Revista Anchieta - Julho 2017

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SUMÁRIO

EXPEDIENTE

EDITORIAL

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ARTIGO

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VEM AÍ

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REDE DE PAIS

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DIRETOR GERAL:

Pe. João Claudio Rhoden, SJ DIRETOR ACADÊMICO:

Dário Schneider

DIRETOR ADMINISTRATIVO:

Inácio Reinehr

CONSELHO EDITORIAL:

Pe. João Claudio Rhoden, Dário Schneider, Inácio Reinehr e Pe. João Roque Röhr. COORDENAÇÃO EDITORIAL:

Setor de Comunicação e Marketing do Colégio Anchieta REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL:

PE. JANJÃO

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VILA OLIVA

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Valéria Machado (MTB-RS 14.876) FOTOGRAFIAS:

Magis Produções, arquivos do Colégio e arquivos pessoais

ACONTECE

13 Art. 243: um filme para conscientizar

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:

Anderson Muniz - Clemente Design PRODUÇÃO GRÁFICA:

REDE JESUÍTA

Cristina Guzinski

DE EDUCAÇÃO

PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO:

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Gráfica Ideograf TIRAGEM:

4.000 exemplares

O papel utilizado na Revista Anchieta ­possui certificação FSC, sistema internacionalmente reconhecido, que identifica, através de sua logomarca, produtos ­originados do bom manejo florestal.

ESPECIAL

APM

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De mudança para o novo espaço da Educação Infantil

DESTAQUE PERFIL

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19 JESUÍTAS QUE

A REVISTA ANCHIETA é um órgão oficial de divulgação do Colégio Anchieta.

CONTATOS www.colegioanchieta.g12.br

@ anchieta_comunicacao@colegioanchieta.g12.br facebook.com/colegioanchietapoa Twitter: @AnchietaPoaRS instagram.com/colegioanchietapoa (51) 3382.6000

JORGE POLYDORO Aluno do Anchieta entre 1958 e 1967

POR DENTRO DA SALA DE AULA

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FIZERAM HISTÓRIA

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SUSTENTABILIDADE

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Formação para a sustentabilidade ambiental


EDITORIAL

Pe. João Claudio Rhoden DIRETOR GERAL

O Projeto Educativo Comum (PEC) dos colégios jesuítas do Brasil apresenta “as especificações conceituais para orientar as necessidades de renovação e qualificação nas diferentes dimensões do processo educativo”. O PEC considera quatro dimensões, entre elas, a “relação com a família e com a comunidade”. A relação com a família abre espaço e fomenta o diálogo sobre a participação na vida escolar dos estudantes. Por isso, é com alegria que apresento às famílias, alunos e antigos alunos a REVISTA ANCHIETA, como mais um importante meio de comunicação, com variada gama de informações sobre o processo educativo do Colégio, com foco na aprendizagem dos alunos. Para pais e responsáveis de alunos, com certeza, é uma nova oportunidade para acompanhar a vida escolar, bem como rever e recordar atividades nas quais os filhos participaram.

Entre os diversos temas, eventos e artigos deste número da REVISTA ANCHIETA, pelo que representam para a formação integral dos alunos, destaco: (a) o protagonismo juvenil, que traz uma abordagem sobre o envolvimento dos alunos nos processos e organização de eventos como o Magis Anchieta; (b) o Novo Espaço da Educação Infantil, apresentando as novas instalações, o processo de conhecimento e adaptação das crianças e a preparação para o início das aulas; (c) o filme Art. 243, curtametragem, uma produção da é uma nova Associação de Pais e Mestres e oportunidade do Colégio Anchieta, em com o projeto Cinema para acompanhar parceria na Escola e apoio do Ministério a vida escolar, Público, feito de pais para pais, bem como rever e sobre o drama que alerta para os recordar riscos do consumo de álcool por crianças e adolescentes. atividades das Na seção Acontece, os quais os filhos leitores poderão passear pelos participaram. principais eventos, atividades e participações do cotidiano da vida escolar, desenvolvidos e oportunizados no primeiro semestre, como: Dia de Acolhida; Semana Literária e Cultural; Celebrações de Páscoa; Páscoa Solidária; Homenagem às Mães; Por Dentro da Sala de Aula;

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Eventos Culturais e Esportivos; Projetos Missões, São Paulo; além dos prêmios Marcas de Quem Decide (Jornal do Comércio) e Top Of Mind (Revista Manhã); entre outros. Todos, além do interesse e agrado dos alunos, são atividades importantes para sua aprendizagem e formação integral. Os temas desenvolvidos na seção da Rede Jesuíta de Educação detalham o Concurso de Redação e Arte e o Sistema de Qualidade da Gestão Escolar, dos quais o Colégio participa. Na página Jesuítas que fizeram história, o autor, pela convivência de 40 anos, numa forma “virtual”, revela um pouco da vida e da obra do Irmão Willy, que merecem ser conhecidas pelo exemplo de vida de um homem simples e de fé, por todos os ex-anchietanos. Convido a vocês, alunos, pais, familiares, professores, colaboradores, antigos alunos e amigos, a mais um mergulho na vida escolar do Colégio Anchieta, para todos construtivo e, para muitos, cheio de lembranças e saudade. Em nome da Direção Geral, a gratidão pela vida, presença, exemplo e missão do querido Pe. Janjão pelos mais de 40 anos dedicados aos alunos e famílias do Colégio Anchieta.


Pe. Janjão U04.07.2017 Nesse 04 de julho, parecia que o céu estava mais azul. A luminosidade desse dia, entretanto, não refletia a alegria e nem serviu para animar milhares de anchietanos espalhados por esse mundo afora. Foi no início dessa terça-feira ensolarada que uma das melhores pessoas com quem convivemos nos deixou. A lembrança do seu sorriso nos aquece o coração e nos faz acreditar que ainda há pessoas extraordinariamente boas por aí.

NOSSO ETERNO PE. JANJÃO acompanhou muitas gerações de anchietanos. Fosse no Morro do Sabiá, na Vila Oliva ou em passeios pedagógicos, lá estava ele com sua câmera e seu bonezinho, registrando os melhores momentos e as emoções dos alunos por meio de suas lentes. Não raro alguém lhe parava no corredor para conversar e pedir aquele conselho amigo. Ao que ele pacientemente atendia, oferecendo sempre seu melhor sorriso e uma palavra de consolo.

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QUANTOS ENSINAMENTOS ESSE JOVEM SENHOR NOS PASSOU, HEIN? Ser bom, generoso e amoroso foram as primeiras lições que ele nos deixou e também as mais importantes, pois sabemos o quanto o mundo ainda precisa de pessoas assim. Ser humilde, ter empatia, ser paciente, ajudar o próximo. Ele encantava a todos com seu jeito simples de viver a vida e sua dedicação às crianças e jovens. Pe. Janjão leva um pouco de nós, mas muito dele ficará conosco para inspirar-nos todos os dias a sermos cada vez melhores. A você, eterno Janjão, somos gratos! E se o sol nos brindou com uma luminosidade especial nesse dia 04 de julho é porque você merecia ir embora como chegou: iluminado! SAUDADES PARA SEMPRE

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Quando se fala em Vila Oliva, as melhores memórias dos anchietanos vêm à tona. E Pe. Janjão sempre estará associado a esses momentos de alegria, amizade, integração e aprendizagem de valores para a vida.

Desde padre fiquei aqui e sempre aqui. E, de fato, não me arrependi, gosto do trabalho com os jovens até hoje.

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VILA OLIVA

APÓS O TEMPORAL, SOLIDARIEDADE AJUDA A RECUPERAR VILA OLIVA Há pouco mais de um mês, o Distrito de Vila Oliva, em Caxias do Sul, foi atingido por um violento temporal. Desde o dia 08 de junho, o local passou a figurar em todos os telejornais, inclusive, nacionais, como uma das catástrofes climáticas mais devastadoras dos últimos tempos. Casas foram destruídas, caminhões derrubados, árvores e postes ficaram no chão. A tristeza e o sofrimento só não foram maiores graças à generosa solidariedade de milhares de pessoas. A recuperação, mesmo lenta e ainda dependendo de auxílio, está devolvendo, aos poucos, a esperança e a alegria de vida da nossa Vila Oliva. Local que há 70 anos abriga a Casa da Juventude Joanin Rossetti, também conhecida como Vila Oliva, ou simplesmente Vila, por gerações e gerações de anchietanos. Um verdadeiro mutirão de solidariedade formou-se para apoiar as famílias que ficaram desabrigadas por conta do temporal. E é preciso registrar aqui a gratidão a todas as famílias anchietanas, ex-alunos, professores e colaboradores que de uma forma ou de outra contribuíram para tornar esse momento

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menos doloroso àqueles que perderam tudo. Na Casa da Juventude, como já divulgado nas redes sociais, houve muitos danos: ginásio de esportes completamente arrasado; casa do zelador destruída; a casa nova com muitos danos, sobretudo, no telhado, nas janelas e nas portas; a casa antiga teve alguns danos no telhado e algumas laterais, porém, continua interditada. O sistema elétrico e de abastecimento de água foram os menos afetados. Finalmente, houve uma devastação vegetal, com centenas de pinheiros e outras árvores caídas, quebradas e espalhadas. As primeiras providências, como o acesso, a limpeza interna e nos arredores da casa, a moradia provisória do zelador e a recuperação dos telhados, portas e janelas, já foram tomadas. Também está em fase de conclusão o projeto da nova casa do zelador. Para a recuperação da casa nova, prevê-se um período de três meses. Em relação a um novo ginásio, a Direção do Colégio está definindo os critérios que deverão orientar a elaboração do projeto. As obras do ginásio de esportes, da casa do zelador e a

Um verdadeiro mutirão de solidariedade formou-se para apoiar as famílias que ficaram desabrigadas por conta do temporal. recuperação ambiental continuam na dependência das respectivas autorizações, tanto do seguro como dos órgãos públicos pertinentes. Todas as programações agendadas, anteriormente ao sinistro, como novos agendamentos, continuam suspensos por tempo indeterminado. O retorno das programações e novas agendas serão comunicados logo que as condições da casa nova e o ambiente externo o permitirem. A Vila Oliva ou simplesmente Vila, continuará a sua missão de oferecer, a famílias anchietanas, a atuais alunos, a antigos alunos e a grupos relacionados ao Colégio, ricas oportunidades de lazer, convivência, formação e espiritualidade.


APM

ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES

do Colégio Anchieta apresenta ações do 1º semestre No início do ano letivo, a Associação de Pais e Mestres esteve presente na adaptação dos alunos da Educação Infantil, acolhendo as famílias com uma boa conversa e um chimarrão. Aproveitamos esse tempo para trocar experiências, contar um pouco sobre os projetos e ações que são realizadas durante o ano, incentivando a participação das famílias junto ao Colégio Anchieta, acreditando que este é um caminho que deve ser trilhado desde cedo.

N

este ano, a 3ª edição do Brechó Solidário superou as expectativas de arrecadação e venda de roupas, acessórios e calçados. Durante os dois dias do Brechó, a Sede da APM esteve bastante movimentada pelas famílias que valorizam a solidariedade e também a sustentabilidade. O Amparo Santa Cruz foi a instituição beneficiada neste ano e as obras de recuperação já estão acontecendo. Esta ação é mais uma demonstração de união e envolvimento da Comunidade Anchietana. Durante a Semana Literária aconteceu o 4º Sarau Cultural promovido pela APM, reunindo professores, pais e alunos que mostraram seus talentos artísticos no palco do Prédio A. Mais uma oportunidade de integração e cultura que nos proporcionou momentos emocionantes! Desde julho de 2016, a APM e o Colégio Anchieta estão envolvidos na produção de um curta-metragem voltado à conscientização dos pais sobre a prevenção do uso de álcool por adolescentes. O produtor Ricardo Martinez Fagundes ministrou oficinas, preparando o elenco e a equipe de apoio, formada por pais e professores. O roteiro foi criado com o auxílio de especialistas na área de educação, a fim de contemplar diversos aspectos desse relevante tema. O objetivo é elucidar os mecanismos desse conflito na vida do jovem e sua família e apontar o caminho que os

Brechó Solidário

Na Festa Junina deste ano, a comunidade anchietana mobilizou-se mais uma vez, atendendo prontamente as famílias atingidas... pais devem seguir. No dia 20 de junho, o filme “Art. 243”, foi entregue ao Ministério Público. A produção também foi pauta da V Jornada da Rede de Pais do Colégio Anchieta, e, posteriormente, será liberado pelo site Cinema na Escola distribuído para as instituições de educação de todo o país. Na Festa Junina deste ano, a comunidade anchietana mobilizou-se mais uma vez, atendendo prontamente as famílias atingidas pelo temporal em Vila Oliva. As arrecadações foram tão expressivas que contemplaram também as instituições vinculadas ao projeto Família Anchietana Solidária. Alimentos, produtos de higiene, roupas, utensílios, cobertores, entre outros, foram recolhidos e entregues durante toda a semana seguinte. E nossas ações continuam acontecendo! Família Anchietana no Esporte no primeiro e terceiro sábado do mês; Missa da Família Anchietana com a Hora das Ovelhinhas, no primeiro domingo do mês; Bazar das Mães, que ocorreu em maio; e as reuniões mensais da Rede de Pais, que acontecem na Sede da APM!

Bazar das Mães

Festa Junina

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PERFIL ANCHIETANO

JORGE POLYDORO Aluno do Anchieta entre 1958 e 1967

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o gosto pelas aulas de desenho e de português no Colégio Anchieta, ele acabou seguindo a área da Arquitetura e, logo depois, da Comunicação. Jorge Polydoro hoje dirige o Grupo Amanhã, grupo de comunicação corporativa integrada que abrange as áreas de negócios, empreendedorimo, gestão, inovação e outros aspectos da economia, com foco na Região Sul do Brasil. Foi após a entrega do Prêmio Top of Mind da Revista Amanhã que identificamos que Polydoro é anchietano e, com muito gosto, aceitou participar dessa entrevista. REVISTA ANCHIETA | Em que período

­estudaste no Anchieta?

JORGE POLYDORO | Estudei no

Anchieta entre 1958 e 1967. De 1958 a 1963 no velho e belo prédio da Rua Duque de Caxias, no Centro Histórico. E de 1964 até 1967 no “novo Anchieta”, na Avenida Nilo Peçanha, onde está até hoje. 10

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À frente do Grupo Amanhã, Polydoro deixou a Arquitetura para dedicar-se à Comunicação.

RA | Quais são tuas principais lem-

branças do Colégio? JP | Muita atividade ligada ao Colégio. Além de estudar, fazia parte da educação dos jesuítas naquela época participar de várias atividades entre turmas da mesma série. Toda terça-feira, por exemplo, íamos para a “Casa da Juventude”, no Morro do Sabiá, jogar futebol. Naquele dia, almoçávamos no Colégio e, logo depois do almoço, entrávamos no Tartaruga – apelido do ônibus do próprio Colégio – e rumávamos para a Zona Sul. Havia várias programações religiosas e esportivas, como o dia de Santo Inácio, fundador dos jesuítas. Eu e um grupo de colegas mais próximos atuávamos no Grêmio Estudantil e, nas férias, passávamos períodos em Vila Oliva, na Serra Gaúcha. RA | De que locais mais gostavas? JP | No prédio da Duque, cada série, no máximo duas, ocupava um andar e tinha seu próprio pátio. O “recreio” era um momento de integração e muita brincadeira. Já na Nilo Peçanha,

tínhamos apenas um grande pátio comum – na época havia apenas o prédio principal – e lá aconteciam todas as atividades coletivas. Em seguida, surgiu o campo de futebol, onde vivemos grandes aventuras esportivas e marquei alguns gols históricos... RA | E as tuas disciplinas favoritas?

JP | Eu gostava das aulas de portu-

guês, desenho e geografia. Gostava de desenhar mapas e escrever. Mas a “Educação Física” era um caso à parte: dez minutos de exercícios físicos e depois futebol! RA | Ainda manténs contato com

­ex-colegas? Quais? JP | Neste 2017, minha turma vai completar 50 anos de formatura. E, claro, vamos realizar um encontro como em todos os anos “cheios”. É o momento de rever os amigos que ainda estão por aqui, que são muitos. Fora das comemorações, encontro poucas vezes meus ex-colegas, mas posso citar alguns com quem tenho contatos eventuais: Raul Rechden,


Todos os anos, a Revista Amanhã promove o Prêmio Top of Mind, que destaca empresas, marcas e líderes de Porto Alegre e do RS.

João Klee, Luiz Carlos Flores, Carlos Alberto Castro, Cláudio Pedone e Arthur de Queiroz. RA | O Colégio influenciou a tua escolha profissional de alguma forma? JP | O Anchieta era e é um grande colégio. Mesmo liderado pelos jesuítas (ou talvez por isso), que ocupavam os cargos de liderança (reitor, diretor, secretário, regente) e também eram professores de várias disciplinas, o Colégio sempre foi bem organizado. Cumpria a missão de educar e passar valores para seus alunos. O fato de ser um colégio católico não impedia que, internamente, convivêssemos com educadores com ideologias diferentes. Haviam padres e diáconos conservadores e progressistas, para usar os jargões da época. Alguns deles me marcaram. Um deles é meu amigo até hoje: Luiz Osvaldo Leite, professor de filosofia e ex-diretor da OSPA. Saí do Anchieta para fazer o vestibular de arquitetura. Fiz a arquitetura com olhar no design e acabei reunindo o que aprendi nos bancos do colégio com meus mentores, universidade e atividades profissionais precoces para atuar e me desenvolver no campo da comunicação. RA | Há histórias peculiares? JP | Todas as séries tinham os seus padres “espirituais”, que faziam um acompanhamento da vida pessoal e religiosa, ou não, dos estudantes. Lembro de vários deles, como o padre

“Assis”, que em retiros na Vila Oliva, na Vila Manresa, nos fazia ouvir durante as refeições a história da vida da Santo Estanislau Kostka, um polonês, mártir jesuíta, que “morreu com a cruz cravada no peitcho”, conforme seu carregado sotaque alemão. Tivemos outros, como o padre Roque Konzen, o emblemático padre Walter, que tinha um viés de esquerda, e o padre Marocco, identificado com o pensamento de direita. Mas quem me marcou pela visão aberta, mente inquieta, sempre ligado nas inovações da sociedade e tendências globais, foi o Luiz Osvaldo Leite, que depois deixou a batina, e casou-se com a ex-madre da Ordem de freiras que também atuavam no Colégio. Os dois se mantiveram católicos praticantes e o Leite continuou próximo aos jesuítas e ao Colégio. Somos amigos no Facebook e ele certamente estará na festa dos 50 anos da nossa turma. RA | Deixa uma mensagem para nossos alunos: JP | Minha formação se deve muito ao que aprendi no Anchieta. Tive muitas experiências boas e algumas decepções, como ocorre em tudo na vida. Lembro com saudade de alguns educadores da época, como o Pe. Schimitão – como o chamávamos –, jesuíta, professor de química e uma referência como mestre e pesquisador. O professor Agostinho, de português, e a grande figura de líder do colégio,

PERFIL ANCHIETANO

Lembro com saudade de alguns educadores da época, como o Pe. Schimitão – como o chamávamos –, jesuíta, professor de química e uma referência como mestre e pesquisador.

falecido precocemente, o também jesuíta conhecido por todos como Paulão, o padre Paulo Englert, que depois se tornou Provincial dos jesuítas no Sul. Sempre procurei estar próximo do Anchieta, sendo que um dos meus filhos esteve no colégio nos dois últimos anos do segundo grau. Sei que o Colégio tenta se manter na vanguarda do ensino no Rio Grande do Sul. Está sempre se atualizando, incentiva a participação dos estudantes e seus pais na evolução de suas práticas pedagógicas e na construção de um ambiente interno alinhado com as tendências contemporâneas, sem abrir mão de seus princípios e valores. O Grupo AMANHÃ acaba de divulgar a pesquisa Top of Mind de Porto Alegre onde o Anchieta é o colégio particular mais lembrado da cidade. Ou seja, como há 60 anos, quando me tornei aluno, o Anchieta é uma referência em educação. Tenho muito orgulho de ter sido e, de certa maneira, continuar sendo, um anchietano.

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ARTIGO

PROTAGONISMO JUVENIL E A BUSCA PELO MAGIS O presente artigo, no mesmo sentido em que se propõe à breve conceituação do protagonismo juvenil, também evidencia o jovem como aquele capaz de promover as mudanças que nossa sociedade tanto anseia. A juventude catalisa grande parte das novas significações advindas da pós-modernidade. palavra protagonismo vem do grego e, associada à juventude, compreende o jovem como ator principal das ações que dizem respeito a problemas concernentes ao bem comum. Pressupõe-se a participação do jovem para a resolução de problemas reais, o que compreende uma mudança cultural na qual o jovem deixa de ser rotulado como um problema para tornar-se solução. Nesse contexto, qual seria o papel da escola? O Projeto Educativo Comum (PEC) nos impele a refletir sobre o aluno que desejamos formar. Dessa inquietação, brota o desejo da formação de pessoas conscientes, competentes, comprometidas e compassivas. Mas qual caminho seguir? Com certeza, precisamos resgatar a centralidade do aluno como protagonista de seu processo formativo. A nova conjuntura desafia a escola a se reinventar, uma vez que essa precisa adequar-se às novas realidades, a fim de superar antigas concepções que não respondem mais aos anseios do aluno e da própria sociedade. Cabe à escola muito mais o papel de tornar-se um grande laboratório para a formação cidadã. Por isso, a ação pedagógica deve provocar estratégias que coloquem o aluno numa atitude de centralidade e que apontem para a ação e a responsabilidade. Há que se superar o equívoco comum de uma atuação simbólica do aluno. Essa deve ser a fonte da iniciativa, sua decisão deve ser

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consciente e livre. A escola deve criar espaços que possibilitem aos alunos a criação e a construção de sua identidade. As ações devem desencadear a formação da competência pessoal (aprender a ser), competência social (aprender a conviver) ; competência produtiva (aprender a fazer), e a competência cognitiva (aprender a aprender). Uma educação voltada ao protagonismo juvenil é mais que a simples assimilação conceitual, é uma questão de ética, na qual aceitamos a dignidade da juventude e nos propomos a contribuir para a educação transformadora. No Colégio Anchieta, os projetos da Simulação Interna das Nações Unidas (SINU), Voluntariado e o Magis Anchieta são exemplos de que uma educação voltada ao protagonismo jovem é possível. Todas as propostas são pautadas por metodologias de trabalho que trazem o aluno para o centro do processo e, através da orientação dos professores, encontram espaço para o desenvolvimento da criatividade a partir de desafios atuais. O exercício crítico da leitura da realidade possibilita a formação de jovens capazes de respostas às muitas ­perguntas da sociedade atual. Cada projeto tem seu caráter e objetivos próprios – ­formação de lideranças; formação cidadã; o olhar sobre a complexidade da política nacional e internacional, bem como a proposta de fomentar novas ideias através da partilha de experiências –, mas todos são perpassados por metodologias centradas no protagonismo do aluno. A exemplo desses, há que se fomentar muitos outros projetos. Uma escola que tenha como perspectiva o protagonismo de seus alunos estará contribuindo para que esses desenvolvam o seu melhor, ou seja, o Magis. São experiências que desencadeiam a elaboração de projetos de vida voltados a servir aos outros. É um convite a ser mais para e com os demais!

Marcio Longhi

COORDENADOR DO SOREP

(...) a ação pedagógica deve provocar estratégias que coloquem o aluno numa atitude de centralidade e que apontem para a ação e a responsabilidade.


ACONTECE

FEVEREIRO

MARÇO

DIA DA ACOLHIDA

Já pensou iniciar o ano letivo de uma forma mais interessante e divertida, incluindo atividades sobre arte, cultura, esporte e ciência? Assim foi o Dia de Acolhida, que aconteceu no dia 14 de fevereiro e abriu o ano letivo de 2017. Além das Vivências oportunizadas no Ginásio de Esportes, Museu Anchieta, Laboratórios, Matão, Biblioteca e Igreja da Ressurreição, pais e alunos ainda puderam aproveitar os Espaços de Interação, como os painéis de post-its, caçapalavras, paredes para colorir, quebra-cabeças e um ábaco. A inspiração veio do Movimento Maker, proposta que valoriza a criação individual ou coletiva, o famoso “faça você mesmo”.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

No Dia Internacional da Mulher, os alunos da 3ª Série do Ensino Médio homenagearam personagens femininas importantes da história A filósofa e economista Rosa de Luxemburgo, a pintora Frida Kahlo, a jogadora de futebol Marta Vieira da Silva, a ativista Maria da Penha, a compositora Chiquinha Gonzaga e a bióloga Bertha Lutz subiram ao palco para contar um pouco da sua trajetória de lutas pelos direitos femininos nas diferentes áreas.

PRÊMIO MARCAS DE QUEM DECIDE

O Colégio Anchieta é a marca mais lembrada do Rio Grande do Sul, na categoria Ensino Médio, conquistando mais uma vez o Prêmio Marcas de Quem Decide, que já está em sua 19ª edição. A pesquisa, realizada pelo Jornal do Comércio e pela Qualidata, também indicou que o Anchieta é líder na preferência e na lembrança pelo sexto ano consecutivo, quando consideradas Capital e Região Metropolitana. Concorrendo, inclusive, com redes de escolas, o Colégio mantém a tradição de destacar-se anualmente na pesquisa. JULHO DE 2017 |

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ACONTECE

ABRIL CELEBRAÇÕES DE PÁSCOA

#TODOSSOMOSTIERRA

O aluno Pedro Martello Marques, da turma 30A, foi o autor da foto que conquistou o segundo lugar na categoria “Las maravillas del agua” no concurso #TodosSomosTierra, lançado pela Federação Latinoamericana de Colégios Jesuítas (FLACSI). O concurso cultural, realizado no Instagram, foi proposto para celebrar o Dia da Terra e os participantes deveriam postar imagens em que interagissem com algum espaço natural e marcar com a hashtag #todosomostierra.

19ª SEMANA LITERÁRIA E CULTURAL

Uma das datas mais importantes do calendário cristão, a Páscoa no Colégio Anchieta tem uma programação especial. Os alunos participaram de celebrações na Igreja da Ressurreição, prepararam cestas de doces para doação às entidades assistidas pelo Colégio e, por meio de atividades diversas, aprenderam o real significado desse dia. A equipe do Serviço de Orientação Religiosa, Espiritual e de Pastoral (SOREP) também produziu uma série de mensagens em áudio, as Meditações Pascais, como forma de preparação para a data.

De 03 a 07 de abril, o Colégio Anchieta realizou mais uma Semana Literária e Cultural, com uma programação intensa e especial para cada Ano/Série. A homenageada do evento esse ano foi a escritora e jornalista Cíntia Moscovich, patrona da Feira do Livro de Porto Alegre de 2016. Entre as atividades, destacou-se “Cantando o Brasil” com o professor Ramiro Bicca; o encontro com os sobreviventes do Holocausto; contação de histórias; encontro com escritores e o lançamento do livro do 4º Ano de 2016 Conviver é viver com e do e-book Memórias Anchietanas, dos alunos da 3ª Série do EM de 2016.

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| REVISTA ANCHIETA

FORMAÇÃO INTEGRAL

As alunas Clara Chitolina, Martina Ely e Priscila Janssen receberam o certificado de participação no 1º Encontro de Formação Integral da Rede Jesuíta de Educação, que aconteceu em outubro de 2016, no Colégio Loyola, em Belo Horizonte (MG). O evento reuniu 45 alunos do Ensino Médio de todas as unidades da RJE com o objetivo de fortalecer as dimensões espiritual, social e humanoafetiva, incentivando o protagonismo juvenil e a reflexão.


ACONTECE

MAIO

JUNHO CAMPANHA DO AGASALHO

O Colégio Anchieta e a Unisinos uniram esforços na Campanha do Agasalho, uma iniciativa que mobiliza anualmente toda a comunidade educativa em prol das entidades assistidas pelo Colégio. Os pontos de arrecadação ficaram distribuídos nas salas do SOREP, no Anchieta, e no Campus Unisinos Porto Alegre. Grande parte da arrecadação foi encaminhada para os moradores de Vila Oliva, em Caxias do Sul.

HOMENAGEM ÀS MÃES

Elas ganharam café da manhã, mimos, apresentações artísticas e muito carinho nesse mês de maio. Junto com as equipes de série, os alunos prepararam momentos especiais para homenagear as mães.

SEMANA DOS MUSEUS

Uma amostra do acervo do Museu Anchieta de Ciências Naturais veio parar no hall do Prédio A durante a 15ª Semana Nacional de Museus. O Gavião-real foi a grande atração da mostra. O exemplar foi coletado vivo em 1938, em uma propriedade rural de Gravataí e, em 1940, foi taxidermizado e, desde então, encontra-se no Museu. Mais de mil museus de todo o país participaram da Semana Nacional de Museus, oferecendo ao público atividades especiais como visitas mediadas, palestras, oficinas, exibição de filmes e mostras. O evento acontece todos os anos, para comemorar o Dia Internacional de Museus, no dia 18 de maio.

VOLEIBOL FEMININO

No dia 03 de junho, a equipe mirim de voleibol do Colégio participou da primeira fase do Grand Prix de Vôlei no Lindóia Tênis Clube. As meninas ficaram com a classificação para a série prata.

VOLEIBOL MASCULINO

A equipe infanto masculina de Voleibol do Colégio participou do 1º turno do Grand Prix de Vôlei 2017. Os anchietanos saíram invictos, com 4 vitórias! O segundo turno será no segundo semestre.

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ACONTECE

JUNHO FESTA DA FAMÍLIA

Uma data para celebrar a Família! Assim foi o Dia da Família dos alunos das 1ª e 2ª Séries do Ensino Médio, que, junto com as equipes de série, receberam familiares com apresentações artísticas e um café de integração nos dias 22 e 29 de junho. Já os alunos do 7º Ano comemoraram a Festa da Família no dia 12 de julho, também com programação cultural para toda a família.

FESTA JUNINA

A Festa Junina 2017 foi um verdadeiro sucesso! No dia 10 de junho, a comunidade anchietana aproveitou o sol para participar do evento, que ocorreu no Centro Esportivo do Colégio. Teve apresentações artísticas dos alunos e do Show Musical, comidas e brincadeiras típicas, food trucks e muita diversão. Na ocasião, a APM, em uma campanha lançada em conjunto com o Anchieta, arrecadou doações para a comunidade de Vila Oliva.

DIA DE SÃO JOSÉ DE ANCHIETA

Para comemorar o Dia de São José de Anchieta, patrono do Colégio, os alunos participaram de várias celebrações na Igreja da Ressurreição. A Educação Infantil também preparou atividades para ensinar aos alunos sobre a vida do santo jesuíta. São José de Anchieta foi canonizado em 2014 pelo Papa Francisco.

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PRÊMIO DA REVISTA AMANHÃ O Colégio Anchieta é a marca mais lembrada na categoria Escola Particular em Porto Alegre, conquistando o Prêmio Top Of Mind, uma iniciativa da Revista Amanhã em parceria com a Segmento Pesquisas. A entrega do prêmio aconteceu no dia 22 de junho, na Sogipa, com a presença da Direção do Anchieta e representantes da APM, Centro dos Funcionários (CEFUCA), Centro dos Professores (CPCA) e do setor de Comunicação e Marketing.


ESPECIAL

DE MUDANÇA PARA O NOVO ESPAÇO DA EDUCAÇÃO INFANTIL As salas de aula já estão prontas e equipadas. As pracinhas, quadras e salas para aulas especializadas estão devidamente finalizadas para proporcionar brincadeiras, atividades e muita aprendizagem. A pouco menos de um mês para sua inauguração, o Novo Espaço da Educação Infantil está passando pelas etapas de finalização, incluindo organização e limpeza do local, que irá acolher pequenos alunos curiosos e cheios de expectativas com os novos ambientes. O novo espaço, que abrange 8.804m², contou com planejamento de um grupo de trabalho, que incluiu Direção, a área pedagógica e setores de apoio para refletir e trabalhar em questões como a identidade visual adequada para os ambientes e arquitetura de interiores, a partir do conhecimento sobre aspectos da infância, da faixa etária e do projeto educativo do Colégio. Para a Coordenadora de Unidade de Ensino da Educação Infantil ao 5º Ano, Tatiane Ayala, o percurso do trabalho teve como motivação manter a qualidade de ensino já praticada. “O maior desafio para nós, ao nos empenharmos nessa nova jornada, foi manter a mesma motivação e qualidade no atendimento aos alunos, que já são características da atual Educação Infantil. A transição é um fato histórico, que está

O maior desafio para nós, ao nos empenharmos nessa nova jornada, foi manter a mesma motivação e qualidade no atendimento aos alunos...

Vista interna do no espaço, que contará com estacionamento exclusivo.

TATIANE AYALA

Coordenadora de Unidade de Ensino da Educação Infantil ao 5º Ano

sendo vivido intensamente por toda comunidade educativa”, salientou. Entre os destaques do Novo Espaço da Educação Infantil, o novo salão de recepção traz cores e ilustrações específicas, que também estão presentes nas salas de aula, uma forma de facilitar a identificação dos espaços pelas crianças. Além disso, os alunos contarão com diversos espaços ao ar livre, incluindo uma pequena arena, que fica no centro do prédio. A capela, a biblioteca, as salas de aula especializadas e a cozinha com refeitório também são diferenciais do prédio. A transição dos materiais para Biblioteca será feita durante o recesso de inverno.

Fachada do novo prédio.

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ESPECIAL

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Novo salão de recepção traz cores e ilustrações das salas de aula.

PREPARA OS ALUNOS PARA A MUDANÇA Conhecer o novo espaço e os ambientes que o compõem é fundamental para as crianças, que agora precisam adaptar-se e apropriar-se desses locais. Por isso, a equipe da Educação Infantil e os representantes dos professores organizaram um roteiro de visitas de exploração ao novo espaço, contemplando estratégias de reconhecimento e o início da nova adaptação. O trabalho começou com os Serviços que, no decorrer do mês de maio, conheceram os espaços mobiliados para posteriormente elaborar estratégias para visitas dos demais professores, alunos e famílias. Logo após, os educadores e monitores foram convidados a fazer essa visita guiada para poder conhecer os ambientes e pensar rotinas de trabalho e deslocamento pelos locais novos. Para sensibilizar os alunos para essa mudança, todo um trabalho foi desenvolvido pela equipe de série da Educação Infantil. Teve contação de histórias, diálogos, apreciação de imagens e produções plásticas. No primeiro momento, planejou-se piqueniques e brincadeiras no pátio. Depois, as turmas participaram de 18

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aulas nas novas salas de Educação Física, Música e Movimento, Língua Inglesa e Linguagem Digital. Segundo a Orientadora Educacional, Luciane Costa dos Santos, o objetivo era relacionar a mudança com os sentimentos dos pequenos, validando o que sentiam e permitindo que se expressassem. “Procuramos trabalhar quais sentimentos a mudança poderia trazer, usando o exemplo de colegas que já tiveram essa experiência, mudando de casa ou cidade. Refletimos com eles sobre a variedade de sentimentos, de poderem sentir saudades do espaço em que antes estudaram, que era natural e que poderiam sempre voltar a visitá-lo”, explicou. Em julho, as famílias deverão ser acolhidas no novo espaço e contarão com as crianças como guias nesse passeio. A ideia é propor um happy hour, que inicia no recreio dos alunos e vai até o final do turno. “Estamos felizes com o resultado e com grandes perspectivas para a retomada das atividades. É muito importante deixar registrada aqui a nossa gratidão por todos que contribuíram nesse processo”, completa Tatiane.

Procuramos trabalhar quais sentimentos a mudança poderia trazer, usando o exemplo de colegas que já tiveram essa experiência... LUCIANE COSTA DOS SANTOS Orientadora Educacional da Educação Infantil


DESTAQUE

O Magis Anchieta 2017 contou com 13 speakers, sendo uma surpresa.

MAGIS ANCHIETA: inovação, inspiração e ideias transformadoras Você aí já se imaginou participando de uma competição como o IronMan Triathlon, na qual você tem que percorrer aproximadamente 4km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida? O produtor audiovisual Franck Rebello, de 39 anos, jamais imaginava. Ele abandonou o sedentarismo e tornou-se um atleta de alto impacto. Tudo com muita determinação e foco.

O Magis, para mim, não foi apenas um evento, foi uma experiência de vida... MARIA EDUARDA GUIOT

Diretora de Maketing do Magis

Essa e outras histórias inspiradoras foram compartilhadas com o público presente no Auditório 1 do Colégio Anchieta no dia 28 de junho, ocasião da primeira edição do Magis Anchieta, um evento que buscou trazer inspiração e provocar reflexões sobre diversos temas da atualidade. Seguindo a metodologia dos talks de organizações como TED, o evento de 2017 teve como tema Efeito Dominó, ou seja, como pequenas ações podem contagiar e causar grande impacto. O Magis Anchieta é um evento totalmente organizado pelos alunos do 9º Ano, com apoio de

alunos do Ensino Médio e de uma equipe de professores. Todo o processo de gestão do evento oportunizou aos alunos desenvolverem habilidades e capacidades em áreas como marketing, captação de recursos, produção e organização. “O protagonismo e a autonomia dos alunos, o empreendedorismo social e a formação de pessoas na perspectiva dos 4 Cs acontecem de uma maneira muito natural e, ao mesmo tempo, intencional e planejada”, pondera o professor Silvio Almeida, Coordenador Geral do projeto. A seriedade com que os alunos encararam o desafio podia ser verificada em cada detalhe do evento: o monitoramento das apresentações na parte técnica, a organização nos bastidores, o corre-corre para resolver os imprevistos.

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Conheça os speakers e os assuntos abordados nesta edição: FERNANDO BRUM Professor de literatura: O papel humanizador da leitura , com a participação especial da colaboradora de serviços gerais Roberta Lima Barbosa, que contou sobre sua relação com os livros. ALEXIA UTZ ex-aluna do Colégio Anchieta: Voluntariado Experiências que mudam vidas sobre o trabalho como voluntária em um orfanato no México. BERNARDO PACHECO professor da EMEF Santa Rita de Cássia, de Guaíba: Poesia e Rugby , sobre os projetos desenvolvidos na escola como “Poema falado” e “Rugby escolar”. BERNARDO HAAS ex-aluno do Colégio Anchieta: Empreendedorismo: uma nova cara para a empresa , sobre sua experiência na área empresarial.

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APRESENTAÇÕES CULTURAIS:

§ LUMI, participante do The Voice Brasil 2016: ele leva sua mensagem às pessoas através da música. § Stand-up comedy O Nervosismo, com Daniel Tirado. § Banda dos alunos do 8º Ano § Rap – Desigualdade – Igor, Bruno, Tomaz e Gustavo, do 7º Ano Segundo a aluna Valentina Zanardi, Diretora Geral do Magis Anchieta 2017, a oportunidade de dirigir o evento mudou sua vida. “Só quem participa do Magis entende a loucura que é e o orgulho que sentimos do resultado: um evento mais que perfeito e bem organizado. As equipes se esforçaram tanto para tornar o Magis possível e foi um prazer poder dirigi-las. Eu agradeço muito a todos da produção por votarem em mim e me darem a oportunidade de ser Diretora Geral e ao Silvio por ter nos introduzido a essa experiência, que foi uma loucura, e uma mudança ótima em nossas vidas”, conta. A aluna Maria Eduarda Guiot, que foi Diretora de Marketing e speaker surpresa, conta sobre os laços estabelecidos a partir dessa experiência. “O Magis, para mim, não foi apenas um evento, foi uma experiência de vida, formamos uma família, que estará sempre unida. Pois, além do trabalho, fizemos muitas amizades e compartilhamos vários sentimentos. O Magis vai ficar, com certeza, marcado nas nossas vidas”, garante.

O participante Franck Rebello ficou impressionado com a produção do evento pelos alunos. “Poder compartilhar um pouco da minha experiência de vida, trocar vivências e conhecimentos com os adolescentes foi uma experiência incrível. A maturidade com que produziram e protagonizaram o evento me chamou a atenção e me deixou impressionado, assim como os assuntos selecionados por eles. Foi um momento enriquecedor, que levarei comigo para sempre”, afirma. Para a Alexia Utz, que participou de um trabalho voluntário no México, a ideia era mostrar um pouco do que é o mundo globalizado. “Coloco-me um pouco no lugar dos alunos quando eu tinha 14, 15 anos. Nessa idade ainda somos bastante protegidos, não temos muita ideia de quão grande é o mundo. Então, queria mostrar um pouquinho do que esse mundo globalizado tem para nos oferecer. Fico bastante emocionada de poder impactá-los de alguma forma”.


CAROLINA GARCIA Presidente do GEA e aluna: Protagonismo juvenil , sobre como os jovens podem fazer a diferença no meio em que vivem. FELIPE MENEGOTTO professor de Física do Colégio Anchieta: Inteligência Artificial: robôs podem aprender? sobre estudos e importância da inteligência artificial.

ALUNOS E EX-ALUNOS ENVOLVIDOS NA ORGANIZAÇÃO DO MAGIS ANCHIETA 2017: §§ Pedro Bugarín Rimoli §§ Ana Luísa Damiani §§ Sarah Tr`abajara Faggion §§ Betina Barcaro Aguzzoli §§ Maria Eduarda Sotille Lopes §§ Laura Heck Zettermann §§ Paula Engel Martini §§ Artur Fernando Sanco Brito §§ Maria Eduarda Magalhães Mendonça §§ Laura Boff de Paulo §§ Maria Eduarda de Andrada Krey Beylouni §§ Luisa Berté Hilário

§§ João Pedro Ferraz Fernandes §§ Michelle Ferreira Paranhos §§ Nina Milanez Peña Schiavi §§ Tami Hasse §§ Laura Mendonça Menke §§ Lucca Guinter Muccillo §§ Lorenzo Ribas Leite §§ Paula Algeri Roithmann §§ Carolina Paz Comerlatto §§ Gustavo Flores Ramos §§ Juliano Flores Ramos §§ Guilherme Lobachelo §§ Gabriel Telles Ramalho

§§ Breno Hennes Schuck §§ Lucchiana Resmini Soares §§ Ronald Enrique Aguirre Zerpa §§ Isadora Martinewski Fonseca §§ Valentina Pereira Zanardi §§ Maria Fernanda Gonçalves Meirelles Fernandes §§ Bruna Tacques Caminha §§ Lívia Dietrich de Morais §§ Fernanda Schutz Lobelcho §§ Maria Eduarda Ferreira Martins Pereira §§ Ana Paula Teixeira Sukiennik §§ Gabriel Marcon Porto §§ Laura Drehmer Albersheim Dias §§ Manoela Schmidt Saldanha §§ Isabella Kunzler Dantas §§ Maria Eduarda Santos §§ Natália Lucena Lagoas §§ Bárbara Dick §§ Carolina Dib Azambuja §§ Priscila De Marchi Janssen §§ Natalia Pritsch §§ Giulia Borba §§ João Zaffari

FRANCK REBELLO produtor audiovisual: Mudança de vida: do sedentarismo ao atleta de alto impacto sobre obesidade, esporte, saúde, determinação e foco. GABRIELA BETTANIN aluna do 9º Ano: Lições de vida: a superação das dificuldades, sobre sua história de superação. A aluna Vivian Veríssimo, também do 9º Ano, falou sobre valorização da vida. ISABELLA MOTTA ex-aluna do Colégio Anchieta: O que vou ser quando crescer? sobre a escolha profissional e o futuro. LETÍCIA RAUPP aluna da 1ª Série do EM: Vegetarianismo sobre esse estilo de vida e como ele a afeta.

A criação do cenário contou com a participação dos alunos.

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POR DENTRO DA SALA DE AULA

Produção artística do 6º ano sobre os indígenas.

EXPERIÊNCIAS DE TRANSVERSALIDADE O Serviço de Orientação Pedagógica do Anchieta destaca algumas atividades e projetos desenvolvidados a partir da perspectiva da transversalidade

A transversalidade, como prática educativa, contribui para a viabilização da educação integral do indivíduo... DÓRIS TRENTINI

Coordenadora do Serviço de Orientação Pedagógica

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Um conteúdo transversal é aquele que perpassa diversas áreas, permitindo que o aluno consiga enxergar de forma mais ampla a realidade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) trazem a aplicação do conceito de transversalidade curricular como um importante caminho de abertura à renovação pedagógica. O conceito inclui tanto o trabalho que envolve a integração de diferentes componentes curriculares em projetos comuns quanto a inserção de uma série de temas sociais relevantes que passam a ser contemplados pelo currículo, como é o caso de questões envolvendo ética, saúde, meio ambiente e pluralidade cultural. Para a Coordenadora do Serviço de Orientação Pedagógica do Colégio Anchieta, Dóris Trentini, a transversalidade possibilita a formação integral do aluno, objetivo central do Colégio Anchieta enquanto colégio jesuíta. “A transversalidade, como prática educativa, contribui para a viabilização da educação integral do indivíduo, uma vez que amplia o currículo, não se restringindo ao estudo dos conteúdos tradicionais isolados em disciplinas estanques, mas abrindo-se para o contexto”, explica. São muitas as iniciativas que já estão acontecendo no Anchieta dentro dessa perspectiva, segundo a Orientadora Pedagógica Maria Isabel Xavier. “A ideia que permeia todos esses trabalhos é que se possibilite um maior protagonismo dos alunos, bem como o desenvolvimento de sua criatividade e criticidade”, pontua. Confira a seguir projetos que seguem a linha da transversalidade.


POR DENTRO DA SALA DE AULA

UMA VIAGEM ATÉ AS MISSÕES VISITA À QUINTA DA ESTÂNCIA GRANDE Este trabalho, desenvolvido pelo 4º Ano do Ensino Fundamental, visa proporcionar uma vivência aos alunos sobre como eram os primeiros habitantes do Rio Grande do Sul (localização, moradia, hábitos, costumes, alimentação, etc.). Durante o passeio, os alunos participam do “Programa Povos Indígenas”, no qual entram em contato com um grupo de indígenas da Reserva da Estiva (aldeia Mbyá Guarani), em Viamão. Os alunos têm a oportunidade de conversar com crianças indígenas, interagir através da brincadeira “Gato e Rato” (brincadeira indígena que estimula a atenção, força e união), observar rituais como o batismo indígena, apreciar música e dança indígena. Outro lugar apreciado pelas crianças é uma aldeia modelo com ocas parecidas com as utilizadas pelos primeiros habitantes do estado. Nessa aldeia modelo, os alunos degustam comidas típicas indígenas, feitas na brasa do fogo de chão. Os alunos são acompanhados por guias que explicam a cultura dos povos indígenas no museu itinerante “Povos Pré-Históricos do RS”. Além disso, visitam um sítio arqueológico modelo, onde são convidados a se transformarem em “pequenos arqueólogos”, ­entendendo assim o processo de resgate histórico dos povos que não deixaram registros escritos.

Dando continuidade ao trabalho realizado sobre os Primeiros Habitantes do Rio Grande do Sul, no mês de junho, os alunos do 4º Ano foram até a região das Missões para aprofundar ainda mais os estudos sobre a temática. Lá eles visitaram o Santuário de Caaró, o sítio arqueológico de São Miguel das Missões, a Catedral de Santo Ângelo, o Ruínas de São Miguel Museu de Arte Sacra Barroca Missioneira e o Monumento a Sepé Tiarajú. Entre os conteúdos aprendidos nesse passeio pedagógico estão a 1ª e a 2ª fase das Reduções Jesuíticas, a formação dos Sete Povos das Missões e a Guerra Guaranítica.

Catedral de Santo Ângelo

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POR DENTRO DA SALA DE AULA

DOCUMENTÁRIO E PRODUÇÃO ARTÍSTICA SOBRE TRIBOS BRASILEIRAS

COOKING PROJECT A proposta do “Cooking Project”, elaborado para o nível Basic 2 do 7º Ano, é que os alunos produzam um vídeo culinário em inglês, utilizando as estruturas e o vocabulário aprendido em sala de aula. O vídeo deve ter como base um roteiro que explique uma receita, de forma a viabilizar a participação de todos os integrantes do grupo. A ideia é desenvolver os conhecimentos de língua estrangeira, bem como de utilização de recursos audiovisuais, já que os próprios alunos realizarão a gravação do trabalho, no Laboratório de Gastronomia da Unisinos. O desafio do projeto está na exploração da criatividade dos alunos. Eles precisam elaborar um roteiro que envolva a seleção e manipulação de alimentos, o ato de cozinhar, a exposição em inglês dos passos da receita e o manejo da câmera para registrar o trabalho do grupo.

PROJETO SÃO PAULO Em maio, os alunos do 7º Ano viajaram até São Paulo para aprofundar um pouco mais os conhecimentos sobre história, geografia, arte, ciências e língua portuguesa. O Projeto São Paulo possibilita aos alunos construírem o conhecimento fora dos muros do colégio, proporcionando ainda momentos de sociabilização entre os colegas. Entre os locais visitados estão o Pateo do Colégio, o Mosteiro de São Bento, a Pinacoteca, o Catavento Cultural e o Museu do Futebol.

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Alunas do 6º Ano exibem trabalho produzido sobre os indígenas.

Na mesma linha de promoção da valorização e do reconhecimento da diversidade cultural brasileira, busca-se orientar as ações pedagógicas na “abordagem da educação das relações étnicoraciais, com ênfase no estudo da história e cultura africana, indígena e de povos imigrantes”, conforme o Regimento Escolar do Colégio. Para isso, no 6º Ano, o componente de Artes desafia os alunos a realizarem um documentário de contextualização sobre as tribos indígenas brasileiras. Cada grupo pesquisa sobre a origem, a localização, a língua, as manifestações artísticas e os rituais de passagem de uma tribo escolhida pelo grupo e produz o documentário, que é partilhado com toda a turma. A partir desse material de base, os alunos elaboram uma produção artística retratando graficamente elementos referenciais da tribo pesquisada, recorrendo a recursos de pintura, desenho e colagem que traduzam os aspectos mais significativos da nação indígena escolhida.


VEM AÍ

MAIS UM SEMESTRE VEM CHEGANDO e com ele uma agenda cheia de eventos e atividades que envolvem toda nossa comunidade educativa. Além da dimensão cognitiva, trabalhada a partir dos conteúdos de sala de aula, o Colégio Anchieta preocupa-se com a formação integral de seus alunos, englobando também as dimensões emocional, social, corporal e espiritual. Por isso, diversas atividades programadas durante o ano visam à aprendizagem do aluno em todos esses campos. JULHO

DIA 31 | Dia de Santo Inácio de Loyola, início das aulas do segundo semestre e início das incrições 2018. No dia em que celebramos o dia do fundador da Companhia de Jesus, o Colégio Anchieta inicia as aulas do segundo semestre. O período de inscrições para novos alunos também começa no dia 31. AGOSTO

DIA 13 | Dia dos Pais

DIA 19 | Nosso Jeito de Aprender Destinado a pais que estão à procura de escola para os filhos com idade para ingressar na Educação Infantil e 1º Ano, o Nosso Jeito de Aprender possibilita que pais e filhos participem de atividades em sala de aula juntos. As inscrições serão feitas pelo site do colégio www.colegioanchieta.g12.br. DIA 26 | Família Anchietana Solidária SETEMBRO

DIAS 15 E 16 | Simulação Interna das Nações Unidas Em 2017, o Colégio Anchieta apresenta a primeira edição da SINU (Simulação Interna das Nações Unidas). O evento, organizado pelos alunos com supervisão dos professores, tem por objetivo proporcionar

aos jovens anchietanos uma experiência diferenciada, que os levem a retomar uma postura crítica através de um projeto de debates semelhantes aos realizados na Organização das Nações Unidas (ONU). DE 25 A 27 | Mostra Científica Vivenciar as etapas de um projeto de pesquisa, utilizando o método científico, proporcionando ao aluno a experiência de “ser um cientista”. Esse é o objetivo da Mostra Científica, evento que acontece de dois em dois anos, e que em 2017 tem uma novidade: os próprios alunos irão participar de toda a organização e gestão do evento, com supervisão dos professores. OUTUBRO

DE 21 A 28 | Semana Anchietana A tão aguardada Semana Anchietana acontece no final de outubro! É nessa semana que os alunos participam de atividades esportivas e culturais em um clima de amizade, integração e descontração. Aguarde a programação! NOVEMBRO

DIA 11 | Nosso Jeito de Aprender II DEZEMBRO

DIA 14 | Encerramento do ano letivo

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REDE DE PAIS

ART. 243: UM FILME PARA CONSCIENTIZAR

Colégio Anchieta e Associação de Pais e Mestres lançam filme com a temática do uso de álcool na adolescência.

Imagine a cena: pai e mãe são acordados no meio da noite com o telefone tocando. É a polícia. Sobressaltados, descobrem que a filha está alcoolizada e que não tem condições de voltar para casa sozinha. A partir disso, a família tem que lidar com a situação, passando pela problemática de encontrar o culpado; a dificuldade implicada pela fase de vida da menina e quais atitudes serão tomadas por eles a partir de então.

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sse, infelizmente, é um retrato da realidade que se vê todos os dias e que é apresentado no filme Art. 243, uma produção da APM e Rede de Pais do colégio Anchieta em parceria com o projeto Cinema na Escola e que contou com o apoio do Ministério Público do RS, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (DECA), da Dra. Márcia Surdo Pereira e da Psicanalista Rosane Marocco. O roteiro da produção teve como fio condutor o Artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que responsabiliza quem vende, fornece, serve, ministra ou entrega bebidas alcoólicas a crianças ou a adolescentes, prevendo uma pena de dois a quatro anos de detenção e ­pagamento de multa. A Coordenadora do Serviço de Orientação

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Educacional do Colégio Anchieta, Isabel Tremarin, que encabeçou o movimento e desafiou a equipe para produção do filme, destaca a atuação do grupo de pais da APM nessa tarefa. “É um filme feito de pais para pais e é muito importante destacarmos o papel da Rede de Pais do Colégio. A dedicação e o empenho dessas pessoas mostram o amor pelo Colégio Anchieta e isso faz uma diferença enorme no trabalho que realizamos”, garante. LANÇAMENTO DO CURTA NA SEDE DO MINISTÉRIO PÚBLICO O lançamento do filme, que foi produzido em regime de oficina, aconteceu no dia 20 de junho, no Auditório Mondercil Paulo de Moraes, na sede do Ministério Público do RS, com a presença de pais, alunos e educadores dos Colégios Anchieta, Marista Rosário, Rainha do Brasil, Monteiro Lobato, além de representações de escolas públicas, todos participantes do Fórum Permanente de Prevenção à Venda e ao Consumo de Bebidas Alcoólicas por Crianças e Adolescentes.

É um filme feito de pais para pais e é muito importante destacarmos o papel da Rede de Pais do Colégio. ISABEL TREMARIN

Coordenadora do Serviço de Orientação Educacional


Foto: Julia Fernandes/MP

REDE DE PAIS

FICHA TÉCNICA FILME ART. 243: TEMA: Álcool na Adolescência PÚBLICO ALVO: Pais Pe. João Claudio Rhoden destacou a parceria entre família e escola para a proteção dos adolescentes.

Foto: Julia Fernandes/MP

Na ocasião, o Diretor Geral do Colégio, Pe. João Claudio Rhoden, ressaltou a importância da parceria entre família e escola, contando com a presença ativa dos órgãos públicos e da sociedade civil, para que o cuidado, a proteção e a segurança de crianças, adolescentes e jovens, sejam efetivos. “Acreditamos que através de ações coordenadas entre as políticas educacionais e as instituições sociais, poderemos construir uma educação humana integral, que contemple todas as dimensões da pessoa, indo muito além dos conhecimentos acadêmicos”, ponderou. O corregedor-geral do Ministério Público, Ivan Saraiva Melgaré, elogiou a produção e o apoio da Direção do Colégio em iniciativas como essa, que visam à conscientização. “É muito mais importante para nós prevenirmos o problema do que entrarmos com o processo judicial depois”, avaliou. Já a pediatra Denise Chaves, representante da Sociedade de Pediatria do RS, abordou a dificuldade enfrentada pelos adolescentes nessa fase de transição da vida, deixando-os vulneráveis ao uso do álcool. “Há uma confusão na cabeça do adolescente, ele não sabe se é criança ou se é adulto. E muita gente desconhece a gravidade do uso do álcool, principalmente no cérebro de um adolescente, que está em formação”, explicou. A delegada diretora do DECA, Adriana Regina da Costa, falou sobre a dificuldade das operações

GÊNERO: Ficção

DURAÇÃO: 31 minutos LANÇAMENTO: 2017

DIREÇÃO: Ricardo Fagundes

DIREÇÃO MUSICAL: André Flores CIDADE: Porto Alegre

GRUPO DE PRODUÇÃO: Rede de

realizadas pela polícia para Pais do Colégio Anchieta coibir o uso de bebidas em PATROCÍNIO: Colégio Anchieta, APM Anchieta, Unisinos, Guadalajara festas pelos menores. “As Produtora, Anglo Vestibulares provas são difíceis de serem APOIO: Ministério Público do RS, conseguidas, mas muitas DECA-Departamento Estadual da prisões em flagrante têm Criança e do Adolescente, Dra. Márcia Surdo Pereira e Psicanalista sido realizadas. Quem está Rosane Marocco entregando ou oferecendo bebidas aos menores tem sido responsabilizado”, contou. Para o psiquiatra Thiago Gatti Pianca, há uma questão cultural e social em relação à bebida dentro das famílias. “Hoje há muitos pais ‘adolescidos’, portando-se como jovens e se desresponsabilizando de certos problemas. ‘Dizer não’ é uma das coisas mais importantes para os pais hoje em dia”, pontuou. A promotora de Justiça Denise Casanova Villela, que assume a coordenação do Fórum Permanente de Prevenção à Venda e ao Consumo de Bebidas Alcoólicas por Crianças e Adolescentes no lugar da procuradora Maria Regina Fay de Azambuja, contou sobre a multiplicação da iniciativa em todo o Brasil, com experiências de blitz nas festas de formatura em São Paulo, da mesma forma que acontece em Porto Alegre. A procuradora Maria Regina despediu-se agradecendo a colaboração e participação de todos nessa iniciativa. “O Fórum só existe porque investimos na adolescência, acreditando que é possível mudar. As mudanças nos mobilizam, nos causam sofrimento, mas é o que pode nos levar a uma alternativa melhor”, acrescentou. O filme Art. 243 também foi apresentado a todos os pais do Colégio Anchieta durante a V Jornada da Rede de Pais, que contou com a participação do médico psiquiatra e psicanalista Dr. Sérgio de Paula Ramos, mediador da conversa. O lançamento do filme reuniu representantes de pais, alunos e órgãos participantes do Fórum. JULHO DE 2017 |

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REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO

ANCHIETA LANÇA 2ª EDIÇÃO DO CONCURSO DE REDAÇÃO E ARTE DA RJE

A aluna Camila Ventura Pinheiro foi uma das vencedoras da 1ª edição do concurso.

Desde 2016, a Rede Jesuíta de Educação (RJE) quer ampliar e fortalecer a consciência de rede e o aprofundamento sobre a temática da sustentabilidade por meio do Concurso de Redação e Arte da RJE. A segunda edição do concurso foi lançada em junho no Auditório 1 do Colégio Anchieta e contou com a presença de alunos, dos ganhadores do concurso de 2016 e seus pais. O concurso é uma oportunidade para troca de experiências e informações entre os alunos de todos os colégios jesuítas do Brasil. A atividade é direcionada para alunos do 7º e 8º Anos, que são convidados a produzir

textos e ilustrações sobre o tema proposto. Em 2017, “Cultivar e guardar a criação” deverá nortear os trabalhos textuais e artísticos dos alunos. A produção e seleção interna acontecem até o dia 28/7. CINCO ALUNOS SE DESTACARAM NA PRIMEIRA EDIÇÃO Em 2016, o slogan do concurso foi “Que mundo queremos deixar às crianças que estão a crescer?“. Dos 260 trabalhos apresentados dos 13 colégios da RJE, 66 foram escolhidas por votação na plataforma Moodle e essas produções vencedoras foram compiladas em um livro. Cinco alunos do Colégio Anchieta tiveram seus trabalhos publicados: nas ilustrações, Ana Clara Morsch e Pedro Schleiniger Mueller (7º Ano de 2016); e nas produções textuais, Artur Fernando Sanco Brito, Camila Ventura Pinheiro, Pedro Carvalho da Rosa de Los Santos e Vivian Mello Verissimo da Fonseca (8º Ano de 2016). Lançamento da 2ª edição motivou os alunos a participarem.

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“Por fim, reforço que, mais importante que definir os vencedores das produções textuais e escritas foi aprofundar a nossa consciência e responsabilidade ambiental, pensando em soluções criativas e arrojadas para os desafios ambientais que assolam nossa casa comum. Esta é uma iniciativa a ser fortalecida nos próximos anos, no intuito de construir uma educação de excelência e aberta aos desafios do mundo em suas dimensões local e global”. (Trecho da Apresentação do Delegado para Educação Básica da BRA, Pe. Mário Sündermann, SJ, para o livro Que mundo queremos deixar às crianças que estão a crescer?) CONHEÇA OS TRABALHOS VENCEDORES DA 1ª EDIÇÃO DO CONCURSO: https://goo.gl/Kk8c2q


REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO

Colégio Anchieta está finalizando etapa de Autoavaliação do Sistema de Qualidade da Gestão Escolar Desde o início do mês de maio, o Colégio Anchieta está realizando uma autoavaliação de seus processos, uma das etapas do Sistema de Qualidade da Gestão Escolar (SQGE) da Federação Latinoamericana de Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI). O desafio proposto a representantes de alunos, pais, professores e colaboradores, além da equipe diretiva, foi lançar um olhar crítico sobre o Anchieta, durante quase três meses, para montar um retrato atual da instituição com vistas a formular e apresentar razões convincentes para apoiar a melhoria, próxima etapa do Sistema, que levará em torno de dois anos.

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essa fase, os participantes foram organizados em quarto âmbitos: Pedagógico Curricular; Clima Escolar; Organização, Estrutura e Recursos; Família e Comunidade. Além desses, há ainda um grupo representativo para construir o conceito de qualidade. Com reuniões semanais de duas horas de duração, os grupos buscaram discutir indicadores, atribuir notas para cada um e ainda buscar evidências para atestar a veracidade dessas escolhas. A coordenadora interna do programa, a Coordenadora do Serviço de Orientação Educacional, Isabel Tremarin, destaca a riqueza do trabalho a partir das reflexões dos grupos, além da disposição de todos, inclusive da Direção do Colégio, para manter esse esforço permanente e extra de trabalho. “Podemos destacar nesse trabalho o envolvimento das equipes, a seriedade e o interesse com que encararam o desafio e, principalmente, a compreensão de que a participação de

todos é muito importante”, pondera. Além da coordenadora interna, há ainda dois facilitadores externos que estão dando todo o suporte durante esse período, a professora Juliana Heleno, do Colégio Medianeira, e o professor Luís Eduardo Soares Andrade, do Colégio Loyola, além do profissional da FLACSI, Gustavo Cuadra, do Chile. Cuadra destaca quatro características necessárias para se alcançar o principal objetivo do Sistema de Qualidade, que é proporcionar formação integral a todos os alunos. “É importante a implicação de toda a comunidade escolar na elaboração e implementação de planos de melhoria; o papel da equipe diretiva do Colégio na coordenação do processo; a incorporação de estratégias que impactem e desenvolvam habilidades, tanto nos processos de ensino e aprendizagem, como aspectos organizacionais e culturais que o afetam e, finalmente, o eixo que compreende a melhora não como um evento isolado, mas como um caminho permanente e sustentado no tempo”, explica. Em relação ao trabalho desenvolvido pelas equipes de âmbito, o facilitador Luis Eduardo destaca o empenho e o senso crítico dos grupos. “As equipes de trabalho têm se empenhado muito nas discussões, reflexões e na busca do melhor retrato do colégio, em cada âmbito do processo de avaliação. São reuniões semanais, com as equipes e troca de informações através de videoconferências com os facilitadores, semanalmente, também. Os grupos têm apresentado muita criticidade no entendimento de todos

os processos escolares e como podem responder aos indicadores da Guia de Autoavaliação”, avalia. Já a facilitadora Juliana Heleno destacou a capacidade reflexiva dos grupos e o comprometimento com o trabalho desenvolvido. “Como a autoavaliação é feita a partir de parâmetros externos, isso ajuda a instituição a ampliar o olhar e pensar de uma forma sistêmica. As equipes de autoavaliação do Colégio Anchieta têm um nível reflexivo muito grande e uma capacidade crítica instalada. O trabalho tem sido de muita parceria e o comprometimento das equipes é um grande destaque, pois há muita vontade de fazer um excelente processo de autoavaliação, tendo em vista as possíveis melhorias. As equipes são Magis!”, pondera. SOBRE O SISTEMA: O Sistema de Qualidade da Gestão Escolar é uma ferramenta compartilhada pela Federação Latinoamericana de Colégios da Companhia de Jesus (FLACSI) a todos os centros de aprendizagem, a fim de que possam organizar seus processos de avaliação e melhoria, confrontando suas realidades específicas e focando na aprendizagem integral, que é o objetivo principal do programa. O programa é dividido em várias etapas. A primeira já foi realizada pela Equipe Foco, que montou as linhas de base para o trabalho que está sendo avaliado. A Equipe de Autoavaliação finalizará seu trabalho no início de agosto e, em setembro, a Equipe de Melhoria assume a tarefa de implementar melhorias apontadas na autoavaliação. A conclusão do trabalho está prevista para 2020.

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JESUÍTAS QUE FIZERAM HISTÓRIA

Wilhelm Karl Wolters, SJ.

(Irmão Willy) (1907 - 1986) | Entrevista virtual Por Pe. João Roque Röhr, S.J | Orientador Espiritual

O presente texto, elaborado em estilo literário, de entrevista destina-se aos antigos, aos atuais e aos futuros anchietanos e outros leitores que conheceram o Ir. Willy, ou não o conheceram, mas têm curiosidade em saber quem foi o notável mestre de obras que deixou sua marca e seu suor em tantas construções monumentais na Província do Brasil Meridional: Colégio Catarinense, em Florianópolis; Seminário São José, em Santa Maria; Igreja Matriz, em Pareci Novo; Colégio Santo Inácio, em Salvador do Sul; Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo; Centro Vocacional Santo Inácio, em Ubiratã; Seminário São José, em Itaúba (MT); e o grande complexo das obras do Novo Colégio Anchieta, em Porto Alegre. Pelo conhecimento que obtive ao longo dos 40 anos de convivência com o Ir. Willy, sinto-me inteiramente à vontade e capaz de formular as perguntas que seguem e dar as respostas que o entrevistado daria se continuasse vivo em nosso meio. Como faleceu no dia 12 de setembro de 2003, com a idade de 103 anos, na Casa de Saúde e Bem-Estar São José, em São Leopoldo, valho-me dos conhecimentos colhidos pessoalmente ou adquiridos pela leitura de seus escritos ou das biografias que outros escreveram sobre ele. Virtualmente, imagino o Ir. Willy ouvindo as minhas perguntas e prontamente dando as suas respostas. PE. JOÃO ROQUE RÖHR - Ir. Willy, pode

contar-nos, lá do céu, como foram seus primeiros anos de vida? IR. WILLY: Sim, com muito gosto. Espero que a minha memória não falhe. Nasci no dia 29 de abril de 1900, em Emmerich, na Westfália, Alemanha. Passei a infância na minha terra natal. Cursei a escola popular (correspondente ao Ensino Fundamental no Brasil). Depois formei-me no Curso 30

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Técnico de máquinas e motores. Como adulto fui condutor de trens, na condição de ferroviário. O que não gosto de lembrar são os horrores da primeira Guerra Mundial (1914-1918). Foram anos de muito sofrimento e perdas de vidas humanas, inclusive de familiares meus. JRR | Por que e como veio ao Brasil?

IR. WILLY | Eu fazia parte de uma banda de

música. Gostávamos de festas, bailes, excursões e outras aventuras. Aos 24 anos resolvi embarcar com meus amigos num navio que ia para a América. Pagamos as despesas fazendo apresentações musicais. Chegado ao Brasil, com plano de seguir viagem para Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Estados Unidos, fiz escala em Florianópolis, dirigindo-me ao Colégio Catarinense, pois, para isso, havia recebido recomendação de um padre jesuíta da Alemanha. Para ocupar-me, ajudei o Ir. Francisco Gellermann na construção da nova ala do Colégio. Aprendi a arte e a técnica de construir grandes edifícios. JRR | Como prosseguiu sua viagem rumo a

novas terras, aventuras e conhecimentos?

IR. WILLY | Como os Irmãos jesuítas no Colégio Catarinense perceberam que eu

Ir. Willy, engenheiro Nicolau Waquil e Pe. Henrique Pauquet: responsáveis pelo Novo Anchieta.


Aniversário de 100 anos do Ir. Willy, que recebe a bênção do Pe. Guido Kuhn.

Muita oração, Exercícios Espirituais a cada ano, dedicação, prudência e perseverança no trabalho, amor e respeito aos seus irmãos e colaboradores na missão.

levava jeito para construir e lidar com máquinas e motores e observavam que eu praticava uma vida cristã edificante, insistiram comigo para que me tornasse Irmão Religioso Jesuíta. Eu resisti à ideia e ao convite. Prossegui viagem para Buenos Aires. Lá consegui emprego num arsenal de Guerra durante dois anos. Pensei bastante no convite de entrar para a Companhia de Jesus como Irmão Religioso. Mantinha correspondência com o Ir. Gellermann. Voltei ao Brasil e dirigi-me à Santa Maria, onde o Ir. Gellermann estava construindo o Seminário São José. Ele apresentou-me ao Pe. Provincial. Esse aconselhou-me que fizesse uma visita aos meus familiares na Alemanha, a fim de testar a autenticidade da vocação. Não tive mais dúvidas. Depois de pouco tempo, voltei ao Brasil e pedi ingresso na Companhia de Jesus. No dia 20 de junho de 1929, fui acolhido como noviço em Pareci Novo pelo Pe. Ludovico Zuber. Fiz os primeiros votos no dia 21 de junho de 1931 e os votos definitivos de permanência na Companhia de Jesus, no dia 15 de agosto de 1939. Naturalizei-me brasileiro em 1948. JRR | Especificamente, qual foi sua contri-

buição na construção do Novo Colégio Anchieta na Av. Dr. Nilo Peçanha?

maquinário para quebrar e triturar as rochas transformadas em brita para a fundição dos blocos de cimento. A pedreira funcionava na Glória, perto da Casa de Retiros Manresa. Sob as ordens do Pe. Henrique Pauquet, que providenciava os recursos financeiros e discutia os projetos arquitetônicos com o arquiteto Ervino Brandt, com o engenheiro Nicolau Waquil e outros profissionais necessários para construções deste porte, eu era o mestre de obras. O que eles desenhavam no papel, eu e meus ajudantes concretizávamos no chão e no ar neste imenso canteiro de obras. Graças a Deus e ao nosso trabalho conjunto, as aulas puderam iniciar em 1963 e gradativamente as salas todas ficaram prontas em agosto de 1965. Quero registrar aqui a colaboração de muitas famílias de antigos alunos, de benfeitores anônimos e de empresas que ajudaram com materiais e com recursos financeiros ou serviço voluntario gratuito. Ao povo e ao governo alemão, os anchietanos devem muita gratidão e reconhecimento pelos preciosos auxílios financeiros prestados, tanto pelas Igrejas, quanto pelo Governo da Alemanha, em retribuição ao Socorro à Europa Faminta prestado pelo povo católico e protestante do Brasil depois da 2ª Guerra Mundial, enviando toneladas de mantimentos, agasalhos e remédios. Em setembro de 1967, inauguramos o conjunto de prédios construídos.

Irmãos jesuítas que participaram das obras do Novo Anchieta.

IR. WILLY | Desde 1955 até que

me recolhi à Casa de Saúde e Bem-Estar, em São Leopoldo (ano 2000) estive às voltas com a construção do grande complexo das obras do Colégio Anchieta, a começar com a terraplanagem até a sucessiva conclusão dos prédios construídos sobre os 14 hectares situados no atual Bairro Três Figueiras. Custou muito trabalho, a começar pela instalação da pedreira e JULHO DE 2017 |

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JESUÍTAS QUE FIZERAM HISTÓRIA

JRR | Como terminou a sua vida nesta terra

e como foi acolhido no céu?

IR. WILLY | Ao longo dos meus muitos

anos de vida sempre procurei seguir fielmente a Jesus Cristo, a quem me consagrei pela profissão dos votos religiosos de Pobreza, Castidade e Obediência na Companhia de Jesus. Também sempre cultivei muita devoção à Nossa Senhora e a São José, a cuja proteção devo o fato de nunca ter sofrido nenhum acidente nas obras que construí e nas máquinas que operei. Também sempre nutri um grande amor à Igreja e à Companhia de Jesus. Quando completei 100 anos de idade, não podendo mais trabalhar em oficinas e construções, o Superior Provincial pediu-me que escrevesse minhas memórias. Eu lhe respondi: “o senhor pensa que é fácil trocar uma picareta por uma caneta?”. Mesmo assim, coloquei no papel minhas reminiscências em alemão, minha língua materna e muitos dos meus escritos sobre a minha vida, viagens e construções foram traduzidos do alemão para o português e publicados em diversas revistas ou boletins. Na Casa de Saúde e Bem-Estar São José, eu tinha tempo e ambiente para realizar minhas últimas tarefas no cumprimento de minha missão na terra. Quando morri na paz do Senhor, fui recebido no Céu pela Santíssima Trindade, por Jesus, Maria e José, e por uma multidão de amigos e familiares que me precederam.

e respeito aos seus irmãos e colaboradores na missão. Bastante leitura espiritual, cuidado e desvelo com a saúde, merecido descanso e férias - eu sempre preferi viajar - pois considerava a janela do ônibus como a minha televisão. Não ter medo da morte, porque é a passagem para o encontro com Deus na feliz eternidade em companhia dos amigos e companheiros que peregrinaram conosco em nossa vida terrestre

JRR | Que lições podemos aprender,

enquanto peregrinamos neste mundo, de seu exemplo de vida humana, cristã e religiosa? IR. WILLY | Muita oração, Exercícios

Espirituais a cada ano, dedicação, prudência e perseverança no trabalho, amor

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Ir. Willy

Ir. Willy supervisionando as obras do Novo Anchieta, sempre com olhar atento.


SUSTENTABILIDADE

FORMAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL Pe. João Roque Rohr | Dario Schneider Era uma vez um planeta chamado Terra, que por muito tempo encontrava-se inabitado por seres humanos e que se distinguia dos demais astros do firmamento sideral pela sua natureza exuberante, suas variadas paisagens naturais, seu relevo feito de planícies e montanhas, rios, lagos, mares, seus diversos climas, suas inúmeras espécies minerais, vegetais e animais. Girava em torno de si mesmo e, a cada ano, dava uma voltinha ao redor do sol, discretamente acompanhado pelo satélite chamado lua. O profundo silêncio ao seu redor, de tempos em tempos, era quebrado pelos estrondos de trovões e de raios ou terremotos que sinalizavam o ajustamento de enormes placas tectônicas, buscando firmeza e equilíbrio. Tudo favorecia e garantia o desenvolvimento da vida.

D

epois de muito tempo, milhões de anos, apareceu sobre a face da Terra, segundo alguns cientistas, por evolução, outros, por criação de Deus, o ser humano em forma de homem ou mulher, à imagem e semelhança do Criador. Inicialmente nômade, sobrevivendo do que colhia da mãe Terra. Aos poucos, iniciou um processo de civilização, abandonando a sua condição rural ou selvícola, daí porque foi considerado selvagem, enquanto não se civilizasse em conglomerados humanos denominados cidades. A História, organizada em cinco épocas – a pré-história, a Antiga, a Média, a Moderna e a Contemporânea–, Laudato Sí Papa Francisco

registra as diversas culturas das cinco raças em que a espécie humana foi classificada: a branca, a negra, a vermelha, a amarela e a parda. Multiplicaram-se as línguas, as culturas, as ciências, as tecnologias, as artes, as formas de governo, as religiões, as crenças e descrenças. A humanidade crescia em número, em conhecimento, em desenvolvimento dos segredos da natureza e na sua aplicação prática a serviço da vida e do bem-estar em seus sucessivos estágios de desenvolvimento. Gradativamente, as pessoas começaram a sentir e a observar um duplo movimento sobre a face da Terra e no ar, verificando que ambos se manifestavam em direções contrárias: enquanto um evidenciava o progresso em forma de vida, melhorando-a cada vez mais, o outro acelerava cada vez mais a degradação das condições de vida, afetando negativamente a dignidade dos seres vivos. Muitas espécies da imensa biodiversidade desapareceram ou sofreram mutações genéticas ou degeneração. Ao estudarem esse fenômeno preocupante, os cientistas o chamaram de Sustentabilidade Socioambiental. Liderados pela Organização das Nações Unidas (ONU), promoveram muitas pesquisas e aprofundados estudos para determinar o grau de deterioração do solo, do ar, das águas, dos animais, das plantas geneticamente modificadas, do aquecimento solar, da poluição produzida pela falta de saneamento básico, dos venenos jogados nos garimpos e jazidas de metais. Também começaram a preocupar-se com os gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis. Os estudos e as advertências não só conscientizaram governos, instituições ambientais e as pessoas em

Por parte do nosso Colégio Anchieta há bastante tempo que a ecologia integral e a preservação ambiental fazem parte do ensino e aprendizagem.

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SUSTENTABILIDADE

geral, denunciando o descaso que se fez e se continua fazendo com relação à saúde da Terra, mas anunciaram medidas alternativas para frear os males em andamento e restabelecer a sustentabilidade original da Casa Comum de todas as atuais e futuras gerações. A Igreja Católica, a Companhia de Jesus, a Província dos Jesuítas do Brasil (BRA) e a Rede Jesuíta de Educação (RJE) associaram-se aos demais interessados na questão. Por parte da Igreja, o Papa Francisco publicou em Roma, no dia 24 de maio de 2015, a Carta Encíclica “Laudato Sí – Louvado Sejas - Sobre o cuidado da casa comum”. Contém minuciosas e pertinentes análises sobre a realidade ecológica do mundo e apresenta preciosas recomendações sobre a responsabilidade de cada um e de todos sobre a conservação do meio ambiente, propondo uma ecologia integral. Por parte da Companhia de Jesus, houve diversas manifestações em Congregações Gerais e Cartas do Superiores Gerais conclamando os Jesuítas e leigos(as) a sintonizarem a voz do Papa e pondo em prática os seus ensinamentos. Por parte da Província dos Jesuítas do Brasil (BRA), está em andamento um esforço enorme na promoção da Justiça Socioambiental, fazendo parte do Secretariado de Articulação e Capacitação Para a Missão. Para orquestrar todo o trabalho socioambiental em todo território nacional, criou-se o Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), com a pretensão de ser um observatório em rede. Tem como missão ser um serviço em rede de informações, análises, ação educadora e incidência na realidade brasileira em vista da promoção da justiça socioambiental.

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Para garantir a sinergia e a sintonia de todos os colaboradores da Promoção da Justiça Socioambiental, o Secretariado elaborou e publicou um Marco de Orientação, cuja leitura será útil a todos os interessados. Por parte do nosso Colégio Anchieta há bastante tempo que a ecologia integral e a preservação ambiental fazem parte do ensino e aprendizagem. Diversas disciplinas abordam o tema de forma interdisciplinar e já se notam os resultados positivos do cuidado pela casa comum. O que se poderia recomendar com insistência é que se houvesse menor produção dos resíduos e de lixo e o que se produzisse fosse cuidadosamente selecionado e depositado em lixeiras apropriadas para cada categoria da coleta seletiva, que estão espalhadas pelo campus. Se algum leitor, a partir das considerações constantes neste texto, quiser aprofundar-se sobre a sustentabilidade socioambiental relacionada com a educação e a formação de líderes para esta nobre e desafiante missão, recomendo que leia: 1) BERGOGLIO, Jorge Mario [Papa Francisco]. Laudato Sí – Louvado Sejas. São Paulo: Loyola, 2015. 2) JESUÍTAS BRASIL. Marco de Orientação sobre a “Promoção da Justiça Socioambiental”. Disponível em: https://goo.gl/yF6nrR 3) SIQUEIRA, Josafá Carlos de Siqueira, SJ. Laudato Sí: um presente para o planeta. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2016.




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