Revista CF

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A hist贸ria do Torneio CrossFit Brasil por Mex Abr煤sio - amrap.com.br


Quem fez a revista CF Diretor

Denis Diegas

Diretor de Arte

Alexandre Santana

Fotografia

Patricia Contti

Revisora

Fernanda Surian

Box:

CrossFit Brasil

Colaboradores: Progenex Rock Tape Amrap.com.br

Colunistas:

Tiago Heck Marcelo Abrusio - Mex

A Revista CF é uma revista de estilo de vida e aptidão funcional. Cada edição oferece informações educacionais de especialistas nas áreas de fitness, nutrição e psicologia do esporte, bem como histórias de sucesso motivacionais. A Revista CF está sediada em São Paulo - Brasil é uma empresa de mídia dedicada a promoção de um estilo de vida ativo, através da atividade física e alimentação saudável. A Revista CF também poderá ser visualizada em nosso site: www.revistacf.com.br A Revista CF é uma revista independente, sem alguma filiação ou parceria com o CrossFit Inc. Não pertence a CrossFit Inc. ou qualquer de suas subsidiárias, incluindo CrossFit Journal, CrossFit Kids ou CrossFit Games. As opiniões expressas na Revista CF, podcasts, Instagram, Twitter, Facebook ou pelo site revistacf.com.br não são de autorias do CrossFit Inc. ou seus fundadores.





Š Patricia Contti


Torneio CrossFit Brasil


O primeiro Torneio CrossFit Brasil

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Joel Fridman, o pioneiro do CrossFit no Brasil, abriu o primeiro box de CrossFit em São Paulo, no ano de 2009. Um ano depois, em 2010, o número de boxes afiliados já era sete e todos surgiram a partir do CrossFit Brasil, que era localizado no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo. A comunidade brasileira de CrossFit estava nascendo. Todos faziam planos de se reencontrar, pois alguns estavam longe, em outras cidades, como o coach do CrossFit BH, Luiz Mello, e a coach do CrossFit Jundiaí, Vivian Sakamoto, mas o cotidiano não ajudava neste reencontro para treinarem juntos. Foi então que Joel teve a ideia de organizar um torneio, para que todos pudessem agendar a data e fazer um treino juntos. Nascia então o mais famoso e importante campeonato de 8

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CrossFit do Brasil. O campeonato aconteceu na própria CrossFit Brasil, pois eram poucos participantes e não houve necessidade de alugar um espaço maior. Grandes atletas que você com certeza conhece já estavam presentes, como o Tiago Lopes, coach do CrossFit SP, o Lupa, do CrossFit Sampa e Pinheiros, a Anita Pravatti do CrossFit Selva e a Vivian Sakamoto, coach do CrossFit Jundiaí. Foram apenas poucos atletas, não passavam de 20. “Foi mais um encontro de amigos” diz Joel, quando nos contou sobre a história do evento. Durante os dois primeiros anos, 2010 e 2011, o evento foi feito na CrossFit Brasil. Ao longo dos anos o número de participantes foi aumentando, acompanhando o crescimento da modalidade no Brasil, e o número de atletas foi limitado para em torno de 80 atletas, sendo este formato no qual o evento ainda é organizado. Em 2012, o número de espectadores exigiu um local maior e o Joel decidiu mudar para o ginásio José Corrêa, em Barueri (SP), onde o evento acontece até hoje. O número de espectadores que começou com umas cem pessoas no primeiro torneio, hoje já atinge um número que ultrapassa os dez mil nos dois dias do evento. No início Joel organizava quase tudo sozinho. Claro que tinha a ajuda dos seus coaches, como Tiago Heck entre outros, porém hoje com o volume de trabalho este número gira em torno de 70 a 80 pessoas para que o evento aconteça. Neste interim, o Thales Antoniolli foi convidado para ajudar na organização, iniciando em 2013.


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Todos os WODs são esboçados pelo Joel e depois uma equipe de árbitros e auxiliares discutem os WODs e fazem o teste, onde acontecem mais mudanças e ajustes. Joel admite receber algum tipo de influência do CrossFit Games para montar os WODs do Torneio – “Sempre tem alguma coisa que usamos e adaptamos para a nossa realidade. Tento não copiar, mas às vezes sigo uma linha parecida de alguma coisa que gosto do Games”. Até 2012, as seletivas não foram necessárias pois o número de atletas não ultrapassava o que o evento comportava, porém em 2013 foram feitas as primeiras provas seletivas para classificar os atletas que poderiam participar do evento. Thales nos conta que a maior dificuldade atualmente ainda é a questão financeira, pois o nome CrossFit é uma marca, assim como o nome UFC, e isto impede que as empresas que desejam patrocinar o torneio se beneficiem das leis de incentivo ao esporte, pois não é considerado um esporte.

Então as empresas que se interessam em patrocinar ficam limitadas ao escopo de empresas de suplementos e equipamentos para CrossFit, que ainda são muito poucas e pequenas. A própria Reebok está passando por algumas mudanças internas que enquanto não definidas limitam o torneio. Outro problema que o torneio passa todos os anos é em relação ao uso do nome CrossFit. O Joel conseguiu uma carta de anuência autorizando o uso do nome Torneio CrossFit Brasil em 2010. No entanto, todos os anos a equipe do CrossFit Inc. entra em contato com a organização do evento proibindo o nome e divulgação do torneio, mas isto acaba sempre esclarecido com esta carta de 2010. “Esta carta é um documento superimportante, que até algumas pessoas da própria CrossFit Inc. desconhecem e quando entram em contato conosco para falar do uso indevido da marca, apresentamos este documento e recebemos a autorização do uso. O próprio Dave Castro já entrou em contato conosco revistacf.com.br

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para falar sobre este assunto”. As seletivas foram ideia do próprio Thales, pois antes a classificação era feita pelo resultado do Open, mas os resultados não são transparentes. Para isto a organização estudou o mapa do CrossFit no Brasil e determinou por números geográficos de atletas e boxes onde seriam e como seriam feitas as 8 seletivas, de forma a serem proporcionais aos boxes por cada região. Isto é uma coisa que muda todos os anos, pois o número de boxes cresce diferentemente em regiões diversas. “É um formato dinâmico que acompanha o mapa e crescimento da modalidade no Brasil. Hoje em dia, por exemplo, Rio de Janeiro e Brasília representam o maior crescimento em número de boxes no Brasil, então temos que ficar de olho para acompanhar o número de bons atletas e começar a criar mais vagas para

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estas regiões”, explica Thales. Hoje são 456 inscritos no torneio e não existe nenhuma seletiva completamente esgotada. Isto mostra que a divisão que esta sendo feita é bem proporcional ao cenário de hoje. Quanto a arbitragem, Thales nos conta que o sucesso de um bom árbitro é o treino. Com varias competições surgindo ao longo dos anos, os árbitros vão melhorando cada vez mais. A organização do torneio se preocupa bastante com a qualidade dos árbitros. “São poucos os árbitros do torneio que não passaram pelas seletivas, e as seletivas também são para a arbitragem. Nós selecionamos os árbitros nas seletivas e escolhemos os melhores de cada uma das 8 regiões”, conta. Isto é muito importante pois assim os árbitros não são apenas de


um mesmo local, ou seja, o Torneio CrossFit Brasil não tem uma arbitragem paulistana, como já aconteceu em outros campeonatos e alguns atletas de outros estados foram prejudicados pelo bairrismo dos árbitros. A organização tem mais de um head judge durante o torneio. Eles estão lá para auxiliar os árbitros e minimizar os erros durante seu difícil trabalho, pois como seres humanos estão sujeitos ao erro de interpretação. Ao contrário do que a maioria das pessoas acham, os árbitros do torneio não são voluntários, são remunerados e incentivados a seguirem uma carreira para que o nível profissional seja o melhor possível. A premiação do torneio hoje é de R$ 18.000,00 (valor liquido) no total. São R$ 5.000,00 para os primeiros colocados masculino e feminino, R$ 3.000,00 para os segundos colocados e R$ 1.000,00 para os terceiros colocados. Há apenas duas categorias no torneio, masculina e feminina e muitas pessoas pedem e perguntam por categorias scaled, RX, equipes. Porém a organização do evento deixou bem claro que não vai mudar e acrescentar novas categorias. A ideia e objetivo é procurar aumentar ainda mais o nível técnico dos atletas. Existe o interesse em adicionar as categorias teens e masters, porém ainda é apenas uma ideia para o futuro, que depende de investimentos. As seletivas foram criadas procurando atender a estes pedidos. Qualquer um pode participar das seletivas, inclusive um atleta iniciante pode participar e competir com os ícones do esporte. “O atleta iniciante sabe que não vai ganhar. Mas imagine que experiência incrível competir junto com o Chiquinho ou fazer um snatch ao lado do Cassiano”. São 70 vagas por seletivas onde a inscrição

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é feita online. Este número foi calculado para que não ultrapasse 8 baterias por WOD, e calculou-se também o tempo de cada WOD e das baterias. As seletivas foram muito bem organizadas e o horário foi muito bem definido e cumprido, sem atrasos. Demonstrando que o evento tem uma organização invejável. Outra coisa importante que eleva ainda mais o respeito do torneio é a regra que não permite que o atleta que não participar das seletivas não poderá participar do torneio. Se algum atleta por motivos variados perderem a seletivas, a oportunidade de competir é nula. A situação econômica do país infelizmente também influencia o torneio, as empresas que patrocinam eventos esportivos estão passando por dificuldades, estamos na entressafra da copa do mundo e olimpíadas. “Este ano estamos trabalhando com um budget que é quase que a metade do ano passado, mas vamos fazer o evento” diz Joel. Este também foi o principal motivo da revistacf.com.br

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qual o evento Torneio Verão CrossFit Brasil não aconteceu este ano. A ideia deste torneio, que aconteceu em 2014, é trazer o CrossFit até as pessoas que não o conhecem e mostrar que a modalidade pode ser feita por qualquer um. Durante uma semana no Guarujá (SP), o torneio de verão forneceu clínicas e aulas experimentais e nos finais de semana, equipes inscritas dos boxes do Brasil todo competiram entre si. No entanto, a estrutura no litoral, impostos e custos operacionais tornam o evento muito mais caro que este realizado em Barueri. “É o nosso desejo voltar a fazer este evento, porém dependemos de vários fatores, principalmente de investidores para realizar o evento novamente em tempo hábil”, diz Thales. Para quem não acompanhou o torneio dos anos anteriores estes foram os pódios: 2010: Tiago Lopes do CrossFit SP e Amanda Wolf Mermelstein 2011: Luis Renato Oliveira que na época treinava na CrossFit Brasil e Anita Pravatti que na época treinava na CrossFit Jundiaí 2012: Francisco Javier, o Chiquinho e Vivian Sakamoto ambos do CrossFit Jundiaí 2013: Francisco Javier e Marina Ramos da BSB CrossFit 2014: Francisco Javier e Antonelli Nicole do CrossFit Brasil Matéria: Mex Abrusio – Colunista da Revista CF e diretor da AMRAP Brasil

© Patricia Contti

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Amantes da intensidade Olá amantes da intensidade, a evolução das provas do Torneio CrossFit Brasil, desde seu aparecimento em 2010 até hoje, é algo que pode ser avaliado juntamente com o crescimento do CrossFit no país. Lá atrás, quando tinhamos menos de 10 boxes por aqui e poucos atletas, me lembro que o Joel buscou se inspirar no CrossFit Games de 2009, que foi realizado ainda no rancho em Arenas, California. Pode se dizer que a essência do CrossFit estava em cada prova e em cada atleta que competiu aquele Games de 2009. Estiveram presentes, naquele que seria o ultimo ano no famoso rancho, corridas na montanha, escada de força com pausa de 30 segundos apenas e primeiro muscle-up da vida. Tudo era novo! Quando testamos as provas em 2010, nossos recursos eram um box de CrossFit, não muito grande por sinal, com um quarteirão cheio de descidas e subidas e os equipamentos básicos do nosso dia a dia - barras anilhas, medballs, etc. Nada de trenó ou air bike para pegar todos desprevenidos no quesito “nunca usei isso”. Apenas as composições das provas e a criatividade em encaixar cada uma de forma diferente. Até porque os atletas, ainda inexperientes, tinham meses de CrossFit somente, mal sabiam o básico, eles eram apenas “sedentos” por competição! Lembro que a primeira prova foi uma “Cindy piorada”, com peito na barra (novidade até 18

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então), onde lembro também que o atleta favorito, Felipe, que tinha os melhores tempos dos benchmarks, abriu a mão no chest to bar (nunca tinha feito) e se prejudicou logo no inicio do torneio! E essa é a essência de que falo, a de pegar todos de surpresa, do inesperado, do que realmente define qual é o homem e a mulher que estão mais prontos pra qualquer coisa! Já hoje, aja criatividade pra conseguir gerar o mesmo impacto nos atletas, principalmente no CrossFit Games. Todos devem ter visto em 2015, a prancha de surf (tipo stand up) na primeira prova e a parede de escalada na final - o que foi bem contestada nessa edição. Analisando quantos atletas realmente conseguiram escalar aquilo, que foram poucos, o fator inesperado pode ter sido irreal para a proposta de um CrossFit Games. Aqui no Torneio, parece que a natação finalmente entrou no cenário, e não vejo exagero e nem descompasso, pois sempre se falou de natação no CrossFit. É um grande esporte e faz parte da proposta de condicionamento fisico, não que a escalada não faça, na verdade, faz muito também, mas fugiu da realidade um pouco! Depende muito mais de detalhes técnicos para realiza-la do que uma capacidade física sendo testada, vocês me entendem? Voltando ao torneio, em 2011, já tinhamos mais box de CrossFit no Brasil e atletas mais experientes! Mas o ambiente foi o mesmo, um box, no caso a CrossFit Brasil! Isso limita


Š Patricia Contti



Š Patricia Contti


um pouco claro, mas ainda eram poucos os participantes, poucos mas importantes hoje no cenário nacional, veja só os que estavam lá: Lupa (que venceu em 2011), Luiz Mello e Leo da CrossFit BH, a super Anita (que venceu também) e Vivi da CrossFit Jundiaí e muitos outros atletas que hoje estão em destaque! Sem esquecer do Tiago Lopes da CrossFit SP, que venceu em 2010 mas não foi pra essa etapa em 2011! Sem contar os que foram lá torcer e assistir e que hoje são head coachs e tem seu próprio box! Lembro que no intervalo da competição teve um campeonato de levantamento terra (deadlift) e eu participei, mesmo estando na organização, afinal era tudo uma festa, sem uma cobrança tão grande como é hoje! Até bati meu recorde lá e levei o título, olha só! Em 2012, a coisa ficou mais séria e foi parar no Ginásio poliesportivo de Barueri, onde é até hoje! Essa história parece exatamente com a do CrossFit Games, nas suas devidas proporções! E tudo foi maior este ano de 2012, a estrutura, o número de atletas e de organizadores! Sinceramente preferia ter competido do que organizado! Foi o torneio mais complicado que já teve, eramos todos amadores no quesito grandes eventos - fazendo um comparativo, seria igual no inicio da prática do CrossFit, quando estamos aprendendo a levantar peso e colocamos carga demais e o movimento sai todo errado, sabe? Pois foi o que aconteceu, de 2011 para 2012 o passo foi grande demais, e quase deu tudo errado, teve até prova cancelada por causa da falta de tempo hábil, mas no final acabou tudo bem e nesse ano conhecemos o principal campeão do TCFB até hoje, o grande Chiquinho! Em 2013 me classifiquei e resolvi competir! Bem melhor que organizar, mil vezes melhor 22

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na verdade! E foi incrível a experiência, estar lá dentro realizando as provas é outra história. Em 2013, deu tudo certo na organização do evento e a coisa ficou muito mais profissional e esse foi o ano que o Torneio CrossFit Brasil se tornou um grande evento! Provas com o fator surpresa como puxar trenó e uma escada de clean and jerk e snatch no mesmo minuto, pegaram a galera desprevenida, como deve ser uma competição deste nível! Foi em 2013 também que o Denis Diegas, fundador da recente Revista CF, me procurou e me chamou para ser colunista dele. Acreditei nele e aqui estamos! Finalmente em 2014, já não se tinham mais dúvidas que seria um grande evento. Antes de tudo, aconteceram pela primeira vez, as seletivas pelo Brasil inteiro. Já no dia, o público lotou o evento, as provas foram de alto nível de dificuldade e os melhores atletas do país estavam presentes! Tivemos a Assault Air Bike como a grande surpresa, algo que a maioria dos atletas nunca tinham nem ouvido falar. E o mais legal foi que em 2015, um ano depois, a air bike foi uma das surpresas na final do CrossFit Games! Ou seja, não estamos tão desatualizados assim, muito pelo contrario! E vamos torcer que o CrossFit no país continue evoluindo, que apareçam mais e mais atletas, que o Torneio continue sendo referência de um evento bem organizado e que os outros eventos tenham em sua organização profissionalismo e ética! Só assim evoluímos todos juntos! Matéria: Tiago Heck – Colunista da Revista CF e Head Coach do box CrossFit Sampa Pacaembú





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