professores da Educação Infantil e do Fundamental I já projetavam as aulas que desejam para estes segmentos, utilizando o Espaço Maker. Em uma das aulas fizemos construções utilizando apenas canudos e engates produzidos com material de raio X, tudo reciclável. O nosso envolvimento foi intenso. Enquanto trabalhávamos, pensávamos nas produções textuais possíveis a partir dessa construção, assim como exposições desse material, ou seja, o protagonismo do aluno levado ao grau máximo na aprendizagem.
Para a orientadora pedagógica do 1º e 3º Anos, Adriana Fantin, a experiência permitiu a expansão dos conceitos sobre aprendizagem e a construção do conhecimento. “A ludicidade do ‘faça você mesmo’ que está imbricada no espaço maker, o importante caminho entre o planejar e o executar, e o trabalho em equipe são exemplos do que se espera da educação integral que esta formação nos permitiu experienciar”, conta. A professora da Educação Infantil Tairine Matzenbacher destaca que a formação instigou a curiosidade, o interesse e a criatividade dos educadores, ao explorar diferentes recursos, pensar em distintas possibilidades de uso e também repensar sobre a prática docente, qualificando-a com materiais e propostas. “Em tempos tão tecnológicos, penso que a formação no Espaço Maker foi uma oportunidade de inovação, de estreitar laços com diferentes ferramentas e a partir disso reconhecer o potencial deste espaço para nós e também para nossos alunos. Passei a ver ali um solo fértil para muitas sementes brotarem e se desenvolverem”, afirma. Os professores enfrentam muitos desafios, pois os alunos vêm com novas demandas, já que as mudanças acontecem cada vez mais rápido, criando novas necessidades. Nesse contexto, conforme André, o professor deve se permitir construir junto com seus alunos a nova sala de aula, e isso inclui também trazer o movimento maker para esse ambiente de aprendizagem. “É um meio para trabalhar com metodologias ativas como a sala de aula invertida, que quando se ensina mais se aprende, porque precisam: explicar; resumir; estruturar; definir; generalizar; ilustrar, etc.
Além disso, possibilita a aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), estimulando o aluno a sair da zona de conforto para explorar soluções para demandas atuais da sociedade através de projetos, despertando o lado inventivo, crítico e colaborativo”, explica. Para Karen, que também ministrou uma das aulas para os professores no Espaço Maker, o professor tem que entender que a sua principal função é ajudar o aluno a elaborar as perguntas corretas e não mais ser um transmissor de informações. “Nesse sentido, o professor precisará desenvolver competências para o design de experiências de aprendizagem e isso irá demandar uma formação multidisciplinar, envolvendo conhecimentos de psicologia, design, jogos, computação etc.”, explica.
Por meio de reflexões e vivências sobre a sala de aula maker, conhecemos e repensamos propostas que favorecem ainda mais o potencial criativo e criador das crianças, bem como o seu protagonismo. Nesta ocasião, tivemos a oportunidade de nos transformarmos em grandes brincantes, e ao brincar pude imaginar a alegria e o entusiasmo das crianças ao manusearem os materiais “não convencionais”, as habilidades motoras sendo desenvolvidas ao encaixar canudos com engrenagens feitas com lâminas de raio x, o pensamento lógico sendo exercitado ao comparar as peças, tamanhos e formas, as muitas histórias sendo criadas e, em meio a tudo isso, as diversas aprendizagens envolvidas.
TAIRINE MATZENBACHER Professora da Educação Infantil
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ERICO VERISSIMO NA ARENA LITERÁRIA
Isabel Janostiac | Professora de Língua Portuguesa e Literatura ...E quando eu entrei no corredor onde ficam as turmas da 1ª Série do Ensino Médio, percebi que por lá circulavam várias “Ana Terras”, “Capitães Rodrigo” e “Pedros Missioneiros”. Logo, pensei: eles conseguiram. Os alunos captaram a ideia que eu almejava, estavam vivendo literatura, experimentando Erico Verissimo.
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ar aulas de Literatura para a 1ª Série do Ensino Médio é carregar consigo uma grande responsabilidade. É fato que nossos alunos já possuem uma magnífica bagagem de leituras realizadas nas séries anteriores e tal conhecimento literário os faz pessoas mais críticas, reflexivas e competentes. No entanto, a Literatura, como disciplina aliada à Língua Portuguesa, é conhecida na 1ª Série do Ensino Médio, e é neste momento que precisamos criar um contexto de “apaixonar-se” por Literatura, de proporcionar um clima educativo favorável para que, nos anos posteriores, a disciplina continue cativando os adolescentes. Assim, com o intuito de apresentar aos anchietanos uma nova disciplina de forma exitosa, pensou-se, com a Equipe de Série e a Coordenação da Língua Portuguesa, em uma forma de trabalho que destoasse dos métodos tradicionais de exploração dos conteúdos. Neste ponto, faz-se importante salientar a relevância dos pressupostos difundidos pela Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner.
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A ideia principal do autor é a de que possuímos habilidades distintas para cada tipo de atividade escolar e, por isso, temos mais de um tipo de inteligência. De acordo com Gardner (2003), dispomos das seguintes inteligências: a) Lógico-matemática; b) Linguística; c) Espacial; d) Físico-sinestésica; e) Intra e interpessoal; f) Musical; g) Natural e h) Existencial. Ainda, é necessário fundamentar que, de acordo com essas inteligências, para Gardner, o propósito da escola deveria ser desenvolver essas inteligências e ajudar os alunos a atingirem seus objetivos utilizando a inteligência mais adequada, ou seja, respeitando e considerando que nem todos os estudantes têm os mesmos interesses e habilidades e, tampouco, aprendem da mesma maneira. Frente a essas reflexões, o projeto Arena Literária surgiu de uma série de inquietações que qualquer docente reflexivo realiza cotidianamente: afinal, como poderia provocar os alunos a realizarem uma leitura entusiasmada do Erico Verissimo e como deveria avaliá-los de forma diferenciada, tentando vislumbrar e destacar suas habilidades
...como poderia provocar os alunos a realizarem uma leitura entusiasmada de Erico Verissimo...
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individuais? A solução para tais questionamentos foi proporcionar um trabalho de temática mais livre e autônoma, que pudesse destacar as aptidões de cada estudante. Com isso, cada grupo – composto por quatro alunos – deveria eleger uma maneira inusitada de apresentar um capítulo da obra O Continente I, de Erico Verissimo. A grande surpresa foi presenciar as apresentações, ou melhor, os espetáculos. Alguns alunos escreveram poesias contando a guerra entre Maragatos e Chimangos e as transformaram em belíssimas pajadas recitadas ao som de uma milonga. Outros, resgatando habilidades mais teatrais, fizeram pequenas esquetes rememorando os feitos do instigante personagem Capitão Rodrigo. Houve aqueles que usaram, através do teatro de sombras, a luz e a escuridão para ilustrar o amor existente entre Bibiana e Capitão Rodrigo. Os amantes da fotografia vestiram-se de Pedro Missioneiro e Ana Terra e recriaram cenas da obra com muita sensibilidade e emoção. Os mais metódicos organizaram linhas do tempo, descritas com acontecimentos e ilustrações, para relatar tudo o que ocorria no interior do famoso sobrado durante a guerra. Por fim, mas não menos importante, tal experiência mostrou-nos que a compreensão do Paradigma Pedagógico Inaciano “contexto, experiência, reflexão, ação, avaliação”, visão educativa dos colégios da Companhia de Jesus, é fundamental para um contexto de aprendizagem exitoso. Além de considerar as potencialidades dos discentes, sugere os múltiplos caminhos que os professores podem seguir com suas práticas, ultrapassando os limites dos pressupostos teóricos do processo de aprendizagem e deixando de lado os modelos primitivos de educação. Precisamos, ainda, além de considerar as múltiplas habilidades dos alunos – como sugere a Teoria das Inteligências Múltiplas –, proporcionar momentos que os façam reconsiderar as temáticas das aulas de forma séria e ponderada, gerando momentos de reflexão sobre
Depois de lerem as obras, os alunos foram desafiados a apresentar as histórias para a turma.
Literatura, por exemplo. O projeto salientou justamente a valorização do contexto cultural dos alunos, proporcionando um ambiente educacional criado a partir de suas experiências particulares e preferências. Em consequência, os estudantes, além de usarem diferentes artes para a participação legítima do projeto, criaram laços afetivos com a obra e seus personagens principais: choraram ao colocar-se na situação resiliente de Ana Terra; revoltaram-se com Maria Valéria e concordaram com sua opinião de que revolução também é negócio de mulher; tiveram sentimentos dicotômicos relativos ao Capitão Rodrigo, ora amando-o, ora odiando-o. De tudo, percebemos que o nome do projeto não poderia ter sido outro – das inúmeras definições que o vocábulo arena apresenta, uma delas é local grandioso onde ocorrem ...os estudantes, espetáculos. Então, ipsis além de usarem verbis, tivemos vários espetáculos, e o sucesso do projeto diferentes artes tornou o nosso local grandioso. para a participação GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas – A teoria na prática. São Paulo: ARTMED, 2000. GARDNER, Howard. O verdadeiro, o belo e o bom redefinidos. São Paulo: ROCCO, 1999. KLEIN, Luis Fernando. Educação Jesuíta e Pedagogia Inaciana. São Paulo: EDIÇÕES LOYOLA, 2015
legítima do projeto, criaram laços afetivos com a obra e seus personagens principais.
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ACONTECE
NOVOS ESPAÇOS: PADRE PAUQUET, SJ, E IRMÃO WILLY, SJ
NOVIDADES MARCARAM A SEMANA LITERÁRIA E CULTURAL 2019
A tradicional Semana Literária e Cultural do Colégio Anchieta, que ocorreu entre 1º e 7 de junho, foi marcada por novidades neste ano. A grande mudança iniciou com o novo local da Feira do Livro, da sessão de autógrafos dos alunos do 4º Ano de 2018 e do Sarau da APM: o Espaço Padre Pauquet, SJ, no Prédio G. A abertura do evento contou com um cerimonial artístico produzido por professores da Escola de Artes. Um espetáculo à parte que teve a participação de professores do Colégio e até com a presença ilustre do Einstein, interpretado por um aluno do Ensino Médio. Dentre as tradicionais publicações lançadas no evento, como o livro de poesias dos alunos do 4º Ano de 2018 e do e-book de memórias dos alunos da 3ª Série do Ensino Médio, neste ano tivemos uma nova produção. Um grupo de professores e colaboradores lançaram o livro Educação Jesuítica: Aprendizagem Integral, Sujeito e Contemporaneidade – Tematizando práticas e experiências significativas. A produção é resultado dos trabalhos de conclusão do curso de especialização em Educação Jesuítica em parceria com a UNISINOS e a Rede Jesuíta da Educação. Junto com a Semana Literária e Cultural também aconteceu simultaneamente a VIII Mostra Científica, reunindo diversos trabalhos de alunos entre os dias 1º, 3 e 4 de junho.
Grupo de professores e colaboradores lançou obra sobre educação jesuítica.
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Duas grandes referências na história do Colégio Anchieta emprestam seus nomes a dois novos espaços do campus inaugurados no dia 10 de junho, em uma cerimônia que contou com a presença do Diretor Geral, Pe. Jorge Álvaro Knapp, SJ, e do diretor da gestão anterior do Colégio, Pe. João Claudio Rhoden, além de representantes do CPCA (Centro dos Professores do Colégio Anchieta), do CEFUCA (Centro dos Funcionários do Colégio Anchieta) e da 4A (Associação dos Antigos Alunos do Anchieta). Pe. Pauquet, SJ, e Ir. Willy, SJ, tiveram grande destaque na construção do Novo Anchieta, em 1960, por trabalharem incansavelmente nas obras do novo campus. O Espaço Padre Pauquet, SJ, localizado no Prédio G, passou por um processo de retrofit, que preservou aspectos arquitetônicos do local, focando no uso sustentável de materiais. O local abriga espaços de convivência e salas multiuso, sistema de monitoramento do setor de Segurança, auditório, secretaria de Assistência Social, além de uma área destinada para o projeto do novo Memorial do Colégio Anchieta. Já o Espaço Irmão Willy, SJ, que liga a rua coberta até o acesso para a Educação Infantil, é um local projetado para a convivência da comunidade anchietana, com bancos espalhados pelo ambiente.
CAMPANHA DO AGASALHO DO COLÉGIO ANCHIETA ARRECADA DOAÇÕES PARA INSTITUIÇÕES
Foram quase 10 mil itens arrecadados e doados a quase 20 instituições atendidas pelo Colégio Anchieta. A Campanha do Agasalho 2019 contou com a participação de toda a comunidade anchietana: alunos, pais, antigos alunos e colaboradores. As doações arrecadadas foram sendo doadas à medida que iam chegando para garantir agasalhos para as pessoas atendidas pelas instituições. Um agradecimento especial a toda a comunidade anchietana que se engajou e ajudou muitas pessoas a se protegerem da estação mais fria do ano.
ACONTECE
Pelo terceiro ano consecutivo, os alunos do 9º Ano apresentam o Magis Inovação Anchieta, evento que ocorreu entre os dias 26 e 27 de junho. Pelo palco do Auditório 1 passaram 22 speakers que compartilharam histórias inspiradoras com o público. Neste ano, o tema do Magis Inovação foi “Filtros da Realidade – O mundo por outros olhos”. Segundo o professor Silvio de Almeida Junior, que orienta o grupo de alunos, a escolha desse tema se deu em função de tentar mostrar perspectivas de mundo a partir do olhar de cada pessoa, mobilizando o público para cada história a ser contada. “Por trás de cada olhar existem muitos sonhos, desejos, projetos, moções e esperanças. Ver o mundo pelo olhar de outras pessoas nos mostra a riqueza da nossa humanidade e nos aproxima através da empatia. Nos leva a pensar e sonhar juntos. A sentir o mundo a partir dos outros. Nos faz crescer na compaixão e na solidariedade”, explica. Os alunos organizadores, cerca de 50, foram divididos em seis equipes, que contaram com apoio de líderes do 9º Ano, 1ª e 2ª Séries do Ensino Médio, e estes últimos já tiveram a experiência anteriormente e compartilham com os colegas mais novos as aprendizagens obtidas durante o processo. O evento foi dividido em dois dias para poder contemplar também os alunos do Ensino Médio. O aluno Rodrigo Assis foi o Diretor-geral do Magis Inovação de 2019 e conta como a experiência trouxe aprendizados importantes para sua vida. “Ser diretor-geral em um evento tão grandioso como o Magis Inovação foi uma experiência única. Eu nunca imaginei que um projeto iria mudar tanto a minha vida como pessoa e aluno. Fiz amizades que nunca pensei que faria, conheci e trabalhei com pessoas muito especiais. São meses de preparação e uma equipe inteira muito envolvida para tudo dar certo. Escutar as histórias e outras ‘visões de mundo’ dos speakers foi demais! Agradeço muito ao Colégio Anchieta por ter me proporcionado esse evento incrível!”, comemora. Uma novidade neste ano é que os alunos espectadores foram convidados a trazer um quilo de alimento não perecível para doação, dando direito de participar do sorteio de brindes.
Fotos: National Flight Academy/Divulgação
MAGIS INOVAÇÃO ANCHIETA: SPEAKERS CONVIDAM PLATEIA PARA SAIR DA ZONA DE CONFORTO
ALUNO PARTICIPA DE PROGRAMA NA NATIONAL FLIGHT ACADEMY
O aluno Mateus Slongo, da turma 306, foi um dos dez brasileiros selecionados para participar de um programa de imersão na National Flight Academy, entre os dias 30 de junho e 5 de julho, em Pensacola, na Flórida. Com apoio da Delta e da Junior Achievement, Mateus participou do programa Ambition. Tudo começa com uma missão. Seja uma corrida ou um resgate, as habilidades em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês) são utilizadas em conjunto com importantes habilidades para o século XXI como pensamento crítico, resolução de problemas, trabalho em equipe e comunicação para o avanço da equipe.
“Eu achei uma experiência muito enriquecedora poder aprender tanto sobre aviação e conhecer tanta gente de outros lugares do mundo em apenas uma semana”, conta Mateus.
VEM AÍ Semana Anchietana De 19 a 26 de outubro
Na PRÓXIMA EDIÇÃO você vai saber mais sobre a experiência dos alunos que participaram dos programas de intercâmbio do Colégio Anchieta e da RJE.
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ACONTECE
FESTA JUNINA 2019
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ARTIGO
5º ANO:
Os DETETIVES DO UNIVERSO na Missão Atitudes do Bem Bruna Correia de Souza | Professora de Língua Portuguesa do 5º Ano
A aprendizagem integral sempre está no norte do trabalho no Colégio Anchieta, e com o 5º Ano não é diferente. Mas esse desafio tem um gosto peculiar em nosso Ano, pois é a primeira vez que os alunos têm tantos professores: são dez componentes curriculares! Pensando em cada vez mais integrar essas áreas do conhecimento, os projetos interdisciplinares vêm colaborar em diferentes trimestres, promovendo a formação integral através de momentos especiais de estudo e convivência. No 1º trimestre, nossas turmas vivenciaram um turno diferente de aula com este projeto, que tem como objetivo proporcionar uma experiência pedagógica a partir da temática Astronomia. Ficou claro o quanto as crianças adoraram essa experiência – superando nossas expectativas –, pensada e realizada por todos os professores e Equipe do 5º Ano, em parceria com o Museu Anchieta. Mais do que aprender conteúdos, os alunos vivenciaram, conviveram, experimentaram, reagiram, refletiram no circuito de oficinas proposto. Ser recepcionado no auditório por Darth Vader, Princesa Leia, Luke Skywalker, um Stormtrooper, uma astronauta e uma guia intergaláctica foi só o começo. Os personagens clássicos de Star Wars, escolhidos e interpretados pelos professores para melhor simbolizar a temática da Astronomia, serviram de apresentação inicial das atividades e de conexão com os assuntos trabalhados em cada oficina.
“Ser professor não é profissão. É dom. Trata-se da capacidade de sonhar e acreditar que esses sonhos podem ser traduzidos em olhinhos brilhantes e carinhas curiosas... Com o projeto Detetives do Universo, nós fomos muito além de personagens de uma saga. Nós mostramos que somos professores.” Professor Eduardo Soares, História
“Participar de projetos interdisciplinares é sempre enriquecedor, não só para os alunos, mas para os professores também. Perceber que os assuntos se encaixam, que as crianças sentem prazer e alegria em aprender, isso é muito gratificante! Na sala de aula “normal” isso não é possível: abranger os componentes curriculares, explorar os espaços que o Colégio oferece e permitir que os próprios alunos desvendem os mistérios de estudar o Universo. Fechar o 1º trimestre, após estudar muito sobre Astronomia, com esse dia de oficinas, foi realmente muito legal! Isso ficou claro nas falas trazidas pelos nossos alunos.” Professora Aline Trentin, Ciências “Eu achei o projeto Detetives do Universo muito incrível, bem divertido e um jeito diferente de aprender.” Alice Gonçalves, aluna da turma 55
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Darth Vader mostrou aos alunos novas descobertas sobre o espaço em um planetário móvel instalado num auditório do Colégio. Princesa Leia acompanhou as turmas na oficina Atitudes do Bem, que refletiu sobre o tema jogando num instigante tabuleiro gigante e construindo um painel artístico com diferentes materiais e texturas para representar elementos espaciais. Luke Skywalker convidou as crianças a um passeio pelo Universo com muita imaginação e sabor, na oficina Gastronomia. Um Stormtrooper, no Museu do Colégio, revelou às crianças um universo das ciências que não enxergamos a olho nu, na oficina Que universo é esse? A astronauta, que veio parar no Brasil por acaso, seguiu as crianças pelas oficinas, comunicando-se somente em Inglês. Posteriormente ao evento, atividades envolvendo Astronomia continuaram sendo desenvolvidas, como na aula de Português, em que os alunos registraram fotografias pelo Colégio inspirados no tema Micro x Macro e montaram uma exposição. As turmas também refletiram sobre a vivência especial do projeto, registrando tudo em desenhos na aula de Geografia. Esses desenhos revelaram o quanto as crianças conseguiram relacionar os assuntos abordados nas oficinas e compreender a proposta do projeto, além de expressarem seu desejo de quero mais.
Os personagens clássicos de Star Wars recepcionaram os alunos no Auditório 1.
“O projeto Detetives do Universo foi um momento encantador para os alunos. Em cada atividade realizada, o brilho do olhar tornava a aprendizagem rica e satisfatória. O jogo Space Mission, por exemplo, envolveu questões emocionais, éticas, diversão e raciocínio lógico, abrangendo outras áreas do conhecimento. Foi um trabalho gratificante.” Professora Mara Antunes, Pensamento lógico
“Confeccionando cake pops (pirulitos de bolo), cada criança inventou e escolheu uma forma geométrica para moldar seu próprio planeta feito de bolo e o decorou com pasta americana colorida. Por fim, os alunos nomearam os planetas tendo como inspiração o livro A terra dos avôs, trabalhado em Português. Cada cake pop foi batizado com o nome do próprio aluno escrito ao contrário: no livro, há o planeta Arret (Terra, de trás pra frente). Durante o lanche coletivo, os alunos puderam provar – e aprovar – suas criações gastronômicas!” Professoras Cíntia Perin, Português, e Márcia Carvalho, Matemática “Para mim o projeto Detetives do Universo foi muito especial. Nele aprendi muitas coisas novas, inclusive a fazer um planeta de bolo no palito. O mais importante que eu aprendi foi apreciar aquele momento com amigos e professores.” Gustavo Lima, turma 51
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POR DENTRO DA SALA DE AULA
Eleições para representantes
DE TURMA DOS 3º, 4º E 5º ANOS CONTAM COM NOVIDADES O Colégio Anchieta tem em seu projeto educativo a formação de estudantes conscientes, competentes, compassivos e comprometidos. Nessa perspectiva, surge o Projeto Representantes de Turma, desenvolvido pelo Serviço de Orientação Educacional, que contempla alunos do 3º ao 5º Anos do Ensino Fundamental I e tem como objetivo o desenvolvimento da cidadania. Além de estimular a formação de lideranças responsáveis e comprometidas com o bem comum, conforme explica a Orientadora Educacional dos 4º e 5º Anos Marcia Schivitz. “Neste exercício de cidadania, os estudantes passam a ser mais reflexivos, ampliam seu olhar, descentrando-se e desenvolvendo uma consciência coletiva, autônoma e emancipatória”, completa. Neste ano, a votação das chapas dos alunos dos 4º e 5º Anos contou com uma novidade: um painel eletrônico para contabilizar os votos instantaneamente, o VotCom. O equipamento foi disponibilizado de forma gratuita pelo Sr. Alexandre Bassi e possibilitou que os alunos conhecessem seus representantes logo após a votação. URNA ELETRÔNICA E PRESENÇA DO TRE NAS ELEIÇÕES DO 3º ANO Já o processo de votação dos alunos do 3º Ano foi acompanhado pelo TRE, que disponibilizou urnas eletrônicas e também servidores para auxiliar os alunos em suas funções como mesários e fiscais, mostrando como funciona na prática uma seção eleitoral. O primeiro momento, no Auditório 1, foi marcado pela conversa da Orientadora Educacional do 3º Ano Eliane Silveira com os alunos, relembrando a importância da atividade. “Hoje é muito importante que vocês pensem nas qualidades dessa pessoa que vocês estão escolhendo para representá-los”, frisou. A votação ocorreu no Auditório do Prédio B, onde foi montada a estrutura para os mesários fazerem a conferência do cartão de identificação dos alunos e, logo após, o encaminhamento para a cabine de votação. Após esse momento, os resultados já foram computados e divulgados na cerimônia de diplomação dos eleitos. Durante essa cerimônia, a Coordenadora da Escola Judiciária Eleitoral do Rio Grande do Sul Débora do Carmo Vicente entregou os certificados aos alunos eleitos.
Além de aprenderem a utilizar a urna eletrônica, os alunos também desempenharam as funções de fiscais e presidente de mesa.
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POR DENTRO DA SALA DE AULA
Love Food, Not Waste:
PROJETO DE LÍNGUA INGLESA CONSCIENTIZA SOBRE O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um terço de toda a produção alimentar do mundo é desperdiçada diariamente. Conscientizar a população sobre esse problema é um primeiro passo para chegar a um dos objetivos sustentáveis da ONU para erradicar a fome até o ano 2030. Pensando nisso e aliando teoria e prática, os alunos do nível Intermediate 2 das 1ª e 2ª Séries do EM, que estudaram o vocabulário sobre comida em aula durante o 2º trimestre, literalmente colocaram a mão na massa. “Eles foram instigados a pensar em soluções que pudessem minimizar o impacto do desperdício de comida na utilização de recursos naturais e na erradicação da fome”, explica a professora de Língua Inglesa Vivian Berlitz. Como forma de sensibilizá-los para este desafio, as professoras convidaram a nutricionista Priscilla Rohmann da Silva Rosa, acompanhada de estagiários, para ministrar cooking workshops sobre o uso integral de alimentos para evitar o desperdício. As oficinas, no total de nove com duração de uma hora, aconteceram no Laboratório de Gastronomia da UNISINOS. A profissional faz parte do Programa Mesa Brasil, do SESC, que funciona como um banco
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de alimentos que recebe doações de diversas empresas e destina os alimentos para instituições que prestam auxílio a idosos, crianças e adultos em situação de vulnerabilidade. Em contrapartida, os alunos participaram de uma campanha de doação de alimentos, cujos itens arrecadados foram entregues a essas instituições juntamente com o SESC.
Os cooking workshops ocorreram no Laboratório de Gastronomia da UNISINOS.
ARTIGO
INFANTIL B E A BUSCA PELA
CONSCIENTIZAÇÃO DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Renata da Silva Marques | Professora e representante do Infantil B
O
presente artigo se propõe a desenvolver uma explanação acerca do trabalho realizado pelas professoras do Infantil B. Ao longo do ano, dentro de um dos grandes projetos que norteiam a proposta pedagógica da faixa etária de 4 a 5 anos, são propiciadas vivências que incentivam hábitos de alimentação saudável. O Infantil B, ao longo do ano, participa de experiências que envolvem a culinária, apreciando momentos significativos de aprendizado, enriquecendo o repertório de cada criança, promovendo a construção da identidade pessoal e coletiva, o que propicia às crianças o direito de viver plenamente a infância, buscando a formação integral de cada sujeito. O projeto, então intitulado Alimentação Saudável, possibilita às crianças o desenvolvimento das percepções táteis, gustativas, olfativas e visuais a partir da observação e da manipulação de diversos alimentos, despertando a curiosidade pelas experiências que envolvam misturas e transformações que ocorrem,
Na Quinta da Estância Grande, os alunos aprenderam sobre como cultivar uma horta.
principalmente, durante os momentos de culinária. A partir destas experiências, incentiva hábitos saudáveis, uma alimentação equilibrada e um entendimento da importância de cuidar da saúde e do bem-estar, instigando-as a observar, investigar, pesquisar, refletir, indagar, reformular hipóteses e expressar ideias a partir do contexto vivenciado entre os colegas e levando consigo suas aprendizagens e trocas de experiências para além dos muros da escola. Além da diversidade de vivências realizadas na cozinha pedagógica, destaca-se também o plantio, o acompanhamento e o cuidado de temperos, verduras e chás na horta cultivada pelas turmas do Infantil B. Para dar início ao trabalho de cultivo da horta da Educação Infantil, é realizada uma visita pedagógica à fazenda Quinta da Estância Grande. Momento em que as crianças têm oportunidade de vivenciar um pouco os cuidados que são necessários para organizar uma horta e as diferentes formas de plantio, bem como de tirar dúvidas e realizar questionamentos.
Os conhecimentos das crianças são diversos e originados das experiências vivenciadas. Esses conhecimentos devem auxiliar na compreensão do mundo e possibilitar às crianças intervir nele, transformando de forma significativa a sua trajetória escolar. O Paradigma Pedagógico Inaciano atua como um instrumento que mostra
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Os alunos observaram as técnicas de produção de mudas.
a forma como a educação jesuíta deve ser abordada, nomeada como Pedagogia Inaciana. Esta didática traz como fundamental a formação de cidadãos conscientes, competentes, compassivos e comprometidos no meio em que atuam. A finalidade deste modo de educar o ser humano traz para o processo suas potencialidades. Atuando com autonomia e protagonismo, agindo, então, na transformação da sociedade. Este modo de ser e proceder surge à luz da espiritualidade dos Exercícios Espirituais, Santo
Inácio tinha um hino de louvor: contemplação para alcançar o amor. É necessário centrar o sujeito da aprendizagem e, além de vê-lo como parte integrante e fundamental do currículo, é preciso que a aprendizagem seja para ele um ser real, que tem vida e carrega consigo uma bagagem de vivências. Para isso ocorrer é necessário ter docentes com um olhar sensível para o desenvolvimento de cada um e cada uma. “O professor é o profissional que propõe o caminho, apresenta o mapa e acompanha os estudantes indicando critérios para que a apropriação do conhecimento seja feita de maneira significativa e com valor” (REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO, 2016, p. 44). Deve-se almejar um espaço em que todos tenham autonomia para pensar, criar, refletir, onde as diferenças, os erros e as contradições façam parte do processo de construção do conhecimento e que suas habilidades, aptidões e potencialidades sejam desenvolvidas com a finalidade de uma
Depois, aplicaram os conhecimentos adquiridos na produção da sua própria horta.
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formação que ocorra de forma saudável. Todas as crianças têm direito de criticar, pesquisar, ser cidadão com potencialidades, praticar habilidades, atuar no meio social, econômico, político e cultural, pois a escola deve querer a formação de um homem sensível, solidário, aberto às críticas, fraterno e responsável. O planejamento parte do desejo de um desenvolvimento saudável e feliz para as crianças e que, atreladas aos seus professores, possam vivenciar experiências ricas e que guardem boas memórias do período vivenciado. Este é somente um dos projetos realizados pelas professoras dentro da temática central do Infantil B, que tem como eixo norteador a Identidade, oportunizando às crianças a diversidade de vivências que lhes possibilitem o conhecimento de si e do mundo, por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas e corporais. Desse modo, trocam e constroem saberes e narrativas, aprendem a cuidar de si, a conhecer suas próprias características e preferências e a conviver com os demais, valorizando a vida.
REDE DE PAIS
AFETO E INSPIRAÇÃO
A maioria das pessoas que assistiu ao Magis Inspiração não tem ideia do que está envolvido na sua preparação.
Os 22 pais anchietanos que organizaram o Magis Inspiração. O evento aconteceu no dia 9 de julho, no Teatro da UNISINOS
A UNIÃO E O COMPROMETIMENTO dos pais que organizaram o Magis Inspiração são a causa do sucesso do evento EQUIPE MAGIS INSPIRAÇÃO
Tudo começou em 2018, em uma reunião da Rede de Pais da APM do Anchieta. Ali foi feito um convite: quem quisesse, poderia participar da organização de um evento de palestras curtas de pessoas que poderiam ser exemplo para as outras. Esse evento se chamou Magis – Inspirando o Viver. O sucesso fez com que quiséssemos repeti-lo. Assim chegamos à edição de 2019 e assumimos nosso nome definitivo: Magis Inspiração. Nessa segunda edição, o evento realmente ganhou vida. Vida mesmo, pulsante, participativa. As reuniões aconteceram desde abril, toda quarta-feira (e mais, quando foram necessárias). Os 22 pais da escola que se reuniram para montar o evento e dedicaram seu tempo de forma voluntária se tornaram uma família. Com a mais do que especial Isabel Tremarin, coordenadora do evento, aprendemos a entender de fato e a seguir o Magis inaciano – dar o melhor de nós em tudo que fazemos. A Isabel conseguiu unir um monte de gente completamente diferente e formar um grupo, no sentido mais puro e fraterno do termo, de pessoas que estão juntas por um objetivo comum, acima das individualidades, embora (e talvez por isso mesmo) respeitando todas elas. Essa busca constante do Magis fez com que conseguíssemos dar nosso melhor uns para os outros e para o público. Organizar um evento do porte do Magis Inspiração, com o apoio do Colégio, é uma honra. Já são dois anos, e os comentários são maravilhosos. As histórias que escolhemos com tanto carinho realmente inspiraram as pessoas. Assim nos sentimos fazendo uma pequena parte para um mundo melhor, levando até quinhentos pais anchietanos histórias de superação, coragem, apoio, amor, que engrandecem a alma dos que as ouvem. Agradecemos ao Anchieta por acreditar no projeto, à Isabel Tremarin, mentora maravilhosa, aos pais que assistiram ao Magis e a todos os palestrantes, cujas histórias tanto nos emocionaram em 2018 e 2019. Que venha 2020!
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As experiências do ensino do esporte na Educação Infantil: desafios e possibilidades Tatiana Terragno | Professora do Espaço Criança Anchietana na Educação Infantil
O esporte é um dos fenômenos mais importantes deste início de século XXI (GALATTI et al., 2014) e vem sendo introduzido cada vez mais cedo no universo infantil por meio de atividades de formação complementar oferecidas dentro das escolas. As ofertas dessas atividades, por serem opcionais, vão ao encontro das prioridades formativas definidas pelas crianças e suas famílias, assim como das suas preferências pessoais.
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Educação Infantil é um nível de ensino apaixonante. O imaginário da criança é uma de suas riquezas e, do mesmo modo, uma forma de interação com o mundo, lhe permitindo enfrentar os desafios da infância. O professor de Educação Física que passa pela experiência de ensinar e aprender dentro das atividades de formação complementar, na Educação Infantil, se depara com o desafio de introduzir o esporte na vida de crianças pequenas. Percebe-se, junto a isso, que existe uma baixa instrumentalização didática pedagógica para se trabalhar com os pequenos alunos em relação ao ensino do esporte. Na maioria das vezes, o ensino fica centrado no exercício de habilidades motoras isoladas e na imitação de gestos técnicos direcionados ao conteúdo do esporte a ser trabalhado. Mas sabe-se que, para o universo infantil ser compreendido e para o professor poder atuar pedagogicamente, é necessário estar ciente dos conceitos que pertencem ao mundo infantil e assim poder conectá-lo com a cultura esportiva. Apresento, a seguir, um breve relato reflexivo do trabalho pedagógico realizado no ano de 2018, dentro do Espaço
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Criança Anchietana (ECA), para alunos da Educação Infantil do nível A, a partir das principais aprendizagens adquiridas neste processo de ensino e dos desafios com os quais me deparei. As atividades ECA, oferecidas como atividades de formação complementar, acontecem diariamente, sendo o ensino do esporte um dos eixos a ser trabalhado. A turma do nível A é composta por meninos e meninas que vivenciam, em sua maioria, as suas primeiras experiências esportivas. O desafio de ensinar o esporte para crianças tão pequenas fez com que eu estudasse as características de cada aluno, do que mais gostavam, seus medos, desejos e fantasias. Então, “nosso esporte” foi fantasiado de fadas, bruxas e lobo mau. Não poderia ser diferente! Sim, foi dessa forma que jogamos vôlei, basquete e futebol, corremos pelo pátio, saltamos do trampolim, rolamos, nos equilibramos na trave e giramos na sala de Educação Física.
Foi a partir desse desafio de ensino que levei para o grupo de alunos a proposta da construção de um livro sobre o esporte, e a ideia era um planejamento de um projeto construído com eles. O planejamento para essas aulas partiu do Projeto Educativo Comum (PEC) e do
Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Nos documentos, a escola aspira a colocar o aluno no centro educativo, para que o conhecimento seja constituído de diversas formas. O objetivo é garantir o desenvolvimento pessoal em todas as suas dimensões. A construção de um livro ilustrado com o tema do esporte foi uma estratégia pensada para possibilitar ao grupo de alunos serem construtores ativos do seu próprio processo de aprendizagem, incrementando a motivação para a prática e o sentimento de pertença ao Centro Esportivo do Colégio Anchieta. Para construção do livro as crianças responderam primeiramente a seguinte pergunta: O QUE É ESPORTE? Apresentei para a turma alguns esportes coletivos para que pudessem fazer a escolha do esporte que gostariam de aprender e colocar no livro. A turma, após a escolha do esporte coletivo, fez uma visita ao Centro Esportivo. Estavam felizes e ansiosos! Era a primeira vez que muitos deles percorriam aquele caminho pelo Colégio, olhares atentos às folhas, nuvens, árvores, e a “grande floresta”, como verbalizaram. Eles conheceram os espaços e ficaram surpresos com os troféus expostos.
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Os alunos também observaram uma partida de voleibol antes de praticar.
O JOGO DE BASQUETE Escolheram estudar primeiro sobre o basquete e tiveram a oportunidade de assistir e “treinar” com os alunos maiores. Fizemos posterior visita uma aula prática de basquete. Montamos duplas e eles jogaram tentando contar os pontos de acertos na cesta. Após foi feita a segunda pergunta: COMO SE JOGA BASQUETE? Foi perceptível o quanto o interesse pelo esporte aumentou. Começaram a pedir para jogar no pátio, e alguns trouxeram bolas de basquete de casa para brincar com os colegas na hora do recreio. Realizamos algumas aulas práticas do esporte escolhido, e o entendimento sobre o jogo foi surpreendente. O basquete se transformou na nova brincadeira da turma, até mesmo nas brincadeiras de casinha em que levavam “seus filhos” para jogarem basquete. Na construção gráfica para o livro desenharam o jogo de basquete e contaram sobre o que estava acontecendo durante o jogo.
O JOGO DE VÔLEI A nova visita ao ginásio aconteceu para assistirem a um jogo de voleibol, o outro esporte escolhido. Estavam felizes e curiosos, acompanharam a colocação da rede e a organização dos materiais para a aula. A turma ficou atenta durante todo o jogo, demonstrando uma maior
maturidade do que quando participaram da aula de basquete. Ao saírem estavam ansiosos para a próxima aula prática em que jogariam voleibol! Foi o momento em que percebi a atração da turma pela prática esportiva! Foi feita para o grupo outra pergunta: COMO SE JOGA VOLEIBOL? Na aula prática, organizaram-se em pequenas equipes e eles decidiram quem iria começar o jogo, sendo que a concentração maior era em não deixar a bola cair no chão. Na construção gráfica deram enfoque para a rede, demonstrando o quanto foi importante acompanharem todo o processo antes do jogo. Durante as aulas estava presente a reflexão sobre o ensino centrado na formação integral do aluno, para assim poder reconhecer o esporte dentro das atividades de formação complementar, em busca do objetivo de criar dinâmicas educativas que promovam aprendizagens práticas realizadas através da experiência, como explica o texto Pedagogia Inaciana e Atividades Extracurriculares. Ficou claro que aprender qualquer jogo esportivo não pode ser resumido ao aprendizado de gestos técnicos estereotipados e descontextualizados de suas razões de ser (SCAGLIA et al., 2013), nem mesmo ensinado sem levar em consideração a faixa etária e os contextos distintos que
formam um grande arranjo de conhecimentos. A intervenção deve sempre partir da realidade vivenciada, dos objetivos do ensino, das especificidades de cada criança, e da decisão coletiva. Sendo assim, estudar e ensinar o esporte de maneira inovadora, para crianças pequenas, passa pela compreensão da prática pedagógica das atividades de formação complementar como espaço formativo e integrado ao currículo. O projeto do livro dos esportes possibilitou uma participação mais ativa dos alunos na construção de suas aprendizagens, tanto na competência motora como na compreensão do jogo e o entusiasmo pela prática. Para uma turma de alunos tão pequenos o resultado atingiu muito mais do que o objetivo esperado.
Referências GALATTI; REVERDITO; SCAGLIA; PAES; SEOANE. Pedagogia do esporte: tensão na ciência e o ensino dos jogos esportivos coletivos. Revista Educação Física/ UEM, v. 25, n.1, p. 153-162, trim. 2014. SCAGLIA; REVERDITO; LEONARDO; LIZANA. O ensino dos jogos esportivos coletivos: as competências essenciais e a lógica do jogo em meio ao processo organizacional sistêmico. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 227-249, out/dez de 2013.
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REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO
Rede Jesuíta de Educação promove 1º Congresso da Rede Jesuíta de Educação Básica / 6º Congresso Inaciano de Educação Celebrando seus cinco anos, a Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE) promoverá, no período de 2 a 5 de outubro de 2019, nas dependências do Colégio São Luis (SP), o 1º Congresso da Rede Jesuíta de Educação Básica / 6º Congresso Inaciano de Educação. Buscando ampliar a discussão sobre Educação para a Cidadania Global, o evento irá percorrer o caminho de renovação trilhado pela RJE nos últimos cinco anos inspirando itinerários traçados para a formação de cidadãos globais a partir da educação integral inaciana. São esperados mais de 300 participantes, dentre eles professores, diretores, coordenadores e estudantes das 17 Unidades da Rede, além de convidados de colégios da Federação Latino-americana de Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI), Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e das outras redes da Província dos Jesuítas do Brasil. Serão quatro dias de mesas-redondas, oficinas, grupos de partilha e palestras. O Congresso será apenas para convidados, mas os interessados nos temas poderão acompanhar as transmissões simultâneas disponíveis por meio do site http://www.redejesuitadeeducacao.com.br/.
Dentre os palestrantes confirmados estão: n Pe. José Roberto Mesa, Secretário Mundial para a Educação Básica da Companhia de Jesus, que fará a abertura do Congresso falando sobre a Educação Jesuíta para a Cidadania Global. n Prof. Fernando Reimers, professor da Fundação Ford de Prática em Educação Internacional e do Programa de Política de Educação Internacional da Universidade de Harvard, que irá responder a perguntas sobre o tema currículo: desafios e práticas inovadoras em Educação para a Cidadania Global. n Prof.ª Bernadete Gatti, pedagoga e psicóloga, que discutirá a Educação para a Cidadania Global – Formação de Professores. n Pe. Luiz Fernando Klein, Delegado para a Educação da Conferência de Provinciais na América Latina e Caribe (CPAL), que mediará uma mesa-redonda sobre a promoção de uma educação para a Cidadania Global – Traçando rotas.
Entenda mais sobre a Cidadania Global A Cidadania Global é o tema central do 1º Congresso da Rede Jesuíta de Educação, na medida em que objetiva o desenvolvimento de uma consciência e de uma formação capazes de mobilizar as pessoas a ativamente buscarem soluções para os desafios de uma sociedade global por meio da educação. A promoção da compreensão sobre o significado do que é ser um cidadão global bem como o reconhecimento do que é assumir esse papel com as suas responsabilidades, direitos e deveres, também fundamenta essa transversalidade temática. Diversidade
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e inclusão (cultural, social, política, linguística, identitária, por exemplo), justiça social, formação científica a partir das perspectivas de uma educação humanística, entre outros, são conceitos que contribuem com a estruturação dos fundamentos do conceito e dos valores referentes à Cidadania Global. Para mais informações, acesse o site: http://www.redejesuitadeeducacao.com.br/ e siga a página da RJE no Facebook: https://www.facebook.com/RedeJesuitadeEducacao/ Fonte: Rede Jesuíta de Educação
ANTIGOS ALUNOS
4A CONGREGA ANTIGOS ALUNOS E JÁ TRABALHA COM DESENVOLTURA
Foto oficial dos Antigos Alunos durante a Festa Junina.
Criada em dezembro de 2018 em assembleia que reuniu grande número de antigos alunos, a 4A – Associação dos Antigos Alunos do Anchieta – vem desde então trabalhando em uma série de iniciativas que visam, acima de tudo, promover o congraçamento entre aqueles que passaram pelos bancos escolares do Colégio Anchieta e, ao mesmo tempo, aproveitar a sinergia e a energia existentes nesse encontro para promover ações, eventos e projetos com um norte de solidariedade e que perpassem os eixos da formação continuada, da espiritualidade e das ações sociais. O trabalho vem sendo conduzido por um Conselho Gestor, formado por cerca de vinte antigos alunos, das mais diversas idades e séries, sob a coordenação do professor e Coordenador do SOREP e referencial para os antigos alunos Marcio Longhi. Ele diz que “neste ano de celebração do 130º aniversário do Colégio Anchieta queremos que cada um que passou por nosso Colégio sinta-se parte efetiva desta história”. Nesse intuito, várias atividades já foram desenvolvidas. Como campanha do agasalho, apresentações beneficentes do Show Musical dos Antigos Alunos, uma atuação de protagonismo durante a recente Festa Junina e as missas “dos antigos alunos”, que vêm sendo realizadas todo o segundo sábado de cada mês, às 18h30min na Igreja da Ressurreição, com os participantes sendo convidados a doar alimentos não perecíveis. Além disso, a Associação está propondo a criação de uma rede dos profissionais anchietanos (a fim de viabilizar benefícios e troca de experiências, conectando aqueles que hoje têm atuação destacada no mercado e que estudaram no Anchieta); vem também acompanhando de perto o trabalho desenvolvido pela Fundação Fé e Alegria – buscando estratégias que permitam contribuir com o importante trabalho desenvolvido junto às crianças e adolescentes em vulnerabilidade social na Vila Farrapos – e, no último dia 24 de agosto, promoveu, no próprio Colégio, o Baile dos Antigos Alunos.
Enfim, trata-se de um trabalho que está iniciando, mas que vem entusiasmando a todos os que dele têm participado. É importante que cada aluno que tem um pai, mãe ou familiar que tenha estudado no Anchieta propague essa ideia e que os estimule a fazer parte da Associação. Para participar, receber convites ou notícias, basta que eles se cadastrem através do Espaço da 4A no site do Colégio Anchieta ou busquem mais informações através do e-mail antigosalunos@colegioanchieta.g12.br.
Conselho Gestor da 4A SETEMBRO DE 2019 |
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ARTIGO
Projeto Apadrinhamento forma Agentes Transformadores da Sociedade Inspirados por Santo Inácio de Loyola e pelo lema “Homens para e com os demais”, os alunos do Colégio Anchieta vivenciam o Projeto Apadrinhamento, que constitui um momento em que, a partir do Paradigma Inaciano, são realizadas etapas de estudos e planejamentos, reflexão, experiência, ações e avaliações das atividades propostas. A dinâmica proposta constitui um meio para que haja maior conscientização do indivíduo diante do papel que ele desempenha na sociedade, além de despertar o sentimento de solidariedade.
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omo desejava Santo Inácio, o Apadrinhamento visa contribuir na formação de bons cidadãos, pessoas compassivas, conscientes, competentes e compreensivas, voltadas para os valores cristãos, dos quais tanto carece nossa sociedade. É preciso mobilizar corações e mentes, a fim de que cada aluno possa solidarizar-se conhecendo a realidade através da experiência, apoiados pela escola, e assim lutar para minimizar as causas de sofrimento. Lutar pela justiça. Com isso, o valor “SOLIDARIEDADE” perpassa todos os conteúdos e ações desenvolvidos ao longo do ano. Na solidariedade, percebe-se a beleza da partilha, da ação em conjunto,
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e a percepção desta beleza em si suscita valores essenciais, como o amor, a paz, a liberdade, a meditação, a evolução, a harmonia e a compaixão. Tudo começou em 2003, quando as turmas do 4º Ano do Ensino Fundamental fizeram os primeiros contatos com as instituições, porém, ainda a distância, através da troca de cartas, por ocasião de datas significativas e das campanhas realizadas (agasalhos, alimentos, brinquedos...). Aos poucos, o projeto foi se configurando de acordo com as necessidades e possibilidades, tanto do Colégio quanto das instituições. Em 2006, para a satisfação de todos os envolvidos, os alunos do Colégio Anchieta passaram a visitar seus afilhados nas instituições apadrinhadas, conhecendo, assim, um pouco da realidade em que vivem. Realidade esta que é a extensão de seus lares, visto que a maioria dos afilhados depende muito das instituições. Desde o início, os responsáveis pelo projeto (professores e serviços), pessoas que trabalham no Colégio, que são comprometidas e que compartilham da busca pela justiça social em prol de uma sociedade mais justa e igualitária, almejam que esta mesma consciência seja despertada nos alunos. Percebe-se a necessidade das visitações, da relação presencial, pessoal e afetiva entre os padrinhos e seus afilhados; uma relação de cuidado, fazendo “o bem sem olhar a quem”, buscando e encontrando sentido e significado em seu fazer “para e com os demais”. O projeto envolve alunos de todas as idades, da Educação Infantil ao Ensino fundamental II, sensibilizando-os para a atuação compassiva e cidadã junto aos que clamam por inclusão e justiça social. Até o 5º Ano do Ensino Fundamental I, tendo em vista a idade das crianças, as iniciativas consistem em um contato com as instituições parceiras do Colégio,
por meio de campanhas solidárias, visitas da Instituição assistida e de trocas de mensagens e desenhos, que são levados aos espaços por educadores das séries; algumas vezes a escola apadrinhada vem até o Colégio Anchieta para receber. Do 1º ao 5º Anos, as crianças das instituições vêm até o Anchieta de uma a duas vezes no ano. Os primeiros contatos acontecem através da entrega das doações de Páscoa (1º ao 5º Anos) e da apresentação da instituição, numa Roda de Conversa, por parte de um representante (3º ao 5º Anos). Na sequência das propostas, padrinhos e afilhados têm o encontro pessoal na instituição e, posteriormente, no Colégio Anchieta. Esses encontros são permeados de trocas de afetos, carinhos e cuidados, além de brincadeiras, partilha de lanche, presentes e momentos de oração. Ao longo do ano, as doações recebidas nas campanhas, tais como agasalho, Natal e outras, são destinadas às instituições apadrinhadas de cada Infantil/Ano. No 6º e no 7º Anos do Ensino Fundamental II, os alunos realizam visitas durante o ano às instituições, desenvolvendo atividades lúdicas, interativas, além de promoverem campanhas solidárias de Natal, Páscoa, conforme a necessidade e a especificidade de cada local. Desde então, o Apadrinhamento transformou-se em momentos de sensibilização, planejamento e execução de interativas que proporcionam o contato com o outro e a percepção de suas necessidades, apontando para a importância da vivência solidária e mudança de atitude no cotidiano. Através do projeto é possível que cada criança amplie o seu mundo e sua compreensão da humanidade. É um convite para sair da sua realidade e ir à realidade do outro, esse espaço que é diferente do seu. Trata-se, então, de uma sensibilização para que o aluno se sinta convidado e provocado a ser agente transformador na sociedade em que vive. Equipe do SOREP
QUASE 130 ANOS DEPOIS, VIVEMOS UMA NOVA ERA, COM NOVAS TECNOLOGIAS, NOVAS RELAÇÕES E NOVOS PARADIGMAS DE VIDA, mas o nosso compromisso continua o mesmo: a formação integral dos nossos alunos. Hoje, nos orgulhamos em ter formados gerações e gerações de anchietanos engajados em construir uma sociedade melhor.
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