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Todo síndico lê!
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ANO 18
Veja dicas de como planejar esse ponto importante da gestão
Pode ou não pode fumar em áreas comuns?
O Brasil chegou ao fundo do poço. Será que lá tem mola?
NEWTON MENDONÇA Presidente da CIPA
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A presidente Dilma, que nunca tinha ocupado nenhum cargo público, conseguiu se eleger presidente do Brasil levada por seu criador, Lula, que a apresentava como a “gerentona” que iria governar o país com grande competência. No primeiro mandato, começou a desmanchar toda a estrutura que havia sido construída com o Plano Real. Essa base, conseguida com muito esforço, nos levou a uma posição mundial de respeito e de credibilidade. Findo esse mandato, “Dilma gostou do poder” e não cedeu lugar a seu criador, conforme havia sido combinado. Lula não teve outra alternativa senão apoiá-la, na esperança de vir a sucedê-la. Sua campanha foi um verdadeiro “estelionato eleitoral”, com promessas que sabia não poder cumprir. As coisas foram piorando cada vez mais e levando o Brasil a uma situação caótica. Seu segundo mandato não chegou a durar dois anos. Levada a julgamento pelo Senado após um longo processo, no qual defesa e acusação esgotaram todos os seus direitos, finalmente, sob a presidência do Supremo Tribunal Federal, foi cassada. Nunca estivemos numa situação de crise tão grande e profunda. Todos os brasileiros estão inteiramente desmotivados e perderam a confiança. Nada se faz, não se compra, não se vende, não se investe, e o Brasil regride nesse cenário de desconfiança generalizada. Há alguma saída para isso? Podia ter sido pior? Podia. Acho que se ela não fosse afastada, teria sido pior. Tenho certeza de que no fundo do poço existe mola! Há muito tempo que todos sabíamos que muita coisa precisava ser feita, era o que chamávamos “dever de casa”. Todas as reformas, começando pela Previdência e passando pela trabalhista, a fiscal, a política e muitas outras, devem ser encaminhadas ao Congresso, com chance de aprovação em decorrência de estarmos no fundo do poço e de precisarmos ressurgir.
Temos um novo governo, que já se inicia com grande oposição popular. Temer colocou uma equipe econômica de alto gabarito, composta por nomes reconhecidos aqui e no exterior. Isso criou uma expectativa muito boa no mercado, o que é altamente positivo. Ele persegue o equilíbrio fiscal como primeira e única solução para o desenvolvimento. A partir dessa direção, poderá haver uma reversão do ciclo vicioso para o ciclo virtuoso, e aí tudo pode acontecer... Busca também a baixa da inflação e dos juros, que, segundo o presidente do Banco Central, poderá voltar, em 2017, ao centro da meta, 4,5% ao ano, que há anos não é atingida. Existe muito dinheiro disponível no mundo todo que está aplicado a juros muito baixos, com taxas muitas vezes negativas, como no caso da Alemanha, onde um título do governo com vencimento para dez anos devolve ao investidor menos do que ele aplicou. No Brasil, o investidor pode ter retorno de 6% a 9% ao ano. Só precisamos de regras claras e leis que garantam segurança para quem aplica. As agências reguladoras, sem interferência política e dirigidas por técnicos reconhecidamente competentes, darão a credibilidade necessária. A Presidência da Petrobras, do BNDES, do Banco do Brasil, da Eletrobrás e de outras estatais está sendo entregue a executivos de alto nível, e os resultados já começam a aparecer. Temer é um político de larga experiência e sabe que, se não tiver uma base sólida, nada conseguirá. É aí que está o maior problema! Será que saberá bater na mesa e não se curvar a barganhas, como vem acontecendo? Ele não tem saída. Ou faz isso ou é engolido pela máquina política. Será indispensável que deixe claro não querer reeleição. Já está com 75 anos e poderá encerrar sua carreira política entregando um país melhor. Vamos aguardar e torcer para que seja assim.
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[capa] A limpeza de seu condomínio está em dia? A limpeza de um condomínio pode ser considerada um dos cartões de visita dele. Mas como manter todos os ambientes de um condomínio bem limpos e conservados? Leia o texto e saiba como fazer.
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[SEGURANÇA] Manutenção preventiva é importante para deixar as instalações elétricas do condomínio em dia Você sabe quais cuidados o síndico deve ter com as instalações elétricas do condomínio? Leia essa matéria e fique por dentro do assunto.
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Uma publicação:
Rua México, 41 – 2o andar – Centro CEP 20031-905 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449 DIRETORIA Presidente NEWTON MENDONÇA Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA Diretora da Unidade de Negócio e Condomínio DEBORAH O’DENA MENDONÇA Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS
As bombas d’água estão entre os equipamentos mais importantes do condomínio, já que são responsáveis por levar a água da rua para o reservatório e, de lá, distribuí-la para todas as unidades. Leia nessa matéria o que deve ser feito.
[Segurança] A evolução dos brinquedos do play traz mais segurança A cada dia mais pessoas buscam condomínios com áreas de lazer, principalmente quem tem filhos pequenos. Porém, a energia infantil precisa ser “vigiada” para que os menores não sejam vítimas de acidentes nos brinquedos.
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[Atualidade] empoderamento feminino A mulher vem mostrando seu valor à sociedade e aprendendo a se valorizar – ela começou a exigir igualdade de direitos não só em casa e na sociedade, mas também no mercado de trabalho. Leia um pouco mais sobre esse tema.
[Manutenção] De olho nas bombas do condomínio
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[Condomínio] Mas que praga!!! Controlar pragas não é tarefa fácil nem para os condomínios, nem para os especialistas. Isso porque a ação tem que ser conjunta. Do contrário, é quase como enxugar gelo. Entenda o assunto lendo essa matéria.
[reforma] Fundo de obras – sabendo usar pode até sobrar O fundo de obras pode ser um grande aliado do condomínio. Ou não. É preciso planejamento. Especialmente em tempos bicudos.
Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO Tao da Comunicacao Ltda. AGO SET taodacomunicacao@gmail.com 2 010
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Revisão Endora Produção de Texto www.andreabivar.wix.com/endora
Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa.
Fotografia Ariel Subirá MARIZA LIMA Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br Colaboraram neste número Cristina do Carmo Lia Rangel MARIZA LIMA STELLA MARIS C. MENDONÇA
16 mil exemplares
A Revista Condomínio etc. esclarece que: • Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. • Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.
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informe
Governo muda regras para financiamento de imóveis novos Depois de pressão das construtoras que enfrentam a crise econômica, o governo mudou as regras para incentivar a venda de imóveis de até R$ 1,5 milhão. O Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou uma norma do sistema financeiro para permitir que os bancos façam esse tipo de empréstimo com juros menores, de até 12% ao ano.
Essa taxa era garantida apenas para o financiamento de imóveis de até R$ 750 mil que estavam enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH). A medida vale por um ano e é vista como um teste pela equipe econômica. Para incentivar o segmento de imóveis de maior valor, o CMN mudou a regra que disciplina o uso dos recursos que os clientes depositam na caderneta de poupança.
Conta de água pela internet
Já viu o novo site da CIPA? Moderno, dinâmico e com muito conteúdo. Assim é o novo site da CIPA. Já deu uma olhadinha? Nosso novo site está adaptado para qualquer tipo de acesso: computador, tablet ou celular e foi desenvolvido com base nas mais variadas necessidades de nossos clientes, que estão cada vez mais digitais. Na parte superior do site, o acesso ao CIPA Fácil continua sendo feito da mesma forma. E, além disso, lá você encontra todos os nossos serviços: Locação, Condomínios, Vendas, CIPA Síndica, CIPA Gestão Operacional e CIPA Gestão Administrativa e Financeira. Só vendo pra crer. Aposto que você vai gostar!
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As faturas de fornecimento de água emitidas pela internet deverão conter, obrigatoriamente, todas as informações da fatura original. As concessionárias terão que incluir os dados sobre o consumo diário de água e o comparativo mensal de valores, por exemplo. A determinação faz parte da Lei 7.431/2016, sancionada no dia 27 de novembro pelo governo estadual. De autoria do deputado Thiago Pampolha (PDT), a norma também obriga as concessionárias de água a emitir a fatura por meio eletrônico. O descumprimento da lei vai acarretar multa prevista no Código de Defesa
do Consumidor. O deputado Thiago Pampolha diz que a iniciativa surgiu com base em diversas reclamações recebidas em seu gabinete. Atualmente, os consumidores que perdem a fatura original e recorrem à internet não têm acesso a todos os dados sobre consumo, comparação com o mês anterior e outras informações importantes. “Os consumidores que precisam ou desejam consultar suas faturas pela internet devem ter acesso a todas as informações contidas na fatura original. É um direito e uma forma de garantir a transparência do serviço oferecido”, explica o parlamentar.
Boas-festas e feliz ano novo! Estes são os votos da CIPA a seus clientes. O final de 2016 se aproxima e, com ele, chegam também os planos para um ano melhor, com realizações positivas e muita esperança! A você, síndico, nosso muito obrigado por confiar em nossos serviços. Para 2017, estaremos a postos com muitas novidades para garantir seu bem-estar e valorizar ainda mais seu patrimônio.
Foto: Mariza Lima
Museu do Amanhã ganha seu 1º prêmio internacional O Museu do Amanhã, na Praça Mauá, ganhou reconhecimento internacional. A instituição recebeu, em Londres, na Inglaterra, o prêmio Leading Culture Destinations Awards. Foi eleito o melhor museu novo do ano nas Américas do Sul e Central. O prêmio, considerado o “oscar” dos
museus, reconhece instituições e cidades que deram contribuição exemplar à cultura internacional no ano, destacando tanto destinos novos quanto os já estabelecidos, e é concedido pela Leading Culture Destinations, organização criada para fomentar o turismo cultural.
Revisão orçamentária A UniSecovi Rio realiza, em outubro, o workshop Previsão Orçamentária para Condomínios. Voltado para síndicos e demais interessados em administração condominial, o evento vai mostrar o impacto de cada despesa nas contas
do condomínio – gastos com pessoal, água, luz e manutenção, entre outros – e como se preparar para o ano seguinte. As aulas acontecem nos dias 10, 11, 13 e 18, na sede do Secovi Rio (Avenida Almirante Barroso, 52/9º andar, Centro).
Placa de sinalização em elevadores passa a ser obrigatória A lei é nova (nº 7.326/16) e a medida passou a valer no dia 7 de julho. Os condomínios públicos e privados têm o prazo de 90 dias para instalar a placa na parte externa do elevador, em todos os andares, com a seguinte frase: “Aviso aos passageiros: antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar.” A instalação da placa evita sanções.
O estabelecimento primeiro receberá uma advertência e, se não instalar a placa, incorre em multa de 5.000 UFIR-RJ (cinco mil Unidades Fiscais do Estado do Rio de Janeiro), valor que pode dobrar em caso de novas ocorrências. Lei similar já vigora em São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Recife, Vitória, Campo Grande e Natal.
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capa por Lia Rangel
Veja dicas de como planejar esse ponto importante da gestão Uma das coisas que mais chamam atenção em um condomínio é a limpeza, que pode ser considerada um dos cartões de visita de qualquer lugar. Como nas casas que visitamos, nos sentimos muito mais confortáveis em ambientes bem cuidados e cheirosos. Mas como manter todos os ambientes de um condomínio bem limpos e conservados? As áreas de entrada do condomínio merecem atenção especial, já que é por onde mais circulam pessoas durante o dia, mas os detalhes não podem ser esquecidos. E para que a limpeza esteja sempre impecável, em condomínio grande ou pequeno, de casas ou prédios, o síndico precisa de planejamento para ter êxito nas tarefas diárias de limpeza e manutenção.
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Antônio Carlos Carvalheiro assumiu o Condomínio do Edifício Fábio da Luz, na zona norte do Rio de Janeiro, há cinco meses. O condomínio residencial é composto de apenas um bloco com 48 unidades e cerca de cem moradores. O síndico conta que, por lá, o serviço de limpeza é realizado por uma empresa terceirizada e explica um pouco essa rotina. “Existem as tarefas diárias, como o recolhimento do lixo dos andares e das áreas comuns; a concentração de todo o lixo recolhido em contêineres móveis e seu encaminhamento para o ponto de coleta da Comlurb e a limpeza das áreas comuns internas e externas. Além disso, também temos as tarefas específicas de cada dia da semana, como a limpeza
da portaria, que inclui a higiene de vidros, pisos e do balcão do porteiro; a faxina da lixeira, que engloba sua lavagem e dos contêineres móveis; a limpeza do salão de festas, seus eletrodomésticos e mobiliário; a faxina do terraço, da sala de máquinas, das salas dos exaustores, das escadas e do hall dos andares, entre outros. A limpeza é feita por um único funcionário, de segunda a sábado, e, no domingo, por outra funcionária, ambos fornecidos pela empresa terceirizada”, conta. O síndico profissional Jorge Ismael Rodrigues é responsável por três condomínios residenciais. O Condomínio Spazio Redentore fica na zona norte da cidade e conta com 360 unidades e quase 1.200
moradores. O Condomínio Royal Palms, também na zona norte da cidade, dispõe de 310 unidades e tem uma média de 900 moradores. Já o Condomínio Bela Vitta, localizado na Baixada Fluminense, possui 112 unidades com 350 moradores. São condomínios de médio a grande portes, com diferentes formas de conduzir a limpeza e manutenção de suas áreas comuns. “No Redentore e no Bela Vitta, a limpeza é orgânica e liderada por um zelador, enquanto no Royal Palms, a limpeza é terceirizada, mas, apesar disso, nesse condomínio, há um zelador orgânico, ou seja, funcionário do próprio condomínio. Nossos funcionários seguem protocolos estabelecidos dentro da leitura de nosso cotidiano e de nossas necessidades, supervisionados por nossos zeladores, que têm muita experiência em limpeza condominial e conhecem o material que deve ser utilizado. Setorizamos os locais de limpeza dentro do condomínio, para melhor observar o rendimento dos funcionários e monitorar os resultados. Ouvimos os funcionários e moradores, por meio de reclamações, sugestões e elogios. No caso da empresa terceiriza-
da, ela nos traz sua expertise e trocamos muitas ideias com o objetivo de atender cada vez melhor a nossas necessidades. Mesmo com uma empresa especializada fazendo o serviço de limpeza, tenho um zelador que funciona como meus olhos, além do supervisor da própria empresa.
Funcionários próprios x empresa terceirizada A terceirização da mão de obra costuma dividir opiniões. Enquanto uns acham que é a melhor forma de não se preocupar com documentação de funcionários, faltas ou treinamentos, outros acham que o valor por esses serviços é muito alto e não compensa as vantagens oferecidas. Com relação à limpeza não é diferente, as duas opções têm vantagens e desvantagens, e cabe ao síndico considerar custos, benefícios e decidir qual é a opção mais acertada para seu condomínio, especificamente. Para o síndico Antônio Carlos Carvalheiro, a terceirização é uma boa escolha. “Os funcionários recebem orientação técnica da empresa e, além de serem fis
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calizados por mim, são supervisionados por ela, ao longo da semana. Em qualquer tipo de afastamento, previsto ou não, são prontamente substituídos pela empresa, que cuida de prover todos os direitos dos funcionários, cabendo-me apenas a fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista. Embora a terceirização de serviços nos traga uma série de vantagens, como a despreocupação com substituições ordinárias e extraordinárias, execução do pagamento dos direitos trabalhistas, distribuição de uniformes e equipamentos de segurança, contratação de seguro de vida e de acidentes no trabalho, plano de saúde etc., o síndico não pode descuidar da fiscalização do cumprimento de todos esses aspectos”, diz. Para o síndico Jorge Ismael que, na área da limpeza dos condomínios, tem experiência tanto com empresa terceirizada quanto com funcionários contratados, há vantagens em contratar o serviço com uma empresa especializada: “A principal, em meu ponto de vista, é a rapidez na implantação do serviço, pois, montar uma equipe e treiná-la não é uma tarefa rápida e fácil. Pa-
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“Nossos funcionários seguem protocolos estabelecidos dentro da leitura de nosso cotidiano e de nossas necessidades, supervisionados por nosso zelador, que tem muita experiência em limpeza condominial”, Jorge Ismael Rodrigues
gamos um valor superior ao orgânico, mas não assumimos diretamente os gastos com encargos, material de limpeza, uniformes e a trabalhosa gestão de pessoal, essa última representa uma das tarefas mais árduas na gestão condominial.”
Muito além de um chão limpo Cláudio Henrique da Silva é diretorgeral da Nature Multi, empresa que tem como carro-chefe a terceirização de serviços para condomínios e empresas e atua nas áreas de limpeza, conservação, zeladoria, portaria, jardinagem, paisagismo e manutenção predial. “Estamos no mercado desde 2009, e atendemos todo o Rio de Janeiro e grande Rio, chegando até a atender alguns clientes no interior do estado. A vantagem de terceirizar esses serviços é a comodidade de um trabalho bem-feito, sem ter que cuidar da burocracia de contratação, do trabalho de uma seleção de pessoal qualificado, assim como a supervisão dos funcionários. Os síndicos ou responsáveis conseguem tempo hábil
para executar outras funções necessárias no condomínio, elevando a qualidade do ambiente e do atendimento aos condôminos. O benefício da terceirização supera amplamente seu custo, agregando mais valor ao imóvel. A limpeza e conservação desses ambientes são primordiais na hora da venda, porque não se compra algo de má aparência e muito menos se investe numa empresa que não consegue administrar serviços básicos. As vantagens da terceirização vão além de um chão limpo. É preciso entender que o gasto de tempo com a administração desse setor pode sair muito mais caro do que um contrato bem executado. O custo de preparação e treinamento de pessoal, por exemplo, e a necessidade de uma seleção elaborada por profissionais são procedimentos básicos para a qualidade do serviço e até mesmo a segurança dos condôminos. É importante ressaltar as vantagens de um serviço bem executado para o meio ambiente. Levamos no nome da empresa o amor pela natureza e colocamos esse amor na prática quando estamos em ação. Separação de lixo reci-
Antônio Carlos Carvalheiro, síndico do Condomínio Fábio da Luz, é adepto da terceirização. Na foto ele está de pé. Sentado, o porteiro Decio Braga
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Para uma limpeza realmente eficiente, é necessário investir em bons produtos que facilitem e prolonguem a limpeza dos ambientes
clável; reutilização de material orgânico; dispersão correta de lixo contaminante; arborização dos ambientes e uma gama de ações em prol do desenvolvimento sustentável e um mundo mais florido”, explica.
De olho nos produtos utilizados Para uma limpeza realmente eficiente, seja realizada por funcionários do condomínio, seja feita por empresa terceirizada, é necessário investir em bons produtos que facilitem e prolonguem a limpeza dos ambientes. Aline Steffen, diretora da empresa Steffen, que oferece um portfólio completo de produtos para o segmento de higiene e limpeza, conta que, entre os produtos mais solicitados pelos condomínios, estão o cloro, detergente, desinfetante e limpavidros. “A Steffen possui desde uma linha institucional de descartáveis até químicos
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concentrados e equipamentos de limpeza. Além disso, nosso diferencial está na linha completa e sofisticada de dispensers, que são dados em comodato, deixando o ambiente muito mais bonito. Sugerimos aos condomínios a substituição de produtos e acessórios voltados para o mercado doméstico, de baixo rendimento, ineficientes e pouco duráveis, por produtos mais adequados ao ambiente institucional. A linha de produtos químicos concentrados e os equipamentos profissionais (carrinho de limpeza, mop seco, mop úmido) são as melhores soluções para um excelente custo-benefício. Nós possuímos uma equipe treinada de consultores que analisam as necessidades do cliente e indicam a melhor solução. Destaco isso como um diferencial, pois, muitas vezes, os compradores não sabem ao certo qual produto comprar, qual terá melhor rendimento e trará economia. Em vez de produtos de baixo rendimento e
pouca durabilidade, vendemos e indicamos produtos de alto rendimento e qualidade, visando à redução do consumo, à melhoria estética e sensorial do ambiente e à redução do custo final”, explica. A empresa ainda adota uma postura sustentável e, há mais de quatro décadas, possui uma eficiente estrutura logística e comercial. “Temos como objetivo promover bem-estar, saúde e qualidade de vida, através de uma relação de confiança com nossos clientes, com produtos profissionais cada vez mais eficazes, econômicos e sustentáveis. Indicamos, principalmente, os produtos concentrados que causam menor impacto ambiental e, assim, usamos menos embalagens, menos transporte, menos agressividade ao meio ambiente, menos água e menos desperdício de produto. Além disso, nossa entrega é rápida e o atendimento é personalizado”, conta. O síndico Antônio Carlos Carvalheiro diz que a organização do material de limpeza, no almoxarifado, é feita por um funcionário. Contudo, sua aquisição é realizada pelo condomínio, porque não há, no contrato de prestação de serviços, definição dessa tarefa como obrigação da contratada. A despeito do resultado satisfatório das medidas implementadas nesse setor, a dinâmica da administração impõe ao condomínio uma busca constante pelo aperfeiçoamento dos processos de execução das atividades. O síndico Jorge Ismael Rodrigues conta que o processo de compra dos produtos de limpeza é diferente em cada condomínio que administra. “Na limpeza terceirizada, a empresa nos fornece o material todo (contratual). Vale ressaltar que a qualidade do material passa por nosso crivo. Já na limpeza orgânica, compramos os itens por meio
O síndico Antônio Carlos Carvalheiro acredita que a dinâmica da administração impõe uma busca constante pelo aperfeiçoamento dos processos de execução de todas as atividades
de cotação, feita mensalmente. O material é solicitado, controlado e distribuído pelo zelador. O acompanhamento deve ser diário, e sempre precisamos melhorar, o segredo da prestação de serviço é a busca incansável e utópica da perfeição. A limpeza é um dos pilares da gestão condominial. Costumo dizer que eles são: limpeza, segurança e manutenção. O sucesso de uma administração deve navegar nesses três pilares, sejam eles orgânicos ou terceirizados. De qualquer forma, acredito que o mercado caminha para a terceirização dos serviços nos condomínios. As empresas já trazem experiência e se moldam às necessidades dos condomínios. É importante ressaltar que se deve observar se elas possuem capacidade patrimonial, se recolhem todos os encargos legais e se as certidões da Receita Federal, do INSS, do CRF e do FGTS e a CNDT (certidão negativa de débito trabalhista) estão disponíveis mensalmente”, diz.
É realmente importante que, no caso de optar pela terceirização dos serviços de limpeza, o síndico tenha certeza da idoneidade da empresa, para evitar problemas futuros. Nos casos em que a faxina fica por conta de funcionários do condomínio, o síndico deve elaborar um esquema que divida as tarefas mensal, semanal e diariamente e compreenda todos os ambientes. Também ajuda ter uma lista de compras atualizada e controle do material de estoque. Tudo isso colabora para que o condomínio esteja sempre impecável no quesito limpeza, proporcionando bem-estar a todos os que o frequentam.
Serviço Steffen (www.steffen.com.br) Tels.: (21) 2441-8100 / 2221-2234 Nature Multi Tels.: (21) 3161-5453 / 35961737
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Segurança por Lia Rangel
Manutenção preventiva é importante para deixar a instalação elétrica do condomínio em dia Quais cuidados o síndico deve ter com a instalação elétrica do condomínio?
Um dos assuntos mais importantes e sérios a respeito dos condomínios envolve a instalação elétrica. Imagine que, por um descuido, todas as famílias de um condomínio fiquem sem energia elétrica. Agora multiplique esse problema pelo número de unidades do condomínio. Pois esse é um problema grande e assustador para qualquer síndico, então, para não correr esse risco, o que fazer? Antes de qualquer coisa, o síndico deve ter conhecimento do estado
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da instalação elétrica de seu condomínio para, a partir daí, traçar metas de manutenção ou reforma, caso haja necessidade. Há 19 anos, Luiz Eduardo Marques de Oliveira está à frente do Condomínio do Edifício Romero Estellita, na zona sul do Rio do Janeiro. O prédio, residencial, composto de apenas um bloco, 12 andares e 36 unidades, tem uma média de 90 moradores e sua instalação elétrica acabou de passar por uma reforma. “Nós fazemos manutenção
preventiva a cada dois anos e acabamos de concluir a primeira fase de uma modernização nos PCs de luz, pois estavam muito antigos, datando de 1953. Agora vamos para a segunda fase, na qual será feito um aumento de carga para o condomínio, pois, na época da construção do prédio, as famílias tinham poucos eletrodomésticos por unidade, sendo, em geral, geladeira, batedeira, liquidificador, vitrola, rádio, aspirador de pó, enceradeira, ventilador e algumas poucas
Por causa do uso de muitos produtos que demandam energia elétrica, o síndico Luiz Eduardo Marques de Oliveira sentiu necessidade de realizar aumento de carga em seu condomínio
unidades tinham máquina de lavar, então, a carga necessária era pequena e as unidades todas eram monofásicas. Hoje, graças à tecnologia, a quantidade de eletroeletrônicos por unidade é enorme, o que inviabiliza a atual carga”, explica. O síndico ainda conta que a primeira fase da reforma durou apenas dois meses. “Nós fizemos a reforma com uma empresa especializada por conta da segurança e das garantias oferecidas. Tivemos a preocupação de reduzir ao máximo o desconforto para os condôminos e evitamos que eles ficassem sem luz por longos períodos. Cada unidade era desligada por apenas duas horas”, conta o síndico Luiz Eduardo Marques de Oliveira.
O Condomínio do Edifício Tiepolo, que também fica na zona sul do Rio de Janeiro, é composto por um prédio com dez pavimentos, sendo um apartamento por andar, além do salão de festas, que fica na cobertura. O condomínio é residencial, tem cerca de 30 moradores, e, há pouco mais de dois anos, tem o Henrique Luiz Grynberg, síndico profissional, à frente de sua administração. Grynberg fala sobre os cuidados com a instalação elétrica do prédio devido à sua construção antiga. “Por ser um prédio com mais de 40 anos, fazemos vistoria semestral, pois a durabilidade da fiação elétrica, segundo especialistas, gira em torno de 30 anos, e ainda ocorre o aumento por demanda de energia elétrica dentro das
unidades. Todos os condomínios antigos, inclusive o Tiepolo, contam com instalações defasadas, por isso, podem acontecer pequenas falhas, como queda de energia, luz piscando, tomadas esquentando, queda dos disjuntores e até cheiro de queimado ou fumaça. Por isso, a instalação elétrica merece muita atenção e, como síndico do condomínio, faço dois tipos de manutenção, a preventiva e a corretiva, ambas fundamentais para evitar danos futuros à instalação e prejuízos financeiros”, explica. Recentemente, o Condomínio Tiepolo fez a reforma e a modernização do PC de luz, pois a instalação dos quadros elétricos deve se adaptar às normas técnicas vigentes, NBR-5410, da Associação Brasileira
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O síndico Henrique Luiz Grynberg realiza vistorias semestrais na instalação elétrica do condomínio por conta de seu tempo de construção
de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece as condições que as instalações elétricas devem atender para garantir a segurança de moradores e funcionários das edificações. Nas vistorias efetuadas no Condomínio Tiepolo, foram detectadas algumas anomalias, por mais que todos os equipamentos estivessem em bom estado, houve a necessidade de adaptação dos medidores de luz e força. Sendo assim, o condomínio solicitou um laudo técnico de inspeção predial (check-up da edificação), em atendimento ao Decreto nº 37.426, de 11/7/2013, que regulamenta a aplicação da Lei Complementar nº 126/13 e da Lei nº 6.400/13, que instituem, por autovistoria, a obrigatoriedade de realização de vistorias técnicas nas edificações existentes no município do Rio de Janeiro. “Essa inspeção procede do diagnóstico das anomalias construtivas e falhas de manutenção que interferem e prejudicam o estado de utilização do prédio e suas instalações e tem como objetivo verificar os aspectos de desempenho, vida útil, utilização e segurança do condomínio. A reforma se deu pela obrigatoriedade do cumprimento da Lei da Autovistoria, que tornou necessárias algumas adequações técnicas, como a retirada da antiga estrutura de madeira, a substituição de fiações desgastadas dentro do PC de luz e a instalação de painéis novos, entre outras. O início da reforma foi há cerca de dez meses, e estamos aguardando o parecer da Light 16
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para a conclusão da obra. Houve uma assembleia geral extraordinária cuja pauta do edital seria a reforma do PC e da parte elétrica, todos os condôminos aceitaram, pois teríamos que cumprir a lei”, explica Grynberg. Construções mais antigas pedem um pouco mais de cuidado com sua instalação elétrica, principalmente se tiverem mais de 30 anos, que é o período médio de vida útil desses componentes, então, para evitar problemas, é importante que sejam substituídas todas essas partes. Mas se engana quem pensa que esses cuidados são aplicados somente aos prédios mais antigos, pois, construções mais novas também podem apresentar problemas logo nos primeiros anos, daí a necessidade da manutenção preventiva.
Empresas especializadas garantem a qualidade do serviço É muito importante que os síndicos compreendam a seriedade da contratação de empresas especializadas no assunto. Muitos síndicos preferem economizar e contratar algum funcionário do próprio condomínio para fazer a manutenção, mas o barato pode sair caro. As empresas especializadas, além de conhecerem todas as normas e leis que os condomínios devem respeitar, conseguem detectar os problemas com maior facilidade e resolvê-los de forma eficiente.
O síndico Grynberg conta que a empresa que realizou a obra em seu condomínio é especializada, registrada no CREA e apresentou, perante a concessionária de energia Light, o projeto de acordo com a regulamentação vigente e a guia de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) assinada pelo engenheiro elétrico responsável. “A importância de se contratar uma empresa especializada idônea é a tranquilidade do condomínio na realização da obra, no que diz respeito à observância de todas as normas técnicas, à segurança dos operários e condôminos, à certeza de que todos os encargos fiscais e trabalhistas serão recolhidos e à isenção do condomínio de toda e qualquer responsabilidade referente ao serviço a ser executado”, explica Grynberg. Segundo Sérgio Soares de Souza, diretor técnico da Seven Power Serviços Técnicos, empresa especializada em instalação, manutenção elétrica e reforma de PC, a manutenção da instalação elétrica do condomínio deve ser feita anualmente e sempre por uma empresa capacitada para isso. “A modernização do PC de luz deve ser realizada sempre que os equipamentos não estiverem em conformidade com as normas técnicas e os padrões da Light. Caso o condomínio não faça a manutenção da instalação elétrica, poderá sofrer panes, e isso pode atingir tanto as unidades quanto as áreas comuns, como elevadores e outras máquinas. É necessário informar aos síndicos que a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do engenheiro responsável deverá ser solicitada na realização de todo e qualquer serviço”, explica. Igor Cavalheiro é engenheiro eletricista da Ecthos Consultoria e Desenvolvimento, empresa que presta consultoria; assessoria técnica; assessoria técnica judicial; planejamento e coordenação de manutenção em engenharia elétrica; inspeções para múltiplos fins; auditoria de serviços e projetos; elaboração de prontuário das instalações elétricas; realização de ensaios termográficos e treinamento de segurança em instalações elétricas. Segundo Cavalheiro, existem maneiras diferentes
de classificar os riscos que a falta de manutenção podem causar. “Existem diversos riscos e modos de classificá-los, porém, podemos fazê-lo de uma maneira simplificada, como ‘risco à vida’, ou seja, risco de lesões ou morte dos usuários e/ou pessoas próximas à instalação elétrica da edificação; risco ao patrimônio, ou seja, risco de avarias na instalação elétrica e/ou instalação adjacente, que pode gerar danos de alto valor econômico, normalmente com perda de equipamento, ou danos a móveis e ao imóvel; e risco ao bem-estar, que normalmente é causado por queima de equipamento como elevadores, portões ou qualquer outro que cause avaria à qualidade dos serviços prestados pela edificação. Faz parte desse risco a falta de energia, que, por muitas vezes, pode ser provocada por equipamento carente de manutenção preventiva”, explica. Procurar empresas credenciadas e com vasta experiência nesses serviços é muito importante, mas o síndico não pode esquecer que a manutenção preventiva é mais econômica, mais rápida e mais segura que a corretiva, por isso, é válido investir nesses serviços antes que surjam os primeiros sinais de problemas. Serviço Seven Powers Serviços Técnicos Tels.: (21) 3553-2434/2223-2375 Ecthos Consultoria e Desenvolvimento Tels.: (21) 2456-1885/3178-0335
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Atualidade
À esquerda a porteira Roseni Bahiense, ao centro, a síndica Lucia Viana, e à direita, a faxineira Natalina Gonçalves Monteiro
Empoderamento feminino Já foi o tempo em que o lugar de mulher era em casa, cozinhando, bordando e se preparando para ser uma boa esposa e mãe. A liberação feminina foi chegando de mansinho e, aos poucos, elas puderam aprender a ler, andar ao lado de seus maridos, votar... Dali a pouco já estavam queimando sutiãs em praça pública. A mulher mostrou seu valor à sociedade e, mais do que isso, aprendeu a se valorizar. Afinal, quem não se valoriza não se dá ao respeito. Mais do que isso, a mulher começou a exigir igualdade de direitos não só em casa e na sociedade, mas também no mercado de trabalho. Claro que existe um movimento extremo, mas o feminismo por definição prega a igualdade política, econômica e social entre os sexos. É uma questão de oportunidades e direitos iguais. Ninguém é melhor do que ninguém por ser homem ou mulher. Na verdade, homens e mulheres se complementam. Há quem diga que, em algumas funções, especificamente, as mulheres são mais adequadas do que os homens, exatamente por serem mais detalhistas, minuciosas. Esse é o ponto de vista de Lúcia Viana de Oliveira, síndica do Condomínio José de Anchieta, na zona sul do Rio. A síndica, que conta com a CIPA na administração do condomínio, já está em seu terceiro mandato, sem-
pre sendo reeleita. Para ela, as mulheres são perfeitas para certas funções. “Prédios cuidados por mulheres são mais organizados”, diz ela, que conta com uma subsíndica e mais três mulheres no conselho fiscal. Mas Lúcia não para por aí. Ela colocou uma mulher na portaria: “Na Europa, é muito comum porteira mulher. Meus pais são portugueses e, como estou sempre por lá, pude atestar isso. E de fato elas são mais atenciosas, educadas, organizadas, limpas e gentis para tratar com as pessoas. Sem falar que sempre capricham na apresentação. Durante o dia é excelente a porteira mulher, já à noite acho que ficam mais expostas”, avalia. No José de Anchieta quem ocupa a portaria é Roseni Bahiense, que fez curso para porteiros no Senac. Roseni usa um terninho preto, maquiagem e sua camisa branca está sempre limpa. “É raro você ver um homem que tenha preocupação com a apresentação. Roseni está sempre arrumada e cumpre suas funções da melhor forma”, atesta. Mas nem todo mundo achou “normal” uma mulher na portaria. Teve homem estranhando, sim. Estilo quase cara feia. Mas nada que o tempo não cure e a gente não se acostume. Na faxina também há uma representante feminina: Natalina Gonçalves
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“Receber o mesmo salário que os homens em condições de igualdade é um direito das mulheres. É um requisito inevitável para que alcancem a autonomia econômica e para avançar na igualdade de gêneros. Demos um passo para essa igualdade. Nada sobre nós sem nós”. Alicia Bárcena Secretária Executiva da CEPAL
Monteiro. Que também honra sua posição no prédio com muito orgulho. Até na limpeza as mulheres são mais cuidadosas. Nada que um detalhe não faça toda a diferença, não é mesmo?! Lúcia, que está satisfeita com sua equipe administrativa feminina, afirma: “Juntas, colocamos a casa em ordem.” Quer algo mais satisfatório? Como em time que está ganhando não se mexe, ela vai mantendo as coisas em seu devido lugar e cada vez melhores nesse formato.
Empoderamento econômico Nesse quesito, as mulheres ainda estão na batalha. Em muitas empresas, elas ocupam os mesmos cargos que os homens e ganham menos. Quanto maior o nível de estudo, maior a diferença salarial. Esse é um dado da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Embora a diferença salarial entre homens e mulheres tenha diminuído 12,1 pontos percentuais entre 1990 e 2014, as mulheres recebem, em média, apenas 83,9 unidades monetárias por 100 unidades monetárias recebidas pelos homens, de acordo com a CEPAL. Segundo a comissão, se a remuneração recebida por ambos os sexos por anos de estudo é comparada, observa-se que elas podem ganhar até 25,6% menos do que seus colegas do sexo masculino em condições semelhantes. Com base em informações coletadas em pesquisas domiciliares, a CEPAL analisou o salário médio de homens e mulheres com idades entre 20 e 49, que trabalham 35 horas ou mais por semana em centros urbanos em 18 países na região. A pesquisa faz uma comparação por anos de estudo e sua evolução entre 1990 e 2014, observando a persistência de diferenças significativas, dependendo do nível de escolaridade de pessoas empregadas.
No grupo das mulheres com o menor nível de escolaridade (até cinco anos de estudo) foi observada a maior redução da diferença (19,7 pontos percentuais). Houve aumento em relação aos salários dos homens, de 58,2% para 77,9%. Isso porque, segundo a CEPAL, há dois fatores: a regulamentação e formalização do trabalho doméstico remunerado, como países que estabeleceram taxas de salário mínimo por hora e tempos máximos do dia de trabalho; e aumento de salários mínimos que se aplicam a toda a população.
Mais estudo, mais diferença A diferença salarial mais alta ocorre na população mais instruída (13 anos ou mais de estudo). Houve diminuição na diferença de 9,3 pontos percentuais entre 1990 e 2014. Os homens desse grupo ainda ganham 25,6% mais do que as mulheres. “Receber o mesmo salário que os homens em condições de igualdade é um direito das mulheres. É um requisito inevitável para que alcancem a autonomia econômica e para avançar na igualdade de gêneros. Demos um passo para essa igualdade. Nada sobre nós sem nós”, enfatiza a secretária executiva da CEPAL, Alicia Bárcena. Para a eliminação da diferença salarial, a CEPAL planeja promover espaços para a negociação coletiva e participação ativa dos trabalhadores nos processos onde essas questões são debatidas; melhorar salários mínimos, uma vez que estes promovem a igualdade, especialmente em setores com remuneração inferior; implementar políticas como a licença-paternidade; e assegurar a igualdade de oportunidades de treinamento, promoções, horas extras e outros compromissos de trabalho que melhoram a folha de pagamento.
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Cidade
A Abadi promove mais uma edição do Encontro Nacional de Inquilinos e Locadores
divulgação / abadi
O evento do setor de locação acontecerá no dia 27 de outubro
O maior evento do setor de locação já tem data e local definidos. A Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) realizará, no dia 27 de outubro, o Encontro Nacional de Inquilinos e Locadores (ENIL). A 14ª edição do evento acontecerá no Auditório da Bolsa de Valores do Rio, no Centro, e contará com a presença de especialistas do mercado. O desembargador Sylvio Capanema abrirá o encontro com a palestra As Alterações no Código de Processo Civil e sua Repercussão no Direito Imobiliário. Em seguida, o Dr. José Ricardo Pereira Lira; o presidente da Associação das Ad-
ministradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic-SP), Rubens Carmo Elias Filho; Carlos Samuel de Oliveira Freitas; Arnon Velmovitsky e Marcelo Borges debaterão temas referentes à legislação e à relação inquilinária. Desde 2001, o ENIL reúne, também, magistrados, advogados e empresários do setor imobiliário. “O ENIL é um evento marcado pela presença de grandes nomes, todos profundos conhecedores dos temas debatidos. E este ano não será diferente. Pretendemos gerar esclarecimentos e argumentações em torno das vertentes que englobam o Direito Imobiliário”, destacou Deborah O'Dena Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) e diretora da Unidade de Negócio e Condomínio da CIPA.
Serviço XIV ENIL Local: Centro de Convenções da Bolsa de Valores do Rio Praça XV, nº 20 – Centro Data: 27 de outubro de 2016 Informações: www.abadi.com.br ou (21) 2217-6950
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Condomínio
Liga no automático
Automatização de portão é tudo de bom, mas estar com a manutenção em dia para não deixar ninguém na mão é primordial Portões automáticos são uma bênção! Aliás, com o advento da tecnologia, muitas coisas chatinhas de se fazer ganharam vida própria. Quem não curte um controle remoto de TV, de ar-condicionado, do portão de casa?! Como tudo na vida, as novidades vão se tornando coisas triviais e só nos damos conta de como são importantes quando elas acabam ou quebram, que é nosso assunto aqui nesta matéria. Afinal, por que portões automáticos quebram tanto? Carlos Miranda, diretor da
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empresa Alarm Prevenir, há 21 anos nesse ramo de atuação, é quem nos explica: “Há algumas questões importantíssimas a serem avaliadas: a qualidade do material empregado, a manutenção adequada e o cuidado com o controle remoto.” Parece simples, mas não é. Segundo Miranda, muitos novos clientes que o procuram relatam problemas constantes com o equipamento e pedem ajuda. Após uma minuciosa vistoria, a empresa afere, por exemplo, que o cabo de aço usado não é de qualidade confiável.
“Minha empresa só instala cabos de aço de altíssima qualidade, o que não dispensa manutenção mensal, que é tecnicamente obrigatória. Nosso cabo, mesmo com sinais de corrosão, demoraria até quatro meses para se romper. O que vemos por aí é bem diferente. Cabos com qualidade duvidosa e que se rompem muito rapidamente”, enfatiza. Aliás, a manutenção mensal deve estar estabelecida no contrato entre a empresa e o condomínio. Em caso de problemas, as visitas técnicas devem ser rápidas, afinal, um portão quebrado dá uma superdor de
Segundo a síndica Heloísa Barbosa do Condomínio Terraços de Olinda, o portão automático é um velho problema. Apesar de o prédio ser novo
cabeça e o remédio bom é ser atendido de forma rápida e eficiente. “A Alarm Prevenir chega em até seis horas ao condomínio. Para nós, portão quebrado é sempre chamada emergencial. Por isso, atendemos inclusive fins de semana e feriados durante o horário comercial”, ressalta. Com anos de experiência, Miranda afirma que o melhor amigo do síndico, em termos de tipo de portão, é o do tipo deslizante. “É nosso melhor amigo também, é o que menos dá problemas”, afirma. Já o que mais quebra é o do tipo basculante. “Ele é traiçoeiro e envolve eventuais trocas de cabos de aço”, avisa Miranda.
Sabendo usar não vai faltar Controle remoto é um show. Mas se não souber usar, vai faltar. Pela experiência de Miranda, o que mais acontece é a falta de cuidado por parte do porteiro: “Ele coloca no bolso, deixa cair no chão, senta em cima... Aí não dá para resistir mesmo. Fica complicado. E isso que não estamos nem falando do acionamento errado do botão fixo, o que também acontece bastante”, avisa. Em se falando de acionamento errado na hora de abrir ou fechar o portão, os prejuízos vão além da estrutura do portão. É um carro amassado aqui, outro ali... E se o motorista acelera com
o portão fechado no carro o prejuízo é muito maior. A Alarm Prevenir recomenda o uso de um sensor que não deixa o portão encostar no carro, mesmo que tenha sido acionado de forma errada. “O sensor de fotocélula é uma complementação do equipamento que evita que o portão feche em cima do carro. Se houver falha humana, o sensor não deixa haver prejuízo. Muitos condomínios ainda não usam, mas deveriam, até porque o custo é relativamente baixo (R$ 450) e tem garantia de um ano”, esclarece. Pensando bem, esse sensor é uma excelente ideia, até porque, na hora em que o acidente acontece, o morador coloca a culpa no porteiro e vice-versa. E como saber quem errou? Complicado...
Sistema de entrada de garagem O sistema de garagem eclusa, mas conhecido como sistema de gaiola, é o mais recomendado por analistas de segurança. O carro entra pelo primeiro portão, que logo fecha, de modo que ele fica numa espécie de “gaiola”. Somente após o fechamento completo atrás do carro é que o portão da frente se abre para que ele entre realmente no condomínio. Um portão só abre quando o outro fecha. Ou pelo menos deveria ser assim.
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A questão aqui é o treinamento dos funcionários para evitar falhas humanas, e o síndico deve cobrar que suas determinações sejam cumpridas rigorosamente, afinal, é a segurança de todos que fica em jogo.
Portão novo, velho problema No Condomínio Terraços de Olinda, o portão automático é um velho problema. Apesar de o prédio ser novo. Quatro anos e meio de vida apenas, mas o portão... Ah, o portão... Uma coisa é certa: pelo menos de três em três meses ele quebra. É o que narra a síndica Heloísa Barbosa, que conta com a CIPA na administração do condomínio. Segundo ela, a questão é que o equipamento foi mal projetado: “É uma estrutura unificada para duas vias, entrada e saída. O portão é pesado para a máquina, que não aguenta. Além de ser mal projetado, ainda por cima há uma porta no meio para abertura. Só atrapalha”, lamenta ela. A manutenção ali é mensal, mas de três em três meses pelo menos alguma
Miranda da Alarm Prevenir afirma que o tipo de portão que mais quebra, é o do tipo basculante. “Ele é traiçoeiro e envolve eventuais trocas de cabos de aço”
coisa quebra. Tudo é feito conforme manda o figurino: lubrificação mensal, manutenção preventiva... Mas o danado do peso danifica a máquina, os pinos, o ligamento. “Temos vontade de trocar a estrutura toda, mas estamos com outras prioridades na frente. Teríamos que avaliar orçamentos e provavelmente fazer cotas extras”, avalia. No Terraços de Olinda já houve um aci-
dente no qual o portão fechou em cima de um carro. E quem arcou com o prejuízo foi o condomínio, naturalmente. Ponto para o sensor, que se estivesse ali não teria deixado o condomínio entrar nesse prejuízo. Serviço Alarm Prevenir - tel.: 3511-8558
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NOTA
Tão trivial, mas, por vezes, desconhecido Algumas coisas podem parecer muito triviais, mas o fato é que, em muitos condomínios, elas não são observadas. A revista Condomínio etc. separou algumas dicas importantes para que você, síndico, esteja por dentro dos assuntos relacionados a seguir e saiba se seu condomínio observa estas normas: • a Lei 2.208, de 15/7/1994, em fase de regulamentação, tornará obrigatória a colocação de sensor de gás no PI; • se o para-raios de seu prédio for radioativo, ele deverá ser trocado, de acordo com a NBR 5419; • é obrigatória a colocação de luz de emergência em locais onde a fal-
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como o fechamento da porta de acesso à cobertura; • extintores e mangueiras devem ser testados anualmente e, a cada cinco anos, os extintores precisam de testes de pressão, por firma cadastrada no Corpo de Bombeiros;
ta de iluminação pode impedir a salvação de vidas. Decreto 897, de 21/9/1976; • não deve ser colocado nenhum objeto no PI (gás) ou no PC (luz); • são terminantemente proibidos pelo Corpo de Bombeiros a colocação de objetos nas escadas, bem
• os extintores usados são de três tipos: AP (água), gás carbônico e pó químico (PQS), e cada um serve para determinado foco de incêndio. Eles devem ser instalados em locais definidos por normas, devendo vir bem explicitado a que se destinam (ver as normas do Código de Segurança contra Incêndio e Pânico [COSCIP] do Corpo de Bombeiros).
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Atualidade
Investimento em mobilidade valoriza imóveis da cidade Investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana contribuíram para a valorização do metro quadrado em diversas regiões da capital fluminense. Os BRTs e a Linha 4 do metrô, usados para o transporte de espectadores da Rio 2016, impactaram principalmente a Barra da Tijuca. Mas a facilidade de acesso ao transporte traz diferenças mesmo em áreas vizinhas. No entorno da estação de metrô do Jardim Oceânico, a média do preço do metro quadrado dos imóveis chegou a R$ 12.879, 24,71% acima do valor médio da Barra e 30,07% superior à média municipal. Já a Região Olímpica, que inclui os arredores do Parque Olímpico, teve média de R$ 7.703 o metro quadrado, 25,4% menor que a da Barra e 22,2% abaixo do metro quadrado médio da cidade. A diferença é que a área é atendida apenas por ônibus e BRT – a viagem 30
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entre a estação do Morro do Outeiro e o metrô leva de 30 a 40 minutos: “Esses investimentos em infraestrutura valorizaram os imóveis nas regiões diretamente afetadas que estavam degradadas ou mal exploradas. Mesmo as áreas que não receberam intervenção direta foram relembradas como novas possibilidades de moradia. O Parque Olímpico passou a ser um local que oferece qualidade de vida para quem estava pensando em se mudar do Rio”, diz o vice-presidente administrativo do Secovi Rio, Ronaldo Coelho Netto. Coelho Netto, porém, lembra que não há perspectiva de novos investimentos em mobilidade a curto prazo: “A ampliação do sistema de transportes foi feita para receber os turistas dos jogos. Novos polos poderão surgir na cidade, desde que haja investimentos. Sem inovação ou atrativo, é muito difícil haver valorização imobiliária.”
Para o vice-presidente do Secovi Rio, este é o momento ideal para negociações, já que o mercado imobiliário está retraído, com aumento da oferta e preços mais restritos. “A chegada do metrô à Barra eleva o potencial de valorização dos arredores do Jardim Oceânico pela facilidade de transporte. O mesmo acontece nos bairros com BRT, que facilita o ir e vir. Quando se simplifica o transporte em uma região, as próprias construtoras procuram terrenos nessa área”, ressalta.
Valorização
FOTO: MARIZA LIMA
Nos arredores do Complexo Esportivo de Deodoro, na zona oeste, houve a construção do BRT da Transolímpica até
o Recreio dos Bandeirantes. Futuramente, será concluído o BRT Transbrasil, que vai até o Centro do Rio. A área passou a ser um novo espaço de interesse para a construção de residências. Somente o bairro de Guadalupe teve valorização de 11,14% entre maio e agosto deste ano. “Foi a região com a maior valorização para locação, compra e venda de todo o Rio. Ela atende à classe de renda mais baixa com facilidade de transporte. Isso comprova que a cidade tem novas regiões atraentes para moradia. Quando se tem mobilidade, a população se desloca dos centros porque sabe que terá mais qualidade de vida nos arredores, com imóveis maiores, mais agradáveis e vizinhança melhor”, defende Coelho Netto. (DCI)
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Morador antissocial antes mesmo de se mudar
Aconteceu na zona sul carioca. Uma senhora, que vamos chamar de Júlia*, comprou um imóvel e começou a reformá-lo. Não bastava o incômodo inevitável causado pela obra, ela queria mais. Queria mostrar a que veio: fazer muito barulho com a pacata vizinhança. Parece história de filme, mas não é. As obras duraram quatro meses, mas, antes mesmo de se mudar, ela começou a reclamar com porteiro-chefe que o corredor tinha mau cheiro. Segundo ela, a vizinha que tinha cachorro não limpava o ambiente, tornando o andar fétido. O porteiro-chefe, Arnaldo*, pessoa competente, tranquila, solícita e extremamente organizada, foi pessoalmente vistoriar o andar. Não encontrou nada anormal, mas mesmo assim pediu à sua equipe de limpeza uma faxina extra no andar. “Eles capricharam na limpeza, e ainda assim ela disse que queria colocar uma câmera na lixeira para ver como os dejetos dos cachorros eram jogados fora. Eu falei que não podia. Mas ela insistiu e disse que na porta dela ela colocaria uma câmera”, lembra Arnaldo, até hoje abismado. Promessa feita, câmera colocada e confusão instalada no condomínio. “Os outros moradores do andar reclamaram
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O advogado Luís Cláudio Ferreira da Costa recomenda que vizinhos que estiverem se sentindo constrangidos por atos semelhantes aos da moradora citada nessa matéria que façam uma notificação extrajudicial em cartório e enviem ao responsável, para que ele tenha ciência do abuso de seus atos e para posterior ajuizamento de ação indenizatória, se for o caso, além do registro do caso na delegacia policial do bairro
com o síndico Jorge*, que imediatamente conversou com Júlia, explicou que ela não poderia fazer isso na área comum e pediu para tirar”, revela Arnaldo. Jorge é um síndico calmo, conhecido por sua natureza conciliadora, aliás, como um bom síndico deve ser. E nesses momentos de tensão isso é extremamente necessário. “Tratar com pessoas em situações de conflito exige tranquilidade extra. Não podemos resolver problemas de cabeça quente. É preciso ser firme sem perder a educação. Não dá para ser 8 ou 80”, afirma. Jorge pediu educadamente que ela respeitasse as regras do condomínio e retirasse a câmera, que estava voltada para a porta de sua vizinha de frente. Ela retirou. Mas Júlia não se deu por satisfeita. Chamou a Vigilância Sanitária para inspecionar a casa da vizinha, afinal, os cachorros estavam lá e, segundo ela, tudo fedia muito. Arnaldo conta que o fiscal foi recebido pela vizinha e que, para desespero de Júlia, não encontrou nenhuma irregularidade. A casa era limpa e os animais, bem tratados. Ponto para a dona dos animais. Mas para não ficar nada muito calmo por ali, ela resolveu pedir a caderneta de vacinação de todos os animais do prédio. “Está esperan-
do até agora. Ninguém deu ouvidos”, revela uma moradora do condomínio. O terceiro round ficou por conta da iluminação. Inconformada com a iluminação do corredor, Júlia colocou, por conta própria, como é de seu feitio, uma lâmpada fortíssima. Mais uma bola fora. Os moradores do andar reclamaram, pois o padrão não era aquele. Ela alegava questões de segurança, mas, mesmo assim, o síndico explicou de novo que o padrão não era aquele e ela teve que retirar. Foram várias reclamações descabidas no livro do condomínio, inclusive um manual de como cuidar de cachorros e detalhes de higiene a serem tomados com os peludos. A situação já estava extrema e talvez cômica sob o olhar de alguns. Entretanto, Júlia poderia também estar se colocando numa situação complicada. É o que explica o advogado Luís Cláudio Ferreira da Costa: “Talvez Júlia estivesse agindo com excesso no ‘cuidado’ com a higiene do prédio. Os atos praticados por ela, ao meu ver, não são o bastante para classificá-la como uma condômina antissocial. Mesmo com situações mais evidentes, o tema ainda é muito subjetivo, na interpretação de nossos tribunais. Porém, ela, ao colocar uma câmera na porta para ‘vigiar’
a outra vizinha, acabou por violar, de alguma forma, a intimidade dela. E se ao chamar a Vigilância Sanitária ela afirmou uma situação que jamais existira, e sendo essa denúncia feita diretamente a algum morador ou ao condomínio, pode ser o caso de um registro de ocorrência para comunicação do crime de difamação. Mas para isso temos que ter conhecimento da referida denúncia”, avalia o advogado. O dr. Luís Cláudio esclarece ainda que, em casos como este, se os vizinhos estiverem se sentindo constrangidos por atos semelhantes aos dessa moradora, “eles podem fazer uma notificação extrajudicial em cartório e enviar a ela, para que ela tenha ciência do abuso de seus atos e para posterior ajuizamento de ação indenizatória, se for o caso”, explica ele, que ainda recomenda que se registre o caso na delegacia policial do bairro.
Momento certo para os pingos nos is Nada como uma boa reunião de condomínio para colocar os pingos nos is com a vizinhança. Ou não. Júlia compareceu à reunião e, segundo o síndico, tudo ia muito bem até chegarem aos assuntos gerais. “Na hora em que chegamos ao assunto que era
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pertinente a ela, para a surpresa de todos, ela se levantou, pediu licença, pois tinha um compromisso, e foi embora”, relata Jorge. Jorge avalia a situação de forma muita tranquila: “Estamos falando de um comportamento doentio. É preciso muita paciência mesmo. Já estamos esperando mais problemas e com certeza vamos saber lidar com isso”, afirma. Segundo Jorge, ter um porteirochefe como Arnaldo é muito bom, pois ele filtra muita coisa, não solicitando o síndico o tempo todo. “Ele resolve muitos problemas. Só deixa chegar até mim algo que seja realmente necessário”, elogia. Ter um funcionário assim, com uma postura semelhante à do síndico, que seja mediador, educado e tenha iniciativa para resolver dificuldades, é gratificante. É preciso saber valorizar funcionários desse naipe, e não é só com elogios, mas também com um bom salário!
Telhado de vidro Viver em condomínio não é tarefa fácil. Viver em comunidade exige tolerância e respeito ao próximo. Jorge, que é pai de dois jovens adultos, sabe, por exemplo, que toda criança ou adolescente um dia vai quebrar uma vidraça. Estamos falando no sentido figurado, claro. “Que criança ou adolescente nunca aprontou? Faz parte. Cabe aos adultos
orientar e educar com paciência”, diz. E no quesito obras, vale o mesmo para todos. Um dia você também vai ter quebra-quebra em casa e vai incomodar alguém. Se a obra não for planejada, vai ser por um vazamento. E isso não é praga! É fato! Portanto, trate de exercitar a tolerância durante as obras de seu vizinho. Por exemplo: muitas pessoas são contra o uso do martelete (ferramenta elétrica que substitui a picareta manual) durante a obra, pois é muito barulhenta. Jorge faz uma ressalva: “O fato é que ela adianta bastante a obra. A bateção que duraria três dias em sua cabeça pode se resumir a apenas algumas horas”, ressalta. Por essas e outras é que é interessante avisar aos vizinhos que vai ser feita uma obra e quanto tempo ela vai durar. É de bom tom e deixa a vizinhança preparada para o que vem pela frente. O mais importante continua sendo saber lidar com a comunidade e a diversidade encontrada em cada condomínio. O caso desse condomínio na zona sul nos mostra que há muita gente desequilibrada por aí querendo arrumar encrenca, mas a paciência, a sabedoria e a tolerância ainda são os melhores remédios para lidar com isso. É o velho e sábio ditado em ação: quando um não quer, dois não brigam. *Todos os nomes foram trocados para preservar a identidade dos personagens.
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mercado
O mercado imobiliário português se tornou uma válvula de escape para a crise financeira no Brasil. Desde que a economia nacional entrou em queda, a compra de imóveis por brasileiros do outro lado do Atlântico disparou, levando o Brasil ao primeiro lugar entre os países de fora da União Europeia em volume de investimento nesse setor em Portugal. De acordo com o Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (Apemip), no segundo trimestre de 2016, os brasileiros ultrapassaram os chineses no número de imóveis adquiridos em Portugal, ficando atrás apenas dos investidores britânicos e franceses. Oficialmente, os brasileiros são responsáveis por 10% do investimento estrangeiro no setor imobiliário português, enquan-
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vivien bezerra de mello
Compra de imóveis em Portugal por brasileiros dispara por conta da crise
to os britânicos somam 19% e os franceses correspondem a 25%. O número real desse investimento, no entanto, tende a ser consideravelmente maior, já que, de acordo com a própria Apemip, os brasileiros que possuem nacionalidade de um dos países da União Europeia constam nas estatísticas como cidadãos comunitários.
“Há quatro anos, no Brasil, só se falava em Miami, mas as coisas mudaram muito desde então. Os brasileiros finalmente resolveram vir para Portugal e descobriram um país que os acolhe muito bem”, afirma à BBC Brasil o empresário Rafael Ascenso, sócio da imobiliária Porta da Frente, que, nos últimos anos, apostou em atrair os brasileiros para o mercado imobiliário luso, uma estratégia que garante ser muito bem-sucedida. “Nós realizamos cerca de 10 viagens por ano ao Brasil para participar de encontros e eventos ligados ao setor, e o resultado é ótimo. Cerca de 40% do nosso volume de negócios hoje vem do Brasil, o que significa que vendemos mais imóveis para brasileiros do que para portugueses”, diz Ascenso. BBC Brasil
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Mercado POR Pedro Carsalade*
Por que tanto o síndico quanto uma administradora de condomínios devem estar bem preparados? Por que o candidato a síndico tem que se preparar para exercer essa função? Por que uma administradora precisa estar aparelhada para assessorar o síndico no dia a dia de suas obrigações? Afinal de contas, pagar, receber e orientar funcionários parecem situações corriqueiras, que qualquer um poderia executar sem a necessidade de muito conhecimento ou suporte. Certamente, qualquer pessoa com plenos conhecimentos em finanças; legislações trabalhista, tributária, fiscal, comercial e penal; contabilidade aplicada a condomínio; psicologia e relacionamento interpessoal, que dispusesse de equipamentos, programas, material técnico e informativo sobre as constantes alterações nessas diversas áreas e que, principalmente, tivesse tempo para se dedicar a essas e outras obrigações que o cargo de síndico requer conseguiria desempenhar seu papel com sucesso. A tarefa de administrar um condomínio é muito mais complexa do que se imagina, e as responsabilidades por eventuais equívocos, como um recolhimento de tributo feito fora de época ou com valor incorreto, podem significar prejuízos enormes para toda a coletividade. A cada dia que passa,
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o poder público vem criando regras e obrigações que, sem dúvida alguma, em muito pouco tempo, levarão os condomínios a não mais serem equiparados a uma empresa para determinados fins, porque eles serão efetivamente considerados “empresas”, com todos os ônus e obrigações, inclusive para os síndicos. Se isso acontecer, preparem-se para custos e responsabilidades bem mais elevados.
Hoje vivenciamos uma verdadeira “sopa de letrinhas” na administração condominial: PIS; Cofins; CSLL; PCMSO; PPRA; PPP; CAGED; E-Social e tantos outros que, se não entendidos corretamente, certamente trarão sérios problemas aos condomínios. O síndico é a figura central do condomínio. Sobre ele são depositadas todas as expectativas dos condôminos e moradores. E seu desempenho na função poderá, inclusive, se refletir na valorização do patrimônio de cada um. Por isso, ele estará sempre sendo avaliado e cobrado por seu desempenho. Principalmente por eventuais falhas que possam trazer prejuízos imediatos ou futuros, sem falar em uma eventual imputação de responsabilidade, tendo em vista a gravidade do fato. A Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) vem, há mais de 30 anos, patrocinando eventos direcionados a síndicos e membros da administração interna dos condomínios, nos quais são apresentados, debatidos e esclarecidos aspectos fundamentais para uma boa administração. Ao mesmo tempo, desenvolveu um núcleo de formação profissional para treinamento de funcionários das administradoras a ela filiadas, para que estes estejam aptos para assessorar seus clientes.
Não restam dúvidas de que uma administradora facilita, sobremaneira, o trabalho do síndico. Ressaltamos, contudo, que são de extrema importância uma avaliação prévia e um constante acompanhamento de sua atividade. O papel das administradoras, hoje, consiste em prestar assessoria cada vez mais técnica aos condomínios. Sua escolha deve obedecer a certos critérios, independentemente de seu tamanho: ser uma empresa competente; atualizada; séria; com tradição no mercado; com visão profissional da atividade; com profissionais especializados para todas as áreas que a gestão envolve e, muito importante, que estejam filiadas e atuantes perante as entidades representativas de classe. Por desempenhar um papel de fundamental importância junto com os condomínios, a Abadi procura admitir, em seu quadro associativo, apenas aquelas empresas que estejam afinadas com essa visão. A Abadi tem contribuído, cada vez mais, para a regulamentação do mercado, a formação de profissionais e a orientação dos diferentes públicos envolvidos.
Direcionar as empresas e seus clientes para o que há de mais eficiente e moderno em gestão condominial é a forma de contribuirmos com o assessoramento dos condomínios e seus síndicos. Prestigie sempre nossas iniciativas. Elas são idealizadas e concebidas pensando em você! Muito se fala, hoje em dia, em “síndico profissional”. Em primeiro lugar deve ficar claro que essa figura não é contemplada pelo Código Civil no capítulo “Condomínio Edilício”. O que a lei permite é que o síndico seja condômino, pessoa física ou pessoa jurídica, estranho ao condomínio, no caso de a convenção do condomínio autorizar. Ainda sobre o assunto, dependendo da autorização da convenção do condomínio, esse síndico poderá ser remunerado. Não existe fórmula mágica para a definição de como a administração interna do condomínio deverá ser formada. Cada caso é um caso. Evidentemente que no formato dos lançamentos pelas construtoras, popularmente chamados de condomínios clubes, compostos por diversos blocos, muitas unidades autônomas e com o fornecimento de vários ser-
viços à comunidade, o modelo tradicional de síndico possa deixar a desejar. Nesse caso, talvez um síndico externo, com capacidade administrativa comprovada, juntamente com funcionários capacitados, aliado a um conselho consultivo e fiscal atuante, pudesse gerenciar melhor o condomínio. Já em prédios menores, com poucos condôminos, um síndico proprietário possa zelar de forma mais eficaz pelo patrimônio. Afinal, o contato pessoal e o relacionamento interpessoal podem ajudar na solução de problemas e trazer maior interação entre os condôminos. O fundamental é que, seja qual for a forma de administração escolhida pelos proprietários, estes não podem prescindir de uma boa empresa administradora de condomínios, como falamos no início do artigo. O sucesso de qualquer síndico está diretamente ligado à escolha de uma assessoria especializada, eficiente, profissional e isenta. *Pedro Carsalade é presidente do Conselho Deliberativo e Conselheiro Nato da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi).
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ecodicas Por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)
Gestão sustentável é possível André Felipe Campos Andrade – administrador e gestor ambiental, graduado pela PUC e pós-graduado pela COPPE, UFRJ – criou a empresa AR Ambiente Responsável para realizar projetos, gestão e reciclagem de resíduos da construção civil e de grandes eventos. Entre inúmeros trabalhos, destacamos: Hip Hop Manifesta – Riocentro (60 mil pessoas, em 2004); E-festival – Riocentro (18 mil pessoas); E-festival – Rio Bonito (13 mil pessoas, em 2005); Adventure Sports Fair – Bienal Ibirapuera (85 mil pessoas, 2005/06/07); Vivo Valeu Praia (Dia Nacional de Limpeza de Praia); Águas de Março – Espaço Tom Jobim, Jardim Botânico (2007); Salão Duas Rodas (200 mil pessoas, Imigrantes, 2007); PAN 2007– Gestão de Resíduos Recicláveis do COB – Barra; Red Bull Air Race (2007); Gestão de Resíduos da Obra de Reforma do Museu do Meio Ambiente – Jardim Botânico (2007-2008) e do Green Building Ventura Towers, no Centro do Rio; gerenciamento da demolição de fábrica na Mangueira para a construção de 500 unidades do Projeto Minha Casa Minha Vida, de prédio para a construção de Green Building Abengoa na Barra da Tijuca, de edificações para a passagem da linha do Metro 1 A e da demolição da Boate Help (2011); desenvolvimento de projeto de reciclagem de resíduos agregados e fabricação de tijolos reciclados com material proveniente do terremoto no Haiti, em parceria com o Viva Rio e patrocínio dos governos do Canadá e da Noruega (2010-2011); segregação e reciclagem dos resíduos cenográficos do lixão da novela Avenida Brasil; e da Caminhada Mundial pela Paz, Igreja Católica – Papa, 2013. 42
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André Andrade integra também a Equipe Multidisciplinar de Projetos Sustentáveis que a arquiteta Eliane Sarmento fundou em 2002. A entrevista com ela pode ser lida em nosso site, no número 57 da Condomínio etc. Impactada pela visão de tanto lixo nos locais dos jogos olímpicos do Rio, decidi conversar com ele para divulgar novas maneiras de se gerenciar tais eventos. Não é possível mais suportar toneladas de lixo, com uso excessivo de plásticos, até em encontros que falam de saúde, esporte, alimentação natural. Como evitar tanta incoerência? Fala, André! Condomínio etc. – Quais os objetivos da AR Ambiente Responsável? André Andrade – Trabalho como consultor na área de gerenciamento de resíduos desde 1996. Em 2003, criei a AR Ambiente Responsável Gestão e Soluções Ambientais Ltda. (www.arresponsavel. com.br), onde cuido das áreas técnica,
comercial e operacional. Estou envolvido em todas as etapas do negócio, como os empreendedores têm que fazer no Brasil para que o projeto dê certo. Cetc. – Como são reciclados os resíduos de uma construção e quanto se gasta a mais ao se contratar esse serviço? AA – Os resíduos de construção representam 50% do volume total de resíduos destinados no Brasil e no mundo. Desde a implantação da Resolução Conama 307, que trata da destinação dos resíduos da construção civil (RCC), as empresas vêm investindo em treinamento e equipamentos para atender à legislação e para conseguir outros benefícios, como a comunicação de suas práticas a clientes, parceiros e investidores, a diminuição de acidentes de trabalho e a organização do canteiro. O custo de se implantar o serviço de gestão se paga em benefícios alcançados e também na comercialização e no reaproveita-
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mento dos resíduos coletados e destinados. O gasto é compensado por todas as vantagens trazidas à empresa e ao meio ambiente. Cetc. – Como se demole sustentavelmente e quanto se gasta a mais utilizando esse serviço? AA – Primeiramente, deve-se pensar em atender às legislações vigentes que tratam dessa questão e, depois, no reaproveitamento dos resíduos no próprio canteiro, o que, em muitos casos, gera um benefício enorme à empresa, no caso da reutilização dos agregados para acerto de grade de terreno ou nos acessos da obra
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ou mesmo para fazer aterros e até peças pré-moldadas de concreto reciclado. Cetc. – Fale da experiência de ter feito a gestão sustentável de grandes eventos, como o da visita do papa ao Rio. AA – A gestão sustentável de grandes eventos é um enorme desafio logístico e de pessoal, pois temos de atender, com eficiência, tanto ao cliente como às imposições legais dos órgãos ambientais. Trabalhamos com mão de obra capacitada vinda de cooperativas de catadores que já estão acostumados ao ritmo dos eventos. Qualquer evento, não importa o tamanho, causa impacto ambiental no local e no planeta.
Infraestrutura indevidamente montada em ambientes sensíveis, que prejudica a flora e a fauna, volumes grandes de lixo enviados para aterros sanitários ou lixões e emissões abundantes de gás carbono são alguns dos impactos que um evento pode gerar. A AR planeja, de forma integrada, a coleta seletiva e triagem dos resíduos sólidos em todas as fases – desde sua montagem, passando pela realização, até a desmontagem do evento. A coleta de todo o material reutilizável e reciclável é destinada à comercialização ou doação. Propomos também a conscientização, a capacitação e o treinamento dos prestadores de serviços e das equipes de produ-
ção, elaborando normas e metodologias para garantir bons resultados. O evento do papa foi o maior desafio logístico já enfrentado no Brasil, pois a área era bem isolada, de impacto considerável, por se tratar de área rural, sem infraestrutura adequada para o tipo e a dimensão do evento proposto, e a empresa contratada não tinha verba suficiente para implantar o projeto. Construímos duas centrais de triagem e revalorização de resíduos dentro da área, além de contar com cerca de 880 catadores de quase todas as cooperativas do Rio de Janeiro. Fizemos a comunicação ambiental do evento; colocamos os equipamentos necessários para uma coleta eficiente de resíduos dentro da área; planejamos e construímos grandes carrinhos para a logística interna de coleta dos contêineres do evento, pois não poderia haver nenhum veículo motorizado na área interna por conta da segurança do público (cerca de 2 milhões de pessoas), e a área de 1 milhão de metros quadrados tornava nosso desafio gigantesco. Resolvemos encarar a empreitada. Alertamos a produtora do evento, com cerca de um mês de antecedência, da chegada da grande maré de sizígia (maior maré cheia do ano), com consequente alagamento da área. Mas não nos ouviram. Resultado: o evento teve que ser transferido às pressas para Copacabana e nos deram oito horas para realocarmos cerca de 50% de toda a estrutura de coleta e pessoal para a nova área. Com essa mudança, não tivemos como dimensionar o volume total dos resíduos gerados, pois, numa área restrita como era Guaratiba, todo o resíduo gerado seria trabalhado ali e, em Copacabana, não havia espaço nem para nos movimentarmos na área da praia nem no calçadão. Então, fizemos grandes áreas de estocagem perto das torres de som e no calçadão para, no fim do evento, começarmos a coleta com a ajuda fundamental da Comlurb, que nos cedeu os caminhões para transportar os resíduos para as
cooperativas onde, por fim, fizemos a triagem e revalorização de cerca de 750 toneladas de resíduos recicláveis. Cetc. – Que impactos foram gerados pelas Olimpíadas? AA – Acredito que, pela dimensão do evento e a grande repercussão internacional na mídia, o impacto gerado foi mínimo, pois foram tomadas todas as precauções necessárias para a boa gestão dos resíduos do evento, com destinação dos recicláveis para diversas cooperativas de catadores do Rio de Janeiro. A AR participou da elaboração do plano de gestão das arenas do Parque Olímpico da Barra, tendo projetado desde o número de equipamentos e contêiner de coleta até a logística de coleta e retirada dos resíduos das arenas, projeto que foi muito elogiado pela equipe da Comlurb, responsável pela gestão dos resíduos do evento.
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informe
Estatísticas de Imóveis Ofertados Rio de Janeiro VENDA
8%
Casa
Casa de condomínio
6%
Casa de vila 1% Cobertura 11%
Apartamento
72%
Quitinete 1%
Venda Tipo de imóvel
1Q
2 Qts
3 Qts
4 Qts
Total
(%)
3.550
15.136
13.590
5.076
37.352
73.2
Casa
76
1.098
1.422
1.214
3.810
7,5
Casa de condomínio
11
369
1.035
1.861
3.276
6,4
Apartamento
Casa de vila
20
178
182
74
454
0,9
Cobertura
115
903
2.634
1.758
5.410
10,6
Quitinete
717
–
–
–
–
1,4
4.489
17.684
18.863
9.983
51.019
100
8,8
34,7
37
19,6
100
TOTAL %
Locação
Casa
4%
Casa de condomínio
3%
Casa de vila 1% Cobertura 6% Apartamento
82%
Quitinete 4%
Locação Tipo de imóvel
1 Qt
2 Qts
3 Qts
4 Qts
Total
(%)
Apartamento
1.312
3.598
2.834
1.069
8.813
81,7
57
154
120
144
475
4,4
Casa de condomínio
8
34
96
167
305
2,8
Casa de vila
45
52
18
5
120
1,1
Cobertura
27
140
291
229
697
6,4
Quitinete
387
–
–
–
387
3,6
1.836
3.978
3.359
1.614
10.787
100
17
36,9
31,1
15
100
Casa
TOTAL % fonte: SECOVI RJ.
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saúde por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)
pt.freeimages.com / D. Sharon Pruitt
Obesidade infantil em análise – uma conversa com Maria Luísa Duret O assunto envolve inúmeras questões e diversos atores – saúde, criança, doces e frituras, pais, desajuste emocional, mídia, ignorância, professores, bullying, fastfoods, hot dog, hambúrguer, what else?, sedentarismo, refrigerantes, compensações, psicólogos, aleitamento materno... Estudos já provaram que quanto mais se amamenta o bebê, menor é o número de casos de sobrepeso e obesidade infantil, além de doenças relacionadas, como pressão e colesterol altos e diabetes tipo 2, por exemplo. Hoje, tanto o excesso de peso quanto as doenças crônicas não transmissíveis são um problema crescente no Brasil e no mundo. Maria Luísa Duret, psicóloga, psicanalista, conferencista, assessora em recursos humanos no controle de qualidade de diversas empresas, tem escrito artigos sobre o assunto e com ela conversamos. E-mails podem ser enviados para esta coluna ou para mlduret@oi.com.br Condomínio etc. – O que é obesidade infantil?
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Maria Luísa Duret – A obesidade infantil ocorre quando uma criança está acima do peso normal para sua idade e altura. De acordo com o IBGE, atualmente, uma em cada três crianças já apresenta sinais de obesidade. Como possíveis causas, podemos apontar fatores genéticos, má alimentação, sedentarismo, ansiedade ou uma combinação de tudo isso. Os “quilos extras” podem causar complicações para a vida adulta. Em alguns casos, mesmo que revertidas, doenças como diabetes e colesterol alto podem ser consequência da obesidade infantil. Cetc. – Por que acontece a compulsão por comida e bebida? MD – A compulsão por comida na infância pode ocorrer como sintoma de um conflito psíquico e geralmente surge acompanhada de outras queixas, como déficit cognitivo, agressividade, baixa autoestima, queda de rendimento escolar, faltas reiteradas (absenteísmo), dores difusas, recusas, choros sem motivo aparente... Cada criança traz a própria história, portanto, há fatores ge-
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(Maria Luísa Duret)
néticos, sedentarismo e conflitos familiares que podem levar a um processo exacerbado de ansiedade e/ou uma combinação desses fatores. Apesar de ser uma doença com influência genética, nem todos os pais e mães com obesidade terão filhos obesos. A recíproca também é verdadeira: pais e mães dentro do peso poderão gerar filhos obesos. Isso porque a obesidade infantil tem ligação com os hábitos alimentares de ambos. A compulsão por bebida ocorre mais na adolescência e na fase adulta, devendo ser estudada e analisada de modo particular. Cetc. – Diz-se que a gula, um dos sete pecados capitais, pode ser enfrentada pela temperança. O que lhe parece essa consideração? MD – A gula, o comer em excesso, deve ser acompanhada pelos pais ou responsáveis sem repressão exagerada. Uma criança não saberá “decifrar” sozinha todo esse complexo de fatores. Algumas vezes, nem consegue perceber as mudanças que estão
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pt.freeimages.com / Seven Bates
A criança é muito mais do que “os quilos extras” que carrega. E tem muito mais a dizer do que geralmente expõe. Vamos ouvi-la?
ocorrendo em seu corpo. Então, recomendamos calma e aconchego. Cetc. – A sociedade de consumo e o capitalismo podem ser considerados vilões também nessa questão? MD – A sociedade de consumo, com seu imediatismo, pode ser uma vilã, mas acredito que esteja começando a surgir outra visão em relação ao meio ambiente e ao valor de uma alimentação saudável. Cetc. – Muitas vezes, a criança é bem gordinha, mas quando dá uma espichada, o corpo se ajusta. Os pais podem esperar essa espichada para agir?
MD – Em relação à espichada, pode ou não ocorrer, dependendo da criança ou do adolescente. Cetc. – De maneira geral, as famílias não conseguem acompanhar os hábitos das crianças e assistimos a um laissez-faire na vida moderna, com cantinas oferecendo guloseimas para um público ávido e livre para consumir o que quiser. E sabemos que muitas crianças comem diante da TV. A família deve participar do tratamento terapêutico ou apenas a criança obesa? MD – Sem dúvida nenhuma a participação da família é fundamental e, diria, imprescindível no processo terapêutico.
A criança é sempre “levada” por alguém. Além disso, no caso da obesidade infantil, é necessária a presença de uma equipe multidisciplinar. Um sintoma infantil, seja ele qual for, é geralmente endereçado de forma inconsciente às figuras parentais. A beleza do trabalho está na construção de uma resposta a várias mãos. A criança obesa não precisa somente evitar o sedentarismo e ter uma dieta balanceada. Formas de relacionamento das famílias podem e devem ser repensadas. Evitar o fator depressivo tem mostrado excelentes resultados. O trabalho terapêutico nesse aspecto é importantíssimo porque vai definir papéis, expor medos e angústias, provocando, em elaboração posterior, uma atmosfera de amor e cumplicidade. Cetc. – O que recomenda como ação preventiva do problema? MD – É muito importante que pais ou responsáveis prestem atenção ao que a criança diz, mas, principalmente, àquilo que NÃO diz e expressa através de sintomas como depressão e obesidade.
Saul Cusnir é síndico do Condomínio Golden Garden, na zona sul do Rio, desde março de 2009, e vencedor do Prêmio Secovi Condomínio Cidadão em 2010, com o case sobre redução do consumo de água. Ele tem, em seu condomínio, uma cantina terceirizada desde 2007, para atender os moradores, também em suas residências. Ali são servidos crepes, sanduíches, refeições em geral, saladas, picolés, cervejas, refrigerantes, mate e água, às quintas e sextas, das 17h30 às 22h (sextas, quando há movimento, vai até as 23h), e aos sábados e domingos, das 11h às 22h. No acordo para
a terceirização, o condomínio estabeleceu critérios quanto aos alimentos a serem oferecidos. Não entraram guloseimas, doces, balas etc. O acesso à cantina é livre e as crianças seguem as ordens dos pais.
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Comportamento
Pode ou não pode fumar em áreas comuns? Cada vez menos gente fuma. Mas sempre tem alguém que fuma e não se dá conta de que incomoda muita gente. E o pior é que, além de fazer mal a si, também contamina quem está à volta. No Brasil, 200 mil pessoas morrem por ano por conta do tabaco. O tabagismo é reconhecido, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma doença epidêmica. A dependência da nicotina expõe os fumantes continuamente a mais de 4 mil substâncias tóxicas, fatores de risco para aproximadamente 50 doenças, principalmente as respiratórias e cardiovasculares, além de vários tipos de câncer. Os cânceres de pulmão e laringe são os que mais matam e representam 12,3% dos tipos de câncer no Brasil. Em 2012, o país registrou 23.501 óbitos como consequência do câncer de pulmão e 4.339 vítimas do câncer de laringe. Para 2014, estima-se o surgimento de 27,3 mil novos casos de câncer de pulmão e 6.870 de laringe. Desde dezembro de 2014 está valendo a chamada Lei Antifumo – legislação que proíbe, em todo o país, o ato de fumar cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos em locais de uso coletivo, públicos ou privados, como halls e corredores de condomínios, restaurantes e clubes. O objetivo é proteger a população do fumo passivo e contribuir para a diminuição do tabagismo. Falando em fumantes passivos, você sabia que, nos Estados Unidos, por exemplo, até na rua de alguns estados é terminantemente proibido dar baforadas? Há que se respeitar quem não fuma! 52
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Rodrigo Karpat: “Apesar de não valer para o interior das residências, os condomínios acabam enfrentando problemas em decorrência da prática desse hábito por alguns moradores”
Extinção de fumódromos e propaganda de cigarros Nossa Lei Antifumo implementou também regras sobre a comercialização, a publicidade e o consumo de tabaco. A norma também extingue os fumódromos e acaba com a possibilidade de propaganda comercial de cigarros até mesmo nos pontos de venda. A exposição dos produtos só pode ser acompanhada de mensagens sobre os malefícios provocados pelo fumo e que a comercialização do produto é restrita a maiores de 18 anos. Outra obrigatoriedade foi o aumento dos espaços para os avisos sobre os danos causados pelo tabaco, que aparecem em 100% da face posterior das embalagens e de uma de suas laterais.
A lei não restringe o uso do cigarro em vias públicas, nas residências ou em áreas ao ar livre. No caso de bares e restaurantes, em mesas na calçada, o cigarro será permitido, desde que em área aberta e que haja algum tipo de barreira, como janelas fechadas ou parede, que impeça a fumaça de entrar no estabelecimento. Caso as regras não sejam cumpridas, os estabelecimentos podem sofrer multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão e ter a licença cassada, a depender da infração cometida.
Fumo nos condomínios Nos condomínios o assunto também gera problemas. Por isso o regulamento interno deve ser bem claro sobre questão, e o síndico deve ser firme em cobrar que as regras sejam respeitadas. O assessor de condomínios da CIPA Marcos Malta ressalta que o assunto deve constar do regulamento interno do condomínio. Caso não esteja, o síndico deve levar o assunto à assembleia e fazer as definições: “O documento deve ser claro se pode ou não fumar na piscina, no play, no salão de festas e em outros locais. No caso de haver infração, o síndico deve advertir a unidade, e, em caso de reincidência, multar. Não importando se é morador ou funcionário da unidade – as regras devem ser cumpridas e valer para todos, inclusive visitantes.”
Segundo Rodrigo Karpat, advogado especialista em direito imobiliário, “a lei não se aplica ao interior das unidades de condomínios – as áreas privativas – porque estas são caracterizadas como propriedades particulares, e a Constituição Federal e o Código Civil garantem ao condômino o direito de usufruir delas de acordo com seus interesses. Porém, apesar de não valer para o interior das residências, os condomínios acabam enfrentando problemas em decorrência da prática desse hábito por alguns moradores”. O advogado ressalta que “mesmo que a legislação não proíba um morador de fumar no interior de sua unidade, o que inclui a sacada (art. 1.335, I do CC), o condômino que estiver sendo prejudicado por esse hábito deve conversar com o morador fumante para tentar solucionar a questão. Muitas vezes, o bom senso pode resolver o problema, já que existe a possibilidade de o condômino fumar em outros locais, como na área de serviço ou em outra janela que não atrapalhe seu vizinho”. Em último caso, o síndico pode ser acionado se o problema não for resolvido por meio de diálogo entre os moradores. Ele poderá atuar na solução do impasse caso a situação do fumo esteja causando uso nocivo da propriedade, como se o morador fumante estiver jogando guimbas de cigarro pela janela, por exemplo.
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O tabagismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença epidêmica. A dependência da nicotina expõe os fumantes continuamente a mais de 4 mil substâncias tóxicas, fatores de risco para aproximadamente 50 doenças
Maritza Maia, moradora de um condomínio em Botafogo, sempre se incomodou muito com o cheiro de cigarro. “Não gosto mesmo. Acho que as pessoas que fumam nem se dão conta de como fedem. É chato dizer, mas é necessário. Havia uma funcionária de uma vizinha minha que ia para a escada fumar. Imagina o cheiro forte que ficava no corredor?! Ninguém merece! Eu reclamava com o porteiro, que dizia que iria falar com a moradora, e nada acontecia. Só parou quando ela saiu do emprego”, lembra. Já Daniela Braga, moradora de Ipanema, ficava profundamente incomodada com sua vizinha que adentrava a portaria fumando e dava o último trago antes de entrar no elevador. “Quem subia com ela vinha em meio a uma nuvem de fumaça. Mas levamos na brincadeira, dizendo a ela que ela estava sem noção, que não queríamos fumar com ela... Ela levou numa boa e tomou mais cuidado. Parou de entrar no prédio fumando. O problema acabou. Quem sabe ela não para de fumar em breve?”, avalia. Como disse Rodrigo Karpart, um bom diálogo pode ser a chave da questão. 54
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Para o assessor de condomínios da CIPA Marcos Malta, o assunto deve constar do regulamento interno do condomínio. Deve estar claro onde pode ou não fumar. E isso inclui piscina, play e salão de festas. Se não constar, que se faça uma assembleia para regular o assunto
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HISTÓRIA por Milton Teixeira
Nome sujo na praça Pelourinho, polé ou picota era um poste que poderia ser de madeira, pedra ou tijolo, onde, no cabeço, deveria estar o brasão das cinco quinas de Portugal. Nas cidades lusitanas, ele ficava na praça principal, geralmente defronte ao prédio da Câmara Municipal. Mas não era um monumento decorativo. O pelourinho representava a autonomia do município e simbolizava que, naquele lugar, se fazia justiça em nome do rei. O pelourinho, segundo o historiador Southey, servia tanto de poste para os criminosos receberem açoites, bem como de lugar de execução, de onde se pendia o criminoso ou contra o qual se estrangulava o decapitado. Nele se afixavam os editais dos juízes, as sentenças, os avisos sobre as pessoas procuradas ou mensagens dos bandos dos governadores, depois de apregoados pelo arauto ao som de tambores destemperados. Quem tinha seu nome afixado no pelourinho ficava, como se dizia à época assim como hoje, com “o nome sujo na praça”. Hoje, reafirmando, esse termo é usado, mas para quem está devendo dinheiro a alguém ou a alguma instituição e teve seu nome inscrito no SPC ou Serasa. Outros tempos, outros usos.
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Pelas Ordenações do Reino, título 58, livro 1º, os corregedores eram obrigados a mandar que as câmaras das vilas e cidades fizessem as casas do conselho e a picota, não sendo elas propriedades municipais, mas direito real. Quando as câmaras, por falta de renda, não podiam dar cumprimento a essa obrigação, eram lançadas fintas ao povo, que tinha de correr com o dinheiro. O primeiro pelourinho do Rio de Janeiro foi instalado por Estácio de Sá, no Morro Cara de Cão, em 1º de março de 1565,
data da fundação da cidade, e deveria ser, inicialmente, de madeira, tirada de árvores locais ou de alguma trava de um dos 18 navios que transportaram a tropa lusitana à Guanabara. Possivelmente, a madeira foi trabalhada por Antônio Francisco Velho, nosso primeiro madeireiro, mordomo da confraria de São Sebastião e amigo pessoal do governador. Para fundar a câmara, Estácio nomeou Pedro Martins Namorado como o primeiro juiz ordinário e seu primeiro procurador o francês Jean de Prosse. Esse pelourinho o tempo arruinou, e quando Mem de Sá, em 1567, transferiu o assento da cidade para o Morro do Descanso (depois Morro do Castelo) tendo levantado, como diz Gabriel Soares de Souza, casas para o governador, para a câmara, para a Sé, para o hospital, também ergueu o pelourinho. Como a cidade se expandiu pela várzea, já em 1626, o ouvidor-geral e licenciado Luiz Nogueira de Brito recomendava aos vereadores o dever de mandar levantar um pelourinho junto à praia, porque o Rio de Janeiro era a cidade de El Rey e crescia de importância. Foi erguida a polé onde, em 1743, foi construída a casa dos governadores, hoje Paço Imperial. Nele, o governador Salvador Correia
de Sá e Benevides colocou, em 10 de abril de 1661, a cabeça decepada do revoltoso Jerônimo Barbalho Bezerra, para execração pública. Em 1696, quando ali se edificou o armazém do sal, o pelourinho foi removido para o centro da praça, a essa época denominada Terreiro da Polé. Alguns anos depois, em 1705, foi a picota transferida para o Largo do Rosário, atual Praça Monte Castelo, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Depois de pouco tempo nesse lugar, o pelourinho acabou transferido para um largo onde hoje existem as ruas da Conceição, Senhor dos Passos e Buenos Aires e a Avenida Passos, onde ficou, por muito tempo, a forca montada ao seu lado. Foi nesse lugar que a Metrópole mandou enforcar Tiradentes, em 21 de abril de 1792. Hoje em dia o lugar está todo construído e fica difícil para o espectador comum imaginar aquele sítio como um descampado. Com a chegada da Família Real, em março de 1808, foi construído um pelou-
rinho maior, em pedra trabalhada, mais elegante, bem ao centro do Campo dos Ciganos, depois Largo do Rocio Grande, Praça da Constituição e, desde 1890, denominada Praça Tiradentes. Por provisão do rei D. João VI, datada de 17 de maio de 1819, mandou-se remover o pelourinho para o Largo do Capim, onde hoje passa a Avenida Presidente Vargas, porque sua majestade tencionava mandar erguer ali um obelisco em memória de sua chegada, com dinheiro doado pelo povo. Bom, não se sabe o que aconteceu com a verba, que sumiu em 1825, não sendo erguido o dito monumento. Por essa época, o pintor francês Debret fez uma linda aquarela do Campo dos Ciganos, com o pelourinho em primeiro plano e bastante aumentado de seu tamanho verdadeiro. Ainda depois da Independência, em 1822, havia um pelourinho levantado no antigo Largo do Rocio. As mudanças políticas operadas no Brasil não deram, como se pode pensar, lugar à destruição das antigas
picotas. Entretanto, em 1823, o pelourinho tinha perdido suas antigas funções: indicava apenas a sede principal de autoridades encarregadas de administrar a justiça. O do Rio de Janeiro foi simplesmente removido para o Campo de Santana, onde permaneceu até o fim do Primeiro Império, em abril de 1831. No pelourinho do Campo de Santana eram também surrados os escravos, e existe uma dramática gravura do artista alemão Rugendas que mostra a barbárie de tais castigos. Com a queda de D. Pedro I, o povo destruiu esses símbolos de opressão. Enfim, os pelourinhos hoje existem apenas em algumas cidades históricas e somente servem como recordação de uma época em que a justiça era severa e brutal. Seja como for, não deixaram saudades. Além do mais, se tivéssemos que prender todos os bandidos de hoje em dia nos pelourinhos, teríamos que usar a madeira de toda a Floresta Amazônica e, mesmo assim, talvez não desse para o gasto.
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Paisagismo
Perigo à vista!
Plantas trazem vida, beleza e alegria ao ambiente, mas também podem trazer perigo Nosso planeta está repleto de vegetação. Sabemos que as plantas são fundamentais para a manutenção da vida, afinal, são elas que produzem o oxigênio de que tanto precisamos. São elas também que mantêm a atmosfera fresquinha. Ah, e delas também extraímos princípios ativos fundamentais para a fabricação de remédios. Isso porque nem mencionamos ainda a sabedoria popular, que nos ensina como usá-las diretamente como remédios para diversos males... E como ainda tem gente que não gosta de plantas? Ou pior: que desmata, destrói a natureza?! Nosso foco aqui nesta matéria é alertar para o perigo que algumas dessas belezinhas podem trazer a nós e aos animais. Há diversos tipos de perigo: ingestão, contato ou mesmo a queda de algum fruto pesado. Partes das plantas podem esconder o perigo: flores, sementes, frutos, folhas ou ela inteira pode ser venenosa. Os efeitos vão de um mal-estar à morte em poucas horas. Pelo mundo, anualmente, muitas pessoas morrem pelo consumo acidental das toxinas das plantas. O oxalato de cálcio é uma substância muito encontrada em plantas tropicais e, quando ingerido, pode ser fatal, porque pode causar queimação na boca e edema
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quem nunca teve uma comigo-ninguém-pode por perto pensando em proteção... O que você não sabe é que a quantidade cavalar de oxalato de cálcio que existe nas folhagens dessa planta pode matar seu filho ou seu cachorro de forma rápida e cruel. Antúrio, copo-de-leite, espirradeira e costela-de-adão também podem matar. Olho vivo com elas!
Anote outras espécies que merecem atenção: na garganta, o que impede a passagem do ar e pode matar por asfixia. O risco é relativamente maior para animais de estimação e crianças. Atenção: em caso de intoxicação, nada de tentar resolver em casa. Não é recomendável beber leite, água ou provocar vômito. Guarde a planta e leve-a ao hospital.
Bonitinhas, mas ordinárias Temos belíssimas plantas bem venenosas pertinho de nós. Algumas fazemos questão de ter dentro de casa, afinal, nos protegem do mau-olhado (é o que reza a sabedoria popular). Atire a primeira pedra
Bico-de-papagaio O bico de papagaio, muito procurado no Natal, também está na lista das venenosas. A planta causa coceira, inchaço e, se ingerida, náusea e diarreia. O veneno da seiva da flor é bem perigoso. Crisântemo Perigosa para cães e gatos, essas flores bonitinhas também podem causar intoxicação em seres humanos. Na maior parte das vezes, os sintomas são coceira e dermatite. Hortênsia O veneno da hortênsia pode causar convulsões, dor de barriga, vômito e, em casos mais graves, coma. Essa não é a plan-
ta mais indicada para ser criada em lugares com animais e crianças pequenas. Lírio do campo Dependendo da quantidade ingerida, o lírio do campo pode causar náuseas, vômito, diarreia e câimbras. Mais assustador ainda é o fato de que elas também podem tornar seus batimentos cardíacos mais lentos e irregulares. Acácia Assassina profissional, a acácia desenvolveu uma técnica primorosa para eliminar seus predadores. Quando é atacada, as folhas liberam etileno gasoso. O gás é facilmente detectado por outras acácias na região, que começam a produzir tanino em quantidade suficiente para matar os antílopes que delas se alimentam. Mamona As mamonas são realmente assassinas; de fato, é a planta mais venenosa do mundo, segundo o livro dos recordes Guiness. A planta é nativa da bacia do Mediterrâneo, da África Oriental e da Índia, mas é amplamente cultivada como planta ornamental. A toxina chamada ricina é encontrada em toda a planta, mas está concentrada nas sementes/grãos (da qual o óleo de mamona é feito). Uma semente é suficiente para matar um humano em dois dias, em uma morte agonizante e longa. Os primeiros sintomas vêm dentro de algumas horas e incluem a sensação de queimação na garganta e na boca, dor abdominal e diarreia com sangue e vômito. O processo é imparável e a causa final da morte é desidratação.
Marcelo Patitucci, síndico do Condomínio Chácara da Tijuca: “Retiramos as coroas-decristo porque as crianças se machucavam nos espinhos. Caía uma bola no jardim, elas iam pegar e invariavelmente se cortavam. Retiramos também várias comigo-ninguém-pode por conta de sua toxidade – é melhor prevenir do que remediar...
André Lessa, diretor da Verde Brasilis, empresa de paisagismo, já foi chamado para fazer um estudo num clube da zona sul para detectar possíveis plantas-problema. “Isso foi em 2012, e passamos um dia inteiro fazendo uma vistoria técnica. Detectei três espécies que causam intoxicação e também a famosa coroa-de-cristo, que pode machucar seriamente”, lembra. “Removemos as espécies que ofereciam perigo e plantamos outras adequadas aos locais em questão. Ficou bonito e seguro para todos”, garante o técnico. Outro caso em que a Verde Brasilis atuou foi num grande condomínio que
tinha uma superpopulação de gatos. Nesse caso, eles agiram em conjunto com outras ações do condomínio: a criação de um gatil com local apropriado para alimentação, brinquedos com cordas e casinhas. “Identificamos elementos que facilitariam essa mudança: removemos as áreas com argila expandida (pedrinhas marrons pequenas), que os gatos adoram usar como banheiro. O problema é que ela absorve a urina e o cheiro fica impregnado. Removemos as espécies que facilitam a construção de tocas e que também são usadas como banheiro. Entre elas estão a costela-de-adão e
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outras com raízes aéreas. A ideia era fazer uma área na qual os gatos tivessem suas necessidades respeitadas e atendidas, e essa ação conjunta foi um sucesso”, arremata Lessa. Marcelo Patitucci, síndico do Condomínio Chácara da Tijuca, na zona norte da cidade, mora num edifício agraciado por uma extensa área verde, composto por três blocos, 248 unidades e 50 funcionários. Auxiliado por uma moradora que é paisagista, Zulma de Mattos Tavares, ele reformou os jardins do condomínio, e a dupla, que é assessorada pelo jardineiro Josivan Simplício da Silva, tomou o cuidado de evitar o perigo oferecido por algumas plantas: “Retiramos as coroas-de-cristo porque as crianças se machucavam nos espinhos. Caía uma bola no jardim, elas iam pegar e invariavelmente se cortavam. Retiramos também várias comigo-ninguém-pode por conta de sua toxidade – é melhor prevenir do que remediar... E optamos por descartar as bromélias por risco de dengue, zica e chicungunha”, relata. Eles também retiraram as espadas-de-são-jorge, pois, por mais que parecessem inofensivas, elas espetavam e também machucavam eventualmente. “Agora vamos reformar os jardins do bloco três, colocar algumas mudas novas, mas sempre atentos às espécies, para que não ofereçam nenhum risco.” O síndico observa, ainda, que foram retiradas todas as plantinhas consideradas “pragas”, pois, à medida que crescem, acabam dominando os jardins e matando outras espécies. “É importante manter o projeto paisagístico”, finaliza o síndico que é auxiliado pela CIPA desde 2002.
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Madeiraaaaaaa!!! Você conhece o abricó-de-macaco? Aquela árvore que tem vários coquinhos marrons presos no tronco? Pois é. As flores são lindas! Mas o perigo é notório. Quando o coco se desprende... Sai de baixo! Uma cocada daquelas pode até matar uma criança. Sem contar que fede muito. A opção por esse tipo de árvore deveria ser proibida em área urbana, mas não é o que acontece. Podemos vê-las em diversos locais da cidade. Entre eles, no Aterro do Flamengo, Largo do Machado e no Humaitá. No Aterro, provavelmente você já passou sob uma delas e nem se deu conta. No Humaitá, ciclistas que pedalam pela ciclovia central passam por baixo delas o tempo todo e provavelmente não sabem o perigo que correm.
A empresa Verde Brasilis atuou num condomínio que tinha uma superpopulação de gatos. O condomínio criou um gatil com local apropriado para alimentação, brinquedos com cordas e casinhas, e, entre outras ações, removeu espécies perigosas e ornamentação com pedrinhas, usadas como banheiro pelos gatos
Serviço Verde Brasilis (www.verdebrasilis.com.br) Tel.: 2143-1750
Manutenção por lia rangel
De olho nas bombas do condomínio É preciso ter um olhar cuidadoso com as bombas hidráulicas As bombas d’água estão entre os equipamentos mais importantes do condomínio, já que são responsáveis por levar a água da rua para o reservatório e, de lá, distribuí-la para todas as unidades. Esses equipamentos funcionam sem parar, já que as unidades usam água todos os dias e, muitas delas, durante o dia inteiro. Por esse motivo, é muito importante que o síndico dê atenção especial a esses itens, que necessitam de manutenção periódica e especializada, tanto na parte hidráulica quanto na elétrica. Além das bombas de recalque, um condomínio pode ter várias bombas hidráulicas utilizadas para diferentes fins, como as bombas de piscina, de incêndio, de chafariz e de esgotamento. As bombas de piscina são responsáveis por bombear a água, além de ajudar a filtrá-la, enquanto as de incêndio são
responsáveis pelo abastecimento correto de hidrantes e sprinklers, as de chafariz bombeiam a água por todo o sistema da peça e as de esgotamento têm função de eliminar a água da chuva, principalmente nas garagens, para evitar alagamento. Nesse último caso, alguns condomínios armazenam a água que seria eliminada para fazer a lavagem das áreas comuns e rega das plantas. Além destas, existem mais algumas bombas que são responsáveis pelo perfeito funcionamento da parte hidráulica do condomínio. Em comum, seja qual for o tipo de bomba e suas funcionalidades, todas necessitam de manutenção constante para continuar desenvolvendo suas funções corretamente, sem prejudicar condôminos, evitando maiores transtornos. Para Henrique Marin, gerente administrativo da Iguatemi Bombas, é importante distinguir os tipos de bomba
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O síndico André Ricardo realiza vistorias mensais no prédio onde atua
para definir de quanto em quanto tempo a manutenção deve ser realizada. “Depende de como estão dimensionadas, instaladas e protegidas. Pode ser necessária revisão periódica a cada ano, a cada dois anos ou até mais. A manutenção preventiva, como o próprio nome diz, ajuda a prevenir paralisações inesperadas, danos graves e caros, por isso é importante estar em dia”, diz. Cláudio Carvalho é diretor de Operações da Hidroluz, empresa especializada na manutenção preventiva e corretiva de bombas e motores elétricos, que abrange equipamentos afins, como quadro de comando elétrico; tubulação; barriletes e colunas de distribuição; sistema de abastecimento e pressurização; sistema de combate a incêndio; tratamento de piscina; exaustores e esgotamento. Segundo Carvalho, o período em que cada item
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deve receber manutenção depende muito do equipamento e do sistema. “Uma variável é o tempo de funcionamento. Há casos em que a cada seis meses é necessária a manutenção e há casos de equipamentos instalados há oito anos que funcionam perfeitamente. Recomenda-se a retirada deles sempre que apresentarem ruído anormal no funcionamento ou quando ocorrer vazamento no eixo, pois o agravamento poderá trazer prejuízos ao equipamento. A manutenção preventiva estende a vida útil dos equipamentos e previne danos maiores, por meio da inspeção mensal do técnico, que deve realizar o revezamento dos equipamentos, a limpeza, a lubrificação e os ajustes dos componentes. Além disso, ele deve aferir a corrente dos motores e identificar qualquer anormalidade no sistema, a fim de prevenir eventual parada”, explica. O André Ricardo, que é preposto, ou seja, representante da CIPA Síndica, há cerca de um ano, no Condomínio Visconde Silva, localizado na zona sul do Rio de Janeiro, conta que, por lá, o cuidado com as bombas é contínuo. “Realizamos a vistoria das bombas de recalque mensalmente, principalmente das partes elétrica e mecânica, bem como a medição da amperagem dos motores”, explica.
Principais problemas com as bombas Assim como qualquer tipo de equipamento, quando surgem os problemas, as bombas costumam apresentar questões semelhantes. Cláudio Carvalho explica que
os mais comuns são ruídos de rolamento e vazamento no eixo causado pelo próprio desgaste do funcionamento. “Nesses casos, não há muito como prevenir. No entanto, há situações de rompimento do selo mecânico, ruído de rolamento e até mesmo queima de motor causada por agentes externos, como mau dimensionamento dos equipamentos e mau funcionamento do quadro de comando e das válvulas de retenção com problemas de vedação. Outros motivos relevantes são a variação da tensão da rede e a interrupção do abastecimento da água pela concessionária. Nesses casos, recomendam-se não só o reparo dos equipamentos como também a solução das causas. A verificação e os ajustes periódicos são de extrema importância, pois previnem panes e danos aos equipamentos ligados a ele. Há casos de queima de motores elétricos e dos próprios componentes do quadro de comando por falta de ajuste, pois é natural que, com o passar do tempo, eles fiquem frouxos ou até mesmo oxidem. A inspeção mensal identifica esses potenciais problemas e os corrige antes de causar qualquer dano maior. Por vezes, se faz necessário a realização de uma revisão com a troca de componentes”, diz. Henrique Marin acredita que é melhor investir em uma manutenção preventiva para evitar transtornos. “Na verdade, 90% dos defeitos que paralisam as bombas vêm dos componentes hidráulicos, elétricos e eletrônicos periféricos. As bombas em si, quando bem instaladas, têm uma vida útil longa, demandando apenas revisão periódica. Os maiores riscos que um condomínio corre ao não fazer a manutenção adequada são a paralisação total do siste-
ma e o tempo que essa paralisação pode durar”, afirma. André Ricardo conta que teve problema com a bomba de recalque no condomínio onde é síndico, que tem um bloco de 36 unidades e cerca de 80 moradores. “Recentemente, o motor da bomba de recalque queimou e o motivo foi o mau contato das chaves magnéticas. Resolvemos a questão com a substituição delas e do rolamento do motor. Esse problema foi identificado pela empresa que faz a manutenção, evitando, assim maiores transtornos para os condôminos. Nós também fizemos a troca da bomba de pressurização para melhorar a pressão da água que é fornecida para as coberturas”, conta. Outra questão que deve ser levada em consideração é a capacidade da bomba, que deve ser adequada às dimensões específicas de cada condomínio. “O cálculo da bomba ideal leva em conta diversas variáveis, mas a principal delas é o número de habitantes da edificação. A partir daí, é possível determinar a vazão necessária do prédio, as dimensões das tubulações, a bomba e todo o conjunto de acionamento elétrico. No caso da instalação de bombas com capacidade inferior a que o condomínio necessita, há um grande desperdício de energia, o que representa um custo considerável”, explica Marin. Cláudio Carvalho avalia que vários fatores influenciam no dimensionamento correto do equipamento: “A altura manométrica do local (distância entre a cisterna e a caixa) e as tubulações de entrada (sucção) e saída (recalque e elevação) são as principais. O tipo de material e a idade também são razões impor-
tantes. Com base nessas informações, é calculado o melhor equipamento, a fim de obter desempenho ótimo, mas que proporcione baixo consumo de energia. Diante desse cálculo, consulta-se o catálogo dos fabricantes para a escolha do modelo que melhor atenda ao sistema. Equipamentos mal dimensionados geram consumo excessivo de energia por causa do maior tempo de funcionamento, além de alto custo de manutenção em razão do desgaste em função do tempo de trabalho.” Ainda segundo Carvalho, os condomínios, em geral, não têm ideia do potencial que possuem ao reduzir o consumo de energia com o redimensionamento de suas bombas. “É comum encontrar sistemas de abastecimento que consomem muita energia desnecessariamente. Há casos em que o problema está nas bombas, em outros, na tubulação antiga ou no conjunto completo bomba-tubulação-elétrica. Nossa empresa realiza uma análise da redução do consumo de energia e água, por meio dos equipamentos utilizados, propondo alterações que, ao longo do tempo, obtenham o retorno do investimento para o condomínio. Também trabalhamos com sistemas de pressurização inteligentes, completamente automatizados, a fim de proporcionar conforto, segurança e economia”, finaliza.
Serviço
Hidroluz www.hidroluz.com.br Iguatemi Bombas www.iguatemibombas.com.br
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ARTE Por Gilberto Martins
Pablo Manrique. Anjo descendo. TĂŠcnica mista sobre veludo. 120 x 130 cm. 2016
Gilberto Martins. Sem tĂtulo. Esmalte sobre tela. 160 x 147 cm. 2014
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Pintar é rezar
Mario Mendonça. Cristo. Óleo sobre tela.150 x 150 cm. 2015.
“Pintar é rezar”, disse certa vez um padre pintor. O artista busca o sublime, que, por sua vez, habita o divino. O espectador compartilha essa oração, pois, na beleza exterior da obra, percebe a espiritualidade do artista, seu sentimento. A exposição “Imanência” é a celebração do encontro de três artistas unidos pela visão da pintura: Mario Mendonça, Gilberto Martins e Pablo Manrique, como convite à contemplação, tão propícia num cenário belo e silencioso como é o das altas montanhas de Tiradentes. A mostra inicia com uma magnífica cabeça de Cristo de autoria de Mario Mendonça, reconhecidamente o maior pintor sacro brasileiro contemporâneo. Na escala grandiosa adotada e na dramaticidade da expressão da figura e das cores, podemos ver o fervor religioso magistralmente convertido em fato pictórico. A seguir, temos trabalhos de Pablo Manrique, pintor que se vale de extraordinário domínio da técnica para representar a religiosidade dos santos e a beleza dos animais como obras da Criação. Pablo é um notável construtor de pontes entre figuração e abstração, entre suas vivências colombianas e tiradentinas, aliando imanência e transcendência, raízes e irradiações. Na continuação, podemos observar pinturas de Gilberto Martins, artista que, com sua abstração, chama o espectador a preencher a significação da obra, conforme a própria fruição e interpretação. Quadros que remetem a uma grande jornada ou a um cruzamento de caminhos abrem a porta inclusive para evocação da espiritualidade.
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Fotos: Mariza Lima
Cidade
Nova orla carioca mantém atrações pós-jogos A Orla Conde, a mais nova atração do Rio – que vai dos armazéns do Porto à Praça 15, no Centro –, transformou-se em Boulevard Olímpico durante a Olimpíada e a Paraolimpíada e recebeu 5 milhões de pessoas, atraídas por uma agenda com 30 shows, transmissão de jogos e uma bela paisagem. Findos os eventos, a Prefeitura, que revitaliza a área, planeja mantê-la em atividade, com a permanência dos furgões de food truck e eventuais shows. A Prefeitura pretende manter o boulevard, e seu principal trunfo é a remodelada Praça Mauá, com vista única da Baía de Guanabara, os dois museus nela instalados (Museu do Amanhã e Museu de Arte do Rio, o MAR), o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e o aquário marinho AquaRio.
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A inauguração do aquário está prevista para novembro e será o maior aquário marinho da América do Sul, com 8 mil animais de 350 espécies. Antes da Olimpíada, a praça e seu entorno vinham registrando a presença de 30 mil a 40 mil pessoas por fim de semana. De segunda a sexta-feira, há ainda o público que trabalha no Centro e aproveita a hora de almoço ou o fim do expediente para passear e contemplar a paisagem desnudada pela demolição do elevado da Perimetral. Embora a praça tenha sido reinaugurada já há um ano, depois de quatro de obras, muitos cariocas só a redescobriram por ocasião das Olimpíadas. Com 15 metros de altura e 170 metros de comprimento, o mural Etnias, do artista brasileiro Eduardo Kobra, reconhecido pelo
Guinness Book como o maior mural do mundo, é uma atração permanente.
Circuito cultural São 3,5 quilômetros da faixa litorânea, um trajeto cultural até então conhecido por poucos. O percurso começa na Avenida Rodrigues Alves, onde fica o AquaRio, passa pela Praça Mauá, onde estão os museus, e segue em direção à Praça 15, sede do Paço Imperial. No caminho, estão o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro Cultural dos Correios e a Casa França-Brasil, entre outras instituições importantes da cidade. Com o fim dos jogos e a retirada dos tapumes que protegiam a pira e delimitavam o boulevard, a proximidade entre os equipamentos culturais ficará mais nítida.
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Segurança por Cristina do Carmo
A evolução dos brinquedos do play traz mais segurança Madeira e ferro são substituídos por plástico rotomoldado, técnica que transformou os parquinhos dos condomínios A cada dia, mais e mais pessoas buscam condomínios com áreas de lazer, principalmente quem tem filhos pequenos. É uma forma de aproveitar o tempo livre com os pequerruchos em um local seguro que tem diversão garantida. Para a criançada, o playground é hoje o quintal de antigamente. A extensão da residência é um local ideal para correr, jogar bola, fazer comidinha nas casinhas de boneca, escorregar, ir lá no alto com o balanço e brincar, brincar e brincar. Porém, a energia infantil precisa ser “vigiada” para que os menores não sejam vítimas de acidentes nos brinquedos.
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De acordo com o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), em 15 anos (1999 a 2014), houve 6.218 internações hospitalares no SUS provocadas por quedas e aprisionamento de partes do corpo das crianças nos parquinhos. Desse total, 45 faleceram após o acidente. A Safe Kids Worldwide, uma organização global dedicada à prevenção de lesões em crianças, mostra que 90% dos acidentes podem ser evitados com a adoção de medidas simples, como “mudança de comportamento, de adequação, criação e fiscalização de leis,
de desenvolvimento e popularização de equipamentos de segurança e de políticas públicas eficazes”. No Brasil, o Ministério Público Federal entrou, recentemente, com uma ação civil pública para que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) regulamente, com base em norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a fabricação de equipamentos e os brinquedos instalados em espaços de recreação. A fiscalização, de forma obrigatória, se estenderá a parques, playgrounds, escolas e condomínios, entre outros.
participação efetiva dos moradores, que buscam sempre informações e levam sugestões à administração, importante para que o síndico entenda e saiba o que pode ser melhorado.
Da madeira e do ferro ao plástico rotomoldado
“Todos nós já fomos criança um dia” É com esse pensamento que o síndico Cléber Costa da Silva administra a área de lazer destinada a crianças e adolescentes do Residencial Don Garcia, localizado na zona norte do Rio de Janeiro e administrado pela CIPA. “Todos nós já fomos criança um dia. É preciso ter atenção, cuidado dos pais e das babás, manutenção dos brinquedos e de tudo que pode causar acidentes aos menores”, ressaltou Cléber. O condomínio tem 132 unidades e uma ampla área de lazer que foi idealizada pelos próprios moradores. O espaço tem lugar para andar de bicicleta, patins e skate e uma pequena quadra de futebol society. “Tem ainda um parquinho para as crianças, com um minipula-pula (doado por um morador), um balanço com dois assentos e um móbile com escorrega, todos cobertos e com grama sintética”, informou o síndico.
É nesse ambiente que as 30 crianças do condomínio se divertem. Conforme Cléber, o parquinho é usado pelas crianças que têm até 7 anos, e os maiores utilizam a quadra e o espaço do play. Apesar de não ter acontecido nenhum acidente, a administração mantém algumas normas para o bom funcionamento do condomínio e para a segurança dos moradores. Entre elas, uma em especial é voltada para as crianças pequenas, que só podem usar os espaços acompanhados pelos pais, responsáveis ou babás. A manutenção dos brinquedos do Residencial Don Garcia é feita regularmente por parceiros já contratados para esse tipo de serviço. “Todos os brinquedos merecem zelo da administração, mas a atenção maior ocorre no parquinho, pois, diariamente, as mães e babás fazem uso desse espaço com as crianças”, afirmou o síndico. De acordo com Cléber, o relacionamento no condomínio é o melhor possível e há
Nos séculos passados era comum a criançada sair dos parquinhos com uma farpa encravada na pele ou com um belo arranhão no corpo, quando os acidentes não eram mais graves. Tudo por causa de brincadeiras em balanços, gangorras e escorregas, que geralmente eram feitos de madeira e de ferro. Aos poucos, os brinquedos dos plays começaram a ser substituídos por outros mais resistentes, confortáveis e seguros. Hoje, a moda é o colorido do plástico rotomoldado. A rotomodelagem, de modo simples, é um processo de transformação de plásticos adequados à confecção de brinquedos e outros produtos, garantindo maior resistência e durabilidade. Além de fazer a alegria da criançada com suas cores vibrantes, se tornou sinônimo de segurança no mundo todo. Alberto Cosmelli, consultor da empresa Renove Brinquedos, alerta para o fato de que todos os equipamentos devem possuir selo e qualificação do Inmetro. Segundo ele, normas de segurança devem ser seguidas, e é importante sempre fazer a vistoria para não haver nenhum tipo de surpresa desagradável. “Os plays com brinquedos de madeira e ferro não oferecem a devida segurança, e esses itens deveriam ser imediatamente
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trocados por de plástico rotomoldado. Os de madeira, irregulares e sinuosos, proporcionam diversos tipos de perigo, como pregos expostos. Os de ferro passam por um rápido processo de corrosão em uma cidade salinizada, como o Rio de Janeiro”, explicou Alberto Cosmelli. O playground ideal, para o consultor, é o que dá segurança a meninada, com brinquedos de plástico rotomoldado e piso emborrachado acima de 20mm. O mobiliário infantil deve ter cantos arredondados e com a altura que obedeça ao nível de idade da criança. Em relação ao piso, os emborrachados, também chamados de piso ecológico, vêm gradativamente ganhando mais espaço nos condomínios por causar menos impacto na queda dos pequenos, sem contar que o produto é mais durável. O consultor reforça a importância de fazer a manutenção técnica especializada dos brinquedos pelo menos duas vezes por ano, além de seguir as normas da ABNT. Cosmelli lembra que a vida útil dos brinquedos de madeira e ferro gira em torno de cinco anos, enquanto os de plástico, acima de 10 anos. Para o uso adequado dos brinquedos, ele recomenda que as áreas da brinquedoteca (área interna coberta) e do baby play (espaço externo) devem ser utilizadas para os menores de 5 anos, monitorados sempre pelos responsáveis, e o playground (parte externa com outros tipos de equipamento) deve se destinar a meninada de 5 a 12 anos. E lembra que os locais precisam ser delimitados. “Investir em segurança nunca é demais, nem é supérfluo. Temos a obrigação de sempre proteger e zelar pela integridade física dos pequeninos. É nosso dever”, concluiu Alberto Cosmelli.
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sempre reitero para não fazerem barulho após as 22 horas, evitando incomodar os moradores”, explicou o síndico Cléber.
Modo segurança máxima para as crianças
Pokémon GO: uma nova mania no mundo O Pokémon GO chegou ao Brasil no início de agosto, ganhou, de imediato, vários adeptos e, em menos de 24 horas do lançamento, foi responsável por 18 mortes, uma estatística que acendeu o sinal amarelo para o uso do aplicativo, considerado uma verdadeira febre mundial. Sem dúvida, o aplicativo é uma ótima ferramenta de diversão, mas todo cuidado é pouco para não se machucar. Crianças, jovens e adultos também andam pelos lugares com o olho vidrado na tela do celular e não veem o perigo que está em volta. Nos condomínios, podem ocorrer incidentes nas escadas, nas portas, em cercas baixas, nos elevadores e nos próprios brinquedos que estão pelo caminho dos usuários do game. O alerta vale para todos: administração dos prédios e moradores. No Residencial Don Garcia, as crianças maiores e os adolescentes percorrem os espaços em busca do Pokémon, mas na maior tranquilidade. “Não houve nenhum problema no condomínio até agora, mas
A seguir, confira a lista que a Condomínio etc. preparou para identificar e manter os brinquedos em perfeito estado para o uso seguro das crianças. • Devem possuir identificação sobre a faixa etária destinada. • Usar superfícies, embaixo e ao redor, que amenizem a queda dos menores, como: borracha, cortiça, areia e grama. • Retirar da criança qualquer objeto que pode prender no brinquedo quando ela estiver escorregando ou balançando, por exemplo. • Checar a temperatura dos brinquedos é uma forma de evitar queimaduras provocadas pelas superfícies de metal expostas ao calor do sol. • A manutenção dos brinquedos deve ser feita diariamente, entre um e três meses, em caso da registrada, e de 8 a 12 meses, para a inspeção certificada por profissionais especializados. • Checar sempre a presença de parafusos soltos, desgaste natural pelo uso, superfícies cortantes etc. Qualquer observação deve ser informada imediatamente ao síndico ou à administração. • Observar o ambiente a ser utilizado pelas crianças e verificar se não há material de risco, como lascas de madeira, telas rasgadas e vidros quebrados. • Pedir a interdição do brinquedo caso constate que ele não tem condições de uso.
Brinquedos preferidos Escorrega
O corrimão é fundamental para o apoio da criança; no topo, deve haver proteção para evitar que o menor se desequilibre e caia; o espaço para a descida deve ser suficiente para a criança se sentar com facilidade e segurança; não instalar o equipamento em local em que incida muito sol, evitando queimaduras; a parte que desliza tem que ser construída de peça única, já que os encaixes podem trazer risco para a criançada, como cortes e escoriações; no fim da descida, é preciso haver uma pequena elevação para amortecer o deslize e evitar incidentes ao chegar ao chão.
Balanço
Os assentos ideais são iguais a uma cadeira, com proteção nas laterais e no encosto; a alças laterais têm que ser fortes e protegidas por plástico para a criança se segurar e não se machucar; o balanço deve ser isolado por cercas, evitando que outros usuários entrem no espaço e sejam atingidos pelo equipamento; deve ser usado para crianças menores de 12 anos e deve ter capacidade de suportar o peso delas. Indicada para menores de 5 anos; deve possuir alças firmes para a criança se segurar de forma adequada; o assento ideal deve ser de material confortável e ser igual a uma cadeira, com encosto e braços laterais.
gira-gira deve ser isolado para evitar que outras crianças cheguem perto enquanto o equipamento estiver em movimento; não é indicado para menores de 2 anos; encaixe perfeito na parte giratória com o eixo do equipamento para evitar o deslocamento das partes e acidente com os pequenos usuários; deve haver um dispositivo que possa limitar a velocidade; o brinquedo não pode ser instalado muito alto (para que a criança não caia se ficar tonta), nem muito baixo (impede que a criança prenda o pé no chão enquanto estiver girando).
Gira-gira
Trepa-trepa
Gangorra
Deve ter alças seguras em todo o brinquedo; o espaço onde está localizado o
ser bem fixadas no chão e cobertas de plástico com espuma; o brinquedo deve ser aberto.
Tanque de areia
A areia deve ser limpa e revirada constantemente; a cada dois anos ou menos, dependendo da necessidade, trocar toda a areia; só usar produtos indicados para a limpeza desse brinquedo; retirar qualquer objeto ou material estranho ao brinquedo; impedir que animais entrem no equipamento; cobri-lo à noite. Serviço
O uso desse brinquedo é recomendado para criança acima de 5 anos; as barras devem
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BEM DITA! – a coluna de boas notícias POR Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)
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“Alegre era a gente devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.” João Guimarães Rosa, na novela “Campo Geral”, em Manuelzão e Miguilim, do livro Corpo de Baile. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
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Novo site apoia projeto de leitura em Secretário, Petrópolis Marco Antonio Simas, escritor entrevistado no nº 63 da Condomínio etc., criou um site “que leva até você a cultura de um jeito diferente. Dança, literatura, teatro, cinema e tudo o que você merece saber. Leia, comente e participe.” Recomendo que o leitor clique no Like e espalhe para todo mundo: http://artecult.com/literatura/leva-e-traz/ ou o atual http://artecult. com/literatura/historia-de-uma-historia/ Tem de ser poeta para transformar, assim, em palavras momentos entusiásticos da vida. Como estes, quando enfrentamos o mau tempo porque sabemos que o sol virá para amadurecer os frutos do saber. Por isso, nos aventuramos e chacoalhamos a coluna rio acima, rio baixo, montando, estante após estante, instante a cada instante, salas de leitura para formar leitores críticos. Muito obrigada, queridíssimo Simas, por apoiar nosso Ponto de Leitura Joana Marchiori, em Secretário, que luta para sobreviver. Leia, a seguir, o texto de nosso escritor:
Cena 2 A menina, 9 anos. A aflição brilha nos olhos. Inquieta, criança que é, questiona a mãe pela décima quinta vez: – Posso ir, mãe? – Já falei, Priscila, não abriu. A dona Stella nem acordou. – Espero lá perto da porteira e vejo a hora que abrir. Deixa, mãe. Já fiz o almoço pro pai e varri em roda da casa… – Diacho. Vai. Pega o que tem pra pegar e volta no mesmo pé.
"Cena 1 O velho fusca branco corta a veia marrom, quase rosa, por entre as montanhas. Pulsa no ritmo da emoção, miríade de sonhos e expectativas. No comando, tal qual o timoneiro da arca de boas novas, Estrela segue o caminho batido, mas sempre renovado pela alegria.
Cena 3 A menina parte em disparada pelo quilômetro e meio, descalça, a pele grossa contra o cascalho, o peito arde, um pouquinho pela falta de ar e muito pela ansiedade. Corre pela imaginação, antevê os lugares e todas aquelas pessoas que jamais imaginou conhecer.
FOTOS: Stella Maris Mendonça
Hoje, vou divulgar ações de apoio a trabalho voluntário de formação de salas de leitura que realizo há mais de 10 anos na zona rural de Secretário, Petrópolis. Uma luta enorme misturada a alegrias e tensões, como todas as lutas enormes de quem trabalha com cultura e educação no país. Precisamos de união e, por isso, peço que entenda o tom personalíssimo da coluna. Quem quiser conhecer, participar e apoiar as bibliotecas rurais, escreva um e-mail e combinamos. Fortificar o campo para garantir vida digna na raiz.
Cena 5 O fusquinha vem devagar e traz, com o pó, o remoinho de novidades. Dona Estrela, de cabeleira à solta, sorri, feliz, para a sua recompensa. – Ei, querida, chegou cedo… – A senhora trouxe? – Claro, nunca ia esquecer. Ajuda a tirar a caixa aí do banco. Cena 6 A menina senta no banquinho. Recebe, acaricia, abre e, com a ponta do dedo, percorre as primeiras palavras, com a intimidade de uma carícia.
Então lê. Tropeça nas vírgulas, escorrega na acentuação e segue em frente, determinada, emocionada, emocionando. Conversa com o Pessoa. Ela é o Pessoa.” Podia ser uma ficção. Uma história inventada. Uma tentativa de motivação. Só que é tudo verdade. O cenário é a zona rural de Secretário, Petrópolis. Dona Estrela é Stella Maris Cermeño Mendonça. Priscila é real e Pessoa é o Fernando. Vejam o vídeo dessa história, dirigido por Clara Nielsen: http://youtu.be/L9ySq8PPKj0
FOTOS: Stella Maris Mendonça
Cena 4 Priscila, 9 anos. Anda de um lado para o outro, avalia a altura do sol. Sobe na pedra pra uma visão melhor da estrada. Nada da poeira anunciadora. Lê a placa pregada na porta, uma, duas, dez vezes. Finalmente, a poeira esvoaça dourada contra o sol, que se desprendeu, preguiçoso, detrás da enorme pedra.
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Carta de doutoranda da biblioteca da Sorbonne apoia leitura em Secretário, Petrópolis “Exmo. Sr. Prefeito Rubens Bomtempo, Tive recentemente a honra de conhecer in loco um projeto altamente meritório que ocorre no âmbito de Secretário: o Ponto de Leitura Joana Marchiori. Minha emoção ao encontrar augusto espaço com vocação plural – educativa, social, cultural –, contendo acervo tão belo quanto diversificado, somente não foi maior do que a decepção ao saber que a continuidade desse magnífico projeto é constantemente ameaçada. Em tempos de baixo investimento no capital cultural e humano, iniciativas como
essa têm significado sobremaneira grandioso, pois vão ao encontro das necessidades dos estratos mais basilares da população, cuja carência de recursos se traduz em uma formação deficitária. Unindo o verbo à ação, as pessoas que estão na iniciativa do Ponto de Leitura avocaram a si o desafio de contribuir para a formação de uma sociedade mais justa. Penso, notadamente, na Sra. Stella Maris ou na própria D. Joana Marchiori. Nesse sentido, além de expressar a minha profunda admiração, venho prestar-lhes minha solidariedade diante das dificuldades encontradas para manterem o Ponto aberto.
Espero, senhor Prefeito, que o Ponto de Leitura Joana Marchiori encontre ainda na sua gestão o merecido apoio, tendo todas as condições necessárias para a sua justa continuação. Com os meus sinceros cumprimentos, Nataly Jollant Doctorante en littérature brésilienne au Centre de Recherches sur les Pays Lusophones (CREPAL) de l’Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3. Magasinière des bibliothèques à la Bibliothèque d’études portugaises, brésiliennes et d’Afrique lusophones de l’Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3.”
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Site sonoticiaboa.com.br Deu no site sonoticiaboa.com.br, irmão da Bem Dita!: “Já é possível reduzir a zero a conta de luz, sem fazer ‘gato’ e ainda guardar o excedente. O eletrotécnico Alírio Macedo, de Chapadão do Sul (MS), elaborou um projeto adaptado de um sistema de captação, geração e armazenagem de energia solar. A energia gerada durante o dia é inserida na rede através de placas fotovoltaicas e o excedente gera um bônus, que o consumidor tem até três anos para consumir. Alírio Macedo foi premiado quando a equipe da Energisa, de Parnaíba, fez a ligação da energia. A companhia ligou o pa-
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drão do primeiro consumidor de Chapadão do Sul com o inversor fotovoltaico On-Gride. Na casa de Alírio, seu consumo médio mensal é de 104 kWh e seu On-Gride vai gerar 150 kWh/mês. Com o excedente de 50 kWh/mês, Alírio disse que pretende melhorar sua qualidade de vida e ainda gerar bônus para alguma eventualidade. Assim, ele terá sua conta de energia zerada. Passado o período de três anos do bônus, ele é zerado e um novo acúmulo é iniciado. O gerador de energia também pode usar o bônus, do mesmo ponto gerador, para outros imóveis cadastrados na concessionária de energia local ou até de outros estados
em seu CPF. A vida útil do sistema é de 25 a 30 anos e ele cobre os custos do projeto e implantação em sete ou oito anos, em média. O aparelho conversor de Alírio é de última geração. Nele existe uma saída USB para computador que, quando conectado, passa todas as informações sobre a geração e o consumo da energia. Ele ainda é capaz de passar os dados através de Wi-Fi próprio. Para a cidade de Chapadão do Sul, o sistema é novidade, mas no campo, várias fazendas que já implantaram o sistema usam o bônus gerado. Alírio lembra que há linhas de créditos nos bancos para fazer, conduzir e instalar o On-Gride.”
NOTA
Metrô da Barra valoriza região O Jardim Oceânico não é mais o mesmo. A chegada do metrô por ali está realizando o sonho de quem quer morar perto da praia por um preço justo, ter acesso ao metrô e não sofrer tanto com o trânsito. O valor do metro quadrado na região vem aumentando em ritmo que em nada se compara à semiestagnação que se vê nas outras áreas da cidade. Entre janeiro e setembro deste ano, o preço dos imóveis da Avenida Érico Veríssimo, uma das principais do bairro, aumentou 4,8%, atingindo a média de R$ 11.856 por metro quadrado. O mesmo pode ser notado na orla, na Avenida do Pepê, onde a variação foi de 3,8%, com o metro quadrado batendo em R$ 17.051, segundo dados
do Sindicato da Habitação (Secovi Rio). No restante da Barra, o valor subiu, no máximo, 1,3% e, na zona sul, 1,8%. Desde que a cidade foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, em 2009, os cariocas viram os preços subirem à estratosfera, tamanha foi a valorização das propriedades. Passada a temporada olímpica, as oportunidades começam a surgir – e o Jardim Oceânico oferece algumas delas. É hora de negociar! O metrô vai chegando aos bairros e trazendo mudanças. Além de valorizar os imóveis no entorno, o carioca teve suas calçadas devolvidas com o fim das intermináveis obras. Outra grande vantagem é a melhoria do trânsito.
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Condomínio
Mas que praga!!! Cupins são difíceis de controlar, mas os cupins subterrâneos são piores ainda. Palavra de especialista. Controlar pragas não é tarefa fácil nem para os condomínios, nem para os especialistas. Isso porque a ação tem que ser conjunta. Do contrário, é quase como enxugar gelo. Isso é o que afirma Carlos Magno, supervisor da Sani System, empresa especializada no combate a pragas como ratos, baratas e cupins. Para ele, a pior praga de se combater é o cupim subterrâneo ou, melhor, o Coptotermes gestroi. Esse ser é originário da Ásia e foi provavelmente introduzido no Brasil nas décadas de 1920 e 1930, talvez com a chegada de cargas contaminadas aos portos brasileiros ou por meio de infestações nos próprios navios que aportavam em nosso litoral. A invasão dos cupins subterrâneos nas construções das áreas urbanas deve-se a um desequilíbrio ecológico causado pelo desmatamento, pela ocupação indiscriminada das áreas, pelo mau uso de inseticidas, por aterros inadequados e por descuidos durante as construções. O cupim subterrâneo tem seu hábitat natural na mata, de onde retira seu alimento de troncos e galhos de árvores mortas. Sua proliferação na mata é controlada por seus inimigos naturais, em particular, as formigas. Essa espécie também é conhecida como cupim de solo ou de parede e é terrível: difí-
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cil de combater e pode causar prejuízos incalculáveis em apenas três meses. A rainha pode chegar a dois centímetros de comprimento e viver até 15 anos. Por isso, uma mesma colônia pode permanecer ativa por muito tempo e elas costumam ser enormes, podendo abrigar até 1 milhão de indivíduos. Os ninhos desses cupins podem ocorrer em paredes de construção, sem contato direto com o solo, lajes, paredes duplas, em
meio ao reboco e tijolos ou podem ser subterrâneos mesmo. Esta é sua principal diferença em relação aos cupins de madeira seca, que constroem seu ninho na própria madeira que servirá como alimento. Seus ninhos são formados por uma mistura de fezes, saliva, solo e partículas de madeira. O que piora a situação é que eles se locomovem em estruturas que não são de madeira, podendo ir em busca de alimen-
tos que estejam próximos ao ninho. Uma vez estabelecido o cupinzeiro eles saem atrás de alimentos, transitando por túneis construídos pelos cupins operários nos solos, nas paredes, nos pisos, nos conduítes etc. Em alguns casos, esses túneis podem chegar a 30 ou 50 metros! Cupins subterrâneos podem danificar estruturas como tomadas, interruptores e até mesmo conduítes, por onde passam as fiações elétrica e telefônica.
A primavera e os cupins chegam praticamente juntos Com a chegada da primavera, os dias ficam mais longos, a temperatura sobe, as flores desabrocham e os animais se proliferam. Não apenas borboletas e pássaros, mas também outros bichos esquisitos e nojentos – as pragas. É só o tempo começar a esquentar que as famosas revoadas de cupim começam. E há quem não saiba que aquelas “formigas voadoras” são, na verdade, cupins prontos para fazer um ninho em sua casa...
Combatendo O especialista da Sani System, Carlos Magno, afirma que a técnica mais usada para combater os cupins é o sistema de iscagem. Ele explica: “É um sistema que consiste em dar ao cupim o alimento (celulose). Este vem impregnado com um princípio ativo necessário para o eliminarmos. Dessa forma, alcançamos o controle e a eliminação das colônias de cupim subterrâneo.”
Os ninhos dos cupins subterrâneos podem ocorrer em paredes de construção, sem contato direto com o solo, lajes, paredes duplas, em meio ao reboco e tijolos ou podem ser subterrâneos mesmo
Mas, segundo ele, só isso não basta. “É preciso que todos os moradores que tenham foco de cupim em casa ajudem, permitindo o acesso da equipe da vistoria interna e também não colocando nenhum tipo de produto no foco. Isso interfere no resultado final, ou seja, se agirem de forma diferente, vamos demorar a resolver o problema ou não obteremos sucesso no controle das colônias de cupins subterrâneos existentes”, ressalta. Magno afirma que os condomínios que resolvem realizar tratamento contra as pragas por conta própria correm riscos muito sérios. “Muitos compram determinado produto e contratam ou colocam uma pessoa totalmente despreparada para realizar o serviço, o que, muitas vezes, é um funcionário do prédio mesmo. Essa prática coloca em risco a saúde do funcionário e de todos os moradores, além, é claro, de não obter resultado satisfatório. E, ao lon-
go do tempo, há aumento considerável do nível das infestações”, avalia. O seguro e indicado é contratar uma empresa legalizada e obedecer ao tempo das renovações do controle indicadas por ela. Quanto a ter que sair de casa para descupinizar, Magno explica: “Já existe, no mercado, uma série de produtos que pode ser utilizada com a permanência do contratante no ambiente, mesmo durante a execução para a eliminação de cupins subterrâneos, mosquitos, baratas, ratos e formigas (utilizando gel, armadilhas e iscas). Esta é, sem dúvida, a melhor forma de tratamento, porém, exige paciência por parte do contratante, até o controle e a eliminação do problema”, ressalta. Em relação à questão de ter cheiro ou não, ele explica: “Todo produto, mesmo que não tenha cheiro, oferece certo risco para animais, gestantes, pessoas alérgicas e ido-
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sos. Tudo depende da circulação de ar no ambiente e se as pessoas são ou não alérgicas. Recomendamos que, durante a aplicação, ninguém fique no ambiente e que seja feito um acompanhamento a distância, se possível com o uso de alguma proteção; após a aplicação, dependendo de qual praga foi tratada, o tempo de retorno pode variar entre 6, 8, 12, 24 e 48 horas”, esclarece.
Identificando um foco Os indícios claros de que há um foco de cupim em um local são: • restos de solo e fezes nas peças de madeira infestadas; • presença de asas de reprodutores alados; • presença de túneis em árvores infestadas em locais próximo à edificação.
Cupim à vista! Sérgio Pitanga, síndico há sete anos do Condomínio Sunshine, na zona oeste da cidade, com dois blocos, 120 unidades e cerca de 370 moradores, conta que já houve foco de cupins subterrâneos por lá: “Achamos um ninho na laje da garagem. Era algo como uma casa de marimbondo. Chamamos uma empresa especializada e, ao longo de alguns meses, conseguimos acabar com eles, que já tinham se espalhado por alguns locais. Não foi algo simples”, lembra. Mais recentemente, há cerca de um ano, encontraram cupins nos andares.
Sérgio Pitanga, síndico do Condomínio Sunshine, já teve problemas com cupins subterrâneos e lembra que não foi fácil: “Chamamos uma empresa especializada e, ao longo de alguns meses, conseguimos acabar com eles”
Eles estavam nas portas do corredor de alguns andares. “Algumas unidades também detectaram focos internos e optaram por descupinizar internamente e o problema foi resolvido”, lembra. Com base nessa experiência, Sérgio Pitanga orientou seus funcionários a sempre observarem o condomínio com atenção para que possíveis focos sejam detectados rapidamente, ajudando na prevenção e eliminação. Serviço
Sani System Tel.: 2502-6198 www.sanisystem.com.br
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FOTO: MARIZA LIMA
NOTA
Revitalização da área portuária ajuda na economia de tempo no trânsito A revitalização da área portuária já está fazendo o carioca sair no lucro. O tempo médio no trânsito diminuiu significativamente. De acordo com a CET Rio, desde que a Via Expressa foi inaugurada, em junho, ligando a Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói ao Aterro do Flamengo, foi registrada melhora de 10,5% na velocidade média na região central, chegando a 17% nos horários de pico. O novo sistema de mobilidade urbana da área incluiu a substituição do Elevado da Perimetral pelas vias Expressa e Binário do Porto e seus túneis – Prefeito Marcello Alencar, Nina Rabha e Rio450 –, além do início da operação da primeira fase do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que faz a ligação Rodoviária-Aeroporto Santos Dumont. Segundo a Prefeitura, o processo de
mento na velocidade média de 40% na Av. Rio de Janeiro, de 15% na Rua Primeiro de Março, de 12% no Viaduto do Gasômetro, 9% na Av. Presidente Vargas, 50% na Av. Brasil – entre Caju e Francisco Bicalho –, 12% no Túnel Rebouças e 21% no Túnel Santa Bárbara.
Veja as principais obras:
racionalização das linhas de ônibus também contribui com os resultados. A CET Rio destaca como reflexo da transformação da Zona Portuária o au-
• construção de 4 km de túneis; • reurbanização de 70 km de vias e 650.000 m² de calçadas; • reconstrução de 700 km de redes de infraestrutura urbana (água, esgoto, drenagem); • implantação de 17 km de ciclovias; • plantio de 15 mil árvores; • construção de três novas estações de tratamento de esgoto.
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Economia
Lâmpadas de LED: uma solução econômica Todo síndico quer fazer um bom trabalho, e economizar é um bom começo. Se em seu condomínio esta é a ideia, você pode investir em lâmpadas de LED. E sem perder nenhuma qualidade na iluminação. O LED produz a mesma quantidade de luz utilizando menos energia, em grande parte, por que não gera calor nesse processo. As lâmpadas de LED representam até 60% de economia no consumo. O LED pode oferecer mais de 50 mil horas de vida útil, enquanto uma lâmpada incandescente dura 2 horas, a do tipo halógena, 3 mil horas, a fluorescente compacta, 6 mil horas e a fluorescente tubular, 7 mil horas. Em termos de durabilidade, uma lâmpada de LED equivale a 50 lâmpadas incandescentes, oito lâmpadas compactas fluorescentes ou 16 lâmpadas halógenas. Outra vantagem das lâmpadas de LED sobre as fluorescentes é que elas não utilizam mercúrio ou vapor de mercúrio em sua composição. Como elas não possuem metais pesados como chumbo e mercúrio em sua composição, não há a necessidade de descarte especial, como as lâmpadas fluorescentes. A utilização desses componentes é um fator negativo nas lâmpadas fluo86
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rescentes, já que o mercúrio tem efeito nocivo sobre a saúde, podendo causar câncer, problemas no sangue e danos ao sistema nervoso central, inclusive a morte. Com relação à exposição de produtos, a iluminação LED não emite radiação IV/UV, o que evita danos à pele, às plantas e a objetos ou produtos expostos, como roupas, calçados, móveis, decoração e obras de arte. Vantagens não faltam. Se seu condomínio ainda não entrou na onda LED, esta é a hora. As áreas comuns dos condomínios devem ser avaliadas de forma ampla. O LED por si só já é uma excelente opção, mas sensores de presença podem ajudar ainda mais no racionamento do consumo. Já imaginou o quanto de economia não se alcançaria colocando lâmpadas de LED e sensores de presença nas garagens, por exemplo? Pois é. O investimento compensa: dependendo do tamanho do condomínio, a economia da conta de luz acaba pagando os produtos em apenas um ano. Além disso, com a popularização da tecnologia, as lâmpadas de LED são encontradas no mercado com um valor cada vez mais acessível. Aposte nessa ideia e reduza gastos ainda mais!
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Reforma
Fundo de obras
sabendo usar pode até sobrar Saiba como o fundo de obras pode ser um grande aliado do condomínio Em tempos bicudos, só de pensar em fazer obras, os cabelos arrepiam. O síndico já rebola porque tem que administrar as despesas ordinárias do condomínio e, de repente quando vê, tem que fazer uma obra, e aí já não sabe nem por onde começar. Esta é a realidade de alguns condomínios. Outros, porém, já têm tudo organizado, dinheiro em caixa e uma lista de prioridades estabelecida. Este é o caso do Condomínio José de Anchieta, da quase profissional Lúcia Vianna. Digo quase profissional pois ela já deu nó em pingo d’água e o condomínio hoje vai muito bem, obrigada.
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Lúcia já está no terceiro mandato, sempre sendo reeleita. Pelo visto, os moradores estão gostando do que ela anda fazendo por lá. As contas sempre estiveram no azul, mas uma atitude que ela tomou assim que assumiu a sindicatura ali foi renegociar o contrato de aluguel do terraço com uma empresa de telefonia celular: “Em 2014, dobrei o valor que era pago habitualmente pela empresa. Com a nova receita tivemos uma folga e já fizemos várias obras sem ter que fazer cotas extras”, comemora. Antes, o que o condomínio tinha dava para fazer o básico, nada de alçar grandes
voos. Mas, depois, o patrimônio de todos no José de Anchieta já valorizou muito, pode acreditar. A troca de tubulação de esgoto foi uma obra imediata, pois, nos andares mais baixos, havia retorno. Não há mais. Depois dessa emergência, era hora de valorizar ainda mais: “Modernizamos o salão de jogos; reformamos os banheiros da piscina e a sauna seca; trocamos o piso da quadra de esportes; fizemos manutenção da cobertura; pintamos a portaria e a garagem (que ganhou reparos no piso também)...”, enumera a síndica, orgulhosa.
Quando foi feita a autovistoria, por força da lei, foram apontadas algumas poucas exigências, “todas muito simples, como placas e pintura”. Tudo foi feito, e nosso condomínio está em dia também com a autovistoria”, comemora. Mas as melhorias não pararam por aí. Agora Lúcia está trocando o piso da área da piscina. Apesar de o condomínio ter dinheiro em caixa para essas obras e reformas, a síndica não descuida dos orçamentos. São sempre três os pedidos para diferentes fornecedores e a opção de pagamento à vista garante um preço ainda melhor. Nas assembleias do condomínio são apresentadas as obras necessárias, que são avaliadas e autorizadas pelo conselho, como tem que ser. O trabalho dessa síndica, que conta com a CIPA na administração do condomínio, está dando o que falar e ela está de parabéns!
O que pensa o fornecedor Marcello Valle, engenheiro responsável da Zaimer Engenharia, já viu de tudo um pouco: “Muitos condomínios preferem economizar, fazer caixa e pagar a obra à vista, garantindo um bom desconto. Já outros fazem a obra e pagam em até 40 meses”, explica. Segundo Valle, quando as parcelas são muito longas, a empresa tem que ajustar o preço para que não saia no prejuízo, e o inverso também é real: pagamentos à vista podem ser mais vantajosos para o cliente, pois não há que se pensar em reposição da inflação ao longo de três anos de pagamento, por exemplo.
se for de qualquer jeito, é o que defende Valle, que já viu coisas que até Deus duvida: “Em um condomínio no Jardim Oceânico, na Barra, fomos chamados para um orçamento. Havia um comprometimento estrutural muito sério, ferragens aparentes em diversos pilares e reparos paliativos em vários pontos. Dava para perceber claramente que não eram reparos profissionais, e sim de amadores, o que pode oferecer um risco muito sério. É uma economia perigosa, pois os pilares sustentam o prédio”, ressalta. Nesse caso, o síndico estava com as contas no vermelho e não podia gastar muito. Valle fez um orçamento muito próximo do preço de custo por entender que a situação era delicada e oferecia perigo iminente aos moradores. A síndica Lúcia Vianna, do Condomínio José de Anchieta, não descuida dos orçamentos: são sempre três os pedidos para diferentes fornecedores e a opção de pagamento à vista garante um preço ainda melhor
“A experiência da Zaimer é que a maioria que parcela o pagamento o faz, em média, em 18 meses. Oferecemos parcelamento em até 40 vezes, mas muita gente não quer ficar com o orçamento comprometido tanto tempo assim. E quando se tem um fundo de obras já constituído, as coisas ficam mais fáceis”, argumenta.
Autovistoria e obras A grande verdade é que a Lei da Autovistoria obrigou muitos condomínios a fazerem aquelas obras que estavam sendo empurradas com a barriga. Mas não vale
Serviço profissional é obrigação do síndico É importante que o síndico saiba que somente uma empresa que tenha um engenheiro responsável pode assinar uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e que esse documento é exigido pelo CREA para que qualquer obra aconteça. “E um pedreiro não dá garantia de cinco anos por uma obra, coisa que qualquer empresa de engenharia séria faz”, informa. Valle acrescenta ainda que uma cópia do documento deve ficar no condomínio e outra, com a empresa. Em caso de fiscalização do CREA, o documento deve ser apresentado. E, finalmente, mas não menos importante, lembramos que o síndico ou mesmo a comissão de obras – se houver – deve chamar cada representante das empresas que ofereceram orçamento para ex-
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plicá-lo: “A apresentação de uma proposta não pode se limitar à apresentação de preço. Deve haver uma apresentação técnica para que os interessados entendam o que se pretende e como quer realizar a obra.”
Definição de ART A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) não é apenas uma obrigação legal para todos os profissionais vinculados ao CREA. A ART valoriza o exercício profissional, confere legitimidade documental e assegura, com fé pública, a autoria e os limites da responsabilidade e participação técnica em cada obra ou serviço. A ART gera as garantias jurídicas de um contrato. Com seu registro, todo profissional constrói seu acervo técnico. Esse documento é o espelho de suas realizações, de sua carreira. Tem efeito legal; é indispensável em licitações e representa um grande diferencial de sucesso individual. Empresas e profissionais são distinguidos no mercado quando comprovam atividades técnicas de que participaram quando apresentam seu Atestado de Acervo Técnico. É possível consultar, no site do CREA-RJ, a situação cadastral de profissionais e empresas registrados.
Fundo de reserva O fundo de reserva é o mais tradicional meio de juntar dinheiro. Seu percentual deve constar da convenção do condomínio e normalmente varia entre 5% e 10% do valor da cota condominial. Seu uso também deve constar da convenção, mas, em
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geral, ele se destina a casos emergenciais e quando não se tem dinheiro em caixa. E aí entra uma minúcia: se faltou dinheiro para pagar as despesas ordinárias, como os salários dos empregados, a conta de luz ou de água do condomínio, essas despesas devem ser do inquilino. Se a emergência for troca do maquinário do elevador, por exemplo, essa despesa pertence ao proprietário. Outro detalhe: se a destinação do fundo de reserva não constar da convenção, nada que uma assembleia para esse fim não resolva também. O que é indicado para não haver controvérsias sobre seu uso.
Fundo de obras Já o fundo de obras normalmente é feito para juntar dinheiro para obras de melhoria do patrimônio, como troca de canos, impermeabilização de lajes, reforma de portaria, play, pintura de fachada etc. Portanto, de responsabilidade do proprietário. Sua duração e valor devem ser definidos em assembleia.
Rateios extras Os rateios extras podem ser criados em assembleias de condomínio e, geralmente, servem para cobrir despesas imprevistas, têm a finalidade de acumular valores para uma obra futura ou ainda custear o 13º salário de funcionários. Também é usado para cobrir despesas ordinárias por conta de inadimplência. Da mesma forma que o fundo de reserva, é importante saber sua destinação para definir quem paga: inquilino ou proprietário.
O aluguel do terraço para uma empresa de telefonia celular garantiu muitas obras no Condomínio José de Anchieta
Arrecadação de fundos em condomínios Há diversos tipos de fundo, mas os mais conhecidos são os de reserva, de obras e os famosos e odiados rateios extras.
Cuidados que o síndico deve tomar É importante que o síndico estabeleça a duração da arrecadação, o quanto quer acumular e seu objetivo. Também deve deixar o dinheiro aplicado, para que não desvalorize. Serviço
Zaimer Engenharia Tel.: 2236-4913 | www.zaimer.com.br Crea RJ Tel.: 2179-2000 | www.crea-rj.org.br
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Mercado
completa um ano de vida Chancela de qualidade conferida às Administradoras é garantia de bons serviços
Procondo é o Programa de Autorregulamentação da Atividade de Administração Condominial, uma certificação que garante a qualidade e a excelência do serviço oferecido pelas administradoras de condomínios certificadas, oferecendo mais segurança e transparência a síndicos e condôminos. O Procondo está disponível para as empresas de administração de condomínios afiliadas à Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) que estejam há mais de cinco anos no mercado. Para obter a certificação, elas precisam passar por uma auditoria que avalia os itens mais importantes para a prestação de serviços com excelência e qualidade. Esse processo é realizado pelo Bureau Veritas, empresa líder mundial em certificações. A certificação é válida por três anos – com revisão anual – e, após esse período, uma nova auditoria completa deve ser realizada para a manutenção do certificado. Hoje em dia, as empresas que administram condomínios oferecem assessoria para questões diversas. Os critérios avaliados pelo programa estão 92
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divididos em um checklist de 154 itens, que verificam a gestão administrativa em diversos aspectos; alguns desses itens são muito importantes e devem ser observados, com atenção, por síndicos e condôminos: • Gestão de Contratos - o programa avalia o compromisso da administradora com a gestão de contratos, documentos e registros e as obrigações do condomínio com entidades públicas, além do controle de vencimento de seguros prediais, autovistorias etc. • Gestão de Recursos Humanos - o Procondo audita o controle dos contratos e dos registros dos funcionários das administradoras e de seus clientes, os condomínios, bem como o cumprimento das obrigações trabalhistas, sindicais e tributárias e dos benefícios que incidam sobre a força de trabalho de ambos. • Gestão Financeira - o Procondo avalia, a fundo, a gestão de aspectos financeiros importantes, como previ-
são orçamentária dos condomínios, cobranças de cotas condominiais e outras obrigações devidas pelos condôminos e a prestação de contas. • Gestão Tributária - o programa se preocupa, também, com o controle do pagamento de tributos devidos pelos condomínios (PIS, Cofins, CSLL, ISS, INSS, IRPF, DIRF etc.). • Gestão de Assuntos Jurídicos - por fim, o Procondo verifica se a administradora controla a gestão de todas as certidões negativas que o condomínio deve ostentar e o cumprimento da legislação, do regimento interno, de convenções condominiais e de contratos de prestação de serviços, bem como analisa se a administradora presta consultoria tributária e fiscal, civil e trabalhista e ações em juizados especiais. A auditoria de todos esses pontos tem como objetivo verificar a capacidade e o compromisso da administradora em gerir, de maneira eficaz, ética e legal, o patrimônio de seus clientes. Os condomínios só têm a ganhar contratando uma empresa certificada pelo Procondo. O Procondo foi lançado em 2015 por iniciativa de um grupo de empresários liderados pela Abadi que tinha a preocupação em identificar e regulamentar as administradoras de condomínios aptas a exercer a atividade de
Deborah O'Dena Mendonça, presidente Abadi e diretora da Unidade de Negócio e Condomínio da CIPA
administração condominial com qualidade, segurança e experiência necessárias para atender às necessidades de seus clientes, os condomínios. Para a diretora-geral do Procondo e presidente da Abadi, Deborah O'Dena Mendonça, o programa é um grande ganho para o mercado imobiliário, pois valoriza a atividade condominial e aprimora a qualidade do serviço prestado. “A Abadi efetiva um mercado de administração condominial mais saudável e, como consequência, beneficia o consumidor final”, arremata. A CIPA é uma das primeiras empresas certificadas pelo Procondo e assegura a seus clientes a alta qualidade dos serviços prestados. Se você ainda não é cliente, ligue para nós e peça uma proposta: 2524-0553.
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jusrisprudências
1ª ementa. Des. Bernardo Moreira Garcez Neto. Julgamento: 11/3/2016. 10ª Câmara Cível. Locação não residencial. Sublocação. Prédio destruído por incêndio. Ação do proprietário do imóvel para ressarcimento das perdas e danos. Contestação intempestiva. Revelia. Julgamento antecipado do mérito. Impossibilidade. Ré que requereu a produção de provas para demonstrar a inexistência de responsabilidade no evento danoso e a conduta dolosa dos autores. Inexistência de decisão quanto à admissão dessas provas antes da sentença. Error in procedendo. Violação ao artigo 330 do CPC atual e aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Sentença que confronta a jurisprudência do STJ e a norma do art. 335, inciso II, do novo CPC. Preliminar acolhida. Apelação provida pelo relator. 0012348-22.2014.8.19.0045. Apelação 1ª ementa. Des. Antônio Iloízio B. Bastos. Julgamento: 4/11/2015. 14ª Câmara Cível. Apelação cível. Rito sumário. Reparação de danos. Direito de vizinhança. Festa na residência dos demandantes. Barulho. Reclamação registrada no livro de ocorrências do condomínio residencial pelo réu. Contexto probatório que dá verossimilhança às alegações da parte autora. Exegese do art. 333, I, do CPC. Dano moral configurado, contudo, a verba indenizatória deve ser reduzida. 1. Trata-se de ação de indenização em que a parte autora busca a reparação de danos morais, sob o argumento de que a reclamação registrada pelo réu no livro de ocorrências do condomínio residencial em que moram as partes é consistente em declarações ofensivas e acusações infundadas, entre as
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quais que os autores patrocinaram uma festa com som alto acima da Lei do Silêncio, bem como que os convidados pareciam estar sob o efeito de álcool e de drogas, causando danos de grande monta. 2. Contexto probatório que dá verossimilhança às alegações da parte autora, com amparo de prova testemunhal e documental. 3. Dano moral configurado na espécie. Verba indenizatória fixada na origem (R$ 50.000,00) que no caso em liça merece redução para R$ 7.000,00 (sete mil reais) para cada autor, atendendo às funções do instituto, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 4. Recurso parcialmente provido. 0158677-19.2006.8.19.0001. Apelação 1ª ementa. Des. José Carlos Varanda. Julgamento: 4/2/2014. 10ª Câmara Cível. Ação de consignação em pagamento. Comportamento antissocial reiterado. Aplicação de multa. Art. 1.337, parágrafo único do CC. Tentativa de efetuar o pagamento do condomínio com exclusão da penalidade arbitrada. Não interposição de recurso pelo autor, ora interessado para assembleia geral, nos termos que lhe são permitidos pela convenção. Sentença de improcedência que se prestigia. Recurso ao qual se nega seguimento. 0013098-91.2016.8.19.0000. Agravo de Instrumento. 1ª ementa. Des. Geórgia de Carvalho Lima. Julgamento: 4/5/2016. 20ª Câmara Cível. Agravo de instrumento. Ação de reintegração de posse. Decisão que deferiu o pedido liminar, determinando a ora agravante a desocupação voluntária de área comum do condomínio, no prazo de 15 (quinze)
dias. Inconformismo da ré. Área comum de condomínio. Utilização da laje externa do prédio, para a acomodação de condensadores de ar-condicionado, que vem causando danos aos demais condôminos, haja vista o ruído e a poluição visual que tais aparelhos produzem. Primeira notificação para a adoção de medidas, como isolamento acústico das janelas das unidades atingidas, que não foram providenciadas pela ré. Realocação de parte dos aparelhos que importou nova reclamação. Documentos acostados ao recurso que não comprovam a tomada de qualquer providência, com o fim de sanar os danos suportados pelos demais condôminos. Medida liminar que deve ser mantida, eis que exercida dentro dos limites da atividade jurisdicional do julgador, não sendo hipótese de decisão teratológica, contrária ao ordenamento jurídico ou à prova dos autos. Recurso a que se nega provimento. 0059419-28.2009.8.19.0002. Apelação 1ª Ementa. Des. Patrícia Serra Vieira. Julgamento: 22/1/2013. 10ª Câmara Cível. Apelação cível. Ação indenizatória. Rito ordinário. Inicial que narra vazamento sobre o veículo dos autores, com danificação de sua pintura e consequente desvalorização do bem, e alega dano moral. Sentença de parcial procedência, acolhendo tão somente o pleito de indenização pelo dano material. Prova oral que demonstra a responsabilidade da sociedade empresária ré, que realizava instalação de armário sobre o granito de sua loja, ocasião em que causou furo no cano e o vazamento do qual se originou o dano. Má conservação das instalações hidráulicas do condomínio que não exclui a responsabilidade da sociedade apelante, configuran-
do-se, nitidamente, na espécie, o concurso de causas. Extensão do dano material suficientemente comprovada nos autos do processo, inclusive por meio de termos de avaliação do veículo após restauração da pintura, com perda de aproximadamente R$ 4.000,00 (quatro mil reais) em seu valor de mercado. Condomínio réu que não provocou a produção de prova pericial a fim de contestar a referida quantia. Inexistência de dano moral. Situação narrada que configura mero aborrecimento cotidiano de vizinhança e vivência em condomínio. Recursos a que se nega seguimento. 0005383-21.2014.8.19.0209. Apelação. 1ª Ementa. Des. Denise Levy Tredler. Julgamento: 18/12/2015. 21ª Câmara Cível. Apelação cível. Ação indenizatória. Improcedência do pedido. Manutenção. O condômino, isoladamente, não possui legitimidade para defender os interesses do condomínio em face do síndico, conforme o inciso VIII, do artigo 1.348, do Código Civil, o qual dispõe que o síndico deve prestar contas à assembleia e, caso não as apresente espontaneamente, um quarto dos condôminos poderá convocar assembleia para fazê-lo, consoante o disposto no art. 1.350, do mesmo códex. Uso do fundo de reserva para o pagamento despesas ordinárias, autorizado pelo conselho fiscal e ratificado pelos condôminos, mediante a aprovação, unânime, das contas do síndico. A recorrente não comprovou qualquer indício de irregularidade na composição da cota condominial ou na gestão do segundo réu, o que afasta sua alegação quanto a ter sofrido danos. A autora causou, desnecessariamente, prejuízo a todos os mo-
radores, haja vista que o condomínio teve que arcar com as despesas relativas à sua defesa na presente ação e não pôde dispor dos valores depositados em juízo na ação consignatória em apenso, também julgada improcedente. Recurso ao qual se nega seguimento, com base no caput do artigo 557, do Código de Processo Civil. 0000938-41.2006.8.19.0014. Apelação 1ª Ementa. Des. Wagner Cinelli. Julgamento: 11/11/2015. 17ª Câmara Cível. Apelação cível. Ação de consignação em pagamento. Cotas condominiais. Pretensão de exclusão da parcela atinente ao fundo de reserva. Sentença de improcedência. Autores, ora apelantes, que pretendem consignar o valor das cotas condominiais com exclusão do valor cobrado a título de fundo de reserva ao argumento de que determinados condôminos foram beneficiados com isenção de tal montante. Isenção decorrente de acordo judicial. Inexistência de tratamento desigual por parte do condomínio réu, ora apelado. Obrigatoriedade do pagamento do fundo de reserva previsto em assembleia. Artigos 12, § 1º, da Lei 4.591/64 c/c 1.336 do CC. Ausência dos requisitos previstos no art. 335 do CC. Subsistência da obrigação para os apelantes. Acerto da sentença. Recurso a que se nega seguimento, na forma do art. 557, caput, do CPC.
dico. Pagamento de despesas pessoais com a contratação de advogado particular para anular outra assembleia extraordinária, que deliberou a destituição do autor do cargo de síndico. Ausência de prévia divulgação do tema. Nulidade da deliberação. Valores já ressarcidos ao condomínio. Pagamento realizado logo após o ajuizamento da ação. Perda superveniente do interesse de agir. Manutenção da extinção do processo por fundamento diverso. Convocação assemblear na qual não constava o tema relativo ao ressarcimento dos valores indevidamente apropriados pelo síndico para pagamento de advogado particular. A discriminação dos assuntos que serão tratados na assembleia tem por finalidade advertir os condôminos a respeito dos temas que serão objeto de deliberação. A votação deve ater-se à ordem do dia, sob pena de configurar-se desvio de finalidade do ato. Formalismo a ser observado quanto às convocações de assembleias. Hipótese na qual o Apelante restituiu ao apelado, logo após a propositura da ação, a quantia indevidamente retirada do caixa do condomínio para o pagamento de suas despesas pessoais. Cumprida a obrigação que foi objeto de AGE, cuja deliberação o apelante busca anular, não há mais utilidade no provimento declaratório. Conhecimento e desprovimento do recurso, mantendo a extinção por fundamento diverso.
0056860-66.2012.8.19.0205. Apelação 1ª Ementa. Des. Rogério de Oliveira Souza. Julgamento: 21/6/2016. 22ª Câmara Cível. Direito civil. Condomínio edilício. Assembleia geral extraordinária. Inclusão de tema relativo ao ressarcimento do condomínio de valores indevidamente apropriados pelo sín-
0025992-38.2008.8.19.0208. Apelação. 1ª Ementa. Des. Nagib Slaibi. Julgamento: 31/8/2016. 6ª Câmara Cível. Direito imobiliário. Indenização pleiteada sob alegação de pagamento a maior de cotas condominiais, em virtude de assembleia geral, que deliberou, sem o quó-
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rum previsto na convenção e na lei, que os imóveis da cobertura do prédio pagariam cota maior do que os outros condôminos. Sentença julgando improcedente o pedido. Apelação. Questão de direito. O registro do imóvel e a convenção do edifício indicam que todos os condôminos como proprietários da fração ideal de 1/36 do terreno, motivo pelo qual as despesas vinham sendo repartidas em partes iguais. O autor questiona a validade da cláusula da convenção, que a alterou para que fosse cobrada a cota condominial com base na área construída, em 10 de setembro de 2003, por ausência do quórum previsto em lei. Provimento do recurso. Inexistência do quórum de dois terços previsto expressamente nos artigos 1.351, do Código Civil, e art. 25, par. único, da Lei 4.591/64. Aplicação do art. 1.336, I, do Código Civil: são deveres do condômino “I - Contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção.” (Redação dada ao inciso pela Lei nº 10.931, de 2/8/2004, DOU 3/8/2004.) Assim, havendo previsão por assembleia geral na elaboração da convenção de condomínio ou em deliberação extraordinária a fixação da contribuição fora do critério da fração ideal, este deve ser respeitado, no entanto, deve ser observado o quórum legal para a aprovação de tal cláusula, o que não ocorreu no caso. Precedente: 1021590-25.2011.8.19.0002 Apelação des. Guaraci de Campos Vianna. Julgamento: 10/3/2015 - Décima Nona Câmara Cível. Provimento do recurso. 0491988-15.2012.8.19.0001 – Apelação 1ª Ementa. Des. Pedro Freire Raguenet –
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Julgamento: 26/7/2016 – 21ª Câmara Cível. Civil. Processo civil. Ação indenizatória por danos morais proposta por proprietários de imóvel em face de condomínio. Pretensão de reparação decorrente de infiltração oriunda de área comum cumulada com indenizatória por danos morais. Procedência do pedido. Irresignação do réu. Danos morais. Infiltrações que prejudicaram a utilização do imóvel do autor e danificaram seu conteúdo. Eventos que extrapolam a esfera do mero aborrecimento cotidiano e que autorizam a fixação de verba indenizatória por danos morais. Condenação arbitrada em R$ 10.000,00 em razão do extenso lapso temporal em que os autores conviveram com os efeitos prejudiciais desses problemas. Precedentes desta corte. Sentença que não se pronuncia acerca da integralidade dos pedidos inaugurais constantes da exordial. Julgado citra petita. Ausência de nulidade. Entendimento doutrinário. Se o pleito contempla mais de um pedido e um deles deixa de ser julgado, tem-se aqui sentença inexistente em relação àquele, mas válida em relação ao tanto que tenha restado efetivamente decidido. Desprovimento do apelo do réu. Manutenção da sentença. 0388734-89.2013.8.19.0001 – Apelação 1ª Ementa. Des. Henrique de Andrade Figueira – Julgamento: 6/9/2016 – 5ª Câmara Cível. Civil. Condomínio. Multa. Infração de regras condominiais. Ação de cobrança de multa aplicada ao réu em virtude do reiterado comportamento antissocial e descumprimento dos deveres de condômino. A prova dos autos demonstra o correto atendimento pelo autor do trâmite neces-
sário à imposição da multa ao réu, inclusive com sua prévia intimação para comparecer à assembleia e nela se defender. A multa aplicada com base no artigo 1.337 do Código Civil não tem limite na previsão convencional. Recurso desprovido. 0031821-55.2012.8.19.0209. Apelação 1ª Ementa. Des. Cristina Tereza Gaulia. Julgamento: 6/9/2016. Quinta Câmara Cível. Apelação Cível. Cobrança de cotas condominiais. Promessa de compra e venda. Legitimidade da ré que deve ser aferida in status assertionis. Responsabilidade pelas despesas de condomínio, ante a existência de promessa de compra e venda, que pode recair tanto sobre o promitente comprador quanto sobre o promissário vendedor. Obrigação de efetuar o pagamento das despesas condominiais que só se inicia para os promitentes compradores com a entrega das chaves, ocasião em que os adquirentes passam a ter o uso do imóvel. Precedentes do STJ. Cláusula que estipula que a obrigação se inicia da data da promessa de compra e venda que não observa o dever de boa-fé contratual. Inteligência do art. 422 CC. Dever de responder pelas despesas condominiais que é do promitente vendedor até a imissão na posse dos promitentes compradores a partir do que passam esses a responder. Dispensabilidade da comprovação de cobrança. Obrigação de pagamento das cotas condominiais que tem previsão no art. 1.336, I, do Código Civil. Julgamento extra petita que não se configura. Multa de 2% sobre o débito que constou da inicial e decorre de previsão legal. Inteligência do § 1º do art. 1.336 do CC. Parcial procedência do recurso.
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