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principais marcas do Brasil ESPECIAL Asapresentam as novidades que MONTADORAS o setor prepara para 2019
NÚMERO 24 • PR EÇ O R$ 13,90 ISSN 2359-5620
9 772359
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EDUCAÇÃO: Projeto do Instituto Rodrigo Mendes ganha versão de Estudo à Distância
NA REDE
::::::::::::revistadmais.com.br:::::::::::::::::::::: AS NOTÍCIAS MAIS QUENTES PRA VOCÊ A Equipe D+ sempre traz para o seu site novidades importantes e curiosidades na área da inclusão social: cultura, empregabilidade, esporte e comportamento são algumas das pautas que recheiam nosso portal. Curta nossa página no Facebook e fique ligado: Facebook/revistadmais
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EDITORIAL Referência em Inclusão e Acessibilidade Acesse www.revistadmais.com.br e confira todas as matérias em LIBRAS e ÁUDIO
principais marcas do Brasil ESPECIAL Asapresentam as novidades que MONTADORAS o setor prepara para 2019
NÚMERO 24 • PR EÇ O R$ 13,90 ISSN 2359-5620
9 772359
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562003
EDUCAÇÃO: Projeto do Instituto Rodrigo Mendes ganha versão de Estudo à Distância
Edição 24: Divulgação
Para todos os gostos
E
ssa edição da Revista D+ traz um especial com as principais montadoras do país. Fomos a campo para descobrir o que elas apresentaram para o segmento da pessoa com deficiência em 2018, e o que estão preparando para 2019. O que pudemos comprovar é que o cenário é altamente favorável para o consumidor. Foram vários modelos novos lançados em 2018 e existe uma vontade generalizada das montadoras de expandir esse leque em 2019. São carros de estilos e tamanhos diversos, com inovações tecnológicas fantásticas para todos os gostos e todos os bolsos. Sim, porque muitos desses modelos estão abaixo do teto de R$ 70 mil estabelecido para quem quer adquirir o veículo com isenções do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), já que a isenção referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vale para a pessoa com deficiência, independentemente do preço do carro que ela adquirir. Como esse mercado cresce a olhos vistos, algumas montadoras chegaram a dobrar a venda de veículos para o segmento se comparar 2017 com 2018, os serviços voltados a ele também melhoram de forma significativa. Muitas das principais marcas de carro do Brasil têm canal de vendas exclusivo para o segmento. Funcionários das empresas e das concessionárias são treinados para atender da melhor forma a pessoa com deficiência, inclusive orientando-a sobre a burocracia necessária para se conseguir as isenções. Em tempos de mudanças políticas, percebe-se que as expectativas de todos, produtores, vendedores e consumidores, são de que 2019 seja um ano de retomada econômica. Todas as montadoras, sem exceção, esperam um 2019 melhor do que este ano que se finda. A edição traz, como não poderia deixar de ser, outros assuntos relevantes. Na área da educação, fomos conhecer o projeto desenvolvido pelo Instituto Rodrigo Mendes, em parceria com a Fundação Barcelona e a Unesco, o “Portas Abertas para a Inclusão”, que busca capacitar profissionais da área da educação física, fazendo com que o esporte seja, mais uma vez, motivo de inclusão. Após certificar mais de 900 cursistas em 16 municípios de 15 estados e atingir aproximadamente 90 mil estudantes, a iniciativa ganhou uma versão EAD. Para se ter uma ideia do sucesso da nova modalidade, mais de 7 mil pessoas se inscreveram para participar do curso, em apenas um mês! Trazemos também matéria esclarecedora sobre o aumento da incidência do Acidente Vascular Cerebral (AVC) em pessoas com menos de 50 anos. A reportagem traz os fatores de risco e o que pode ser feito para que não se aumente ainda mais o número de mortes por ano causados pelo AVC, apenas no Brasil. Exercícios físicos são, com certeza, recomendação para esse fim. E a edição traz, nessa linha, duas reportagens. Abordamos o paddleboard, modalidade que começa ser praticada por pessoas com deficiência e já proporciona uma série de benefícios, entre eles, a interação com o meio ambiente, já que os treinos acontecem na represa Billings, em São Paulo. E fomos conhecer o programa do Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, voltado a jovens entre 10 e 17 anos, onde oito modalidades paralímpicas são ensinadas. Além do óbvio ganho físico, a ação ajuda na inclusão e no aumento da autoestima. Enfim, são muitos os assuntos, que preparamos para nossos leitores. Aproveito para desejar a todos ótimas festas e um 2019 promissor em todos os sentidos! Boa leitura! Rúbem Soares Diretor Executivo
DO LADO DE CÁ
Virada Inclusiva
São Caetano do Sul realizou a sua segunda edição da Virada Inclusiva no dia 2 de dezembro. A Revista D+ estava lá para acompanhar tudo de perto!
Autoridades e organizadores da Virada
O diretor executivo da D+, Rubem Soares (à esquerda), com o prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Junior e sua esposa
A secretária municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida de São Caetano do Sul, Adriana Gomes da Fonseca, concede entrevista para nossa equipe
Membros da Banda Marcial Municipal de São Caetano do Sul se apresentam para o público
Nossa videomaker Jéssica Carecho entrevista Leandro Badi, do Instituto Faca na Cadeira
Respeitar a individualidade é multiplicar possibilidades A diversidade de saberes e olhares torna nossos serviços diferenciados, e nos permite apresentar soluções extraordinárias aos nossos clientes. Por isso, a KPMG promove uma cultura inclusiva que respeita e valoriza a pluralidade relacionada a Gênero, PCD, Raça /Etnia, LGBTI+, Religião, Geração, ou tantas outras. Faça parte do nosso time. Acesse a área de carreiras do nosso site e cadastre seu currículo: kpmg.com.br Cidadania, Inclusão & Diversidade
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DIRETOR EXECUTIVO Rúbem da S. Soares rsoares@revistadmais.com.br REDAÇÃO Editor-Chefe Paulo Kehdi jornalismo@revistadmais.com.br Revisão textual Eliza Padilha Diagramação Estúdio Dupla Ideia Departamento de Arte (site e redes sociais) Samuel Ávila arte@revistadmais.com.br
NOSSA CAPA 38 Especial Montadoras. Confira tudo o que as principais marcas automotivas do Brasil ofereceram em 2018 e o que estão prometendo para 2019
Ilustrador Luis Filipe Rosa
08 Na Rede
Colaborou nesta edição Jéssica Aline Carecho e Tacila Saldanha (Fotografia Do Lado de Cá e Virada Inclusiva de São Caetano) Graciele Pignatari, Diogo Lovato e Iara Brandão (Artigo Autismo) Márcia Rocha (Entrevista) Cármen Guaseremin (Saúde, Viver Bem e Educação) Márcio Gonçalez (Artigo Direito e Cidadania) Renata Smith (Esporte) Monica Mantecón (Cereja)
10 Editorial
DIRETOR DE PUBLICIDADE Denilson G. Nalin denilsonnalin@revistadmais.com.br (11) 5581.1739 e 9-4771.7622 COMUNICAÇÃO E MARKETING Rúbem S. Soares Herick Palazzin mkt@revistadmais.com.br FINANCEIRO Ernandis Pereira dos Santos CONTRATOS E LICITAÇÕES Caroline Palazzin mais@revistadmais.com.br TI Herick Palazzin Ivanilson Oliveira de Almeida Jonathan Vinicius DIRETOR ARTÍSTICO Dilson Nery CONSULTORIA DE LIBRAS Flaviana Saruta Joice Alves de Sá INTÉRPRETES DE LIBRAS Carolina Gomes de Souza Silva Marco Antonio Batista Ramos Rafaella Sessenta VIDEOMAKERS Jéssica Aline Carecho Tacila Saldanha ATENDIMENTO AO ASSINANTE E CIRCULAÇÃO Herick Palazzin assinaturas@revistadmais.com.br (11) 5581-3182 RECEPÇÃO Jennyfer Alves SUCURSAL SUMARÉ Arianna Hermana da Silva (19) 3883-2066 Edição número 24 – Novembro/Dezembro de 2018 REVISTA D+, ISSN 2359-5620, é uma publicação bimestral da MAIS Editora CNPJ n° 03.354.003/0001-11 Rua da Contagem, 201 - Saúde São Paulo/SP - CEP 04146-100 ASSOCIADA A:
Distribuída em bancas pela DINAP Ltda. Distribuidora NacionalPARCERIA: de Publicação. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 CEP 06045-390 – Osasco – SP A Revista D+ não se responsabiliza por opiniões e conceitos emitidos em artigos assinados ou por Associação para qualquer conteúdo publicitário Desenvolvimento Social, e comercial, sendo este de Educacional, Cultural e de Apoio inteira responsabilidade dos à Inclusão, Acessibilidade e anunciantes Diferença
12 Do Lado de Cá 14 Expediente & Aqui na D+ 16 Artigo Entenda qual a importância da contribuição genética para o autismo 18 Misto Quente As novidades dignas de nota 26 Entrevista Conheça a trajetória de vida de Luis Carlos Kassab, assessor da Secretaria da Assistência Social da Prefeitura de São Bernardo do Campo 30 Saúde Cada vez mais pessoas com menos de 50 anos sofrem AVC. Entenda as razões. 34 Viver Bem Conheça o paddleboard, esporte que cresce no país e ganha versão para a pessoa com deficiência 52 Educação O projeto “Portas Abertas para a Inclusão” abre vagas para EAD 56 Esportes Programa do Comitê Paralímpico Brasileiro quer formar jovens em diversas modalidades paralímpicas 60 Direito e Cidadania Artigo traz cenário do universo automotivo e o futuro das isenções de impostos 62 Acontece Curso de Autismo em 2019 e Encontro dos Surdos com a Ciência 66 Cereja! Conheça a história de Sheila Cassin, psicóloga com paralisia cerebral que escreveu livro inspirador
Novembro/Dezembro 2018 – Ano IV – nº 24
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ARTIGO
Contribuição genética para o Autismo por Dra. Graciela Pignatari, Dr. Diogo Lovato e Dra. Iara Brandão
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Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado por um tipo de neurodesenvolvimento que causa traços comuns entre as pessoas que o têm, como, déficits na interação social e na comunicação, interesses restritos e movimentos repetitivos. No entanto, individualmente, eles diferem em seu curso de desenvolvimento, sintomas, linguagem e habilidades cognitivas. A heterogeneidade clínica do TEA pode ser vista, por exemplo, em relação ao sexo, onde temos uma proporção de quatro casos masculinos para apenas um caso feminino, e é possível observar diferenças até entre gêmeos univitelinos. Estas distinções ficam cada dia mais evidentes pela identificação de centenas de variantes genéticas que contribuem para a etiologia do TEA. Estudos recentes afirmam que o TEA é um transtorno multifatorial, envolvendo fatores genéticos e ambientais que atuam em diferentes combinações, sendo o risco genético estimado entre 70% a 90%, enquanto dentre os estudos científicos com validade metodológica, verificou-se que a maioria dos fatores ambientais estudados não tem impacto significativo para o risco do TEA, como, complicações na gestação, idade materna, exposição materna a toxinas e poluentes, desnutrição e alimentação na infância, baixo peso no nascimento, uso de vitaminas e vacinação. Em contrapartida, de acordo com esta revisão, verificou-se que o uso de ácido valpróico durante a gestação, e idade paterna avançada são fatores de risco para o desenvolvimento do TEA. Apesar de ambos serem considerados fatores ambientais, eles têm relação direta com a composição de risco genético, sendo o ácido valpróico uma substância que altera a produção de diversos genes ligados ao neurodesenvolvimento e ao TEA. Da mesma forma, a idade paterna avançada está diretamente associada a alterações genéticas na produção de espermatozoides. Os avanços na tecnologia permitiram um maior número de estudos científicos e a identificação de genes relacionados à etiologia do TEA. De acordo com a Simons Foundation Autism Research, hoje, mais de mil genes já foram
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associados ao TEA. O teste de array genômico vem sendo recomendado pela Academia Americana de Genética Médica e Genômica, e pela Academia Americana de Pediatria e de Psiquiatria Infantil e da Adolescência, em crianças com deficiência global do desenvolvimento e TEA. Variantes genéticas associadas ao TEA foram identificadas em centenas de genes diferentes e na maioria das vezes são raras, variando entre alterações de pares de bases (single nucleotide variants - SNVs) até perdas e ganhos de milhares de pares de bases (copy number variations - CNVs). As alterações genéticas relacionadas ao TEA ainda podem ocorrer nos cromossomos (microdeleções ou microduplicações), em genes únicos — como, por exemplo, em casos de Síndrome de Rett —, mas a maioria dos indivíduos diagnosticados com TEA não são casos sindrômicos e possuem alterações genéticas diversas em múltiplos genes. Além disso, tais alterações podem ser herdadas dos pais biológicos ou identificadas pela primeira vez no individuo, sendo chamadas de alterações genéticas do tipo de novo, cujo número vem aumentando. Em indivíduos com TEA, alterações de novo em CNV ocorrem quatro vezes mais do que nos irmãos não afetados, enquanto que alterações de novo com perda de função são duas vezes mais comuns. Uma única alteração genética é suficiente para causar o TEA, mas na maioria dos casos não ocorrem devido a alterações em um único gene. Pelo contrário, elas envolvem distúrbios moleculares complexos em múltiplos genes importantes para os processos biológicos, como também em genes que controlam a expressão gênica durante o neurodesenvolvimento. O modelo aditivo genético que explica o TEA foi chamado de “modelo de copo” (Figura 1). Ele apresenta os impactos das variantes genéticas comuns ou raras, herdadas ou não, e dos fatores ambientais com maior ou menor risco associado ao TEA, representados por círculos de tamanhos e cores diferentes.
Figura 1 – “Modelo de Copo” ilustrando a heterogeneidade genética e penetrância reduzida em uma família com TEA. Círculos roxos representam variantes genéticas comuns. Círculos azuis variantes genéticas raras e círculos rosas fatores ambientais. A diferença no tamanho indica o risco. A: variante rara herdada da mãe; B: variante comum herdada da mãe; C: variante comum herdada do pai; D: variante comum de novo e E: variante rara de novo. Adaptado de Hoang, Cytrynbaum, Scherer, 2017.
Além disso, muitas variantes genéticas associadas ao TEA estão relacionadas a outras condições do neurodesenvolvimento como Deficiência Intelectual (DI), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e algumas condições psiquiátricas, como, esquizofrenia, depressão e transtorno do humor e afeto. Por todas estas razões, é um grande desafio definir genes e respectivas variantes genéticas de relevância clínica associadas ao TEA. O conhecimento das variantes genéticas pode ser importante no diagnóstico e tratamento de comorbidades, nas intervenções comportamentais, permite o estudo farmacogenômico, a estratificação de pacientes, proporcionando testes clínicos mais personalizados como também pode ser importante para o aconselhamento genético que compreende uma orientação técnica clara sobre o risco de recorrência para o TEA em gerações futuras.
Dra. Iara Brandão, Médica Geneticista da Tismoo. Neurologista infantil pela Unifesp, mestre em Genética pela UFPR, doutora em Fisiopatologia Médica com área de concentração em Neurociências pela Unicamp e especialista em Genética Médica pela Sociedade Brasileira de Genética Médica.
Finalmente, o TEA é uma condição multigênica, podendo envolver alterações cromossômicas e de sequência de DNA pela combinação de variantes genéticas raras e comuns que podem ou não ser herdadas. A identificação de variantes associadas a condições clínicas em comorbidade com o TEA, permite conhecimento da neurobiologia e fisiopatologia do autismo, como também da arquitetura genômica dos indivíduos autistas e a estratificação de paciente. A estratificação de pacientes baseada em variantes genéticas e seus perfis fenotípicos já acontece na Europa e na América do Norte e com avanços do conhecimento genético no Brasil em breve será uma realidade em nosso país. Vale ressaltar que o conhecimento genético dos indivíduos com TEA está alterando gradualmente o conceito científico e clínico e pode ser mais útil que a dicotomia entre TEA sindrômicos e não-sindrômicos e classificações lineares de funcionamento. D+
Dra. Graciela Pignatari, Sócio-fundadora e Diretora executiva da Tismoo. Bióloga com Mestrado e Doutorado em Biologia Molecular pela Unifesp e doutorado sanduíche no Mount Sinai School of Medicine, NY. Foi pós-doutoranda no Projeto A Fada do Dente e participou da criação da ONG “Projeto A Fada do Dente”, a primeira ONG de mesmo nome.
Dr. Diogo Lovato, Geneticista Molecular da Tismoo. Biomédico e doutor em Biologia Molecular pela Unifesp. Tem pós-doutorado pelo Laboratório Nacional de Biociências - CNPEM em colaboração com o Structural Genomics Consortium da Universidade de Oxford. Foi pesquisador associado do Structural Genomics Consortium da Universidade de Toronto. Revista D+ número 24
MISTO QUENTE
VIRADA NO ABC “No dia 2 de dezembro, São Caetano do Sul (SP) realizou a segunda edição da Virada Inclusiva da cidade”
A cidade de São Caetano do Sul, localizada na Grande São Paulo, promoveu, no dia 2 de dezembro, a sua Virada Inclusiva, em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro. Foram diversas atividades realizadas em dois locais distintos, a Praça dos Imigrantes e a Avenida Presidente Kennedy, também conhecida como “Rua do Lazer”. O município é o primeiro da região metropolitana de São Paulo a instituir uma secretaria voltada à pessoa com deficiência. Em 2009, o prefeito José Auricchio Junior criou a Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida que, desde então, vem promovendo ações públicas que favoreçam a inclusão. Auricchio, que está no seu terceiro mandato como prefeito, falou sobre sua criação. “Nossa ideia é deixar um legado, um órgão público voltado ao segmento. Nossa Virada Inclusiva faz parte de um leque de iniciativas que vai ao encontro desse objetivo, procurando oferecer aos presentes o máximo de opções de lazer esportivas e culturais possíveis”. A secretária da pasta, Adriana Fonseca, comemorou o sucesso do evento. “É a segunda edição, fizemos a primeira Virada ano passado. Queremos mostrar para todos que a pessoa com deficiência é capaz, possui habilidades e a convivência é mais do que possível, necessária”. Ela ainda destaca projetos da pasta para 2019. “Vamos incrementar o “Programa Mover”, na busca da ampliação
do transporte adaptado acessível no município. Queremos também assumir o atendimento biopsicossocial das pessoas com deficiência que tenham mais de 30 anos. Essas pessoas não se encontram mais no ambiente escolar, necessitam de acompanhamento e vamos assumir essa responsabilidade, promovendo sua inclusão na sociedade”. No evento, destaque para o Centro de Reabilitação e Pilates da cidade, que promove ações de fisioterapia preventiva e tratamento há mais de dois anos, não só para pessoas com deficiência, mas também idosos. O Instituto Faca na Cadeira, que promove esportes adaptados, fez uma exibição de WCMX, que consiste em fazer manobras numa pista de skate com uma cadeira de rodas. Radical! Na linha educacional, a professora da Unifesp, Silvana Zajac, coordenadora do “Encontro dos Surdos com a Ciência”, levou essa experiência para São Caetano, mostrando que é possível, sim, transmitir conhecimento de toda espécie ao segmento. Por fim, vale a pena citar a experiência da EMEF 28 de Julho. Vanessa Santos, professora e especialista em inclusão da escola, discorreu sobre o programa que levou o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para toda a instituição, incluindo funcionários, a partir da entrada de uma aluna surda na 5ª série do Ensino Fundamental. Para conferir tudo o que aconteceu no evento, acesse https://www.youtube.com/watch?v=qQ2Dtje1k8Y&feature=youtu.be
“Foram várias as atividades: arte, cultura e esporte num mesmo evento. Abaixo, na foto do meio, o Diretor Executivo da D+, Rúbem Soares (à esquerda), prestigiando a Virada”
“Apresentações musicais ajudaram a enriquecer ainda mais o evento”
Revista D+ número 24
MISTO QUENTE
PRÊMIO ARTE E INCLUSÃO Premiação aconteceu em novembro e contemplou cinco vencedores nas categorias dança, música e teatro “Eliana Filinto (esq), Elza Ambrósio e Dudé, três dos premiados pela secretaria”
“Edgar Jacques, um dos contemplados na categoria Teatro”
“Da esquerda para a direita: a secretária doutora Linamara Rizzo Battistella, Eliana, Elza, Luiza Caspary (jurada) e Paulo Fabião (na cadeira de rodas)”
No dia 24 de novembro, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência realizou a cerimônia do I Prêmio Arte e Inclusão. Tem como objetivo estimular artistas, profissionais e amadores com deficiência na elaboração e divulgação de seus projetos artísticos, além de contribuir para a democratização e ocupação dos espaços públicos, em prol do segmento. A premiação foi dividida em três categorias (dança, música e teatro), com cinco contemplados em cada.
VENCEDORES: • Categoria “Dança” - “Asa de Borboleta Performance Art”, “Cia Circodança Suzie Bianchi”, “Dança Sem Fronteiras”, “Didanda - Grupo Experimental de Dança Daniella Forchetti” e “Dual Cena – contemporânea”. • Categoria “Música” - “Bloco Praxede Sem S”, “Douglas Jericó”, “Dudé e A Máfia”, “O Jardineiro e a Bella Flor” e “Renato José”. • Categoria “Teatro” - “Cia Livre Acesso”, “Cia. Olhos de Dentro”, “Edgar Jacques”, “Paulo Fabião” e “Allan Calisto Pigmentar Companhia”.
Revista D+ nĂşmero 21
MISTO QUENTE
DIABETES AZUL Durante todo o mês de novembro, muito se falou sobre o câncer da próstata. O que muitos não sabem é que há 22 anos, acontece neste mês a campanha de conscientização do diabetes. Ela é mundial, organizada pela International Diabetes Federation (IDF), teve como mote para esse ano “Família e Diabetes”, a fim de evidenciar o papel do núcleo familiar para prevenção e controle da doença. Dados da IDF apontam que, em todo o planeta, 425 milhões de pessoas convivem com o diabetes, das quais mais de um milhão são crianças e adolescentes com o tipo 1. No Brasil, o número estimado aproxima-se dos 13 milhões.
No país, a ação foi promovida pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), instituição responsável pela reinserção do Novembro Diabetes Azul no Calendário de Eventos do Ministério da Saúde. “Foi um avanço importante da sociedade, agindo conjuntamente com instituições voltadas ao segmento, como a Associação de diabetes Juvenil (ADJ) Brasil e a Federação Nacional de Associações e Entidades de Diabetes (FENAD), além de ter se tornado mais um grande passo para a integração com o staff técnico-político do Ministério da Saúde”, comenta Hermelinda Pedrosa, médica endocrinologista e presidente da SBD.
“Acima, a pedalada azul, em Campina Grande (PB), realizada em 29 de novembro. Ao lado, a presidente da SBD, Hermelinda Pedrosa. Abaixo, caminhada do diabetes, que aconteceu em São Paulo (SP), no dia 15 de novembro”
“Acima, pedalada que aconteceu em Brasília (DF), em 11 de novembro. E o Mutirão da Diabetes, realizado em Joinville (PR), no dia 15 do mesmo mês”
Durante o mês de novembro, foram realizadas ações por todo o país. Eventos esportivos, educacionais e culturais permearam a campanha. Destaque para os passeios de bicicleta, as chamadas “Pedaladas”, em Brasília (DF), Campina Grande (PB) e Fortaleza (CE), reforçando a necessidade de uma vida ativa no combate à doença. Famosos, como a cantora Ivete Sangalo, a apresentadora Luciana Gimenez e o cantor Luciano Camargo aderiram à campanha e gravaram vídeos sobre a importância da ação. O material e todas as ações podem ser conferidas no site da SBD (www.diabetes.org.br). O doutor Marcio Krakauer, endocrinologista que está há 11 anos na SBD, é o coordenador da campanha e chama atenção para vários aspectos importantes. “O objetivo principal é levar a informação. É preciso deixar claro que o diabetes tipo 1 provoca sintomas que permitem a descoberta da doença, geralmente na infância ou adolescência. Mas esse tipo de diabetes corresponde a apenas 5% do total. O diabetes tipo 2, que acomete pessoas mais velhas, é que forma a grande maioria dos casos verificados. Seu grande problema é ser assintomático. Sendo assim, o que queremos levar à população é a importância da realização de exames preventivos, evitando assim complicações maiores. É possível realizar o exame em casa, basta ter um aparelho que meça a glicemia. Com uma pequena picada na ponta do dedo, coleta-se um pouco de sangue e realiza-se o teste. Ou, para quem não tem o aparelho, a simples realização de exame de sangue, disponível em qualquer Unidade Básica de Saúde, faz a verificação. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor será o tratamento. Vale lembrar que o diabetes pode levar à cegueira, infarto, ou ainda, para complicações renais, caso mal cuidado”. Ou seja, todo cuidado é pouco para evitar a doença”. D+ Revista D+ número 24
MISTO QUENTE
CAMPANHA #NÃOÉMITO Instituto Entre Rodas entregou cadeiras de rodas para crianças em dezembro. Doações são resultado da campanha
O Instituto Entre Rodas comemorou o primeiro ano de realizacação da campanha #NÃOÉMITO em grande estilo, ao entregar cadeiras de rodas para crianças, no dia 2 de dezembro. Desde o lançamento, no dia 3 de dezembro de 2017, a campanha arrecadou milhões de lacres de alumínio das tampinhas de latas de cerveja e refrigerantes. Estes foram vendidos e a verba direcionada para a compra de cadeiras de rodas fabricadas em alumínio aeronáutico, sob medida para a criança e na sua cor preferida. Os que foram beneficiados pela campanha têm entre 5 e 14 anos e estão frequentando escola regular, pré-requisitos para serem contemplados. O Instituto Entre Rodas também recebeu doações de empresas que realizam a campanha internamente, motivando seus funcionários a doar. Entre as 98 empresas participantes,
estão a GoodStorage, Givaudan, Atento, Mestiça, Sky, ENEL, Sulamérica, Korn & Ferry, Volkswahen e Grupo In Press. Muitas escolas públicas e particulares, como Porto Seguro, Colégio Imperatriz Leopoldina, Colégio Albert Sabin, Externato Rio Branco, Colégio Jean Piaget, Objetivo Jarinu, Anglo de Campo Limpo Paulista, estão entre as 133 que também sensibilizam crianças, professores e familiares a participarem. A amplitude da campanha se espalhou em diferentes regiões do Brasil, como São Luis (MA), onde o Tribunal Regional do Trabaho passa a ser um ponto de coleta para a população local. Devido ao caráter do projeto ser nacional, atualmnete são mais de 200 pontos de coletas espalhados nas mais diferentes regiões do Brasil. Para saber mais informações, mande e-mail para contato@entrerodas.org ou ligue (11) 98300-5909.
Revista D+ nĂşmero 21
ENTREVISTA
Assessor da Secretaria da Assistência Social da Prefeitura de São Bernardo do Campo, Luis Kassab, sabe, por experiência própria, como é complicado ser deficiente no Brasil. E trabalha justamente para tornar esse caminho o mais suave possível Texto Márcia Rocha Fotos Divulgação
O
advogado paulistano Luis Carlos Cocola França Kassab nasceu com uma má-formação nos membros inferiores e por isso usa cadeira de rodas. Hoje, com 40 anos, ainda tem nítida na memória a lembrança de seu avô Eduardo sentado ao seu lado na escada de casa. “Eu tinha uns cinco anos na época e morávamos em um sobrado. Meu avô me ensinou a descer as escadas sozinho”, conta ele, que sempre recebeu apoio dos seus para ser o mais independente possível. Caçula de três irmãos (Paulo, o primogênito, tem 47 anos e é engenheiro, e Ana Luisa, de 44, é enfermeira), Luis diz que a presença da família foi determinante em sua vida. “Eles
nunca me trataram como coitadinho”, diz ele, garantindo que teve uma infância e adolescência absolutamente tranquilas. Aprendeu a nadar na marra. Os pais de Luis queriam que aproveitasse a piscina do clube com os irmãos. Tentaram matricular o garoto em um curso de natação. Sem sucesso, pois havia muito preconceito. “Alegavam que, devido a minha condição, eu não conseguiria nadar e deixaria as outras crianças constrangidas”, diz. Sem pensar duas vezes, o irmão mais velho é que acabou resolvendo o impasse. “O Paulo colocou boias em meus braços e me jogou na piscina. Eu tive que me virar”. E se virou mesmo! Luis tomou
tanto gosto pela natação que chegou a ganhar alguns títulos. Atualmente, é assessor da Secretaria da Assistência Social da Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Conta que, por motivos pessoais, sempre foi sensível à causa dos deficientes e que trabalhar na área foi um caminho meio natural. Ele também é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, atividades que exerce voluntariamente. Aqui, Luis fala sobre seu dia a dia e sobre o papel da família para que aprendesse a lidar com a própria deficiência.
“À esquerda, Luis com a família. O pai Carlos, a mãe Viviana, o irmão Paulo e a irmã Ana Luisa. À direita, com os sobrinhos Carolina e Eduardo” Revista D+ número 24
ENTREVISTA
D+ Conte-nos um pouco sobre sua vida em família. Moro sozinho desde 2004. Brinco, dizendo que meus pais é que saíram de casa. Eles se aposentaram e foram morar em Atibaia. Meus irmãos e eu continuamos vivendo em São Bernardo do Campo. Somos todos muito próximos. Quando meus pais vêm nos visitar, ficam hospedados em casa. D+ E a relação com a natação? Depois que o Paulo me jogou na piscina, nunca mais parei de nadar (risos). Comecei a fazer travessias em águas abertas (mar e rio) e, nos anos 2000, cheguei a ser vice-campeão brasileiro em competições na piscina. Quando terminei a faculdade de Direito, porém, tive que escolher entre ser advogado e ser atleta. Há algum tempo, voltei a nadar e estava praticando canoagem com a equipe Almada & Supirados, que treina pessoas com deficiência em esportes aquáticos outdoor. Agora, estou meio parado por causa da síndrome do túnel do carpo [condição provocada pela compressão de um nervo, situado entre a mão e o punho, que causa formigamento, dor e perda de força], que pegou meus punhos de jeito. Assim que conseguir fazer a cirurgia, pretendo voltar para a água. D+ Como foi sua trajetória até seu cargo atual? Quando me formei, em 2001, abri um escritório com dois amigos da faculdade. Esse escritório existe até hoje. Em 2004, saí candidato a vereador municipal pelo Partido da Frente Liberal, o PFL [atual DEM]. Não ganhei as eleições, mas acabei me tornando conhecido no ABC. Por conta disso, no ano seguinte, William Dib, então prefeito de São Bernardo do Campo [o médico paulista Wiliam Dib, que é conhecido como Dr. Dib, foi prefeito de São Bernardo durante
“Luis com outros membros do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São Bernardo do Campo, durante reunião ordinária que o nomeou presidente”
“Em momento de descanso, depois de praticar o paddleboard. Ao lado, na infância, dentro d’água, onde adora ficar”
dois mandatos: 2003 e 2005, e 2005 e 2009], me convidou para trabalhar no Centro de Referência da Pessoa com Deficiência, que já existia na época. Em 2014, me candidatei novamente – dessa vez a deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD). De novo, não fui eleito. Resolvi disputar essas duas eleições porque sempre tive vontade de contribuir, via Legislativo, com a causa da pessoa com deficiência. Ainda mais que não temos nenhum representante do ABC nesse poder.
Estou na área pública desde 2005. Meu cargo atual é comissionado. Foi um caminho que percorri naturalmente. D+ Seu ativismo nos trabalhos que envolvem a pessoa com deficiência começou quando? Oficialmente, o trabalho ligado ao universo da pessoa com deficiência começou em 2005. Mas sempre fui curioso e sensível a essas questões, inclusive, foi o tema da minha monografia de conclusão do curso de Direito. Como era 2001, ainda havia pouca legislação a respeito e eu tive dificuldade de encontrar um orientador. Resolvi, então, explorar o lado constitucional do assunto. Acabei me saindo muito bem com a banca, pois os examinadores não conheciam bem o tema e eu tinha a meu favor o fato de entender na prática o que estava falando.
“Com a irmã Ana Luisa, durante show do U2 em São Paulo, em 2017”
contribui bastante para que se consiga identificar as necessidades desse grupo. Mas isso não é uma regra, porque tenho colegas que não têm deficiência e são bem atuantes na causa.
D+ Como faz para conciliar a carreira pública, o escritório, o esporte e os cuidados específicos com a saúde? Sofro de insuficiência renal crônica e estou há onze anos na fila de transplante de rins. Antes, fazia hemodiálise três vezes por semana – cada sessão durava cerca de quatros horas. Agora, em vez de ir três vezes por semana, faço um procedimento mais rápido (de duas horas) diariamente. Por conta disso, saio da cama às 4h30 da manhã e, por volta das 8h30, já terminei a hemodiálise. Aí, sigo para Prefeitura, onde fico até as 17 horas. Depois desse horário e, algumas vezes, durante o final de semana, atendo no meu escritório. Ademais, sou muito regrado: cuido bastante da alimentação para evitar retenção de líquido, por exemplo, e das minhas horas de sono. Não cometo exageros. Até que consiga fazer o transplante de rim, preciso me manter o melhor possível. D+ Ter uma deficiência afeta positivamente no exercício da sua profissão específica? Acredito que sim. É que isso me deixa mais sensível às questões relacionadas a esse universo. Ter um ente próximo deficiente também
D+ Você é assessor da Secretaria da Assistência Social da Prefeitura de São Bernardo do Campo, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, atleta e cuida rigorosamente da sua saúde. Tem tempo para mais alguma atividade? Presto assessoria jurídica para os conselhos municipais da Pessoa Idosa, da Pessoa com Deficiência, da Criança e do Adolescente, da Segurança Alimentar e da Assistência Social. Estou me dedicando e gostando muito da área dos direitos da pessoa idosa, que eu nunca havia enxergado, aliás. Existem muitas semelhanças entre as necessidades dos idosos e das pessoas com deficiência. Além disso, sou coordenador do Grupo de Trabalho da Pessoa com Deficiência do Consórcio Intermunicipal do ABC – órgão público que inclui seis municípios do ABC [Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Ribeirão Pires, Mauá e Rio Grande da Serra]. Os prefeitos se reúnem conosco e aplicamos as políticas públicas para o ABC. No que se refere à população com deficiência [cerca de 45 milhões de brasileiros], São Caetano está um pouco à frente de outros municípios do ABC, já que é a única cidade que tem uma Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. D+ Como você avalia a relação da sociedade com a pessoa com deficiência?
Acho que a sociedade está mais atenta para a questão das pessoas com deficiência. As coisas melhoraram um pouco de 1988 para cá, ano em que a Constituição entrou em vigor, mas ainda temos muito chão pela frente. No meu caso, por exemplo, o apoio da família foi fundamental para que eu me tornasse o que sou hoje. Se atualmente moro sozinho e tenho minha carreira é porque houve um trabalho de base. Muitas vezes, faltam oportunidades, mas também faltam conhecimento e afeto nas famílias que têm alguém com deficiência. D+ O que acha que precisa melhorar urgentemente? Acho que precisamos evoluir bastante na questão da acessibilidade, que anda meio estagnada. Ela é fundamental para os deficientes, porque garante autonomia. É como se a falta de acesso fosse mais limitante do que a deficiência em si. Eu, por exemplo, não consigo ir sozinho até a padaria perto de casa. Meu prédio tem acesso, mas não conseguiria andar com a cadeira na rua sem a ajuda de alguém. Falta informação e vontade política para lidar com essa questão. Há estudos mostrando que o impacto nos custos para garantir acessibilidade em uma obra fica na faixa de 1 a 2% apenas. D+ E a legislação brasileira voltada ao tema, é satisfatória? Tenho estudado a fundo a Lei Brasileira de Inclusão, principalmente por causa meu trabalho no Consórcio Intermunicipal. Entendo a lei como avanço, porque, antes, havia várias leis “picadas” e a Lei Brasileira de Inclusão [que entrou em vigor em 2015] aborda praticamente tudo. O fato de definir o que é pessoa com deficiência já representa uma evolução. D+ Revista D+ número 24
SAÚDE
RISCO QUE PODE SER EVITADO Aumento de casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) entre os mais jovens mostra negligência com a própria saúde Texto Cármen Guaresemin colaboração Rede Lucy Montoro Fotos Divulgação
“Ilustração mostra como reage um cérebro após o AVC. Hábitos simples e saudáveis minimizam o risco de ele acontecer”
O
AVC, também conhecido como derrame, é uma doença que mata mais de 100 mil pessoas por ano no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A estimativa para 2018 é de cerca de 18 milhões de casos no mundo, e a tendência geral é que os números aumentem. Para se ter uma ideia, a cada seis pessoas, uma terá o problema. Mas há uma boa notícia: 90% dos casos de AVC são evitáveis. Há dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O primeiro ocorre quando há o entupimento de um vaso sanguíneo, causado pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria do cérebro – o que causa a falta de circulação vascular na região – e é responsável
por 80% dos casos. Já o segundo está mais ligado a quadros de hipertensão arterial, e ocorre quando se rompe um vaso no cérebro. Aproximadamente 50% dos sobreviventes ficam com sequelas graves. “Nessas situações, as células do cérebro podem ser lesionadas ou morrer. Dependendo da parte do cérebro que é afetada e do tempo até o recebimento de socorro e tratamento, os efeitos do AVC nos sobreviventes podem ser devastadores. Tanto para o corpo, para seu movimento e fala, quanto para o modo pelo qual a pessoa interage com o mundo ao redor”, esclarece Octávio Pontes Neto, médico neurologista e professor da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto.
FATORES DE RISCO Porém, o que vem mesmo chamando atenção dos médicos é o aumento de casos de AVC entre pessoas com menos de 50 anos. Pontes Neto elenca uma série de fatores, como, por exemplo, controle cardiológico inadequado; diabetes; obesidade; dieta com excesso de gordura e carboidrato; uso de anticoncepcional, suplementos hormonais, drogas que comprometem os vasos construtores promovendo isquemia; tabagismo e pressão alta. “Os mais jovens acham que podem fumar e que o efeito virá anos mais tarde, assim como pensam que pressão alta ‘é coisa de velho’. O AVC acomete pessoas de todas as idades. Nos idosos é comum que ocorra por causa dos problemas coronários, placas de gordura no cérebro e pescoço. Nos jovens, o AVC costuma ser mais grave, pois envolve uma porção maior do cérebro, e a chance de morte é maior. O lado bom é que eles se recuperam melhor”, afirma o neurologista. Felippe Saad, coordenador da neurologia e neurocirurgia do Hospital Albert Sabin (HAS) completa: “Importante salientar que, ultimamente, devido a hábitos como o alcoolismo, o uso de drogas ilícitas e de medicações que alteram a coagulação, como termogênicos e estimulantes, há uma incidência maior da doença em pessoas de 35 a 45 anos. Pacientes com essas características têm a saúde dos vasos sanguíneos alterada, o que leva ao entupimento ou ruptura destes”. Pontes Neto chama atenção para o número de mulheres jovens que têm AVC e alerta: “Muitas têm enxaqueca, tomam anticoncepcional, fumam e ainda tomam esses suplementos alimentares com sobrecarga proteica. É um combo perigoso”. OS SINAIS E COMO AGIR Os principais sinais indicativos da ocorrência de um AVC são fortes dores de cabeça, paralisia dos braços ou das pernas, desvio da boca, dificuldades de fala, sonolência excessiva, desorientação e falta de visão de um dos lados. “Apresentando alguns desses sintomas em casa, trabalho ou qualquer outro lugar fora do hospital, deve-se acionar imediatamente o serviço de remoção com a finalidade de levar o paciente ao pronto atendimento o mais rápido possível. Nessas situações, cada minuto conta para o salvamento e posterior diminuição das sequelas”, adverte Saad. O AVC é considerado uma emergência médica, ou seja, pacientes com o problema têm de ser atendidos imediatamente. “O diagnóstico precisa ser feito por uma tomografia, portanto, a pessoa precisa ser encaminhada para um hospital onde haja atendimento para esses casos. No Brasil, costumamos falar que o ideal é ligar para o 192, pois as equipes do SAMU sabem reconhecer rapidamente qual o
tipo de AVC e fazer os primeiros socorros, além de levar o paciente para o hospital equipado mais próximo”, diz Pontes Neto. Ele cita o aplicativo AVC Brasil, criado pela Rede Brasil AVC, que abrange o país todo e traz várias informações, inclusive a lista de hospitais mais próximos do local onde o paciente estiver. A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO O primeiro passo após um AVC é descobrir a causa para prevenir um segundo episódio. O tratamento vai depender do que motivou o problema, assim, é preciso investigar. Já o segundo passo é a reabilitação integral, com uma equipe multidisciplinar. E quanto mais graves as sequelas, mais importante é a reabilitação. Criada em 2008, a Rede de Reabilitação Lucy Montoro – http://www.redelucymontoro.org.br – oferece esse serviço às pessoas com deficiência ou doenças potencialmente incapacitantes por meio de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos fisiatras, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais e outros profissionais especializados em reabilitação. Ela é a primeira instituição brasileira a conquistar a acreditação da Commission on Accredition of Rehabilitation Facilities (CARF). Atualmente, a rede conta com 19 unidades em funcionamento em todo o estado de São Paulo, que realizam mais de 100 mil atendimentos por mês e duas unidades futuras. Fernando de Quadros é médico fisiatra e faz parte da equipe da Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Ele confirma que o número de pessoas abaixo dos 50 anos, em recuperação devido a um AVC, tem aumentado na entidade: “Principal motivo é o sobrepeso. Aumentou a porcentagem de jovens com hipertensão, colesterol alto, diabetes, ou seja, fatores de riscos combinados com a exposição ambiental”. Ele conta que a recuperação dos mais jovens é facilitada por causa da neuroplasticidade do cérebro, que diminui quando envelhecemos. Logo, quanto mais jovem, mais chances de se recuperar. “É uma questão dos neurônios se desdobrarem para recobrar as funções. E notamos que
SINAIS DE ALERTA • dormência/paralisia de um lado do corpo • perda da visão • dificuldade de falar • desvio da rima labial (boca torta);
• dificuldade de andar • alterações de consciência
• vertigem • sedentarismo • fraqueza
Revista D+ número 24
SAÚDE
“João Batista Luiz Vitorino Junior, que sofreu um AVC no trabalho, durante sessão de fisioterapia na Rede Lucy Montoro”
os pacientes mais escolarizados também levam vantagem”. O paciente, afirma Quadros, é atendido por um clínico geral e fisiatra, que controlam os fatores de riscos de prevenção secundária, ou seja, para evitar que um novo evento ocorra. A nutricionista indicará a melhor dieta. O psicólogo ajudará no aspecto emocional e também a entender a nova realidade social que o paciente irá encontrar. Enfermeiros cuidarão dos medicamentos, dos fatores de riscos, do cuidado com a pele, manejo do paciente, etc. Já o assistente social indicará os direitos sociais e dará dicas de recolocação no mercado profissional, por exemplo. Há também as terapias motoras: fisioterapia, que fará a transição do paciente da cama para a cadeira de rodas, dela para ficar de pé e, em seguida, voltar a andar. Já a terapia ocupacional vai estimular a autonomia, seja na hora de se alimentar, da higiene pessoal, de se vestir, de preparar a refeição etc. “A fonoaudiologia recebe as duas tarefas principais: verificar a qualidade da deglutição do paciente, pois há muitos casos de paralisia facial, e, assim, fazer a indicação da consistência da alimentação. E a avaliação das opções cognitivas, estimulando a linguagem e novos modos de comunicação”, explica o fisiatra. Outro profissional importante na recuperação é o educador físico. Ele investe na saúde do paciente por meio de atividades físicas com vistas a prevenir doenças. “Além disso, há a socialização que o esporte e as atividades físicas proporcionam. O esporte adaptado, como tênis de mesa, bocha, vôlei e atletismo, ajuda na evolução. Aqui, esse tratamento
“Fernando de Quadros é médico fisiatra e faz parte da equipe da Rede de Reabilitação Lucy Montoro”
“Doutor Octávio Pontes Neto, da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto”
engloba academia três vezes por semana”, diz Quadros. Para conseguir uma vaga, o paciente passa por uma triagem. O primeiro passo é se inscrever no portal http:// www.redelucymontoro.org.br/site/atendimento/convenios/ sus.html. Porém, é necessário que ele tenha um documento de encaminhamento do médico que o assiste. AVC DURANTE O TRABALHO Milena Bertoche teve um AVC com apenas 26 anos. O motivo? Uma doença rara: a arterite de Takayasu, vasculite crônica desencadeada por uma reação autoimune em pessoas com predisposição genética. Ela estava trabalhando, era auditora interna, em Campo Grande (MS). As pessoas chamaram uma ambulância e, ao chegar ao pronto-socorro foi confirmado que se tratava de um AVC isquêmico. “Eu comecei a sentir uma fraqueza do lado direito do corpo e não conseguia falar”, conta Milena, hoje com 30 anos. A jovem, que morava em Jundiaí (SP), ficou dez dias internada. “Saí de lá em uma cadeira de rodas. Meus pais e meu então namorado me trouxeram de volta. Até hoje tenho sequelas na mão”. Já em casa, o pai lhe disse que fariam de tudo para ela se recuperar, pois era muito jovem. Comentando o caso da filha com uma pessoa, ficou sabendo da Rede Lucy Montoro. “Passei por uma triagem, que é minuciosa. Depois de aprovada, fiquei três meses internada na unidade da Vila Mariana, em São Paulo”, lembra Milena. Como todos, Milena foi assistida por uma equipe
“João Batista diz que largou o cigarro e aconselha os outros a fazerem o mesmo”
DICAS PARA PREVENIR O AVC • Reduzir o consumo de sal, gorduras e álcool; • Adotar hábitos alimentares saudáveis, como:
“Milena Bertoche, que sofreu um AVC com apenas 26 anos. Seu quadro vem melhorando progressivamente, já anda sem ajuda, está trabalhando e vai casar em breve”
multidisciplinar: “Acho que a parte mais difícil foi a terapia ocupacional. Isso porque eu era destra e precisei reaprender a fazer tudo com a mão esquerda, inclusive escrever. Hoje, não corro, mas consigo andar normalmente. Praticar atividades físicas na academia foi fundamental para minha recuperação”. Por causa do problema, ficou dois anos e meio afastada do emprego, porém, voltou há poucos meses, em uma nova função, atuando no departamento de recrutamento e seleção. E o namoro se transformou em noivado e Milena, em breve, irá se casar. CIGARRO E INTERNAÇÃO Em março deste ano, o pintor João Batista Luiz Vitorino Júnior aproveitou a pausa do almoço – estava pintando uma academia –, para acender um cigarro. De repente, se lembra que tudo escureceu e o lado esquerdo do corpo começou a ficar paralisado. Avisou o colega para pedir ajuda, pois estava passando mal. Quando acordou, estava no pronto-socorro do Hospital Bandeirantes, em São Paulo, levado pelas pessoas da academia. “Lá, recebi os primeiros-socorros, mas depois me transferiram rapidamente para o Hospital das Clínicas. Tive um AVC hemorrágico”, conta. Os médicos disseram que,
ingestão de frutas, legumes e verduras e menos sódio; • Realizar atividades físicas regularmente; • Controlar o peso corporal; • Não consumir suplementos sem procedência; • Controlar as doenças do coração; • Identificar e tratar arritmia cardíaca; • Controlar a pressão alta; • Reduzir o colesterol; • Parar de fumar e evitar exposição passiva ao cigarro • Reduzir o risco de diabetes.
possivelmente, se tivesse sido socorrido pelo SAMU, teria tido menos sequelas. E que a causa foi a hipertensão, mas que o cigarro, claro, ajudou. Estava com 48 anos. “Após o AVC, fiquei sem movimentos no lado esquerdo do corpo”, conta ele, que é destro. Iniciou, então, o tratamento de fisioterapia no próprio HC: “Comecei a me movimentar, com muita dificuldade, com o uso de uma bengala de quatro pontas, mas consegui andar e já mexia o corpo”. Porém, como conhecia a Rede Lucy Montoro, após três meses de tratamento, solicitou à neurologista um encaminhamento. No momento em que esta reportagem foi feita, Vitorino Junior estava há apenas duas semanas se tratando na entidade, mas já sentia diferenças. “Senti melhoras, principalmente evolução nos movimentos dos braços. Antes, não conseguia abrir a mão, levantar o braço ou cortar um alimento, e agora já faço isso”, comemora. Antes, porém, confessa que chegou a pensar em morrer: “Tive depressão e pensei em me matar. Sempre fui independente e morei sozinho. De repente, precisava da ajuda de um irmão para fazer minha higiene e para comer”. Felizmente, após dar início ao tratamento, percebeu que a vida não pode ser desperdiçada: “Foi relaxo meu, pois meu pai teve cinco episódios de AVC e minha mãe dois. Sabia que tinha chances de ter o problema e que sou hipertenso, mas não cuidei da minha saúde. Agora, abandonei o cigarro e falo para as pessoas não colocarem isso na boca de jeito nenhum”. A previsão dos profissionais que o assistem na rede é que ele saia sem sequelas, ou, na pior das hipóteses, usando uma bengala de apenas uma ponta. Pai de seis filhos, ele diz que tem dado conselhos a todos, especialmente à mais velha, de 22 anos: “É como o meu pai dizia: ‘a gente só fecha a casa depois que o ladrão já entrou’. Agora, dou mais valor à vida, descobri que ela é bela”. D+ Revista D+ número 24
VIVER BEM
“Ricardo Allmada, à esquerda, com toda a turma do paddleboard, na represa Billings, onde treinam”
Modalidade está crescendo no país e ganha versão para pessoas com deficiência, o parapaddle por Cármen Guaresemin
U
m esporte até pouco tempo desconhecido dos brasileiros vem fazendo sucesso por aqui. E, aos poucos, caindo também no gosto de pessoas com deficiência. Trata-se do paddleboard, uma modalidade aquática de superfície na qual o praticante pode ficar deitado ou de joelhos em uma prancha e, graças ao movimento da natação, usar os braços para se impulsionar. O paddleboard, ou prancha de remada, pode ser praticado tanto em mar aberto quanto em rios e represas. E se engana quem pensa que se trata de uma novidade. Sua origem não é muito clara, há textos mostrando que o esporte já era praticado na Polinésia, no final do século XVIII. Porém, o modelo, como o conhecemos hoje, ficou popular graças aos nativos havaianos que o praticavam mais por necessidade, para fazer a travessia entre as ilhas do arquipélago norte-americano. Os surfistas logo se interessaram e acabaram por torná-lo um esporte de competição. Um dos pioneiros do esporte no país é o surfista Ricardo Allmada, que
já pratica há cerca de seis anos. Ele montou uma assessoria, a Allmada/ Supirados, na qual, além de instrutor, também é grande incentivador do parapaddle, a versão adaptada para pessoas com deficiência. Além do curso ser gratuito, ele mesmo fica responsável pelo preparo da prancha, feita sob medida para o praticante. SÓ BENEFÍCIOS Atualmente, ele treina dez pessoas com deficiência. “Tudo começou porque eu incentivava um amigo que sofreu um acidente e ficou tetraplégico, Alan Mazzoleni, a começar a praticar. Ele não dava muita atenção, até que viu uma foto, ficou com vontade de experimentar e nunca mais parou”, conta Allmada. E foi Mazzoleni quem acabou trazendo os demais alunos. E por que o paddleboard agrada tanto as pessoas com deficiência? “Dependendo da deficiência, eles só conseguem mexer os braços e, neste esporte, isso os iguala aos demais”, explica Allmada. Ele conta que entre os benefícios, além da evolução da condição física, estão a melhora na questão digestiva,
na parte cardiovascular e também no lado emocional: “Eles acabam sentindo músculos que nem sabiam que existiam. Muitos admitem que até começaram a dormir melhor”. Os treinos do grupo são realizados em São Paulo, na represa Billings, no espaço Santo Deck, base da equipe Allmada/Supirados, todas as quartas-feiras pela manhã. “Entre os alunos, temos um com deficiência visual, que é o único do país, talvez do mundo, a praticar esse esporte”, conta Allmada. O instrutor explica que, no início da prática, vai devagar, procurando entender os alunos com deficiência: “Começo calmamente, seguindo o momento deles. Daí, com o tempo, vou exigindo mais. Também enfatizo o lado da segurança, ensinando como cair da prancha, como pedir ajuda, etc.”. No caso do aluno com deficiência visual, a presença de um guia é necessária para orientá-lo durante a atividade. Os praticantes chegam até mesmo a participar de campeonatos especiais, em um circuito criado para eles: “Para mim, eles representam um tapa na cara de quem diz que não Revista D+ número 24
VIVER BEM
consegue fazer algo. O preconceito está na cabeça de pessoas limitadas. Na água, eles praticam de igual para igual”, afirma Allmada. A maioria dos alunos é formada por pessoas sem muitos recursos financeiros, que adquiriram a deficiência graças a acidentes automobilísticos ou por problemas de saúde. Apesar das vantagens da prática do paddleboard, alguns desistem. Allmada diz que o esporte pode não ser muito confortável, pois é preciso ficar de barriga para baixo e alguns não se sentem à vontade. “Quem consegue se adaptar ao esporte, acaba vencendo suas limitações, conhecendo outras pessoas e, de quebra, ainda têm contato com a natureza, com paisagens lindas, e alcança aquela paz que o silêncio do mar proporciona”, conclui. OS PRATICANTES Rafael Oliveira tem 30 anos e, há nove, sofreu um acidente de moto que o deixou paraplégico. Ele conta que, antes disso acontecer, jogava bola e corria, por hobby. Aos poucos, voltou a se interessar por atividades físicas. “Comecei com o basquete sobre rodas, depois fui para o tênis. Daí, conheci o Alan (Mazzoleni), que sempre me convidava para conhecer o paddleboard, mas eu não me interessava. Até que em maio deste ano, um colega que tem carro me levou até a represa e eu fiz uma aula”. Oliveira não parou mais: “O paddle adaptado me ajudou muito na parte física, melhorou minha musculatura, meu dia a dia e até mesmo minha performance no basquete”, admite, acrescentando: “Aliás, o basquete não exige tanto do corpo nem do cérebro quanto o paddle. Você rema por quilômetros e tem de lidar com a solidão na água, pois é um esporte individual”. Casado e pai de um menino de 11 anos, Oliveira admite que o esporte o ajudou até em questões emocionais: “No primeiro ano pós-acidente, você
“Allmada (à esquerda), com seus alunos. Pranchas e caiaques são utilizados durante os treinos”
“Tiago, um dos praticantes, em plena atividade”
fica deprimido. O esporte faz com que você supere a si mesmo e conheça pessoas com outro tipo de deficiência. Isso ajuda demais”. Aos cinco meses, Lauro José de Sousa, hoje com 46 anos, manifestou os primeiros sinais da paralisia infantil. Isso não o impediu de completar os estudos até o segundo grau e de trabalhar. Ele começou a praticar esportes aos 16 anos e, assim como o colega Oliveira, optou pelo basquete de cadeira de rodas. Depois foi para o jiu-jitsu e para o handbike. Em março deste ano, também convidado por Mazzoleni, foi conhecer o paddleboard. E adorou! “Gostei por ser individual e pelo resultado não depender de outras pessoas, como no basquete. Você fica lá no meio da represa, naquele silêncio gostoso”, explica. Ele conta que em três meses já sentia os benefícios da prática, inclusive psicológicos: “Temos uma vida agitada e a calmaria da represa me traz tranquilidade. Você entra na água e a deficiência não o impede de nada. Lá, as coisas dependem só de você”.
“Rafael, que foi campeão do Circuito Brasileiro de Paddleboard Adaptado em 2017”
O ÚNICO DEFICIENTE VISUAL César Augusto Palácio, o Guto, tem 41 anos e aos 14, por causa de um problema renal, em decorrência do diabetes, perdeu a visão. Na época, gostava de praticar basquete e jiu-jitsu. Como não conseguia mais lutar após perder a visão, procurou outras atividades físicas. Começou com a
“A remada é o movimento primordial da modalidade”
natação, mas achou que não estava se desenvolvendo. Foi quando o amigo cadeirante, Mazzoleni, o convidou para experimentar o paddleboard. Interessado, Guto ligou para a Allmada/Supirados, ficou uma hora tirando dúvidas. Foi até a represa Billings três dias depois para conhecer o esporte pessoalmente. “Já fui preparado para entrar na água. Allmada me explicou os movimentos e me disse para sair como se fosse ‘um cachorro louco’”. Ele pratica o esporte desde o início de 2015 e precisa de um guia, tanto no treino quanto nas competições. “O Allmada me deixa livre na água, estimula minha independência”, conta. Como aconteceu com os colegas, o paddle trouxe melhoria para sua saúde: “Fisicamente, minha respiração melhorou muito. Quando comecei a competir, fui fazer musculação em uma academia para me aprimorar, além de procurar uma nutricionista”. Para ele, o esporte só traz gratificações, como, sair de casa, ter contato com a natureza, socializar-se e alcançar a paz dentro da água. “Só não vou treinar se algo importante acontecer”, admite. Guto se lembra de uma prova em Salvador quando, após o término, uma médica se aproximou e disse que indicaria o paddleboard a seus pacientes, pois nunca tinha visto um deficiente visual praticando algo assim. “Creio que eu seja o único no mundo”. E já está fazendo escola. D+
PARA ENTRAR EM CONTATO Allmada&Supirados Site: http://allmada.com.br/supirados/ Facebook: https://www.facebook.com/allmadasupirados/ Instagram: https://www.instagram.com/allmadasupirados/ E-mail: allmada@allmada.com.br Endereço: Rua João de Campos, 80 – Rudge Ramos – São Bernardo do Campo – SP / Tel.: 11 – 4177-2000 / WhatsApp: 11 – 96199-1786
Revista D+ número 24
NOSSA CAPA
MÚLTIPLAS OPÇÕES Montadoras mostram o que apresentaram em 2018 para a pessoa com deficiência. E destacam as novidades e expectativas para 2019 texto Paulo Kehdi fotos Divulgação
U
m dos pilares da economia brasileira, o setor automotivo, sempre se mostra dinâmico, seja na busca por inovações tecnológicas, investimento em novos designs, ou ainda, na melhoria de serviços e atendimento, tudo para agradar e aumentar as possibilidades de compra do consumidor brasileiro, um reconhecido apaixonado por carros. Dentro desse importante ramo econômico, destacamos o mercado voltado exclusivamente para as pessoas com deficiência. Com as isenções de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para modelos abaixo de R$ 70 mil, esse nicho tornou-se altamente atrativo, tornando acessíveis modelos que não poderiam ser comprados sem essas isenções. “O segmento da pessoa com deficiência cresce em ritmo duas vezes maior que o do mercado, pelo fato de as pessoas estarem cientes de seus direitos, pela maior oferta de modelos e pela democratização de tecnologias que facilitam a vida dos beneficiários, como a transmissão automática, hoje disponível até mesmo em modelos de entrada”, fala Marcelo Tezoto, diretor de Vendas Diretas da GM. A Revista D+ foi a campo para informar ao leitor sobre tudo o que acontece nesse setor. Treze das principais montadoras que atuam no país estão aqui retratadas. Confira o que o mercado apresentou ao universo da pessoa com deficiência em 2018, e o que está preparando para 2019.
CAOA CHERY
Lançado em abril de 2018 pela Caoa Chery, o Tiggo 2, primeiro veículo da parceria entre a Caoa e Chery, tem como diferencial o fato de ser um SUV (do inglês Sport Utility Vehicle, que significa “Veículo Utilitário Esportivo”) de alto valor agregado, disponibilizado para o público da pessoa com deficiência em suas duas versões: Look e ACT, com opções de transmissão manual e automática. A montadora também comercializa para esse público o New QQ nas versões Smile, Look e ACT. Além disso, em 2019, o mais novo sedã da marca, Arrizo 5, estará disponível para o segmento. Todos esses modelos contemplam as isenções fiscais e possuem valor de venda abaixo dos R$ 70 mil, exceto o Tiggo 2 Automático ACT. Importante destacar seus diferenciais: o Tiggo 2 é um SUV de alto valor agregado, com pacote de equipamentos completo, conforto excepcional e ótima dirigibilidade. O porta-malas também é um diferencial, por ser amplo. O Arrizo 5 tem design arrojado e moderno, motor 1.5 turbo flex, além de ser recheado de conteúdo tecnológico e de segurança. Um dos modelos mais completos do mercado a um preço acessível. Já o New QQ se destaca pela boa dirigibilidade e baixo consumo de combustível. O veículo é reconhecido com o selo Conpet, concebido pelo Inmetro, o que significa que é o modelo mais econômico da sua categoria. “A Caoa Chery possui um Programa de Atendimento exclusivo para o segmento, chamado INCLUSIVE, que tem o objetivo de atender com excelência e qualidade pessoas com os mais diversos tipos de deficiências, por meio da
orientação e uniformização do atendimento em toda a nossa rede de concessionárias, sejam nos setores de vendas ou de pós-vendas. Em 2019, vamos intensificar as campanhas com esses modelos”, afirma Fábio Campos, Supervisor de Vendas Diretas da Caoa Chery. “Em 2018, as vendas cresceram significativamente no mercado automotivo brasileiro devido ao posicionamento da nova marca e ao lançamento de novos veículos. As vendas de veículos voltados à pessoa com deficiência acompanhou esse progresso. Até o mês de outubro de 2018, 215 veículos haviam sido comercializados para o segmento. Número dez vezes maior do que total comercializado em 2017. A expectativa é que esse índice cresça ainda mais até dezembro com o início da comercialização do Arrizo 5. A Caoa Chery segue em crescimento no mercado e a expectativa é que isso se intensifique ainda mais em 2019 com o lançamento de novos produtos. De maneira geral, a produção de veículos no próximo ano deve chegar à marca de 41 mil unidades”, conclui Campos. Revista D+ número 24
NOSSA CAPA A marca francesa destaca os modelos C3, Aircross e o novo SUV C4 Cactus, oferecidos ao segmento em 2018. Desses, o C3 Exclusive Automático Business, o C3 Attraction Automático, o C3 Urban Trail Automático, o Aircross Live Automático Business e o novo SUV C4 Cactus Live Automático, possuem versões abaixo do limite de R$ 70 mil. A montadora elenca uma série de diferenciais, pensando na pessoa com deficiência. Para a linha C3, os itens mencionados foram: o para-brisa Zenith, que garante maior visibilidade para o condutor, piloto automático com regulador e limitador de velocidade, direção elétrica, central multimídia touchscreen de 7” com espelhamento de smartphone, ar-condicionado digital automático e sensor de chuva e crepuscular, tecnologia de ponta que favorece o condutor com deficiência. Já o Aircross tem como diferencial o para-brisa tri-partido que amplia a visibilidade dos ocupantes do veículo, a mesma central multimídia touchscreen de 7” que existe na linha do C3, amplo espaço interno, altura adequada em relação ao solo, facilitando a transição do cadeirante da sua cadeira para o veículo, ou vice-versa. O carro ainda possui itens de
segurança e conforto, como luzes diurnas de LED e ar-condicionado. No novo SUV C4 Cactus, o destaque vai para a assinatura em LED, que se reflete em maior segurança ao dirigir, além de outros itens, como sensor de pressão de pneus, central multimídia touchscreen de 7” com espelhamento de smartphone – Android Auto e Apple CarPlay. Renato Sollitto, Gerente de Marketing e Produto da PSA, holding que engloba as marcas Citroën e Peugeot, chama atenção para o design dos veículos da montadora. “Eles têm a identidade visual diferente de qualquer outra marca, seja com a nova assinatura luminosa do C4 Cactus, ou o incrível para-brisa zenith do C3, por exemplo, que proporciona a qualquer ocupante uma visão magnífica. No Aircross, desenvolvemos o conceito que mescla linhas de círculo e quadrado, para criar um desenho mais prático e funcional capaz de ampliar a sensação de bem-estar e estilo”, explica. Solitto reforça. “Para o ano de 2019, continuaremos comercializando os modelos que vendemos hoje nas lojas no canal exclusivo para a pessoa com deficiência. Porém, será o primeiro ano cheio de vendas do nosso mais novo lançamento, o Cactus. Esperamos, assim, com esse modelo, mais que dobrar nossas vendas”. Solitto só confirma a tendência verificada no mercado, de crescimento constante e impressionante. Para que se tenha ideia, a marca comercializou 1.700 unidades vendidas somente ao segmento, em 2017. Pois em 2018, estima-se que a montadora feche o ano com 3.350 unidades vendidas, praticamente o dobro do ano anterior.
CITROËN
FIAT E JEEP
Assim como a PSA engloba as marcas Citroën e Peugeot, Fiat e Jeep juntas formam a Fiat Chrysler Automobiles (FCA Group), que detém os direitos sobre as duas marcas no mundo. A grandeza do grupo pode ser medida pelo seu faturamento em 2017, apenas no Brasil: R$ 46 bilhões! Fabio Meira, diretor de Vendas Diretas da FCA, destaca que a Jeep tem modelo específico e exclusivo para o segmento da pessoa com deficiência. “Temos um produto desenvolvido especificamente para o segmento, que é o Jeep Renegade 1.8 Automático. Ele já está na linha 2019, com nova grade e o novo para-choque dianteiro, o que melhorou sensivelmente o ângulo de ataque, ajudando a transpor com ainda mais facilidade os obstáculos de trilhas de qualquer tipo, inclusive as urbanas”, diz Meira. Além disso, a Jeep também oferece modelos com motor a diesel que, apesar de custarem mais de R$ 70 mil, são considerados ótimos negócios, pois o IPI dos veículos a diesel é significativamente maior que o dos flex. Para dar um exemplo, o Renegade Longitude 2.0 (veículo a diesel mais em conta da FCA) que parte de R$ 125.490 sai por R$ 100.392 com a isenção do IPI para pessoa com deficiência. Meira
destaca as qualidades do carro. “Além da força, economia e durabilidade do motor diesel, o cliente leva também a tração 4x4 mais moderna do segmento, com vários recursos, e o câmbio automático de nove marchas”, explica. Quanto à Fiat, há vários modelos sem o pedal da embreagem (com transmissão automatizada ou automática), cujos valores iniciais são inferiores a R$ 70 mil, incluindo o sedã Cronos, lançado neste ano. São eles: Mobi Drive 1.0 GSR, Argo Drive 1.3 GSR, Argo Precision 1.8 Automático, Cronos Drive 1.3 GSR e o Cronos Drive 1.8 Automático. Os modelos Cronos destacam-se não só pelos preços acessíveis da marca, como também pelo amplo porta-malas de 525 litros. Meira comenta sobre os planos do grupo para 2019. “Continuaremos a investir fortemente no treinamento das redes Fiat e Jeep para termos profissionais cada vez mais capacitados para atender a esse público da melhor forma possível. Aproveito para destacar importante ação, a renovação dos sites da Fiat e da Jeep, onde as informações para esse público ficaram ainda mais completas e diretas, por meio dos links https://www.fiat.com.br/vendas-diretas/pessoas-com-deficiencia.html e https://www.jeep.com.br/pcd.html”. Revista D+ número 24
NOSSA CAPA A Ford destacou a nova linha Ka nas versões hatch e sedã, o New Fiesta hatch, a linha Focus hatch e FastBack, EcoSport SE Direct, como modelos direcionados ao segmento. Desses, EcoSport SE Direct, Linha Ka e New Fiesta, estão com preços abaixo dos R$ 70 mil. A montadora também elenca como opção o lançamento do Ka 2019 automático. Disponível nas versões hatch e sedã, o veículo tem o motor mais potente do segmento – o 1.5 Ti-VCT de três cilindros com 136 cv –, combinando praticidade, conforto, estilo e economia para quem busca mobilidade. Também é citado o EcoSport SE Direct 1.5 automático. Com 137 cv, o motor 1.5 do novo EcoSport foi eleito o “Motor do Ano 2018”, combinando desempenho e economia. O New Fiesta 2018 é o hatch compacto premium mais potente da categoria com seus dois motores modernos e eficientes: o 1.6 Sigma TiVCT Flex, de 128/125 cv, e o EcoBoost 1.0 de 125 cv (com gasolina). Outra inovação da marca é o protótipo de um acessório inovador, desenvolvido para ajudar na movimentação de cadeirantes nas ruas: o Tapete de Acessibilidade Ford. A
novidade faz parte das pesquisas na área da mobilidade, que vão além do desenvolvimento de veículos para melhorar o transporte e a qualidade de vida das pessoas. O acessório transforma o tapete do porta-malas do EcoSport em uma ferramenta móvel. Ele pode ser dobrado e encaixado atrás da cadeira de rodas e usado quando necessário para a transposição de guias e desníveis no caminho. Quando aberto, o tapete automaticamente fica rígido, permitindo que a cadeira deslize até o local de acesso. Feito de materiais selecionados, como alumínio aeronáutico e revestimento de EVA, ele é leve e tem capacidade de suportar até 250 kg. Além disso, o tapete é equipado com sensores e um microprocessador que envia sinais via Bluetooth para um aplicativo no smartphone do cadeirante toda vez que é usado. Assim, poderá ser usado na criação de um banco de dados, mapeando os pontos da cidade que requerem atenção para o avanço da acessibilidade. Tamara Fortes, analista de Vendas da Ford, destaca o que espera para 2019. “O segmento de veículos para pessoas com deficiência tem registrado um expressivo crescimento de vendas nos últimos anos e o EcoSport é, tradicionalmente, um dos modelos mais desejados por esse público. Com a introdução da nova versão Direct, a linha 2019 do utilitário esportivo se enquadra nos requisitos para receber as isenções fiscais disponíveis para esses consumidores. Além disso, a linha Ka manteve-se no topo das vendas durante o ano todo, principalmente após o lançamento do câmbio automático. Esperamos, assim, um 2019 melhor do que 2018”.
FORD
GENERAL MOTORS
A General Motors, por meio da marca Chevrolet, é outra montadora que vem dando atenção especial ao segmento da pessoa com deficiência. Em 2018, o modelo Equinox foi disponibilizado para esta modalidade de vendas. O lançamento oficial foi na Mobility & Show, que aconteceu em setembro, em São Paulo. Além do Equinox, a empresa expôs em seu estande o novo Spin e o Cobalt. Todos equipados com direção elétrica, transmissão automática e multimídia MyLink com Android Auto e Apple CarPlay. Outra novidade direcionada ao segmento é a nova configuração do Cobalt, equipada com motor 1.8 Flex, transmissão automática de seis velocidades e outros itens valorizados pelo consumidor do segmento, como a direção com assistência elétrica. Derivada da versão LTZ, a nova configuração mantém o principal atributo do Cobalt: o amplo espaço interno, incluindo o porta-malas de 563 litros – o maior entre os sedãs nacionais. “O Cobalt automático tem uma grande aceitação pela pessoa com deficiência por reunir espaço, sofisticação e o motor 1.8 Flex muito econômico. E a nova configuração chega numa faixa de preço elegível às isenções tanto de ICMS quanto IPI”, diz Rodrigo Fioco, diretor de Marketing de Produto da GM. Por fora, a nova configuração do sedã da Chevrolet é marcada pelos faróis e lanternas de neblina, pelos acabamentos cromados e pelas rodas de alumínio aro 15. A montadora destaca também o modelo Tracker, compacto da linha SUV. “O SUV compacto é um dos veículos mais desejados também pelo segmento, por ser ágil no trânsito urbano e ter uma boa distância em relação ao solo, o
que amplia a visibilidade e transmite uma sensação amplificada de segurança. O Tracker chega com um diferencial: a transmissão automática acoplada de seis marchas e motor turbo de alto desempenho”, explica Fioco. Por fim, a montadora destaca o Spin, modelo também muito procurado. A Chevrolet lançou versão que também tem transmissão automática de seis velocidades. Derivada da versão LT, a nova configuração conta com os principais atributos do Spin, como banco traseiro corrediço e direção com assistência elétrica. “Tamanha a relevância do Spin para o segmento, que o crossover foi o único modelo adaptado presente no Salão do Automóvel 2018. E essa nova configuração também chega em uma faixa de preço elegível às isenções tanto de ICMS quanto de IPI”, fala Fioco. Para que se tenha uma ideia do poder da marca, a Chevrolet possui aproximadamente 600 concessionárias espalhadas pelo país e grande variedade de veículos equipados com transmissão automática: Onix, Prisma, Spin, Cobalt, Cruze, Cruze Sport6, Tracker, Equinox, Trailblazer. Revista D+ número 24
NOSSA CAPA A Honda comemora o sucesso do programa “Honda Conduz”, com um marco relevante: ter contribuído para que mais de 130 mil consumidores ampliassem suas possibilidades de mobilidade por meio de um automóvel da marca. Criado em 1997, mesmo ano em que a montadora iniciou a produção local de seus automóveis, o programa oferece auxílio à pessoa com deficiência, condutora ou não, nos processos para obtenção de um veículo 0 Km com as isenções garantidas em lei. Para tanto, a marca afirma que qualidade, segurança e versatilidade são atributos comuns aos seus produtos e todos os clientes da marca valorizam. Itens como câmbio automático, disponível em todos os modelos (e fundamental para a utilização deste consumidor na maioria dos casos), excelente espaço interno, amplo porta-malas, acesso facilitado ao interior dos automóveis (graças ao bom ângulo de abertura das portas) e boa acessibilidade aos comandos do painel, são essenciais ao público da pessoa com deficiência
HONDA
e diferenciais dos modelos da marca. Toda a linha de automóveis nacionais da Honda está disponível para a escolha da pessoa com deficiência, com a possibilidade de isenção do IPI. Especificamente os modelos Fit e City trazem em suas linhas a versão Personal, cujo principal atrativo é o posicionamento de preço abaixo de R$ 70 mil, garantindo também a isenção do ICMS e do IPVA. O tempo médio para recebimento do automóvel varia de acordo com a disponibilidade dos veículos, porém, atualmente, assim que uma concessionária dá entrada em um pedido na Honda, a empresa realiza o faturamento da unidade em um prazo médio de 30 dias. A montadora destaca, ainda, por meio de sua assessoria de imprensa, o Seguro Especial Honda, que tem como diferenciais a indenização de 100% da tabela Fipe, com quitação dos tributos, carro reserva com câmbio automático, direção hidráulica e prioridade na assistência 24 horas.
MERCEDES-BENZ
A marca alemã informa que a maior parte das vendas para a pessoa com deficiência foi do GLA 200, nas suas diferentes versões, e C 180 Avantgarde e Exclusive. Como a Volvo, empresa sueca que também é retratada na matéria, a Mercedes-Benz não comercializa modelos abaixo dos R$ 70 mil. Por este motivo, os veículos disponíveis no portfólio da montadora são contemplados apenas com a isenção de IPI, seguindo a legislação federal. Falando especificamente do GLA, que é um SUV compacto e teve destaque nas vendas da categoria neste ano, vale ressaltar o seu espaço interno, que facilita transportar eventuais equipamentos, como, cadeiras de rodas, muletas, etc. O modelo apresenta 1.52cm de altura, 2.02cm de largura e seu porta-malas conta com a capacidade de
491 litros, proporcionando conforto para esses clientes, que têm a necessidade de mais espaço para o seu deslocamento. Nivaldo Mattos, gerente de Vendas Corporativas Mercedes-Benz, fala sobre os planos da montadora para 2019. “Estamos avaliando a possibilidade de oferecer aos clientes do segmento, além do GLA e do Classe C, que foram os modelos mais vendidos, outros automóveis. Nossa proposta é continuar a oferecer os modelos vendidos até agora e, se possível e viável, de acordo com as condições e demandas do mercado, ampliar a gama de produtos para escolha dos clientes. Com isso, esperamos bons resultados para 2019, observando que esse mercado apresenta crescimento constante e expressivo”. Revista D+ número 24
NOSSA CAPA A montadora afirma que disponibilizou sua linha de carros de passeio: Kicks, Versa, March e Sentra, para a pessoa com deficiência. Alguns deles acabam não sendo elegíveis a todas as isenções fiscais, devido ao fato de serem fabricados fora do Brasil. Mas o consumidor pode escolher qualquer um, segundo a marca, de acordo com suas necessidades. Os mais procurados são o Nissan Kicks e o Nissan Versa, pois contam com versões específicas para a pessoa com deficiência. São dois os modelos com preço abaixo do limite de R$ 70 mil: o Kicks S CVT Direct e o Versa SL CVT Direct. Estes carros têm muita procura, pois oferecem espaço interno, baixo consumo de combustível e porta-malas grandes, característica importante para o segmento. Tanto o Versa quanto Kicks fazem sucesso no mercado não só pelo porta-malas com enorme capacidade (no caso do Versa, o compartimento de carga tem capacidade para 460 litros. Já no caso do Kicks
são 432 litros), mas também pelo fato de ambos contarem com direção elétrica, que torna as manobras muito leves. A versão SL do Versa, que serve de base para a CVT Direct, tem ar-condicionado automático digital, rodas de liga leve de 16 polegadas e a Central Multimídia Multi APP. Ambos também são equipados com o moderno câmbio X-Tronic CV, além da garantia de 3 anos e o menor custo de manutenção de seus respectivos segmentos. Antonio Alonso Junior, Gerente Sênior de Vendas Diretas da Nissan, fala sobre o ano que se aproxima. “A ideia, em 2019, é continuar potencializando o sucesso da linha atual, com os dois carros que desenvolvemos especialmente para o segmento. Nosso foco está em manter a consistência do programa “Nissan Mobilidade para Todos” e ampliar ainda mais o seu alcance. Percebemos que as vendas só aumentam e a expectativa para 2019 tem um crescimento projetado de aproximadamente 20% em relação a 2018”.
NISSAN
PEUGEOT
A Peugeot que, junto com a Citroën, forma a holding PSA, informa que três modelos foram disponibilizados para o segmento em 2018. O 208 Active Pack AT, o 208 Griffe Business AT e o 2008 Allure Business AT. Desses, estão com valor de venda abaixo de R$ 70 mil os modelos 208 e 2008, tendo as versões específicas para o público em questão o 208 Active Pack AT, o 208 Griffe Business AT; e o 2008 Allure Business AT. Pensando na pessoa com deficiência, a montadora destaca o fato de que, na linha 208, é oferecido um carro com uma lista de equipamentos que auxiliam na condução do veículo, como piloto automático, câmera de ré, central multimídia e a direção elétrica, já que essa, sendo mais leve para manobras, exige menos esforço físico. Já no 2008, destaca-se a altura do veículo, mais alto em relação ao solo, melhorando a transição da cadeira de rodas para o banco do motorista, para o porta-malas de 402 litros e a lista de equipamentos semelhante ao do 208 Active Pack,
oferecendo equipamentos que garantem mais comodidade para o motorista. A Peugeot afirma que ambos os carros se beneficiam de um estilo muito bem acertado e característico, sendo referência em design, assim como a Citroën. Destaque para o teto panorâmico, que garante maior luminosidade e aumento da percepção de espaço no lado interno. Caio Prendini, coordenador de produto Peugeot, afirma que os planos da montadora para 2019 são de expansão. “Para o próximo ano, nós planejamos ampliar ainda mais a nossa participação nesse mercado específico, investindo na nossa gama e nas nossas condições comerciais, que hoje, já são imbatíveis. O segmento tem apresentado crescimento nos últimos anos e nós acreditamos que deva continuar assim ainda por um bom tempo”, diz Prendini. Os números da Peugeot atestam sua afirmação. Em 2017 foram 3.730 unidades vendidas à pessoa com deficiência. Já em 2018, a marca da montadora chegou a 6.450 unidades vendidas. Revista D+ número 24
NOSSA CAPA Outra gigante aqui retratada é a Toyota. Em 2017, a montadora obteve o segundo melhor desempenho de sua história de 60 anos no Brasil. Com pouco mais de 190 mil unidades zero-quilômetro negociadas, o resultado foi 5% superior ao registro obtido em 2016. A empresa deverá encerar o ano de 2018 com ligeiro aumento nas vendas, cerca de 7%. A marca japonesa destaca o lançamento do Yaris, realizado no segundo semestre de 2018. A montadora centralizou seus esforços para oferecer o modelo para o segmento, com as vantagens de isenção. A iniciativa mostra-se acertada, já que o Yaris vem se mostrando um sucesso de vendas, posicionando-se entre o Etios e o Corolla, outros modelos oferecidos para a pessoa com deficiência. Estes dois, e ainda o SW4, também tiveram importantes atualizações em 2018 e continuam entre os mais lembrados e buscados por esses clientes, principalmente pelo espaço interno, tradição de sucesso, confiabilidade e robustez. A Toyota informa que toda a linha Etios (hatchback e sedã) se enquadra abaixo dos R$ 70 mil. O modelo possui versões com motorização de 1.3L e 1.5L com câmbio manual ou automático. Algumas versões do Yaris também entram nesta
lista: a XL hatch (com cores sólidas, perolizadas ou metálicas) e motorização 1.3L com câmbio CVT, e a XL (com cores sólidas, perolizadas ou metálicas) do sedã, com motor 1.5L e o mesmo câmbio CVT. Ricardo Ribeiro, Gerente de Vendas Diretas da montadora, destaca as qualidades dos veículos. “O Etios entra na categoria de compactos, mas seu espaço interno é um dos grandes diferenciais em relação aos concorrentes, oferecendo garantia de conforto, tanto na versão hatch, como na sedã. Esse, inclusive, possui um dos maiores porta-malas da categoria (562 L). A altura em relação ao solo é de 1.510 mm, ideal para a transição do cadeirante. No caso do Yaris, o conforto oferecido internamente também é um destaque, levando em conta seu ótimo espaço interno e acabamento diferenciado, que remete a uma classe superior na categoria de compactos Premium, tanto do hatch como do sedã”. O modelo começou a ser ofertado no Brasil com a missão de representar um novo momento na vida das pessoas. Para isso, sua concepção levou em consideração cinco pontos principais: design avançado e emocional, conforto expansivo, dirigibilidade e silêncio a bordo, eficiência dinâmica, além de tecnologia e segurança. Ribeiro também deixa clara a preocupação da montadora em atender bem esse universo de consumidores. “Continuaremos comprometidos em oferecer a melhor experiência e atendimento ao público com deficiência. A Toyota faz ainda questão de marcar presença nos principais eventos. No próximo ano já estamos confirmados para dois grandes eventos, Reatech 2019 e Mobility & Show 2019”.
TOYOTA
VOLKSWAGEN
A Volkswagen do Brasil triplicou a venda de veículos para o segmento nos primeiros oito meses de 2018, um crescimento de 247% em comparação ao mesmo período do ano passado. A montadora apostou no lançamento de cinco produtos com foco nesse público: o Novo Polo e o Virtus MSI automáticos, o Polo 200TSI, e mais recentemente o Gol e o Voyage automáticos. Como resultado dessa estratégia, as vendas saltaram de 1.415 unidades em 2017 para 4.915 unidades no acumulado de janeiro a agosto de 2018. “Com a chegada das versões automáticas do Polo, Virtus, Gol e Voyage, aumentamos a nossa oferta de carros automáticos no segmento de entrada e de compactos premium. Além do Up! e Fox com transmissão I-motion, contamos agora com seis modelos posicionados estrategicamente para atender à pessoa com deficiência. Com 74% do portfólio com opção de transmissão automática, a Volkswagen vem se consolidando como uma das marcas com a maior ofensiva de automáticos do mercado brasileiro, entre versões de entrada e Premium”, fala Gustavo Schmidt, vice-presidente de Vendas e Marketing da Volkswagen do Brasil.
Esses lançamentos são frutos da estratégia da Nova Volkswagen, que prevê a maior ofensiva de produtos de sua história, com o lançamento de 20 novos modelos até 2020, fruto de investimentos de R$ 7 bilhões. A rede de concessionárias Volkswagen, que conta com mais de 500 pontos de venda em todo o País, está preparada e em contínuo treinamento para receber demandas neste segmento. A montadora informa ainda que o Novo Polo, o Fox e o Virtus foram os modelos mais vendidos para o segmento de janeiro a agosto de 2018. Recém-chegados, Gol e Voyage automáticos em breve devem ocupar também posições de destaque nesse ranking. Os modelos Golf, Tiguan Allspace e Passat também estão disponíveis com isenção de IPI. O cliente pode consultar as ofertas no site exclusivo: http:// vendascorporativas.vw.com.br/pessoas-com-deficiencia. Revista D+ número 24
NOSSA CAPA A montadora sueca foi pioneira no mercado brasileiro, sendo a primeira a oferecer carros importados com isenção de IPI para pessoas com deficiência. As vendas com essa característica, numa campanha intitulada “Volvo For All” (Volvo Para Todos, em tradução livre), começaram em maio de 2017. Como a Volvo tem como público alvo a classe A, nenhum de seus modelos está abaixo da faixa de R$ 70 mil, tornando dessa forma o IPI como único imposto passível de isenção. A alíquota do IPI para modelos com motor a gasolina é de 13% e, no caso dos veículos a diesel, chega a 25%. Se a marca se caracteriza por atuar numa faixa de renda elevada, sua qualidade tecnológica fica evidente ao experimentar qualquer de seus modelos. A montadora destacou alguns deles, como: o New Volvo XC40, o New Volvo S60, o Volvo V60 e o New Volvo XC 90. Esse último foi testado pelo multicampeão paralímpico Daniel Dias, parceiro da marca. De acordo com o atleta, “além das vantagens financeiras do programa, o veículo oferece, principalmente, segurança e
espaço para transportar a família”. Para Daniel Dias, o XC90 se destaca também pela tecnologia. “Recursos como abertura automática do porta-malas são muito úteis”. Em abril, a Volvo lançou seu mais novo utilitário esportivo, o XC40. Eleito Carro do Ano na Europa em março, no Salão do Automóvel de Genebra – uma das premiações mais importantes do mundo –, o XC40 acaba de chegar ao mercado brasileiro já com números importantes comemorados pela Volvo Cars. A fabricante sueca contabilizou 1.000 reservas do modelo. A ação também ofereceu 70 unidades da edição First Edition, esgotadas em 25 horas. Produzido na fábrica de Ghent, na Bélgica, o XC40 foi apresentado mundialmente em novembro de 2017, em Barcelona (Espanha), e é oferecido em três versões de acabamento: T4, T5 Momentum e T5 R-Design. “Com o XC40, a Volvo vai oferecer ao consumidor, pela primeira vez em sua história, três utilitários esportivos globais voltados ao segmento que mais cresce no mundo. Acreditamos que esse modelo será mais um sucesso da marca, pois traz soluções inovadoras e recursos que o posicionam acima de seus concorrentes. Entre elas, destacamos as dimensões de um verdadeiro SUV, inovações em conectividade, o motor mais potente da categoria e novos sistemas de segurança oferecidos também no XC60 e XC90”, afirma Luis Rezende, presidente da companhia. D+
VOLVO
Revista D+ nĂşmero 24
NOSSA CAPA EDUCAÇÃO
Projeto Portas Abertas Para a Inclusão ganha versão EAD Em apenas um mês, mais de sete mil interessados já se inscreveram no curso à distância promovido pelo Instituto Rodrigo Mendes texto Cármen Guaresemin fotos IRM
O
Projeto Portas Abertas Para a Inclusão nasceu a partir da parceria entre o Instituto Rodrigo Mendes (IRM), o Unicef Brasil e a Fundação FC Barcelona, em 2012, com o propósito principal de formar educadores e promover a inclusão escolar de estudantes com deficiência física por meio de práticas esportivas. Após certificar mais de 900 cursistas em 16 municípios de 15 estados e atingir aproximadamente 90 mil estudantes, a iniciativa ganhou uma versão EAD (Estudo à Distância). “Em 2012 já sabíamos que haveria uma sequência de eventos esportivos no Brasil, como a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016). Na Copa do Mundo anterior, da África do Sul, o tema escolhido como legado social pela Unicef havia sido a questão racial. Já na copa brasileira, o tópico foi o da deficiência física”, conta Luiz Conceição, coordenador de formação do Instituto Rodrigo Mendes, ONG que promove a educação inclusiva. Ele explica que uma das parceiras, a Fundação Barcelona, do time de futebol espanhol de mesmo nome, solicitou que o projeto fosse ligado ao esporte, o que significa uma boa abertura para se falar sobre deficiência. “Isso porque toda a discussão sobre deficiência física gira em torno do aspecto cognitivo do tratamento
e não da parte corporal. Assim, o curso escolhido foi o de educação física inclusiva, voltado a professores de educação física e de outras disciplinas, e ainda para diretores, coordenadores, pedagogos e inspetores”, diz Conceição. No início, foram atendidas 12 cidades: Belo Horizonte, Belém, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Luís. Em 2014, mais três municípios foram incluídos: Natal, São Paulo e Salvador. Em 2016, a Unicef fez um convênio com o Ministério do Esporte e da Educação e o projeto chegou a 16 cidades, com a inclusão de Belford Roxo, município que fica próximo ao local designado às Olimpíadas do Rio de Janeiro. “O curso foi semipresencial porque era transmitido ao vivo de São Paulo para pessoas que o assistiam presencialmente, em várias cidades do país, ao mesmo tempo. Cada grupo tinha cerca de 30 integrantes, entre professores de educação física, gestores e representantes de AEE (Atendimento Educacional Especializado)”, explica o coordenador. Ao final do curso, os participantes precisavam criar um projeto para discutir propostas sobre o tema deficiência física, que unisse prática e conhecimento. Diagnosticavam barreiras e facilidades que os estudantes
“Atividades esportivas e culturais se misturam, proporcionando ricas vivências para todos”
“Crianças com e sem deficiência jogam vôlei sentado. A prática esportiva ajudando na inclusão social”
Revista D+ número 24
EDUCAÇÃO
“A capacitação de profissionais é essencial para que as práticas esportivas sejam conduzidas de maneira correta, ajudando na socialização e estimulando o companheirismo”
INSTITUTO RODRIGO MENDES O Instituto Rodrigo Mendes é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1994 em São Paulo. Sua missão, por meio da construção de uma sociedade inclusiva, é garantir igualdade de direitos e valorizar as diferenças humanas, colaborando para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade em escolas comuns. O idealizador da ONG é Rodrigo Hübner Mendes, que ficou paraplégico aos 18 anos e, aos 19, começou a pintar. A experiência o ajudou no processo de reconstrução da autonomia e o levou a fundar o IRM, inicialmente criado como uma escola de artes para pessoas com deficiência física. Porém, tempos depois, o foco da entidade mudou e foi lançado o projeto Portas Abertas Para a Inclusão. Além deste, a entidade oferece curso de ensino médio inclusivo e uma plataforma colaborativa de práticas em educação inclusiva: diversa.org.br. Site: institutorodrigomendes.org.br
SOBRE O PORTAS ABERTAS PARA A INCLUSÃO NA VERSÃO EAD O curso é totalmente gratuito, conta com emissão de atestado e não exige pré-requisitos, nem a presença física em aulas. Com 40 horas de duração, é composto por textos e videoaulas sobre a teoria e a prática da educação inclusiva. Apesar de ter foco na educação física, o curso aborda diversos temas da inclusão escolar no Brasil, como histórico e legislação, acessibilidades e práticas inclusivas. Por isso, pode ser cursado por professores de todas as disciplinas, gestores escolares, familiares e demais interessados em inclusão de pessoas com deficiência na escola. Os sete módulos que compõem o curso são independentes. Isto é, cada participante decide em que ordem estudar e quanto tempo se dedicará a cada um, com exceção do módulo “Projetos”, que deve ser, obrigatoriamente, o último. Os módulos abordam diversos temas da inclusão escolar no Brasil: histórico e legislação, acessibilidades, práticas inclusivas e conceitos de educação física inclusiva. As aulas são compostas por vídeos, textos e videoaulas que articulam teoria e prática sobre educação inclusiva. Ao final, são oferecidas orientações metodológicas para o desenvolvimento do projeto de intervenção. Cumpridas todas as etapas, o IRM emite um atestado de participação. O Portas Abertas EAD é totalmente acessível e conta com recursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras), legendas e audiodescrição. O endereço digital para se inscrever é portasabertasparainclusao.org/ead/login/
encontravam no dia a dia na escola e escolhiam uma temática a ser resolvida ou uma estratégia diferente para melhorar os resultados. “Tivemos um retorno muito grande. Em todos os pólos que visitamos, ouvimos elogios sobre os resultados dos projetos escolhidos. Por exemplo, nos contaram sobre um aluno autista que não conseguia se alfabetizar, mas que depois que começou a praticar atividades físicas, se alfabetizou em três meses”, afirma Conceição. Diante de tanto sucesso, a Fundação Barcelona solicitou ao instituto que condensasse todo o material acumulado durante o período que o projeto existe e criasse um curso para EAD. “Juntamos o que aprendemos em anos em 40 horas, com conteúdo teórico. Já a parte prática vem dos cursistas e os projetos que criaram ao final das aulas semipresenciais”, conta Conceição, acrescentando: “Em um mês, 100 pessoas já fizeram o curso. O bom de tudo isso é que não se trata só de conhecimento, mas da prática do docente e de uma mudança de perspectiva da pessoa com deficiência. Olhar os estudantes de outra forma. E aqui tratamos de uma questão muito importante, que é a barreira atitudinal, a principal a impedir a progressão da pessoa com deficiência”. As inscrições para o EAD foram abertas e em um mês já havia sete mil pessoas inscritas. Os criadores do projeto sabiam que existia uma demanda muito grande, afinal, o Brasil é enorme. “Muitos municípios pediam para que fôssemos até lá, mas não era possível atender a todos. Então, os parceiros escolhiam os locais nos quais o projeto chegaria”, conta o coordenador. Porém, a surpresa com o número de interessados foi grande. “Estávamos esperando que cerca de mil pessoas se inscrevessem em um mês e o número foi sete vezes maior. Estamos muito animados com essa procura”, finaliza Conceição. D+
Revista D+ número 24
ESPORTE
“O atletismo é uma das modalidades ensinadas. Mais do que formar atletas, a ideia do programa é ajudar na qualidade de vida e promover uma inserção ainda maior de jovens com deficiência na sociedade”
Formando cidadãos
Programa do Comitê Paralímpico Brasileiro promoverá a iniciação de jovens em diversas modalidades esportivas Por Renata Smith Fotos Divulgação CPB
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m abril deste ano, o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado no quilômetro 15 da Rodovia dos Imigrantes (SP), inaugurou o Centro de Formação Esportiva, que tem como objetivo iniciar crianças com deficiências diversas, entre 10 e 17 anos, em uma de oito modalidades paralímpicas: atletismo, bocha, futebol de 5, goalball, judô, natação, tênis de mesa ou vôlei sentado. O Centro é financiado principalmente pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), mas conta com o auxílio das prefeituras de Diadema, São Bernardo, Santo André, Ribeirão Pires, Mauá, Rio Grande da Serra, Mairinque, e com o Instituto Padre Chico, voltado para crianças cegas. O programa é direcionado para jovens que residem na cidade de São Paulo e em nove municípios vizinhos. A única obrigatoriedade é que todos os candidatos estejam regularmente matriculados em alguma instituição de ensino fundamental ou médio, reconhecida pelo MEC.
Foram formados times masculinos, femininos e mistos, com 330 alunos que participam das aulas de segunda a quinta, das 14h às 17h30, sendo que aqueles que mais se destacam têm direito a frequentar aulas de capacitação superior, às sextas-feiras. Além disso, o Centro oferece capacitação a cerca de 180 professores, para que estes possam levar a inclusão para mais jovens com deficiência em escolas regulares. Segundo o coordenador de esporte escolar do CPB, Ramon Pereira de Souza, o Centro de Treinamento fornece diversos incentivos àqueles alunos que desejam seguir carreira nos esportes. “Porém, acima de tudo, temos o objetivo de formar cidadãos. É por isso que a partir do próximo ano, faremos um acompanhamento do rendimento escolar de todos os jovens que participam dos treinamentos. Um mau desempenho escolar pode resultar no cancelamento dos treinos”, explica o coordenador.
GÊMEOS Para alguns alunos, o objetivo do treino é uma forma de integração social, desenvolvimento físico ou apenas um passatempo; para outros, como os gêmeos da bocha Lucas Felipe da Cruz e Bruno Rafael da Cruz, de 12 anos, é uma forma de um dia competir pela seleção brasileira. Segundo Bruno, “pode ser que eu não venha participar agora, mas eu sei que se eu treinar bastante e tiver força de vontade, posso jogar na seleção”. Os gêmeos precisam de auxílio de calheiros (nome dado ao auxiliar do competidor) para jogar, por terem deficiências severas. Nesse sentido, são ajudados pela mãe Rosana e por Gabriel Osório, um amigo em comum. Enquanto a mãe presta assistência ao Bruno, Gabriel auxilia Lucas. O desempenho deles têm sido excelente, tendo participado inclusive das paralimpíadas escolares de 2016, ironicamente, como adversários. Sobre os jogos contra o irmão, Bruno declarou que Revista D+ número 24
ESPORTE
ENTENDA AS MODALIDADES ATLETISMO - As aulas de atletismo capacitam o atleta a participar de provas em pistas, no campo ou na rua. Os atletas são divididos por grupos conforme suas deficiências, portanto, cadeirantes disputam apenas com cadeirantes e assim por diante. No caso de atletas cegos, há a disponibilidade de atletas-guia, que auxiliam em todas as modalidades de atletismo. As provas de pista são divididas entre velocidade (100m, 200m e 400m), meio fundo (800m e 1.500m) e fundo (5.000m e 10.000m). As provas de rua podem ser maratona (42km) ou meia-maratona (21km). As provas de campo são lançamento de disco e club, lançamento de dardo, arremesso de peso, salto em distância, salto em altura e salto triplo. BOCHA - Um esporte relativamente novo nas competições paralímpicas, implantado no Brasil somente em 1970. Consiste em arremessar bolas coloridas o mais próximo possível de uma bola branca, a uma distância determinada. Os arremessos podem ser realizados com as mãos, com os pés ou com instrumentos de auxílio, dependendo do tipo de deficiência do atleta, e até com o auxílio de um atleta-guia ou um calheiro. Uma regra dessa modalidade é que todos os atletas competem na cadeira de rodas, para que o jogo seja mais justo. FUTEBOL DE 5 - O futebol de 5 é exclusivo para cegos, com espaço no time para um goleiro e quatro jogadores em campo. Cada tempo da partida dura 25 minutos, com dez de intervalo entre o primeiro e o segundo tempo. Para auxiliar os jogadores, a bola tem guizos internos, que auxiliam na localização dela em
campo. Ao contrário das partidas tradicionais, o futebol de 5 não conta com a manifestação da torcida, exceto no momento do gol, para que os jogadores possam se concentrar no som emitido pela bola e pelos guias, que ficam atrás do gol do time rival para auxiliar na movimentação dos jogadores do próprio time.
GOALBALL - O Goalball é exclusivo para pessoas cegas ou com deficiência visual, todos equipados com uma venda para que haja justiça em campo. É realizado em uma quadra parecida com a de vôlei, em dois tempos de 12 minutos e intervalo de 3 minutos entre os tempos. Assim como o futebol de 5, não pode haver barulhos durante o jogo e a bola é equipada com um guizo interno.
JUDÔ - Outra modalidade exclusiva para cegos e deficientes visuais. Os atletas são divididos por peso corporal, em lutas com até cinco minutos de duração. A diferença do judô tradicional é que a luta já começa com o contato físico entre os combatentes e a perda de contato é penalizada.
NATAÇÃO - A natação paralímpica é a modalidade que tem mais características parecidas com a tradicional, sendo a única diferença um bastão de espuma que serve como aviso para atletas cegos e auxílio para atletas que não conseguem sair da água sozinhos. Os nadadores são separados por grupos, a partir do tipo de deficiência.
TÊNIS DE MESA - A divisão de atletas é apenas entre cadeirantes e andantes nessa modalidade, em que homens e mulheres podem disputar juntos. A partida pode ser em dupla, individual ou por equipes. O melhor em cinco sets é o vencedor. VÔLEI SENTADO - No vôlei sentado também não há divisão entre times masculino e feminino, a única exigência para adentrar à categoria é apresentar dificuldades de locomoção. A quadra é um pouco menor que a convencional e a rede mais baixa, mas a regra de sets com 25 pontos corridos, o Tie-Break com 15 pontos e o time vencedor ser o que ganhou três sets é a mesma do vôlei convencional.
“Lucas, um dos gêmeos da bocha, em ação. Rivalidade sadia com o irmão Bruno”
“O Futebol de 5 é voltado exclusivamente para cegos e deficientes visuais. Brasil tem hegemonia total na modalidade, em competições internacionais”
CENTRO DE TREINAMENTO A cidade de São Paulo conta com diversos centros esportivos, além de locais comuns que permitem a prática de esportes, com fácil acesso para a maior parte da população. Porém, como ocorre em tantos outros municípios, eles não são muito acessíveis para pessoas com qualquer necessidade especial, física ou intelectual, que deseja praticar ou até seguir carreira em algum esporte. Para corrigir essa desvantagem, em 2016 o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) fundou o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (CT), que promove a inclusão de mais de dez mil pessoas por ano no mundo dos esportes. Mesmo sendo responsável pelo atendimento de pessoas de todas as idades, o principal objetivo do Centro é a inclusão do jovem atleta. São 15 modalidades paralímpicas diferentes, todas exclusivas para pessoas com deficiência. Embora essa quantidade já possa parecer muito impressionante, as vantagens não param por aí. O Centro também conta com uma área residencial, com alojamento para até 280 pessoas, além de ser a sede administrativa do Comitê Paralímpico Brasileiro. Atualmente, com pouco mais de dois anos na ativa, o CT é considerado o maior centro de treinamento paralímpico de toda a América Latina e já sediou eventos de grande porte, como os Jogos Parapanamericanos, que reúnem os principais jovens atletas paralímpicos do continente, e ainda o Circuito de Loterias Caixa, uma das principais competições nacionais no paradesporto.
“eu não posso deixar ele ganhar. Tem que vencer o melhor, não adianta”. O conselho dos gêmeos é que pessoas com deficiência não se escondam do mundo, que lutem pelos seus sonhos e nunca duvidem de sua capacidade. Para eles, a possibilidade de praticar esporte e de desenvolver novas capacidades é uma enorme mudança de vida. Na opinião dos pais do estudante André Henrique, diagnosticado com microcefalia, a prática do atletismo se tornou um sinônimo de felicidade e motivação para ele. Segundo o pai, João Henrique Júnior, a reação de André ao entrar pela primeira vez na pista de atletismo foi contagiante. Nas palavras do próprio André, “fiquei de boca aberta e muito feliz”. Ou seja, o Programa é uma ótima oportunidade de desenvolvimento não só físico, como psicossocial, auxiliando a inserção na sociedade e o aumento da autoestima. Sem contar que é uma possibilidade de formar novas amizades e conhecer mais profundamente o mundo do esporte paralímpico, que só faz crescer no Brasil. Para se inscrever, basta enviar um e-mail com dados essenciais (nome, idade, cidade e tipo de deficiência) para o endereço formacaoesportivaparalimpica@cpb.org.br ou comparecer pessoalmente no Centro de Treinamento Paralímpico. D+ Revista D+ número 24
DIREITO E CIDADANIA
RETROSPECTIVA E FUTURO DAS ISENÇÕES DE IMPOSTOS Texto Márcio Gonçalez
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m tempo de mudanças político-econômicas, podemos fazer uma análise geral do assunto “Isenções de Impostos”, baseada no grande crescimento que o segmento para carros voltado a pessoas com deficiência apresentou em 2018 e que foi amplamente divulgado pela mídia e outros meios de comunicação. Essa divulgação, entretanto, trouxe pontos positivos e negativos. Do lado negativo, o fato de profissionais disseminarem informações erradas, sobrecarregando os órgãos públicos envolvidos nas liberações e concessões dos benefícios fiscais. Já no que diz respeito ao lado positivo, destaco algumas montadoras que abriram as portas para esse público em 2018, que é o caso da Chery, com os seus veículos superatraentes e futuristas, agradando pelo preço e prazo da entrega. Também podemos citar a diversidade de veículos das montadoras já habituais, como Fiat, Ford, Volkswagem, Nissan, Renault, Citroën e Peugeot, todas com seus carros-chefes repletos de atrativos e acessórios. Entretanto, não há o que se discutir diante da moda dos SUVs e nesse quesito as montadoras Toyota, Honda e agora Hyundai saem na frente. A Hyundai, segundo pesquisas, está com as vendas do seu SUV Creta superando a concorrência. Prova disso foi a suspensão das vendas, até segunda ordem, pelo acúmulo de pedidos. Há de se falar, também, das marcas Premium, BMW, Mitsubishi,
Audi e Volvo, que vieram com ações fortes de marketing, para alcançarem a sua parcela de vendas, ajudando a tornar realidade o sonho do brasileiro de conseguir o carro de sua preferência, oferecendo veículos com até 29% de desconto, somando-se as isenções de impostos, caso da marca Audi. Fazendo um balanço geral, o ano de 2018 foi bom para o mercado, mas teme-se que boatos virem realidade, incluindo possíveis retaliações e mudanças que irão impactar o mercado. Nesse cenário, vale citar as novas aprovações da banca médica, onde está se cogitando a passagem dos candidatos pelos médicos peritos, vinculados ao INSS. Ou, ainda, a possibilidade de o próprio sistema alocar o candidato a um determinado médico perito do Detran, para avaliação. Essa segunda opção e modelo de aprovação já ocorre fora da capital paulista e tem dificultado muito as aprovações, pois alguns médicos peritos tornam-se avaliadores severos. Apesar dos rumores, ficamos esperançosos com a promessa do futuro governo de se moldar e reconstruir. Esperamos atenção especial ao assunto acessibilidade (haja vista o envolvimento da futura primeira-dama com a comunidade surda), como também a senadora eleita Mara Gabrili e a próxima secretária estadual da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Célia Leão. Pessoas que sempre lutaram pelo público com deficiência e conhecem de perto suas
necessidades diárias e dificuldades enfrentadas. Como profissional experiente na área das isenções, deixo a dica para as pessoas com deficiência que queiram iniciar o seu processo de isenção: tire todas as dúvidas referentes ao assunto, sinta-se seguro, analise quem são os profissionais que irão lhe atender. Cuidado com as empresas novas, com fachadas monumentais, e tenha em mente que cada profissional trata de determinado assunto. Quem faz a documentação são escritórios especializados em isenções de impostos, quem faz a CNH são as autoescolas e quem vende o carro são os vendedores. Se cada um agir sabiamente e profissionalmente na sua área, todos sairão beneficiados, principalmente você. Boas festas e um ótimo 2019!!
Márcio Gonçalez Lopes é Diretor da NovaFlex Isenções e Assessoria, especializado em isenções para pessoas com deficiência e taxistas, há 12 anos.
ACONTECE
INCLUSÃO SOCIAL EM PAUTA
Programação educativa promovida pela Chacur & Chacur para 2019 quer ampliar o conhecimento de profissionais e estudantes que focam na pessoa com autismo e outras deficiências
“Acima, à esquerda, os filhos de Ana. À direita, ela em visita ao Centro de Referência para o TEA, em Salvador (BA). E embaixo, no I Simpósio Sobre Autismo em Santos (SP), realizado no mês de abril”
“Ana, com os filhos já crescidos. Ao lado, com a irmã Debora, sua sócia na Chacur & Chacur”
SERVIÇO:
“Chacur na I Jornada sobre Aprendizagem e Autismo de Piracicaba (SP), realizada em agosto”
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esde abril de 2014, quando se mudou para a cidade de Santos (SP), Ana Paula Chacur não imaginava a reviravolta que teria no seu cotidiano profissional e pessoal. Formada em edificações, paisagismo e design, Chacur interrompeu o curso de arquitetura e urbanismo para se dedicar aos filhos Helena e Antônio, diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde então, passou a estudar sobre TEA e a vivenciar questões associadas a essa e outras deficiências em várias áreas, incluindo educação e saúde. Hoje, é gestora de educação e diversidade na Chacur & Chacur - Educação e Diversidade, que há cinco anos organiza palestras, seminários, simpósios, audiências públicas e eventos focados na pessoa com deficiência. Em 19 de janeiro de 2019, a instituição iniciará o primeiro curso livre sobre autismo “Diretrizes Clínicas / Educacionais para TEA” na Baixada Santista, sobre coordenação do médico psiquiatra especialista na infância e adolescência, Doutor Francisco Batista Assumpção, graduado em Medicina pela Fundação do ABC, com mestrado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), doutorado em Psicologia (Psicologia
Local: Avenida Ana Costa, 388, Praia do Gonzaga, Santos, São Paulo Horário: das 9h às 18h Início: 19 de janeiro de 2019 (sendo ministrado em um sábado por mês) Término: 21 de setembro de 2019 Carga horária: 64 horas presenciais Vagas: 25 Para saber mais sobre o curso e condições de investimento, acesse www.chacurechacur.com.br. Curso Diretrizes Clínicas / Educacionais para TEA
Clínica – PUC), pós-doutorado pela Universidade de Londres e livre docência pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). INFORMAÇÃO E APRENDIZAGEM O curso será dividido em oito módulos, voltado para profissionais das áreas de educação e saúde, assistência social e estudantes de áreas específicas. Abordará temas como: desenvolvimento da criança e do adolescente com TEA, suas jornadas de dependência até a possibilidade de vida autônoma, a importância do diagnóstico, do estabelecimento de um prognóstico, do projeto terapêutico e pedagógico para cada indivíduo, entre outros assuntos relevantes. O primeiro módulo do curso será apresentado pelo próprio doutor Assumpção. Intitulado “TEA, introdução, critérios diagnósticos, DSM e CID”, o módulo terá o seguinte conteúdo: aspectos históricos, mudanças no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais; Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde; comorbidades presentes; diagnóstico diferencial e psiquiatria no acompanhamento do tratamento na infância, na adolescência e na vida adulta. D+ Revista D+ número 24
ACONTECE
CIÊNCIA INCLUSIVA Evento realizado em novembro na Unifesp aproximou os surdos de temas científicos
“Experiências práticas foram vivenciadas pelos participantes. E professores da Unifesp fizeram tradução para Libras”
“A curiosidade e a busca pelo conhecimento marcaram o evento”
“A S.O.S. Ambiental levou espécies de animais para o evento”
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“A interação entre alunos, funcionários e professores foi intensa, permitindo assim que todas as dúvidas fossem esclarecidas”
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) recebeu, no dia 13 de novembro, o 4º Encontro dos Surdos com as Ciências (4° ESC), organizado pela professora doutora Silvana Zajac e pela professora Elisângela Vinhato, que contaram ainda com importante suporte dos alunos de diversos cursos da Unifesp, campus Diadema (SP). O evento também teve apoio da Adeso, da Revista D+, da S.O.S Ambiental, da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Caetano do Sul e Banca da Ciências. Já na sua quarta edição, o Encontro tem o objetivo principal de proporcionar aos surdos experiências práticas nos laboratórios da universidade. Um ponto importante do evento, que deve ser ressaltado, é que as oficinas foram realizadas pelos alunos da Unifesp, com supervisão dos professores, e todas elas contaram com a tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Isso evidencia a preparação que esses alunos tiveram, capacitando-se na Libras, para conseguirem interagir com os visitantes surdos. Não só para transmitir todos os detalhes das vivências propostas, como também para responder aos questionamentos que naturalmente são feitos. Nessa edição, quem participou do 4° ESC foram os alunos da Escola Municipal de Educação Especial Olga Benário Prestes e do Instituto Santa Teresinha. A S.O.S Ambiental, empresa voltada à educação sustentável, fez apresentação sobre a preservação do meio ambiente e sobre como a degradação dele prejudica a vida dos animais. Para tanto, levaram alguns animais: jacaré, cobra, sapo, perereca e lagarto. Além do foco ambiental, laboratórios de Matemática, Física, Química, Biologia e Vivência de Insetos foram oferecidos, todos contando com intensa interação entre os participantes. Para ver tudo o que aconteceu no evento, acesse https://youtu.be/IhSSn5w6pQI. Revista D+ número 24
CEREJA!
“Sheila Cassin nasceu com paralisia cerebral e seu currículo profissional é invejável. Abaixo, no lançamento de seu livro”
TRAJETÓRIA VITORIOSA Conheça a história de Sheila Cassin, psicóloga com paralisia cerebral que escreveu livro inspirador para pessoas com e sem deficiência
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Texto Mônica Mantecón fotos divulgação
o nascer, a psicóloga Sheila Cassin foi diagnosticada com paralisia cerebral causada por falta de oxigênio no cérebro na hora do parto. Em decorrência disso, alguns movimentos que necessitam de habilidades motoras, como falar e andar, ficaram comprometidos. Em meio a tantas batalhas, sua história está longe de ser triste. Afinal, ela jamais desistiu de sua vida e agora é inspiração para muita gente. Em 2018, Sheila lançou seu primeiro livro: “Desistir por quê? Se eu posso continuar!”, pela editora All Print. A obra narra sua trajetória descrevendo todas as barreiras vencidas de forma divertida e determinada. O livro, dividido em vinte capítulos, relata situações vividas pela autora, como os tratamentos de reabilitação, brincadeiras de criança, as experiências na escola, as primeiras paqueras, o intercâmbio até a
tão sonhada carta de motorista, além dos longos anos para conseguir a formação de psicóloga e a carreira profissional. Questionada se a deficiência a impede de fazer algo, Sheila responde de maneira firme e concisa: “A deficiência não limita, o que limita é a cabeça das pessoas. Tenho uma rotina comum e busco ter sucesso profissional, pois sei que tenho competência e não sirvo simplesmente para cumprir a Lei de Cotas”, esclarece. A psicóloga e agora escritora tem um currículo diferenciado: é pós-graduada em Gestão de RH e Psicologia Organizacional, foi conselheira no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), fez intercâmbio em Washington, nos Estados Unidos e hoje ministra palestras sobre inclusão das pessoas com deficiência. “Por meio de minha obra, espero conseguir entrar na vida das pessoas para resgatar o sonho que, por algumas circunstâncias da vida, foram deixados de lado”, explica. Para conhecer mais sobre Sheila e sua história, o livro “Desistir por quê? Se eu posso continuar!” está disponível em versões impressa e online por meio do site amzn.to/2C3iFY6 ou pelo e-mail sheila_cassin@yahoo.com