Revista Condomínio. Edição 48

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Todo síndico lê!

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Reforma no condomínio

JAN FEV MAR 2011

ANO 14

para escolher revestimentos adequados é preciso assessoria especializada

Água

verão sem desperdício

segurança

dever do estado, preocupação de todos

Piscina: segurança e lazer devem Uma nova Lei do Inquilinato: Vejaandar o que juntos mudou




Presidente da CIPA

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[capa] Segurança: dever do estado, preocupação de todos

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manutenção

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ENTREVISTA

Paulo Rodrigues

NEWTON MENDONÇA

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manutenção

Depois de uma campanha cheia de acusações e de um segundo turno, Dilma Roussef é eleita a primeira presidente do Brasil. Agora temos que torcer para que seja uma boa chefe de estado, e que o país continue a crescer com estabilidade. As primeiras nomeações indicaram a continuidade de uma política econômica monetária e financeira, que foi muito bem aceita, pois confirma os pilares que vêm sendo perseguidos nos últimos 16 anos e que colocou o Brasil numa posição mundial respeitada: Banco Central autônomo, garantia da estabilidade da moeda, menores gastos e medidas de apoio ao empresariado para mantê-lo competitivo nesse mundo globalizado. Temos presenciado muita insatisfação em países da Europa que há muitos anos não víamos – o povo protestando por meio de greves e revoltas populares de grandes proporções, com quebradeira, conflito com a polícia e passeata em frente a parlamentos e instituições governamentais. O povo está realmente sofrendo com a falta de emprego e privações que, felizmente, não temos visto aqui no Brasil. Certamente o governo eleito herdou uma responsabilidade muito grande, e com a ampla coligação que fez, não sabemos como poderá atender a tantas reivindicações por cargos e ministérios exigidas pelos partidos, sem comprometer a boa governabilidade. As primeiras nomeações não foram políticas e ocorreram rapidamente, o que acalmou muito o mercado. Já em relação à guerrilha que está em curso em nosso estado e sobre as atitudes tomadas pelo poder público e pelo povo em geral, podemos afirmar que o governo estadual tem agido com determinação e com medidas enérgicas e constantes, dando resposta aos bandidos que querem criar pânico. Por sua vez, a população tem entendido o esforço das autoridades, que, inclusive, requisitaram as Forças Armadas, e estas, juntamente com as polícias cariocas, ao lançarem mão de equipamento bélico e de seus militares nas operações, expulsaram os marginais das comunidades que viviam sob seu jugo há vários anos, de forma efetiva e permanente. O Complexo do Alemão, antes inexpugnável, foi retomado pelo poder público e devolvido a seus moradores. De forma segura, os moradores foram preservados, não sendo preciso, para sua recuperação, que uma batalha sangrenta ocorresse. O secretário de Segurança classificou o Complexo do Alemão (constituído por várias favelas) como o “coração do mal”. Tenho certeza de que o governo e o povo de nosso estado sairemos vitoriosos e teremos, futuramente, uma Cidade Maravilhosa mais segura, com a tranquilidade que merecemos. Vamos colaborar não nos intimidando, pois o poder constituído prevalecerá sobre o crime organizado. Estamos todos orgulhosos dessa ação, e isso redobra nossa esperança nos trazendo a certeza de que até 2014, como está previsto, o Rio de Janeiro estará convivendo com todas essas comunidades de uma forma mais harmônica. Essa população é, em sua grande maioria, formada por trabalhadores e gente pacífica. Oportunidades, apoio social e cultural é o que falta a eles para transformá-los em cidadãos inseridos na sociedade, livres do domínio do tráfico que atua como poder absoluto no lugar do Estado constituído. Vamos apoiar essas medidas que ha décadas não eram implementadas.

Que o Rio de Janeiro vive tempos de guerra ninguém duvida. Mas, para além da pauta das políticas públicas, a segurança, ou a falta dela, é responsabilidade de todos, dos cidadãos e, claro, dos condomínios. Enquanto não se encontra uma solução definitiva, o mercado de produtos e serviços para quem não se sente seguro não para de crescer, e as ofertas para condomínios residenciais é que não falta. Em primeiro lugar, está a prevenção. Leia a matéria e fique por dentro do tema.

Uma publicação:

DIRETORIA Presidente NEWTON MENDONÇA

2011 - 57 anos

Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA

Rua México, 41 - 2o andar CEP 20031-905 Centro - Rio de Janeiro Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449

Diretora de Condomínio, Administração e Finanças DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS


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[Manutenção] Piscina: segurança e lazer devem andar juntos

Entrou em vigor a nova Lei 5.873/2010, que tornou obrigatória a colocação de dispositivos para interromper o processo de sucção em piscinas e determinou que as piscinas novas deverão ter, além do dispositivo proposto, bombas de sucção que interrompam o processo automaticamente sempre que o ralo se encontrar obstruído. O objetivo é evitar acidentes, desde hematomas em razão da prisão de costas e barrigas pela sucção até casos mais graves que levam à morte por afogamento. Leia mais.

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[Segurança] Para-raios: proteção de cima a baixo

Sistema evita que descargas atmosféricas tragam prejuízos a condomínios e especialistas advertem para a necessidade de manutenção constante. Leia o texto e saiba o que fazer para ficar em dia com o seu para-raios.

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[Cidade] Rio 40 graus: instalações elétricas vencidas e apagões podem gerar muitos problemas

O verão chegou e, com ele, as delícias de uma estação que é a cara do Rio. Mas talvez os apagões também dêem o ar da graça. É hora de conhecer alternativas viáveis para que o condomínio economize energia. Veja nesta matéria.

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[ATUALIDADE] Água: verão sem desperdício

A água é um recurso natural superimportante. Todos temos que ajudar a preservar essa riqueza. Nos condomínios, o desperdício aumenta com o verão. Por isso, os síndicos têm uma missão mais do que urgente: zelar pelo uso racional do produto e implementar medidas que impeçam seu gasto excessivo. Nesta matéria, você vai conhecer algumas soluções que podem ajudar o condomínio a entrar na onda ecológica que vem dominando o mundo.

[CONDOMÍNIO] Terceirizar ou não, eis a questão

Está pensando em terceirizar os serviços do condomínio? Então conheça nesta matéria as peculiaridades dessa modalidade antes de contratar.

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[Obras] Reforma no condomínio: para escolher revestimentos adequados é preciso assessoria especializada

O prédio já não é mais aquele. A fachada está se desfazendo, os pisos estão rachados ou quebrados. Ou seja: a “cara” do edifício está péssima e precisa urgentemente de uma plástica. Veja o que fazer nesta matéria.

Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO (MTb: 18731) Revisão ANDREA BIVAR Fotografia Ariel Subirá Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN (marketing@cipa.com.br)

PARA ANUNCIAR LIGUE

Colaboraram neste número Carla Rocha MILTON DE MENDONÇA TEIXEIRA Paulo Ferreira Raquel Pinheiro Loureiro renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA wanja Antunes

2196-5176

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18 mil exemplares

Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

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Entrevista por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Montanhas cariadas

– uma entrevista com Pedro Tornaghi Condomínio etc. – Qual foi o susto que você teve indo de avião para Belo Horizonte? Pedro Tornaghi – Fui sorteado para viajar na janela. Pensei, “que bom, apreciar a vista daqui até lá”. Quando eu chegasse, iria diretamente para o auditório onde faria uma palestra, a paisagem prometia ser um momento de descanso visual e inspiração em dias tão ocupados. Eu imaginava montanhas verdes, Mata Atlântica ou qualquer vegetação nativa desfilando na próxima hora e meia a meu lado, como uma espécie de tônico revitalizador para a alma. Ledo engano. Não me deparei com um único vale de mata original. No começo, a cidade do Rio, depois, plantações, pastos e, por último, o grande e pavoroso susto – as montanhas “cariadas” de Minas, montanhas e mais montanhas, todas deformadas e desfiguradas pela exploração de minério.

A visão noturna de nossa cidade, principalmente nos bairros com muitos edifícios, é algo. Aqui e ali, uma luminosidade vermelha de algum abajur ou velas e o colorido da telinha piscando na maioria dos apartamentos. Os prédios quase parecem árvores de Natal no escuro. Quando era pequena, eu desenhava essa imagem, e o

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que me impressiona hoje é o domínio da mídia sobre a cabeça das pessoas. Tão mais fácil deitar na poltrona e ver, tão mais trabalhoso refletir e perceber. Nesta entrevista, Pedro Tornaghi nos convida para uma viagem aérea a Belo Horizonte e para uma conversa séria sobre mídia e meio ambiente.

Cetc. – A viagem foi durante o resgate dos mineiros chilenos? PT – Exatamente. O assunto no jornal no console da poltrona a minha frente era o resgate dos 33 mineiros chilenos que mobilizou atenções em todo o mundo. Imediatamente me perguntei: como pode a humanidade se sensibilizar tanto com a angústia de 33 homens e, essa mesma gente, se mostrar tão insensível para o fato de estarmos esgotando


as reservas de recursos minerais do planeta? A sensação geral de alívio e celebração, legítima, após o resgate encobre questões não levantadas dessa história. Cetc. – Pode comentar? PT – Trinta por cento do PIB do Chile vem da extração de minério. Houve um tempo em que esse minério era retirado da superfície, cariando montanhas. Depois foi preciso perfurar o solo, entrar 15, 20, 30, 50 metros... até chegar a 700. Setecentos metros é muita coisa, um apartamento costuma ter três metros de altura, 700 metros correspondem a um edifício de 233 andares, algo impensável. Você se imagina da janela do ducentésimo trigésimo terceiro andar de um edifício olhando lá para baixo? Você poderia reconhecer sua irmã ou até mesmo seu carro dessa altura? É quase impossível. Mas a profundidade da mina é fato, para baixo foi possível. Após cerca de 200 anos de Revolução Industrial, estamos esgotando fontes a 700 metros do solo. E depois? Para onde ir? Quanto é possível entrar solo adentro antes de se ver repelido pelo magma terrestre? Quatro quilômetros? Quantos anos mais precisaremos até não termos alternativa em nossa busca por minério e chegar às fronteiras internas do planeta? E quando chegarmos, que outro passo dar? Cetc. – O que mais lhe suscitou o caso dos mineiros chilenos? PT – Muitas e ricas reflexões ainda não ensaiadas pelos que se sensibilizaram com os angustiantes dias alheios sob o solo. O que parece ser comovente, uma experiência de bilhões de pessoas condoídas e enternecidas pelo momento angustiante dos 33 “heróis”, esconde uma faceta perversa da inconsciência endêmica de nossos dias. Cetc. – Como se comporta a mídia em situações como essa? PT – Ninguém, ninguém, até agora, levantou questões mais profundas. O que parece ser uma demonstração de que princípios humanitários ainda movem o homem moderno é, na verdade, uma ode ao sentimentalismo barato. Naturalmente, é digno comover-se com o fim do

desespero desses homens, mas, às vezes, é preciso navegar contra a corrente, por honestidade e decência intelectual. Navegar contra a corrente aqui significa buscar um entendimento mais amplo dos fatos, mesmo que esse fira suscetibilidades e crenças ou contrarie a onda de sentimentalismo que assolou o planeta com o tom das reportagens sobre os mineiros veiculadas pela mídia. Cetc. – Quais as consequências do trabalho desses homens, os mineiros? PT – Se esses homens sofreram privações básicas, que outras privações eles andam tramando para seus netos? Como esses netos vão viver em um planeta que se encaminha para transformar-se numa coleção de cáries, um esqueleto residual de materiais menos nobres que não foram lucrativos a seus avós? Se é possível comover-se com a situação precária a que esses homens se viram submetidos, será possível comover-se com as proporções agigantadas do estado de carência – irresgatável e irreversível – ao qual estamos condenando não apenas 33 homens mas, talvez, 33 bilhões de pessoas daqui a cinco ou seis gerações? Cetc. – O que diz a ciência a respeito? PT – Há um estudo – sobre aquecimento global –, do engenheiro Neddo Sandro Zecca, que me caiu em mãos e que levei para ler nessa viagem. Abri imediatamente a brochura de 36 páginas e comecei a colher dados objetivos sobre o momento do planeta. No estudo, Neddo recorre à primeira lei básica da termodinâmica, de Lavoisier (popularmente: nada se cria, tudo se transforma), para advertir que “não existem fontes renováveis de energia”, segundo ele “profissionais que falam de energias renováveis tentam, de forma sofisticada, ressurgir o mito do moto-contínuo”. Para ele, combustíveis renováveis são “ilusões e expectativas sem fundamento, criadas pelo homem”. Pulo para a última página de seu relatório, em que o engenheiro conclui, com ironia: “Nos dias de hoje, o consumo médio anual de energia pelo ser humano é de 400 quads (unidade de energia que equivale a 293.071.000.000 de kilowatts-hora) e JAN_FEV_MAR 2011

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o total de energia química fossilizada disponível no planeta Terra, somado ao total de ‘energia química biomassa de ciclos curtos’ é de 200 mil quads. Restam, então, para os ilustres humanos – caso não aumentem ainda mais os níveis atuais de consumo – aproximadamente 500 anos de condições de sobrevivência. Be happy... Cetc. – Qual a melhor atitude a tomar? PT – Se transferirmos a comoção da condição vivida pelos 33 mineiros nessas dezenas de dias para a condição de vida que estamos criando para nossos bisnetos... Será que poderemos deter a nave-desenfreada-do-progresso-a-todo-custo, movida pelo instinto cego de sobrevivência, e deixar de herança um mundo melhor do que o que recebemos? Espero que sim, embora ainda não enxergue sinais disso acontecendo. E me pergunto, curioso e esperançoso: você,

leitor, se habilitará como um dos que ajudarão a mudar o rumo atual das coisas para um novo sentido? Cetc. – Pedro, o que dizem os astros? PT – Até 2036, teremos no céu um sextil (ângulo de 60 graus) entre Netuno e Plutão. É bem improvável que o homem consiga destruir as condições de vida humana no planeta até lá. Nesse período, até 2024, Plutão – planeta ligado ao aprofundamento da consciência – estará em Capricórnio, signo que lida com a percepção da escassez de recursos. Isso significa que, durante esse período, seremos empurrados a nos conscientizar dos limites das condições naturais. Mas muitos provavelmente resistirão a essa conscientização. Tem sido assim desde que o homem é homem – resistência à lucidez, opção pelas fantasias de que, no fim, as coisas se arrumarão por si sós. Se isso ocorrer,

Pedro Tornaghi é formado em música pela New England

Conservatory of Music (Boston, EUA) e pela Pró-Arte (Rio) e em educação artística pela UNI-RIO. É pesquisador há mais de 20 anos de temas ligados à meditação e autor dos CDs Meditação da Rosa, Meditação Amazônica, Voz dos Chakras e Meditação do Espelho Místico. Promove, desde os anos 1980, diversas linhas de meditação e psicoterapia individualizada, sempre procurando caminhos que possibilitem o crescimento pessoal. Desenvolveu o próprio método de trabalho, que tem sido reconhecido e vivenciado em congressos e centros de meditação no Brasil e na Índia. Suas técnicas de meditação se baseiam principalmente no trabalho com a conscientização da respiração. Esse método vem sendo aplicado, com regularidade, em suas oficinas, atividades de autoconhecimento

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dificilmente levarão em conta a vontade do bicho-homem de continuar habitando e explorando o planeta. Embora improvável, ainda é possível que consigamos reverter o movimento rumo ao suicídio coletivo que a humanidade vem ensaiando. Plutão é ligado ao inconsciente coletivo e Capricórnio, ao medo da sobrevivência. É possível que diante do precipício para qual o homem tem se movido teimosa e diligentemente, perante o abismo, ele, mais por necessidade do que por vontade, acorde. Isso é o que pode se esperar de Plutão e Capricórnio. Não podemos mais contar muito com uma ajuda de determinados ângulos entre planetas que nos tirem dessa sinuca. Dessa vez, ou nos responsabilizamos para mudar o rumo da nave ou assistimos à colisão. E o acordar tem que ser individual, de cada um, um por um. Enfim, não é um quadro otimista, mas realista.

e cursos de formação. Ministra palestras/vivências/debates e cursos em escolas, spas, espaços holísticos, livrarias, lojas naturais e esotéricas, universidades, academias, centros de saúde, em programas de qualidade de vida nas empresas e em grandes eventos culturais e ecológicos. É idealizador e coordenador de congressos de meditação do Rio de Janeiro e consultor holístico do corpo artístico e de ambiente em novelas da TV Globo. Realizou diversas participações na mídia, em artigos e matérias nos grandes jornais, em revistas e programas de TV como: Sem Censura, Fantástico, Jô Soares, Marília Gabriela, Alternativa Saúde, da GNT, RJ TV, Bom Dia Rio e Diálogos, no Canal 16 da NET, entre outros. Foi o idealizador e diretor do Centro de Astrologia do Leme, nos anos 1980, tendo formado mais de 600 astrólogos.


cidade

por Vivien Bezerra de Mello

Calceteiros in Rio Prefeitura do Rio investe em curso de mestres calceteiros

As pedras portuguesas invadiram o Rio de Janeiro em meados dos anos 1970. Tornaram-se uma paixão carioca rapidamente, e raras são as ruas que não as têm em suas calçadas. O calçamento é bonito, seus desenhos ornamentam a paisagem e esse revestimento não gera calor, como as placas de cimento. E pasme: as pedras portuguesas não são frágeis. Pedra, aliás, é o material que dura mais tempo em construções. Quem nunca se admirou com a durabilidade dos monumentos romanos? Ok, então por que vemos aquelas calçadas tão esburacadas por aí? A questão é a aplicação das famosas pedrinhas. Se for eficiente, feita de forma correta, o calçamento tem uma durabilidade extrema. Mas para aplicá-las com excelência, só aprendendo com quem sabe.

Tudo começou em Portugal A Escola de Calceteiros de Portugal foi criada pela Câmara Municipal de Lisboa, em novembro de 1986, e pretendia renovar o efetivo de calceteiros municipais e divulgar a arte de calcetar. Ao longo de mais de 20 anos, têm sido formados profissionais, homens e mulheres, que, ao assimilar o saber de velhos mestres, esperamos que assegurem a “sobrevivência” da calçada portuguesa. São expressões como “ao quadrado”, “desdobrar da pedra” e “malhetar” que a Escola de Calceteiros pretende recuperar e preservar numa profissão genuinamente portuguesa e intimamente ligada ao patrimônio cultural de Portugal. É por

isso necessário ajudar a resguardá-la, para que novos calceteiros continuem a espalhar pelo chão o significado de “bico sutado”, “gregas” e “aranhas”, para que em nenhum dia os lindíssimos tapetes de calçada artística de Lisboa sejam substituídos por outros pavimentos. A Câmara Municipal de Lisboa, através de seus serviços, e a Escola de Calceteiros têm proporcionado a qualificação profissional de calceteiros da região de Lisboa, de diversas regiões do continente, dos Açores e de várias partes do mundo – em países da União Europeia, em países africanos de língua oficial portuguesa, no Timor Leste e no Brasil. JAN_FEV_MAR 2011

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Os mestres calceteiros portugueses antônio brito , josé araujo e josé costa, que trabalham na Prefeitura de Lisboa e vieram ao Rio especialmente para ministrar esse curso. A partir de março de 2011, a Prefeitura do Rio realizará o curso regularmente para os interessados em aprender esse ofício

O Rio de Janeiro possui 1,218 milhão de metros quadrados de calçamento de pedras portuguesas, que em muitas áreas são tombados Como exemplo podemos citar os prédios da Biblioteca Nacional, do Theatro Municipal, do Museu de Belas Artes e do Clube Naval

Qualificando a mão de obra no Brasil A Prefeitura do Rio, ciente do grande problema, resolveu atacá-lo pela raiz e investir na formação de mestres calceteiros. E para isso, teve que ir buscar os professores na fonte: em Portugal, ó pá! A Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego, iniciou, em novembro de 2010, o curso de formação de mestres calceteiros. A turma, com 60 alunos, é formada por 60 calceteiros que estão sendo requalificados na arte e na técnica desse ofício. Eles tiveram aulas com cinco mestres portugueses que trabalham na Prefeitura de Lisboa e vieram ao Rio especialmente para ministrar esse curso. A partir de março de 2011, a Prefeitura realizará o curso regularmente para os interessados em aprender esse ofício. Já na aula inaugural, os alunos souberam um pouco mais sobre a história das calçadas de pedras portuguesas e sua difusão pelo mundo. O Rio de Janeiro, por exemplo,

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possui 1,218 milhão de metros quadrados de calçamento de pedras portuguesas, que em muitas áreas são tombados. Nossa cidade ostenta calçadas de 1905! Estamos nos referindo àquelas que ornamentam os prédios da Biblioteca Nacional, do Theatro Municipal, do Museu de Belas Artes e do Clube Naval. Com esse curso, a Prefeitura pretende formar uma nova geração de calceteiros e garantir a qualidade do assentamento de pisos de pedra portuguesa na cidade. Atualmente, a Prefeitura do Rio tem 80 calceteiros trabalhando na manutenção do calçamento. “O calçamento de pedras portuguesas identifica o Rio de Janeiro. A Prefeitura reconhece a importância do trabalho dos calceteiros e que precisa aumentar a capacidade de assentamentos na cidade. O lançamento desse curso marca o compromisso de requalificar os profissionais que já atuam no ofício e formar novos calceteiros para a realização de um trabalho cuidadoso e de qualidade na cidade”, afirmou o secre-

tário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório. A Prefeitura também está lançando, junto com o curso, o novo equipamento e o uniforme que serão usados pelos calceteiros no Rio. Nas cores azul e branco, o traje (calça, camisa, chapéu e tênis) traz a imagem das ondas de Copacabana de pedras portuguesas. Os calceteiros vão ganhar contêineres adaptados para suas necessidades profissionais: além de transportar as pedras, também há lugar para guardar as ferramentas utilizadas, como banquinho e martelo, e uma barraca para protegê-los do sol. Para reparos maiores, os profissionais contarão ainda com um carro, também adaptado às suas necessidades. Com tanto investimento, agora os contribuintes podem e devem exigir da Prefeitura as calçadas da cidade mais bem conservadas. E os síndicos também devem fazer sua parte, uma vez que o calçamento da frente de cada prédio é de responsabilidade de cada um. Mais informações em http://www.rio.rj.gov.br


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capa por carla rocha

Segurança: dever do estado, preocupação de todos Condomínios buscam, na vigilância eletrônica e na consultoria técnica, as armas para enfrentar a violência da cidade Que o Rio de Janeiro vive tempos de guerra, apesar de alguns avanços, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), ninguém tem dúvida. Mas, para além da pauta das políticas públicas, a segurança, ou a falta dela, é responsabilidade de todos, dos cidadãos e, claro, dos condomínios cariocas. Apesar de os números apontarem para uma queda na curva da violência, inclusive dos casos de homicídio, as estatísticas ainda são suficientemente assustadoras e continuam a tirar o sono dos moradores da cidade. Somente em junho, julho e agosto de 2010, período que consta os últimos dados oficiais divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do estado, foram 344 casas e, nada mais nada menos, que 4.924 carros roubados. Enquanto não se encontra uma solução definitiva para o problema, o mercado de produtos e serviços para quem não se sente seguro não para de crescer, e as ofertas para condomínios residenciais é que não falta. Em primeiro lugar, está a prevenção. Se por um lado as UPPs aumentaram a sensação de segurança em comunidades carentes, por outro, elas geraram, em alguns bairros da cidade, problemas “no asfalto”, como o aumento de roubos, furtos, arrastões e ataques violentos do crime organizado. No primeiro semestre de 2009, por exem-

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Há cinco anos, a administradora Telma Costa, do Condomínio Terra Nova, em Itaipu, Niterói, pôs fim aos assaltos com um sistema de controle na portaria em que os visitantes são cadastrados afirma Andrade, acrescentando que a orientação geral é para que as imagens permaneçam gravadas num HD por um prazo de 20 a 30 dias.

plo, enquanto moradores do morro Dona Marta comemoravam uma nova fase em sua rotina longe do tráfico armado, as ruas do bairro enfrentavam um aumento do número de assaltos. É claro que todos, no asfalto e no morro, saíram ganhando com o fim dos constantes tiroteios, mas a polícia foi obrigada a rever sua estratégia de policiamento na região. Atentos ao fenômeno, os condomínios têm encontrado na vigilância eletrônica um forte aliado contra a insegurança. Mas é preciso seguir algumas recomendações – de preferência de técnicos especializados no assunto – para não cair em ciladas. O

assunto é tão sério que virou agenda obrigatória para as entidades ligadas ao setor imobiliário. A primeira dica importante é fugir dos palpites, que podem representar desperdício de dinheiro e pouca eficiência. O melhor é buscar a ajuda de um consultor qualificado antes de cercar todo o prédio ou comprar qualquer sistema de câmeras, partindo do princípio errado de que todas são iguais. Só para citar um exemplo, que pode ser muito desagradável, é adquirir um circuito de TV que não grava, o que faz dele apenas uma geringonça cara e inócua. Outra recomendação que vale a pena considerar é que o treinamento de funcioná-

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rios e porteiros, e até mesmo dos condôminos, é tão ou mais importante do que fazer investimentos pesados numa parafernália tecnológica. Esse é o tipo de consciência que está crescendo entre os condomínios da cidade. O consultor de segurança do Secovi, Raimundo Castro, é um expert no assunto. Responsável por cursos criados para disseminar informações sobre o tema, que são ministrados até para pessoas de outros estados, ele explica que a segurança deve obedecer a um trinômio. São eles: recursos humanos capacitados, equipamento apropriado e instalações adequadas. Um lugar em especial merece todas as atenções, segundo ele. “A portaria é estratégica. Ela tem que ser protegida. Já falamos no trinômio. Não adianta ter bom equipamento e treinar os profissionais se não proporcionamos a eles a proteção devida”, alerta Castro, lembrando que o conceito geral é o primeiro passo para o sucesso de um planejamento de segurança e, só depois, devem-se voltar as atenções para a operação em si de entrada e saída de pessoas no prédio. Mas o que é uma portaria segura? O consultor de segurança, mais uma vez, volta à questão do conceito. A portaria segura, de acordo com Raimundo, tem que ser enclausurada. Explica-se: ela precisa ter duas portas, obrigatoriamente: uma só abre quando a outra está fechada. “Tecnicamente, classificamos esse conjunto de portões de enclausuramento e intertravamento de portas. Uma porta só abre quando a outra efetivamente estiver fechada. Isso vale tanto para a portaria de pedestres 14

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quanto para o acesso de veículos. É um sistema eletromecânico que funciona muito bem. Um dos pontos mais vulneráveis do condomínio é o acesso à garagem, porque os portões são lentos, dão tempo de o bandido agir não só rendendo a vítima com facilidade como, a partir dali, ingressando em todas as dependências do prédio. Com o sistema de enclausuramento, isso é muito mais difícil de acontecer”, explica o consultor do Secovi. Ele cita, ainda, como itens muito úteis, os circuitos internos de câmeras, desde que gravem as imagens e que elas fiquem armazenadas por algum tempo. Em condomínios maiores, o sistema pode ser mais sofisticado – fotografar os visitantes e registrar os dados pessoais e o número do documento de identificação deles. Mas Castro observa que não há mágica ou projetos de segurança infalíveis: “Nenhum sistema de segurança tem eficiência de 100%. O raciocínio é que ele aumenta o grau de risco para o criminoso. E bandido gosta de facilidade, ele não quer correr risco. Eles ‘trabalham’ para diminuir esse risco e a gente, para aumentá-lo. Quanto mais a gente proteger o prédio, mais difícil será a ação do ladrão e, quanto mais difícil for para ele, mais terá medo de agir.” De fato, entre os itens mais procurados estão os circuitos internos de câmeras, cujas vendas têm estado ainda mais aquecidas com as frequentes notícias de arrastões pela cidade. O ponto forte da Segmix é justamente o controle do


O consultor de segurança do Secovi, Raimundo Castro, recomenda investimento no trinômio treinamento-equipamento-instalações adequadas: “Bandido não quer correr riscos”

acesso. E não é qualquer um. Além apostar no conceito de clausura, que pode ser aplicado se o prédio contar com duas portas de acesso à portaria, a empresa também oferece equipamento diferenciado. A Segmix adota a tecnologia de tags, as mesmas usadas para liberar o acesso às pistas automáticas da Linha Amarela. É simples: um sensor, instalado no para-brisa do carro, emite um sinal quando o morador se aproxima da entrada da garagem. Ao mesmo tempo, o porteiro, dentro do prédio, é informado, num terminal, sobre quem está chegando. Outro modelo muito vendido é o tag-táctil, afixado no painel do carro e que pode ter até quatro botões configurados para ser utilizados pelo motorista, um deles o de pânico. Nesse caso, se o morador for rendido ao chegar ao prédio, ele pode simplesmente apertar o botão de pânico, avisando o porteiro sobre a situação de perigo e garantindo tempo suficiente para ele acionar a polícia. “Em nossas pesquisas, constatamos que 90% das invasões de prédios ocorrem pela entrada da garagem”, diz Carlos Andrade, gerente comercial da Segmix. Segundo Andrade, um sistema de se-

gurança, com câmeras e tags, pode custar entre R$ 8 e R$ 10 mil para condomínios de cem unidades e cerca de R$ 15 mil para os de 200. É claro que tudo vai depender da quantidade de câmeras que serão utilizadas e do grau de complexidade do sistema, o que deve ser definido de acordo com a necessidade de cada prédio e, claro, as características do local. O gerente comercial afirma que uma tecnologia complementa a outra e que o projeto de segurança, em geral, é uma combinação de elementos. As imagens geradas podem ser acessadas de qualquer lugar do mundo. “Hoje a tecnologia permite que morador, síndico ou administrador acesse imagens, em tempo real, do prédio por meio de um microcomputador com o uso de uma senha”, afirma Andrade, acrescentando que a orientação geral é para que as imagens permaneçam gravadas num HD por um prazo de 20 a 30 dias. Preocupado com a onda de assaltos na região, o administrador do Condomínio Dom Garcia, no Cachambi, Márcio Rodrigues de Souza, orientou os moradores do prédio a adquirirem um sistema de câmeras para monitorar todas as dependências do prédio. A iniciativa foi tomada há cerca de três anos. Antes ele havia presenciado uma série de ataques de assaltantes na rua e roubos de bicicletas, carros e celulares. “Quando comecei a trabalhar aqui, tive meu carro roubado na porta do prédio. Na época, eu estacionava do outro lado da rua. Por coincidência, estava socorrendo uma moradora que havia sido roubada por um ladrão de motocicleta quando percebi que meu Monza tinha sido levado”, recorda-se. São 32 câmeras espalhadas em toda a área do condomínio. Algumas vezes, as

imagens foram encaminhadas para a polícia, tanto para ajudar na identificação de bandidos, em razão de alguma abordagem feita a moradores, quanto para contribuir com a solução de um crime ocorrido na rua. “A gente tem consciência de que quando o bandido quer ele assalta, mesmo sabendo que está sendo filmado. São comuns imagens de assaltos dentro de ônibus em que o ladrão ainda faz sinal para a câmera. Mas com as imagens gravadas, o trabalho da polícia tem mais chances de ser bem-sucedido”, acredita Souza. As imagens, segundo Eduardo Furtado, um dos sócios da Rentel, há 15 anos no mercado, são mesmo os itens mais procurados. Ele explica que, bem posicionadas e com um sistema de armazenamento, são fundamentais para identificar possíveis assaltantes ou mesmo inibir a ação de ladrões. “As pessoas estão muito assustadas. O noticiário de TV não para de falar sobre arrastões e quadrilhas de assaltantes. O sistema de câmeras não chega a ser um Big Brother mas é suficiente para identificar a presença de pessoas estranhas dentro do condomínio. As imagens digitais são muito nítidas. Se o prédio não for muito grande, umas dez câmeras instaladas na parte frontal, na portaria e no entorno vão surtir o efeito esperado. A demanda aumentou muito. Os moradores têm descoberto vantagens também no controle da rotina do próprio prédio e até mesmo da entrada e saída de moradores em seus imóveis”, diz Furtado, acrescentando que o sistema pode ser incrementado por luzes infravermelhas com sensores de presença e alarmes. A procura por sistemas de segurança não é apenas uma precaução. Antes de tomar a decisão de investir em vigilância

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eletrônica, os condomínios colecionam histórias de tentativas ou assaltos à administração, invasões de suas dependências e casos de moradores abordados – e roubados – quando chegam em casa ou saem dela. Há uns cinco anos, a administradora Telma Costa, que está à frente do dia a dia do Condomínio Terra Nova, em Itaipu, Niterói, participou de uma mudança que acabou de vez com os constantes problemas enfrentados no lugar: um sistema de câmeras diferenciado, com o cadastro de todos os que entram e saem de lá, com fotos, documentos de identidade e endereço. “Decidimos fazer para reforçar a segurança. Nós somos um condomínio de casas, e na região estava havendo muito assalto a residências. Além do sistema de identificação, temos alarme e concertina farpada (uma cerca de arame em forma espiral) em toda a volta do muro. É a mesma usada nos quartéis do Exército”, explica Telma, que trabalha no condomínio há nove anos. “Antes enfrentamos algumas invasões aqui, principalmente pela mata. Umas duas vezes, roubaram mais de uma casa, levaram pequenos objetos. Graças a Deus, ninguém nunca se feriu, mas o medo era muito grande.” Telma acredita que o aparato de segurança desestimulou a ação de assaltantes. Segundo ela, o equipamento nunca precisou ser usado para a identificação de bandidos e passou a ser muito mais útil para a própria administração: “A lição é que os criminosos procuram o caminho mais fácil. Eles preferem agir em locais vulneráveis. O que não é mais nosso caso.” Serviço: Segmix – 2595-2004; Rentel – 22563981.

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Férias exigem segurança redobrada nos condomínios Durante o período de férias, muitas famílias viajam e deixam suas casas ou apartamentos fechados por um longo período. A Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) adverte que nessa época a adoção de medidas de precaução é imprescindível. Para Pedro Carsalade, presidente da Abadi, o síndico tem papel fundamental nesse processo. “O síndico precisa chamar a atenção dos moradores para a importância de se tomarem certos cuidados antes de viajar. Muitas vezes, a falta de cautela é responsável pela ocorrência de situações de risco. Informações sobre os perigos que costumam ocorrer nessa época do ano podem ser transmitidas por meio de palestras, comunicados internos e outras atividades”, sugere. Além disso, pequenas atitudes facilitam a vida dos funcionários e dos condôminos: tranque portas e janelas; feche o registro de água e de gás e desligue o quadro geral de luz; antes de sair, teste o sistema de segurança interno, se houver; suspenda a entrega de jornais e revista e peça para deixar a correspondência na portaria; deixe a chave e um telefone de contato com um parente ou amigo, de preferência que não more no local; não informe a data de retorno aos funcionários do condomínio; deixe algum vizinho avisado de sua ausência, que poderá observar alguma irregularidade em sua residência;

Pedro Carsalade, presidente da Abadi

já o síndico deve evitar dar férias a funcionários nesse período para não desfalcar o quadro; o zelador deve testar os sistemas de segurança e alarmes; os funcionários devem ser orientados para não darem informações a ninguém sobre quem está viajando e/ou em período de ausência; caso vá viajar sem seu veículo, mantenha-o sempre trancado e sem objetos à vista na garagem; o condômino deve participar das reuniões e dos cursos no condomínio. Afinal, ele é o maior interessado em preservar a integridade física de sua família e amigos. A integração e a conscientização de moradores e funcionários são importantes para que esses procedimentos deem resultado.


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Condomínio

Gestora empresarial por formação e pós-graduada em Direito Imobiliário, Bernardeth Costa aposta na gestão especializada como a administração predial mais adequada e eficiente, principalmente, para os empreendimentos imobiliários contemporâneos

Condomínios buscam, na vigilância eletrônica e na consultoria técnica, as armas para enfrentar a violência da cidade

Empreendimento imobiliário + gestão especializada = valorização patrimonial + qualidade de vida É com base na visão dessa equação que Bernardeth Costa, diretora-presidente da Associação BLUE Condomínio das Américas, gerencia, há quatro anos, toda a área de infraestrutura pública do complexo BLUE Condomínio das Américas, com 1.670 unidades imobiliárias, entre apartamentos e casas, com serviços de vigilância, conservação e limpeza, manutenção predial, de jardins, fontes e riacho, iluminação pública, transportes de ônibus e balsa e o clube social pri-

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vativo BLUE Beach Point, instalado na Praia da Barra da Tijuca, com serviços de piscinas, saunas, fitness, jogos, bar e eventos. Gestora empresarial por formação e pós-graduada em direito imobiliário, Bernardeth Costa aposta na gestão especializada como a administração predial mais adequada e eficiente, principalmente, para os empreendimentos imobiliários contemporâneos. Ao longo de seus 22 anos de experiência em gestão, Bernardeth Costa

conta que em 1999 que teve sua primeira atuação em condomínio residencial, com 348 unidades autônomas, como gerente administrativa, para efetivar a instalação do condomínio. Mas bastou familiarizar-se com a rotina operacional da edificação que logo percebeu a necessidade da aplicação do conhecimento técnico para realizar o aprimoramento de seu trabalho. Desde então, defende a concepção de que todo


condomínio deve ser gerido como uma empresa, levando-se em conta as peculiaridades operacionais existentes no ambiente corporativo agregadas às habilidades de atendimento. “As atividades praticadas pelo gestor de condomínios estão consolidadas na integração de pessoas, processos, instalações e tecnologia, atribuídas, essencialmente, a conceitos e princípios da gestão empresarial, da arquitetura e da engenharia. As construtoras têm projetado empreendimentos modernos com instalações que demandam serviços e sistemas específicos para sua regular funcionalidade, o que se consegue somente com uma boa gestão de operações”, afirma Bernardeth Costa. Diante desse panorama, resta ao gestor de condomínios se especializar para que se torne um profissional competente para gerenciar pessoas e contratos de prestação de serviços, desenvolver estudos que proporcionem redução de custos com consumos, elaborar planos orçamentários compatíveis com a realidade do empreendimento e do perfil dos coproprietários, estabelecer mecanismos e ações de preservação ambiental, criar possibilidades de receitas extras, enfim, administrar problemas e fornecer soluções que alcancem maior relação custo-benefício.

“Além disso”, enfatiza Bernardeth Costa, “o gestor de condomínios não pode isentar-se de saber sobre os âmbitos legais que regem o universo condominial, para que possa informar aos coproprietários sobre seus documentos institucionais, como convenções, regulamentos ou estatutos, e, ainda, não se perca em suas obrigações de manter em dia o recolhimento de impostos, a renovação de seguros e a convocação de assembleias, entre outras tantas tarefas.” Talvez toda essa complexidade e necessidade de conhecimento seja novidade para muitos voluntários ao cargo de síndico, sob pauta de uma assembleia, sem que imaginem a relevância da responsabilidade civil e criminal que absorvem ao assumir essa posição. Todavia, a razão de ser da necessidade de um especialista para gerenciar o condomínio não poderia ser diferente da de se obter a valorização do patrimônio dos coproprietários das unidades autônomas. Acerca da linguagem do mercado no segmento imobiliário, Bernardeth Costa atesta o vínculo direto da unidade residencial ao estado de conservação e operacionalização das áreas comuns. “Nenhum apartamento ou casa de condomínios possui valor isolado que não sofra interferência direta das condições apresentadas nas

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áreas de uso comum. O proponente comprador de uma unidade autônoma faz perguntas sobre o condomínio acerca de suas instalações de lazer e entretenimento, da administração interna na condução de normas e procedimentos de utilizações, do valor mensal da contribuição para o rateio de despesas ordinárias e extraordinárias e, principalmente, dos custos assumidos com consumo de água e energia elétrica. Sendo assim, a decisão de aquisição de uma unidade está plenamente condicionada às respostas positivas de todos esses questionamentos”, analisa ela. Ainda sob análise de Bernardeth Costa, a gestão especializada de um empreendimento imobiliário é promissora porque, além de agregar valor patrimonial às unidades autônomas, diminui gastos com manutenção, elimina conflitos entre vizinhos quando da administração feita por condômino, preserva o meio ambiente, a exemplo de racionamento e coleta seletiva, e aprimora a qualidade de vida, porque é através de melhorias que o condomínio passa a ser um lugar de bem-estar e bem viver. “Ainda há carência de profissionais qualificados para a gestão especializada de condomínios, porém, o mercado é tendencioso e vai impulsionar candidatos e cursos de capacitação”, explica.

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O BLUE Condomínio das Américas dispõe de serviços de vigilância, conservação e limpeza, manutenção predial, jardins, fontes e riacho, iluminação pública, transportes de ônibus e balsa, e o clube social privativo BLUE Beach Point instalado na orla da praia da Barra da Tijuca, com serviços de piscinas, saunas, fitness, jogos, bar e eventos


"O Gestor de Condomínio especializado aliado a uma administradora convencional que transmita segurança, credibilidade e competência pela sua trajetória de atendimento, está com a oportunidade de praticar sua gestão por excelência” avalia Bernardeth Costa

No caminho da administração condominial, o gestor precisa ser habilidoso para escolher, criteriosamente, seus parceiros terceirizados. Pautada em sua experiência perante o processo de contratação de empresas de prestação de serviços, Bernardeth Costa julga o contrato firmado com uma administradora convencional o mais importante e comenta: “Existem inúmeras administradoras no mercado que oferecem o mais variado cardápio de serviços e condições para que ocorra sua efetiva contratação. Mas há de se ter muito cuidado nessa escolha para que prejuízos significativos, morais e financeiros sejam evitados. Para que o processo de análise de propostas de administração seja eficiente, o gestor de condomínios deve levar em consideração a solidez das empresas participantes, o tempo de estabilidade no mercado, a experiência de outros clientes que tenham o mesmo perfil de condomínio, a formação técnica dos sócios, as instalações da sede, o sistema de gestão utilizado para gerar os boletos de cota condominial, os balancetes, as folhas de pagamento e o recolhimento de tributos, o custo da taxa mensal e dos serviços cobrados à parte e as cláusulas do contrato sob análise jurídica, entre outras recomendações.”

Bernardeth Costa lembra ainda que, numa ocasião, teve uma experiência dramática com a contratação de uma administradora que não tinha expertise de gestão condominial, estava desestruturada internamente em termos de pessoal para atendimento e utilizava um sistema de gestão incompatível, que causava problemas na manutenção da transparência de seu gerenciamento com os condôminos por não ter previsto essas deficiências no processo de contratação. “O gestor de condomínio especializado, aliado a uma administradora convencional que transmita segurança, credibilidade e competência por sua trajetória de atendimento, tem a oportunidade de praticar sua gestão com excelência” avalia. Atualmente, a Associação BLUE Condomínio das Américas conta com a parceria da CIPA Administradora, que tem o que Bernardeth Costa considera indispensável: “A CIPA é uma empresa estruturada, sólida, organizada, e tem nos atendido a contento. No plano de gestão da Associação BLUE para o ano de 2011, temos muitas atividades, melhorias e implementações que interagem diretamente com a prestação de serviços da administradora, e com a participação da CIPA, nossas expectativas estão muito positivas”, finaliza.

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responsabilidade social

Grupo Girassol convida você a ajudar o próximo A CIPA, por meio da revista Condomínio etc., já vem, há algum tempo, apresentando algumas possibilidades de ajudar o próximo. Neste início de ano, convidamos você a doar um pouco do que tem à família Girassol, um grupo de solidariedade fundado por Cátia Correia. Ela nos oferece a oportunidade de exercer nossa responsabilidade social, que muitas vezes queremos fazer e não sabemos como. Ao entrar em contato com ela, qualquer pessoa pode ajudar crianças carentes, idosos e outros necessitados de forma bem prática. Há postos de recolhimento das doações em diversos bairros da cidade. O trabalho do grupo merece nossos aplausos e nossa adesão. Visite o site www.grupogirassol.org ou ligue para (21) 9933-7068 e saiba como ajudar.

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ecodicas por vivien bezerra de mello

Conferência do Clima termina com acordo modesto Os países reunidos em Cancún chegaram a um consenso sobre um pacote de medidas que inclui a criação de um fundo climático; porém, a extensão do Protocolo de Quioto continua sem uma decisão definitiva Em dezembro de 2010, mais de 190 países se reuniram em Cancún, México, para fechar um pacote de medidas para combater as mudanças climáticas. Foram duas semanas de debates, e a Conferência do Clima (COP16) deixou de lado a ideia de um acordo global com força de lei para limitar as emissões de gases e focou na obtenção de avanços concretos em temas como financiamento, preservação florestal e transferência de tecnologias limpas. Tendo isso em vista, a COP16 foi considerada um sucesso por sua presidente, a secretária de Relações Exteriores do México, Patrícia Espinosa: “É uma nova era de cooperação internacional na luta pelas mudanças climáticas.” Essa opinião foi compartilhada pela representante da União Europeia (EU), Connie Heedegard, e pela ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira. “O que nós, da União Europeia, queríamos era um conjunto substancial de decisões para salvar todo esse processo, mostrar que ele pode trazer resultados. Acho que vimos isso aqui em Cancún”, disse Connie.

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“Criou-se um mecanismo de adaptação dos países em desenvolvimento às mudanças climáticas, o Redd (Redução das Emissões de Desmatamento das Florestas), proposta elaborada para evitar a emissão de carbono, foi colocado em prática e o comitê do fundo de adaptação foi criado”, afirmou Izabella Teixeira.

Medidas

O acordo realizado em Cancún pede para que os países ricos cortem suas emissões de gases do efeito estufa, mas não os obriga a isso. Já as nações em desenvolvimento devem honrar suas metas de emissão definidas na COP15, em Copenhague, no ano passado. Talvez a grande decisão da conferência tenha sido a criação do Fundo Verde, que vai distribuir US$ 100 bilhões por ano para a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nos locais mais vulneráveis. Inicialmente, caberá ao Banco Mundial administrar esses recursos. “Hoje, com essa conferência, temos a oportunidade de começar a construir uma

nova história, na qual o crescimento econômico, a luta contra a pobreza e a promoção da vida em harmonia com o meio ambiente estão a nosso alcance”, declarou Felipe Calderon, presidente do México. “É realmente algo histórico. Pela primeira vez, os países concordaram em adotar instrumentos tão amplos e medidas que vão ajudar os mais pobres”, disse Christiana Figueres, presidente da União-quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).

Protocolo de Quioto e desavenças

Se a criação do Fundo Verde foi a grande conquista, a falta de uma decisão definitiva sobre o futuro do Protocolo de Quioto foi o grande fracasso. A discussão sobre a continuidade do tratado após 2012 foi a mais acalorada da COP16. Japão, Canadá e Rússia não queriam sua extensão, pois diziam não ver sentido num novo período de compromisso se ele não se aplica à China e aos Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases estufa. No fim, se optou pelo texto que afirma


que a questão deve ser definida “o mais rápido possível”, a tempo de não permitir que os países desenvolvidos fiquem sem metas de redução de emissão de gases estufa. A Bolívia foi o único país contrário ao acordo fechado em Cancún, pois ale-

gou que as medidas são fracas e levarão a um aquecimento de mais de 4°C. Dessa forma, se recusou a assinar o pacote de decisões. Mesmo assim, a presidente da COP16, Patrícia Espinosa, deu os textos como aprovados.

Entenda um pouco mais sobre as mudanças climáticas Verões mais quentes e invernos mais rigorosos, maior número de enchentes, secas e incêndios florestais, aumento da intensidade e frequência de tempestades e furacões, derretimento de geleiras e calotas polares e elevação do nível do mar são algumas consequências das mudanças climáticas previstas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC – Intergovernamental Pannel on Climate Change) caso a temperatura do planeta continue subindo. Estudos científicos comprovaram o aumento de 0,8 ºC na temperatura média da Terra no último século, passando de, aproximadamente, 13,8 ºC para 14,6 ºC. Segundo os 2,5 mil cientistas do IPCC, o aquecimento global seria “muito provavelmente” causado pelo excesso dos chamados gases do efeito estufa lançados pelas atividades humanas na atmosfera desde 1750 e que, agora, ultrapassam “em muito” os valores pré-industriais. Os três principais gases do efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). A partir da Revolução Industrial, no século XVIII, as fábricas passaram a substituir a energia do vapor pela queima do carvão, que libera CO2. Com a descoberta do petróleo, mais dióxido de

carbono foi lançado na atmosfera, pois a queima de seus derivados, como a gasolina, também emite esse gás. “O aquecimento do sistema climático é inequívoco, como está agora evidente nas observações do aumento das temperaturas médias globais do ar e do oceano, do derretimento generalizado da neve e do gelo e da elevação do nível global médio do mar”, declararam os cientistas no quarto Relatório de Avaliação do IPCC, publicado em 2007. Segundo o IPCC, o aumento global da concentração de CO2 se deve, principalmente, ao uso de combustíveis fósseis e à mudança no uso da terra. Já a elevação da concentração de CH4 e N2O é fruto, sobretudo, do agronegócio. O IPCC é a autoridade científica das Nações Unidas responsável pelas informações oficiais sobre o aquecimento global. A entidade reúne centenas de cientistas atmosféricos, oceanógrafos, especialistas em gelo, economistas, sociólogos e outros especialistas que avaliam e resumem os principais dados sobre mudanças climáticas. Durante sua história, o IPCC publicou quatro “relatórios de avaliação”. Leia mais em http://www.institutocarbonobrasil.org.br Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências

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Corretora ESPECIALISTAS EM SEGUROS IMOBILIÁRIOS

Seguro-fiança ganha espaço do fiador no mercado de locação Na hora de alugar um imóvel, vem sempre aquela dúvida: fiador, depósito ou seguro-fiança? O fato é que muitas pessoas, sejam elas locadores ou locatários, estão preferindo, cada vez mais, a última opção. O seguro-fiança é uma garantia de pagamento ao locador rápido e seguro, e no caso do locatário, elimina a necessidade daquele pedido constrangedor ao amigo, para ser fiador. Essa modalidade de garantia vem ganhando cada vez mais participação nos contratos de locação residencial nas grandes cidades. Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Secovi Rio (Cepai), em conjunto com a Fecomércio-RJ e a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), com dados de novembro de 2010, aponta: o seguro-fiança já representa 22,5% dos contratos no estado do Rio. Embora o fiador saia na frente (67,7% dos contratos), esta deixou de ser a garantia hegemônica. A caução, ou depósito, se mantém na terceira colocação, com 5,5% dos contratos de locação fluminenses.

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Segundo Marlon Rosalvos, gerente da CIPA Seguros Corretora, o seguro-fiança “é a melhor opção para o locador, pois em caso de inadimplência, ele recebe rapidamente, sem burocracia. Nas outras modalidades é preciso entrar com uma ação de despejo para então fazer a cobrança. E o período entre uma decisão favorável jurídica ao despejo e o recebimento dos aluguéis atrasados pode chegar a um ano”, afirma. Max Rangel, supervisor de Locação da CIPA, afirma que o seguro-fiança vem se tornando cada vez mais conhecido e solicitado: “Aqui, na empresa, temos mostrado aos proprietários e aos candidatos a inquilino as vantagens dessa garantia. Algumas facilidades têm feito diferença na hora da escolha dessa opção: para o proprietário, caso o locatário não pague o aluguel e os encargos, a seguradora tem que reembolsá-lo e ingressar com uma ação de despejo por falta de pagamento sem que o proprietário tenha que arcar com as custas ou adiantá-las (na apólice, pode e deve ser incluída a garantia de danos e pintura, desde que o imóvel tenha sido entregue em

perfeitas condições, conforme relacionado em vistoria detalhada); já para o futuro inquilino, a vantagem é não ter que passar pelo constrangimento de pedir favor para ser afiançado”, observa. No fim das contas, ao fazer um balanço entre que modalidades de fiança estão sendo mais solicitadas pelos clientes CIPA, Max arremata: “As locações realizadas por meio do seguro-fiança estão quase se igualando ao número daquelas feitas com o tradicional fiador.” Sinal de que o mercado está descobrindo, na prática, as vantagens do seguro-fiança.

Conheça o seguro-fiança O Seguro de Fiança Locatícia garante ao proprietário, em caso de inadimplência do inquilino, o recebimento, por parte da seguradora, das coberturas contratadas na apólice. É uma modalidade de seguro que se caracteriza pela praticidade, uma vez que substitui a exigência dos tradicionais fiadores e avalistas ou a prestação de caução nos contratos de locação.


Notas

Beltrame é aplaudido de pé no Prêmio Master Imobiliário Como em todos os eventos do tipo, sempre fica um clima de solenidade quando o assunto é entrega de prêmios. Mas durante o Prêmio Master Imobilário, oferecido pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), em dezembro de 2010, no Hotel Intercontinental, foi bem diferente. A certa hora, Rogério Chor, presidente da Ademi, pediu que todos ficassem de pé (o que nem precisaria) para receber o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que ficou nitidamente envergonhado com tantas palmas – ele recebeu uma placa de Honra ao Mérito, entregue por Suzana, uma criança de 5 anos. Em outro momento, o evento foi interrompido pela chegada de Alan Turnowsky, secretário e chefe da Polícia Civil, que foi festejado igualmente. Ambos fizeram discurso e elogiaram a atitude do governador em unir todas as forças contra o crime. Um dos convidados comentou que o melhor prêmio de Beltrame, no entanto, é a fisionomia de satisfação da população carioca depois de dias de caos na cidade. Site IG, dezembro de 2010

IPTU progressivo é constitucional O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional a lei municipal de São Paulo que criou o IPTU progressivo no valor, que prevê alíquotas maiores para os imóveis mais caros. Na tabela em vigor atualmente, as alíquotas variam de 0,8% (para imóveis de valor venal de até R$ 77,5 mil) a 1,6% (para os que custam a partir de R$ 620 mil). A decisão foi tomada pelo plenário do STF em decisão final – ou seja, não cabe mais recurso. A ação havia sido movida por uma empresa de estamparia de São Paulo, que defendia que a lei era inconstitucional por fazer diferença entre os contribuintes. O resultado do julgamento tem efeito nulo, pois a prefeitura nunca deixou de cobrar o imposto da forma como foi aprovado em 2001. O julgamento no STF estava suspenso desde 2006, quando o ministro Carlos Ayres Britto pediu vista.

O julgamento, na ocasião, estava 5 a 0 em favor da prefeitura. O resultado final foi de 7 a 0 pela constitucionalidade da lei, criada na gestão Marta Suplicy (PT). A tese principal dos ministros do STF para “liberar” a lei municipal é que as pessoas com maior capacidade contributiva devem pagar mais para possibilitar ao poder público cumprir sua função social. O IPTU progressivo no valor é diferente do IPTU progressivo no tempo, aprovado em meados de 2010 pelos vereadores de São Paulo. O caso julgado pelo STF no fim do ano passado refere-se ao valor dos imóveis: paga mais quem tem imóvel mais caro. A lei, aprovada em 2010, diz que a alíquota do IPTU dobrará a cada ano para os imóveis vazios ou subutilizados na região central da cidade, podendo chegar a 15% do valor venal. Jornal do Commercio, dezembro de 2010

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Manutenção por Raquel Pinheiro Loureiro

Piscina: segurança e lazer devem andar juntos Nova lei exige instalação de dispositivo para interromper o processo de sucção e bombas especiais para novas construções

A temperatura subiu na cidade e tornou as piscinas ainda mais convidativas para crianças e adultos. Mas para garantir que o lazer de todos ande de mãos dadas com a segurança, os síndicos devem ficar atentos à legislação que regula o uso de piscinas, sobretudo à nova Lei estadual 5.873/2010, que entrou em vigor em novembro passado e tornou obrigatória, em um prazo de até 60 dias, a colocação de dispositivos para interromper o processo de sucção em piscinas e determinou que as piscinas novas deverão ter, além do

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dispositivo proposto, bombas de sucção que interrompam o processo automaticamente sempre que o ralo se encontrar obstruído. O objetivo é evitar acidentes, desde hematomas em razão da prisão de costas e barrigas pela sucção até casos mais graves que levam à morte por afogamento. As velhas regras sobre guardiões, controle das condições da água e manutenção do equipamento continuam valendo, conforme o Decreto 4.447/1981 e a Lei 3.728/200, ambos estaduais. Piscinas maiores que 36 metros quadra-

dos devem ter um salva-vidas, o chamado guardião de piscina, habilitado pelo Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros, que tem de ficar no local durante o tempo que essa área de lazer estiver sendo usada. A terceirização da mão de obra, inclusive a responsabilidade pela manutenção da piscina, como o controle do PH e do cloro da água e a conservação das bombas, foi a opção de Paulo Henrique Rodrigues, síndico do Condomínio Portais do Méier, no Engenho Novo. “É uma tranquilidade não ter que me preocupar com o treinamento


de um funcionário para a função”, conta ele. Paulo Henrique lembra ainda que não tem que lidar com faltas, férias e licenças médicas, pois a empresa sempre fornece um profissional habilitado para a função, garantindo o lazer dos moradores dos 206 apartamentos do condomínio. “Sem falar que tenho certeza de que a piscina estará em condições de uso nos dias em que estiver aberta”, acrescenta. Gerente da Mavel Administração & Manutenção de Piscinas, Vanessa Veloso ressalta que, com a terceirização, o condomínio fica protegido pela lei, e a empresa é a responsável por todos os pagamentos referentes aos funcionários, desde os encargos obrigatórios, como FGTS e INSS, até o auxílio-alimentação. Ela aconselha os síndicos a verificarem o currículo da firma escolhida antes de fechar contrato. “O cliente deve solicitar, junto com o contrato, as certidões negativas de FGTS, Receita Federal e tributos federais”, orienta Vanessa. “É importante se certificar se o funcionário da empresa que trabalhará como guardião de piscina está devidamente registrado no G-Mar e cobrar, com a fatura mensal do serviço, os comprovantes de pagamento do INSS e do FGTS.” Síndica do Condomínio Lyon, na Barra da Tijuca, com 108 apartamentos, Isabel Kieling está no cargo desde fevereiro e só vê vantagens no uso de uma empresa especializada. “Além de sair muito mais em conta do que usar um de nossos funcionários, é um aborrecimento a menos para o síndico”, diz ela. Já em San-

Isabel Kieling, do Condomínio Lyon, acredita que contratar uma empresa para a manutenção da piscina sai mais em conta

ta Teresa, Mônica Cleophas, síndica do Condomínio Rapozo Lopes, fez um acordo para que um morador do prédio faça a manutenção da piscina. “Foi a melhor solução para nós”, afirma. Mas Clóvis Rêgo Monteiro Filho, fundador e diretor da Piscinas Joá, alerta que um químico diplomado e habilitado deve ser o responsável pelo tratamento da água da piscina, conforme estipulado em lei. Há 41 anos no mercado, Rêgo Monteiro prevê muitas mudanças com a nova legislação. “Todos vão ter de se adaptar às novas normas, inclusive os fabricantes de bombas de sucção. Por isso, já entramos em contato com alguns deles, para saber da disponibilidade do equipamento para futuros pedidos”, diz o profissional.

No Condomínio Rapozo Lopes, o problema da síndica Mônica Cleophas é o comportamento na piscina

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Convivência sem estresse Piscina não é apenas sinônimo de sol, sombra e água fresca. Essa área de lazer pode significar muita dor de cabeça quando os frequentadores não obedecem a regras simples de convivência. Da Zona Norte à Zona Oeste, os síndicos precisam de muito jogo de cintura para lidar com as situações que aparecem juntamente com as temperaturas mais altas. Mônica Cleophas, por exemplo, sofre com moradores que teimam em deixar seus cachorros beberem a água da piscina, se recusam a tomar uma ducha antes de mergulhar e, ainda por cima, deixam latinhas de bebida espalhadas pelo terreno. “Foram criadas algumas regras para restringir essas atitudes, e já tivemos alguns avanços”, conta. Do outro lado da cidade, Isabel Kieling segue as normas que proíbem bolas e brinquedos que podem machucar dentro da área das piscinas. Além disso, cerveja e outros líquidos são servidos apenas em copos plásticos. Paulo Henrique Rodrigues lembra que a piscina vai além da água, compreendendo também a área em volta. “Exigimos carteirinha, pois temos de saber quem está usando o local. O regulamento interno serve para estabelecer as regras e eu cumpro o que ele diz”. O condomínio é um espaço comum, e nem sempre é fácil conciliar vontades tão diferentes. Mas seguindo alguma orientação simples, o uso da piscina pode ser prazeroso para todos, sem que atritos acabem com a diversão de síndicos e moradores. Confira algumas dicas:

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alimentos e bebidas não devem ser consumidos na área da piscina, e sim do lado de fora, para evitar a contaminação da água. Isso vale inclusive para o suquinho das crianças e qualquer tipo de comida; em razão do risco de acidentes, copos, pratos e talheres devem ser de plástico; animais na área da piscina, jamais. Questão de higiene e bom senso; filtro solar faz parte do arsenal de quem quer se proteger contra os efeitos nocivos do sol, mas uma fração do produto sai da pele quando em contato com a água, engordurando-a. O certo é tomar uma chuveirada antes de entrar na piscina e reaplicar o protetor quando sair dela. A mesma regra aplica-se a cremes e maquiagem; aliás, a paradinha no chuveiro antes de cair na água é obrigatória para todos, adultos e crianças, porque tira o suor e a sujeira do corpo; o amor é lindo, mas exibições de afetos para lá de calorosas em público podem causar constrangimento. Por isso, ou reduz-se a empolgação ou guarda-se tanto afeto para um local mais privado; correr em volta da piscina, pular na água e optar por brincadeiras perigosas são um convite para acidentes e, por isso, deve-se evitar; por se tratar de um espaço comum, dúvidas quanto ao uso de aparelhos de som e instrumentos e até mesmo a exigência de exames médicos são frequen-

tes. Em geral, elas estão especificadas no regulamento interno ou na convenção do edifício ou do condomínio; em casos de problemas com a utilização da área da piscina, as assembleias de condomínio são um bom espaço de discussão para resolvê-los.


Conheça a nova lei Sancionada pelo governador Sérgio Cabral no dia 11 de novembro passado, a Lei nº 5.873/2010 entrou em vigor no dia 12 do mesmo mês, quando foi publicada no Diário Oficial, e dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de dispositivos para interromper o processo de sucção em piscinas e dá outras providências. Pela nova lei, clubes sociais e esportivos, condomínios, hotéis, academias e locais semelhantes, onde existam piscinas de uso coletivo, são obrigados a colocar o tal dispositivo. Este deverá ser instalado em local de fácil alcance, inclusive para crianças e portadores de deficiência locomotora, e o local terá de ser sinalizado com placas. As piscinas novas deverão ter, além do dispositivo proposto, bombas de sucção que interrompam o processo automaticamente, sempre que o ralo se encontrar obstruído. Condomínios, clubes, hotéis, academias e todas as entidades que se enquadram na nova lei estão autorizadas a suspender, por até 30 dias, os usuários de suas piscinas que utilizarem de forma indevida o dispositivo para interromper o processo de sucção. Além disso, eles têm prazo de 60 dias para se

ajustarem à lei. Caso não o façam, ao infrator acarretará multa de mil a quatro mil UFIRs-RJ em caso de primeira notificação e a interdição da piscina, em caso de segunda notificação. A interdição só será cancelada depois de colocado o dispositivo. Serviço:

Mavel Administração & Manutenção de Piscinas – tel.: 2518-4772; Piscinas Joá – tels.: 2274-0822 e 2294-4898. Confira a jurisprudência relativa a esse assunto na página 68. JAN_FEV_MAR 2011

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Imóveis

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de que a empresa é conhecida por realizar bons negócios e por anunciar o imóvel nos classificados dos melhores meios de comunicação do mercado, o que garante visibilidade por parte dos compradores. Visitas aos imóveis devem ser feitas por corretores inteirados de suas características e que saibam explicar como anda a situação da documentação. Alguns imóveis podem ser financiados, outros podem estar “presos” em inventários de família, arrolados em brigas judiciais, devendo Imposto Territorial Urbano (IPTU), em dívida com o condomínio... Enfim, dessas e de outras informações os promitentes compradores devem ter ciência. É preciso também que os envolvidos estejam cientes de que o trabalho da empresa deve ser remunerado, e que a taxa para tal é de 5% sobre o valor negociado. Fazer um bom negócio pode ser muito simples, basta saber escolher a assessoria correta.

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Mercado aquecido e assessoria especializada garantem bons negócios

Ninguém tem dúvidas de que o mercado imobiliário está aquecido. As vendas têm batido recordes e muita gente vem realizando seu sonho da casa própria. Aliás, já tem gente adquirindo segundo imóvel, para obter renda com sua locação. Só que há um detalhe que não deve passar despercebido: esse aquecimento gera empolgação e, além disso, prestações a serem pagas ao longo de muitos anos. É muito importante fazer uma boa avaliação nas finanças antes de contrair dívidas sem saber se elas realmente cabem no bolso. A partir daí, todo cuidado com a documentação é necessário, de nada adianta achar seu imóvel se você não tem assessoria para garantir um bom negócio. A dica da CIPA é que o interessado procure uma empresa especializada para evitar problemas futuros. Ter registro no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci) é um bom começo. Depois dessa checagem, o interessado deve se certificar

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segurança

por Raquel Pinheiro Loureiro

Para-raios: proteção de cima a baixo Sistema evita que descargas atmosféricas tragam prejuízos a condomínios e especialistas advertem para a necessidade de manutenção constante Temperaturas subindo, verão batendo à porta e, na correria para a manutenção de piscinas e áreas externas, sempre muito utilizadas na época mais quente do ano, um equipamento importante às vezes acaba sendo deixado de lado: o para-raios. Escondido no topo do prédio, ele é a parte mais conhecida do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas, o chamado sistema PDA, que, como o nome diz, tem por finalidade proteger as edificações de raios, evitando incêndios, danos materiais e riscos à vida dos moradores. Mas para que isso aconteça, é preciso que o equipamento seja instalado nas construções para as quais ele é indicado – aquelas com mais de 30 metros de altura – e que a revisão do sistema esteja em dia. Do contrário, acredite, o perigo existe, sim. O Brasil é o país onde mais caem raios no mundo. São quase 50 milhões deles anualmente, e praticamente metade dos relâmpagos, cerca de 20 milhões, riscam os céus durante o verão. A região mais atingida? A Sudeste, pelo menos nos últimos dez anos, segundo pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) em São José dos Campos, São Paulo. Um raio com várias descargas pode durar até dois segundos, com uma corrente de cerca de 30 mil ampères – o chuveiro elétrico tem apenas 30! – e alguns podem

chegar até a 300 mil ampères. Em todo o país são registradas cerca de cem mortes por ano, e o prejuízo fica em torno de R$ 1 bilhão. Razões mais do que suficientes para investir no sistema PDA e proteger o patrimônio de todos. A norma NBR 5.419 – Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas e de Aterramentos Elétricos –, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é que regula a instalação de para-raios em território nacional. Nela constam as diretrizes que devem ser obedecidas, segundo uma série de regras específicas para cada situação. Além da NBR 5.419, o decreto estadual nº 897/76, conhecido como Código de Segurança contra Incêndio e Pânico, também exige o uso do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas em edificações e estabelecimentos industriais ou comerciais com mais

de 1.500 m² de área construída, em toda e qualquer edificação com mais de 30 metros de altura, em áreas destinadas a depósitos de explosivos ou inflamáveis e em outros casos a critério do Corpo de Bombeiros. Mesmo construções mais baixas ou fora dessas especificações podem ter para-raios, desde que colocado por uma empresa especializada, habilitada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) e pelo Corpo de Bombeiros. Síndico há quatro anos do Condomínio Vivenda do Gabinal, na Freguesia, o comerciante Alexandre Martins Mendes pretende dotar o prédio de 40 apartamentos, distribuídos por quatro andares, de um sistema PDA em um futuro próximo. “O síndico sempre tem que estar preparado para todas as possibilidades e pensar mais para frente. Matematicamente, sei que as chances de um raio nos atingir são baixas, mas e se acontecer?”, questiona Alexandre. “O condomínio não tem como arcar com o tipo de prejuízo que um relâmpago pode causar.” Diretor da Meta Extintores, José Teixeira foi testemunha ocular do estrago que um raio é capaz de fazer. Há cinco anos ele estava em frente a sua empresa, em Bonsucesso, quando um relâmpago atingiu um edifício do outro lado da rua. A construção até tinha para-raios, mas o topo de uma

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O síndico Alexandre Martins pretende instalar para-raios em seu condomínio: “Se algo acontecer, o condomínio não tem como arcar com os prejuízos”

das colunas estava com o revestimento (argamassa) desgastado e com partes da estrutura de ferro aparentes. A chuva já acabara, mas um último raio acertou o pequeno segmento de metal que estava exposto, explodindo uma porção de concreto em torno da área. “Alguns pedaços de concreto chegaram a cem metros de distância, a meus pés”, lembra ele. “Não houve estragos maiores, além da reconstrução da área atingida. A instalação do para-raios é indispensável, mas a manutenção adequada é imprescindível”, afirma Teixeira. A revisão periódica de todo o sistema PDA, anualmente, vai além do que está no topo do edifício. Aliás, um engano muito comum é acreditar que o para-raios se resu-

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me aos captadores, que é o nome apropriado das ponteiras em cima do mastro. Dos captadores saem cabos condutores, presos ao longo do mastro por isoladores. Os cabos descem paralelos ao prédio – mas sem tocá-lo e também separados dele por isoladores – até o chão, onde fica o aterramento. Sob o solo, é fincada uma ou mais hastes de cobre de 2,40 metros. Quando uma descarga atmosférica atinge o para-raios, ela corre pelos cabos até a terra, que é recebida pela barra enterrada e dissipada pelo solo. Quem está dentro da construção não sente nada. A manutenção adequada deve abranger todas essas partes, inclusive o aterramento. “Na maior parte da cidade do Rio de Janeiro, o solo é naturalmente muito rochoso e preci-

sa de um tratamento especial para que possa assimilar os milhares de volts de um raio”, diz o engenheiro civil e elétrico Orlando Sodré. Consultor do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) e funcionário da Defesa Civil, Orlando explica que, com o tempo, muitas vezes esse tratamento dado ao solo compromete o aterramento. “Usa-se, por exemplo, alcatrão, que acaba corroendo parte do material que está sob a terra e nós não vemos. Não é incomum um cabo de quase três metros ter se desgastado ao ponto de ficar com 30 centímetros”, alerta o engenheiro. “Outro risco é, por exemplo, um dos isoladores estar oxidado, o que pode gerar fagulhas quando a descarga estiver passando pelo condutor.” Mas a falta de revisão do sistema PDA pode esconder riscos ainda maiores. Nos anos 1960 e 1970, foi comum o uso de captores que utilizavam uma pastilha feita com material radioativo. Esse modelo de captor é proibido e sua retirada, obrigatória por lei desde 1989, mas eles continuam espalhados por aí. “Há muitos condomínios antigos, principalmente em Copacabana e na Lagoa, que ainda têm esse tipo de para-


O condomínio do síndico Wilson de Mattos tem dois para-raios em razão da grande área do edifício: “Fico tranquilo em saber que o prédio está protegido”

-raios radioativo. Como a manutenção nunca é feita, ninguém sabe que eles estão lá”, avisa Antônio Amaro, diretor comercial da Atac Fire. “Se a pastilha estiver comprometida, pode ocorrer vazamento. Além disso, esse tipo de para-raios é ineficaz e não protege o prédio das descargas atmosféricas.” Outro erro comum é achar que o sistema PDA do vizinho protege vários prédios. Apesar de o para-raios de uma construção em tese “desviar” os relâmpagos de outras, ele é projetado especificamente para uma determinada edificação e não é garantia de que os raios não vão cair nos condomínios próximos. Há

11 anos, ao assumir o cargo de síndico de um edifício em Ipanema composto de três andares de lojas e oito de apartamentos, Wilson Jorge de Mattos decidiu não contar com a sorte e fez questão de instalar o sistema no prédio. Graças a seu tamanho e a sua localização – no centro do terreno –, a construção acabou ganhando dois para-raios, cuja manutenção é feita religiosamente e seguindo todas as indicações. “Para mim, trata-se, antes de tudo, de uma questão de segurança. Ficamos todos protegidos, moradores e lojistas. E eu, como síndico, estou tranquilo em saber que a vida e o patrimônio de todos não correm riscos.”

Para saber mais • Sempre verifique se a empresa contratada para o serviço de instalação e manutenção do sistema PDA está habilitada a fazê-lo. • Nunca ande descalço fora de casa durante uma tempestade. • Assim que uma tormenta começar a se formar, todos devem sair de piscinas ou do mar. A água é uma ótima condutora de eletricidade e o perigo aumenta. • Também é hora de parar com o futebol se começar a chover. Campos abertos atraem as descargas elétricas e são recordistas em acidentes. Quadras de tênis, estacionamentos e outras áreas abertas também não protegem ninguém. Carros podem ser um bom abrigo, porque oferecem proteção razoável, mesmo se um raio

atingir o veículo. Mas feche os vidros e não encoste em nada. Evite também estacionar perto de árvores ou linhas de energia elétrica. • Nunca se abrigue debaixo de árvores isoladas, nem fique no alto de morros ou no topo de prédios. • Dentro de casa, não fique perto de tomadas, canos, janelas e portas metálicas nem toque em equipamento elétrico que esteja ligado. Aliás, a recomendação para aparelhos elétricos é que sejam desligados. Banho de chuveiro elétrico, nem pensar. Não use o telefone, só os sem fio, e feche as janelas. • O Secovi Rio promove cursos sobre equipamento de segurança. Para detalhes, basta entrar em contato pelo telefone 2272-8000. JAN_FEV_MAR 2011

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cidade

por Wanja Antunes

Alerta: dengue ainda pode se tornar epidemia neste verão Até o fechamento desta edição da revista Condomínio etc., o número de óbitos causados pela dengue mais que triplicou entre 2009 e 2010, passando de 12 para 39 mortes. Entre 3 de janeiro e 4 de dezembro de 2010, foram notificados, em todo o estado, 27.855 casos da doença provocada pela picada do mosquito Aedes aegypti contra um total de 12.403 registrados ao longo de 2009. Para evitar a ocorrência de uma epidemia semelhante à registrada em 2008, quando foram notificados mais de 255 mil casos de dengue no Rio de Janeiro com a confirmação de 240 mortes, o estado montou um plano de contingência que envolve os 92 municípios fluminenses.

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A Secretaria Municipal de Saúde e a Defesa Civil convocaram 1.320 novos agentes, que foram aprovados em concurso e tomaram posse no fim de novembro passado. Os auxiliares de controle de endemias têm feito atividades de prevenção, controle e combate à dengue, com ações operacionais e educativas. A prefeitura informou que, apenas em 2010, os agentes já realizaram mais de 3,5 milhões de visitas de inspeção, além de mutirões e atividades educativas. De acordo com o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, em 2010, ocorreu uma inversão de tendência em relação a 2009. “Os dados epidemiológicos mostram uma queda


no número de casos ao longo do ano e atestam que tivemos picos de incidência da doença nos meses mais frios do ano, invertendo a tendência que vinha se verificando até então, de maior ocorrência do vírus em estações mais quentes.” Ele ressalta ainda que os dados vêm indicando que o índice do número de notificações está caindo mês a mês, passando do pico verificado em maio, quando foram registrados 6.837 casos, para apenas 404 agora em novembro. “Ainda assim, não podemos descartar a possibilidade de uma epidemia neste verão, e, por isso, a gente trabalha e se prepara sempre para o pior cenário.” De acordo com Chieppe, a manifestação do número de casos depende de alguns fatores: presença do mosquito e do vírus e população suscetível. “Tenho, hoje, por exemplo, identificada a reentrada do vírus tipo 1 no estado, o que, para a gente, é significativo. Nossa preocupação agora passou a ser com a região metropolitana por causa da densidade populacional e por conta da circulação do vírus tipo 1. Esse vírus não era detectado desde a década de 1980, e a população não está mais preparada para ele.” O superintendente de Vigilância Epidemiológica do estado não acredita, porém, na repetição do cenário verificado em 2008, quando ocorreram mais de 255 mil notificações e 240 mortes. Ele afirmou que a Secretaria de Saúde está acompanhando a evolução da epidemia, que “vem apresentando um caráter cíclico identificado em todo o território nacional”. De janeiro até dezembro, o Rio registrou cinco mortes provocadas pela dengue e 2.488 casos da doença. Está na hora de a população ficar mais alerta e fazer sua parte.

Como combater a dengue Entre as principais causas da proliferação dos criadouros do mosquito transmissor estão os depósitos de água parada nas residências, como vasos de plantas e piscinas descobertas. O mosquito da Dengue se prolifera em "silêncio" e gosta de "sombra e água limpa". O melhor jeito de combatê-lo é eliminando os criadouros que estão dentro das residências ou em suas áreas externas, como piscinas, jardins e coberturas. Eles também estão presentes em condomínios empresariais e comerciais. Para evitar a propagação do Aedes aegypti, basta adotar pequenas mudanças de hábito em nosso cotidiano. Leia as dicas.

Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia. Caixas-d’água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras, sem rachaduras, ou cobertas com tela do tipo mosquiteiro. Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas; as pouco usadas devem ter seu volume d’água reduzido o máximo possível ou sofrer aplicação, semanalmente, de cloro na dosagem adequada ao volume de água. Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos e destinados ao lixo. Plantas que acumulam água, como bromélias e espadas-de-são-jorge, devem receber água somente na terra. Ralos externos e canaletas para drenagem da água da chuva: usar tela de náilon para proteção ou colocar sal semanalmente. Ralos internos de esgoto: colocar tampa abre e fecha ou tela de náilon (tra-

ma de um milímetro) ou, ainda, duas colheres de sopa de sal, no mínimo, semanalmente. Lajes e marquises: manter o escoamento da água desobstruído e sem depressões que permitam seu acúmulo, eliminando eventuais poças depois da chuva. Calhas: mantê-las sempre limpas e sem pontos de acúmulo de água. Fossos de elevador: verificar semanalmente se existe acúmulo de água, providenciando o escoamento por bombeamento. Vasos sanitários sem uso diário: manter sempre tampados e acionar a descarga semanalmente; caso não possuam tampa, devem ser vedados com saco plástico preso com fita adesiva. Não sendo possível a vedação, é importante acionar a válvula semanalmente e adicionar, a seguir, duas colheres de sopa de sal. Recipientes descartáveis: acondicioná-los em sacos de lixo e disponibilizá-los para coleta rotineira da limpeza pública.

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Condomínio

Terceirizar ou não, eis a questão Está pensando em terceirizar os serviços do condomínio? Então conheça as peculiaridades dessa modalidade antes de contratar Segundo definição técnica, a terceirização significa uma delegação de poder empregatício a um terceiro que, especializando-se na atividade que o tomador pretende não exercitar diretamente, presta-lhe o serviço mediante a contratação de mão de obra própria. Para um condomínio, isso se traduz em contratação de empresas que ofereçam empregados treinados para as mais diversas funções, entre elas segurança, limpeza e manutenção. Uma das principais vantagens da modalidade é que o síndico tem uma questão a menos com que se preocupar: a gestão de pessoal. Assim, é possível canalizar a atenção para outras atividades administrativas e operacionais. Mas, ao optar pela terceirização, é preciso atenção: o tomador tem responsabilidade subsidiária na história caso haja dano ao empregado. Trocando em miúdos: não adianta achar que toda a responsabilidade pela conduta dos funcionários caberá apenas à fornecedora. O advogado especializado em direito trabalhista, Melquisedec Ferreira, que deu palestra sobre o tema na Feira Secovi Rio de Condomínios 2010, explica: “Caso haja dano ao empregado da empresa de terceirização, podemos visualizar a culpa in eligendo e in vigilando do tomador de serviços, no caso, 42

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o condomínio. A primeira, se o tomador elegeu uma empresa que não cumpriu seu dever jurídico originário. A segunda, quando do não cumprimento pela tomadora de serviços do direito-dever de fiscalização, que lhe é conferido para que possa zelar pela qualidade dos serviços contratados.” O embasamento legal da responsabilidade subsidiária está na Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho, inciso IV, em conformidade com o artigo 71 da Lei 8.666, de 21/6/1993. Portanto, orienta Melquisedec, todo cuidado é pouco. A primeira providência ao optar pelo modelo é eleger com critério a empresa de terceirização e acompanhar o desenrolar da prestação dos serviços de perto, verificando a existência ou não de algum tipo de prática lesiva aos empregados contratados. Para maior segurança, o síndico poderá ainda levantar os antecedentes das empresas que farão parte da concorrência, verificando se existem ações na Justiça do Trabalho e se a firma está legalmente constituída de acordo com o Novo Código Civil. Também é bom saber quem são os sócios e quem é o responsável pela administração da empresa. Poderá auxiliar na escolha uma visita de surpresa em alguns prédios ou ainda uma conversa com alguns funcionários para avaliar o grau de satisfação deles.

O advogado Melquisedec Ferreira lembra que o condomínio pode ser responsabilizado caso haja dano ao empregado terceirizado


Terceirização como aliada

Para muitos síndicos, a terceirização, quando conduzida de maneira responsável, só traz benefícios. No condomínio Visconde do Rio Claro, localizado no Centro do Rio, por exemplo, dos 16 funcionários apenas um é contratado diretamente pelo condomínio. Com 22 andares e 48 unidades, o edifício comercial administrado pela CIPA conta com sete ascensoristas, quatro porteiros e quatro funcionários de limpeza e conservação, todos terceirizados. O síndico, Maurício Moisés, foi cauteloso na hora de optar pela solução: “Com o crescimento desse segmento, é cada vez maior o número de alternativas com promessas de redução de custo, o que, muitas vezes, acaba sendo um transtorno para o contratante”, diz o síndico, que recomenda ainda: “É importante exigir contratualmente que as empresas cumpram as determinações estabelecidas na Convenção Sindical da categoria e dos órgãos governamentais e cobrar também a apresentação mensal do relatório das atividades desenvolvidas, além de assiduidade, higiene e treinamento permanente dos funcionários colocados à disposição do condomínio.” Ele dá outra dica boa: verificar esporadicamente se os funcionários estão satisfeitos com a empresa e se os salários e benefícios estão em dia. Quando questionado sobre as vantagens da terceirização, Moisés é enfático: “São várias, sendo a primeira delas o desencargo do gerenciamento dos funcionários. O síndico não tem que se preocupar com empregados faltosos nem com a orien-

O síndico Antônio Carlos Cabral Ferret, do Méier, garante: “Terceirização é tudo de bom”

tação sobre as funções a serem desempenhadas, sem falar na burocracia trabalhista.” Ele cita ainda o fato de as empresas disponibilizarem plantonistas e folguistas para suprir faltas, evitando, assim, o pagamento de horas extraordinárias pelo condomínio. Como se não bastasse, diz o síndico, não é preciso adquirir equipamento de limpeza, uma vez que no custo da terceirização já está embutida essa necessidade. Corroborando a afirmativa de Moisés, diretor da Madalenense Locação e Serviços Ltda., empresa com 13 anos de atuação no ramo, Guilherme Kuhnert afirma que, quando os funcionários são do próprio condomínio, a decisão pela demissão é mais demorada em virtude dos custos da rescisão. “Com relação aos terceirizados, simplesmente é solicitada a troca do funcionário quantas vezes forem necessárias. Esta é uma das grandes vantagens da terceirização”, pontua o empresário. A Imperservice, também especializada em terceirização de mão de obra, tem visto os negócios se expandirem. Segundo o diretor da empresa, André Luiz de Souza Moreira, o tamanho do condomínio influencia muito na escolha por essa modalidade empregatícia. “Normalmente, os grandes condomínios, com uma área comum maior, são os que mais contratam os terceirizados, principalmente para limpeza, jardinagem e portaria”, revela Souza, acrescentando que 85% dos clientes da Imperservice estão localizados na Zona Oeste, principalmente Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Recreio e Taquara.

Maurício Moisés, síndico de um condomínio comercial no Centro: 16 funcionários terceirizados

Quanto ao grande receio da maioria dos síndicos, a rotatividade de funcionários que pode acabar deixando vulnerável a segurança do condomínio, Moisés pondera: “Não é bem assim. Em nossos contratos, por exemplo, não é permitida a substituição do funcionário após o terceiro mês de trabalho, a não ser, claro, em caso de eventualidades. Nossas equipes são fechadas, não ficamos no troca-troca durante os 90 dias de experiência para fugir dos encargos trabalhistas”, garante. “Além dos funcionários diários, são alocados para um condomínio clientes da Imperservice mais dois: um folguista e um supervisor, que coordena e acompanha o trabalho de perto, zelando pela qualidade do serviço.”

É tudo de bom

No condomínio residencial Fábio da Luz, no Méier, o síndico Antônio Carlos Cabral Ferret é só sorrisos. “Terceirização é tudo de bom”, comemora. No prédio residencial de oito andares e 48 unidades, administrado pela CIPA, todo o quadro é terceirizado há dez anos: são seis funcionários – quatro porteiros e dois faxineiros. “Quando um deles não pode assumir a função, a empresa nos encaminha outro profissional. Antes de minha gestão, já aconteceu de morador ter que cobrir a portaria por causa de ausência do empregado, o que é um absurdo. Com a terceirização, evitamos esses aborrecimentos”, reforça o gestor. Quanto à rotatividade de empregados, ele garante: é raro. “Nos quatro anos em que sou síndico, houve apenas uma substituição, isso porque um dos empregados se aposentou. Tudo funciona perfeitamente bem, os funcionários são zelosos e se dedicam a fazer o melhor.”

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Quais as obrigações da empresa contratada? Segundo a Ordem de Serviço nº 209/99, Instruções Normativa 69, 71 e 80/2002ª, a contratada deverá, entre outras exigências, apresentar mensalmente os seguintes documentos: cópia da carteira de trabalho de cada profissional que trabalhará diariamente no condomínio; guia mensal de FGTS e INSS; folha de pagamento e cópia do seguro dos funcionários. A folha de pagamento deverá ser distinta para cada estabelecimento e deverá conter: nome do segurado, cargo ou função; remuneração; e os descontos legais. A Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) também deverá ser distinta para cada estabelecimento. Sobre o valor do serviço prestado caberá o desconto de 11%, devendo o condomínio, em nome da empresa, efetuar o recolhimento ao INSS. Segundo as normas, “a retenção sempre se presumirá feita pela contratante, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixar de reter ou tiver retido em desacordo com a legislação”.

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Dicas para minimizar riscos com a terceirização

Outro ponto de atenção para evitar ações na Justiça provenientes de funcionários terceirizados é não criar vínculo empregatício. Esse vínculo poderá advir, por exemplo, das ordens dadas pelo zelador (funcionário contratado do condomínio) ou pelo síndico aos porteiros (funcionários terceirizados). A supervisão sempre deverá ser feita pelo coordenador da empresa. Serviço:

Madalenense Locação e Serviços Ltda.: 2233-4235; Imperservice: 2502-5252.

Faça uma pesquisa de mercado bem apurada para localizar as empresas que concorrerão à prestação de serviços. Leve em consideração a idoneidade e a solidez da empresa. Custo muito baixo costuma indicar inadimplemento das obrigações trabalhistas e previdenciárias por parte do prestador de serviços. Prefira empresas que prestem serviços para mais de um cliente. Identifique os trabalhadores destacados para a execução dos serviços e verifique os registros de carteira assinada. O condomínio não deve efetuar diretamente o pagamento dos salários dos empregados terceirizados. O condomínio deve evitar exercer qualquer poder de mando sobre os empregados terceirizados. Que tal atribuição seja desempenhada por supervisor ou gerente da empresa contratada.


Condomínio por Wanja Antunes

E quando a árvore cai? A quem recorrer? Não tem jeito. O verão vai chegando e as pessoas se descabelam quando pensam no que as ventanias da estação podem proporcionar. Muita chuva, falta de luz, enchente e algumas árvores que não aguentam o tranco e vão parar na chon, como diria a saudosa dona Armênia. E quem fica com a pior parte é o síndico, que deve saber o que fazer na hora da emergência, pois as árvores podem cair dentro do prédio mas também na calçada e impedir a entrada de carros e pessoas no condomínio, por exemplo. Existem mil e uma maneiras de deixar os síndicos de cabelo em pé quando uma árvore cai. Nós, da revista Condomínio etc., vamos citar apenas algumas delas e ensinar o que fazer nessas ocasiões. Numa dessas ventanias de verão, no início de 2010, duas síndicas muito esclarecidas resolveram um problema desse tipo com tranquilidade. A brisa virou ventania em instantes, e a árvore do condomínio

Dom Eugênio, onde Sarah Toledo é síndica, não aguentou e tombou para o condomínio ao lado. Nancy Soares, síndica do Condomínio Solar Dona Mariana, entrou em contato com ela para resolverem a questão. “Eu estava chegando em casa na hora que a árvore tinha acabado de cair. Mas logo vi o que aconteceu, estava muito claro que a responsabilidade de remover a árvore era nossa”, afirmou Sarah, do alto de sua serenidade. Antes mesmo de a síndica ser contatada, o porteiro do condomínio atingido fez várias tentativas para remover a árvore: ligou para o Corpo de Bombeiros, para a Defesa Civil e para a Fundação Parques e Jardins (FPJ)... e não conseguiu nada! Os bombeiros avisaram que só agiriam se a árvore estivesse gerando riscos. Não era o caso. A Defesa Civil informou que o assunto não era com eles. Com a Fundação Parques e Jardins ninguém conseguiu falar. Resumo da ópera: nesse caso, há duas possibilidades: ou a Fundação Parques e

Sara Halinck Machado viu de sua janela, numa dessas ventanias assustadoras, uma arvore cair, amassar um carro estacionado, quebrar o portao da garagem de seu predio e atingir o arcondicionado de um morador do condominio do lado. Cada um arcou com seu prejuízo.

Jardins age – sendo contratada pelo condomínio – ou uma empresa credenciada por ela pode ser contratada para esse fim. Pelo visto, é mais fácil e rápido contratar uma empresa credenciada. E essa foi a opção escolhida. O vizinho do prédio da frente recomendou uma empresa que lhe prestava serviços que em pouquíssimo tempo chegou ao prédio. Luiz Guilherme Roma, engenheiro agrônomo, fez uma rápida avaliação do problema e iniciou os trabalhos. Ele mesmo, que realiza esse tipo de atividade há 20 anos, munido de uma serra elétrica, cortou a parte da árvore que estava caída no prédio do

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lado em apenas oito minutos. O portão de entrada da garagem foi liberado dos galhos em instantes. Sua equipe, em seguida, terminou de podar a árvore que havia tombado parcialmente. “O que houve aqui foi uma conjunção de fatores. A árvore estava com cupim no ponto em que quebrou, e percebi também que foram feitas várias podas de maneira errada e o vento forte terminou o serviço”, avaliou o engenheiro. Terminado o serviço e removido o entulho, o condomínio dono da árvore desembolsou um cheque de R$ 1.800. Salgadinho o preço de uma árvore mal podada, não é?!

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E se a árvore estivesse na rua? Se a árvore estivesse na rua, a história seria diferente. Ainda pairam dúvidas se a responsabilidade seria da Fundação Parques e Jardins ou da Comlurb. Esclarecemos nossos leitores: a responsabilidade seria da Comlurb. Segundo a Fundação Parques e Jardins, com a publicação do Decreto nº 28.981, em 31/1/2008, a Comlurb ficou responsável pela execução dos serviços de conservação e manutenção de canteiros, praças e parques da cidade, assim como os de manejo da arborização pública (poda, remoção e destoca das árvores situadas em áreas públicas), passando a colaborar diretamente com a FPJ. O município do Rio de Janeiro possui mais de 1.800 praças e parques sob sua responsabilidade. Essas áreas verdes, com dimensões e características variadas, necessitam de intervenção frequente para que seja mantida a qualidade de vida urbana. Dessa forma, a FPJ mantém-se responsável pela administração de parques, planejamento, paisagismo, projetos, plantio da arborização urbana e seus atos normativos, além da emissão de autorização para remoção de árvores em domínio privado. Sara Halinck Machado, síndica de um prédio da Rua Teodor Herzl, em Botafogo, passou por uma situação bastante desagradável. Numa dessas ventanias assustadoras, uma árvore de sua rua caiu, amassou um carro estacionado na rua, quebrou o portão da garagem de seu prédio e atingiu o ar-condicionado de um morador do condomínio do lado. “O prejuízo foi grande. Quando perguntei a um dos rapazes da prefeitura que estavam ajudando na remoção da árvore

quem pagaria meu prejuízo, ele disse que nem adiantava eu pedir indenização, que demoraria cem anos! Resolvemos arcar com as despesas, mas é um absurdo o que aconteceu aqui”, relembra. Sara diz que ainda sofre com as árvores que estão de pé na rua. “Até minha neta, Daniela, tem medo que uma delas caia sobre nossa janela. Basta ventar um pouco mais forte para ela ficar assustada”, conta. A síndica diz que já ligou inúmeras vezes para pedir a remoção e/ou a poda das árvores com risco de queda na rua, “Mas não aparece ninguém. Estamos aguardando o próximo acidente, infelizmente”, lamenta. Ela já chegou a chamar uma equipe que estava nas cercanias de casa para ir à sua rua fazer o serviço, mas não obteve êxito: “Eles disseram que não é assim não, tem que ligar primeiro. Mais do que já liguei?! Impossível. Lamentável mesmo ficarmos à deriva desse jeito”, finaliza a síndica.

O que fazer na hora da emergência? Em logradouros públicos, em casos de emergência com árvores e fora do horário comercial, só mesmo chamando os bombeiros. Mas tenha paciência, pois em dias de ventania de verão, certamente, outras pessoas estarão passando apertos também. Em árvores dentro dos condomínios, o mais recomendado, preventivamente falando, seria a poda com empresas credenciadas pela FPJ. Com uma empresa que sabe o que faz, é muito pouco provável que uma árvore venha a cair por esse motivo. Na ânsia de economizar, muitos síndi-


cos optam por fazer a poda por conta própria, muitas vezes, até solicitando o serviço a um faxineiro. Mas o barato pode sair bem caro, como vimos anteriormente. Outros preferem nem ter árvores grandes.. .

Uma cidade arborizada é uma cidade saudável Por outro lado, uma cidade arborizada é necessário. Segundo dados da FPJ, a arborização exerce papel de vital importância para a qualidade de vida nos centros urbanos. Por suas múltiplas funções, a árvore urbana atua diretamente sobre o clima, a qualidade do ar, o nível de ruído e a paisagem, além de constituir refúgio indispensável à fauna remanescente nas cidades. Segundo alguns estudos, através da redução da incidência direta da energia solar e do aumento da umidade relativa do ar, a arborização pode contribuir para a redução de até 4 ºC de temperatura, auxiliando decisivamente na atenuação das chamadas ilhas de calor, áreas de ocorrência das temperaturas mais elevadas durante o dia, especialmente nas zonas de maior poluição do ar.

Ainda com respeito à poluição, pode-se dizer que a retenção de poluentes, o consumo do gás carbônico e a produção de oxigênio contribuem para a melhoria da qualidade do ar. Além disso, as cortinas vegetais são capazes de diminuir em cerca de 10% o teor de poeira e obstruir a propagação do som, resultando na redução do nível de ruído. Algumas funções da arborização, embora igualmente importantes, são menos divulgadas. O conjunto de árvores da cidade tem também a função de conservar geneticamente a flora nativa. Nesse senti-

do, a Fundação Parques e Jardins tem procurado priorizar a utilização de espécies nativas com potencial para a arborização urbana, da Mata Atlântica e de seus ecossistemas associados. Serviço: Comlurb - poda e remoção de árvores em logradouro público (tel.: 2204-9999). Fundação Parques e Jardins ou empresas credenciadas por essa instituição: poda e remoção de árvores dentro dos condomínios (tel.: 2221-2574). Corpo de Bombeiros - emergência fora do horário comercial (tel.: 193). Disque-árvore - serviços ou denúncias sobre danos em árvores de logradouros públicos (tel.: 2204-9999). Site da Fundação Parques e Jardins: www.rio.rj.gov.br/fpj

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Condomínio por Carla Rocha

Rio 40 graus:

instalações elétricas vencidas e apagões podem gerar muitos problemas Revisão geral no prédio e consumo consciente de energia são medidas básicas para evitar transtornos no verão

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O sol está brilhando no céu, a temperatura bate recordes mais uma vez e as praias, claro, estão lotadas. O verão chegou e, com ele, as delícias de uma estação que é a cara do Rio e uma das mais esperadas do ano. Para não estragar o cenário de paraíso tropical – não podemos esquecer que as delícias podem trazer agruras como os apagões, que colocaram à prova os nervos dos moradores

da Zona Sul no ano passado –, a Light planejou um pacote de investimentos que promete um começo de 2011 sem sobressaltos. A empresa investiu, neste ano, R$ 525 milhões na distribuição de energia elétrica e R$ 32 milhões só na melhoria da rede subterrânea, duas vezes mais do que foi aplicado no ano passado. Como prevenir nunca é demais, todos devem atentar para os cuidados que


podem ser adotados e também para as medidas de economia que ajudam a evitar sobrecargas desnecessárias na rede. É claro que um aumento de consumo é inevitável com os termômetros nas alturas, mas é possível desfrutar do conforto térmico garantido pelo uso mais intenso de aparelhos de ar-condicionado sem que isso implique custos exacerbados e transtornos desnecessários. Os recursos hoje disponíveis no mercado – das populares luzes de emergência, que são um trunfo ainda subestimado no desafio de fazer uso racional da energia, até os geradores, que asseguram o fornecimento mesmo em caso de blecaute – podem dar certa tranquilidade, claro. Mas antes de qualquer coisa, vale seguir algumas dicas práticas recomendadas e difundidas pela própria Light. Nem todos sabem, mas a companhia tem um setor dedicado exclusivamente ao segmento de condomínios. Gerente de Grandes Clientes da Light, Leonardo Morais tem em mãos uma listinha de procedimentos que são básicos mas que têm o poder mágico de acabar com mais da metade das dores de cabeça na alta estação carioca. Ele explica que há medidas que devem ser tomadas toda vez que ocorre aumento de temperatura, mesmo quando esse aquecimento parece insignificante aos olhos dos leigos. Ao saber que no verão do ano passado a cidade do Rio experimentou um aumento médio da temperatura de 1,2 grau, muitos acham pouco. Mas não sabem que esse ligeiro crescimento representou um impacto que variou de 15% a 20% no consumo de energia elétrica. “A primeira coisa que acontece, e que é natural, é a maior utilização de climatizadores de ambientes. É o caso, por exemplo, de um condomínio que quer instalar um sistema de climatização nos corredores, o que não existia antes. Todos os condomí-

Gerente de Grandes Clientes da Light, Leonardo Morais ensina dicas para passar o verão na fresca e fala dos investimentos feitos pela companhia para aumentar a segurança na rede

nios maiores, que têm rede de média tensão, dispõem de uma subestação própria e devem verificar para que carga ela está dimensionada. Se houver alguma chance de esse limite ser extrapolado, é bom pedir aumento de carga, o que pode ser feito facilmente, basta entrar em contato com a Light. Um eletricista credenciado pode cuidar de todo o serviço, de uma forma muito simples e sem causar grandes transtornos. Eu diria que essa é a medida número um a ser tomada”, explica Morais. Leonardo Morais também alerta para outras duas medidas importantes. Uma delas é checar o contrato de fornecimento da Light com o condomínio para saber se há necessidade de fazer algum ajuste. Caso isso não seja realizado, os custos da energia extra fornecida poderão ser bastante altos. Por outro lado, se for feita a repactuação do contrato, com a previsão do aumento do consumo, a despesa pode ser bem reduzida. Por último, Morais lembra que uma revisão geral em toda a instalação elétrica é muito bem-vinda: “Boa parte das perdas de energia ocorre por conta de cabo mal emendado e aparelhos sem ma-

nutenção adequada. Os cuidados podem evitar acidentes que colocam em risco não só a instalação em si, mas as pessoas que transitam por elas, o que é muito mais grave. Além disso, emenda malfeita representa energia jogada no lixo, desperdício de dinheiro. Boa manutenção é essencial para garantir a segurança de todos.” No mercado, há produtos e serviços capazes de reduzir o consumo de energia. Um dos mais comuns – mas que muitos condomínios ainda não adotaram – é o sistema de luzes de emergência. O produto é o carro-chefe da Futura Tecnologia. O gerente da empresa, Paulo Ricardo Pauli, explica que um projeto desse tipo pode garantir economia de luz de 80%. É um dos itens mais procurados pelos clientes. Ele diz que se o condomínio instalar também um nobreak, a luz de emergência torna-se ainda mais eficiente e pode ganhar autonomia de duas até cinco horas, dependendo do modelo e da capacidade do aparelho, o que permite a iluminação das escadas do prédio durante queda prolongada do fornecimento de energia elétrica. “Além disso, o nobreak evita curtos-cir-

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No Humaitá, Carlos Alberto Teixeira de Almeida, síndico do Condomínio Erídano, tem expectativa de ver as despesas despencarem com a adoção de luzes de emergência nas escadas de serviço

cuitos, o que ocorre com certa frequência quando há falta de luz, danificando o equipamento dos prédios. Ao contrário do que as pessoas pensam, os aparelhos queimam não quando a luz vai embora, mas quando ela volta. É nesse momento, quando o fornecimento é restabelecido, que pode acontecer a entrada de uma tensão mais alta, um pico de energia”, explica Paulo. O custo da instalação de luzes de emergência vai depender muito da quantidade de unidades que serão utilizadas. Cada uma custa entre R$ 60 a R$ 150. Além disso, o nobreak, dependendo da potência, tem preço que varia de R$ 2 a R$ 4 mil. Síndico do Condomínio Erídano, no Humaitá, de 200 apartamentos, Carlos Alberto Teixeira de Almeida adotou recentemente um sistema de luzes de emergência nas escadas de serviço do prédio, um dos lugares mais visados para esse tipo de instalação.

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Ele tem consciência de que a medida evita sobrecarga, mas admite que o objetivo inicial era mesmo reduzir a conta de luz. Ainda espera as contas dos próximos meses chegarem para compará-las com as dos meses do mesmo período do ano passado. “É um investimento relativamente barato que pode ter grande impacto nas despesas do condomínio. É o que desejo. Vamos esperar para ver. É preciso que passem alguns meses para a gente ter uma ideia clara da curva de consumo”, afirma Carlos Alberto. A compra de um gerador, que alguns veem como medida radical, pode ser garantia de tranquilidade e conforto durante todo o ano, e não só no verão, quando há aumento do consumo e risco de apagões. Os condomínios grandes, principalmente, estão optando por fazer o investimento. Em especial, para manter a bomba de água – para uma queda de energia não impli-

car também falta de água – e os elevadores funcionando. Um dos condomínios mais luxuosos da Barra da Tijuca, o Golden Green já dispõe de gerador em alguns blocos. Os dois que ainda não contam com a comodidade vão passar a ter um gerador para chamar de seu em breve. O diretor da Mil Geradores, Omar Jacob, explica que, ao contrário do que se imagina, comprar um gerador – em vez de alugar em decorrência de alguma emergência – pode ser um bom negócio. Além dos novos, que são mais caros, há alternativas mais em conta e igualmente eficientes. Os usados, com a mesma cobertura de garantia, custam 50% menos. Não bastasse isso, é possível financiar os modelos de primeira mão em até 60 vezes. Na linha de geradores residenciais, há modelos de 15 kVA a 500 kVA. Os aparelhos estão disponíveis para pronta entrega. Omar recomenda que um prédio de 100 apartamentos pode ser bem atendido por um gerador de 100 kVA. “É o suficiente para manter um elevador, a bomba de água, as luzes da escada e da recepção funcionando. E pelo tempo que for necessário. Basta abastecê-lo com óleo diesel”, esclarece, lembrando que no verão aumentam os pedidos de cotação de equipamento que nem sempre se revertem em vendas. “Na verdade, no fim do ano, as fábricas entram em recesso e você não consegue geradores para pronta entrega. Com certeza, os pedidos levarão, em média, 60 dias para ser atendidos. A recomendação é pensar antes e fechar negócio a tempo de assegurar seu equipamento no verão”, aconselha Omar, com a autoridade de quem ilumina a Árvore de Natal da Lagoa.


ATUALIDADE

Água:

verão sem desperdício Que a água é um recurso natural superimportante ninguém duvida. Mas nem todo mundo está fazendo sua parte para preservar essa riqueza. Nos condomínios, o desperdício tende a aumentar com a chegada do verão. Por isso, os síndicos têm uma missão mais do que urgente, não só nos próximos meses, mas durante todo o ano: zelar pelo uso racional do produto e implementar, se o orçamento permitir, medidas que impeçam seu gasto excessivo. Nesta matéria, você vai conhecer algumas soluções que podem ajudar o condomínio a entrar na onda ecológica que vem dominando o mundo. Até porque uma atitude ecológica não apenas beneficia o planeta, mas também traz alívio para o bolso de toda a comunidade. Não deixe para amanhã o que pode começar já! Nos condomínios do Rio, o gasto com a água é um peso grande para os síndicos e, claro, para todos os moradores que rateiam a despesa. De acordo com dados aferidos em dezembro de 2010 pelo Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Sindicato da Habitação do Rio, 19% do que é arrecadado nos prédios é destinado ao pagamento da conta de água. Só perde para a folha de pagamento dos funcionários, que consome 36% dos recursos condominiais. Por esse e outros motivos, uma das alternativas atualmente mais adotadas nos edifícios residenciais e comerciais é a hidrometração individual. O diretor da Hidroluz-Engetema, Luiz Alberto Carvalho, faz uma revelação animadora: a medição individualizada de água gera redução média de 40% na conta, conforme dados divulgados pela Cedae na imprensa em 2009. O preço da adaptação é outro atrativo: para um apartamento de dois quartos, varia de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil, valores que podem ser divididos em até 24 meses, em parcelas mínimas de R$ 60. Vale cada centavo. O custo da obra se paga em dois anos ou até menos, de-

pendendo do perfil do consumidor. E a intervenção não é tão complexa quanto pode parecer. Para os edifícios novos, projetados nos últimos cinco anos, o processo é bem mais rápido: instala-se um hidrômetro com radiotransmissão após o registro de entrada da água de cada apartamento. Todos os meses, os dados de consumo são transferidos remotamente para uma central de processamento, que elabora o relatório digitalizado da gestão do consumo de cada unidade. O valor é calculado segundo o sistema de tarifação da concessionária local e o relatório é enviado para o síndico e para a administradora, que repassa as informações para a boleta mensal de cobrança do condomínio. Para saber qual foi o consumo das partes comuns, basta subtrair do volume apontado na conta da Cedae o somatório das medições individuais de cada unidade. Caso o prédio não tenha projeto hidráulico preparado para a medição, a Hidroluz coloca à disposição duas opções: adequar a rede de acordo com o novo conceito hidráulico ou instalar hidrômetros no interior das unidades após os registros de entrada de cada JAN_FEV_MAR 2011

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João Luiz Maia, engenheiro, sugere: “Os síndicos devem elaborar um plano de ação para conscientizar os moradores”

compartimento. Carvalho ratifica que a procura por esse tipo de solução vem aumentando mais que o esperado: no último ano, dobrou o número de projetos executados pelo Departamento de Medição Individualizada de Água da Hidroluz-Engetema, no Rio de Janeiro. O diretor da AJ Martani – outra empresa já consagrada no segmento –, Marcelo Pontual, ressalta: “Conforme o que estabelece a NBR 5.626/1998, o projeto de modificação das instalações prediais, com vistas à individualização da medição de água, deve ser elaborado e supervisionado por profissional de nível superior devidamente habilitado pelas leis do país.” O executivo lembra que a medição individualizada não gera apenas economia, também valoriza o patrimônio. “A baixa inadimplência alcançada pelo sistema faz com que as verbas condominiais sejam utilizadas na manutenção e conservação do edifício”, justifica.

Gestão econômica

Ecologia e economia. Em muitos condomínios cariocas, essa dupla anda de mãos dadas. É o caso do Vivendas do Méier, administrado pela CIPA nesse bairro da Zona Norte. A síndica Mônica Cerqueira Meirelles de Souza já assumiu a função, há dois anos, com a missão de tocar o projeto, que havia sido aprovado em assembleia na gestão anterior. Mas coube a ela a difícil tarefa de receber as reclamações dos moradores dos dois blocos, cada um deles com 72 apartamentos, por causa das obras nas unidades. “Com 20 anos de existência, as instalações hidráulicas estavam deterioradas e apresentavam vazamentos cons-

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tantes e outros transtornos sérios. A obra era urgente e necessária, por isso, todos concordaram em arcar com esse custo”, relata a síndica, acrescentando que a vultosa intervenção demorou um ano para ser concluída. “Em cada apartamento, a obra durava de dois a três dias, tempo gasto com a quebra, a instalação dos novos canos, o fechamento, a colocação dos azulejos e a pintura. Muito rápido, mas ainda assim houve quem reclamasse.” O transtorno foi compensado pela economia: em pouco tempo, a conta do condomínio despencou de R$ 22 mil para R$ 13 mil. Já na primeira cobrança com a medição individualizada no Vivendas do Méier, houve morador eufórico com a redução de R$ 195 para apenas R$ 25 no rateio. E a cota referente ao gasto nas áreas comuns, que possui seis banheiros, além de torneiras e chuveiros, não passa de R$ 10 por apartamento. “Além dos problemas na estrutura, nós sofríamos com o desperdício nos apartamentos, em razão de vazamento nas descargas, pinga-pinga de torneiras e outros problemas. Agora, como as pessoas têm a exata noção de seu gasto, não deixam de comunicar os problemas. Foi uma mudança de mentalidade”, alegra-se a síndica.

Toda medida é bem-vinda

Mesmo que seu condomínio não tenha recursos disponíveis para a renovação do sistema hidráulico, algumas medidas simples podem ser adotadas para evitar o gasto excessivo da água, basta ter disposição para convencer os moradores. O jovem síndico Anderson do Carmo, que comanda, com o auxílio da CIPA,


o Edifício Tânia, de 11 andares e 63 unidades, no Bairro de Fátima, adotou uma medida simples. “Todo vazamento provocado por desgaste em carrapetas fica sob a responsabilidade do condomínio, que faz a troca gratuitamente. Antes disso, ninguém relatava o pinga-pinga. Depois, todos começaram a pedir ao funcionário para fazer a troca”, conta Anderson, há três anos na função. Preocupado com a conta da Cedae, que oscila entre R$ 4 mil e R$ 5 mil mensalmente, ele demonstra apreensão com a falta de consciência da população no que diz respeito ao uso racional do recurso natural. “É um absurdo as pessoas não pensarem nisso. Um simples gotejar de torneira é um prejuízo enorme, imagine outros problemas maiores.” Enquanto não consegue verba para obras de maior vulto, o gestor vai buscando soluções alternativas. “Nosso edifício possui um poço, que já passou pelos testes exigidos pela Cedae, agora o problema maior é levar essa água até a cobertura para fazer um reservatório exclusivo. Já instalamos torneiras nos corredores para que a água seja usada na limpeza desses espaços. Utilizamos também na limpeza da garagem e lavagem de carros”, arremata.

Mônica Cerqueira, síndica: a medição individualizada de água reduziu o consumo do condomínio em quase 50%

Outras soluções

Um dos palestrantes da Feira Secovi Rio de Condomínios 2010, o engenheiro químico João Luiz Maia, especializado em eficiência energética, diz que para evitar o desperdício é necessário conhecer de perto o problema, levantar o histórico do consumo de água, através da leitura do medidor,

de preferência semanalmente, e colocar em prática medidas simples de redução de consumo. Ele cita como exemplos a rega de jardins em horários de baixa insolação, a manutenção preventiva de vazamentos, o planejamento da limpeza das cisternas e a faxina nas áreas comuns, entre outras.

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O especialista garante que as ações práticas de redução do consumo têm a vantagem de terem baixo custo e grande eficiência. E como os moradores podem ser conscientizados? Inicialmente, orienta, é necessário mobilizar toda a equipe (administração, funcionários, prestadores de serviços e demais colaboradores) para construir um plano de trabalho, com métodos simples e objetivos, sem deixar de fora as metas de redução de consumo. “É importante divulgar esse plano através de reuniões, campanhas de conscientização e palestras, entre outras medidas, a fim de sensibilizar os condôminos para a importância do tema e da contribuição de cada um. A execução do plano poderá ser conduzida por representantes da administração, que atuarão como facilitadores, tirando dúvidas dos moradores, registrando os resultados obtidos etc.”, ensina. Para o engenheiro, os síndicos têm uma grande vantagem: há diversas soluções tecnológicas já disponíveis no mercado, além da medição individualizada. Ele cita como exemplos as caixas acopladas e as bacias sanitárias de baixo consumo de água, com custo médio de R$ 300, além dos redutores de vazão para pias e chuveiros, que podem ser encontrados em lojas especializadas por menos de R$ 100. “É importante ressaltar a necessidade de priorizar cada uma dessas ações, levando-se em consideração a relação custo-benefício, respeitando as características da edificação e os requisitos de consumo de seus usuários”, pondera.

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Um presente do céu Para muitos condomínios, coletar a água das chuvas é uma realidade que reduz – e muito – a conta de água. Se você se interessou pela ideia, é preciso pensar em alguns pontos antes de levar o projeto à reunião da assembleia. Primeiro, há que se quantificar a demanda proposta para a água de chuva a ser coletada. Depois, é preciso fazer um levantamento da disponibilidade de área na cobertura e dos demais espaços em elevação da edificação, do local disponível para instalar a caixa de coleta e demais acessórios e ainda fazer um orçamento com empresas qualificadas.

A partir dos dados obtidos, faz-se uma análise do custo-benefício, considerando o valor da conta (média anual) e o tempo de retorno do investimento. Dessa forma, o gestor da edificação terá obtido as informações relevantes e necessárias para decidir com segurança a implantação desse projeto. Quanto à redução nas despesas, o volume de água economizada, que deixa de ser consumida da concessionária, pode chegar a 40%. Lembrando que, nesse caso, o produto é utilizado para fins não potáveis, como limpeza da calçada e garagens, rega dos jardins e descarga em bacias sanitárias.


As novas construções e o conceito de sustentabilidade O engenheiro João Luiz Maia ratifica que as novas construções vêm procurando atender às expectativas de uma sociedade cada dia mais exigente com sua qualidade de vida e menos tolerante com os impactos ambientais. Tais edificações se fundamentam, de forma global, em dois grandes vetores, diz ele: a descarbonização (redução das emissões de carbono através do maior uso de fontes renováveis de energia) e a desmaterialização (redução de componentes de produtos, com a minimização da geração de resíduos e o descarte final para o meio ambiente). Novas edificações com sistemas automatizados de controle de temperatura de ambientes, com tratamento eficiente de seus efluentes (esgoto, resíduos etc.), uso de material mais resistente e de maior durabilidade e ainda com maior eficiência energética são alguns exemplos que asseguram mais conforto para a edificação e satisfação para os usuários. Desde o início da década de 1990, ini-

ciativas de organizações internacionais, como o Green Building Council (com filial no Brasil), têm estimulado a elaboração de projetos de construção sustentável. Mas o Brasil ainda tem um longo caminho pela frente. Segundo Maia, entre as nações mais desenvolvidas nessa área destacam-se, além dos Estados Unidos, o Reino Unido e países europeus, como a Alemanha. “Já temos edificações com selo verde e muitos outros empreendimentos se encontram em processo de certificação. É fundamental que não apenas as novas edificações, projetadas com a concepção de serem verdes, mas também todas as existentes, possam reavaliar seus processos e práticas de gestão sustentáveis, de forma a serem reconhecidas por organizações que tenham representatividade e credibilidade do setor imobiliário”, conclui Maia. Serviço:

AJ Martani – (21) 3183-9106; Hidroluz Engetema – (21) 2222-3433.

Confira a jurisprudência relativa a esse assunto na página 68.

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Manutenção por Renata Fernandes

Em caso de incêndio, mantenha a calma

Para quem investe em seguros e em prevenção, essas palavras são perfeitas Há 40 anos, o edifício comercial Silva Ramos, no Centro, faz parte da vida de Antônio Wanis. E não é apenas por causa de seu escritório, ele já perdeu as contas do tempo que atua como síndico no prédio. Em todos esses anos, nunca teve problemas com incêndio por ali. A receita para a tranquilidade, segundo ele, está na prevenção. Por lá, as mangueiras estão sempre em ordem, os extintores, carregados, existe uma área de escape no terraço caso seja preciso fugir pelos prédios vizinhos ou esperar por socorro aéreo e há placas

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ao lado dos elevadores que explicam que eles não devem ser usados em caso de incêndio. E as medidas não param por aí. Wanis acredita que uma importante arma é a conscientização dos condôminos. “Já fiz várias circulares e espero que elas tenham efeito. Luto, por exemplo, para que ninguém jogue sacos de lixo nas escadas. O objetivo é que a passagem não seja bloqueada. Além disso, peço para que as portas corta-fogo fiquem sempre fechadas”, ensina. Tem funcionado. No edifício Bougainville, no Leblon, o

síndico Moyses Braunstein também não descansa. Por lá já houve um incêndio em um dos apartamentos ocasionado por um curto-circuito num aparelho de ar-condicionado, e tudo foi resolvido sem maiores danos, graças à atitude eficiente dos próprios funcionários. Antes da chegada do Corpo de Bombeiros, algumas medidas importantes foram tomadas. “Eles agiram com muita rapidez. Desligaram o quadro central de instalação elétrica e usaram o extintor para apagar o foco básico. Isso já funcionou”, lembra.


O sucesso da operação se deve também à manutenção periódica do equipamento de prevenção de incêndio. O prédio tem seguro contra incêndio e mantém extintores com carga e dentro da validade, distribuídos em posições estratégicas dentro do edifício; mangueiras de incêndio em bom estado; luzes de emergência nas escadas e portas corta-fogo em todos os andares. “Se o equipamento não funcionar na hora que houver necessidade, não adianta, os bombeiros não conseguem agir com tanta rapidez”, avisa. Dentro dos elevadores, ainda constam circulares para os moradores, nas quais o síndico informa sobre as medidas preventivas adotadas pelo prédio e ainda adverte os condôminos dos cuidados simples que podem ser tomados dentro de casa para evitar incêndios. “Fazemos com certa periodicidade. Informamos o procedimento básico de prevenção”, explica. Medidas como essas são aprovadas por quem entende do assunto. Diretor da empresa PRL, especializada na venda de equipamento contra incêndio, Paulo Roberto Ribeiro explica que em todos os condomínios é imprescindível que a rede de prevenção esteja em dia. É preciso orientar

porteiros ou funcionários para que verifiquem sempre se as mangueiras estão no local e realizem a manutenção delas e dos extintores anualmente. “A firma que executa a manutenção deve ser credenciada no Inmetro. É muito importante verificar isso, senão, o serviço pode ficar a desejar”, ensina Ribeiro, explicando que o site do Inmetro (http://www.inmetro.gov.br) disponibiliza uma listagem com todas as empresas credenciadas. Afinal, não adianta manter o equipamento em dia se as revisões periódicas não forem feitas. Extintores com pó químico podem ficar com o conteúdo endurecido. O mesmo pode acontecer com as mangueiras – como o revestimento interno é de borracha, ele pode acabar ressecado ou com partes coladas (para evitar seu desgaste, as empresas especializadas costumam colocar talco industrial em seu interior para protegê-las). É bom ter ciência dos itens disponíveis no mercado para atender, da melhor forma possível, as necessidades de seu prédio. Todo edifício com mais de cinco andares precisa de mangueiras de incêndio, mas é necessário ter em mente que nem sempre

O síndico Moyses Braunstein já passou por uma situação de incêndio no edifício que foi contornada pelos funcionários do prédio

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ela é suficiente. Se o que ocasionou o fogo, por exemplo, foi um problema elétrico, jogar água pode piorar a situação. “Alguns síndicos, como entendem mais, botam extintores com pó químico nos andares. É importante porque, se for curto-circuito, não é possível jogar água. A maioria dos prédios não tem pó químico. Mas seria aconselhável”, afirma Ribeiro, lembrando que os curtos-circuitos estão entre as maiores causas de incêndio. De acordo com especialistas, o tempo médio de vida útil do material utilizado nas instalações elétricas dos edifícios é de 30 anos a 50 anos e, a cada cinco anos, é recomendável fazer uma revisão elétrica. Nesse caso, também é aconselhável verificar se a empresa contratada para a manutenção está regularizada. É possível também treinar os funcionários do edifício para que eles saibam como manusear o equipamento contra incêndios. Uma boa dica é aproveitar a visita do profissional que vai revisar os itens de segurança e pedir uma orientação. “Não dá para fazer teste com pó químico, que suja muito. Mas extintor de água ou CO2 não suja, e é bom ensinar aos empregados do prédio a usá-lo. Não tem custo extra nenhum”, diz Ribeiro. Se o prédio não dispõe de um espaço livre, como um playground ou um salão de festas, é possível pedir para a empresa marcar um treinamento em algum lugar. Mas é bom lembrar: saber manusear os utensílios contra incêndios não quer dizer que alguém está habilitado para atuar como bombeiro. Quando o fogo atinge grandes proporções, só profissionais qualificados estão treinados para enfrentar os riscos. Além do Seguro Obrigatório contra Incêndio, é possível realizar outros que ga-

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Antônio Wanis: prevenção do equipamento contra incêndio e conscientização dos condôminos

rantam não apenas o ressarcimento referente à reconstrução e pintura das paredes dos apartamentos e das partes comuns dos edifícios, mas também os bens dos moradores. Qual a importância de contratar um seguro extra? “Para preservar um patrimônio que representa, na grande maioria das vezes, o sonho de uma vida inteira e pelo qual lutamos tanto para conquistar e manter”, afirma o gerente Marlon Rosalvos, da CIPA Seguros Corretora (leia quadro em que o gerente detalha os benefícios dos seguros oferecidos pela CIPA). A receita do síndico Antônio Wanis parece a mais sensata: prevenção é o melhor remédio contra acidentes. E além de garantir o bom funcionamento de todo equipamento, é importante conscientizar os condôminos de como proceder em caso de incêndio e orientá-los também sobre como prevenir problemas com fogo dentro de seus apartamentos.

De acordo com especialistas, o tempo médio de vida útil do material utilizado nas instalações elétricas dos edifícios é de 30 anos a 50 anos e, a cada cinco anos, é recomendável fazer uma revisão elétrica


Entrevista

Marlon Rosalvos, gerente da CIPA Seguros Corretora, explica os benefícios dos seguros oferecidos pela empresa Por que é importante ter um seguro contra incêndio? Para preservar um patrimônio que representa, na grande maioria das vezes, o sonho de uma vida inteira e pelo qual lutamos tanto para conquistar e manter. Para avaliar o grau de importância da contratação desse tipo de seguro, é necessário refletir sobre o quanto nossa residência significa em nosso patrimônio total.

Que produtos a CIPA Seguros Corretora oferece e que vantagens eles proporcionam? A CIPA Seguros Corretora trabalha com as melhores seguradoras do mercado e coloca à disposição todos os seus produtos, tanto para condomínios como para condôminos. Também desenvolve, em parceria com as seguradoras, seguros customizados e exclusivos para seus clientes, visando atender a necessidades específicas e conseguindo a melhor relação custo-benefício. Proteger seu patrimônio de imprevistos é mais barato do que você imagina. Por exemplo, o Seguro Conteúdo custa menos que um lanche simples nas lanchonetes de fast-food e garante a cobertura básica (incêndio, queda de raio e explosão de uso doméstico), com o objetivo de indenizar o segurado pelos prejuízos que venha a sofrer em consequência de perdas e danos materiais causados aos bens, com limite máximo de indenização de R$ 30 mil. Além de cobertura adicional para garantia de perda ou pagamento de aluguel, com limite máximo de indenização de R$ 1 mil. A CIPA Seguros Corretora, especializada em seguros do ramo imobiliário e com mais de 24 anos no mercado, por observar as necessidades de seus clientes, está desenvolvendo e apresentará, em breve, novos seguros customizados com coberturas inéditas e garantias ampliadas.

Como proceder com a seguradora em caso de incêndio? Além de todas as medidas para preservar a vida e, se possível, minimizar os danos materiais, observamos que, em alguns casos, as seguradoras providenciam vistoria no local atingido; já em outros casos, de acidentes menores, dispensam esse procedimento. Normalmente, as seguradoras solicitam a apresentação de três orçamentos diferentes para reparos e/ou reposição de bens, tomando por base o orçamento de menor valor na definição da indenização. No horário comercial, busque orientação direto com a CIPA Seguros Corretora (21 2196-5116, para sinistros, ou 21 2196-5115, geral). Se precisar de auxílio imediato fora do horário comercial, telefone para a seguradora, que definirá se haverá ou não necessidade de vistoria. Poderá ser necessário relacionar as perdas. Em caso de incêndio, junte o laudo e o boletim de ocorrência do Corpo de Bombeiros. Se houver roubo qualificado de bens, junte o boletim de ocorrência policial e três orçamentos de reposição ou compra dos bens roubados. Em caso de quebra de vidros, vendaval ou danos elétricos, junte três orçamentos de reparo e conserto. Mantenha os telefones da corretora e sua apólice em local de fácil acesso e divulgue aos interessados para que possam agir em sua ausência. Serviço: PRL: 3860-9441; CIPA Seguros Corretora: 2196-5115; em caso de sinistro: 2196-5116; Inmetro: www.inmetro.gov.br

Confira a jurisprudência relativa a esse assunto na página 68.

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obras

por Paulo Ferreira

Reforma no condomínio:

para escolher revestimentos adequados é preciso assessoria especializada Elvira Perim, do edifício Sonata da Lagoa, aconselha: " Quando for fazer restauração de fachadas, peça laudo técnico para ver se o problema é simplesmente estético ou também estrutural

Não é só beleza que importa na hora de dar uma cara nova a seu prédio O prédio já não é mais aquele de quando foi construído. A fachada está se desfazendo: pastilhas estão caindo, mármores e granitos também. Já os pisos se encontram rachados ou quebrados. Ou seja: a “cara” do edifício está péssima e precisa urgentemente de uma plástica. O que fazer? O primeiro passo para deixar o prédio como se tivesse sido construído há pouco tempo é trocar ou restaurar o revestimento que cobre paredes e pisos. Chegada a hora, porém, é preciso avaliar muito mais que o aspecto estético da opção. Devem-se levar em conta também a funcionalidade do modelo escolhido e a adequação de cada revestimento ao local em que ele será aplicado. “Os revestimentos correspondem ao acabamento de uma edificação, sendo a parte que se apresenta mais visível, com a finalidade principal de proteção: de paredes, pisos e tetos, incluídos os forros”, define Orlando Sodré, consultor da Secovi-Rio e engenheiro especializado em manuten-

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ção predial. Os revestimentos são executados para dar à superfície maior resistência ao choque ou à abrasão, para impermeabilizá-la, torná-la mais higiênica, ou seja, lavável, ou, ainda, aumentar a qualidade de isolamento térmico e acústico. Segundo empresas da área, restaurações e trocas de revestimento têm aumentado bastante. “As frequentes alterações climáticas e até mesmo tremores de terra no Brasil têm preocupado condôminos”, conta Sebastião Rosa, da Ferrari Leite. Por tudo isso, na hora de mudar a “cara” de seu prédio, planeje o passo a passo que vai levá-lo ao material ideal para aplicação ou restauração daquele revestimento que precisa apenas de alguns retoques. Segundo Sodré, a execução de um revestimento deve ser feita em duas etapas: planejamento e execução. “O planejamento é fundamental para a execução de um bom revestimento, e é nessa etapa que se detectam e solucionam

possíveis erros, evitando problemas futuros. Recomenda-se fazer a compatibilização dos projetos de arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica e impermeabilização; a especificação correta do revestimento para cada ambiente e utilização; a discriminação da argamassa colante e do rejuntamento; um projeto de paginação que planeje a distribuição de juntas e os tipos de rejuntamento, corte, interferência de abertura, ressalto e pontos de instalações prediais”, explica Sodré. “Na execução, deve ser feita a verificação das ferramentas adequadas e sua boa utilização e a avaliação do substrato quanto a nível, prumo, impermeabilização, caimento, regularização e resistência aos esforços que deve suportar. A escolha do tipo de revestimento depende do ambiente interno ou externo em que for instalado, da utilização desses ambientes e do tipo de base ou superfície sobre o qual será aplicado (metálica, madeira, de cimento, cerâmica etc.)”, ele ressalta.


A síndica Ângela Maria Reis Klun, do edifício San Giovanni, em Botafogo: ela aproveitou a necessidade de reforma para embelezar e valorizar o prédio

Existem variados tipos de revestimento, para todos os gostos, necessidades e orçamentos. Eles são constituídos de mármore, granito, porcelanato, acrílico, pastilha, pedra natural rústica, concreto, madeira, borracha, gesso ou cerâmica; podem ser vinílicos, melamínicos ou texturados. A variedade é tanta que pode confundir. Além disso, há modelos apropriados para cada uso. Evite, por exemplo, mármore em pisos externos, principalmente em bordas de piscina: ele desgasta. Aproveite-o na parte interna, apesar de os mais porosos mancharem com facilidade. Ainda no caso da piscina, deve-se ter cuidado também com os granitos – os polidos ficam escorregadios quando molhados, por isso, o acabamento deve ser antiderrapante quando o granito for usado em áreas externas. A melhor opção para esses casos acabam sendo as pedras naturais. Estas já falam por si sós em termos de variedade: arenito, pedra-sabão e paralelepípedo são apenas algumas delas. Essas pedras naturais não passam por processos industriais, por isso, são ditas rústicas. A instalação delas deve ser executada por profissionais especializados, que utilizarão as ferramentas adequadas (martelo de borracha, serra mármore, nível, régua metálica). Para pisos e paredes externos, por exemplo, as pedras mais indicadas são arenito, pedra-sabão, pedra mineira, pedra são tomé, paralelepípedo e pedra goiás. “O uso de pedras naturais como revestimento de piso muitas vezes está associado à ideia de resistência e segurança, porém, esse critério de escolha tem de ser bem avaliado, pois muitas placas rochosas podem manchar e ser inapropriadas para o

uso externo ou em locais com muita umidade”, alerta Sodré. As pedras, no entanto, não estão entre os itens mais populares como revestimento perfeito. A escolha maior tem sido os da “moda”, como o porcelanato, que impressiona pela beleza e modernidade, e a cerâmica, velha conhecida dos condomínios e que tem sido uma alternativa à substituição das pastilhas, hoje em desuso, com muitos modelos já fora de linha. “Existem porcelanatos de todo tipo, e os mais modernos são muito resistentes e têm baixa absorção de água,” defende Renée Christiane Hood, engenheira da Isocom, empresa especializada. “Atualmente, os que se destacam no mercado em termos de revestimentos são aqueles que imitam as imperfeições de um piso natural mais rústico, porém, são feitos de material mais nobre, elegante, resistente e durável, como os porcelanatos, com cores exuberantes e neutras, e os mosaicos de placas que revestem paredes com acabamento decorativo em baixo e alto relevo, inspirados nas obras de artistas famosos”, explica o consultor do Secovi-Rio. “De qualquer forma, os modelos mais utilizados ainda são aqueles que aliam custo e benefício, e os cerâmicos continuam batendo recorde de vendas em todo o país. Mas se optarmos por manutenção, resistência, durabilidade e elegância, os porcelanatos e granitos passam a encabeçar esta lista.” Enquanto se escolhe o revestimento ideal para a tal “plástica”, deve-se levar em consideração também o aspecto da segurança: revestimentos antigos e desgastados não só enfeiam o condomínio como oferecem perigo para moradores e passantes ao se tor-

narem potenciais fontes de acidentes, que podem ser graves, caso descolem e caiam em alguém, bem como pisos quebrados, que podem causar quedas. Por isso mesmo, é necessário prestar atenção à base do revestimento. “Tão ou mais importante que o revestimento é a forma como ele é colocado. Existem até mesmo normas para isso”, explica Renée, referindo-se à NBR 13.755/96, que diz respeito ao revestimento de paredes externas e fachadas, com placas de cerâmica com argamassa colante. “Revestimento é estético. A base tem que estar preparada para recebê-lo e ela tem que ser disposta de modo a aliviar as tensões entre as pedras ou o material da fachada. Se não houver espaço, eles podem dilatar e comprimir e o revestimento ‘pipoca’ e cai”, alerta Renée. “O ideal é fazer reformas e revisões a cada três anos, até porque a substituição total de revestimentos é mui-

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Fátima Costa Vieira, síndica do Condomínio Edifício Solar Marquês de Valença, na Tijuca: o prédio, que era considerado feio ou pouco era notado, virou motivo de orgulho dos moradores depois da troca de revestimento

to cara”, aconselha Michel Fiad Júnior, diretor da Altenge. Segurança também foi a preocupação da síndica Elvira Perim, do edifício Sonata da Lagoa, que promoveu a restauração parcial das pastilhas e a fixação do granito. Antes, porém, ela se assegurou de providenciar um laudo técnico para a análise do embolso. “Como o prédio tem 25 anos, tem que ter mais segurança. Quando for fazer restauração de fachadas, peça laudo técnico para ver se o problema é simplesmente estético ou também estrutural”, aconselha. Quem resolveu investir na troca e restauração de revestimentos no condomínio não se arrependeu. É o caso da síndica Ângela Maria Reis Klun, do edifício San Giovanni, em Botafogo, que teve sinal verde dos condôminos e fez uma boa reforma no

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revestimento da cobertura, onde fica a piscina, e no play, entre outras áreas comuns. Tal troca foi motivada por necessidade: o antigo revestimento, de azulejo comum, estava velho e quebrado. “Aproveitei para dar uma cara bonita para ao prédio”, brinca Ângela, que não brincou em serviço: o piso dos halls da cobertura foi trocado por porcelanato; o revestimento de azulejo das paredes no entorno foi substituído por pastilhas de vidro; no play, ela mudou o piso também, optou pelo porcelanato; no entorno da piscina, permaneceram as pedras são tomé, mas elas passaram por um processo de clareamento que as deixou praticamente novas. Fez um revestimento de granito na mureta e no gradil do prédio que, além de deixar a área mais bonita, serviu para evitar vazamentos. O resultado foi muito positivo: os moradores passaram a frequentar mais as áreas comuns do prédio, incluindo a piscina, que reabriu há pouco mais de um mês. Outra que viu seu prédio praticamente renascer foi Fátima Costa Vieira, síndica do condomínio Edifício Solar Marquês de Valença, na Tijuca. Antes das reformas que deixaram o prédio tinindo de novo, o condomínio de Fátima era considerado o mais horroroso da rua. Se não dava susto, causava o efeito contrário: o prédio nem era notado nessa rua tipicamente residencial do tradicional bairro carioca: “Quando chovia, caíam água e também as pastilhas da fachada”, conta ela, cujo prédio tem cerca de 40 anos e até então não tinha passado por uma boa restauração. As pastilhas que caíam mostravam que, além de

antigo, o prédio oferecia perigo para quem passava ou morava no local. Decidida a dar um trato no condomínio mas sem verba suficiente para trocar o revestimento de todo o prédio, Fátima resolveu interferir na parte da frente do edifício, substituindo as pastilhas por cerâmica que, além de bonita, é mais resistente e fácil de limpar. O restante das pastilhas passou por um processo de reposição, mas como não achou material igual ao original, ela optou por pintar todas elas da mesma cor. Fátima também fez interferência no revestimento de outras áreas comuns: na portaria, escolheu um modelo cuja textura da parede combinava com o revestimento de madeira do local, que também ganhou um espelho e um aquário. “Agora, as pessoas param um tempo na portaria, sem passar simplesmente por ela”, conta. No muro, trocou as pastilhas desgastadas e colocou mármore na parte superior. Além da mudança nos revestimentos, Fátima também restaurou o jardim e refez as jardineiras, pôs portas de alumínio na garagem, grades para segurança e refez toda a iluminação externa, entre outras melhorias. “Algumas pessoas não reconheceram o prédio de tão bonito que ficou”, orgulha-se. Tanto investimento na “cara” do prédio também valorizou os imóveis: perguntas se há apartamentos para vender no condomínio são frequentes. Por enquanto, nenhum morador se mostrou interessado em se desfazer o imóvel, ainda mais depois do banho de loja que o prédio levou.


Eles também são sustentáveis e ecologicamente corretos A onda sustentável também chegou aos revestimentos. Quem conta é o consultor do Secovi-Rio, Orlando Sodré: “O mercado tem investido em matérias-primas para revestir ambientes diversos. Opções, como fibra de bambu, casca de coco, vidro, resíduo de madeira e concreto reciclado, já estão sendo apresentadas em lojas de material de construção com apelo ecológico e material renovável.” A seguir, Sodré elenca alguns dos principais revestimentos da linha sustentável. Que tal entrar na moda aderindo à preservação da natureza? Pisos de PVC: são muitas as vantagens do PVC, como ser leve, o que facilita a aplicação e o manuseio, e resistente. Porém, há certos procedimentos que devem ser observados, como evitar instalá-lo em áreas externas, cozinhas industriais e áreas industriais. Mosaico de bambu: é uma das últimas novidades do mercado de revestimento, que atende às expectativas atuais de durabilidade, resistência e menor necessidade de manutenção. A instalação é simples, podendo ser aplicado sobre diversos tipos de material (alvenaria, vidro, madeira, plástico, gesso, fórmica, superfícies lisas em geral), e é recomendado para ambientes internos, como as pastilhas de bambu. Piso de bambu: é um produto de fácil manutenção, sendo considerado piso de alta densidade (muito duro). Disponível em tonalidade natural ou escurecida (carbonizada), sua resistência à abrasão é alta, já que sua aplicação é efetuada com seis demãos de verniz e uma camada de óxido de alumínio. Pastilhas de coco: são produtos modernos e ecologicamente corretos, com diferentes superfícies que dão textura ao revestimento. Ideais para pisos e paredes de ambientes internos. Fachada autolimpante: é mais um sistema de revestimento inovador e ecossustentável que evita o envelhecimento de imóveis em razão da absorção dos raios UV e da umidade. O produto elimina as impurezas e degrada compostos orgânicos, melhorando a qualidade do ar. Piso de pneu reciclado: cada metro quadrado do revestimento evita que seis pneus sejam depositados no meio ambiente. O produto tem espessura de 11 milímetros, que facilita a colocação em áreas interna e externa por ser antiderrapante e amortecer impacto, oferecendo segurança a crianças, idosos e cadeirantes. É permeável, perfeito para a drenagem da água. Pisos ecológicos com 90% de mármore e granito e 10% de resinas de poliéster insaturadas: esses pisos utilizam raspas de pedras recicladas, por isso, são livres de poluição e não agridem a natureza. São resistentes a ácidos, alcalinidade e corrosão. Porcelanatos sustentáveis: eles possuem acabamento diferenciado, design exclusivo e resistência a riscos. Esses revestimentos podem ser utilizados tanto em ambientes internos como externos. Piso vinílico de PVC reciclado: é um dos revestimentos que existem no mercado que imitam a madeira com perfeição. É indicado para locais de tráfego leve. Pisos de grama: podem ser usados para construir áreas verdes sobre lajes, telhados e coberturas. Trata-se de um elemento construtivo ecoeficiente que reserva a água da chuva para irrigação do jardim, sem utilização de energia elétrica, bombas ou bicos irrigantes. Ecopastilhas: são pastilhas de cerâmica produzidas com base em resíduos de lâmpadas fluorescentes recicladas. Entre os benefícios estão a redução de uso de gás em até 15% durante a queima da cerâmica e o recolhimento de um resíduo que contém mercúrio, que pode contaminar solo e mananciais.

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BEM DITA! - a coluna de boas notícias

por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Como dissemos na edição anterior, está aberto o espaço para boas notícias que a gente quer ouvir. Eu gostaria de saber que a população conta realmente com um rápido atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas) que, no momento, poderiam ser chamadas de Unidades de Lento Atendimento (Ulas). O mesmo acontece nos postos de saúde em que os cidadãos têm que esperar horas e horas pela consulta. Com sintomas de dengue e precisando de um atestado médico oficial, passei dois dias pela situação de muita espera, mas as dores no corpo e o mal-estar geral me fizeram sair correndo das Ulas&Upas. Quando o povo vai parar de sofrer com tanto desrespeito? Vamos, leitores, animem-se e enviem e-mails de boas notícias reais e as que desejam que fossem.

Recebi do leitor Antônio Gilberto Bandeira de Carvalho, morador de um prédio administrado pela CIPA, o seguinte e-mail a respeito da reportagem sobre o marechal Rondon, que teve grande repercussão também perante sua família e pessoas ligadas a seu trabalho. “Meu avô, Speridião Gabinio de Carvalho, era médico da expedição Rondon – quando Roosevelt desceu o Rio da Dúvida. Não só Rondon se machucou, mas o próprio presidente Roosevelt estava com uma infecção séria e meu avô teve de subir o rio até onde eles haviam sido encontrados para cuidar do presidente americano. Além disso, o interessante é que meu avô ia até Goiás para obter os remédios e os suprimentos médicos para Rondon, que estava instalando linhas de telégrafo nas fronteiras – pelo

que lembro, Rondon inaugurava um posto de telégrafo e seguia em frente, deixando poucos homens em cada um desses postos. Meu avô descia o Rio Araguaia, adquiria os mantimentos e voltava pelo mesmo rio, a pé e somente com um burro. No caminho, caçava o que encontrasse pela frente para se alimentar; tinha consigo somente uma caixa de balas e um revólver, se errasse naquele dia não comia... Gabinio também me contou que para pacificar os Xavantes houve celebração com o chefe Xavante mais perigoso, e Rondon, em certo momento, já tarde da noite, deitou a cabeça no colo desse chefe, para a surpresa de todos os índios (e do chefe), e adormeceu. Esse voto de extrema simplicidade e confiança pacificou a tribo e ficaram amigos de Rondon.”

DEPONTACABEÇA – novo disco de Áurea Martins, pela Biscoito Fino Como esta coluna difunde o que há de melhor nas artes, porto seguro de boas notícias, apresentamos, para quem não a conhece, Áurea Martins – nossa sambista jazzística que tinha tudo para estar em nossas rádios, mas sem jabá, por favor! Ela acaba de lançar um novo disco com músicas de Hermínio Bello de Carvalho. É ele quem diz: “Este DEPONTACABEÇA é uma celebração pelos 70 anos que Áurea Martins está festejando neste 2010 e uma extensão do disco anterior, que deu a ela o prêmio de melhor cantora de 2009. Lembro quando seu nome foi anunciado no Canecão por Fernanda Montenegro, que, por um momento, achou que Áurea estivesse ausente.

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Até refazer-se do susto e alcançar o palco, ela foi ovacionada pela plateia e pelos colegas de profissão, já que o prêmio significava o reconhecimento de uma nobre carreira de quase meio século. A ‘crooner de voz rouca’, reconhecida por Nei Lopes como uma das três maiores cantoras do Brasil, continuava atuando sob um espantoso manto de invisibilidade que sua profissão – “Cantora da noite!? Eu também canto de dia!”, ela costuma brincar – reserva para um tipo raro de artista. Ele você verá raríssimas vezes na televisão e ouvirá, possivelmente, ainda menos nas emissoras de rádio. Causa espanto saber que em quase 50 anos de estrada, este seja apenas o quarto


disco de Áurea Martins – o que sublinha e reforça a tese do ostracismo defendida por Aldir Blanc, mas que prefiro chamar de invisibilidade. O disco anterior foi coproduzido com o pianista Zé-Maria Camilotto Rocha. Dessa vez, o violonista Lucas Porto, que atua como professor na Escola Portátil de Música, dividiu comigo os trabalhos de produção artística do DEPONTACABEÇA. Comentava com Lucas, olhando a meninada folheando as partituras dentro do estúdio, que maravilhoso arco do tempo havia em nosso disco. Entre os instrumentistas, o mais jovem tinha 21 anos – nosso Luizinho Barcellos. E no repertório, a pre-

sença de jovens parceiros, como Vidal Assis e Fernando Penello, ambos na faixa dos 25 anos, indo às culminâncias de minha parceria com Alfredo da Rocha Viana Júnior, o Pixinguinha (que hoje teria 113 anos).” Para quem ficou curioso, eis o depoimento de Aldir Blanc: “Em qualquer país que preze sua cultura, Áurea Martins seria incensada. No Brasil, terra de indigência e cascatas culturais, Áurea Martins não aparece nas rádios nem na televisão. É como se privássemos o povo brasileiro de beber em fonte límpida. Cantar é, já disse e repito, o Maior Espetáculo da Alma. E nossa própria alma nunca se redimirá sem a voz sagrada de Áurea. Ela faz

parte, e talvez seja a última representante, de uma tradição inesgotavelmente rica, e é também pedagógica porque uma porção de gente que se acha cantora tem muito que aprender com Áurea Martins. É incrível que uma artista assim, diamantífera, única, joia da Coroa de Ouro, formada por cantoras como Ângela Maria, as irmãs Batista, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Aracy de Almeida e Clementina de Jesus, permaneça em ostracismo cruel. Áurea Martins é o elo vivo de uma história, de uma Legenda Cultural nossa – uma Legenda Áurea!” O disco ainda tem o belo piano de Marcelo Caldi.

- uma nova e sustentável editora no Rio Depois de anos de Relume Dumará, Ediouro, Nova Fronteira e Singular e depois de muito observar e aprender, Alberto Sprecher decidiu voltar a investir em um negócio editorial próprio. A editora Ponteio é uma nova experiência no negócio do livro. As novidades que chegam, trazidas pelos ventos de uma economia organizada, vão envolver editores, autores, leitores e livreiros nas novas maneiras de fazer, divulgar, comprar e vender livros. Criada no final desta primeira década do século XXI, a Ponteio responde às profundas mudanças que estão em curso no mundo editorial entendendo que uma editora contemporânea é, antes de tudo, uma prestadora de serviços. O que a distingue das editoras convencionais dos séculos XIX e XX é que não forma estoque. Os livros são

impressos sob demanda ou baixados para leitores eletrônicos. “Não podemos mais ser manufatureiros antiquados. Por causa das facilidades criadas pelas novas tecnologias de impressão, podemos valorizar o imenso conjunto de autores que são barrados na editora convencional. Aqui, na Ponteio, é a qualidade do autor que determina o número de livros publicados, sem faltar e sem sobrar! Não podemos contar de uma vez todos os nossos segredos. Mas cada título será lançado de forma interativa e adequado a seu público-alvo”, garante Alberto. No entanto, a Ponteio não é uma editora de autopublicação. Serão incluídos no catálogo somente autores de qualidade, que já tenham reconhecimento literário, acadêmico ou artístico. Autores de todas as áreas da ficção e da não ficção são bem-vindos.

Além disso, a editora quer criar vários nichos, como fotografia, cinema, artes plásticas, música, culinária, vida urbana e muito mais. A Ponteio estará presente o tempo todo na chamada rede social, nos espaços já consagrados, como o Twitter, o Facebook, o Orkut e os blogs, e sempre atenta para as novas possibilidades de encontrar novos livros, novos públicos e novos leitores.

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Imóveis ESPECIALISTAS EM NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Como alugar um imóvel

dicas para o marinheiro de primeira viagem Ao encontrar o imóvel que atende a suas necessidades, o candidato deve avaliar o preço pedido pela locação. Compare os valores que estão sendo praticados nessa região, o que pode ser boa base de negociação. Ao definir essa parte, é hora de avaliar a localização e a infraestrutura das cercanias do imóvel: se há a presença de padaria, farmácia, mercado, escola, feira etc. É também importante saber se o imóvel recebe sol da manhã ou da tarde, nesse caso, o apartamento pode ser muito quente, especialmente no verão. Próximo passo: os meios de transporte servem a contento essa região? Não se esqueça de que você não é o único a usá-los, portanto, verifique também as vantagens para os funcionários domésticos.

Prefira contratos feitos por meio de uma administradora

Para começar os trabalhos, é importante levar em consideração uma perfeita assessoria – nada como uma boa administradora para garantir um negócio benfeito. Como diz o ditado popular, o negócio é bom quando é bom para as duas partes. E somente uma empresa especializada poderá garantir um contrato de excelência. Uma boa imobiliária, segundo Amauri Soares, gerente de Locação da CIPA Administradora, saberá fazer um acordo com todas as cláusulas contratuais que respei-

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tem tanto os direitos do locatário quanto os do locador: “Somente a assessoria de uma empresa especializada pode garantir a seus clientes a comodidade, segurança, agilidade e eficiência de que eles precisam e merecem receber ao contratar alguém para assessorá-los. É preciso estar atento às mudanças da legislação e saber com profundidade os deveres e os direitos de locadores e locatários”, ressalta Amauri.

Conheça os deveres dos locadores e dos locatários Deveres do locador • Entregar o imóvel em condições de uso. • Responder por problemas anteriores à locação. • Fornecer ao locatário descrição minuciosa do estado do imóvel, antes da locação. • Pagar as taxas de intermediação (ficha cadastral, elaboração de contrato etc.) e de administração imobiliária. • Fornecer recibo discriminado ao locatário (aluguel, condomínio, impostos etc.). • Pagar os impostos, as taxas e os prêmios de seguro complementar contra incêndio, salvo disposição contrária em contrato. • Mostrar ao locatário os comprovantes relativos às parcelas cobradas, quando solicitado. • Pagar as despesas extraordinárias de condomínio.

Deveres do inquilino • Pagar pontualmente o aluguel e os encargos da locação no prazo e no local estipulados. • Utilizar o imóvel para uso determinado em contrato, mantendo-o em boas condições. • Restituir o imóvel locado, no fim da locação, no estado em que o recebeu, salvo as deteriorações decorrentes do uso normal. • Informar imediatamente o locador sobre qualquer dano ou defeito de responsabilidade deste. • Reparar imediatamente os danos de sua responsabilidade, causados durante o período de locação. • Não modificar a forma interna ou externa do imóvel sem o consentimento prévio, por escrito, do locador. • Encaminhar imediatamente ao locador documentos de cobrança (impostos, condomínios etc.), bem como intimações, multas ou exigências de autoridades, mesmo que dirigidas ao locatário. • Pagar despesas decorrentes de prestação de serviços públicos (água, luz, telefone, gás, esgoto etc.). • Autorizar vistorias e visitas de terceiros ao imóvel (em caso de negociação), desde que combinados o dia e a hora. • Obedecer à convenção e ao regulamento interno do condomínio. • Pagar despesas ordinárias do condomínio.


Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel 10% 11% 28% 12% 18%

21%

Apart. (2 quartos)

447

Sala

333

Casa

293

Apart. (3 quartos)

184

Loja

175 157

Outros

total 1.589

Por Bairro Imóvel Aluguel

Por Tipo Imóvel Venda 9% 11% 23% 13% 25% 19%

casa

573

Apart. (2 quartos)

624

Apart. (3 quartos)

495

COBERTURA

341

Terreno

279

Outros

241

4% 4% 5%

barra da tijuca 444

6% 28%

53%

centro

101

Recreio

79

copacabana

66

tijuca

58

total 1.980

11% 26%

barra da tijuca

46%

copacabana recreio freguesia

1%

1.185

outros taquara

total 1.581

Por Finalidade

Por Bairro Imóvel Venda 6% 4% 7%

833

outros

655

venda

2.557

283

aluguel

1.589

171

TEMPORADA

55

lançamento

10

143 113

38%

61%

total 4.211

total 2.555 fonte: abadi

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Jurisprudência

Fique por dentro das decisões de nossos tribunais 0179996-72.2008.8.19.0001 - APELAÇÃO - 1ª Ementa DES. SÉRGIO JERÔNIMO A. SILVEIRA - Julgamento: 19/7/2010. QUARTA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Ação indenizatória. Multa aplicada pelo condomínio por conduta inadequada de amigos do apelante na piscina do condomínio. Pretensão de indenização por dano moral e restituição do valor cobrado. Sentença que julga improcedente o pedido. Prova documental comprovando a regular aplicação da penalidade ao condômino. Ausência de provas de que a cobrança da multa pelo condomínio tenha sido feita de forma abusiva ou vexatória. Dano moral inexistente. Sentença que se confirma. Recurso que nega seguimento, na forma do art. 557, caput, do CPC. 0269884-86.2007.8.19.0001 (2009.001.12784) APELAÇÃO - 1ª Ementa. DES. CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 25/6/2009. PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL Ação de indenização. Menor impúbere. Danos morais resultantes de acidente ocorrido na piscina do condomínio réu, em razão da má conservação do prédio. Responsabilidade subjetiva. Conjunto probatório que demonstra o fato, o dano, o nexo causal e a culpa, nos termos do artigo 186 do Código Civil. Conduta ilícita praticada pelo réu, representada pela má conservação do prédio, colocando em risco a incolumidade dos condôminos. Dever de indenizar caracterizado. Valor do dano moral que deve ser reduzido, observando os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade. Desprovimento da apelação do autor e provimento parcial ao recurso do réu. 0096375-51.2006.8.19.0001 (2009.001.30073) - APELAÇÃO - 1ª Ementa. DES. LÚCIA MIGUEL S. LIMA - Julgamento: 7/7/2009. DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Apelação cível. Condomínio. Falta do dever de cuidado. Incêndio. Inexistência de itens de segurança. Culpa concorrente. Função punitivo-pedagógica. O condomínio tem o dever de providenciar a manutenção adequada dos itens relativos à segurança e prevenção de incêndio. A inobservância de tais regras gera responsabilidade por omissão, impondo o dever de indenizar quando da existência de dano. Havendo culpa concorrente da 68

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vítima, deve-se aplicar o disposto no art. 945. do C.C./2002. O dano moral deve revestir-se de caráter punitivo-pedagógico, a fim de evitar omissões desse talante. Necessidade de observação dos princípios da razoabilidade-proporcionalidade, a fim de evitar enriquecimento sem causa de uma parte e a inexpressividade para a outra. Valor indenizatório corretamente fixado. Conhecimento do recurso e seu desprovimento, nos termos do art. 557, caput, do C.P.C. 0136068-42.2006.8.19.0001 (2008.001.57006) - APELAÇÃO - 1ª Ementa. DES. MÔNICA TOLLEDO DE OLIVEIRA - Julgamento: 24/3/2009. QUARTA CÂMARA CÍVEL Apelação. Responsabilidade civil. Falecimento decorrente de incêndio ocorrido no apartamento da mãe da autora em razão de curto-circuito. Ação de indenização por danos morais em face do condomínio. Ausência de mecanismos de combate a incêndio. Sentença que julgou procedente o pedido, mas reconheceu a culpa concorrente mediante a redução da indenização. Responsabilidade civil extracontratual. A omissão assume papel relevante quando o agente possui o dever de impedir o resultado. Decreto nº 897/76, que disciplina os requisitos de segurança nos edifícios. Canalização preventiva que não funcionou. Ausência de rede de chuveiros (sprinklers) ou outro dispositivo de detecção de fumaça ou alarme. Negligência do condomínio. Nexo de causalidade comprovado. Culpa concorrente. Art. 945 do Código Civil. Valor corretamente fixado, sem exagero. Recurso desprovido. 0039935-93.2010.8.19.0001 - APELAÇÃO - 2ª Ementa. DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO - Julgamento: 14/9/2010. DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL

Agravo inominado. Decisão mantida por seus próprios fundamentos. Obrigação de fazer c/c repetição de indébito. Cedae. Único hidrômetro. Tarifa mínima multiplicada pelo número de economias. Impossibilidade. Esgotamento sanitário em Paciência. Inexistência do serviço. Cobrança indevida. Prazo prescricional. 1- O contrato entre as partes, embora regido por lei específica, não inibe a aplicação do CDC. 2 - Não é admissível a cobrança de tarifa mínima multiplicada pelo

número de unidades (economias) existentes em condomínio que contenha apenas um hidrômetro instalado, como é a hipótese dos autos. Essa modalidade de cobrança mostra-se abusiva por impor demasiada desvantagem ao consumidor, violando as regras e os princípios insculpidos nos artigos 6º, IV; 22; 39, X; e 51, IV do CDC. 3 - No que se refere ao esgoto, a Cedae não presta nenhum serviço relativo à coleta de esgoto no local em que está situado o imóvel, pelo que se conclui indevida a correspondente cobrança. Não havendo a contraprestação por parte da Cedae, nenhum valor pode ser cobrado do consumidor, o que impõe à Cedae o dever de restituir o valor que já foi pago indevidamente. 4 - Já se encontra pacificado nos tribunais superiores o entendimento de que a remuneração cobrada pelo fornecimento de serviço público de água e esgoto possui natureza jurídica de tarifa ou preço público, sendo a prescrição regida pelo Direito Civil. No caso concreto, o pleito é de repetição de indébito, e não de ressarcimento de enriquecimento sem causa, nem de reparação civil, de modo que não se aplica a prescrição trienal do art. 206, § 3º, IV e V do Código Civil. O agravante não trouxe nenhum fundamento novo que permita a modificação da decisão monocrática desta relatoria. Recurso desprovido nos termos do voto do desembargador relator. 0196474-58.2008.8.19.0001 - APELAÇÃO - 2ª Ementa. DES. VERA MARIA SOARES VAN HOMBEECK - Julgamento: 31/8/2010. PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

Agravo inominado. Cedae. Condomínio. Hidrômetro único. Tarifa mínima multiplicada pelo número de unidades autônomas. Ilegalidade da cobrança. Falta de previsão legal. Precedentes neste TJRJ e no STJ. Manutenção da decisão monocrática que negou seguimento ao 1º recurso e deu parcial provimento ao 2º desprovimento do agravo inominado. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento segundo o qual nos condomínios em que o total de água consumida é medido por um único hidrômetro é ilegal a cobrança de tarifa mínima com base no número de economias, sem considerar o efetivo consumo de água.


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