a sua nova revista de inclusão social, educação e inspiração ano 1 • edição 2 Exemplares avulsos: R$ 12,90
perspectivas para a natação paralímpica brasileira em 2016 Quer comprar um carro com isenção de impostos? Especialistas ensinam como
que lê livros para cegos 200002
Daniel Dias e as
Ainda nesta edição: Caneta
9 772359
Alexandre Melendez, professor, e alunos do Centro Educacional de Educação para Surdos Rio Branco: conexão total
Entrevista com Marco Arriens: regionalismos nas línguas de sinais e a formação do tradutor e intérprete de Libras
GA N H E neste nú mero PÔSTER C OM ALFABET O MANUA L E N ÚM ER OS EM LIBRA S
educação bilíngue de
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Para que eles aprendam Libras e Português fluentemente, o desafio está na formação adequada de professores e em metodologias eficazes para o ensino de Português como segunda língua
SEM LIMITES PARA NATHALIA BLAGEVITCH: ADVOGADA RELATA SUA EXPERIÊNCIA E TEM BIOGRAFIA LANÇADA ANTES DOS 30
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editorial
www.dmais-revista.com.br edição no 2 – março/abril 2015
REVISTA D+, ISSN 2359-5620, é uma publicação bimestral da MAIS Editora CNPJ n° 03.354.003/0001-11 Departamento comercial: Rua da Contagem, 201 - Saúde São Paulo/SP - CEP 04146-100 A Revista D+ não se responsabiliza por opiniões e conceitos emitidos em artigos assinados ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo esse último de inteira responsabilidade dos anunciantes. ASSINATURAS E Atendimento ao assinante: Julianny da Silva Nogueira Costa julianny@dmais-revista.com.br (11) 5581-3182 / 5583-0298 Realização:
Instituto de Apoio às Pessoas com Deficiência e à Inclusão Social Conselho Editorial Rúbem da S. Soares e Silvana Zajac editor@dmais-revista.com.br DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO E PUBLICIDADE Denilson G. Nalin denilson@dmais-revista.com.br Tels.: (11) 5581-1739 e 9 4771-7622 Consultores de Libras (surdos) Celio da Conceição Santana e Joice Alves de Sá Intérpretes de Libras (conteúdos do portal) Carolina Gomes de Souza e Rafaella Sessenta Apoio administrativo Alessandra Rodrigues dos Santos, Diego Zacarias Simões, Fernanda Pistoresi Arantes, Ivanilson Oliveira de Almeida, Lenielly Duana Vasconcelos Silva, Luis Filipe Rosa, Raquel Vidal de Lima, Silmara Kaminski Zajac Uma produção:
ponto a
comunicação • conteúdo • desenvolvimento humano www.ponto-a.com • comunicacao@ pontoaproducoes.com.br @PontoA_falecom • Fone/fax: (11) 3042-5900
Colaborações: Coordenação editorial: Jussara Goyano. Edição: Lucas Vasques. Revisão: Jussara Lopes. Diagramação e projeto: Monique Elias. Logomarca: Juliana Carnielli. ARTIGOS: Billy Saga, Rúbem Soares e Silvana Zajac. impressão: Mundial Gráfica (11) 3359-7575 / 2337-1326
SURDOS NA EDUCAÇÃO E OUTRAS NOVIDADES DESTE NÚMERO
E
ntender que os surdos também têm direito ao reconhecimento da Libras como sua língua materna é um primeiro passo rumo a uma formação cidadã. Por conseguinte, faz-se necessário aparelhar o sistema educacional para dar suporte a esse reconhecimento. Isso sem deixar de lado o ensino da Língua Portuguesa a esse público, o que contribui para o processo de inclusão. Um dos desafios está em pensar e desenvolver um processo de ensino para o surdo fora das metodologias que destacam a oralização no aprendizado da Língua Portuguesa. Desafio ainda maior é encontrar professores habilitados para tanto, com conhecimentos e bagagem pedagógica que deem conta desse processo. Gerir uma escola bilíngue de surdos esbarra no obstáculo da profissionalização e, embora haja instituições perseguindo essa perspectiva, como você, leitor(a), verá nesta Revista D+, há um longo caminho a percorrer, indicado pelos especialistas entrevistados nesta edição. Ainda se tratando da inclusão de pessoas surdas, temos uma entrevista com o renomado Marco Antônio Arriens, professor e pioneiro na formação de tradutores e intérpretes de língua de sinais. Ele acumula 32 anos de experiência internacional com o tema. Segundo ele, há a necessidade de respeitar os regionalismos das línguas de sinais e os aspectos culturais que compõem essa forma de comunicação. Dentre os demais assuntos desta edição, veja o perfil de Nathalia Blagevitch, advogada que viveu muitas experiências interessantes e teve sua biografia lançada antes dos 30 anos de idade. Confira, ainda, textos sobre tecnologia para cegos e equoterapia, que trazem dicas preciosas para melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. E não para por aí. Basta folhear a revista para perceber que esta edição está recheada de novidades e serviços. Boa leitura!
Equipe D+
CONTATO COM A REDAÇÃO, exclusivamente por e-mail: contato@dmais-revista.com.br. Cartas no endereço: Rua da Contagem, no 201 – Saúde - São Paulo/SP – CEP 04146-100 Quer receber nossos boletins? Acesse www.dmais-revista.com.br e cadastre-se. visite nossa página no facebook www.facebook.com/revistadmais
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A SUA NOVA REVISTA
veja nesta edição
DE INCLUSÃO
SOCIAL, EDUCAÇ
ÃO E INSPIRAÇÃO ANO 1 • EDIÇÃO
EXEMPLARES
Alexandre Melendez, professor, e alunos Centro Educacionaldo de Educação para Surdos Rio Branco: conexão total
DANIEL
DIAS E AS PERSPECTIVAS PARA A
NATAÇÃO PARALÍMP BRASILEIRA EM 2016 ICA
QUE LÊ LIVROS
Pioneiro na formação de SURDOS tradutores e intérpretes de Libras, Marco Antônio Arriens percorre o Brasil e o mundo compartilhando experiências e conhecimentos. Páginas 6 a 10
Para que eles aprendam Libras fluentemente, o desafio está e Português de professores na formação adequada e em metod ologias eficazes para o ensino de Português como segun da língua
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imagem da capa: Ricardo Alcará
PARA CEGOS 200002
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EDUCAÇÃO BILÍN GUE DE
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AINDA NESTA EDIÇÃO: CANETA
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ENTREVISTA
AVULSOS:
ENTREVISTA COM MARCO ARRIENS: REGIONALISMOS NAS LÍNGUAS DE SINAIS E A TRADUTOR E INTÉRPREFORMAÇÃO DO TE DE LIBRAS
GAN NESTE HE CARTAZ NÚMERO GIGA COM ALFA NTE MAN UAL E BETO NÚM EM LIBR EROS AS
SEM LIMITES
NATHALIA BLAGEVITPARA CH:
ADVOGADA RELATA SUA EXPERIÊNCIA E TEM BIOGRAFIA LANÇADA ANTES DOS 30 30/3/2015 13:41:33
TURISMO RELIGIOSO Considerada o maior polo de visitação para os católicos, Aparecida do Norte se modifica para recepcionar as pessoas com deficiência. Páginas 44 a 47
PONTO DE VISTA
JOVEM, MAS EXPERIENTE
O psicólogo e mestre em Educação Rúbem Soares analisa as políticas públicas do setor e seus embates, com foco nos alunos surdos. Páginas 12 e 13
Aos 24 anos, a advogada Nathalia Blagevitch lança biografia e conta sua trajetória de vida, com destaque para o tempo em que morou nos EUA. Páginas 48 a 51
MATÉRIA DE CAPA Especialistas avaliam o cenário atual da escola bilíngue para surdos no Brasil e diagnosticam avanços e dificuldades no processo de educação. Páginas 14 a 21
ABAIXO A BUROCRACIA Concessionárias disponibilizam serviços especiais para facilitar a aquisição de veículos por parte, especificamente, de pessoas com deficiência. Páginas 24 a 27
TERAPIA ANIMAL Equoterapia do Projeto Liberdade ajuda em ganho de força muscular, percepção corporal, relaxamento, coordenação, linguagem e equilíbrio. Páginas 28 a 31
VOCÊ SABIA? Método conhecido como tadoma ajuda pessoas com surdocegueira a entender o que o falante está informando. Página 38
BOM ATÉ EmBAIXO D’ÁGUA Acostumada a quebrar recordes, a seleção paralímpica de natação intensifica os treinamentos para conquistar medalhas e pódios nos Jogos de 2016. Páginas 52 a 55
PREMIAÇÃO EM DOBRO Empresa Sodexo aposta na política de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e recebe dois prêmios em reconhecimento. Páginas 56 e 57
AVANÇO NO CONGRESSO Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, com novas diretrizes para os PcDs, é aprovada na Câmara e, agora, vai para apreciação do Senado. Página 59
Espaço do Tils (Tradutor/intérprete da Língua de Sinais) Página 22
APRENDA LIBRAS Página 34 SEM SOTAQUE Equipamento idealizado por brasileiros, a ‘caneta’ Pentop lê livros e etiquetas em voz alta, facilitando o dia a dia de quem tem deficiência visual. Páginas 40 a 43
ARTIGO BILLY SAGA Página 36 PASSATEMPO Página 58 PAINEL DO LEITOR Página 60 FLAGRANTE DA CIDADE Página 62
e d a d i s r e A div erença f i d a z fa G M P K na Afinal, entre tantas diferenças, o que é ser diferente? Acreditamos no valor da diversidade e apoiamos a inclusão em nossa Organização.
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entrevista
O pioneirismo na formação de tradutores e intérpretes de língua de sinais e seus entraves Com mais de três décadas atuando na capacitação de tradutores e intérpretes de Libras, Marco Antônio Arriens percorre o Brasil e o mundo compartilhando seus conhecimentos na área, por meio de cursos e oficinas por lucas vasques
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imagens: Eduardo Carneiro
N
atural de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, Marco Antônio Arriens, hoje com 52 anos, é o que se pode chamar de um batalhador pela causa das pessoas surdas. Com mais de 32 anos de trabalho ininterrupto na formação de tradutor e intérprete de Libras, o pioneiro não desanima e, tampouco, para de criar novas alternativas para levar seu conhecimento aos quatro cantos do mundo. Aliás, seu trabalho de capacitação de TILS já está espalhado por diversos países, por intermédio de seus cursos e oficinais inovadores. “Costumo dizer que recebi meu chamado para o trabalho com surdos em 1983 e comecei a atuar com eles, acidentalmente, em 1984, quando cursava o Seminário de Teologia e já alimentava o desejo de ir para a África ou França como missionário”, afirma ele, corroborando sua personalidade inquieta. Arriens procura adaptar os conhecimentos em diversas áreas para sua atividade principal. Ele é mestrando em Psicologia, formado em capacitação como Intérprete Internacional da Libras pela Gallaudet University, nos Estados Unidos; possui formação em Top Leadership, no Haggai Institute, em Singapura; professor de pósgraduação em Libras e também ministra aulas por EAD pelo Ibepex/Grupo Uninter e Grupo Censupeg, de Santa Catarina; utiliza mais de 10 línguas diferentes; trabalha há mais de 12 anos
como produtor de comerciais de televisão; tem inúmeras publicações científicas sobre Libras e interpretação pelo MEC; é mímico profissional; formou-se cômico e clown pela Escola do Ator Cômico de Curitiba, entre muitas outras faces. CONTE UM POUCO SOBRE SUA TRAJETÓRIA ATÉ CHEGAR À INTENSA MILITÂNCIA NA CAUSA DOS SURDOS E NA FORMAÇÃO DE INTÉRPRETES DE LIBRAS, QUE JÁ CHEGA A 30 ANOS. O QUE O MOTIVOU A TRABALHAR COM A CAPACITAÇÃO DE INTÉRPRETES DE LIBRAS?
Costumo dizer que recebi meu chamado para o trabalho com surdos em 1983 e comecei a atuar com eles, acidentalmente, em 1984, quando cursava o Seminário de Teologia e já alimentava o desejo de ir para a África ou França como missionário. Ao realizar um estágio de férias em Altônia, norte do Paraná – numa missão de evangelização de surdos –, aprendi a linguagem e sinais com os surdos, num tempo recorde de 26 dias. Até então, tinha preconceito em relação às pessoas surdas. Já de volta para Curitiba, um dia, quando passava numa rua central, me tocou muito observar um grupo de surdos reunidos. Mas levei certo tempo para criar coragem e me aproximar. Fui bem recebido, porque acharam que eu era surdo também, de tão eficaz que foi minha comunicação em linguagem de sinais. Na primeira festa que me convidaram, me senti perdido: eram 60 surdos gestualizando rapidamente. Era um mundo só deles, separado, que eu não conhecia. Logo me engajei e me tornei membro da Comissão de Luta pelo Direito do Deficiente Auditivo do Paraná, através da qual participei da organização de seminários e dois grandes encontros nacionais com a participação de médicos , fonoaudiólogos, professores e psicólogos, já em 1985/86. Primeiro ouvinte membro da Associação de Surdos do Paraná, comecei a fazer um trabalho muito discreto de levar surdos a diversas comunidades das igrejas batistas, começando na Igreja Batista da Água Verde. Mesmo com toda a bagagem que adquiri durante este tempo de luta, tinha, ainda, certo receio de estar trabalhando com surdos, pois o meu desejo de ir à África ou França como missionário ainda não havia cessado. Dentro do seminário ensinei muitas pessoas, para que pudesse transferir a outros a responsabilidade desta tarefa que Deus já estava designando para mim. Entre minha primeira viagem à Inglaterra em 1986 e o retorno a Ijuí para trabalhar na agência de publicidade da família, e na televisão como produtor/diretor de comerciais, para estudar, pesquisar e meditar muito, se passaram quase três anos e, a convite da Adhonep – Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno (Capítulo Capanema), voltei a Curitiba para retomar o ministério com os surdos em
Como circulo por todo o país, é um ato ético e linguístico respeitar as imensas diferenças da Libras de uma região para outra do Brasil. Nosso país é um continente e não podemos (e nem devemos) querer “colonizar” ou “domesticar” linguisticamente o Brasil a partir da Libras de um único estado 1989. A Igreja Batista de Guabirotuba me assumiu, integralmente, como missionário para surdos. Comecei, então, com um surdo o trabalho de interpretar os cultos e, também, a ensinar religião numa escola da APAS – Associação de Pais e Amigos dos Surdos. Lá estavam alunos com cerca de 13 a 40 anos totalmente ignorantes na questão de religião. Peguei do zero, eles nem sabiam quem era aquele homem “pregado” na cruz. Logo descobri que meu trabalho precisava ir além das aulas de religião e passei a “falar” sobre drogas, namoro, sexo e relações humanas. As famílias, geralmente, apresentavam muitas dificuldades de se comunicar com seu filho surdo e esses assuntos, também, eram difíceis de transmitir. Fui ordenado pastor em dezembro de 1990, usando minha vida integralmente para o ministério com surdos, na Igreja Batista de Guabirotuba/Curitiba. QUAIS OS PRINCIPAIS PROJETOS QUE DESENVOLVEU NA ÁREA DE FORMAÇÃO DE INTÉRPRETES DE LIBRAS?
Depois de 32 anos em contato com os surdos e intérpretes, lutando por eles, chorando e se alegrando, tive um ministério (nacional e internacional) formado por muitos surdos e ouvintes, que trabalham em comunhão como uma família, e muitos projetos próprios para os surdos e suas famílias, tais como Projeto Salve Curitiba (evangelização), Projeto Comunhão (integração surdo/família/amigos), Projeto Criança Feliz (evangelização de crianças), Projeto Ágape (para casais surdos), Projeto SIGO (vagas de trabalho e outros acompanhamentos), Deaf Performance (coral de sinais de surdos), sou proprietário da Provilis (produtora de vídeo e literatura para surdos), entre outros. Com muitos cursos de extensão e viagens ao exterior, que me propiciaram conhecer melhor a cultura surda, tenho me dedicado ao ministério com surdos do Brasil. Participei de bancas de avaliação de professores intérpretes pela SEED do Paraná, avaliando mais de 500 professores e, também, das bancas de avaliação de TILS como voluntário da FENEIS/PR, avaliando centenas de TILS. Somente na Argentina,
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entrevista
estou ministrando oficinas de formação continuada de TILS para mais de 500 alunos ao mesmo tempo; em Cuba para mais de 200 pessoas (projeto voluntário e humanitário, inteiramente gratuito) e na Bolívia, também (sendo, inclusive, o pioneiro da implantação do bilinguismo no país). Atendo, atualmente, a muitos trabalhos de surdos e TILS do Brasil e exterior, com aconselhamento, assessoramento, implantação de ministérios, desenvolvimento, palestras sobre mundo e cultura dos surdos e, ainda, com materiais didáticos específicos sobre surdez do mundo inteiro. Também estou me integrando a secretarias de Educação de vários estados do Brasil e exterior, para ministrar aos professores e técnicos que atendem os surdos. Ao mesmo tempo, estou, constantemente, em viagem pelo Brasil e exterior para treinar líderes e intérpretes com minhas oficinas de treinamento para intérpretes de linguagem de sinais, além de palestras específicas – já alcancei mais de 13.900 intérpretes no Brasil e exterior nas oficinas de apoio na capacitação de TILS. SABEMOS QUE, ASSIM COMO NO PORTUGUÊS, NA LIBRAS TAMBÉM EXISTEM DIFERENÇAS REGIONAIS. COMO VOCÊ TRABALHA COM ESTAS ESPECIFICIDADES NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE TRADUTOR/INTÉRPRETE DE LIBRAS?
Como circulo por todo o país, é um ato ético e linguístico respeitar as imensas diferenças da Libras de uma região para outra do Brasil. Nosso país é um continente e não podemos (e nem devemos) querer “colonizar” ou “domesticar” (segundo Albert Memmi e Venutti) linguisticamente o Brasil a partir da Libras de um único estado. Para fazer a formação de um estado para outro, principalmente quando ministro formação aos surdos, necessito de intérpretes de apoio e/ou que os próprios surdos me façam as devidas correções linguísticas. É maravilhoso, porque acabo aprendendo (e respeitando) a riqueza das variações da Libras e seus entornos linguísticos de todo o país.
O grande diferencial do meu trabalho é a cosmovisão internacional que tenho na formação de TILS. Minha cabeça é um “globo” de nações e é muito rico ver e se valer de semelhanças e diferenças culturais dos surdos e TILS do mundo todo. Portanto, não falo em cultura surda, mas em aspectos culturais dos surdos 8
FALE SOBRE SUA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE INTÉRPRETES EDUCACIONAIS DE LIBRAS. A MAIORIA DE SEUS ALUNOS PERTENCE A ESSE GRUPO?
Posso afirmar que, atualmente, do público que frequenta meus cursos 90% são de intérpretes educacionais. Quando comecei minha trajetória, trabalhava no nível eclesiástico, na minha igreja. Depois, o estado do Paraná me descobriu e passou a me contratar para ajudar na capacitação de seus professores. Hoje, em algumas situações, meu público chega a ser 100% de intérpretes educacionais, quando sou chamado por secretarias ou prefeituras. HÁ DIFERENÇAS ENTRE O CURSO DESTINADO A INTÉRPRETES EDUCACIONAIS E O QUE É DIRIGIDO AO CIDADÃO QUE QUER, APENAS, APRENDER LIBRAS?
Não há diferenças. Na verdade, ministro dois tipos de oficinas. As que chamo de seculares, destinadas a qualquer pessoa que pretenda trabalhar com surdos; e as cristãs, com enfoque predominantemente eclesiástico. São enfoques diferenciados. Na primeira, me baseio nas disciplinas convencionais, no currículo normal de inclusão social. Aliás, o tema inclusão é a tônica em minhas oficinas, pois a formação de intérpretes inclusivos é a maior demanda, em função da tendência de se acabar com as escolas especiais, embora tenha gente lutando contra isso. COMO SE POSICIONA EM RELAÇÃO A ESSA QUESTÃO?
Sou a favor das escolas especiais até o ensino médio, mas utilizando o mesmo conteúdo do ensino regular. Acredito que quando o aluno termina a 5ª série, há a possibilidade de uma avaliação para se observar se ele tem a possibilidade de ser incluído. No início da trajetória, a criança e também os pais não conhecem a língua de sinais. Ela precisa, primeiro, ser alfabetizada em Libras, adquirindo uma base linguística forte. Defendo as escolas regulares, com classes especiais só de surdos, desde que haja estimulação precoce. Acho importante o professor ter seu tempo todo dedicado ao aluno surdo. Caso contrário, ele, em alguns casos, não assimilará o necessário e terá de participar de aulas de reforço no contraturno. A inclusão se daria no recreio, nas atividades festivas, nas práticas esportivas. Assim, fugimos do gueto. Sou amplamente favorável à inclusão com uma base sólida em Libras no ensino fundamental. É o que ocorre nos principais países da Europa. EM QUE MEDIDA SUAS EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS AJUDARAM A APERFEIÇOAR SEU CONHECIMENTO NA
ATIVIDADE DE FORMADOR DE INTÉRPRETES DE LIBRAS? O CONTATO COM OUTROS PAÍSES AJUDA SUAS ATIVIDADES NO BRASIL?
Esse é o grande diferencial do meu trabalho e o torna único no Brasil: a cosmovisão internacional que tenho na formação de TILS. Minha cabeça é um “globo” de nações e é muito rico ver e se valer de semelhanças e diferenças culturais dos surdos e TILS do mundo todo. Portanto, não falo em cultura surda, mas em aspectos culturais dos surdos, pois são muitos e extremamente diferenciados de um continente para outro. Trabalho mais com a linguagem e seus entornos e não somente com um recorte menor, que seria a língua de sinais propriamente dita, e isso torna os oito níveis de formação continuada que tenho (cada módulo com 40 horas) extremamente único e rico, abrindo muito a visão e a formação dos meus alunos. Tenho vivências impagáveis (às vezes ininsináveis) do Oriente ao Ocidente deste mundo. É tremendo! VOCÊ TEM ATIVIDADES NA ÁFRICA, CHINA, RÚSSIA, ÍNDIA, ESPANHA, ENTRE OUTROS. QUE TIPO DE AÇÕES DESENVOLVE NESSES PAÍSES?
Já estive em alguns desses países e em outros estou agendando ainda. Basicamente, realizo três tipos de atividades quando viajo pelas nações: participo de eventos internacionais de formação de TILS e de trabalho com surdos (às vezes, como participante e outras vezes como palestrante); e/ou sou convidado para ministrar capacitações a TILS aos surdos (com auxílio de TILS daqueles países). Se o país for muito carente (como fiz em Cuba por três vezes, capacitando 100 TILS e 100 surdos), faço como uma ação humanitária, não cobro absolutamente nada, é totalmente gratuito aos participantes - são experiências extremamente gratificantes. Tenho proposta para fazer esse tipo de projeto humanitário na África, Índia e China. A maior oficina que fiz até hoje foi na Argentina (já estive várias vezes neste país): em uma só oficina de capacitação tinham mais de 500 participantes (TILS e surdos) de norte a sul daquele país. Foi uma experiência única e inesquecível. Na Bolívia, implantei o bilinguismo (e isso foi registrado no livro de história do país) e no Oriente Médio (Jerusalém) realizei uma capacitação onde haviam nove países juntos em
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entrevista
Trabalho mais com a linguagem e seus entornos e não somente com um recorte menor, que seria a língua de sinais propriamente dita, e isso torna os oito níveis de formação continuada que tenho extremamente único e rico, abrindo muito a visão e a formação dos meus alunos VOCÊ É O PIONEIRO NO BRASIL NA CAPACITAÇÃO DE INTÉRPRETES, ALCANÇANDO A MARCA DE MAIS DE 13.900 ALUNOS QUE PASSARAM EM SUAS OFICINAS. QUAL A SUA PERSPECTIVA DE EXPANDIR AINDA MAIS ESSE NÚMERO DE FORMANDOS?
Pela minha agenda, que já está praticamente lotada este ano e já estou agendando para 2016, penso que, ao final do próximo ano, alcançarei a marca de 15 mil alunos TILS e surdos, que passaram pelas minhas oficinas de capacitação ao redor do mundo. Penso, ainda, a longo prazo, criar uma escola de capacitação de TILS internacional dentro do Instituto Keiraihaguiai, com ênfase na formação cristã desses alunos. COMO AVALIA O TRABALHO DO PODER PÚBLICO NESSA ÁREA?
uma só oficina - uma incrível troca de experiências. Em Singapura, onde realizei minha formação como Top Leadership, levei a visão do trabalho com surdos para 46 países diferentes em uma turma só. Sintome, muitas vezes, como um “embaixador” do meu amado povo surdo e TILS, defendendo seus direitos e culturas em todo o mundo. VOCÊ É PROPRIETÁRIO DA PROVILIS, PRODUTORA DE VÍDEO E LITERATURA PARA SURDOS. QUE TIPO DE TRABALHO DESENVOLVE LÁ?
Tenho contratos, através da Provilis, para dar palestras no mundo todo, oficinas de capacitação de TILS e surdos, trabalhos de assessoria, coaching, consultoria, produção dos meus jogos didáticos para surdos, os Deaf Toys by Marco Arriens, a produção de vídeos com acessibilidade em Libras, como o Smilinguido, Histórias de Formiga 2 (que ganhou o prêmio Areté, em 2009), a produção de literatura cristã para surdos, como O filho pródigo, em parceria com uma editora inglesa, a Lifewords. Tenho planos de produção de diversos vídeos sobre orientações para a vida e, ainda, a criação do Instituto Keiraihaguiai, através da Provilis.
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Creio que estamos indo bem, mas ainda há muito o que fazer, muito mesmo. A demanda de (bons) TILS aumenta a cada dia e a formação desses profissionais, aqui no Brasil e por diversos motivos, está um tanto banalizada. Os movimentos audista, neo-oralista, segregacionista, linguicista, colonizacionista, domesticalista, ouvintista, entre outros, nos mostram que muitas coisas não estão bem nessas formações e nas ações do poder público. Os “jogos de poderes”, polarizados hora de um lado e hora de outro, estão prejudicando grandemente a formação de TILS e o próprio povo surdo. Precisamos rever nossas leis e posturas éticas, novamente, antes que tudo se complique mais ainda, se torne um caminho sem volta. O NÚMERO DE INTÉRPRETES FORMADOS NO BRASIL É SUFICIENTE PARA A DEMANDA OU ESTÁ DEFASADO?
Está extremamente defasado. Quanto mais viajo por todo nosso imenso país, vejo mais e mais a necessidade de formação de TILS. Não uma formação banalizada, mas uma formação de excelência, qualidade e não somente de “quantidade”, que é o que mais vejo, não somente no Brasil, mas em muitos países da América do Sul. Precisamos trabalhar muito ainda, há muito o que fazer, há muita “terra” para conquistar.
Publieditorial
Reatech 2015
BRADESCO TEM SOLUÇÕES EM ACESSIBILIDADE QUE OFERECEM AUTONOMIA ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Os visitantes da Reatech 2015 poderão conferir todos os produtos e serviços do banco voltados para as pessoas com deficiência. A novidade deste ano é o lançamento da Intérprete Digital de Libras Bradesco, no item Abra sua conta do portal bradesco.com.br. Com ela, as pessoas com deficiência auditiva podem acessar as mais diversas informações em soluções bancárias. Durante o evento os visitantes terão a oportunidade de interagir com a intérprete por meio de um Chat Interativo. Quem não visitar a feira, poderá conhecer a novidade acessando bradesco.com.br. Em breve, a Intérprete Digital de Libras Bradesco também estará presente na página do banco no Facebook e no Autoatendimento. Os clientes com deficiência auditiva têm ainda a sua disposição a tradução em Libras do conteúdo dos sites da Bradesco Seguros e Bradesco Saúde. Nos dias da feira, também será possível solicitar serviços nos formatos em braille e fonte ampliada: extratos consolidados, gabaritos para preenchimento de cheques e porta-cartões de débito/crédito – por meio dele, a pessoa com deficiência visual pode acessar todos os dados do seu cartão como nome impresso, bandeira, validade, numeração e código de segurança, entre outros. Já as pessoas com deficiência física, impossibilitadas de movimentar os membros superiores, podem contar com o Mouse Visual Bradesco, software exclusivo que possibilita o uso do computador apenas com movimento da cabeça e da boca. Venha conhecer o portfólio completo de soluções do Banco e ficar por dentro de todas as novidades!
Saque Fácil Outro serviço exclusivo no estande durante a Reatech é o Saque Fácil Bradesco, especialmente desenvolvido para quem tem deficiência visual. Disponível na rede de autoatendimento do Banco, o serviço permite que, durante as operações de saque, um software de voz, instalado na máquina, verbalize a quantidade, valor e posição das notas dispensadas. Por exemplo, se o cliente estiver realizando um saque de R$ 90,00, ele ouvirá a seguinte informação: “Retire as notas. De cima para baixo, foram disponibilizadas duas notas de R$ 20,00 e uma nota de R$ 50,00. O valor total do saque é de R$ 90,00”.
Mais informações no site bradesco. com.br/acessibilidade.
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ponto de vista
Políticas públicas de educação: foco nos alunos surdos Os determinantes da política educacional se articulam com o projeto de sociedade que se quer implantar (ou que está em curso) num determinado momento histórico
A
s políticas públicas de educação se classificam no campo das políticas sociais. Esse é um campo deflagrado por embates dos diversos atores sociais envolvidos na defesa dos interesses de seus grupos específicos. Os fundamentos de toda política pública são as leis. No tocante às políticas públicas de educação, a fundamentação primária é a Constituição Federal (CF) e a secundária é a LDB, seguida pelas demais leis, decretos, portarias, etc., que disciplinam a área. A CF de 1988 (art. 205) consagra como princípio a igualdade de condições para o acesso e permanência dos alunos na escola. Tal princípio
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combina com a efetivação do objetivo republicano do Estado em promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme art. 3º, IV da nossa Carta Magna. Isso conflui para um modelo de sociedade com escolas abertas a todos, em qualquer etapa ou modalidade, bem como o acesso a níveis mais elevados de ensino. Especialistas da área afirmam que os determinantes da política educacional se articulam com o projeto de sociedade que se quer implantar (ou que está em curso) num determinado momento histórico ou em cada conjuntura.
imagens: 123rf
Por Rúbem Soares*
Em uma atuação mais ampla na escola, a Educação Especial deve orientar a organização de redes de apoio, a formação continuada, a identificação de recursos, serviços e as práticas colaborativas
Sobre as políticas públicas de educação, em 2007 o MEC nomeou um grupo de trabalho para elaborar a nova Política Nacional de Educação Especial (PNEE). Durante mais de um ano foram promovidos debates sobre o teor dos documentos, e mais detalhadamente sobre qual concepção de atendimento educacional especializado (AEE) se adotaria no Brasil. Isso porque se pretende que esse atendimento integre a proposta pedagógica da escola e não que seja organizado como modalidade substitutiva à escolarização. Desses debates foi gerado o texto de 2008 da PNEE na perspectiva da educação inclusiva, o qual prevê que a Educação Especial integra a proposta pedagógica da escola regular. Ela deve promover o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Conforme esse texto, a Educação Especial deve direcionar suas ações para o atendimento às especificidades dessa população de alunos no processo educacional. No âmbito de uma atuação mais ampla na escola, a Educação Especial deve orientar a organização de redes de apoio, a formação continuada, a identificação de recursos, serviços e o desenvolvimento de práticas colaborativas. Focalizando o aluno surdo, o texto da PNEE reconhece o papel da Libras como meio de garantir a plena participação desses alunos no processo de educação. A PNEE prevê o oferecimento de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da Tecnologia Assistiva e outros. Em documento mais recente (Decreto 7.611, de 18 de novembro de 2011), o MEC apresenta
os serviços oferecidos aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação. Entretanto, ao se referir aos alunos surdos e com deficiência auditiva, o documento declara que serão observadas as diretrizes e princípios dispostos no Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005 (decreto que regulamentou a Lei no 10.436/2002, conhecida como Lei da Libras). Assim, segundo o MEC, a organização da educação bilíngue nas escolas da rede pública de ensino deve estar assentada em algumas diretrizes para a sua construção, tais como: a) inserção progressiva da disciplina de Libras nos cursos de formação de professores; b) criação dos cursos de Letras/ Libras (licenciatura e bacharelado), para a formação inicial de professores e tradutores/intérpretes da Libras; c) criação do curso de Pedagogia com ênfase na educação bilíngue; e d) instituição do Exame Nacional para Certificação de Proficiência no Uso e no Ensino da Libras e para Certificação de Proficiência no ensino, tradução e interpretação da Libras/Português/Libras – ProLibras. Segundo o próprio Decreto no 5.626/2005, para garantir o atendimento aos alunos surdos por meio do AEE, a escola deve contar com os seguintes profissionais: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras / Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como 2ª. língua para os surdos; e d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos. Não resta dúvida, portanto, que os referidos profissionais relacionados acima devem estar nas escolas comuns que atendem alunos surdos (as chamadas escolas inclusivas). Ou seja, as atuais políticas públicas de educação preveem uma estrutura de recursos humanos razoável para o atendimento aos surdos. Será interessante ouvir alguns dos profissionais aqui listados para refletirmos sobre o que preveem as políticas públicas e como estas vêm sendo executadas nos contextos escolares país afora. É o que tenta fazer a matéria de capa desta edição da Revista D+. * Rúbem Soares é mestre em educação (FEUSP), psicólogo e consultor em políticas públicas e educação bilíngue de surdos
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Escola bilíngue para surdos: avanços e carências
por lucas vasques
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uando se pensa em educação e na formatação de políticas de aprendizado das pessoas surdas surgem muitos questionamentos. Entre eles, qual é o papel efetivo da escola bilíngue neste processo, em que estágio se encontra a prática bilíngue em nossas instituições de ensino e como os professores se preparam para atuar com o segmento. Para responder essas e outras perguntas, especialistas analisam o panorama atual e apontam os caminhos que devem ser seguidos para que se alcance o nível desejado por todos. Cristina Boglia de Lacerda, fonoaudióloga, mestre e doutora em Educação e professora adjunta III da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), nos cursos de Licenciatura em Educação Especial, de Bacharelado em Tradução e Interpretação de Língua Brasileira de Sinais – Língua Portuguesa (TILSP) e no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, define a estrutura da escola bilíngue para surdos e explica como é, na prática, seu funcionamento.
imagens: divulgação / 123rf
Especialistas analisam o panorama atual da educação para surdos, detectam certa evolução, mas destacam falhas, e apontam os caminhos que devem ser seguidos para que se chegue ao estágio desejado por todos
“A efetividade do ensino passa pelo acesso aos conteúdos em uma língua que faça sentido para o aluno, na relação com professores e demais profissionais da educação fluentes em Libras” Cristina Boglia de Lacerda “Uma escola de educação bilíngue para surdos é a que considera a Língua de Sinais como fundamental para a aquisição de conhecimentos pela pessoa surda, e coloca essa língua em circulação e com status de valor tal qual àquele dado à Língua Portuguesa. Assim, é uma instituição que precisa ter instrutores surdos responsáveis pelo ensino/aprimoramento da Libras, tanto como L1 (primeira língua dos surdos e, portanto, trabalhando com alunos surdos), quanto como L2 (segunda língua para ouvintes - professores e funcionários da escola, que precisam aprimorar seus conhecimentos em Libras); ter professores bilíngues fluentes em Libras e Português para poderem ministrar os conteúdos de forma acessível aos alunos surdos, e intérpretes para mediar situações em que estejam presentes alunos e professores surdos e pessoas ouvintes que não dominem a Libras. Além disso, o Português, como modalidade escrita, nesta proposta, precisa ser ensinado como segunda língua para os alunos surdos, já que não é uma língua em que o surdo tenha proficiência oral. Assim, precisa de metodologias de ensino próprias de segunda língua. Tudo isso é imprescindível para uma escola que se denomine bilíngue”, explica. Cristina esclarece que as escolas bilíngues se baseiam, fundamentalmente, no desenvolvimento e aprofundamento do conhecimento em Libras. “Assim, preconiza-se (decreto federal 5.626) que as crianças surdas pequenas - Educação Infantil e Ensino Fundamental I, até 5º ano - tenham acesso aos conteúdos diretamente em sua língua (sua primeira língua - a Língua de Sinais). Deste modo, essas crianças precisam estar em salas de aula, cuja língua de instrução seja a Libras. Professores bilíngues (de preferência surdos) conduzem as aulas de modo a favorecer a aprendizagem dos conteúdos básicos em Libras. No Ensino Fundamental II (crianças maiores), a presença do intérprete pode ser acolhida, já que espera-se que as crianças tenham construído os conteúdos básicos em sua língua e podem, então, seguir aprendendo ainda que em uma sala onde um processo tradutório se faz presente.”
A Unidade de Ensino Especial Concórdia (RS) usa as bases curriculares nacionais e todos os funcionários são fluentes em Libras, trabalhando o Português como segunda língua
Esse modelo, segundo a educadora, se mostra mais promissor na educação de surdos, já que coloca a Libras no centro das atividades de ensino e procura ensinar com ela, e numa situação de imersão nessa língua. “Essas experiências se opõem àquelas nas quais o aluno surdo só tem acesso aos conteúdos em Libras no contraturno (serviços de atendimento educacional especializado). A efetividade do ensino passa pelo acesso aos conteúdos em uma língua que faça sentido para o aluno, na relação com professores e demais profissionais da educação fluentes em Libras.” Em relação a essas práticas e a proposta de uma educação verdadeiramente inclusiva, nos parâmetros em que esta vem sendo discutida nas esferas governamental e acadêmica, Cristina ressalta que a verdadeira inclusão passa pelo respeito à diferença e ao atendimento efetivo das necessidades de cada criança. “A criança surda só será incluída na escola e na sociedade se ela tiver respeitado seu direito legal de acesso à língua língua de sinais viso-gestual. Em nossa experiência temos visto escolas de surdos, que são muito mais inclusivas do que a maior parte das escolas comuns. Digo isso porque o respeito ao direito da criança surda de aprender em sua língua permite seu acesso aos conhecimentos de mundo e a sua cidadania, tornando a criança muito mais próxima de toda a sociedade e capaz de interações bem mais efetivas.” Os desafios ainda são muitos. “Formação ampla de profissionais da educação em Libras (instrutores surdos, professores surdos e ouvintes bilíngues, intérpretes de Libras, demais professores regentes de classe e gestores),
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Desafios na gestão A gestão de uma escola bilíngue para surdos precisa enfrentar inúmeros obstáculos. Quem afirma é a pedagoga Simone Aparecida Morgado, atualmente designada diretora da Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos (EMEBS) Profa. Vera Lucia Aparecida Ribeiro, localizada no Jardim Líbano, região de Pirituba, zona norte da cidade de São Paulo. “Um dos principais desafios é estruturar, de fato, o sistema bilíngue de educação de surdos. Pelo histórico de segregação cultural do nosso país, sofremos consequências, pois, ainda hoje, muitos de nossos alunos são diagnosticados tardiamente, chegando às unidades, muitas vezes, com idade avançada, ou seja, esta criança não tem a estimulação linguística na sociedade, na família, encontrando-a, apenas, nas EMEBS”, explica. “Outras dificuldades são: encontrar professores habilitados e fluentes em Libras, superação de funcionalidade de recursos tecnológicos que norteiam toda a pedagogia bilíngue para surdos, por meio de recursos midiáticos de apoio; a necessidade da abertura de sala de AEE (Atendimento Educacional Especializado) na própria EMEBS, devido à demanda de alunos com múltiplas deficiências, que precisam de um trabalho pedagógico especializado e individualizado”, ressalta. Simone explica que as escolas bilíngues para surdos, no município de São Paulo, não contam com salas de AEE. “Porém, passamos por um processo de inclusão como nas escolas regulares, recebemos uma demanda de alunos surdos que é a característica da formação mínima do professor que opta em trabalhar nestas escolas. Contudo, pelo menos 30% dos alunos que estão chegando para o nosso atendimento apresentam múltiplas deficiências associadas à surdez, ou seja, as escolas bilíngues para surdos necessitam do AEE para atender, individualmente, as especificidades deste alunado com múltiplas deficiências.” A diretora da EMEBS Profa. Vera Lucia Aparecida Ribeiro ressalta que houve necessidade de reestruturação da escola com a implantação da política de educação para surdos na perspectiva da educação bilíngue. “Fez-se necessária a formação mais aprofundada na Libras e na questão da múltipla deficiência. A Secretaria Municipal de Educação firmou contrato com universidades, entre outras iniciativas.”
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Melendez, do Centro Rio Branco: “Para ensinar, não tenho dúvidas que um profissional surdo qualificado é fundamental no processo”
“A concepção de bilinguismo, entre professores, ainda é muito falha, fazendo com que a prática se distancie muito desse tipo de filosofia. Agrava-se a isso professores que ainda atuam incluindo surdos em escolas regulares” Alexandre Melendez formação de professores de Português para o ensino de Português como segunda língua para surdos; formação para metodologias e práticas adequadas ao aluno surdo. Estados e municípios precisam estar atentos a estes profissionais, contratar e formar profissionais com esses conhecimentos para poder oferecer ensino de qualidade aos alunos surdos”, diz Cristina. Primeiros passos O ensino de Libras para crianças surdas no início da escolarização é fundamental para criar alicerces futuros, acredita o professor Alexandre Melendez, do Centro de Educação para Surdos Rio Branco (CES), em Cotia (SP). Ele revela que a maior dificuldade é com relação ao
atraso que as crianças surdas, majoritariamente filhas de ouvintes, apresentam na aquisição de linguagem nesse período crítico. A literatura especializada afirma que tal atraso não deve ser creditado à condição de surdez da criança. Esse atraso deve-se, sobretudo, à falta de exposição precoce da criança surda a contextos que favoreçam a aquisição da língua de sinais. “Essa aquisição é natural para crianças ouvintes (no caso das línguas orais) e deveria ser para as surdas (no caso das línguas de sinais). Existe esse fator, além de não existirem metodologias específicas para o ensino da língua nessa faixa etária. Outro desafio é com relação à equipe multidisciplinar, a qual deve trabalhar em conjunto para conseguir adaptar as práticas a cada aluno, e cada necessidade, favorecendo suas potencialidades”. Formado em Pedagogia, ele trabalha há 16 anos no Centro de Educação para Surdos Rio Branco, onde é professor do Ensino Fundamental. Em sua avaliação, existem deficiências na educação brasileira de surdos, o que acaba refletindo na prática docente. “Em linhas gerais, tivemos pouca melhora nesses últimos anos na qualificação dos professores. A concepção de bilinguismo, entre eles, ainda é muito falha, fazendo com que a prática se distancie muito desse tipo de filosofia. Agrava-se a isso professores que ainda atuam
Da esquerda para a direita: Cristine Biondo (PCNP da D.E. Sumaré) e Silvana Zajac (formadora da Mais Inclusão), parceria para atendimento aos alunos surdos
incluindo surdos em escolas regulares, ocasionando um fracasso escolar gigantesco, prejudicando esses alunos, cognitiva, social e emocionalmente.” Melendez fala do assunto com experiência própria, pois é surdo. “No começo de minha escolarização fui ensinado na filosofia oralista e tive grandes perdas
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“Vivemos em uma cultura em qu ea escrita representa um status mu ito grande. Assim, todos esperam que o surdo escreva, só assim parece que ele pode ‘provar’ que, realmente, sabe algo” Lucimar Bizio
Em Porto Alegre (RS), a A Unidade de Ensino Especial , atende várias faixas etárias, do Infantil ao Médio, com crianças a partir dos 2 anos de idade
nesse processo. Também não existia o conceito que o Português seria nosso segundo idioma. Assim, não fui ensinado em uma metodologia que favorecesse essa língua. Para ensinar, não tenho dúvidas que um profissional surdo qualificado é fundamental no processo.” E ressalta a importância da tecnologia no processo de escolarização do surdo. Segunda língua Outra questão fundamental é como se dá a prática do ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para surdos. Lucimar Bizio é graduado em Letras - Português, Inglês e Espanhol, com três cursos de pós-graduação na área da surdez/Libras, cursos de Libras na Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração do Surdo), na Derdic (Escola e Clínica ligada à PUC-SP), mestrado em Linguística Aplicada, com ênfase na escrita do surdo e doutorando na mesma linha de pesquisa. Ele busca entender a relação do surdo com a Língua Portuguesa. É professor de Português para surdos, em sala somente com alunos surdos e para surdos incluídos em uma mesma sala com ouvintes. De acordo com ele, o que existe de parâmetro para o ensino de Língua Portuguesa é ensiná-la como primeira língua. “Demoramos um pouco Bizio: “No campo da surdez, para distanciar disso. Somos muitos pontos precisam ser desnaturalizados, ouvintes, aprendemos dessa pensados, inclusive esse conceito forma, utilizamos essa de língua materna e segunda língua” língua em sua modalidade
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oral-auditiva, além de escrita. Seria ingenuidade pensar que não há algo que afete o trabalho do docente junto ao surdo, que espera recebê-la como segunda língua. Neste campo da surdez, muitos pontos precisam ser pensados, desnaturalizados, inclusive esse conceito de língua materna e segunda língua para surdos. A Língua de Sinais é gesto-visual. Queremos colocá-la no mesmo funcionamento de uma língua oral. Precisamos de outro campo teórico, um novo olhar, novas abordagens e práticas. Há algo do psíquico que fica fora dessa discussão linguística.” A relação com a escrita, frequentemente, é apontada como principal problema no processo de aprendizagem da Língua Portuguesa para surdos. “Vivemos em uma cultura em que a escrita representa um status muito grande. Assim, todos esperam que o surdo escreva, só assim parece que ele pode ‘provar’ que, realmente, sabe algo. As crianças, especialmente em período de alfabetização, seguem, mais ou menos, esse caminho também: a mãe fica desesperada se a criança demorar para o início da escrita. Assim, a escrita não é o principal problema nesta relação. O surdo está diante de uma língua que ele não ouve, não fala, mas é exigido dele que a escreva. A limitação de materiais de leitura acessíveis para o surdo, a trajetória de cada indivíduo no contato com a Língua Portuguesa deixam marcas na escrita. Além disso, esperamos que o surdo não somente escreva em Português, mas, também, o faça em uma língua formal. As possibilidades de escrita parecem ainda não fazer parte do nosso sistema escolar avaliativo. Importante nesta questão é lembrarmos: escrever o que e para quem. Os surdos, hoje, por exemplo, se comunicam, e muito, pelas redes sociais. Utilizam a escrita. O que a escola tem para dizer sobre isso?”, questiona. Intérprete de Libras em sala de aula Edison de Souza Trindade Júnior, graduado em Pedagogia e pós-graduado em Educação Especial, formou-se em Libras - Educação de Surdos, tem certificação de proficiência em tradução e interpretação de Libras/Língua Portuguesa/Libras; é fluente em Libras e tem 20 anos de experiência. Atua como
Panorama na rede municipal paulistana A Rede Municipal de Ensino de São Paulo desenvolve uma série de ações em relação à educação inclusiva de surdos. Renata Garcia, diretora de núcleo de educação especial da Secretaria Municipal de Educação, revela alguns serviços ofertados aos estudantes com surdez: seis escolas municipais de educação bilíngue, duas Unidades Polo de Educação Bilíngue, para surdos e ouvintes; atendimento educacional especializado nas Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão – SAAI; atuação colaborativa dos Professores de Apoio e Acompanhamento à Inclusão – PAAI, que integram as equipes dos Centros de Formação e Acompanhamento à Inclusão – CEFAI, junto aos professores dos Centros de Educação Infantil – CEIs; intérprete de Libras, entre outros. Renata destaca os principais desafios enfrentados pela reestruturação das antigas Escolas Municipais de Educação Especial, que se transformaram em Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Surdo (EMEBS): “Formação de recursos humanos para atuação em propostas de educação bilíngue (professores com especialização na área de surdez, instrutores de Libras e intérpretes de Libras). Atualmente, ainda se verifica escassez de profissionais qualificados para atuar em propostas de educação bilíngue.” Considerando que as EMEBS atendem até o 9º ano, ela conta como se dá o atendimento dos alunos surdos a partir do Ensino Médio na rede municipal paulistana. “O Ensino Médio é de responsabilidade do Estado. Desta forma, ao término do Ensino Fundamental, os estudantes são orientados quanto à necessidade da continuidade de estudos e oferta do Ensino Médio pela rede estadual, bem como disponibilização dos serviços de apoio.” A rede também oferece um serviço de apoio para os alunos nessa transição de ciclo e de modalidade de ensino. “As EMEBS e os CEFAI desenvolvem ações de orientação e acompanhamento, que possibilitam a transição dos estudantes com surdez do Ensino Fundamental, que se matriculam nas escolas de Ensino Médio da nossa rede (palestras, debates, visitas às unidades de Ensino Médio).” A diretora acrescenta que para os docentes da escola comum do Ensino Médio a rede proporciona formação, orientação e acompanhamento.
“Os alunos surdos apresentam diferentes níveis de conhecimentos prévios. Há os que sabem, pelo menos, as quatro operações e os que têm um pouco mais de conhecimento. Alguns têm pouco conhecimento até de Libras” Marco Antonio Ferreira tradutor intérprete de Libras na empresa Mais Inclusão e na Diretoria de Ensino de Sumaré (SP), além de ser professor de Libras no Instituto Federal de Hortolândia. Ele explica que o intérprete de Libras em sala de aula é o responsável pela comunicação entre surdos e ouvintes no contexto escolar. “Sua função é tornar acessível aos alunos surdos não só o conteúdo que é dito pelos professores, mas também toda a comunicação envolvendo o ambiente de sala de aula: as falas dos colegas, o sinal sonoro do intervalo, alguns ruídos que venham a chamar a atenção da turma e assim por diante. O intérprete especialista para atuar na área da educação deverá ter um perfil para intermediar as relações entre professores e os alunos surdos e ouvintes. No entanto, as competências e responsabilidades destes profissionais não são tão fáceis de serem determinadas.” Ele explica: “O papel do intérprete em sala de aula acaba sendo confundido com o do professor. Os alunos dirigem questões diretamente ao intérprete, comentam e travam discussões em relação aos tópicos abordados com o intérprete e não com o professor. Muitas vezes, o professor consulta o intérprete a respeito do desenvolvimento do aluno surdo. O
Edson de Souza Trindade faz um alerta: “O papel do intérprete em sala de aula acaba sendo confundido com o do professor”
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intérprete, por sua vez, se assumir todos os papéis delegados por professores e alunos fica sobrecarregado e, também, acaba por confundir o seu papel dentro do processo educacional”. Professor regente de sala comum Licenciado em Matemática e professor titular da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, Marco Antonio Ferreira destaca a diferenciação no nível de conhecimentos prévios que seus alunos surdos têm da sua disciplina, quando chegam ao 1º ano do Ensino Médio. “Os alunos surdos apresentam diferentes níveis de conhecimentos prévios. Há os que sabem, pelo
Encontro de formação de professores e gestores na Diretoria de Ensino de Sumaré (out/2014): Compromisso de melhorar cada vez mais o atendimento da demanda da educação de alunos surdos das escolas da rede estadual vinculadas à D.E. Sumaré
Referências na aplicação da educação para surdos Além de São Paulo, outros estados brasileiros contam com instituições de ensino que se tornaram referências na adoção de práticas pedagógicas bilíngues e inclusivas para surdos. O Colégio de Aplicação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro, é um exemplo. O INES é a primeira escola especial de surdos do Brasil. Fundada ainda na época do Império, em 1887, passou por diversas reestruturações ao longo de sua existência. A instituição é reconhecida, na estrutura do Ministério da Educação, como centro de referência nacional na área da surdez, exercendo os papéis de subsidiar a formulação de políticas públicas e de apoiar a sua implementação pelas esferas subnacionais de governo. Oferece Ensino Básico, Infantil, Fundamental e Médio, atendendo, aproximadamente, 500 alunos. Amanda Ribeiro, professora de Educação Básica do INES, explica que o colégio trabalha, exclusivamente, com alunos surdos, oferecendo atendimento pedagógico desde a estimulação precoce até a conclusão do Ensino Médio. “O Colégio de
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Aplicação do INES, explica Amanda, trabalha a partir da proposta de ensino bilíngue para surdos, ou seja, estimulando a comunicação fluente em Libras e em Português. “Como primeira língua (L1), a Libras é a instrução e o meio pelos quais o aluno surdo constrói sua identidade e leitura do mundo, enquanto a Língua Portuguesa é usada nas habilidades de leitura e escrita. Assim, a Coordenação Pedagógica estabelece estreita relação com o corpo da escola, promovendo reuniões semanais com professores orientadores de cada segmento e equipe disciplinar, buscando discutir e propor o fazer pedagógico”, ressalta. Concórdia Outro exemplo vem de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Há 49 anos, a Unidade de Ensino Especial Concórdia se dedica ao atendimento de crianças surdas. “Somos mantidos pela Associação Educacional Luterana do Brasil (Aelbra), pertencente ao grupo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Começamos usando a filosofia oralista, que era a vigente na época. Entretanto, ao
longo dos anos fomos mudando até chegar a uma perspectiva bilíngue. Atendemos do Infantil ao Médio, com crianças a partir dos 2 anos de idade”, conta a diretora Hiltrud Elert. “Nossa preocupação começa com a família, pois os pais que têm um filho surdo, normalmente, ficam perdidos e precisam de uma orientação clara. Por isso, desenvolvemos o Programa de Pais, no qual a família aprende Libras, com uma professora surda, e conta com o auxílio de psicólogos e fonoaudiólogos, para que consigam se adaptar a uma nova língua em suas vidas diárias”, acrescenta. A instituição utiliza as bases curriculares nacionais. “Todos os funcionários são fluentes em Libras e usamos o Português como segunda língua, para leitura e escrita, pois a língua de instrução e comunicação é Libras. Hoje, temos 121 alunos, distribuídos em turmas pequenas. Na Educação Infantil, por exemplo, as salas recebem até seis alunos. Já no Ensino Médio, as classes têm até 15 alunos, porque eles já conhecem as normas de convivência estabelecidas”, revela Hiltrud.
“Os 66 alunos com surdez profunda ou alguma deficiência auditiva mais moderada recebem apoio especializado, seja de professores da rede estadual, seja de nossos 62 intérpretes. Trata-se de um trabalho muito bem executado e que vem trazendo grande evolução no aproveitamento e no aprendizado dos alunos” Cristine Bosco Biondo menos, as quatro operações e os que têm um pouco mais de conhecimento, sobre equações, noções de geometria (são raros). É um segmento bem heterogêneo. Alguns têm pouco conhecimento até mesmo de Libras.” Sua experiência revela que existe a necessidade de um trabalho de nivelamento. “Seria bom poder, inicialmente, fazer um atendimento individualizado e tentar diminuir a defasagem, mas são alunos de um curso noturno, a maioria trabalha. Então, fica difícil desenvolver essa ação, que deveria ser feita no contraturno de aula. No entanto, temos uma sala de SAAI, e uma professora, que faz o atendimento algumas vezes por semana, mas não só em Matemática. A necessidade premente é que se coloque em prática uma metodologia de ensino específica. O auxílio de um intérprete e a utilização de recursos visuais mais elaborados são aspectos importantes”, resume. Demanda atendida A Diretoria de Ensino da Região de Sumaré tem como objetivo orientar, coordenar, intervir e avaliar administrativa e pedagogicamente as unidades escolares, definindo diretrizes e estratégias para o desenvolvimento dos alunos. É um órgão subordinado ao governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Educação, e também atua nas políticas de defesa das pessoas com deficiência. A Professora Coordenadora do Núcleo Pedagógico (PCNP) da Diretoria de Ensino de Sumaré, Cristine Bosco Biondo, conta que todas as crianças surdas na região são atendidas nas escolas por intérpretes de Libras. “Os 66 alunos com surdez profunda ou alguma deficiência auditiva mais moderada recebem apoio especializado, seja de professores da rede estadual, seja de nossos 62 intérpretes. É praticamente um atendimento exclusivo, pois há um caso de dois alunos na mesma sala.” Ela revela que em Sumaré não há escolas bilíngues, em função da longa distância geográfica entre as instituições, o que é compensado pela personalização do atendimento. “Acredito que nossa prática é fundamental para a diretoria de ensino. Em 2010, nós terceirizamos o serviço e houve a contratação de uma empresa, a Mais Inclusão, que é responsável pela formação dos intérpretes de Libras. Trata-se de um trabalho muito bem executado e que vem trazendo grande evolução no aproveitamento e no aprendizado dos alunos”, assegura. “A perspectiva para o futuro é continuar com esse serviço, propondo aos professores e gestores que realizem os cursos de Libras, presenciais ou on-line, para possibilitar e efetivar, cada vez mais, a comunicação entre os alunos surdos, os professores e a sociedade em geral”, acrescenta Cristine.
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silvana zajac
ESPAÇO DO TILS (Tradutor/intérprete de Língua de Sinais)
COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA Ela é uma das competências fundamentais, dentre as diversas necessárias ao tradutor/intérprete de língua de sinais
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respeito à língua oral, também é importante que se ão inúmeras as competências necessárias tenha uma boa dicção para que a interpretação seja para o exercício da função de tradutor/ executada com clareza. intérprete de língua de sinais. Tais Estrutura - geralmente, as línguas de sinais nacionais competências são construídas e ampliadas na possuem uma estrutura sintática diferente das línguas medida em que o profissional vai entrando em contato orais do mesmo país. Então, é com a área, tanto no que diz fundamental que o profissional respeito ao tempo de experiência Nas próximas edições, conheça muito bem a estrutura quanto ao campo de atuação de cada uma das línguas (educacional, eventos, TV/vídeo, traremos mais envolvidas no ato da jurídico, dentre outros). informações também interpretação para que esta tenha No entanto, é imprescindível qualidade e, consequentemente, sabermos o que é uma sobre outras uma melhor compreensão. competência e para que ela serve. competências que Vocabulário - refere-se ao Assim, Philippe Perrenoud léxico das línguas. Tanto na conceitua competência como a deverão ser estudadas língua de sinais quanto na língua faculdade de mobilizar um e ampliadas pelos Tils oral, é notório que o tradutor/ conjunto de recursos cognitivos intérprete tenha um rico (saberes, habilidades e conhecimento de vocábulos das informações) para solucionar com línguas em execução. Consultas a dicionários e leitura de pertinência e eficácia uma série de situações. boa literatura auxiliam sobremaneira no desenvolvimento Dentre as diversas competências necessárias ao e ampliação deste e dos demais aspectos inerentes tradutor/intérprete de língua de sinais existem algumas à competência linguística. que são fundamentais a priori e uma delas é a Nas próximas edições da revista D+ traremos mais competência linguística. Ela abrange o conhecimento informações sobre a competência linguística. Além dela, que o tradutor/intérprete tem sobre as línguas envolvidas serão apresentadas outras competências que deverão ser no ato da interpretação, ou seja, o grau de fluência na estudadas e ampliadas pelos Tils para que esse campo língua oral (Português) e na língua de sinais (Libras). cresça e se profissionalize cada vez mais. Caso você Existem alguns aspectos que precisam ser tenha dúvidas, perguntas e sugestões para enriquecer considerados para que a competência linguística esta seção, entre em contato conosco pelo e-mail seja ampliada: tilsdmais@gmail.com. Clareza - na execução da língua de sinais é importante que o profissional esteja atento aos vários elementos que compõem o sinal. Dentre eles, destacamos Silvana Zajac é doutora em Linguística Aplicada e Estudos a configuração de mão (forma que a mão assume ao da Linguagem (LAEL/PUCSP), mestre em Educação executar um sinal), o movimento, o ponto em que o sinal (Unimep), pedagoga, bacharel em Letras/Libras (UFSC/ é articulado e a expressão facial/corporal. No que diz Unicamp), formadora de Tils da Mais Inclusão
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serviço
para minimizar a burocracia Concessionárias disponibilizam atendimento específico para a aquisição de veículos por pessoas com deficiência Por Lucas Vasques / Imagens: Divulgação
A
s concessionárias de veículos estão se especializando, cada vez mais, em oferecer diferenciais para a pessoa com deficiência comprar seu automóvel com toda a orientação necessária para obter a documentação exigida, isenção de impostos e outros benefícios. O objetivo é minimizar os efeitos da burocracia, que, em alguns casos, pode atrasar em até dois meses o recebimento do bem adquirido. “O foco em vendas especiais é uma preocupação antiga. Faz cinco anos que intensificamos esse serviço e, hoje, temos uma boa participação no mercado. Vendemos, em média, 200 veículos mensalmente. Cerca de 40 são para o público PcD [quase 40% do total]”, afirma Wilson Cavenaghi, gerente geral da Honda Forte. Otavio Massa, gerente de vendas especiais da Honda Hville, explica o que motivou sua empresa a valorizar o segmento. “É um público que possui necessidade de informação e atendimento adequado. Somos abertos a novos negócios e já faz muito tempo que percebemos essa necessidade e oportunidade.” Marcos Saraiva, gerente regional de vendas diretas da GM, garante que a Chevrolet foi uma das pioneiras no desenvolvimento de produtos nacionais acessíveis, equipados com transmissão automática. “A marca, além de auxiliar o consumidor a conseguir as isenções fiscais, ainda costuma oferecer descontos especiais a PcDs. Para se ter uma ideia, tivemos crescimento no setor de 60% no último ano”. Marcello Paixão, gerente de vendas corporativas do Grupo Sonnervig, defende que a qualificação foi necessária para entender como funciona o segmento. “Em muitos casos, dependendo da lesão da pessoa, necessitamos oferecer uma estrutura adaptada para que a pessoa possa se sentir segura e à vontade. Além de estacionamento específico, se faz necessário ter um bom acesso adaptado para que haja a mobilidade de modo natural. Na prática, em nossas seis filiais, temos locais demarcados para estacionar, rampas de acesso e banheiros adaptados, conforme exige a legislação.”
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Saraiva, da GM: demanda pelos carros com isenção gerou crescimento de 60% nesse setor
Desde quando começou a fabricar seus veículos, em 1997, conta Marcos Martins de Oliveira, gerente comercial da Honda Automóveis, a marca já apresentava carros completos, com câmbio automático e direção hidráulica ou elétrica. “Cerca de 30% das deficiências dão direito a esses dois itens. Desde o início, portanto, houve uma demanda natural.” O gerente de vendas diretas da Toyota Caltabiano, Oswaldo da Costa Caldeira Júnior, destaca que a empresa montou um departamento para o atendimento às PcDs. “Não se trata de um setor exclusivo, mas é fundamental ter um especialista que acompanhe todo o processo. Além disso, nossa concessionária é totalmente acessível.” Cavenaghi informa que a Honda Forte criou um departamento especializado no atendimento a PcDs e taxistas. “Além do treinamento específico, incentivamos e pagamos para que os funcionários participem de cursos
CHEGOU A MULTIMARCAS DO CADEIRANTE !
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na área. A preocupação em atender bem também fez com que nossa loja fosse adaptada. Temos, inclusive, cadeira de rodas para fornecer ao cliente, em caso de necessidade.” Ainda em relação aos serviços oferecidos às PcDs, Saraiva ressalta que a Chevrolet possui uma rede com mais de 600 concessionárias pelo país. “Todas têm estrutura para atendimento, que inclui assistência para obter as isenções fiscais e a oferta de veículos especiais. A Chevrolet se preocupa, também, com a questão da acessibilidade em suas concessionárias e oficinas.” Já a Hville, destaca Massa, tanto em Alphaville quanto em Osasco, possui atendimento diferenciado. “Estrutura completa adaptada (rampa, banheiros, elevadores, sinalização), facilidade de acesso, test drive adaptado, completa orientação na documentação e muita boa vontade de atender bem.” Paixão acrescenta que a Sonnervig desenvolve, para casos específicos, um sistema de leva-e-traz, despachante especializado e motoboy para o processo documental. Segundo Oliveira, a Honda Automóveis tem todas as suas concessionárias preparadas para esse tipo de venda, que é mais burocrática. “Às vezes, falta informação. Por isso, é fundamental ter alguém de confiança para orientar. Nós desenvolvemos um treinamento específico para nossos profissionais, além de contar com toda a rede de lojas adaptada, principalmente para o cadeirante, com vagas no estacionamento, rampas de acesso a todas as dependências e banheiros adaptados.” Para Caldeira Júnior, realmente falta conhecimento à PcD. “A pessoa acha que é só passar pelo médico, receber o laudo e comprar o carro. Não é assim. Nos casos em que é a primeira vez, então, é mais complicado, pois o cliente precisa alterar a carteira de habilitação. Todo o trâmite pode demorar até 90 dias. Há gente que se desestimula no meio do processo, mas nós, da Toyota Caltabiano, incentivamos a não desistir.” Parceiros Em relação aos ajustes realizados nos veículos, Otávio Massa conta que a Honda Hville oferece as alterações. “O carro comprado é entregue já adaptado ao cliente.” Marcos Saraiva, representante da GM, afirma que, como as PcDs possuem necessidades bem diversificadas, os carros da marca são projetados para
A isenção para as PcDs recai sobre o IPI, para qualquer automóvel de passageiros, e, também, ICMS, desde que o carro não custe mais do que R$ 70 mil 26
receber diferentes tipos de adaptações. “Esse serviço, no entanto, é oferecido por empresas especializadas, como a Cavenaghi.” Marcello Paixão, da Sonnervig, também indica a Cavenaghi para a realização dos ajustes. Caldeira Júnior, da Toyota Caltabiano, ratifica a ideia de que para a adaptação dos veículos existem empresas especializadas. “Só elas podem emitir nota fiscal aceita pelo governo.” De acordo com Wilson Cavenaghi, a Honda Forte tem parcerias com vários despachantes, que acabam indicando clientes. “A ideia é tratar de toda a documentação de uma forma mais rápida e ágil. Em nosso caso, os clientes preferem levar às empresas especializadas, que, inclusive, são indicadas por nós.” Vale ressaltar, avalia Saraiva, que os consumidores estão procurando carros cada vez mais completos e fáceis de guiar. “Além da transmissão automática, o ar-condicionado, a direção hidráulica e os sistemas de conectividade são bastante valorizados. Antigamente, esses equipamentos existiam somente em automóveis grandes de luxo, que os tornavam inacessíveis à grande maioria.” Documentação e isenções As maneiras de se conseguir a documentação variam, de acordo com a vontade do cliente. “A concessionária Chevrolet é orientada a dar o nível de suporte exigido pelo consumidor. Tem desde o cliente, que pede para cuidarmos do processo de solicitação de isenção, até o que prefere providenciar tudo sozinho. Nesta situação, explicamos qual é o passo a passo”, revela Saraiva. “No nosso caso, possuímos uma forte parceria com despachante. Ele acompanha, monitora e dá feedback do processo até o seu término, com muita lisura e transparência”, esclarece Paixão. A isenção para as PcDs recai sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), para qualquer automóvel de passageiros, e, também, sobre o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), desde que o carro não custe mais do que R$ 70 mil, além de IPVA e liberação do rodízio em São Paulo. Em relação ao limite de R$ 70 mil, a isenção de ICMS é regulada segundo a portaria 38 do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), constituído pelos secretários de Finanças dos estados, além do Ministério da Fazenda. Existe uma reivindicação antiga, de cerca de dois anos, no sentido de aumentar esse teto, para que atinja um valor que permita a aquisição de veículos maiores, muitas vezes necessários para o transporte de equipamentos de locomoção e uso diário, imprescindíveis para algumas deficiências. A expectativa é que o Confaz se reúna nos próximos meses para decidir sobre o novo limite para isenção de ICMS. Para que o valor seja mudado, o resultado da
Honda: Há modelos com custo de quase R$ 60 mil que chegam a menos de R$ 50 mil com as isenções
votação deve ser obtido por unanimidade. O objetivo é que os integrantes do Conselho cedam ao pedido de elevação do valor, para que chegue à casa dos R$ 92 mil, referentes à atualização do teto atual pela inflação desde o ano de 2009, ano do último reajuste. Da forma em que estão, as isenções representam, em termos de percentagem, no custo final do automóvel, valores que dependem de algumas situações. “Varia conforme a categoria do veículo. Nos modelos com motor 1.0, como o Chevrolet Classic e o Prisma, esse desconto é de 7%; com motor acima de 1.0 e até 2.0, como o Spin e anuncio DF revista d+ marco-15.pdf 1 carros 19/03/15 o Cruze, o desconto é de 11%. Nos mais15:19 potentes,
como a Trailblazer, esse percentual chega a 25%. Já o abatimento da alíquota do ICMS é de 12%”, revela Saraiva. Cavenaghi cita um exemplo: “Um Honda Fit LX CBVT, com pintura sólida, tem o preço final de R$ 58.800,00. Com as isenções, chega a R$ 47.955,99, ou seja, uma diminuição no valor de R$ 10.844,00. É bem significativo”. Segundo Otavio Massa, o IPI é de 11% (carros flex), ICMS de 12% no Estado de São Paulo, e IPVA, com 4% (para condutores), além da liberação do rodízio. Marcello Paixão afirma que a representatividade da isenção fiscal é alta. “Gira em torno de 24 a 27%, dependendo do modelo, e hoje temos um dos mais desejados do segmento, que é a Ecosport.” Marcos Martins de Oliveira diz que, no seu caso, o custo final chega a 24% de diferença com as isenções. “Em 2014, vendemos 12 mil veículos para PcDs.” Reatech Quem for visitar à 14ª edição da Reatech – Feira Internacional de Tecnologia em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, que acontece de 9 a 12 de abril, no São Paulo Expo – Exhibition & Convention Center, na capital paulista, terá a oportunidade de conhecer os serviços das concessionárias e montadoras citadas nesta reportagem.
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Aos 4 anos, Nicolas Felipe Figueiredo de Oliveira se apoia em Karina Hollatz, fisioterapeuta, para conduzir o cavalo: menino apresenta melhora significativa
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imagens: Suellen N贸brega
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Terapia com jeito de brincadeira Projeto Liberdade oferece a equoterapia, técnica que relaxa e ajuda no ganho de força muscular, na organização e na percepção corporal, traz melhoras na atenção e na linguagem, dentre outros benefícios por lucas vasques
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ma prática que une tratamento e brincadeira, proporcionando melhoras significativas em vários aspectos, ao mesmo tempo em que faz com que a criança vivencie momentos de intensa liberdade. Trata-se da equoterapia, um método terapêutico e educacional, que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar. Este é o trabalho desenvolvido pelo Projeto Liberdade Equoterapia e Equitação, que existe desde 2006, em São Paulo. “Ganhos motores e sociais se tornam evidentes em pouco tempo de atendimento”, segundo Karina Hollatz, coordenadora e fisioterapeuta da instituição. “Não falamos em prazo, pois cada pessoa reage de forma individual, além de que tudo depende do tipo de patologia. Às vezes, o pai e a mãe não enxergam os avanços, mas o olhar do profissional detecta isso”, explica. “Em nosso Centro de Equoterapia atendemos muitos praticantes com comprometimento neurológico. A partir disso, a possibilidade de montar num animal tão imponente favorece o aumento da autoestima e da autoconfiança, o que muito contribui para aquisições motoras. O ambiente e o cavalo também tornam a sessão extremamente prazerosa, deixando de ser vista, apenas, como terapia, tornando-se um momento de lazer para o praticante”, avalia Karina. Os benefícios da equoterapia são inúmeros. “Desde os primeiros relatos da reabilitação por meio do uso do cavalo, aspectos positivos são sempre destacados, como ganho de força muscular, adequação tônica, organização e percepção corporal, relaxamento, favorecimento da atenção e concentração, aprimoramento da coordenação motora, da linguagem e do equilíbrio. Essa prática e a nomenclatura foram criadas em 1989, pela Ande Brasil
– Associação Nacional de Equoterapia para caracterizar a reabilitação e a educação por meio do uso do cavalo. É, também, reconhecida como método terapêutico e educacional pelo Conselho Federal de Medicina desde 1997.” Para a prática da equoterapia são determinados alguns critérios de inclusão e exclusão. Por exemplo, não é indicada para pessoas com escolioses severas, luxação de quadril, doenças degenerativas, instabilidade atlanto-axial (um movimento maior do que o usual entre a primeira e a segunda vértebras do pescoço), quadros de dor e fragilidade óssea. Isso porque se trata de uma terapia muito dinâmica, devido ao movimento tridimensional proporcionado pelo cavalo. “Já pessoas com patologias como paralisia cerebral, síndrome de Down, autismo, traumatismo crânioencefálico (TCE), acidente vascular cerebral (AVC) e queixas de fala/linguagem, atenção e hiperatividade recebem indicação e sempre apresentam bons resultados. Para o início do tratamento é necessário que se tenha uma avaliação médica, e a sugestão é que o praticante tenha idade mínima de 2 anos para intervenção precoce, ou seja, a criança senta no cavalo, penteia e interage com o animal, sem, no entanto, partir para a montaria, o que deve ocorrer a partir dos 3 anos”, conta a fisioterapeuta.
“Toda abordagem é válida quando pensamos no bem-estar e na evolução das pessoas com deficiência” Karina Hollatz 29
saúde
Para alcançar êxito na terapia, a participação efetiva da família é essencial, na avaliação de Karina. “É fundamental o engajamento de todos, pois há a necessidade de se manter uma frequência adequada. Além disso, não adianta o pai ou a mãe terem medo, pois ambos precisam transmitir confiança à criança. Por isso, às vezes pedimos que o pai monte num cavalo e o filho em outro, ou, então, que a criança conduza a mãe, por exemplo”. A coordenadora do Projeto Liberdade explica que o programa é desenvolvido de forma individual. “Acreditamos que é a melhor forma de manter a atenção total na criança, inclusive por questões de segurança.” Para participar do processo é necessária a presença de uma equipe interdisciplinar, com fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, educador físico, pedagogo, psicólogo e equitador. “Todos eles acompanham e orientam as sessões, que variam de 30 a 60 minutos, de acordo com cada praticante, sendo quatro por mês (uma por semana), que é o período recomendado. Mais do que isso somente em casos especiais. Os profissionais passam por um treinamento específico, por meio de um curso de formação, totalmente direcionado para a equoterapia, ministrado pela Ande”, destaca. Segundo André Amaral, coordenador e equitador do Projeto Liberdade, é importante, também, o critério na escolha do cavalo. “Em nosso centro temos nove, cada qual com estrutura e perfil para que atenda às necessidades de todos os praticantes. Um animal de boa índole, com marcha harmoniosa, favorece que o praticante receba o estímulo adequado, com o movimento tridimensional do cavalo.” Karina acrescenta que não se pode usar qualquer animal. “Normalmente utilizamos cavalos que não são de raça, pois estes têm dimensões maiores e são mais ativos. Também não contamos com
A interação das crianças com o cavalo e com os profissionais ajuda muito na conquista da autoestima, dentre outros benefícios
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“Um animal de boa índole, com marcha harmoniosa, favorece que o praticante receba o estímulo adequado” André Amaral fêmeas, pois nos períodos de cio elas ficam mais agitadas. Mesmo assim, todos eles passam por um processo de adaptação, por intermédio de treinamentos, ministrados pelo equitador. Antes de adquirirmos o cavalo precisamos observar todos esses fatores, pois não podemos arriscar em relação à segurança.” A equipe do Projeto Liberdade foi pioneira em levar as órteses de retificação postural para a equoterapia. “Com certificação internacional no uso das órteses Pediasuit e Theratogs e com a experiência em solo nas órteses Benic e FlexCorp, acrescentamos esses recursos na prática da terapia. É inquestionável o quanto esses equipamentos contribuem para o alinhamento postural e organização corporal durante a montaria”, ressalta Karina. O cavalo oferece muitas possibilidades, comenta a fisioterapeuta. “Cabe a nós, terapeutas, sabermos explorar o potencial de cada praticante, de forma que eles recebam os estímulos da melhor maneira. Um bom assento, durante a montaria, e o correto posicionamento, por meio do uso das órteses, favorecem a função, a autonomia, a mobilidade e tantas outras aquisições durante as andaduras do cavalo. É o que nos mostram dados de nossas pesquisas por meio de análise eletromiográfica e do dia a dia cheio de conquistas”, conta. Evolução Nicolas Felipe Figueiredo de Oliveira, de 4 anos e com diagnóstico de paralisia cerebral, iniciou a equoterapia no Projeto Liberdade há dois anos. De acordo com seu pai, Gabriel Alcides Castello de Oliveira, as mudanças no filho são evidentes. “Quando começou, ele não conseguia segurar a cabeça, montava junto com a terapeuta. Entretanto, com a evolução da terapia e com o uso do colete, passou a montar sozinho. Hoje, já é capaz de realizar a montaria sem o colete e com a postura retinha”, comemora. Parceria Em parceria com a empresa brasileira FlexCorp Coletes de Retificação Postural, o Projeto Liberdade vem usando, além dos coletes e órteses, que favorecem a montaria individual, o modelo Walking, que possibilita o treino de marcha na pista de equoterapia. “Cada vez surgem mais recursos para a reabilitação, e por que não usá-los, também, durante a prática da equoterapia?
“Cada vez surgem mais recursos para a reabilitação, e por que nã o usá-los, também, durante a prá tica da equoterapia?” Karina Hollatz O Projeto Liberdade Equoterapia e Equitação participará, pelo sexto ano consecutivo, da Reatech, a maior Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, nos dias 9, 10, 11 e 12 de abril, em São Paulo. O grupo mostrará seu trabalho no estande E-46. A ideia é fazer com que todos conheçam as propostas da instituição e as novas abordagens, por meio da terapia assistida por animais.
A equoterapia no Projeto Liberdade requer a atenção total dos profissionais da equipe interdisciplinar que acompanham a realização das sessões
Projeto Liberdade Equoterapia Endereço: Estrada Abílio Barbosa do Prado, n° 289. Serra da Cantareira/São Paulo. Acesso pela Avenida Sezefredo Fagundes e pela Rodovia Fernão Dias. Telefones: (11) 94191-7707, com Karina, e (11) 95059-6727, com André. Email: contato@projetoliberdade.com.br Facebook: www.facebook.com.br/projetoliberdade
Todo avanço é válido quando pensamos no bem-estar e na evolução das pessoas com deficiência”, analisa a fisioterapeuta. Além da equoterapia, o Projeto Liberdade oferece aulas de equitação para pessoas sem deficiência e Pet Terapia, que utiliza animais de pequeno porte no tratamento com crianças que não podem montar.
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Rafaella Sessenta é a professora de Libras do Patati Patatá, Tony Tonelada, Mano Tensão e Dinho (Surdo). Apresentou o quadro “Aula de Libras” no SBT por mais de 2 anos, trabalha em prol da difusão da Língua de Sinais.
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engajar a comunidade surda. Ao iniciarmos m dezembro de 2014, a Agência Nacional o preenchimento do formulário web, constatamos do Cinema (Ancine), maior financiadora um erro com alguns navegadores, comunicamos do cinema brasileiro, promulgou uma à ouvidoria da Ancine e divulgamos o contato dessa norma que prevê que todos os projetos ouvidoria nas redes sociais, caso outras pessoas de produção audiovisual financiados com recursos tivessem problemas no preenchimento. Ou seja, públicos geridos por ela deverão contemplar fomentamos mudanças. em seus orçamentos a Mas a normativa é só legendagem, a Se não exercermos o primeiro passo para uma audiodescrição e a Língua transformação efetiva. Brasileira de Sinais (Libras). pressão para que as redes A implementação de A decisão consta na de cinema exibam seus tecnologias assistivas de Instrução Normativa nº qualidade, a participação plena 116/2014, em vigor desde filmes com acessibilidade, das pessoas com deficiência dezembro do ano passado. seguiremos como em toda a cadeia cultural e A exigência dos recursos de uma sólida mudança de acessibilidade e, em especial, cidadãos de papel paradigmas, pautada na a inserção da Libras nesses democratização do acesso à requisitos colocam o Brasil na cultura, ainda estão longe de se vanguarda da acessibilidade tornar reais, visto que a Ancine normatiza o processo audiovisual no mundo. de produção, e não a adesão do resto da cadeia aos Para quem não acompanhou o processo, digo que imperativos da acessibilidade. não foi fácil conquistarmos nossos direitos nessa Se o público com deficiência, usuário final, primeira etapa da elaboração de uma instrução que não ocupar os espaço culturais do País e exercer regulamente os projetos financiados no país. pressão para que as redes de cinema exibam seus A ONG Mais Diferenças, o Movimento SuperAção, filmes com acessibilidade, continuaremos sendo, o ArteSurda.org, o blog CulturaSurda.net e diversos apenas, cidadãos de papel. membros do segmento participaram, ativamente, da Parafraseando Stephen Hawking: “Não deve articulação de uma rede de apoio a um manifesto em haver limites para o esforço humano. Somos todos favor da incorporação dos cursos de acessibilidade diferentes. Por pior que a vida possa parecer, sempre básicos (e imprescindíveis) para produções audiovisuais. há algo que podemos fazer em que podemos obter O manifesto foi lançado em maio de 2014, no sucesso. Enquanto houver vida, haverá esperança”. Seminário Nacional de Acessibilidade em Ambientes Culturais (Senaac), no Encontro Nacional de Acessibilidade Cultural (Enac) e na Teia Nacional da Billy Saga é presidente da ONG Movimento SuperAção Diversidade, em Natal (RN), onde colhemos diversas (www.movimentosuperacao.org.br), músico (www. assinaturas para que a norma contemplasse todos esses billysaga.com), consultor da ONG Mais Diferenças (www. recursos. Todos. md.org.br), conselheiro da Ouvidoria da Defensoria Além de um amplo trabalho de divulgação da Geral do Estado de São Paulo e um dos primeiros artistas consulta pública, produzimos um vídeo em Libras para plásticos pesquisador da De’VIA (www.artesurda.com)
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Tadoma, uma forma de comunicação Por intermédio do tato, ela auxilia pessoas com surdocegueira a entender o que o falante está informando
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se apresentam em maior ou menor grau, gerando diferentes combinações e condições únicas de comunicação e percepção de mundo. Surge, assim, outra pergunta: como, então, uma pessoa surdocega faz para se comunicar com os outros e se fazer entender? O tato, sem dúvida, ganha um papel fundamental na tarefa de comunicação e no desenvolvimento dessas pessoas. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), comumente usada por grande parte das pessoas surdas, pode sofrer algumas adaptações importantes para ser utilizada por surdocegos, por intermédio do tato. Em função dessas adaptações surgiu a tadoma. Explicando esse método de uma forma específica e didática, pode-se dizer que a tadoma se constitui em uma forma de comunicação em que a pessoa surdocega coloca o polegar na boca do falante e os dedos ao longo do queixo. O meio dos dedos, muitas vezes, cai ao longo das bochechas, para o dedo mínimo poder captar as vibrações da garganta do falante. É constantemente chamado de leitura labial tátil, pois os surdoscegos têm condições de sentir o movimento dos lábios, assim como as vibrações das pregas vocais, provenientes das bochechas e do ar quente produzido por sons nasais.
123RF
ocê tem noção do que seja a tadoma? Para explicá-la, primeiro vamos falar um pouco sobre a surdocegueira, que se caracteriza pela perda total ou parcial de dois sentidos: audição e visão, simultaneamente. E então voltamos a sua definição. Segundo pesquisas, aproximadamente 80 a 90% da informação recebida pelas pessoas se dá por meio visual ou auditivo. Dessa forma, a privação de ambas as capacidades, a surdocegueira, pode provocar nas pessoas mudanças profundas em relação ao acesso a informações e, consequentemente, à forma de comunicação interpessoal. Embora atinja dois sentidos, não se trata de duas deficiências, e, sim, de deficiência única, o que fica reforçado até mesmo pela forma como se escreve o termo surdocegueira, sem o hífen. De acordo com Márcia Maurílio Souza, em sua dissertação de mestrado em Psicologia e Educação para a Universidade de São Paulo (USP), as limitações sensoriais (visual e auditiva) envolvidas
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Linguagem gestual Em algumas situações, especialmente se o falante conhece linguagem gestual, o surdocego pode usar a tadoma com uma mão, sentindo a face do falante, e, simultaneamente, utiliza sua outra mão para sentir o falante ‘assinar’ as mesmas palavras. Desta forma, os dois métodos se reforçam mutuamente, proporcionando ao surdocego melhor chance de entender o que o interlocutor está tentando comunicar. Além disso, o método pode fornecer uma conexão mais estreita com o discurso. Isto, por sua vez, pode ajudá-lo a manter as habilidades da fala, que eles desenvolveram antes de se tornarem surdos, e, em casos especiais, para aprender a ‘falar’ palavras.
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tecnologia
Biblioteca Braille de Manaus (AM): Gilson Oliveira, gerente, atesta a funcionalidade da caneta brasileira
em bom português
Equipamento brasileiro lê livros e etiquetas em voz alta e sem sotaque, facilitando o cotidiano de quem tem deficiência visual Da Redação. imagens: Paula Caroline Pedrosa e acervo pessoal
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esde a invenção do OCR, utilizado por scanners para o reconhecimento de textos, avanços tecnológicos significativos facilitaram a leitura para pessoas com deficiência visual. Surgiram as “canetas” que leem e traduzem textos e que, em pouco tempo, passaram também a emitir sons, pronunciar o que está sendo Aos 4 anos, Nicolas Felipe Figueiredo lido. É de o tipo de equipamento utilizado por Luciano Oliveira se apoia em Karina para o cavalo: menino Almeida, 23conduzir anos, cego desde os 12, que aprova e apresenta evolução significativa recomenda o uso desses leitores. O que Almeida gostaria, agora, é de aprimorar a
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experiência da leitura. “Muitas vezes as canetas não leem corretamente, dá erro, devido aos tipos utilizados na escrita. Quando o equipamento é importado, os locutores têm sotaque incompreensível, nem parece que se fala português, em alguns casos. Não há descrição das imagens e, quando ela não existe no texto, ficamos sem essa informação. O custo também ainda é bastante alto, em média R$ 400,00”, explica o jovem, que começará a testar, agora, uma alternativa nacional, que promete dar fim a alguns desses entraves, segundo seus fabricantes.
Trata-se da tecnologia Pentop, que funciona num sistema diferente. Também sintetizada em canetas leitoras, ela depende de componentes japoneses, chineses e taiwaneses, mas foi idealizada por brasileiros e chega a custar em torno de R$ 250,00. O reconhecimento do texto é feito por meio de um código bidimensional inserido previamente nos livros, tornando a leitura bem mais precisa que a realizada por OCR. Os áudios são previamente gravados, em clara pronúncia de português do Brasil. As imagens recebem audiodescrição, além das legendas. As canetas ainda possuem diversas versões, para demandas específicas, e permitirão, em um futuro próximo, a adição escalonada de novos componentes e funções, caso se adquira, inicialmente, um modelo mais simples. Trazem etiquetas que podem facilitar o dia a dia de pessoas com deficiência visual, na classificação de objetos e utensílios. Os adesivos também possuem um código bidimensional, ao qual, por meio de gravações realizadas com a própria caneta, o usuário associa a informação em áudio que desejar. Uma vez feita a associação entre uma etiqueta e um áudio, a caneta irá pronunciar a gravação toda vez que for apontada para esse adesivo. O gaúcho Bruno Begotto, 54 anos, que perdeu a visão na vida adulta, é usuário das canetas Pentop e destaca a facilidade no uso das etiquetas e a praticidade que isso representa no dia a dia do cego. “É possível etiquetar e classificar cds, dvds, objetos usados diariamente e que o cego teria dificuldade para encontrar ou localizar. E isso é feito com a maior autonomia”, diz Begotto. Segundo o gaúcho, a leitura dos livros preparados para a tecnologia é fluente, e a possibilidade de armazenar audiolivros nas canetas torna a experiência com o equipamento ainda mais completa. Modelos e limitações Além das funções descritas no início desta reportagem, e destacadas por Begotto, há ainda outras comodidades no modelo mais recente do equipamento, a Pentop P10. São oito funcionalidades, no total, que vão do audiomanual (instruções completas sobre a caneta) à leitura de livros para Pentops; do audiolivro (memorizado no equipamento) ao vocalizador de etiquetas; do gravador de voz e do cartão para Pentop aos jogos educativos e rádio FM. “Estão disponíveis 13 modelos, um para cada tipo de público”, explica Marivaldo Albuquerque, diretor de negócios da Pentop do Brasil, sediada em Manaus. A Pentop P10 Basic é a mais barata, explica Albuquerque, e permitirá, em breve, que o cliente
Feita de componentes taiwaneses, chineses e japoneses, mas idealizada por brasileiros, a “caneta” Pentop chega a custar em torno de R$ 250,00 acrescente as demais funcionalidades, presentes da Pentop P10 Premium, através da compra de cartões de ativação para as demais funcionalidades, como ocorre com os aplicativos para celulares. “O que muda, de um modelo para o outro, são as funcionalidades de software, o hardware é o mesmo”, enfatiza o executivo. “Para nós, essa divisão entre os produtos representa maior flexibilidade tanto de fabricação como de logística, e uma redução de custo considerável no desenvolvimento do produto, uma vez que todos os modelos compartilham o mesmo hardware.” Para o cliente, isso representa custo menor, ou custo de acordo com a necessidade. “Por exemplo, se você precisa do produto apenas para ouvir seus audiolivros, você vai pagar apenas por isto. Depois, se você precisar de mais funcionalidades, basta comprar novos aplicativos na loja virtual”, diz Albuquerque. “Nos dois últimos anos investimos muito no desenvolvimento de novos produtos para reduzirmos custos e assim alcançarmos os clientes das classes C e D.”
Boneco “Droy” interage com as canetas e tem lançamento na Reatech 2015
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tecnologia
Albuquerque, diretor de negócios da Pentop do Brasil: investimento para baratear os produtos
Uma das versões vem com adesivos codificados, que auxiliam na classificação de objetos, facilitando ao cego o reconhecimento desse material A maior difusão dessas canetas para leitura de livros depende, agora, da produção editorial preparada para o equipamento. Eis a limitação principal do produto e um desafio a ser vencido pelo fabricante, segundo Albuquerque, que busca parceiros para tanto. O diretor de negócios, porém, é otimista quanto ao futuro da tecnologia. “Acreditamos que ela é uma das melhores alternativas, considerando-se a gama de aplicações que ela atende, a facilidade de uso, a portabilidade e o design acessível. O audiolivro em Pentops é uma opção prática e viável. É muito simples de usar e não requer o uso de outros dispositivos.” Várias demandas Os produtos da Pentop do Brasil atendem não só à acessibilidade individual, mas também servem à educação, à cultura e ao turismo. Além das canetas, há os livros paradidáticos e kits educativos para crianças de até 6 anos. A Fundação Dorina Nowill para Cegos, de São Paulo, lançou a coleção Braillinho Tagarela, com livros infantis de acessibilidade total (sistema Braille-tinta) e com narração das histórias armazenada em código nas canetas para leitura com os equipamentos.
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“Para cultura temos as etiquetas para audiodescrição em museus e espaços públicos, que, junto com os equipamentos, constituem um sistema de baixo custo, de rápida e fácil implantação para tornar os museus acessíveis para pessoas com deficiência visual e para estrangeiros, já que a caneta pode falar qualquer idioma, inclusive indígena”, explica Albuquerque. “Para o turismo, temos guias turísticos sonorizados em vários idiomas. O Guia Sonorizado de Manaus foi o primeiro do mundo nessa categoria e permite ao turista explorar as informações em seu idioma, e conhecer a música e a poesia amazônicas.” Marivaldo Albuquerque explica que algumas das soluções têm volume de vendas muito baixo, como no caso dos museus. O maior mercado está no ensino de idiomas. “Os guias enfrentam uma concorrência muito grande dos aplicativos de celulares”, ressalta. Ainda assim, ele destaca: “Nos mercado de acessibilidade, turismo e cultura podemos dizer que somos líderes no Brasil. O único setor em que enfrentamos forte concorrência cruzada é o de educação, com os aplicativos de dispositivos móveis e sistemas web”. Histórico e novidades As primeiras demandas que surgiram para os produtos de Albuquerque foram para a alfabetização de crianças e adultos e de ensino de idiomas. “A primeira não encontrou muita aderência do mercado, nos primeiros anos da empresa. Até o ano passado trabalhamos mais com clientes corporativos”, conta o executivo. “Neste ano iniciaremos a comercialização para o cliente final de uma nova linha, chamada Pentop Toys, para o atendimentos das classes C e D, para crianças de até sete anos. Isso foi o resultado do programa Inova Talentos, promovido pelo Instituto Euvaldo Lodi – Amazonas (IEL/AM) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foram realizadas pesquisas em escolas, com professores, técnicos, alunos e pais, a fim de identificar as necessidades de novos produtos e tecnologias para o ensino infantil na alfabetização. O resultado ficou fantástico! Um dos produtos que resultou desse projeto foi o Droy, o boneco acessível da Pentop. Com ele é possível pintar, criar, brincar, educar, interagir, incluir e aprender de forma interativa e lúdica. Você pode brincar com um Droy e uma criança cega. Ou duas crianças cegas podem brincar com ele. Uma ou várias crianças não cegas podem brincar. Se você viaja, você pode
Begotto, cego e usuário da Pentop: com leitura de impressos, armazenamento de audiolivros e etiquetas para identificar utensílios, a experiência é completa
Essas canetas leitoras permitirão, em um futuro próximo, a adição escalonada de novos componentes e funções, não sendo necessária a aquisição de novo equipamento para aprimorar a experiência da leitura contar uma história para o Droy e todos os dias o seu filho pode ouvir a história. Em quase todos os casos você vai precisar de uma Pentop e de etiquetas codificadas, pois todos os produtos são baseados nessa tecnologia de sonorização de impressos.” O lançamento do Droy ocorre na feira Reatech deste ano, que reúne difusão de conhecimento, produtos e serviços em acessibilidade, inclusão e reabilitação, em São Paulo, capital. Já para a comercialização de mais livros habilitados para a leitura com a tecnologia, Albuquerque sinaliza a parceria com uma editora portuguesa e com outra, brasileira, no Rio Grande do Sul, ainda sem detalhes da produção. Kits com etiquetas sonorizadas, sem o aparelho, não custam mais do que R$ 50,00
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lazer
O Santuário Nacional é considerado o mais relevante roteiro turístico da região e passou por importantes mudanças para recepcionar os turistas
Por Lucas Vasques
Turismo religioso mais acessível Principal polo de visitação para os católicos, Aparecida promove uma série de alterações para receber melhor as PcDs Por Lucas Vasques/ Imagens: 123RF, Kuka Pedroso, Naiara Negreiros e Pedro Reis
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município de Aparecida, distante 170 quilômetros da capital de São Paulo, se consolidou, definitivamente, como o principal polo turístico religioso do País. Para se ter uma ideia, a cidade recebe, anualmente, 12 milhões de pessoas. Por isso, a questão da acessibilidade se tornou prioridade e as autoridades promoveram inúmeras melhorias no que tange ao acolhimento de todos, incluindo as pessoas com deficiência e com dificuldade de locomoção. No Santuário Nacional, considerado o mais relevante roteiro turístico da região, por exemplo, são rampas, elevadores, banheiros e cerca de 50 cadeiras de rodas disponíveis para empréstimo. Nos últimos anos, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, ao lado dos demais prédios que compõem o complexo do Santuário Nacional, passou por modificações e adaptações para receber todos com respeito e conforto. Logo na chegada, os visitantes já encontram, no estacionamento, uma área reservada e
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destinada aos veículos de pessoas com deficiência, de idosos e de grávidas, totalizando 58 vagas. Além das escadas existentes desde a construção da Casa da Mãe Aparecida, agora os espaços localizados no subsolo também são acessados por rampas que, com uma inclinação adequada e piso emborrachado, proporcionam um deslocamento mais seguro entre níveis diferentes. Há, ainda, rampas externas, com as mesmas características de calçamento, que dão acesso às portas principais da Basílica. As rampas do Centro de Apoio ao Romeiro possuem as mesmas particularidades. Foram construídos novos sanitários no Santuário Nacional, que passou a contar com 55 deles destinados, exclusivamente, às PcDs. Além dos novos espaços, foram construídas cabines com entradas independentes para acompanhantes nos banheiros. As atrações turísticas, como o Museu, o Mirante e o Morro do Cruzeiro têm total capacidade de acolher todos os devotos, independentemente de sua mobilidade. Os dois primeiros, que ficam na Torre Brasília, são acessados
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Modificações para deixar o Santuário acessível
O complexo do Santuário Nacional, que conta com a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, disponibiliza rampas, elevadores, banheiros e cerca de 50 cadeiras de rodas para empréstimo
por elevador e o último, que é ligado ao Santuário por bondinhos, possui cabines aptas para acomodar cadeiras de roda, por exemplo. O local mais visitado do Santuário, a passagem em frente ao Nicho da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, é acessada, apenas, por rampas. A estrutura não existe somente para quem vem visitar. O Santuário emprega 76 colaboradores com diversos tipos de deficiência. A maioria deles tem deficiências físicas, tanto as decorrentes de acidentes, como congênitas. Há, ainda, colaboradores com deficiência auditiva. Regina Amaral, secretária municipal de Turismo de Aparecida, destaca que, além do Santuário Nacional, que conta com diversos atrativos, a cidade oferece Matriz Basílica, o Morro do Cruzeiro (que inclui o passeio no
Nos últimos anos, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, ao lado dos demais prédios que compõem o complexo do Santuário Nacional, passou por adaptações para receber todos com respeito e conforto 46
Os elevadores paravam no 13º andar e, agora, vão até o Mirante. Antes, as pessoas com deficiência física e com mobilidade reduzida só conseguiam chegar até o local se fossem auxiliadas, pois era necessário subir dois lances de escada As rampas Oeste e Leste, do lado externo da Basílica, foram executadas dentro dos limites permitidos para atendimento às pessoas com deficiência O mesmo aconteceu com as rampas de acesso ao Centro de Apoio ao Romeiro Foram modificadas as inclinações de duas rampas internas de acesso ao subsolo Os pisos das rampas são emborrachados e antiderrapantes Existem vagas demarcadas no estacionamento para idosos e PcDs, num total de 58 vagas Foram construídas cabines dos novos banheiros, com entradas independentes para acompanhantes de PcDs O Santuário disponibiliza cadeiras de rodas, sendo um total de 35 cadeiras no estacionamento e 10 no Centro de Apoio ao Romeiro Os corrimãos das rampas também sofreram adaptações, apresentado, agora, em duas alturas Os novos sanitários do Santuário foram construídos para PcDs, e estão à disposição na Tribuna Norte, no subsolo Oeste, no subsolo NE, no Centro de Apoio ao Romeiro, no Centro de Eventos, no Ponto de Encontro e nas Confissões
bondinho), o Seminário Bom Jesus, que hospedou o Papa Francisco, o Porto Itaguaçu, o Memorial Redentorista e a Passarela da Fé, esses administrados pela própria Igreja. “Temos, ainda, os investimentos de particulares, que colaboram para o turismo, como o Mirante das Pedras, o Passeio de Balsa no Rio Paraíba e o Museu José Luiz Pasin (este da Prefeitura).” No que se refere às mudanças em termos de acessibilidade, a secretária ressalta que o Santuário fez seus próprios investimentos internos e nos pontos que ele administra. “Com relação à prefeitura, por sermos uma cidade pequena e de apenas 37 mil habitantes, com poucos recursos financeiros, dependemos da ajuda dos governos estadual e federal para os investimentos de acessibilidade. Há alguns anos as calçadas foram adequadas em determinados acessos, mas reconhecemos que é preciso fazer mais. Hoje, estamos desenvolvendo um projeto de sustentabilidade, que envolve diversas
As atrações, como o Museu, o Mirante e o Morro do Cruzeiro têm total capacidade de absorver todos os devotos, independentemente de sua mobilidade. Os dois primeiros, que ficam na Torre Brasília, são acessados por elevador áreas, a acessibilidade, inclusive. A ideia é apresentar projetos junto ao Ministério das Cidades e do Turismo e angariar recursos para mais obras nesse sentido.” Os principais roteiros e serviços acessíveis, segundo Regina, são a Marina e o Porto Itaguaçu, onde já há adaptação para cadeirantes. “A Igreja também já está acessível. O que pretendemos fazer é adequar a cidade como um todo, não só os roteiros turísticos. Quer dizer, tornar Aparecida mais receptiva nesse sentido, facilitando o acesso aos hotéis, restaurantes, lojas e demais pontos da cidade. O processo de tornar o turismo mais acessível começou desde a Foram construídas rampas primeira gestão do prefeito Márcio Siqueira. externas, com as mesmas características de calçamento, Sempre existiu essa preocupação.” que dão acesso às portas Ela esclarece que as mudanças não principais da Basílica foram feitas antes por falta de recursos. “Nosso orçamento é pequeno. Imagine uma cidade de 37 mil habitantes, que arrecada com base nisso e recebe, nos fins de semana, 100, 150 mil pessoas. As dificuldades são grandes. Por isso, constantemente apresentamos projetos para o Estado e à Federação para que as obras sejam feitas”, ressalta. Hotéis Para receber esse número expressivo de visitantes, incluindo as pessoas com deficiência, a rede hoteleira de Aparecida cresceu muito nos últimos anos. Hoje, são cerca de 200 estabelecimentos, contando com as pousadas, sendo cerca de 20 com acessibilidade. Entre esses, um dos principais destaques é o Rainha do Brasil. Localizado a apenas 700 metros do Santuário Nacional, o Rainha foi inaugurado em 2012 para acolher devotos do mundo todo, com um novo conceito de hospedagem, pois já nasceu totalmente adaptado às necessidades das pessoas com deficiência, bem como dos idosos. Possui rampas em todo seu espaço, elevadores e quartos próprios para atender esse público. As acomodações são amplas. Dos 330 apartamentos, 18 são reservados, especialmente, para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Com capacidade para duas pessoas, os quartos possuem mobiliário totalmente adaptado, portas internas e de acesso mais largas, para atender cadeirantes, além de banheiros com barras de apoio e assento diferenciado. O hotel ainda oferece uma capela interna, com capacidade para 20 pessoas, e outra externa, que pode receber até 300 devotos. Há mais opções de hotéis em Aparecida que oferecem acessibilidade, como o Graal, Santuário, Imperador, Dallas e Cathedral, entre outros.
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perfil
Compartilhando vivências Apesar de ter apenas 24 anos de idade, a advogada Nathalia Blagevitch se considera uma pessoa experiente, pois morou nos Estados Unidos e já lançou sua biografia por lucas vasques
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ovem, bonita, inteligente, advogada bem-sucedida e cheia de força e alegria para encarar os desafios impostos pela vida. Esse é o perfil de Nathalia Blagevitch, que nasceu com paralisia cerebral, o que a deixou triplégica – com pouca força na perna e no braço direitos. No entanto, o fato não a impediu de realizar seus sonhos, com uma disposição invejável. Tanto que, apesar da pouca idade (24 anos), lançou recentemente sua biografia – Tente outra vez. “Quando morei nos Estados Unidos, levei um tombo feio na rua. Depois de me levantar, decidi compartilhar minhas vivências em uma sociedade deficiente, na qual ainda há um desconhecimento muito grande sobre o tema. Assim, acredito que o livro possa contribuir com a criação de uma sociedade mais inclusiva. Sobre minha idade, em relação ao lançamento da biografia, não me considero tão nova assim, especialmente por tudo que já passei, mesmo com apenas 24 anos. Além disso, pretendo lançar outros títulos, mais adiante”, conta, com entusiasmo. Nathalia tem uma visão crítica em relação à resistência imposta pela sociedade e ao preconceito existente no que se refere às pessoas com deficiência. “As dificuldades que sinto estão em toda parte, pois se mostram no dia a dia. Ainda temos de lidar com
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uma gigantesca falta de acessibilidade arquitetônica. Porém, em locais planos, especialmente nos fechados, eu uso uma scooter para facilitar minha locomoção. Quanto ao preconceito, isso é algo que acaba acontecendo com qualquer pessoa, em algum momento da vida. Seja por uma condição física, financeira ou intelectual diferente e mesmo por conta da orientação sexual, raça ou gênero, todo mundo conhece uma história que envolva preconceito. Entretanto, acredito que todos nós temos de nos esforçar para aprender a diferenciar uma atitude preconceituosa de uma curiosidade ou simples falta de informação. Na verdade, o cotidiano das pessoas com deficiência já é um tanto mais complicado do que para as demais. E a falta de acessibilidade arquitetônica restringe ainda mais o convívio social.” A rotina da advogada é bem simples, conforme ela mesma define. “É bastante convencional: acordo cedo, trabalho e estudo, diariamente, e vou à academia três vezes por semana. Nas horas de lazer, costumo sair com amigos, ir a festas e adoro viajar, especialmente para lugares que tenham acessibilidade para que eu possa andar com minha scooter, por qualquer parte, sem precisar da ajuda de ninguém.” Mesmo esbanjando autonomia, ela revela que precisa de apoio para realizar algumas tarefas do dia
Imagens: Flavio Sampaio, Acervo pessoal e 123RF
Vaidosa, Nathalia Blagevitch nĂŁo se descuida da aparĂŞncia, sem ser superficial, e projeta se dedicar ao mestrado em breve
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perfil
Um livro alegre, mas para refletir
Nathalia, ao lado do biógrafo Rogério Godinho: “Ela é alegre demais para que a vida dela fosse contada de forma triste”
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Em 2014, ela se formou pela Faculdade Damásio de Jesus, defendendo a monografia “Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho”
“Acredito que todos nós temos de nos esforçar para aprender a diferenciar uma atitude preconceituosa de uma curiosidade ou simples falta de informação” a dia. “Por conta da mobilidade reduzida, necessito de certa ajuda para colocar ou tirar roupas ‘mais complicadas’ e, também, para cortar determinados alimentos, como carnes, por exemplo. Além disso, em função da falta de acessibilidade arquitetônica, nem sempre posso sair sozinha, como fazia na época em que morei nos Estados Unidos.” Nathalia confessa que, neste momento, está curtindo a fase solteira. “Mas já tive sogra que ‘torcia o nariz’ por conta da minha deficiência, alegando que eu não poderia ter filhos – aliás, um bom exemplo da falta de informação e, também, de curiosidade. Porém, como o namoro já vinha dando sinais de estar chegando ao fim, isso não me abalou.” Aparentemente, nada abala sua personalidade firme, desde os tempos de menina. “Como sempre
Imagens: Acervo pessoal e 123RF
Segunda incursão literária do jornalista e biógrafo Rogério Godinho, Tente outra vez (Editora de Cultura, lançado em 2014) relata a vida de Nathalia. Segundo o autor, ela luta diariamente contra as dificuldades impostas pela sociedade despreparada. Entretanto, não se trata de um livro de autoajuda, tampouco uma história escrita para levar o público ao choro. “Nathalia é alegre demais para que a vida dela fosse contada de forma triste. Mesmo assim, espero que o leitor reflita sobre as diversas barreiras ligadas aos temas inclusão e acessibilidade, a partir de fatos reais, provavelmente desconhecidos pela maioria”, analisa. O livro mostra a trajetória de Nathalia, do nascimento à vida adulta. Com o apoio total da família, ela sempre estudou em escolas regulares e, assim, completou os ensinos fundamental e médio, fez faculdade de Direito, viajou com colegas, fez intercâmbio, cirurgia plástica por vaidade, entre muitas outras coisas. A obra inclui os desafios, a descoberta de si e dos outros, a formação da personalidade forte diante de tantos “nãos”, as terapias e os medos, as descobertas e alegrias da jovem. A narrativa descreve como Nathalia quis, tentou, insistiu e conseguiu muitas coisas que, inicialmente, lhe foram negadas pela sociedade. Ela teve apoio, na medida das necessidades, e suas vitórias demonstram que há milhões de pessoas no país que estão à margem, simplesmente porque não tiveram a oportunidade de expor e aproveitar os respectivos potenciais. Para Nathalia, nada foi fácil nem gratuito na vida, tampouco houve conquistas sem grandes barreiras a ultrapassar. Dessa maneira, Tente outra vez procura mostrar o quanto ainda há portas fechadas para as pessoas com deficiência. Em sua trajetória, ela sempre buscou ser tratada como qualquer outra pessoa para poder explorar a vida dentro de suas próprias potencialidades e limitações. Em síntese, como todos.
estudei em escolas regulares, tive de ‘engolir’ frases como ‘não estamos preparados para aceitar você’. Além disso, provocações e curiosidades inconvenientes nunca faltaram, como acontece na vida de qualquer criança ou adolescente. Mas o verdadeiro bullying eu só conheci, mesmo, quando fiz os primeiros anos da faculdade de Direito.” Em junho de 2014, ela se formou pela Faculdade Damásio de Jesus, em São Paulo, defendendo a monografia Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Em outubro do mesmo ano, foi aprovada no exame da OAB. Atualmente, é monitora de graduação na área de Direito do Trabalho na mesma instituição. Apesar de seguir a carreira, nem sempre pensou nessa profissão. “Quando prestei vestibular, minha primeira opção era Psicologia, mas acabei entrando em Direito e levei o curso adiante para experimentar. Agora, já advogada, não consigo me ver em outra área, sou apaixonada por ter feito essa escolha e
Em locais planos, especialmente nos fechados, ela usa uma scooter para facilitar a locomoção: “Temos problemas em acessibilidade arquitetônica”
“Nas horas de lazer, costumo sair com amigos, ir a festas e adoro viajar, especialmente pa ra lugares que tenham acessibilid ade para que eu não precise da ajuda de ninguém” me encontrei totalmente nas áreas de Direito do Trabalho e Direito Previdenciário.” Premiada com uma bolsa no Legal Education Exchange Program (LEEP), em 2013, Nathalia estudou em San Diego, Estados Unidos. O curso, que é uma extensão universitária sobre o sistema jurídico norte-americano, foi realizado na Thomas Jefferson School of Law, por meio de uma parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil do Estado de São Paulo (OAB-SP). “A experiência foi sensacional, mesmo porque fui sozinha e tive de conviver mais diretamente com as minhas limitações. Não encontrei qualquer dificuldade com relação à acessibilidade arquitetônica nos Estados Unidos, mas confesso que senti falta do jeitinho caloroso dos brasileiros”, relembra. Ainda em 2013, Nathalia deu início ao seu primeiro grande projeto na busca por um Brasil mais inclusivo e, por conta própria, gravou o documentário Acessibilidade nos aeroportos da Copa, lançado pouco antes do início do Mundial (https://www.youtube. com/watch?v=Chy3i02V508). “Foi muito bom, pois pude ter uma visão geral da acessibilidade no Brasil. O lado triste foi observar o despreparo das companhias aéreas, que precisam treinar melhor suas equipes para lidar com o público com deficiência.” Sonhos De acordo com Nathalia, seus grandes sonhos já realizados foram morar sozinha no exterior, publicar sua biografia e ser aprovada no Exame de Ordem dos Advogados. “Profissionalmente, ainda pretendo fazer mestrado e, em breve, lançarei o Caminho acessível (www.caminhoacessivel.com. br), um site que apresentará notícias sobre o mundo da pessoa com deficiência. No lado pessoal, meu sonho é ter filhos.” Quando lhe perguntam se é uma pessoa feliz, ela não vacila: “Totalmente! Não tenho do que reclamar, pois a vida me oferece coisas maravilhosas, todos os dias”.
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esporte
Exterminadores de recordes Seleção brasileira de natação paralímpica continua se preparando intensamente para manter, nos Jogos de 2016, a tradição de conquistas, medalhas e grandes resultados por lucas vasques
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nos Jogos. Em Londres, foram nove de ouro e, agora, estamos trabalhando para aumentar essa marca. Temos dois atletas multimedalhistas, que são Daniel Dias e André Brasil. Temos que ter um investimento especial para eles se manterem na melhor forma e em condições de conquistar as medalhas nas suas provas. Além disso, não podemos esquecer de trabalhar novos talentos e possíveis medalhistas, como Talisson Glock, Roberto Alcalde, Matheus Rheine, Phelipe Andrews, Edenia Garcia, Italo Pereira, Caio Amorim, os que integram as provas de revezamentos, entre outros.” Para atingir as metas preestabelecidas, a preparação se intensifica cada vez mais. Recentemente, no final de 2014, a seleção paralímpica voltou de uma competição no Canadá repleta de medalhas e recordes. “Foi uma competição muito legal. Mesmo com os atletas em final
Divulgação
natação paralímpica brasileira não se cansa de aniquilar recordes e colecionar medalhas. Por isso, as expectativas são as melhores possíveis no sentido de alcançar resultados expressivos nos Jogos Paralímpicos de 2016, que acontecerão no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, nadadores como Daniel Dias e André Brasil se acostumaram a levar o país ao lugar mais alto dos pódios pelo mundo afora. Para Leonardo Tomasello, técnico principal da seleção brasileira paralímpica, todos estão trabalhando para alcançar o objetivo traçado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que é ficar entre os cinco primeiros colocados no quadro geral de medalhas. Ele aproveita para avaliar o panorama atual da modalidade. “A natação é um esporte fundamental nesse processo, pelo número de medalhas distribuídas
O grupo é grande, mas ainda não há definição em relação aos nomes que representarão o Brasil na competição do Rio de Janeiro
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“Depois do Campeonato Mundial, que acontecerá em julho deste ano, na Escócia, deveremos publicar os critérios que serão definidos de acordo com o número de vagas disponibilizadas para o Brasil” Leonardo Tomasello, técnico os excelentes resultados? Na avaliação do técnico, a preparação até os Jogos vai fazer com que eles não sintam esse peso e que cheguem motivados e confiantes em 2016. “Estamos trabalhando isso desde o ano passado com intercâmbios no exterior, traçando metas individuais, formando um time para os Jogos. Este ano vamos ter grandes testes para 2016, o Mundial em Glasgow e o ParaPan em Toronto, no Canadá.” Tomasello não concorda com a afirmação de que as mulheres que estão na equipe paralímpica não conseguem os mesmos desempenhos e resultados do grupo masculino. “Temos grandes atletas na natação feminina, como Edenia Garcia, Joana Silva, Susana Ribeiro e outros destaques surgindo. Acredito que se trata, somente, de uma fase a qual estamos passando e logo isso vai ser equilibrado.” Muitos paratletas reclamam da falta de apoio. No entanto, na análise do técnico principal da seleção paralímpica, os resultados expressivos da modalidade indicam que o panorama está mudando. “Temos bons investimentos, estamos conseguindo realizar treinamentos no Brasil e no exterior, montamos uma equipe multidisciplinar com bastante competência, nossos campeonatos estão melhores e por aí vai. O
Daniel Zappe/CPB/MPIX
de temporada tivemos excelentes resultados. Houve evolução significativa nas marcas pessoais, os recordes mundiais do Daniel Dias e do Caio Amorim e um índice para o Mundial de Glasgow, na Escócia, obtido pelo Carlos Farremberg”, relembra Tomasello. O técnico revela que a equipe que vai disputar os jogos ainda não está escolhida. “Depois do Campeonato Mundial, que acontecerá em julho deste ano, na Escócia, deveremos publicar os critérios que serão definidos de acordo com o número de vagas disponibilizadas para o Brasil. Por isso mesmo, não sabemos, também, o número exato de nadadores que representarão o país, tanto no masculino quanto no feminino. O Mundial será classificatório para os Jogos, pois cada atleta que ficar em primeiro ou segundo lugar garante uma vaga para o Brasil. Depois, existe um cálculo baseado nas posições dos brasileiros no ranking mundial e, ao final desse processo, teremos o número de atletas nos Jogos.” Tomasello acha muito difícil fazer projeções a respeito da quantidade de medalhas que a natação paralímpica brasileira pode conquistar nos Jogos, mesmo com o planejamento adotado pela comissão técnica. “Estamos acompanhando o ranking mundial e, quanto mais próximo da competição, menos surpresas teremos. Após o Mundial, já vamos ter condições de vislumbrar um panorama bem real. No entanto, compilando os rankings de 2013 até hoje, temos sete atletas e dois revezamentos entre os dois melhores do mundo, com alguns nadadores em mais de uma prova.” O técnico nacional faz uma menção especial a Daniel Dias. “Ele, com certeza, é o nosso principal atleta e vai estar muito bem nos Jogos. Entretanto, além dele, temos outros grandes nadadores, que estão se destacando nas suas classes e vão chegar com boas chances em 2016. Destaco o André Brasil, Talisson Glock, Phelipe Andrew, Matheus Rheine, Roberto Alcalde, Italo Pereira, Caio Amorim, Edênia Garcia, e os revezamentos, como ressaltei anteriormente.” A natação paralímpica tem tradição na conquista de excelentes resultados e muitos recordes mundiais. Para explicar de onde vem essa vocação brasileira para a modalidade, Tomasello conta que o esporte é muito praticado no País. “Especificamente no paralímpico, o surgimento de grandes ídolos foi fundamental para criar essa tradição. O Clodoaldo Silva é um fenômeno, que despertou o interesse do Daniel Dias e do André Brasil, que, por sua vez, despertaram o interesse do Talisson Glock e do Roberto Alcalde, que vão despertar o interesse em outros. Esperamos que esse ciclo nunca termine e que gere mais frutos.” Essa tradição vitoriosa pode provocar uma pressão exagerada nos atletas, para que confirmem
A modalidade não mede esforços para manter a rotina de treinos e técnicas, o que aumenta as chances de vitória
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www.cpb.org.br/divulgação
esporte
Tomasello, técnico: estrutura de treino praticamente igual à natação convencional
CPB investe e apoia muito os atletas que estão em alto rendimento. Hoje, são cerca de 50 contemplados pelos programas do governo. Mesmo assim, não se pode parar, pois precisamos contar com mais apoio à formação, à base, nos clubes e associações.” Trajetória A trajetória de Tomasello até chegar à condição de técnico principal da seleção paralímpica brasileira teve início há dez anos. “Comecei na natação de alto rendimento em 2005, no Esporte Clube Pinheiros, onde estive nas categorias de base e, por seis anos, fui auxiliar do técnico Alberto Silva (Albertinho), atuando com a equipe adulta. Em 2009, trabalhei na MedSwimming, em São Paulo, e tive meu primeiro contato com o paralímpico, pois na equipe tinham dois atletas com deficiência. Em 2010, fui o técnico responsável pelo André Brasil. O trabalho foi bem proveitoso, pois tivemos um ano de preparação para o Campeonato Mundial Paralímpico e ele conquistou cinco medalhas e quebrou três recordes mundiais. Em 2011, fui para o Corinthians, onde trabalhei com a equipe júnior e tive a oportunidade de contar com vários atletas campeões brasileiros. Conquistei títulos estaduais e nacionais e ainda participei da seleção brasileira em diversas competições, entre elas
“Temos nadadores que vão chegar com boas chances em 2016. Destaco o André Brasil, Talisson Glock, Phelipe Andrew, Matheus Rheine, Roberto Alcalde, Italo Pereira, Caio Amorim, Edênia Garcia e os revezamentos” Leonardo Tomasello 54
o Campeonato Mundial Júnior, em Dubai. Em 2014, comecei o trabalho no CPB à frente da seleção brasileira e do Centro de Referência.” Em relação ao contato com atletas paralímpicos, ele explica que trabalhou na formação, quando ainda estava em academia. “Contudo, a primeira atividade com atletas foi em 2009, na MedSwimming. Depois, a parceria com o André Brasil, na qual eu conheci a estrutura e as pessoas do CPB e tive uma experiência com o alto rendimento paralímpico. Em seguida, acompanhei as competições de fora e pela TV, até retornar em 2014.” Fora das piscinas, Tomasello não observa muitas diferenças entre a natação paralímpica e a convencional. “Quanto à estrutura, organização, trabalho da comissão técnica estamos conseguindo montar um esquema muito semelhante com a natação convencional. O que muda muito é a questão técnica, pois necessita de um trabalho específico, de acordo com a deficiência de cada atleta.” Fenômeno Dono de 15 medalhas em duas Paralimpíadas, sendo dez de ouro, quatro de prata e uma de bronze, além de 14 títulos mundiais, 19 ouros em Parapans e dez recordes mundiais. Parece muito, mas não para Daniel Dias, 27 anos, que nasceu com má-formação congênita nos membros superiores e na perna direita, e se tornou o principal destaque da seleção brasileira de natação paralímpica. A sensação de ser um dos maiores nomes do paradesporto mundial não envaidece o atleta, que resume seu sentimento da seguinte maneira: “É muita alegria, mas, também, muita responsabilidade”. Para Dias, apesar dos grandes resultados da modalidade, ainda há muito o que fazer. “Mas estamos no caminho certo. Tanto que minhas expectativas em relação ao nosso desempenho nas Paralimpíadas são as melhores possíveis, com planejamento e treinamentos intensivos. Como eu disse, estamos treinando forte para obtermos bons resultados e, assim, representar bem o País.” O nadador ainda não sabe em quais provas vai competir nos Jogos de 2016. “Isso vai depender de algumas competições deste ano, como o Mundial e Parapanamericano.” O destaque da natação nacional conta com entusiasmo sobre o primeiro sentimento que tem ao bater na borda da piscina, olhar o placar e ver seu nome em destaque, como primeiro colocado e novo recordista mundial. “É uma emoção enorme. Tenho muita gratidão a Deus por essa chance de quebrar recordes, melhorar minhas marcas, ganhar medalhas.” Voltando no tempo, Dias revela como a natação paralímpica passou a fazer parte de sua vida. “Foi em
Daniel Dias 2004, durante os Jogos Olímpicos de Atenas, na Grécia. Eu estava assistindo à TV e passou uma chamada informando que o Clodoaldo (Silva) havia conseguido mais uma medalha para o Brasil nas Paralimpíadas. A partir daquele momento eu pensei que poderia praticar um esporte adaptado. Em 2005, comecei a nadar e descobri que era meu dom. Sempre gostei de esportes, mas meu contato se resumia à escola. Fazia tudo o que o professor de Educação Física nos proporcionava.” O atleta ressalta que não observa o atleta paralímpico dentro de uma visão, apenas, de superação. “Eu acredito que todo esporte representa ultrapassar limites. Todo atleta de alto rendimento tem que se superar para alcançar bons índices”, conta, reforçando
Jonne Roriz/CPB/MPIX
“Estamos no caminho certo. Tanto que minhas expectativas em relação ao nosso desempenho nas Paralimpíadas são as melhores possíveis, com planejamento e treinamentos intensivos”
Dias: “É uma emoção enorme. Tenho muita gratidão a Deus por essa chance de quebrar recordes, melhorar minhas marcas,
a ideia de que, ao longo dos anos, procurou ser o mais independente e autônomo possível. “Meus pais sempre me incentivaram em tudo. Assim, nunca colocaram limites de realização e capacitação em mim. Portanto, procuro ser o mais independente possível. Preconceitos existiam, existem e, infelizmente, ainda vão existir. Mas podemos contar com o esporte, que é uma ferramenta de inclusão social”, completa.
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trabalho
Engajamento reconhecido Empresa Sodexo recebe duas premiações, em função de sua política de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e apoio à diversidade, com o desenvolvimento de programas específicos no setor Da Redação
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ois prêmios recebidos recentemente, que comprovam o investimento em políticas de defesa da diversidade e da inclusão social, sublinham a aposta da Sodexo On-site – Serviço de Qualidade de Vida na inserção de PcDs em seu quadro de funcionários. Um dos pontos altos das ações desenvolvidas pela empresa nesse sentido é a utilização de equipes mistas de pessoas com e sem deficiência trabalhando juntas em diversos setores. “Nos últimos meses ficamos muito honrados em receber dois reconhecimentos que julgamos bem importantes. O primeiro refere-se ao Selo Paulista de Diversidade, que certificou nossa companhia em dezembro de 2014, por sua atuação e compromisso demonstrados nos últimos anos. Dessa forma, a empresa passa a integrar a categoria Adesão do programa gerenciado pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (SERT)”, revela Marcelo Vitoriano, coordenador de RH, Diversidade & Inclusão. Ele explica que, em março deste ano, a Sodexo obteve, ainda, o Diploma de Boas Práticas de Trabalho Decente, também uma iniciativa da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo. “Este segundo prêmio que recebemos foi criado para reconhecer as empresas que atuam em consonância com o conceito de Trabalho Decente da Organização Internacional do Trabalho. O diploma reforça nosso compromisso na promoção de uma cultura de valorização da diversidade e inclusão.” A Sodexo foi fundada em 1966, na França, e hoje opera em 80 países. Projeta, gerencia e fornece soluções para os setores de alimentação e gestão de facilidades. Há 35 anos no Brasil, a organização conta com um eficiente conjunto de ações de inclusão, segundo Vitoriano. “Acreditamos que diversidade e
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inclusão são fundamentais. Nossa força de trabalho, diversa e comprometida com a inclusão, é uma vantagem competitiva e um fator que impulsiona o crescimento e excelência do nosso negócio. O programa de Diversidade e Inclusão compreende o desejo e a capacidade de reconhecer valor e otimizar a diversidade da força de trabalho. Nosso compromisso abrange todas as dimensões da diversidade, visíveis ou não, mas, atualmente, nos concentramos em cinco áreas: Gênero; Raça e etnia; Gerações; Pessoas com deficiência; Orientação sexual e identidade de gênero.” A inclusão pode ser vista no número de PcDs que atuam na empresa. “Quanto aos nossos resultados, temos, anualmente, por volta de 100 novos colaboradores com deficiência sendo contratados. Deste público, mais de 40% têm deficiência intelectual. Também contamos com parcerias para formarmos aprendizes com deficiência nas áreas de food, facilities e administrativa. Hoje, temos uma sólida parceria com a APAE-São Paulo e, neste ano, totalizaremos, aproximadamente, 60 aprendizes com deficiência intelectual formados e já atuando em nossos
“Nosso compromisso abrange todas as dimensões da diversidade, visíveis ou não, mas, atualmente, nos concentramos em cinco áreas: Gênero; Raça e etnia; Gerações; Pessoas com deficiência; Orientação sexual e identidade de gênero” Marcelo Vitoriano
imagens: 123rf
restaurantes”, ressalta Vitoriano. Ele acrescenta que a empresa desenvolve um projeto de capacitação com o Instituto Hippocampus, de São Paulo, com excelentes resultados. Vitoriano conta que todas as vagas disponíveis na companhia são abertas para pessoas com e sem deficiência. “No entanto, para as funções de mais responsabilidade e com necessidade de maior formação técnica, ainda não temos uma boa participação de candidatos com deficiência. O contingente principal de colaboradores está em funções operacionais em nossos clientes, como serviços de alimentação, facilities e saúde. Temos mais 90% de colaboradores nestas atividades.” O trabalho desenvolvido pela Sodexo não se limita a auxiliar as PcDs para o ingresso no mercado de trabalho. Existe uma preparação para que as pessoas sem deficiência acolham o profissional com deficiência da melhor forma possível. “Elaboramos programas de sensibilização para os gestores, buscando capacitá-los a receber, de uma maneira correta, pessoas com variados tipos de deficiência. Todos os nossos líderes tomam conhecimento dos programas de diversidade e inclusão, já em sua integração. Em contrapartida, para parte dos colaboradores com deficiência realizamos capacitação técnica de até dois meses, de acordo com o contrato e o
local onde a pessoa irá atuar. Também entendemos que o nosso programa de aprendizado é uma forma eficaz de prepararmos jovens com deficiência, principalmente a intelectual, para integrarem os nossos quadros.” Desafios Obviamente, avalia Vitoriano, os problemas na inclusão de profissionais com deficiência ainda são enormes. “Entretanto, também não são enormes os desafios para inserirmos trabalhadores, independentemente de terem ou não deficiência? Entendo que sim, pois as dificuldades de qualificação de mão de obra no país não são privilégio das pessoas com deficiência. Alguns indicadores apontam até uma maior escolarização da população com deficiência. Também precisamos lembrar que o poder público deve fazer sua parte, oferecendo, por exemplo, acessibilidade no transporte público, parceria com as empresas para divulgação de currículos de profissionais com deficiência e outras ações.” A ideia é observar tudo isso, para ir além do cumprimento das cotas. Vitoriano aponta para a necessidade da valorização total de uma cultura de diversidade. “Não adianta preencher a Lei de Cotas, se não buscamos igualdade de gênero”, finaliza.
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passatempo
TESTE SEUS CONHECIMENTOS DO ALFABETO MANUAL DA LIBRAS: ACHE OS NOMES mpo: Caça-Palavras RELACIONADOS ABAIXO E DIVIRTA-SE! ANA
BEATRIZ CAMILO
DANIELA FÁBIO
LUCIMAR MATILDE VANESSA VÂNIA ZULEIDE
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(Solução deste passatempo na próxima edição.)
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PcDs terão seu marco legal Sanções criminais para atos preconceituosos e criação do “auxílio-inclusão” são algumas mudanças estabelecidas pela lei
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Plenário da Câmara Federal aprovou, no início de março, o textobase que estabelece a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (PL 7699/06, antes conhecido como Estatuto da Pessoa com Deficiência). A proposta foi um substitutivo da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) ao projeto de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). A matéria, que define o que é considerado deficiência, prevê atendimento prioritário em órgãos públicos e ressalta as políticas públicas para as PcDs. Segue, agora, para apreciação do Senado Federal. A proposta passará na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), tendo Romário (PSB-RJ) como relator, seguindo direto para Plenário. Além de estabelecer diretrizes sobre as classificações das deficiências, indica sanções penais e criminais no caso de atos de preconceito e discriminação. “É dever do Estado, da sociedade, da comunidade e da família assegurar, com prioridade, às pessoas com deficiência, a plena efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade”, rege o texto. Também prevê uma espécie de “auxílio-inclusão”, a utilização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a aquisição de próteses e a reserva de 10% de vagas às PcDs nos processos seletivos de cursos universitários. Está prevista, ainda, a criação de um cadastro de inclusão, que tem o objetivo de coletar, processar, sistematizar e disseminar informações, que permitam a identificação das PcDs e os obstáculos que prejudiquem o cumprimento de seus direitos. Em relação à reserva de vagas no mercado de trabalho para as PcDs, a Lei de Cotas não sofreu alterações. Segundo a matéria, o Estado passa a ser responsável por assegurar a formulação de políticas públicas de inclusão social, por intermédio do Programa Nacional de Acessibilidade. A lei determina a instalação de varas específicas para atendimento à PcD. Entre as sanções criminais, pena de um a três anos de reclusão para atos de discriminação em estabelecimentos públicos, como cinemas, clubes, hotéis, pensões, pousadas, entre outros. Além disso, prevê pena de dois a cinco anos de prisão em casos de pessoas que dificultarem a inscrição ou acesso de alguém, sem causa justificável, a qualquer cargo público, em consequência de sua deficiência. Contudo, de sua redação original, foram excluídos pontos polêmicos. Um deles é a possibilidade de um juiz autorizar a interrupção imediata de transmissões ou divulgações de veículo de comunicação, caso haja indução ou incitação à discriminação de pessoa devido à deficiência. (Com informações da Agência Brasil.)
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painel do leitor A SUA NOVA REVISTA DE INCLUS
ÃO SOCIAL, SUPER AÇÃO E INSPIR
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AS INICIATIVAS DA DELOIT TE PARA INCLUIR PESSOA S COM DEFICIÊNCIA NO QUADRO PROFIS SIONAL DA EMPRES A
SURDEZ: VISÃO MÉDICO-PATOLÓGICA X VISÃO SOCIOCULTURAL TATHIANA PIACANSTELLI,
A MENINA COM SÍNDROME DE DOWN QUE É ARTISTA , APRESENTADOR A E PERSONAGEM DAS HISTÓRIAS DE MAURICIO DE SOUSA
A DE A GRANDE JOGAD
GUGA Instituto Guga Kuerten, que auxilia na formação e de milhares de crianças pessoas com deficiência está por meio do esporte, anos prestes a completar 15
FERNANDO ARANHA
E A BUSCA PELA VAGA OLÍMPICA NO PARATRIATHLON
nte flagra
aprenda libras
Eu rEprEsEnto o Brasil, mas o Bras il não mE rEprEsEnta
a Língua Brasileira de Sinais – Libras é muito mais que uma alternativa de comunicação dos surdos brasileiros. Ela é um direito conquistado pelas comunidades surdas de se comunicarem em sua própria língua materna. Esse direito lhes foi assegurado por meio da Lei Federal no 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto no 5626, de 22 de dezembro de 2005. Nesta seção da Revista D+ você terá sempre conteúdo da Libras, para aprender a se comunicar com os surdos usuários dessa língua. A seguir, aprenda o alfabeto manual:
músico e ativista fala sobre acessibilidad e e sobre o atual cenári brasileiro para a auton o omia de pessoas com lesão medular
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Guga: convivência com irmão com paralisia cerebral o levou a iniciativas para quebrar barreiras e preconceitos
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ESPECIAL
A quantas andam o Plano Municipal de Educação de São Paulo, capital, e suas diretrizes para o ensino inclusivo 5/2/2015 21:35:13
Conteúdo e forma Caros editores e equipe da Revista D+. Inicialmente, gostaria de dar os parabéns pela qualidade da publicação, tanto em relação ao conteúdo quanto à forma. Sou jornalista e professor de Jornalismo. Em minha prática profissional gosto de avaliar as produções do terceiro setor. Terei o maior prazer em apresentar o projeto da D+ aos meus alunos. Aproveito a oportunidade para apresentar o Instituto Gabi, um projeto social fundado por mim e por minha esposa e dirigido por nós até hoje. Temos um foco principal que é a inclusão social de pessoas com deficiência intelectual. Caso achem oportuno repercutir e/ou apurar algum tema/pauta, estamos à disposição. Para mais informações, acessem nossos canais de comunicação, sobretudo o Youtube e o Facebook. No primeiro há uma matéria feita pela jornalista Elaine Bast, que foi ao ar no Jornal Nacional, da rede Globo. F rancisco Sogari, via e-mail Prof. Ms. Jornalismo - www.brazcubas.br Fundador/Presidente do Instituto Gabi - www. institutogabi.org.br Sucesso Olá. Minhas felicitações e votos de sucesso para o empreendimento da revista D+. Acredito que são necessárias e importantes, sob todos os aspectos, as abordagens referentes ao segmento das pessoas com deficiência. Já estou divulgando a D+ no Facebook, Blog Vivências Autísticas (http://autismovivencias autisticas.blogspot.com.br) e demais meios aos quais participo. Atenciosas saudações. Nilton Salvador, via e-mail rosandores@gmail.com
billy saga
da cidade
Espaço da Língua BrasiLEira dE sinais
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mensagens para esta seção: por e-mail: contato@dmais-revista.com.br. cartas: Rua da contagem, no 201 – Saúde - São Paulo/SP cep 04146-100 / facebook: www.facebook.com/revistadmais
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alve! Quem escreve é Billy Saga, mais um Diante de tantos contratemp rapaz que se equilibra em os, será que contamos sua cadeira de com a cobertura da grande rodas, enquanto o país mídia para pôr em xeque segue na corda bamba. essas assimetrias? Também Já lá se vão 16 anos “na não. Em vez de uma cadeira”, desde que um acidente de moto imprensa combativa, que me trouxesse à tona as lutas das lançou à militância. À frente pessoas com deficiência, do sobram Movimento SuperAção, realizei matérias assistencia listas, nessa via crucis sem 27 eventos socioculturais sensacional istas, pautadas pela pelo América Latina, mostrando rampas, o que dizer sobre senso comum (com muito a cara e encurtando distâncias. pouco, ou nenhum, questões ainda mais Com tantas estradas conhecimento sobre o assunto) percorridas, entristecebásicas, como o direito me e pelo tom caritativo que de ir subjuga perceber que, apesar de muitas qualquer diferença. e vir, o direito a transpo coisas terem mudado na última E se o governo concede rte, à década, as possibilidades atleta Lais Souza de saúde, educação, (sobre)viver de forma cidadã (merecidamente) uma trabalho, cultura e lazer? ainda são pequenas para os aposentadoria digna, alegando brasileiros com algum tipo de que ela “representa o país”, por lesão medular. que a nós – que juntos somamos Aqui, pouca gente tem 45 milhões de pessoas acesso a cadeiras decentes com de fabricação nacional. Ainda deficiência – ainda migalhamo menos são aqueles que s míseros BPCs ou andam sobre cadeiras “gringas”, aposentadorias por invalidez? Não representamos, infinitamente melhores – mais leves também, nosso país? e resistentes e, por isso, mais caras. Para piorar, algumas Seguimos, assim, tão violentados poucas lojas forjam quanto outras monopólios sobre esses minorias espalhadas pelo planeta, alvos do preconceito produtos, superfatura ndo no preço final gasto pelo e da ignorância alheia. consumidor. Porém, confiantes, continuamo s a representar o Brasil, Nessa via crucis sem rampas, mesmo não recebendo o que dizer sobre o devido questões ainda mais básicas, reconhecimento. Je suis Brésil. como o direito de ir e vir, o direito a transporte, saúde, educação, trabalho, cultura e lazer? Billy Saga é presidente da ONG Movimento SuperAção A (in)equação está posta: (www.movimentosup do lado mais fraco, as eracao.org.br), músico demandas das pessoas (www.billysaga.com), com deficiência – ainda consultor da ONG Mais Diferenças não reconhecidas como cidadãs; (www.md.org.br), conselheiro do outro, as violências da Ouvidoria da cotidianas, institucionalizadas Defensoria Geral do Estado pela negligência e pelos de São Paulo, um dos desmandos de governos primeiros artistas plásticos, e do grande capital. pesquisador da De’VIA (www.artesurda.com ) e ator da Cia Mix Menestréis.
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Universo amplo Fiquei bem satisfeita ao conhecer a Revista D+. Afinal, o universo das pessoas com deficiência e da inclusão social é tão amplo e oferece tantas possibilidades que os meios de comunicação, em geral, deveriam apostar mais na veiculação de temas de interesse desse segmento. Como isso não acontece, publicações especializadas como essa ganham mais importância no mercado editorial. A D+, já em seu primeiro número, mostrou a que veio, com matérias e artigos interessantes e relevantes, além de apresentar aos leitores um visual leve, bonito e atraente. Só posso desejar sucesso à equipe e que o trabalho continue assim. Revistas como esta oferecem um serviço fundamental à sociedade. Vida longa à D+. Lilian da Cunha, via e-mail Via Facebook Achei a Revista D+ bem bacana. O mercado estava mesmo carente de uma publicação que aborde os inúmeros aspectos da inclusão, como esta, que orienta e dá dicas. Parabéns! Maria Alzira Paiva Soares Em minha opinião, o visual da revista é muito legal. Leonardo Betti Realmente, esta Revista é D+. Mariane Sant’Ana A Revista D+ ficou bem louca! Estamos aí. Parabéns a toda a equipe. Billy Saga A família Massa Conduz na Revista D+, uma publicação focada no público PcD. Recomendamos aos amigos e clientes. Massa Conduz
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Imagens: Espaço Mais Diferenças
flagrante da cidade
LED e acessibilidade
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ator e artista plástico Paulo Bordhin inaugurou, em 20 de março, exposição de seu novo trabalho, no Espaço Mais Diferenças, em São Paulo, capital. A mostra, intitulada Tentaculares, possui 15 obras de trama de fios de alumínio caracterizadas por formas alongadas e pontiagudas, à semelhança de tentáculos. Algumas se distinguem pelo uso de lâmpadas de LED. A curadoria é de Tiago Marchesano e concepção, de Maria Eugenia Mourão. As peças seguem expostas até dia 22 de maio. A apreciação da arte de Bordhin pode ser feita com recursos de acessibilidade desenvolvidos pela oscip Mais Diferenças: audiodescrição, legenda e inserção de Língua Brasileira de Sinais (Libras). O conteúdo acessível poderá ser conferido com o auxílio de tablets que fazem a leitura de QR codes.
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Há também a possibilidade de o público tocar as peças; os títulos das obras em Braille; seguir em circuito com piso tátil (que possibilita autonomia ao público com deficiência visual); e ouvir áudios com comentários do próprio artista. Para quem quiser conhecer, o Espaço Mais Diferenças fica à rua Lisboa, 455, Pinheiros. (Imagens enviadas por Movimento SuperAção.) Você teve acesso a uma atração interessante, ou presenciou um desrespeito aos direitos da pessoa com deficiência em sua cidade?
Compartilhe seu flagrante com a revista. Mande e-mail para contato@dmais -revista.com.br. Sua foto e seus textos podem ser publicados. (A redação se reserva o direito de editar o material enviado para publicação.)
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