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Beleza PURA!
Novidades em maquiagem, perfumes e proteção solar (PESSOA COM DEFICIÊNCIA TAMBÉM USA, VIU?!)
O SURDO E A SAÚDE Hospital sem Libras é hospital doente
SEMPRE ALERTA!
NUNCA É TARDE
Gabriel Bernardes de Lima, dono da Downlícia
Idosos na universidade: não há prazo de validade para o conhecimento
Conheça os benefícios e as batalhas diárias de quem transforma a própria vida gerando valor positivo para os outros
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NÚME RO 18 • PR EÇ O R$ 13,90 ISSN 2359-5620
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O movimento escoteiro inclui crianças com deficiência
NA REDE
::::::::::::revistadmais.com.br:::::::::::::::::::::: DEZEMBRO INCLUSIVO
Desde outubro, os eventos relacionados à inclusão foram vastos em São Paulo. Por ser o mês do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, dezembro não foi diferente. E claro, a Revista D+ cobriu os principais destaques! Confira em nosso site e em nossas redes sociais o que rolou na Virada Inclusiva e os demais eventos do segmento! www.revistadmais.com.br.
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Muito boa revista! Cheia de notícias atuais com fotos coloridas e português legal para surdos entenderem! Estão de parabéns! Carilissa Dall’Alba, nossa capa na edição 17, avaliou a Revista D+ com 5 estrelas
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EDITORIAL
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Beleza PURA!
Novidades em maquiagem, perfumes e proteção solar (PESSOA COM DEFICIÊNCIA TAMBÉM USA, VIU?!)
O SURDO E A SAÚDE Hospital sem Libras é hospital doente
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Gabriel Bernardes de Lima, dono da Downlícia
Idosos na universidade: não há prazo de validade para o conhecimento
Conheça os benefícios e as batalhas diárias de quem transforma a própria vida gerando valor positivo para os outros
Edição 18: Fotografia por Taís Lambert
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NÚME RO 18 • PR EÇ O R$ 13,90 ISSN 2359-5620
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O movimento escoteiro inclui crianças com deficiência
A flor, a criança chinesa
e o poder da verdade
O
conto diz assim: um imperador chinês convocou todas as crianças da aldeia. Deu a cada uma delas uma semente e avisou que as chamaria de volta dentro de alguns meses. Aquele que conseguisse apresentar o vaso com a flor mais vistosa, seria o próximo a governar. Uma das crianças em particular amava as flores e a natureza. Com a ajuda de seu avô, plantou, regou, cuidou com dedicação da semente que viria a explodir em nova vida. Pois bem, não aconteceu. Orientado pelo avô, o garotinho decidiu falar a verdade, mas seguiu cabisbaixo, envergonhado, mês após mês, com o vaso cheio de terra e nenhuma flor. Uma fila se fez em frente ao imperador: centenas de crianças com LINDAS flores. Vasos vistosos, repletos, vivos. Seus donos, crianças altivas, convencidas de sua capacidade, quase soberbas, certas de que reinariam. O imperador mirava a todos indiferente, nada o surpreendia. Até que, no fim da fila, chegou a vez do garotinho decepcionado e, vendo o vaso sem flor, sem vida, o grande imperador chinês se pôs de pé, com os olhos em brasa, emocionado e ansioso. Ouviu do chinesinho: “Imperador, fiz de tudo com amor, mas a flor não nasceu. Desculpe, eu tentei muito”. Sorrindo em imensa satisfação, o imperador pegou a criança no colo e respondeu: “É você! Você é o próximo! Eu havia queimado as sementes antes de entregá-las a vocês, portanto, seria impossível cultivá-las. Mas você foi o único com coragem para agir com verdade. O império é seu!”. A história é infantil, mas deixa uma mensagem que serve para qualquer um de nós, a qualquer tempo: ser verdadeiro sempre tem mais valor. Durante mais um ano inteiro, a Revista D+ buscou a verdade – as boas e as ruins –, questionou, se surpreendeu, impactou-se e impactou a vida de muitas pessoas com e sem deficiência. Não fez nada disso sozinha: contou com um imenso time engajado pelo bem, pela mudança e transformação social. Dizem que cada pessoa é um mundo, então, se mudamos a vida de uma pessoa, melhoramos o mundo de alguém. O que pode ser melhor do que isso? Nesta última edição do ano, falamos sobre empreendedorismo e o poder que se ganha ao tomar as rédeas da própria vida. Também trouxemos a editoria Beleza pela primeira vez: é nosso jeito de lembrar (ou ensinar) que pessoas com deficiência também gostam e usam cosméticos. Portanto, marcas de beleza, acheguem-se! Você ainda conferirá o test drive com o novo Honda Fit Personal, a inclusão pelo movimento escoteiro, a (in)acessibilidade em Libras nos hospitais e muito mais. O ano acabou, mas há muitas sementes para serem plantadas. E acredite: nem todas foram queimadas. Ótima leitura e feliz 2018! Rúbem Soares Diretor Executivo
DO LADO DE CÁ
A última do ano!
Tantas são as coisas e as pessoas que não vai caber foto aqui! Toda a equipe da Mais Editora é grata por sua companhia. A gente se vê em 2018!
Rúbem Soares - Diretor Executivo
Ivanilson Oliveira - Coordenador de T.I
Jennyfer Alves - Recepcionista
Herick Palazzin - Assistente de TI
As repórteres Mayra Ribeiro e Brenda Cruz, a editora-chefe Taís Lambert, a repórter Audrey Scheiner e a revisora Eliza Padilha: as girls da Redação esperam sua participação nas redes sociais no ano que vem também. Siga a revista e converse conosco pelo WhatsApp! (11 94785-2169)
Denilson Nalin - Diretor de Publicidade
Jonathan Vinicius - Estagiário de T.I
Alessandra Rodrigues - Atendimento ao Assinante
Alexandre Gomes - Assistente de Design
Bárbara Ribeiro - Estagiária de Marketing
Carolina Gomes - Intérprete de Libras
Célio Santana - Consultor de Libras
David Gomes - Assistente Administrativo
Jéssica Carecho - Videomaker
Dilson Nery - Diretor Artístico
Na sede do Facebook, em São Paulo, a deputada federal Roseane Estrela, mais conhecida como Rosinha da Adefal, ministrou a palestra Acessibilidade no Brasil: Políticas Públicas e Perspectivas
Luis Filipe Rosa - Ilustrador
Marco Antonio - Intérprete de Libras
Rafaella Sessenta - Intérprete de Libras
Samuel Ávila - Designer
A jornalista Marília Gabriela e o médico Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil, no Rio de Janeiro, no encontro Longevidade – Como chegar a uma maturidade plena, realizado pela Bayer, em São Paulo
Breno Nunes é dono da Il Sordo Gelateria, em Aracajú, Sergipe. Ele é surdo e foi um de nossos entrevistados para a matéria de capa. Confira na página 44!
Os vencedores do IV Prêmio Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência, anunciados no início de dezembro, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo
Luiz Nicolini - consultor de vendas
Rafaela Prado - Intérprete de Libras
Joyce Alves - Consultora de Libras
Raquel Vidal - Assistente de Administração
Silvana Zajac - Professora de Libras da Unifesp
Veronica Honorato - Videomaker
Luciano Guastaferro - Diretor Comercial
As meninas da Redação caíram na água no Wet’n Wild! Tudo em nome da 8ª edição do Dia Nacional da Pessoa Com Deficiência em Parques Temáticos e Atrações Turísticas, dia em que o parque aquático recebeu milhares de pessoas gratuitamente (sim, elas a-ma-ram!)
Camila Duarte - Designer gráfica
Tatiana Carline - Designer gráfica Revista D+ número 18
MUITO OBRIGADA! Aos anunciantes e parceiros de 2017, MUITO obrigada por permanecerem conosco nesta jornada de busca pela excelência. A Revista D+ é referência em inclusão e acessibilidade em todo o país e isso só é possível porque vocês acreditam na força deste veículo de comunicação. Que em 2018 estejamos juntos novamente! Boas Festas!
revi
sta
www.revistadmais.com.br DIRETOR EXECUTIVO Rúbem da S. Soares rsoares@revistadmais.com.br REDAÇÃO Editora-Chefe Taís Lambert taislambert@revistadmais.com.br Equipe de Jornalismo Audrey Scheiner Brenda Cruz Mayra Ribeiro jornalismo@revistadmais.com.br WhatsApp: 11 94785-2169 Revisora Eliza Padilha Diagramação Estúdio Dupla Ideia Camila Duarte e Tatiana Carlini Departamento de Arte Alexandre Gomes Samuel Ávila arte@revistadmais.com.br
Conheça as motivações, as batalhas diárias e os benefícios de quem transforma a própria vida gerando valor positivo para a coletividade 06 Na Rede 08 Editorial
Ilustrador Luis Filipe Rosa DIRETOR DE PUBLICIDADE Denilson G. Nalin denilsonnalin@revistadmais.com.br (11) 5581.1739 e 9-4771.7622 DIRETOR COMERCIAL Luciano C. Guastaferro lucianocesar@revistadmais.com.br (11) 5581.1739 e 9-4771.7621 COMUNICAÇÃO E MARKETING Rúbem S. Soares Bárbara R. Jorge mkt@revistadmais.com.br
12 Agradecimentos 14 Expediente & Aqui na D+ 16 Ponto de Vista O herói, o salvador da pátria: “Pobre do povo que precisa de herói” (Bertolt Brecht) 18 Misto Quente As novidades dignas de nota 26 Misto Frio A Revista D+ foi e cobriu
RH E FINANCEIRO David Gomes de Souza Raquel Vidal de Lima Contratos e licitações Luiz F. Mazieri Nicolini mais@revistadmais.com.br
36 Terceira Idade É cada vez mais comum a presença de alunos maduros nas universidades. Conheça cursos e endereços
TI Herick Palazzin Ivanilson Oliveira de Almeida Jonathan Vinicius
39 Psique Começar ano novo é como começar caderno novo: a gente é cuidadoso e escreve devagar. Veja como tirar os sonhos do papel
DIRETOR ARTÍSTICO Dílson Nery
40 Acontece Pesquisador de acessibilidade do Facebook esteve no Brasil para mostrar projetos voltados para a inclusão de usuários com deficiência
CONSULTORES DE LIBRAS Célio da Conceição Santana Joyce Alves de Sá
42 Acontece No início de outubro a isenção do IPVA foi ampliada, mas as pessoas com deficiência auditiva não receberam o benefício
INTÉRPRETES DE LIBRAS Carolina Gomes de Souza Silva Marco Antonio Batista Ramos Rafaela Prado Siqueira Rafaella Sessenta
56 Comportamento A inclusão no movimento escoteiro chega como um alívio em forma de aceitação, integração e desenvolvimento
VIDEOMAKERS Jéssica Aline Carecho Verônica Honorato de Souza ATENDIMENTO AO ASSINANTE E CIRCULAÇÃO Alessandra Rodrigues dos Santos assinaturas@revistadmais.com.br (11) 5581-3182 / 5583-0298 RECEPÇÃO Jennyfer Alves (11) 5581-3182 / 5583-0298
62 Test Drive Programa Honda Conduz completa 20 anos e marca lança o Fit Personal para a pessoa com deficiência 64 Acontece Wet’n Wild comemorou a 8ª edição do Dia Nacional da Pessoa Com Deficiência em Parques Temáticos e Atrações Turísticas 66 Acessibilidade Os serviços de saúde, como direito básico de todo cidadão, deveriam ser acessíveis a todos, mas pessoas surdas ainda sofrem
ADMINISTRATIVO SUMARÉ Arianna Hermana da Silva Jeanne Prado Lazarine (19) 3306-9990 Edição número 18 – Novembro/Dezembro de 2017 REVISTA D+, ISSN 2359-5620, é uma publicação bimestral da MAIS Editora CNPJ n° 03.354.003/0001-11 Rua da Contagem, 201 – Saúde - São Paulo/SP - CEP 04146-100 Associada a:
Distribuída em bancas pela DINAP-DISTRIBUIDORA NACIONAL DE PUBLICAÇÕES LTDA. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 CEP 06045-390 - Osasco - SP PARCERIA: A Revista D+ não se responsabiliza por opiniões e conceitos emitidos em artigos assinados ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sendo este de inteira responsabilidade dos anunciantes
NOSSA CAPA 44
Associação para Desenvolvimento Social, Educacional, Cultural e de Apoio à Inclusão, Acessibilidade e Diferença
72 Beleza Estreamos nossa editoria de Beleza com perfumes, maquiagem e muita proteção solar para o verão! 78 Espaço da Libras O menor movimento conta: Alterações na direção e no sentido do movimento podem produzir significados diferentes na Libras 80 Aprenda Libras Aprenda sinais relacionados ao empreendedorismo e ao trabalho 82 Cereja! Metodologia da natação junta aprendizado e exercício que beneficiam crianças com deficiência intelectual
Novembro/Dezembro 2017 – Ano III – nº 18
18
56 62
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PONTO DE VISTA
O herói, o salvador da pátria “POBRE DO POVO QUE PRECISA DE HERÓI” (Bertolt Brecht)
Rúbem Soares
Psicólogo, mestre e doutorando em Educação (USP), diretor executivo da Revista D+
N
o final de 2016, na edição 12 da D+, apontei rapidamente nesta coluna o desalento que parecia ter tomado conta do mundo, diante da série de fatos recém-acontecidos e que, de certa forma, eram imprevistos até então. Alguns deles vale lembrar: a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA; o chamado “brexit”, na Inglaterra; a recusa do acordo de paz com as Farcs; a morte de Fidel Castro. No Brasil, ocorrera a queda de Dilma e a consequente posse de Temer; a Lava-Jato e a delação da Odebrecht. À época, escrevi que parecia estar surgindo o nosso “Trump tupiniquim”, o Bolsonaro, o qual afirmava que o Brasil seguiria o exemplo americano, elegendo um direitista conservador para Presidente da República. Surpreendentemente, o atual cenário político brasileiro se aproxima do que escrevi. O próprio Bolsonaro já declarou em algumas entrevistas para a grande imprensa que ele é o “Trump brasileiro”. No atual quadro de descrença do povo brasileiro na classe política, parece haver um esforço da mídia em divulgar soluções milagrosas para o caos. A sociedade está freneticamente desesperada à procura de um “herói”, o “salvador da pátria”. Neste cenário, tanto Lula quanto Bolsonaro se apresentam para desempenhar esse papel. Uma parcela do povo se divide entre ambos, a outra parte não aposta em nenhum dos dois: faz-se necessário encontrar um predestinado, um ungido, impoluto, que venha nos redimir das mazelas da corrupção no setor público e do abismo econômico, social e moral para o qual seguíamos a passos largos sob a condução de Dilma e, atualmente, no governo Temer. Luciano Huck, em cujo caldeirão parecia ter a solução salvadora, acabou de desistir de dar ouvidos ao “canto das sereias”. Felizmente, ele se deu conta de que não bastaria a capacidade de reformar casas de pobres e consertar “latas velhas” para colocar o Brasil nos trilhos. Sérgio Moro e Joaquim Barbosa não parecem estar tão dispostos a vestirem tal fantasia. E se estivessem, seria a nossa salvação? O Brasil já viu esse filme em 1989, com Collor, o caçador de marajás. De forma bem franca, não acredito nas soluções salvacionistas. Não tenho a mínima ideia de quem será o(a) próximo(a) presidente do Brasil. Porém, sei que independentemente de quem seja, não teremos herói ou salvador da pátria. Importante que o(a) futuro(a) presidente deixe claro em sua plataforma eleitoral o compromisso para com os direitos humanos, não se esquecendo das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Afinal, não é nenhum favor, é obrigação legal. As pessoas com deficiência, assim como os demais cidadãos brasileiros, precisam cobrar tais compromissos dos candidatos. Passou da hora de escolhermos gestores probos e comprometidos com a res-pública. Por enquanto, não vejo tais qualidades em nenhum dos candidatos que se apresentam para conduzir os destinos da nossa tão grandiosa nação. Mas, tenho esperança. Que venha 2018! D+
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MISTO QUENTE por Brenda Cruz e Taís Lambert fotos Divulgação
AMOR QUE NÃO SE MEDE
“Você pode fazer alguém rir, mas não pode fazer alguém se apaixonar!”, fala Décio, personagem vivido por Leonardo Reis, o Gigante Léo, que tem nanismo. A frase seguinte, no trailer, acalenta o coração daquele que sente, antes de tudo, medo do novo. “Enquanto a graça não acabar, rir é tão bom quanto se apaixonar”. O filme Altas Expectativas mostra Décio, um treinador de cavalos, que se vê intrigado com a chegada da melancólica Lena (Camila Márdila) ao Jockey Club Brasileiro, no Rio de Janeiro. Ele utilizará seu humor para tentar conquistá-la, pois, para Décio, o melhor caminho para o coração de uma mulher é fazê-la rir. No entanto, ele também precisa superar suas questões com a própria deficiência física para disputar a atenção dela com o playboy Flávio (Milhem Cortaz). A comédia dramática que estreou nas salas de cinema no dia 7 de dezembro foi inspirada na trajetória do Gigante Leo, que já atuou
em vídeos do canal Porta dos Fundos e participou da novela Novo Mundo (Rede Globo). “O filme foi inspirado numa linda história de amor entre uma pessoa com estatura comum e uma pessoa com nanismo: a minha história com a minha esposa Carol. É um filme que fala do que é comum a todas as pessoas: o amor”. Assim como Décio, Léo Reis descobriu no humor uma nova profissão e uma forma de superar os preconceitos. “Encontramos no humor uma maneira de expressar nossa visão de mundo e criticar alguns comportamentos sociais que as pessoas têm com os anões.” “O Leo tem nanismo e a ideia é construir o filme considerando isso o tempo todo, afinal, o personagem tem essa característica. Mas, que isso não seja tratado como algo que torna o personagem Décio, feito pelo Leo, uma pessoa diferente das que estão envolvidas ali no contexto do Jockey. Ele é um cara totalmente considerado, respeitado, relevante,
importante ali naquele lugar”, conta a atriz Camila, que faz par romântico com Léo. No quesito acessibilidade e adaptações, Léo afirma que todos estavam sempre dispostos a oferecer o maior conforto possível para que ele não se desgastasse excessivamente. “Cuidados como: ter uma cadeira baixa para facilitar meu acesso; disponibilizar um carrinho elétrico para me levar da base para o set, e quando não era possível passar com o carrinho, tinha sempre uma cadeira de rodas ou me carregavam no colo”, revelou. O filme está nos cinemas de todo o Brasil. “O público pode esperar uma linda e emocionante história de amor, que à primeira vista pode parecer pouco provável, mas que é plenamente possível de acontecer. É um filme leve, divertido e muito gostoso de assistir”, garantiu Léo. Confira a entrevista exclusiva com os atores Leonardo Reis e Camila Márdila no link: www.revistadmais. com.br/ed18_amorsemmedidas.
UMA JOIA RELEVANTE
Se você deseja dar um presente criativo para aquela pessoa especial, aqui vai uma dica: a Coleção Dorina Nowill de Joias em Braile. O lançamento é assinado pela designer Áurea Sacilotto para a Fundação Dorina Nowill para Cegos e inclui as seguintes peças: pingentes, anéis, alianças e chaveiros em bronze, prata ou banhados a ouro. Delicada e repleta de significado, a coleção traz itens com palavras como Vida, Amor, Saúde, Paz, Felicidade e Segredo escritas em braile. O Pingente Coração, por exemplo, traz inscrita a palavra Amor e custa R$ 149 a versão em bronze. O chaveiro com a inscrição Paz ou Vida, banhado a ouro, sai por R$ 90. O que dizer dos anéis e das alianças? Tão simbólicos, podem vir com a palavra Felicidade, entre outras, e vale R$ 245 a versão em prata. O objetivo da coleção é sensibilizar a sociedade para a causa da deficiência visual e todo o valor arrecadado com a venda das peças será destinado a ações e iniciativas em prol da Fundação Dorina Nowill para Cegos, que trabalha há 71 anos para que crianças, jovens e adultos cegos e com baixa visão sejam incluídos em diferentes cenários sociais. Os pingentes e os chaveiros acompanham um fio em couro e se você quiser brincos ou palavras personalizadas para qualquer uma das peças da coleção, é só pedir um orçamento. Eles aceitam todos os cartões de crédito e qualquer valor poderá ser parcelado em até três vezes. Para solicitar a joia, você pode ir pessoalmente ao Dona Dorina Outlet, na Rua Doutor Diogo de Faria, 558, Vila Clementino, em São Paulo, entrar em contato pelo telefone (11) 5087.0997 ou pelo e-mail outlet@fundacaodorina.org. br para solicitar o catálogo. Revista D+ número 18
MISTO QUENTE por Mayra Ribeiro fotos Divulgação
ELO DE AMOR
Thalita Yamasaki e a filha Mariana
Carla Pinto, geneticista e co-fundadora do Espaço Elo21
Humanização, empatia e trocas de experiências formam os pilares do Espaço Elo21. Inaugurado no início de outubro (05/10) em São Paulo, o ambiente interdisciplinar de cuidados às pessoas com síndrome de Down tem o objetivo de trabalhar o empoderamento por meio do desenvolvimento dos potenciais. “Somos uma equipe de profissionais que trabalha a saúde integrada tanto da pessoa com deficiência como da família. Fazemos um acompanhamento físico, nutricional e emocional”, explica Carla Pinto, geneticista e co-fundadora do Espaço Elo21. A iniciativa começou a ser idealizada quando os médicos do Ambulatório Multidisciplinar de Orientação à síndrome de Down do Hospital Santa Casa perceberam falhas no atendimento. “O serviço era como uma colcha de retalhos. Os pais demonstravam-se insatisfeitos, ansiosos e angustiados.
Porém, a partir do momento em que trabalhamos a interdisciplinaridade nas áreas e envolvemos as famílias nos processos, vimos os ganhos. Não conseguimos mais trabalhar de um jeito diferente”. O ambiente surgiu após três anos de estudo como forma de expandir essa maneira de prestar assistência médica. Apesar do curto período de funcionamento do Elo21, Thalita Yamasaki, 33, já encontrou motivos para sorrir. “Fiquei empolgada com a novidade porque existem muitos lugares com terapias. Contudo, nem todos são especializados na síndrome, o que abre brechas. Por outro lado, aqui é maravilhoso, me sinto segura”. A mãe da Mariana, de um ano e onze meses, descobriu a síndrome de Down e a microcefalia da filha na hora do parto. “Foi um baque, eu queria morrer”. Hoje a pequena passa por fonoaudióloga, fisioterapeuta e nutricionista e Thalita quer mais é viver feliz.
SERVIÇO Espaço Elo21 Rua Eça de Queiroz, 488 Vila Mariana, São Paulo. Horário de funcionamento: Segunda à sexta-feira, das 6h às 20h.
Revista D+ nĂşmero 18
MISTO QUENTE
O NOME DA RUA O dia 7 de setembro é conhecido nacionalmente por registrar um acontecimento histórico de grande importância. Foi o momento em que Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga (SP). Mas, este ano a data também recebeu outra comemoração, igualmente especial: o lançamento do Projeto Ruas Cegas. A semelhança não foi uma mera coicidência e sim premeditada por Lucas Amaral. O publicitário que idealizou a iniciativa de inserir placas de sinalização em espaços públicos para as pessoas com deficiência visual tem o objetivo de promover mais autonomia a essas pessoas.
Em parceria com o movimento Cidade Criativa Cidade Feliz de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, com o evento Hack Town e a Fábrica 3D, Amaral levou aproximadamento dois meses para desenvolver e executar a proposta na cidade mineira. “O principal desafio foi entender a relação dos cegos com o município. Utilizamos vendas nos olhos e um bastão para nos locomover pelas ruas”. Hoje o idealizador tem o auxílio da Associação Deficientes em Movimento para identificar os trajetos feitos pelas pessoas com deficiência visual e as melhores maneiras de posicionar as placas que não estão restritas às ruas, mas também em espaços como: monumentos, praças, igrejas e estabelecimentos. A iniciativa, que funciona por meio da Lei Rouanet, pretende expandir a atuação pelo Brasil e em outros países. Para mais informações, acesse ruascegas.com.
fotos reprodução
por Mayra Ribeiro fotos Divulgação
Revista D+ nĂşmero 18
MISTO QUENTE por Mayra Ribeiro fotos Divulgação
BRINCANDO DE FAZER BRINQUEDO! Você sabia que a brincadeira é um meio de instigar o aprendizado por meio do lúdico? Essa é a filosofia presente na cartilha virtual Brinquedos e Brincadeiras Inclusivos, lançada pelo Instituto Mara Gabrilli. Voltado para pais e educadores, o material de 75 páginas aborda dicas de como brincar com crianças com diferentes deficiências e o passo a passo para a confecção de brinquedos adaptados. Todos os ensinamentos da obra utilizam materiais recicláveis e de baixo custo capazes de serem produzidos em casa. A partir de uma linguagem simples, o objetivo é fazer com
MODA PRA GENTE GRANDE Não tanto quanto a gente gostaria, mas muito mais do que já foi um dia, o mundo fashion dá sinais de inclusão. Dessa vez, o estilista Tommy Hilfiger – com sua label homônima – declarou, em outubro, que lançará uma coleção de 71 peças (37 masculinas e 34 femininas) para adultos com deficiência física. No ano passado, a grife lançou uma coleção para crianças com esta mesma condição. Para a linha infantil, a marca colaborou com a Runway of Dreams, uma ONG que trabalha para oferecer mais opções de roupas para pessoas com deficiência. As adaptações nas peças que visam facilitar o ato de vestir-se incluem fechos de velcro, iscas magnéticas e bainhas que acomodam próteses. O estilo, contudo, segue inalterado, com as referências navy que são a marca registrada da Tommy. Ainda sem data para o lançamento, Tommy Hilfiger disse que se trata de um esforço para a “democratização da moda”. D+
que qualquer pessoa possa criar e auxiliar as crianças a desenvolverem as suas capacidades. “Já faz muito tempo que os educadores passaram a introduzir na rotina da educação infantil atividades diversificadas. Quando se trata de crianças com deficiência, essa metodologia passa a ser fundamental para garantir um futuro autônomo aos pequenos”, afirma Mara Gabrilli. Para acessar a cartilha, basta entrar no link: img.org.br/images/stories/pdf/brinquedos.pdf. Não deixe de compartilhar conosco nas redes sociais os resultados!
Revista D+ nĂşmero 18
MISTO FRIO A Revista D+ foi e cobriu texto e fotos Brenda Cruz e Audrey Scheiner
DIVERSIDADE DE PONTA A PONTA A Virada Inclusiva chega a mais uma edição, consolidando-se como evento tradicional no Estado de São Paulo e fomentando a diversidade e inclusão de pessoas com deficiência em atividades repletas de informação e diversão
Pessoal na Bicicletada Inclusiva na Avenida Paulista
De 01 a 03 de dezembro aconteceu a 8ª Virada Inclusiva, evento promovido pela Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A Revista D+ foi e cobriu alguns das centenas de eventos que ocorreram no estado. Luiz Carlos Lopes, secretário adjunto da Secretaria organizadora do evento, falou sobre as conquistas de visibilidade. “O evento tem crescido a cada ano, não só em número de atividades espalhadas pelo estado, mas também em sua estrutura, na diversidade das atrações e nas parcerias. O
que precisamos é mantê-lo, para que a cidade, aos poucos, vá absorvendo até consolidá-lo como tradicional no nosso estado”, afirmou. No primeiro dia, o Memorial da Inclusão foi palco do espetáculo teatral O Resto é Silêncio, que aborda o panorama do jovem surdo na contemporaneidade brasileira. A peça tem direção de Sabrina Vasconcelos, com a atuação de Wesley Leal e Lucas Bravo, da companhia de teatro Arte Raiz. O espetáculo busca, através do bilinguismo (português-Libras), discutir não só o panorama do jovem surdo
na atualidade, mas principalmente, fazer uma metáfora do jovem surdo que deseja descobrir os sons do mundo numa sociedade de maioria ouvinte. No sábado, segundo dia do evento, fomos para a biblioteca do Parque Villa Lobos conferir a Virada Kids, que tinha como foco o “caminho sensorial” e “circuito em cadeira de rodas”. O objetivo era proporcionar aos participantes um olhar de empatia e respeito da diversidade entre as pessoas. E, para fechar com chave de ouro, o último dia foi recheado de atrações e cobrimos diferentes pontos da cidade.
3ª Inclusão a Toda Prova, do Instituto Olga Kos
Viviane e Carlos Roque com o filho Lucas na 3ª Inclusão a Toda Prova, da Olga Kos
Na biblioteca do Parque Villa Lobos, a Virada Kids teve atividades como o caminho sensorial
Garoto se diverte na Bicicletada da Avenida Paulista
Começamos com a 3ª Inclusão a Toda Prova – Corrida e Caminhada, organizada pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK). Ela é sempre a mais aguardada pelos que têm paixão por correr e manteve o sucesso. O número superou os 10 mil inscritos mais os 1.500 participantes dos projetos do IOK. Além disso, fomos para a Bicicletada Inclusiva e o Show da Banda dos Seguranças do Metrô, ambos na Avenida Paulista. Para a secretária
Linamara Battistela, a Virada Inclusiva, acima de tudo, é um evento de conscientização e celebração de conquista de direitos. “Estamos aqui, em contato com todos, desfrutando das mesmas atividades e mostrando que é possível. Acredito que, para as pessoas com deficiência, seja uma celebração de direitos, e nós precisamos ter essa dimensão: esses direitos são conquistas de todos e precisam ser preservados para o ganho de toda a sociedade”, finalizou. Revista D+ número 18
MISTO FRIO A Revista D+ foi e cobriu texto e fotos Brenda Cruz
TRABALHO, DIVERSIDADE E EFICIÊNCIA Com o intuito de celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, a rede de fast food Mc Donalds teve uma de suas lojas administrada integralmente por pessoas com deficiência
José Fernando de Souza Puglisi, o maior vendedor de sobremesa do Mc Donalds
Armando Martins Fernandes Serra Júnior, há 15 anos no Mc, atualmente é treinador Gislene Soares, trabalha no Mc Donalds há um ano
“Eu fui inspirado por uma notícia, nas redes sociais, de que uma cafeteria nos Estados Unidos é administrada totalmente por pessoas com síndrome de Down, e já pensei de imediato: ‘Nós temos tantas pessoas com deficiência no Mc Donalds trabalhando no Brasil inteiro...’. Nesse momento ficou óbvio que eu poderia fazer a mesma coisa. A data que me veio à cabeça foi o dia 03 de
João Henrique Alves Pinheiro, do Mc Donalds de Campo Grande, MS
dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Na mesma hora minha equipe e eu pensamos que poderíamos celebrar esse dia, operando um restaurante nosso, com uma equipe 100% de pessoas com as mais diversas deficiências”. Quem conta essa história é Marcelo Nóbrega, diretor de Recursos Humanos da Arcos Dourados, operadora da marca McDonald’s no
Brasil. Marcelo afirma que há quase 1.400 funcionários com deficiência no quadro geral de pessoal. “Esse número é maior que o de muita empresa de médio porte no Brasil, mas incrivelmente não chegamos na cota de 5%. É algo que perseguimos”, disse. Ele ainda ressalta que esse é o maior número de funcionários com deficiência que já tiveram na
Gabriel Costa Amorim, de Curitiba, há quase seis anos na rede Luís Gustavo Cruz Matsumoto, há 17 anos no Mc Donalds, hoje na loja de Guarulhos
Bruna Vinhó trabalha no Mc do SHopping Plaza Mooca há cinco anos. Há três anos é anfitriã
Hugo e Ígor Vieira, irmãos, trabalham na mesma loja, há dois e sete anos, respectivamente, ao lado de seu gestor
empresa, mas pontua que a ação não é por uma preocupação em relação às cotas. “Está no DNA da empresa oferecer oportunidades iguais para todos, temos vários públicos representados aqui dentro, somos uma empresa de chances, de primeiro emprego. Todo mundo tem a oportunidade de trabalhar com a gente, crescer com a gente. 40% dos diretores e gerentes sêniores vieram
de restaurantes, tiveram seu primeiro emprego aqui”. A Revista D+ visitou o Mc Donalds da Rua Augusta, em São Paulo, no dia 03 de dezembro, para conferir a loja operada por 45 pessoas com deficiência, vindas de todo o Brasil especialmente para esta ação. Conheça algumas delas aqui. E se tiver interesse em oportunidades de trabalho, acesse: www.mcdonalds.com.br. Revista D+ número 18
MISTO FRIO A Revista D+ foi e cobriu por Audrey Scheiner fotos Bárbara Ribeiro
REHAFAIR ESTREIA COM GRANDES DESTAQUES DE TECNOLOGIA E EMPREGABILIDADE
Do dia 19 até o dia 21 de outubro, aconteceu a primeira edição da Rehafair – Feira Internacional de Tecnologias Assistivas, Empregabilidade e Esportes Adaptados no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo.Para a abertura da Rehafair, estiveram personalidades como Cid Torquato, secretário municipal da Secretaria da Pessoa com Deficiência de São Paulo; Selma Gonçalves, diretora da Fundação Selma, além da deputada estadual Célia Leão e Cledson Fernandes, diretor da Rofer, responsável pela realização da feira, que ofereceu mais de 120 palestras em 11 auditórios. “Apoiamos esse evento porque ele aborda a questão da deficiência de vários ângulos importantes para a sociedade. Não apenas do ângulo da acessibilidade e dos direitos, mas também do ponto de vista da prevenção”, disse o secretário Cid Torquato. Veja a seguir alguns dos destaques. OPORTUNIDADE DE EMPREGOS NA MAIOR REDE DE FAST-FOOD DO MUNDO! O Mc Donalds marcou presença na Rehafair divulgando oportunidades de empregabilidade para as pessoas com deficiência. Vera Teixeira, responsável pela diversidade no setor de Recursos Humanos, informou que a presença do Mc Donalds foi um ótimo caminho para o envio de currículos de candidatos “Direcionamos onde ele deve ir, em nosso site, para se candidatar. Cerca de 75% dos funcionários são pessoas com deficiência intelectual dentro do quadro geral de contratações de pessoas com deficiência”, contou Vera. Se você tem interesse em vagas, acesse: mcdonalds.com.br, no link Trabalhe Conosco > Cadastre seu Currículo.
AUTONOMIA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL A empresa Mais Autonomia OrCam, em parceria com a Livraria da Vila, apresentou uma novidade para as pessoas cegas ou com baixa visão: óculos que permitem identificar pessoas, objetos e letras por meio de uma pequena câmera instalada no produto. Conhecido como OrCam MyEye, o produto chegou de Israel ao Brasil há aproximadamente dois meses. Por enquanto é vendido por R$ 14.900 via plataforma virtual. Ou seja, não é (mesmo) para todos. Mais informações podem ser encontradas em: www.maisautonomia.com.br. REALIDADE VIRTUAL Estande da empresa Kit Livre – Soluções em Mobilidade proporcionou ao público da Rehafair uma experiência incrível com óculos de realidade virtual e suas cadeiras de rodas motorizadas. Quem não tem deficiência pôde saber como é andar com as cadeiras e participar de uma corrida empolgante! HERO: O CÃO GUIA EM FORMAÇÃO Com a graça e fofura de um bebê de três meses, Hero é um cão da raça labrador e está se preparando para uma função muito importante: ser um cão-guia. Karen Fujuwara é voluntária do Instituto Iris – organização sem fins lucrativos, uma das pioneiras no Brasil na difusão do cão-guia como facilitador do processo de inclusão da pessoa com deficiência visual. “Ele ficará um ano comigo, até estar pronto para ser oficialmente um cão-guia. Por enquanto o meu papel é socializá-lo. Vamos a todos os lugares!”, explicou Karen.
ACESSIBILIDADE FASHION por Audrey Scheiner Fotos Brenda Cruz
Em se tratando de roupa adaptada, não basta apenas ser o mais acessível possível: o design conta muito. Isso estava em alta no desfile do 9º Concurso de Moda Inclusiva que aconteceu no Unibes Cultural, em São Paulo, no início de dezembro. O concurso é uma oportunidade para estudantes e profissionais de diversas áreas discutirem tendências, debaterem novas ideias e trocarem experiências no âmbito da moda inclusiva e do mercado têxtil. A grande vencedora do concurso foi Robertha Pereira Navajas, 27, que apresentou dois looks no desfile: um modelo para cadeirante (que foi o vencedor, com o modelo Daniel Yoshizawa) e o outro para amputados, que ficou em terceiro lugar, com o modelo Christiano Silva.
Ao participar pela primeira vez do concurso, a estilista afirmou que sempre quis fazer moda com um propósito. “Não queria apenas criar alguma coisa. Por eu ter diabetes e precisar carregar um aparelho [glicosímetro], fiz modelos adaptados para mim e para outras pessoas na mesma condição”, enfatizou. Robertha pensou também no estilo de vida das pessoas com deficiência e deu início a diversas adaptações para cadeirantes e amputados, o que a trouxe para ganhar o 9º concurso. “Quis criar modelos de roupas que dão autonomia para pessoas com deficiência. Ganhar esse concurso me deu mais estímulo e perseverança para continuar com a moda inclusiva”, finaliza a estilista.
Revista D+ número 18
MISTO FRIO A Revista D+ foi e cobriu texto Mayra Ribeiro fotos Bárbara Ribeiro
ESCOLA INCLUSIVA PROMOVE O DIA DA SOLIDARIEDADE O que é solidariedade para você? Vitor Henrique da Silva, de 12 anos, acredita que esse substantivo representa o ato de ajudar o próximo sempre com carinho e amor. O garoto com deficiência auditiva parcial, que é aluno do sétimo ano da escola inclusiva Olga Benário Prestes, conversou com a Revista D+ no Dia da Solidariedade. O evento aberto à comunidade aconteceu em 07 de novembro, das 9h30 às 15h30 em Diadema, São Paulo, com a finalidade de mobilizar surdos e ouvintes sobre a importância dessa atitude. Foi com muita simpatia que Vitor falou sobre a iniciativa da escola que estuda desde o início da alfabetização. “Eu concordo com a ideia do Dia da Solidariedade porque é importante abrir um espaço para a representação da pessoa com deficiência. É necessário este contato da comunidade com os surdos e ouvintes. A mistura é maravilhosa”.
A escola inclusiva surgiu há 29 anos, a partir de um movimento de pais de pessoas com deficiência auditiva. “Temos uma inclusão às avessas. No início era um ambiente escolar inteirinho para os surdos. Mas, em 2006 surgiram as classes de ensino regular”, relata Joelmir Tonieti Pedro, diretor do Olga Benário Prestes. Hoje a EMEB conta com 307 alunos, dos quais 37 são surdos e 270 ouvintes. As aulas são ministradas de forma separada. “A inclusão ainda não está nem perto de como queremos. Estamos na luta para trazer pelo menos um professor de Libras para os ensinos regulares”. Indagado sobre a idealização do Dia da Solidariedade, o diretor afirma que a iniciativa feita em parceria da coordenadoria com os professores foi criada para auxiliar os alunos a desenvolverem o lado cidadão. “No processo de educação o estudante se apropria melhor do conhecimento quando o vivencia”. Durante o evento foram oferecidos serviços sociais como: dentista, depilação, exames de vista pelas Óticas Carol e tratamentos de beleza da Embeleze. Os trabalhos feitos pelos alunos ao longo do ano também foram expostos. Os pequenos chegaram a doar lenços
para mulheres com câncer, suprimentos para uma aldeia indígena e companhia em lares de idosos. Outros destaques do Dia da Solidariedade foram: Encontro dos Surdos com a Ciência (ESC), Porta dos Surdos – filmes de humor em Libras, e a Contação de Histórias em Libras. O ESC baseia-se em experimentos das áreas de química, física, biologia e matemática orientados por professores da Unifesp para despertar o interesse pela ciência. “Por ser um momento em que a questão da solidariedade está sendo trabalhada, o ESC também veio na perspectiva de popularização da ciência. Além de trazer experimentos para a comunidade, o objetivo foi o de dar acesso a um conteúdo muitas vezes restrito à academia”, diz Silvana Zajac, professora da Unifesp. Já o Porta dos Surdos e a Contação de Histórias em Libras tinham como propósito mostrar que o surdo tem direito ao entretenimento por meio de vídeos de piadas do universo da pessoa com deficiência auditiva e adaptações de clássicos infantis na Língua de Sinais, como o conto da Cinderela. O saldo é o melhor que poderia ser: gentileza gera gentileza. Revista D+ número 18
MISTO FRIO A Revista D+ foi e cobriu texto e fotos Brenda Cruz
DIVERSÃO EM SANTOS
De Lorena, interior de São Paulo, Cristiano Lima, 16 anos, com a família e os instrutores de surfe adaptado
João Lucas Gonçalves de Oliveira, 7 anos, com sua mãe Thais Gabriela de Oliveira Gonçalves, 23 anos, de Guaratinguetá, foram se divertir na praia
O pequeno Tom, cheio de alegria sobre a prancha
Em 14 de outubro o Emissário Submarino, em Santos, recebeu o 1º Brincar é Para Todos, promovido pelo projeto Empresto Minhas Pernas. O dia quente foi propício para muitas brincadeiras e atividades ao ar livre. Diversos esportes fizeram parte do projeto: goalball, skate adaptado, surf adaptado, corrida, ciclismo, e, entre eles, o tamboréu, que foi adaptado ali na praia mesmo, conforme a necessidade do seu participante. “A nossa ideia foi apresentar o esporte de modo geral e trazê-lo para uma forma adaptada, mostrando como funciona para as pessoas que não se locomovem facilmente”, conta Carolina, 21 anos, que joga tamboréu desde os 11. “Eu acredito que é muito
importante aproximar de tantas pessoas um esporte que já estava em decadência, independentemente de sua condição”. Outro esporte que caiu no gosto do público, em especial da população surda, foi o goalball, que é jogado por pessoas cegas. “Isso aqui é totalmente diferente do que imaginamos que seja o goalball. Aqui é uma vivência de conhecimento, a ideia é esta: brincadeira. Como o nome do projeto é Brincar é Para Todos, resolvemos brincar com todo mundo mesmo! Nosso maior medo era de como as coisas iam acontecer com a pessoa com deficiência auditiva, mas foram eles que mais gostaram”, apontou Danilo de Souza Rong, técnico da
equipe de goalball masculino e feminino da cidade de Santos. Sobre as ondas do mar, pranchas conquistaram adultos e crianças, com e sem deficiência. A atividade pôde ser realizada com o auxílio de voluntários e professores de surfe. “No surfe nós conseguimos proporcionar um avanço para essas crianças. Sabemos que nem tudo é fácil, mas conseguimos frazer transformações com amor e dedicação. Todos os que estão aqui hoje fazem as coisas com muito amor”, contou, sem sair da água, Miguel Carlos Valdovski, professor de surfe. Conheça mais sobre o projeto Empresto Minhas Pernas na página: facebook.com/emprestominhaspernas. Revista D+ número 18
TERCEIRA IDADE
Nunca é tarde
para graduar É cada vez mais comum a presença de alunos maduros nas universidades. Afinal, não há prazo de validade para a busca de conhecimento e desenvolvimento social texto Audrey Scheiner Fotos: Audrey Scheiner e Arquivos Pessoais
A longevidade é uma realidade. As pessoas têm 80, 90 anos e estão ótimas, com a capacidade funcional preservada” Drª Rosa Chubaci, coordenadora e professora de Gerontologia na USP
Elice Dias Oliveira, 66 anos, prestou vestibular para o curso de Gerontologia. Os cursos da terceira idade que concluiu em 2012 a motivaram a aprender sobre o tema
P
assar pela juventude, trabalhar, constituir uma família e, enfim, chegar à aposentadoria. Depois de se aposentar, repousar é uma lei? Não para quem ainda tem o grande desejo de fazer mais uma faculdade, ou, ainda, iniciar a primeira graduação, aquela dos sonhos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2005 e 2015, a proporção de idosos na população do país passou de 9,8% para 14,3%. Os dados são do estudo Síntese de Indicadores Sociais (SIS), uma análise das condições de vida da população brasileira 2016. Muitos desses idosos desejam sair da rotina e arejar a vida permitindo-se conhecer novos horizontes. Essa mudança pode acontecer a partir de cursos e oficinas ministrados nas principais universidades do país. De acordo com a Drª. Rosa Chubaci, coordenadora e professora de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP), quando uma pessoa atinge a terceira idade, ela tende a ficar mais solitária e não sair de casa, pois fica presa às rotinas domésticas ou, até mesmo, sedentária, lidando com as doenças mais recorrentes nessa época da vida. Porém, com a acessibilidade em universidades, a vida do idoso torna-se mais dinâmica. “Hoje muitos vão além dos 70 anos. A longevidade é uma realidade, as pessoas têm 80, 90 anos e estão ótimas, com a capacidade funcional preservada. Tem as consequências do envelhecimento natural, que devem ser respeitadas, porém, atualmente nós temos o idoso mais ativo”, comenta a gerontóloga.
Delério Anselmo Oechsler, 66, procurou a pós-graduação de economia para conquistar mais oportunidades na profissão
BENEFÍCIOS DE MANTER-SE OCUPADO Na sua juventude, Delério Anselmo Oechsler, 66, cursou a graduação de economia. Mas, ao atingir a terceira idade, correu atrás do sonho de cursar pós-graduação em administração financeira na Unicesumar, em Blumenal, Santa Catarina (SC). “O que mais me atraiu no curso foi a oportunidade de crescer na minha profissão e assim poder melhorar a minha situação financeira. E a minha principal motivação foi o gosto pelo conhecimento e a busca do saber”, afirma Oechsler. O economista relata que sempre gostou de estudar. No passado, por conta de problemas financeiros na família, teve que interromper os estudos aos 14 anos. “Atualmente, me
Segundo DADOS DO IBGE, entre 2005 e 2015, a proporção de IDOSOS NA POPULAÇÃO do país passou de 9,8% para 14,3% Revista D+ número 18
TERCEIRA IDADE Sair da rotina de dona de casa foi o principal objetivo de Neide Braga, 57, que viu na graduação a oportunidade de conhecer novas pessoas e realizar o sonho de cursar Psicologia
No curso da Terceira Idade, coordenado pela Drª Rosa Chubaci, os idosos participam de atividades de dança, entre os cursos livres oferecidos pelo programa
Meus planos para o futuro são estudar e ver em que posso ser útil na sociedade e principalmente para mim mesma” Elice Dias Oliveira, 66, estudante de gerontologia beneficio com a ocupação que tenho e com aquilo que gosto e me traz satisfação pessoal, além de ter vantagens nas minhas promoções, aumentando o meu salário”, comenta. O catarinense afirma também que seu trabalho tornou-se mais fácil e de melhor qualidade. “Com mais conhecimento vejo o mundo de outra forma, sendo mais crítico e coerente nas atitudes e na relação com as pessoas”. Por querer fugir da rotina de dona de casa, Neide Braga, 57, está no primeiro semestre de psicologia na Unipaulistana, em São Paulo. “Você varre a casa e já tem uma sujeirinha,
lava a louça e depois já tem mais pratos para lavar. Cuidar da casa é uma coisa que não acaba nunca!”, confessa. Neide pretende, depois do curso, ajudar instituições que atendem nos bairros gratuitamente. “Mas claro, quero um consultório, pois estou investindo em mim e quero retorno financeiro”. Neide diz que sua rotina diária mudou totalmente depois que ingressou na faculdade. Os deveres do curso fizeram com que ela não tivesse mais tempo de tirar um cochilo durante o dia. “Gosto de terminar todas as atividades que os professores demandam. Eu sou muito exigente comigo mesma. Isso me fez chegar aqui e me fará ir mais longe. Tenho responsabilidade e isso me transforma. Dormir pra quê?!”, comenta aos risos. DAS OFICINAS DA TERCEIRA IDADE PARA A UNIVERSIDADE Após fazer, em 2012, as oficinas de curto período da Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), programa oferecido pela Universidade de São Paulo da Zona Leste (Usp-Leste), Elice Dias Oliveira, 66, quis alimentar mais sua fome de conhecimento e prestou vestibular para voltar a fazer faculdade. “Em 2015, no site da Usp-Leste, vi a seleção de graduados, que era a prova para quem já tinha curso superior, pois já fiz pedagogia anteriormente. Comprei livros no sebo e me preparei para a prova de janeiro de 2017. Passei na primeira fase, fiz minha entrevista com a Drª Rosa Chubaci e entrei para o curso de gerontologia”, conta. Elice confessa que seu sonho sempre foi estudar na USP. “Criei meus filhos, eles estudaram, fizeram MBA, então eu pensei: ‘preciso fazer alguma coisa pra mim’. Meus planos para o futuro são estudar e ver em que posso ser útil na sociedade e principalmente para mim mesma”. “A vida pode ser boa em todas as idades. Para estarmos bem, precisamos nos manter ativos. Ou seja, fazer algo que gostamos, procurar realizar atividades físicas, mentais ou manuais, para dar mais qualidade para a nossa vida”, afirma a gerontóloga Rosa Chubaci. Nunca é tarde para cultivar o sonho de estudar. Quando alunos mais velhos convivem com os mais novos, trocas de vivências e aprendizados ocorrem a todo momento. “Um dia a gente vai morrer, mas até isso chegar, é preciso aproveitar ao máximo o que puder”. D+
SERVIÇO Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – Usp-Leste goo.gl/nJzgUd UniPaulistana goo.gl/FquDaq Unicesumar goo.gl/Hw2bzV
PSIQUE
Como tirar os seus sonhos do papel por Sandra Maria de Rezende Viana
F
im de ano traz sentimentos contraditórios de finitude e continuidade. Começar ano novo é como começar caderno novo: a gente é cuidadoso, escreve devagar, faz um monte de promessas. Em 2018, com certeza, não queremos fazer promessas! Queremos realizações. Então vamos começar pelo começo: 1. Estabelecer as prioridades é o primeiro passo A primeira coisa que deve ser feita é pensar em todos os seus objetivos para o próximo ano – vale fazer uma reflexão completa para não se esquecer de nada importante – e anotar. Assim, você vai ter a noção exata de como alcançar tudo aquilo que deseja. O processo será muito mais fácil se souber exatamente o que deve fazer, visto que as pessoas que tudo querem não têm foco e, em consequência, não sabem o que perseguir. Desta forma é importante estabelecer prioridades. Seus objetivos são importantes, coloque-os em ordem de relevância, e invista em um de cada vez. São seus sonhos que irão te mostrar se você realmente está fazendo o que é necessário para alcançá-los. 2. Mantenha-os juntos e misturados! Como operacionalizar? Foco, foco e mais foco. Comece, então, escrevendo com o maior nível de detalhes possível o sonho que você quer realizar. Escreva as razões pelas quais alcançar o sonho vai te fazer feliz e o que você vai perder se não o alcançar. Adicione aos seus escritos fotos que representem você alcançando seu sonho (nossa mente trabalha melhor com visualizações). Depois, busque uma data limite para seu sonho se transformar em meta. E mantenha o foco: o mais difícil em realizar um sonho é que normalmente ele leva de meses a anos para ser alcançado, exigindo motivação e disciplina durante todo esse tempo. Para manter o foco, a motivação e a disciplina é necessário ter o sonho sempre ativo na mente, revendo a cada dois meses o que você tem feito para alcançá-lo. 3. Olhe para si mesmo Algumas perguntas como: O que quero? Quando quero? Por que quero? são primordiais para manter o foco e alcançar a meta. Como disse, a cada dois meses é chegada a hora de avaliar o que fizemos, como fizemos e por que fizemos. O que não fizemos, por que não fizemos e quais ações alcançamos
para além do que nos propusemos? Essas perguntas nos remetem a mudanças, ao novo, à retomada do caminho. 4. Exercite a sua mente Aproveite a leitura de seu sonho para ter certeza de que você acredita ser possível alcançá-lo e que você consegue! Se precisar, faça isso diariamente. Cole a lista dos seus sonhos na porta do guarda-roupas. Haverá dias em que você irá simplesmente pensar que tudo aquilo é impossível, uma besteira, e que você nunca vai conseguir alcançar. Identifique esse pensamento, analise a razão pela qual você está pensando assim e o transforme em algo positivo. “Informe” ao seu subconsciente que você acredita no seu sonho, imagine as suas emoções e ações de quando ele estiver realizado. Acredite no seu sonho. Esse é um trabalho psicológico que pode levar mais tempo no começo, mas vai ficando mais fácil com o tempo. 5. Contar com o outro Segundo o livro Situations Matter (As situações são importantes, em tradução livre), a simples experiência de incentivar alguém a fazer algo gera em si mesmo um impacto positivo. Portanto, se quer sentir-se motivado a perseguir os seus objetivos, comece a incentivar as pessoas à sua volta a adotar a mesma atitude. Que tal experimentar isso? 6. Concluindo, sim. Finalizando, jamais! A vontade de se tornar algo melhor a cada dia é o que faz do ser humano uma máquina de sonhar, de projetar ideias e desejos, lutar para transformar o que um dia foi um simples pensamento em uma situação real e nunca desistir de algo que deseja muito e almeja para a vida. O ser humano sonha! Mas se ele apenas sonhasse nunca saberia do que é capaz, é preciso conquistar os sonhos. Afinal, para virar a página da mesmice, melhor inovar. Virar a página do fracasso? Só com uma nova tentativa. Nunca deixe de tentar. Virar a página do erro? Sempre com um novo aprendizado. Nunca é tarde para aprender. Porque quando viramos, recomeçamos a história a partir de uma nova página. Branquinha. Mesmo que seja a de um documento novo do Word. Nela, podem caber as cores da experiência que a gente só ganha com muitas, muitas páginas viradas e muitos sonhos. Creia e trabalhe. Eleve o seu olhar e caminhe. Lute e sirva. Acredite no seu sonho! Feliz 2018! D+
Sandra Maria de Rezende Viana é psicóloga pela Universidade de Brasília, especialista em Ludoterapia, Dificuldades de Aprendizagem e Educação à Distância. É professora pesquisadora do curso de Pedagogia da Universidade de Brasília pelo sistema UAB nas áreas de Educação Inclusiva e Desenvolvimento Humano. É também consultora do Instituto IAMBRASIL/Brasília/DF e da Turma do Jiló/SP para formação continuada de professores em Educação Inclusiva
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ACONTECE
A REDE SOCIAL DE TODOS Pesquisador de acessibilidade do Facebook, Chris Langston apresentou, no evento na sede da rede em São Paulo, propostas e projetos voltados para a inclusão de usuários com deficiência Texto Audrey Scheiner fotos Divulgação
A
sede do Facebook no Brasil, na região do Itaim Bibi, na capital de São Paulo, ofereceu, no dia 16 de outubro, palestra, debate e workshop para um público composto de personalidades do universo da pessoa com deficiência e também para os jornalistas. O foco era os preparativos para a inovação em acessibilidade da rede social para suas próximas atualizações, visando à melhoria da experiência das pessoas com deficiência em relação à plataforma. A manhã começou com a palestra intitulada Acessibilidade no Facebook, ministrada pelo pesquisador do time de acessibilidade Chris Langston, que veio ao Brasil exclusivamente para o evento. Langston relatou seus meios de pesquisa e o que pretende desenvolver para o Facebook na questão de acessibilidade para pessoas surdas, cegas, com mobilidade reduzida e deficiência intelectual.
“Trabalhei com pessoas com deficiência e pude conhecer bem as condições delas e também já desenvolvi pesquisas com o intuito de auxiliar jovens e adultos a chegarem na universidade”, disse o pesquisador no início de seu seminário, acompanhado integralmente pela Revista D+. COMPREENDENDO AS DEFICIÊNCIAS Segundo Langston, a comunidade das pessoas com deficiência é muito vasta e ao mesmo tempo complexa. Para desenvolver um novo sistema de acessibilidade na rede social e torná-la agradável e benéfica para o bem-estar de todos, o pesquisador dividiu as necessidades de cada deficiência e planejou como cada pessoa poderia usufruir da tecnologia de acordo com suas condições. “Acreditamos que acesso é oportunidade. Quando as pessoas estão conectadas, isso se torna benéfico
Chris Langston afirmou que a comunidade das pessoas com deficiência é vasta e complexa. Por isso mesmo, o Facebook requer um novo sistema de acessibilidade que contemple a todos
Marcelo Bertoluci, Paula Pfeifer, Patrícia Senise e Guilherme Bara: ícones da inclusão participaram de painel
para todos. Queremos juntar o mundo e proporcionar mais acessibilidade no universo do ensino também”, comenta Chris Langston. O projeto ainda está em fase de pesquisa, porém, o pesquisador traz ótimas expectativas para o futuro, principalmente para as pessoas com deficiência visual. “Cada vez mais a internet se comunica com fotos e vídeos. Queremos incluir mais cegos nesse mundo. Investimos em descrição de imagens, inteligência artificial e em câmeras mais acessíveis. É importante que os softwares sejam acessíveis antes de serem lançados”. PERSPECTIVAS DA ACESSIBILIDADE NO BRASIL Comandada pela deputada federal Roseane Estrela, mais conhecida como Rosinha da Adefal (referência à Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas) a segunda palestra foi Acessibilidade no Brasil: Políticas Públicas e Perspectivas. Rosinha enfatizou a importância de projetos como esse para as pessoas com deficiência. “Pelo ponto de vista da pessoa com deficiência, sem acessibilidade não se tem acesso aos demais direitos. Em qualquer
ação que discuta tecnologia, políticas e acesso a qualquer serviço eletrônico e social, é imprescindível a participação das pessoas com deficiência”, afirma Roseane, que deu um panorama geral do universo da pessoa com deficiência no Brasil, além de abordar políticas públicas e dados socioeconômicos. Patrícia Senise, executiva da empresa Hand Talk, que é desenvolvedora do aplicativo de interpretação em Libras Hugo; Paula Pfeifer, escritora do blog Crônicas da Surdez; Marcelo Bertoluci, diretor de comunicação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), e Guilherme Bara, Gerente de Diversidade para a América do Sul da empresa Basf, foram os integrantes do painel O futuro da acessibilidade e tecnologia: desafios e oportunidades. Em diferentes campos de atuação, os quatro protagonistas deram suas opiniões a respeito da discriminação, exclusão e falta de acessibilidade por que passa a pessoa com deficiência no Brasil. “Não tem como falar em inclusão sem citar a inclusão nas redes sociais. Independentemente de ter deficiência, todos estamos conectados. Assim como o terceiro setor tem uma responsabilidade grande com a inclusão social, as empresas também estão na mesma situação”, afirmou Guilherme Bara. Para finalizar, o workshop Facebook para ONGs: ampliando vozes e causas foi ministrado por um especialista da plataforma a fim de potencializar os ganhos e a visibilidade de ONGS. Vamos esperar para conferir! D+ Revista D+ número 18
ACONTECE
E O SURDO?
No início de outubro a isenção do IPVA foi ampliada, mas as pessoas com deficiência auditiva não receberam o benefício Texto Mayra Ribeiro
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ssa é a opinião de Renato Barbosa, 23 anos, auxiliar administrativo na autoescola Educamais, a respeito da lei de ampliação de isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), (16.498/2017) para pessoas com deficiência condutoras ou não. A obrigatoriedade regulamentada pelo governador da capital paulista Geraldo Alckmin, em 09 de outubro deste ano, proporcionou o beneficio para pessoas com as seguintes deficiências: física, visual, intelectual severa ou profunda e autismo. Mas, a norma válida para automóveis novos e usados abaixo do valor de R$ 70.000 não contempla os surdos. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, a isenção do IPVA segue as mesmas regras federais do ICMS, em que, assim como as deficiências mudez, anosmia (perda do olfato), disgeusia (distorção ou diminuição do paladar) ou até doenças crônicas, as pessoas com deficiência auditiva não precisam ser incluídas no benefício porque não têm a capacidade de locomoção comprometida. Ainda de acordo com o posicionamento do órgão, as famílias com membros surdos que apresentam déficit na locomoção podem fazer um laudo médico para o pedido de isenção. A solicitação, então, seria analisada pela Secretaria. Já para os que se adequam à lei, o requerimento pode ser realizado na seção de Controle de Pedidos de Benefícios Fiscais para Veículos Automotores (SIVEI) presente
fotos Mayra Ribeiro
no site da instituição. Para ter acesso ao benefício é necessário carregar os documentos diretamente no sistema. “A meu ver, a ampliação da isenção do IPVA para as pessoas com deficiência é uma espécie de preconceito. Eu sou surdo, mas pareço alguém sem deficiência. Esse fato não torna o convívio social mais fácil. Contudo, os ouvintes não enxergam dessa maneira. Eles não sabem das dificuldades que nós enfrentamos todos os dias. Eu tenho que ter o direito ao benefício porque não adianta ter a carteira de habilitação e não conseguir comprar um carro por conta da falta de desconto. Um passo precisa dar continuidade ao outro”, afirma Barbosa. O rapaz que nasceu ouvinte e perdeu a audição ainda criança por conta de um erro médico tirou a CNH em 2015. Para Diana Sabbag, proprietária da Medicar e intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a exclusão
“Por ser cadeirante, conheço as dificuldades que aparecem no meio do caminho. Porém, a barreira comunicativa é a pior que existe” Diana Sabbag, proprietária da Medicar e intérprete da Língua Brasileira de Sinais
Renata do Nascimento, da Educamais: aumento de 30% na busca de surdos pela autoescola adaptada, provando que eles querem, sim, dirigir e, naturalmente, ter o direito à isenção
Renato Barbosa, surdo: “Não adianta ter a carteira de habilitação e não conseguir comprar um carro por conta da falta de desconto”
da pessoa com deficiência auditiva da nova obrigatoriedade não acontece devido à discriminação e sim pela falta de conhecimento. Pela lei o surdo não precisa de adaptações em automóveis, mas é inegável que ele tem uma limitação. “Infelizmente estamos em um país que se pedirmos para uma pessoa citar alguma deficiência, ela falará sobre alguém com mobilidade reduzida, deficiência visual ou generalizará as cognitivas. Por não ter uma deficiência visível, o surdo é esquecido”. Até o fechamento da matéria, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, procurada para se posicionar sobre o assunto, não deu retorno. O CAMINHO É MAIS LONGO DO QUE PARECE Quando se trata do surdo e do mercado automobilístico brasileiro, falar apenas sobre a exclusão na isenção do IPVA não é o suficiente. A falta de inclusão para as pessoas com deficiência auditiva vai além desse processo. O desafio começa na busca por uma autoescola, passa pelos exames médicos e psicotécnicos, chega até as provas práticas e teóricas e se faz presente no trânsito. “As clínicas não estão preparadas para atender a comunidade surda. Acredito que pelo alto custo de um intérprete ou até mesmo pela falta de interesse no aprendizado da língua. Por ser cadeirante, conheço as dificuldades que aparecem no meio do caminho. Porém, a barreira comunicativa é a pior que existe. Muitos aprendem
“Eu sou surdo, mas pareço alguém sem deficiência. Esse fato não torna o convívio social mais fácil” Renato Barbosa, auxiliar-administrativo na autoescola EDUCAMAIS
inglês e espanhol. Inclusive, são o segundo e o terceiro idiomas mais falados, só que na verdade temos mais surdos do que estrangeiros no país. Então, é indispensável saber Libras. Nesse caso, facilitaria a obtenção da CNH”, pontua Diana. Renata do Nascimento, diretora de ensino da Educamais, na Vila Mariana, revela que teve um aumento de 30% na busca, pelos surdos que residem próximos a São Paulo, da autoescola adaptada. “Fora da capital as pessoas não têm interesse em trabalhar com esse público. Eles chegam até nós, não porque o preço é em conta, mas pela acessibilidade”. A empresa, que começou há quatro anos com dois surdos, passou a atender uma média mensal de 15 a 20. Entretanto, por causa de regras do Detran é inviabilizada de atender os que não moram na capital. A prova prática para a aquisição da CNH é outro passo que precisa de mudanças. “Sempre que aparece um surdo, é colocado um avaliador mais tranquilo, capaz de fazer leitura labial. Mas, nem todos os surdos são oralizados”. A falha na comunicação também está presente nas ruas, onde caso haja necessidade, há dificuldades em falar com policiais ou pedir ajuda aos civis. Não há dúvidas: o trajeto da inclusão da pessoa surda é longo e tortuoso. D+ Revista D+ número 18
NOSSA CAPA
A força do EMPREENDEDORISMO Empreender não é tarefa fácil, mas é um potencial natural da espécie humana. Conheça as motivações, as batalhas diárias e os benefícios de quem transforma a própria vida gerando valor positivo para a coletividade Texto Taís Lambert Colaboração com entrevistas Mayra Ribeiro fotos Arquivo Pessoal, Brenda Cruz e Divulgação
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ueira! (Queira!)/ Basta ser sincero/ E desejar profundo/ Você será capaz/ De sacudir o mundo/ Vai!/ Tente outra vez”. Quando escreveu a música Tente Outra Vez, uma parceria com Paulo Coelho e Marcelo Motta no disco Novo Aeon, de 1975, Raul Seixas sabia bem do que falava: sacudia o mundo como ninguém. Um empreendedor, afinal. Há quem não se contente. Não por pirraça infantil ou ambição sem medida. Não, não, longe disso. Mas uma certa energia, uma engrenagem movida a paixão e sonho, lubrificada, na maioria das vezes, pela necessidade, faz a roda da criatividade girar e o caminho aponta para uma direção diferente da maioria. Aquilo que falta – para si e para outros – é a força motriz daquele que não se contenta em ter ou viver “só isso”. Muito se fala sobre empreendedorismo. Os conceitos são ora tecnicistas, calculados; ora apaixonados. Como é fácil padecer diante do rosto jovem e milionário que aparece nas capas de revistas, “exemplo de sucesso”, “rei das startups”. Em grande parte, o que achamos que sabemos sobre o ato de empreender vem da meia dúzia de gatos-pingados que encontraram um potão de ouro no fim do arco-íris. Empreendedorismo não é assim para a maioria que se lançar ao risco. E nem por isso é menos inspirador. “Empreender é um potencial da espécie humana, é algo natural. O empreendedor não é alguém especial, é alguém que desenvolveu esse potencial, tal qual outros potenciais, como, falar, calcular, imaginar, correr. O potencial de empreendedor que está presente em cada um de nós é estimulado por valores culturais, pela forma de ser de um determinado grupo social. Empreendedor é aquele que transforma inovando e gerando valor positivo para a coletividade, não somente para si”.
Gabriel Bernardes de Lima tem 21 anos e, ao lado da mãe e da irmã, é o empreendedor à frente do Downlícia, de brigadeiros gourmets
Revista D+ número 18
NOSSA CAPA
Quem define é Fernando Dolabela, 72 anos, coautor, ao lado de Cid Torquato, do livro Empreendedorismo Sem Fronteiras – Um excelente caminho para pessoas com deficiência. Despertar o empreendedor e transformar o sonho em realidade produtiva não só é uma estratégia de sobrevivência, como também, e principalmente, uma forma de empoderamento, ganho de autonomia, autoestima e autoconfiança. Dolabela vai além: “As pessoas tentam mitificar a figura do empreendedor, dizendo que é ‘um cara talentoso’, fora do normal. No entanto é como um pianista: todo mundo pode tocar piano. Ser Mozart é outra coisa, mas todos são capazes de desenvolver um potencial empreendedor a ponto de se tornar autosustentável e criar alguma coisa que lhe dê autonomia e alegria”. A Revista D+ conversou com especialistas e traz nesta reportagem as histórias de pessoas com deficiência que empreendem em diversos ramos de negócios, grandes e pequenos, há bastante ou há pouco tempo. Em comum, todos eles têm uma coisa: um querer maior que todas as dificuldades. TUDO PODE COMEÇAR A PARTIR DELE: O SONHO Talvez pareça piegas, mas um sonho sopra uma certa direção na vida das pessoas. Ninguém está falando de sair totalmente sem planejamento mundo afora – e permanecer sem planos mesmo depois de ter começado – achando que vai dar certo só porque há um sonho. O que não há são milagres. Mas, certamente, um sonho movimenta as pessoas. Para Fernando Dolabela, sonho é uma concepção de futuro. “O potencial empreendedor nasce quando a pessoa consegue conceber um futuro que a deixe apaixonada. Empreendedorismo é paixão, é conceber algo que seria bom para si e para os outros, alguma coisa que a motive. É esse o processo empreendedor: conceber o futuro e criar caminhos para transformar esse futuro, esse sonho em realidade”. VOCÊ SE CONHECE? Há pessoas que veem o mundo como protagonistas, com força, energia e vontade de transformar e há outras que veem o mesmo mundo por uma ótica de submissão e dependência, como explica Dolabela. “A cultura brasileira reforça mais a segunda. De forma geral, valorizando a dependência, a sociedade dirige seus jovens de todas as categorias sociais para o emprego. Nada contra ele, mas são formas diferentes de relacionamento com o trabalho. O empreendedorismo é muito mais natural porque se baseia no protagonismo, na liberdade, na função de riscos, elementos da natureza do ser humano”.
“FAÇO MUITO BRIGADEIRO, MAIS DE MIL POR MÊS!”.
Gabriel Bernardes de Lima, 21 anos, com síndrome de Down, realizador dos brigadeiros Downlícia com sua mãe, Martha Aparecida Rodrigues Bernardes, 51 anos, e sua irmã, Carolina Bernardes de Lima, 23 anos, em São Paulo “Nunca havíamos pensado em empreender antes. Desde muito pequeno, lá pelos nove anos, o Gabriel já tinha muita curiosidade nas atividades da cozinha. Às vezes eu chegava em casa do trabalho e o forno estava quente. Dava broncas, mas não adiantava. Decidi explicar a ele como as coisas funcionavam quando cheguei e vi uma panela com arroz e feijão crus misturados com outras coisas! Ensinei como ligar o forno, como usar a faca e ter cuidado para não cortar o dedo... como ele ficava sozinho em casa, começou a fazer experimentos misturando ingredientes nos sanduíches, fazendo coisas simples, mas muito saborosas. Eu e a Carol, a irmã dele, achávamos essa autonomia o máximo! Todo orgulhoso, ele levava café na cama pra gente e sempre esperava elogios. Se a gente não falasse, ele perguntava: “Está gostoso, está delícia?”! Os elogios eram sempre sinceros e o grande estímulo para ele seguir em frente. Quando estava ruim, falávamos também, para que ele pudesse entender o que era bom e o que não era legal fazer. Quando ele tinha uns 17 anos, procuramos alguns cursos para que ele pudesse aprender coisas novas na culinária. Ao contar para as outras mães sobre o que ele fazia em casa, elas desconfiavam. Então tivemos a ideia de gravar a rotina dele fazendo café, fazendo a barba, amarrando o próprio tênis, fazendo bolo... a finalidade era a de mostrar suas habilidades tanto para famílias que não têm uma pessoa com deficiência intelectual em casa, quanto para as que têm, e que isso pudesse
Martha e o filho Gabriel: os brigadeiros ajudaram a família a sair do sufoco financeiro e trouxeram autonomia e autoestima
ser um estímulo para todos acreditarem na capacidade de seus filhos. O retorno nas redes sociais foi incrível: apoio, carinho e incentivo de todos. A escolha dos brigadeiros foi por acaso. Sempre escolhemos juntos o que gravar no próximo vídeo e decidimos, então, fazer duas receitas de brigadeiro. Ao terminar, provei e estava uma delícia. Perguntei a ele se não queria dar de presente ao padre da paróquia da nossa comunidade. O padre Ailton disse que estava maravilhoso e deu a sugestão de vendermos para ajudar na nossa renda familiar – estávamos passando por uma crise financeira muito difícil. Começamos a oferecer para as pessoas da própria igreja e tivemos algumas encomendas bem significativas, como 40 caixas de quatro unidades!” “Já recebemos pedido da Patrícia Abravanel e da Kéfera. Após ele ter ganhado a food bike no programa da Eliana, estamos fazendo mais eventos em empresas. Todos ficam encantados com a qualidade e sabor dos brigadeiros, além do carisma do Gabriel. A marca é muito nova, mas crescemos a passos firmes. No início não paramos para pensar nos obstáculos, seguimos em frente e fomos fazendo dentro das nossas possibilidades. Hoje temos três grandes desafios: local de trabalho, ter um bom estoque de material
“Estamos trabalhando com isso desde abril. Comecei a fazer o brigadeiro tradicional, de paçoca, café e limão. Agora também tem de menta, bicho de pé, leite ninho, prestígio, romeu e julieta, churros e o amargo. Os mais pedidos são o tradicional, de paçoca, leite ninho e churros. Eu faço em casa e minha mãe e a Carol me ajudam. Faço muito brigadeiro, mais de mil por mês!” e conquistar um carro próprio com carretinha para o transporte da food bike. Embora as coisas tenham acontecido no improviso, de forma caseira, os benefícios são enormes. Hoje o Gabriel já entende que o trabalho dele gera retorno financeiro e com isso ele consegue comprar as coisas que quer. Todos nós ganhamos. Ver sua autonomia e evolução é muito gratificante. Hoje ele contribui com grande parte das despesas da casa, o que nos enche de orgulho. Não queremos nada por ‘peninha’. Ninguém compra brigadeiro do Gabriel porque ele é um coitadinho, compram porque é muito bom! Precisamos acreditar que eles são capazes, incentivá-los, ensiná-los e fazer cobranças. A sociedade exige sucesso. Primeiro precisamos definir o que é isso. Sucesso, para nós, é o crescimento e a evolução do Gabriel. É ele ter autonomia. É irmos a um evento e vendermos todo o estoque que foi levado. Ele é um sucesso! Não adotamos o vitimismo. Vamos sempre nos movimentar, fazer com o que temos. Se eu fosse esperar uma câmera de última geração para gravá-lo em casa, ou uma cozinha gourmet, estaria até hoje sem fazer nada. É preciso arregaçar as mangas e usar a inteligência que Deus nos deu”. Revista D+ número 18
NOSSA CAPA
“RESPIRO A PERFEIÇÃO E A BELEZA DAS COISAS” Tatiana Melissa Amabile de Lumbreras, 42 anos, com amputação da perna esquerda, idealizadora da Bio Bao, marca de roupas, no Guarujá, São Paulo “Sempre fui muito vaidosa e tinha loucura por roupas e salto alto. Com 15 anos já tinha um estilo próprio e sempre me destaquei entre minhas amigas na maneira de me vestir, até mesmo depois do meu acidente. Quando perdi minha perna, saí do hospital usando saia longa bem colorida e assim me adaptei a um novo estilo. Nessa época eu tinha 17 anos e minha mãe já tinha loja de roupas indianas. Fiquei um tempo tentando me encontrar. Com 18 anos, conheci meu primeiro marido, pai do meu filho Gabriel, e foi ele quem me ensinou as primeiras técnicas de pintura sobre camisetas brancas que comprávamos para fazer experiências e levantar uma grana. Sempre vendíamos tudo nas faculdades e para amigos, mas não dávamos sequência ao trabalho. Até que um dia fui ter uma aula particular de matemática e descobri que minha professora era costureira. Pedi a ela que fizesse 30 regatas brancas de cotton, modelo nadadora, para fazer uma experiência. Na primeira exposição que fizemos, vendemos as 30 no mesmo dia. Desde então nunca mais parei. Lançamos uma moda na época, que foi um estouro: saias curtas de cotton pintadas à mão. As pessoas faziam fila para comprar e saíam com as peças ainda úmidas no cabide. Foi motivador! O pai do meu filho seguiu outro caminho e eu continuei mundo afora com a Bio Bao. A cada ano levava uma amiga comigo para vender as roupas pela Europa. A primeira cidade foi Brighton, na Inglaterra. Na parte da manhã, colocávamos um lençol na rua, em frente a um shopping, e na parte da tarde íamos expor no calçadão da praia. O sucesso foi tanto que tivemos que fazer um bate-volta para repor a mercadoria.
Tati Amabile viajou o mundo vendendo suas peças de roupas: liberdade, independência e segurança emocional foram os ganhos
Cada ano era um lugar novo... Londres, Barcelona, Ibiza, Sardenha até chegar a Roma e conhecer a praia Ostia. Voltei durante 13 anos, em todos os verões, devido ao enorme sucesso que as roupas faziam lá. Depois de vários anos pintando tudo a mão, fomos, aos poucos, integrando novas técnicas, tecidos, estampas. Foi um grande desafio sair do artesanal e entrar no mundo fashion.
“ Ser empreendedora me traz total independência, liberdade de horário, autonomia financeira e segurança emocional. Não sei como eu seria se, além de ter uma deficiência, tivesse que ser funcionária de outra pessoa. Ser empreendedora me preenche, pois me sinto mais segura em todos os aspectos.” Desde então segue o nosso envolvimento com a Itália. Além de vendermos o produto fabricado por nós aqui no Brasil, também desenvolvemos uma parte da nossa coleção duas vezes por ano naquele país. Por incrível que pareça, abrimos nossa primeira loja somente este ano, no centro de Pitangueiras, no Guarujá, litoral de São Paulo. Depois de tanta cobrança de nossas clientes, nos organizamos e reestruturamos para poder atender a esse pedido. Estamos muito felizes com o resultado. Hoje a Bio Bao é formada por uma equipe de 15 pessoas. Eu, na parte de desenvolvimento de produto e gestão, e meu marido na parte administrativa e logística. Ser empreendedora me traz total independência, liberdade de horário, autonomia financeira e segurança emocional. Não sei como eu seria se, além de ter uma deficiência, tivesse que ser funcionária de outra pessoa. Ser empreendedora me preenche, pois me sinto mais segura em todos os aspectos. Fiz faculdade de moda depois de 15 anos que já estava de corpo e alma no meu negócio. O curso me ajudou a ter mais requinte e visão. Sigo muito a minha intuição e continuo produzindo cada vez mais. Minha única e maior preocupação é sempre ter peças que tirem o fôlego de qualquer mulher. Respiro a perfeição e a beleza das coisas. Nosso projeto para 2018 é abrir nossa segunda loja, em São Paulo. Para ter sucesso, o único quesito é amar o que faz.”
Há um mito de que todo empreendedor tem determinadas características. De acordo com o especialista, é balela. “Se uma pessoa não é perseverante, como é que você ensina e a transforma em alguém perseverante? Mesmo que se descubra as tais características do empreendedor, não há o que fazer com elas, porque são coisas que não se aprendem. Pessoas muito diferentes entre si podem ser boas empreendedoras à própria maneira”, acredita Fernando Dolabela. Para ele, necessário mesmo é o empreendedor se conhecer: saber o que quer e o que não quer; o que gosta e o que não; quais são suas habilidades; o que sabe e, principalmente, o que não sabe. “Ninguém precisa ser tudo. O verdadeiro empreendedor pode agregar à sua empresa pessoas que o complementem. Ao se conhecer, você pode buscar aquilo que não tem, não quer ou não pode ser em outras pessoas”, avalia. CAÇADOR DE PROBLEMAS O empreendedor precisa ser um grande identificador de problemas. Em seguida, ele os resolve criando propostas de solução, a tão aclamada inovação, e, depois, transforma essa solução em um projeto de empresa que lhe dê retorno financeiro. Dolabela explica que o empreendedor existe no momento em que ele identifica o cliente. “Ele não existe sem cliente. Por exemplo: descobri pessoas que têm dificuldade de andar de táxi, então crio o Uber. Identifiquei que as pessoas gostam de se mostrar, precisam criar relações, então crio o Facebook. O empreededorismo acontece a partir de uma falta. Se não existirem problemas, não existe empreendedorismo”, sentencia. Para engrossar o cordão dessa constatação, o consultor de negócios do Sebrae, Crenildo Freire de Araújo,
O QUE NÃO PODE FALTAR: • Liderança • Organização • Conhecimento técnico sobre o produto, equipamentos e matéria-prima • Autonomia no chão de fábrica • Planejamento da produção • Controle de estoque • Foco no cliente • Cada um possuir uma visão de “dono do negócio” Fonte: Crenildo Freire de Araújo, consultor de negócios do Sebrae
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NOSSA CAPA
OS 5 PRINCIPAIS FATORES QUE GARANTEM A PRODUTIVIDADE DE UM NOVO NEGÓCIO
1
Ter uma lista de fornecedores qualificados. É necessário que eles sejam auditados e aprovados para que você possa ter um parceiro com o qual possa contar, entregando-lhe matéria-prima no prazo e com qualidade. De nada adianta ter pedidos, maquinário de ponta, mão-de-obra se seu fornecedor sempre o deixar na mão.
2
Ter equipamentos produtivos em bom estado de uso. Para isso, é necessário elaborar um plano de manutenção preventiva. Não adianta atuar depois que o equipamento quebrar, pois atrasará a entrega do pedido!
3
Mão-de-obra treinada, motivada e comprometida é fundamental. É necessário contratar certo, treinar, motivar, avaliar o desempenho e recompensar quando as metas forem alcançadas. Importante a busca constante por ter uma equipe em que todos atuem para o objetivo comum e coletivo, tendo uma visão sistêmica do negócio e não estritamente de suas atividades.
4
Ter uma gestão da produção implementada. Isto é, depois do recebimento do pedido do cliente, gerar uma ordem de produção, fazer a programação da produção e controlar sua execução.
5
Aplicar a melhoria contínua dos processos. É necessário identificar os gargalos nos processos e atuar sobre eles, implementando as devidas melhorias para redução dos desperdícios oriundos desses processos ineficientes. É muito comum as empresas dispenderem recursos para melhorar procedimentos que não sejam os gargalos e acabarem por não perceber os resultados em função do recurso/esforço aplicado. Fonte: Crenildo Freire de Araújo, consultor de negócios do Sebrae
42 anos, chama atenção para pontos primordiais na jornada do empreendedor. “Não adianta apenas ter uma ideia, algum capital (fundo de garantia ou economia familiar, por exemplo) e alguma experiência profissional, para sair por aí empreendendo! Tem que planejar: o que vou vender, para quem, como vou entregar, como vou me relacionar com meus clientes, quanto vou precisar de capital de giro, com qual mão-de-obra e equipamentos vou produzir, com quais parceiros etc”. O consultor ainda ressalta que é essencial atuar com o foco no cliente. “A começar com o levantamento dos requisitos e finalizar com a comprovação da satisfação.
“QUEM TEM MEDO DE ERRAR NÃO APRENDE” Breno Nunes de Oliveira, 24 anos, surdo profundo, idealizador da Il Sordo Gelateria, em Aracajú, Sergipe Desde criança desejava ser empreendedor. Via que a maioria dos surdos trabalhava no supermercado, colocando coisas nas sacolas, mas não conseguiam ser promovidos durante muitos anos, diferentemente dos ouvintes, por causa da comunicação difícil. Também queria ser o primeiro empreendedor surdo em Sergipe. Eu queria ser diferente e mostrar para os ouvintes que eu era tão capaz quanto qualquer pessoa. Antes eu trabalhava como instrutor de Libras; desejava criar minha empresa, só não sabia em qual ramo. Meus pais me disseram que me apoiariam. Pesquisei muito, procurava ideias de negócios. Achava que gostava de açaí e paleta mexicana. Daí achei na internet um curso interessante: “Paleta Mexicana e Gelato”. Não conhecia “gelato”, aqui na cidade não é comum. Viajei para São Paulo, aprendi a fazer os dois. Me apaixonei pelo gelato e decidi abrir uma gelateria. Em fevereiro de 2016 abrimos a Il Sordo, ainda sem muito preparo. Eu nem sabia como calcular o preço! Em março de 2017 mudamos para um local maior e a venda aumentou, hoje tenho muitos clientes. Sou o único proprietário e estou tomando conta de tudo, mas meu pai também trabalha comigo. O negócio está evoluindo muito mais do que esperei, preciso aperfeiçoar sempre mais a qualidade do produto e trazer novidades para atrair os clientes e manter a fidelidade e a satisfacão. Para mim, gerenciar, administrar, planejar a produção e o estoque, inicialmente, foi muito difícil. Precisei muito da ajuda do meu pai, principalmente na comunicação com fornecedores, que atendem mais por voz, ao telefone. Mas está
Breno levou o gelato para Aracajú, tornou-se o primeiro empreendedor surdo da cidade e emprega surdos e ouvintes
melhorando: agora alguns já me conhecem e pouco a pouco estão me atendendo por mensagem ou e-mail. Todos os dias tenho novos incontáveis desafios, por isso, sempre tenho que estar pronto para enfrentá-los e aprender. Quem tem medo de errar não aprende. Por isso, quero ser forte e bom exemplo para a sociedade e para a comunidade surda, esse é meu maior desafio. Quero quebrar barreiras e preconceitos, provar que o surdo tudo pode. Sei da dificuldade da situação atual e penso que ser empreendedor é saber inovar e identificar oportunidade, sempre preocupado em satisfazer os clientes. A Il Sordo nasceu e cresceu num cenário de dificuldade, começou com apenas um funcionário surdo. Hoje, trabalho com duas pessoas ouvintes e cinco surdas no atendimento ao público. O Surdo tem língua reconhecida e tem sua cultura. Estudo Letras-Libras na Universidade Federal de Sergipe e, junto com amigos surdos, criamos o Centro de Surdos de Aracaju (CESAJU), instituição que defende os interesses dos surdos.
“Todos os dias tenho novos incontáveis desafios, por isso, sempre tenho que estar pronto para enfrentá-los e aprender. Quem tem medo de errar não aprende. Por isso, quero ser forte e bom exemplo para a sociedade e para a comunidade surda, esse é meu maior desafio. Quero quebrar barreiras e preconceitos, provar que o surdo tudo pode.”
O empreendedorismo me trouxe independência financeira, conhecimento, experiência como empresário, liderança e satisfação. Minhas metas são expandir para outras localidades, aperfeiçoar rigorosamente a qualidade, ser mais inovador e modernizar sempre a gestão. Quero em breve que a marca Il Sordo esteja em outras cidades também: muitos clientes estão pedindo isso. Quando eu era pequeno, as pessoas ouvintes diziam: ‘Coitadinho, tão bonitinho e surdo’. Agora, na Gelateria, as pessoas se admiram com a facilidade que há em se comunicar com os surdos e retornam sempre. Hoje as pessoas me respeitam mais porque me conhecem, mas ainda percebo o preconceito quando elas se surpreendem com o fato de eu ser o dono do estabelecimento. É preciso gostar muito do que faz, fazer o melhor para o cliente e sempre procurar saber o que mais ele deseja. É importante conhecer a si mesmo, saber se tem postura para enfrentar os desafios. O mais importante é nunca desanimar.” Revista D+ número 18
NOSSA CAPA
“O QUE SENTIA AO TROCAR DE CADEIRA ERA UMA ENORME FALTA DE HUMANIZAÇÃO” Mariane Sant’Ana, 38 anos, com tetraplegia, dona da Linha Move, de cadeira de rodas, em São Paulo “É incrível lembrar que, quando pequena, eu brincava muito de ‘lojinha’: ora era uma locadora de vídeos, ora uma padaria. Adorava atender ‘clientes’. Meus pais sempre foram comerciantes e aos 12 anos já os ajudava na loja de cerâmicas artísticas. Quando fiz 14, iniciei minha carreira profissional no Mc Donalds e, em seguida, na BCP (hoje a Claro Telecomunicações), onde fiquei até a data do acidente automobilístico, que ocorreu 18 anos atrás, e me deixou com uma lesão cervical. Faz sete anos que trabalho no ramo de venda de cadeiras de rodas. No início, apenas ia à casa dos cadeirantes que precisavam de um produto, oferecendo uma espécie de consultoria, para orientar e indicar o que tinha no mercado nacional e internacional. O que sentia ao trocar de cadeira era uma enorme falta de humanização das lojas que me atendiam. Então, meu objetivo com a loja sempre esteve muito claro: ‘ver nossos clientes muito bem sentados’, bem atendidos. Nosso foco é atender menos pessoas com mais qualidade. 80% das vendas da Linha Move são realizadas via WhatsApp e webcan, mas o presencial é o mais agradável, visto que as pessoas saem de todos os lugares do Brasil para nos prestigiar pessoalmente. O resultado tem sido muito positivo no boca a boca, no quanto dizem aos amigos que gostaram do nosso atendimento. Mais do que isso, sinto que está dando certo quando os fornecedores também fazem questão da presença de nossa marca nos eventos e as parcerias fluem com muita naturalidade.
Mariane detectou uma oportunidade e transformou a maneira de vender cadeiras de rodas: ela e seus clientes saíram ganhando
“O que sentia ao trocar de cadeira era uma enorme falta de humanização das lojas que me atendiam. Então, meu objetivo com a loja sempre esteve muito claro: ‘ver nossos clientes muito bem sentados’, bem atendidos.” Em janeiro de 2018 abriremos a fábrica SMART SP em sociedade com a SMART Goiânia, com foco de produção em larga escala da cadeira SMART S, com excelência de matéria-prima e baixo custo ao consumidor final. Todos nós somos capazes e incapazes em coisas diferentes. Quando o carro aquaplanou e fiquei tetraplégica, minha vida virou de cabeça para baixo em todos os sentidos. A longo prazo percebi que temos que assumir as rédeas da nossa vida e seguir nosso destino. Ser empreendedora me trouxe o benefício de ter contato com as pessoas, trocar conhecimento e energia.
“TRABALHAMOS COM AMOR, DEDICAÇÃO E CARISMA PARA SUPERAR OS DESAFIOS”
Em meio aos vasos de flores, Alexandre recuperou sua autoestima e independência, além de prosperar financeiramente
Alexandre Marcos de Abreu, 27 anos, com tetraplegia, idealizador do Viveiro das Flores, em Ji-Paraná, Rondônia “Sofri uma queda de uma mesa no ano de 2009, tive uma lesão medular. Por dois anos não movia quase nada do meu corpo. Com muita fisioterapia e força de vontade isso foi mudando. A deficiência me tornou alguém melhor, mais paciente, humano, vejo o mundo com outros olhos. Sou alguém que ama viver. O processo de empreender não foi fácil, começamos com poucas mudas, vendendo de boca em boca e pela internet. Escolhi o ramo das plantas e flores por ser uma paixão e, também, por ver aí uma oportunidade, mesmo com a crise econômica do país. Minha loja fica ao lado de casa e há três anos minha mãe e eu estamos à frente dessa empreitada. Mantemos uma grande evolução: começamos pequenos, mas hoje temos uma demanda de clientes bastante significativa. Trabalhamos com amor, dedicação e carisma e, para superar os desafios do mercado, temos que ter criatividade. Oferecemos serviços de buquês de noivas, buquês tradicionais e alguns arranjos para decoração. Na maioria das vezes, o lucro é sempre investido na empresa, pois estamos nos consolidando e, para isso, o viveiro precisa de investimentos. Vendemos uma média de 300 a 400 flores mensalmente e as vendas são feitas tanto pela internet quanto na própria loja. Para ser bem-sucedido, o ponto primordial é a força de vontade. Isso é metade do caminho. A outra metade é atender o cliente muito bem, independentemente de ele comprar naquele momento ou não. Hoje ele pode gastar apenas cinco reais, mas amanhã pode
“ O processo de empreender não foi fácil, começamos com poucas mudas, vendendo de boca em boca e pela internet. Escolhi o ramo das plantas e flores por ser uma paixão e, também, por ver aí uma oportunidade, mesmo com a crise econômica do país. Minha loja fica ao lado de casa e há três anos minha mãe e eu estamos à frente dessa empreitada.” voltar e gastar 1.000. Atender com má vontade é uma das razões pelas quais vemos empresas que tinham tudo para dar certo fechando as portas. O Viveiro das Flores me diverte, traz uma ocupação prazerosa e, claro, um retorno financeiro gratificante. Também estou cursando Direito, descobri que tenho apreço por advogar. Ainda não tenho planos definidos, mas quem sabe no futuro eu concilie o Viveiro e o mundo jurídico? Revista D+ número 18
NOSSA CAPA
“CONTRIBUIR PARA UMA SOCIEDADE MAIS INCLUSIVA ME MOVE” Andréa Schwarz, 41 anos, com malformação congênita na medula espinhal, idealizadora da consultoria i.Social, em São Paulo “Assim que comecei a sair novamente, depois de me tornar cadeirante em 1998, aos 22 anos, devido a uma malformação congênita na medula espinhal, percebi a falta de acessibilidade nos estabelecimentos e, pior, a falta de informação e conhecimento sobre o assunto. Foi dessa minha vivência como cadeirante que surgiu a ideia de criar o primeiro guia voltado às pessoas com deficiência, o Guia São Paulo Adaptada . Esse primeiro projeto foi o início da minha trajetória como empreendedora social e a i.Social surgiu como consequência, pois para fazer o guia tivemos que buscar patrocínio na iniciativa privada e, para receber os valores captados, abrimos uma empresa. Comecei trabalhando de casa junto com o meu namorado, Jaques Haber, que é hoje meu marido e sócio. Vi que teria que ir muito além de uma ideia para empreender. Para sua execução era preciso escrever um plano de negócios, atrair patrocinadores, administrar as verbas recebidas, lidar com toda burocracia de abertura de uma empresa e, ainda, fazer o guia. Percebi que o trabalho não era importante apenas para a minha reabilitação pessoal e emocional, e poderia contribuir para que outras pessoas também pudessem superar suas dificuldades provenientes de limitações físicas, sensoriais ou intelectuais, mas, principalmente, as dificuldades que a sociedade impõe àqueles que possuem alguma deficiência. A i.Social é uma consultoria com foco na inclusão social e econômica de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Entendi que a falta de
Andréa viu no empreendedorismo uma maneira de contribuir para o bem social e sua própria qualidade de vida
acessibilidade era apenas consequência de uma falta de cultura inclusiva que se manifesta em todos os segmentos, inclusive no mundo do trabalho. Como pequena empreendedora, e ainda por cima na área social, sinto muita dificuldade em todos os sentidos. Não há nenhum tipo de estímulo do governo para empreender. Pago a mesma carga tributária de grandes empresas, os mesmos encargos para
“ Percebi que o trabalho não era importante apenas para a minha reabilitação pessoal e emocional, mas poderia contribuir para que outras pessoas também pudessem superar suas dificuldades provenientes de limitações físicas, sensoriais ou intelectuais, e, principalmente, as dificuldades que a sociedade impõe àqueles que possuem alguma deficiência.” contratar um profissional e tenho que lidar com assuntos diversos, que transitam entre jurídico, administrativo, marketing, entre outros. Foram cinco anos até conseguir ter dinheiro para abrir um escritório e contratar nosso primeiro funcionário. Começamos do zero, sem incentivo e ainda me adaptando à deficiência. Acho que o fato de ter uma deficiência é uma questão menor comparada a esses desafios. Mas eu encontrei um propósito! É isso o que me move, poder contribuir para uma sociedade mais inclusiva. Isso me faz enfrentar tudo. Já são mais de 12.000 pessoas com deficiência que a I.Social ajudou a incluir em nossos 18 anos de história, de maneira totalmente gratuita para as pessoas com deficiência. Além disso, somos idealizadores do Prêmio Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência, projeto que é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria Estadual dos Direitos das Pessoas com Deficiência de SP, realizado desde 2014. Em 2016, criamos a categoria Empreendedores com Deficiência, que incentiva por meio do reconhecimento e da premiação, que pessoas com deficiência possam protagonizar suas próprias histórias de empreendedorismo.”
Hoje toda empresa deve voltar-se para atender aquilo que o cliente necessita. Um empreendedor deve inovar, ter uma visão sistêmica, planejar e, acima de tudo, ter uma conexão direta com seus clientes, inclusive para desenvolver novos produtos e melhorar os já existentes”. EXPANSÃO DO PRÓPRIO EU Na opinião de Fernando Dolabela, é preciso que as pessoas com deficiência sejam estimuladas a serem empreendedoras. “A empresa é uma expansão do próprio eu. No empreendedorismo, a pessoa com deficiência vai ter a possibilidade de criar um ambiente que lhe seja favorável”. Naturalmente, não se trata de garantias, tampouco de “salvação”, mas é provável que, no ambiente que ela criar, seja mais livre. “A empresa é um micro-organismo social em que o empreendedor líder cria as coisas com base em si mesmo. Ele projeta o próprio eu na tecitura da empresa. Então, como qualquer outra, a pessoa com deficiência transforma sua perspectiva existencial e a forma como pode ser tratada. Ela é protagonista, não está lá por causa de cota, mas porque criou sua empresa, porque traça seu rumo”, ressalta Dolabela. “É imprescindível que a pessoa com deficiência saiba que o empreendedorismo existe e que existe também para ela”. Quebrar padrões e fomentar rupturas não é fácil. Estourar a bolha da dependência e abandonar o papel secundário diante da própria vida é um processo que acontecerá de maneiras muito distintas, a depender de cada um e de sua própria história. Os benefícios para os que investem no empreendedorismo, seguramente, são muitos: amplia-se a percepção de si e do mundo, cria-se a oportunidade de ser e estar inserido de forma completamente diferente, mais profunda, igualitária e humana. “As pessoas terão muito mais capacidade de serem o que elas são, sem vergonha ou temor. Estarão num ambiente de maior liberdade, ascenção e afeição a sua própria forma de ser”, afirma Dolabela. Ele, que trabalha com educação empreendedora para crianças a partir dos quatro anos, já preparou professores da educação básica para ensinarem empreendedorismo a seus alunos em 150 cidades de todo o Brasil. Por isso mesmo, sabe a força que tem o protagonismo propiciado pelo ato de empreender. É importante enfrentar o mundo com as forças que se tem. O empreendedor lida com todas as variáveis: está sempre sentindo, vivendo, influenciando o mercado e seu ambiente. Como termina o bom Raul na canção com a qual abrimos esta matéria, “Não pense que a cabeça aguenta se você parar”. D+ Revista D+ número 18
COMPORTAMENTO
João dos Santos, 12, com paralisia cerebral é integrante da Tropa Escoteira Tartaruga do Baden Powell em Caxias do Sul (RS) há um ano e quatro meses
DE IGUAL PARA IGUAL O movimento escoteiro chega como um alívio em forma de aceitação, integração e desenvolvimento no seio de uma sociedade que, ainda, muito mal inclui texto Mayra Ribeiro fotos Maicon Lorandi e Divulgação
A
o procurar escolas ou atividades para ela, a conversa muda de tom toda vez que comentamos sobre a deficiência. Mesmo tendo a Lei Brasileira de Inclusão, nenhum lugar tem estrutura para recebê-la e sempre aparece um empecilho”, afirma Bartolomeu Gusella, 33, programador. Residente em Goiânia (GO), ele é pai de Mariana Gusella, de sete anos, com Displasia Septo-Óptica, condição caracterizada por má-formação da linha média do sistema nervoso central, hipoplasia do nervo óptico e disfunção pituitária que resultou em uma deficiência visual. Após o diagnóstico, Gusella e a esposa encontraram dificuldades em inserir a filha em ambientes sociais. Mas essa situação, no entanto, teve um novo desfecho quando o programador decidiu inserir a Mariana no movimento escoteiro no início deste ano. A prática, que se divide em três modalidades (básica, do ar e do mar), tem o objetivo de contribuir para a educação do jovem por meio de um sistema de valores baseados na promessa e lei escoteira. Revista D+ número 18
COMPORTAMENTO
“Ao procurar escolas ou atividades para ela, a conversa muda de tom toda vez que comentamos sobre a deficiência...” Bartolomeu Gusella, pai da Mariana, que tem deficiência
“Quando a levei no Grupo Escoteiro Goyaz, meus olhos se encheram de lágrimas, pois no mesmo dia duas pessoas da equipe tiveram atitudes parecidas diante da deficiência dela: não demonstraram receio ou discriminação. A questão foi tratada com naturalidade”. Devido à cegueira, Mariana tem insegurança na locomoção e em atividades físicas, como correr. Portanto, levando em consideração a própria experiência de quatro anos com a prática, Gusella imaginou que a entrada da filha no movimento poderia trazer um desenvolvimento físico e emocional. “A possibilidade de explorar locais e estar ao ar livre são um incentivo. O escotismo também preza pela responsabilidade, autonomia, honestidade e empatia, o que auxilia no caráter pessoal”. Apesar do friozinho na barriga por nunca ter trabalhado com uma criança com deficiência, Marciene da Costa, chefe de seção do Ramo Lobinho no Grupo Escoteiro Goyaz, recebeu Mariana de braços abertos e revela que a adaptação foi mais simples do que havia pensado. “O processo está sendo uma via de mão dupla, no qual ela adquire autonomia e a sensação de pertencimento, enquanto as demais crianças aprendem a conviver com as diferenças. As únicas preocupações são adaptar as atividades de acordo com as necessidades e controlar o senso de superproteção dos colegas”. PONTO DE PARTIDA: INTERESSE E EMPATIA Para receber a menina não houve treinamento, porém, a chefe buscou dicas na internet e pediu o auxílio dos pais. Durante as tarefas, Marciene procura falar próxima de Mariana e permite o uso do tato. “A deficiência visual apura os demais sentidos. Então, as atividades são criadas a partir dessa linha de raciocínio. Um exemplo é o jogo da batata quente em que usamos uma bolinha com guizos. O comando de voz também é utilizado”. A fim de garantir a segurança, os jogos têm acompanhamento, inclusive do pai. Gusella foi convidado a integrar o grupo.
Mariana Gusella, 7, com deficiência visual faz parte do Ramo Lobinho no Grupo Escoteiro Goyaz em Goiânia
RUMO À INCLUSÃO O movimento escoteiro da cidade de São Paulo deu um passo à frente em direção à inclusão. Idealizado em 2007 pelo Programa Educativo dos Escoteiros do Brasil, o Mutirão Escotismo para Todos (Mutept) tem a finalidade de fomentar os temas ligados à pessoa com deficiência. “A prática está inserida na sociedade, ou seja, também está presente na realidade de pessoas com deficiência. Portanto, a ideia é capacitar os adultos a lidar com jovens com deficiência que procuram o escotismo e educar os integrantes sobre a importância do respeito”, diz Eliana Cabrera, coordenadora de saúde dos Escoteiros do Brasil. A iniciativa acontece uma vez por ano de forma descentralizada. Na última edição, o evento contou com a presença de cerca de 1.700 participantes. Mais informações: programa@ escoteirossp.org.br.
O movimento escoteiro foi o único espaço social em que João dos Santos não se sentiu excluído
Jogos de esforço e de fazer amarras são os preferidos do João dos Santos
Para a mãe Cristiane Marques, o movimento escoteiro é um ótimo método para a educação do João porque resgata valores antigos
A partir do contato com o movimento escoteiro Mariana passou a ajudar os pais nos cuidados com os irmãos e a ser mais ativa no ambiente em que vive
A partir do contato com o movimento escoteiro, Mariana tornou-se uma criança mais consciente. “Ela sabe que deve ajudar a tomar conta do irmão do meio para os pais conseguirem cuidar da filha caçula ou da casa. Está começando a ser ativa no ambiente dela”, explica o pai. Outra mudança é o fato de estar menos medrosa em situações que antes tinha receio. “Eu gosto da chefe porque ela é legal e me ajuda. Tem muita animação. A gente brinca e pula. O jogo que eu mais gosto é pega-pega porque é de correr”. Hoje, além do escotismo, Mariana faz acompanhamento pedagógico, de locomoção e orientação. A dificuldade em incluir o filho em espaços sociais também levou a dona de casa Cristiane Marques, 41, a procurar o escotismo. “Infelizmente passamos por diversos acontecimentos ruins em escolas. Resolvi colocá-lo no movimento porque nenhuma criança queria brincar com ele. Conversei sobre essa situação com
“O processo está sendo uma via de mão dupla, no qual ela adquire autonomia e a sensação de pertencimento enquanto as demais crianças aprendem a conviver com as diferenças” Marciene da Costa, chefe de seção do Ramo Lobinho no Grupo Escoteiro Goyaz Revista D+ número 18
COMPORTAMENTO
Desde o início no movimento escoteiro, João teve uma boa recepção do grupo que o tratou como se a deficiência não existisse
A Mariana gosta do movimento escoteiro porque tem muita animação! O jogo pega-pega é seu preferido
“Infelizmente passamos por diversos acontecimentos ruins em escolas. Resolvi colocá-lo no movimento porque nenhuma criança queria brincar com ele” Cristiane Marques, mãe do João, que tem deficiência
Entre os benefícios trazidos pelo movimento estão o aumento da auto estima e melhoria na coordenação motora de João
os responsáveis na escola e nada foi feito para mudar. Então, pesquisei e encontrei o Grupo Escoteiro Baden Powell”. A mãe acredita que a prática é um ótimo método para a educação de João dos Santos, de 12 anos, com paralisia cerebral, porque resgata valores antigos e o tira do mundo virtual. Integrante da Tropa Escoteira Tartaruga do Baden Powell, de Caxias do Sul (RS), há um ano e quatro meses, o menino já conquistou amigos, aumentou a autoestima e melhorou a coordenação motora. “A prática só fez bem a ele. Desde o começo teve uma boa recepção dos colegas e chefes, que o trataram como se a deficiência não existisse”. Segundo Cristiane, o filho pratica desde nós a brincadeiras na água. “O desafio central são as atividades de corrida porque o andador diminui a velocidade dele. Cabo de guerra e amarras também são jogos complexos por conta da dificuldade de motricidade fina nas mãos. No mais, ele gosta de tudo o que faz”. O jovem não deixa de concordar com a mãe sobre os benefícios trazidos pelo movimento escoteiro. “Foi o único lugar em que não me senti excluído e as atividades são legais. Gosto de jogos que envolvam esforço e de fazer amarras porque aprendo bastante”, conta João Leandro Cesar, chefe da tropa escoteira do Grupo Escoteiro Baden Powell, revelou que no início teve certa preocupação em adaptar as brincadeiras. Mas agora esse receio ficou no passado por uma razão especial: os chefes realizaram um curso técnico de inclusão e acessibilidade, concedido pelo Escoteiros do Brasil do Rio Grande do Sul. Foram dois dias dedicados
Os principais desafios para o João são as atividades de corrida porque o andador diminui sua velocidade
a aprender sobre técnicas, deficiências e políticas de acessibilidade. “Antes de criarmos uma atividade, pensamos em como o João a fará. Em seguida, terminamos de desenvolvê-la. Fizemos assim com o futebol de sabão, que não é feito em pé, e sim sentado”. De acordo com a psicóloga Andreia Santana, os pais estão corretos em enxergar o movimento escoteiro como benéfico às pessoas com deficiência. “O indivíduo precisa de um lugar de pertencimento no mundo e de uma identidade. O movimento escoteiro supri essas necessidades por meio de acampamentos, vestimentas e atividades. Além da aceitação no grupo ser terapêutica, é capaz de empoderar o integrante de suas habilidades e possíveis potencialidades adquiridas pela troca de aprendizados”. A especialista ainda afirma que a prática pode trazer benefícios, como autonomia, consciência de recursos naturais, responsabilidade, organização e ampliação do
“Foi o único lugar em que não me senti excluído e as atividades são legais. Gosto de jogos que envolvam esforço e de fazer amarras porque aprendo bastante” João dos Santos, 12 anos, com paralisia cerebral
João gosta de tudo o que o movimento escoteiro proporciona, inclusive, os novos amigos!
círculo social. “Aprender a organizar as roupas em uma mochila, manusear ferramentas de trabalho, preservar e respeitar a natureza, cozinhar e não desperdiçar alimentos, começar e terminar as tarefas propostas são atitudes capazes de gerar uma mudança comportamental positiva”. SEMPRE ALERTA Ao entrar em contato com um escoteiro você não vai deixar de ouvi-lo dizer “sempre alerta”. O lema significa o comprometimento do integrante em estar à disposição de Deus, da pátria e do próximo a todo instante. Vitor Dian, de 30 anos, com deficiência intelectual moderada, escolheu esse ideal para a vida. Após passar por todas as etapas do movimento durante a infância, o paulista permaneceu na prática e tornou-se auxiliar de chefe do Ramo Lobinho, no Grupo Escoteiro Capela 264. “Ele gosta de crianças, é atencioso e prestativo. Prepara a cerimônia da bandeira, organiza as matilhas, faz a formação, distingue os momentos de jogos e aprendizados, ajuda na aplicação de atividades e auxilia os lobinhos de acordo com as necessidades”, diz Arlete Dian, 59, orgulhosa sobre a atuação do filho. A mãe, que o acompanha desde o início, também cita a conquista do título Escoteiro Lis de Ouro. Concedido pela União dos Escoteiros do Brasil em 2003, foi o primeiro distintivo de máximo grau no movimento escoteiro a ser entregue para uma pessoa com deficiência. Mas a trajetória de Dian não parou por aí, depois de dois anos o jovem recebeu o prêmio Escotista Mário Covas Junior de Ação Voluntária, promovido pela Câmara Municipal de São Paulo. “Eu gosto do escotismo porque é bom acampar, sair com os lobinhos, montar a base e a barraca. É ótimo ajudar a chefe e cuidar das crianças nos acampamentos”, relata o jovem. D+ Revista D+ número 18
TEST DRIVE
SOBRE EFICIÊNCIA E
VERSATILIDADE Novo Fit Personal 2018 tem foco na segurança e oferece personalização de conteúdo. A marca ainda celebra os 20 anos do Programa Honda Conduz, especial para a pessoa com deficiência Texto Taís Lambert, de Cesário Lange, SP
Fit Personal 2018: itens de segurança e tecnologia aliados a um novo design e ao motor 1.5 i-VTEC FlexOne prometem entregar mais conforto ao público com deficiência. Com isenção de IPI e ICMS, sai por R$ 52.479,81
Fotos Divulgação
Robson Jerônimo, há 18 anos na Honda: “O carro é um divisor de águas para a pessoa com deficiência, é quando ela recupera a independência e autonomia” A câmera de ré conta com três ângulos de visão e indicação de distância por cores, com indicação de ponto máximo para abertura do porta-malas
Design mais arrojado, lanternas traseiras em LED e um pacote adicional composto de jogo de rodas de 15 polegadas
Foto Taís Lambert
N
uma quarta-feira de sol, a Revista D+ foi para a pacata Cesário Lange, no interior de São Paulo, para testar cinco carros da Honda: City, Civic, HRV, WR-V e, finalmente, o novo Fit Personal 2018. No amplo Mavsa Resort, nós atravessamos o verde para experimentar os modelos na pequena e simpática cidade. Reconhecidamente versátil, a terceira geração do Honda Fit ganhou redesign frontal e traseiro: novos faróis e para-choques mais encorpado, novas lanternas e grade frontal. Além do lançamento Personal, há as versões DX, LX, EX e a EXL. A versão Personal tem posicionamento de preço pensado para o público com deficiência e possibilita a aquisição de um pacote adicional composto de jogo de rodas de 15 polegadas e sistema de áudio, que ativa equipamentos pré-instalados no modelo, como os alto-falantes, controle de áudio no volante, sistema HFT por Bluetooth e câmera de marcha a ré com multivisão. Antes o Fit não contava com luzes de rodagem diurnas e lanternas em LED. No caso de frenagens bruscas, o Emergency Stop Signal (ESS) faz as lanternas piscarem automaticamente e de forma rápida. Isso alerta o condutor que vem atrás e diminui o risco de colisões. Falando em segurança, outros recursos, como o Vehicle Stability Assist (VSA), foram adotados com o objetivo de melhorar a performance e tornar o carro cada vez mais seguro. O VSA agrega controle de tração e estabilidade e o Hill Start Assist (HSA) é um sistema que auxilia na saída em ladeiras. Trocando em miúdos, a ideia foi usar dispositivos que protegessem os ocupantes em todas as versões da linha. O Fit Personal traz ainda os equipamentos comuns a todas elas, como ar-condicionado, direção elétrica MA-EPS, vidros elétricos e travas elétricas em todas as portas e volante com regulagem de altura e profundidade. Ainda, os bancos traseiros são rebatíveis e, nessa condição, criam um espaço para lá de generoso, permitindo o transporte tranquilo de cadeira de rodas, por exemplo. Todas as versões trazem duas cores inéditas: o Branco Estelar Perolizado, novidade no Fit, e o Azul Boreal (metálico), que estreia no modelo.
Bom ângulo de abertura das portas, volante com regulagem de altura e profundidade e espaço interno que agrada ao público com deficiência
Tudo isso não foi desenvolvido ao acaso. A Honda ouviu pessoas com deficiência em uma pesquisa para descobrir o que era imprescindível ter no Fit 2018. “Consultamos, conversamos, ouvimos. Itens de segurança e o piloto automático foram apontados como primordiais. Já no pacote de acessórios, há ofertas como a câmera de ré e controle de áudio no volante, que trazem ainda maior comodidade e segurança”, explica Marcos Martins, gerente geral de Vendas da Honda Automóveis do Brasil. 20 ANOS DE HONDA CONDUZ O programa que tem por objetivo auxiliar a pessoa com deficiência no processo de compra de um automóvel 0 km com as devidas isenções foi lançado em 1997, e desde então foram mais de 110 mil carros vendidos nessa modalidade. Robson Aparecido Jerônimo, 50 anos, trabalha há 18 na Honda. Cadeirante há 22 anos, sabe da importância do carro para a pessoa com deficiência. “A rede é muito preparada para atender a esse público. O carro é um divisor de águas para a pessoa com deficiência: é quando ela recupera a independência e autonomia. Por saber disso, oferecemos muita informação, atendendo com prioridade e respeito pelos desejos de quem nos procura”, explica. “Muitos clientes se emocionam na hora da entrega do carro, justamente porque sabem que a vida vai se transformar completamente”. Revista D+ número 18
ACONTECE
Pessoas atendidas em diversas instituições participaram do evento no Wet’n Wild. Não havia descanso para tanta alegria na água! parceria dos garotos fez surgir o detector de som através de vibrações, para deficientes auditivos
INCLUSÃO ATÉ DEBAIXO D’ÁGUA! Quando os ônibus chegaram à entrada do parque aquático Wet’n Wild, em Vinhedo, São Paulo, a gritaria de alegria era ouvida de longe. Deles, saíram crianças e jovens com diferentes deficiências e todos tinham uma coisa em comum: o sorriso largo no rosto! Texto Audrey Scheiner fotos Brenda Cruz
A
8ª edição do Dia Nacional da Pessoa Com Deficiência em Parques Temáticos e Atrações Turísticas foi comemorado com muito mergulho, dança e idas constantes aos brinquedos que estavam disponíveis no famoso parque aquático do estado. O evento teve como padrinhos a blogueira Ana K, amputada da perna direita, e o ator do SBT Donato Veríssimo. A Revista D+ esteve por lá. A ação inclusiva é uma iniciativa do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), com o apoio da Associação das Empresas de Parques de Diversão do Brasil (Adibra), e acontece sempre em vários parques
temáticos e atrações turísticas do país, simultaneamente. Trata-se de um dos principais eventos do calendário anual do Wet’n Wild, que recebe voluntariamente as entidades assistenciais que atendem pessoas com deficiência. Instituições das cidades de São Paulo, Vinhedo, Itu, Campinas, Jundiaí, Indaiatuba, Campo Limpo e Itupeva foram algumas das participantes. Kauan da Silva, de nove anos, estava acompanhado de sua mãe, Carolina Helena da Silva, 26. O pequeno, que é autista, fez a alegria de Carol ao pular bastante na água e sorrir durante todo o evento. “Ele não tem muito o costume de sorrir e nem de ficar à vontade na
Os padrinhos da ação: Ana K, blogueira e amputada da perna direita, e o ator Donato Veríssimo, que atuou na novela Chiquititas em 2013
Carolina Helena da Silva e seu filho Kauan, de 9 anos. A mãe se surpreendeu ao ver o filho com autismo brincando radiante nas piscinas do parque
água, e também não gosta de água fria. Mas hoje ele me surpreendeu!”, afirma a mãe, contente. Para Carolina, o fato de o parque dar a oportunidade para as instituições levarem pessoas com deficiência para comemorarem a data é importantíssimo. “É fundamental tanto para as crianças como para os pais. Por mais que tenha a campanha pela inclusão na sociedade, as pessoas com deficiência ainda vivem em um mundo paralelo. Eles se sentem mais inclusos no lazer e isso ajuda no desenvolvimento”, acredita a mãe. Que venham mais iniciativas como essa! D+
O parque é acessível e proporcionou diversão para todos os cadeirantes
Daniela Sebastiana, 31, ficou fascinada com a Ilha Misteriosa, área do parque com vários tobogãs
Luan Ribeiro e sua tia Vilma Sebastiana são leitores da Revista D+ e participaram do evento pela primeira vez
Revista D+ número 18
ACESSIBILIDADE
Quando falta o elementar Os serviços de saúde, como direito básico de todo cidadão, deveriam ser acessíveis a todos, no entanto, pessoas surdas encontram um cenário insatisfatório que já começa na comunicação texto Brenda Cruz
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fotos Shutterstock e Arquivo pessoal
o entrar em um hospital, geralmente estamos fragilizados, precisando de um pronto atendimento para sanar – ou ao menos diminuir – nossa dor. De forma já conhecida, médico e paciente se colocam frente a frente, naquela entrevista onde tudo se pergunta para saber a origem do problema. A comunicação, nesse caso, é o ponto-chave para que sintomas expressados por palavras possam se transformar em um diagnóstico preciso. Mas, e quando há uma falha nessa comunicação? O que fazer? A quem recorrer? Quando duas pessoas têm línguas distintas, como um deles pode socorrer o outro, que se queixa? Como explicar os sintomas? Essa questão é a realidade de incontáveis pessoas surdas, ao terem necessidade de passar por médicos e explicarem suas mazelas. “Quase sempre há médicos impacientes e que também não sabem como se comunicar comigo. Perguntam se estou sozinha, parece que estão conferindo se eu levei alguém da família para poder interpretar. É complicada essa situação! Fui ao cardiologista, avisei que sou surda, e ele conversava comigo gritando. Avisei que não adiantava gritar, já que sou surda profunda. Mesmo assim, ele continuou gritando”, conta Sylvia Lia, 49 anos, professora de Língua Brasileira de Sinais (Libras). As reclamações são inúmeras, e partem do início do atendimento, nas recepções, à falta de tato de médicos que gritam o nome do paciente de dentro de suas salas. Beatriz Caiuby Novaes, 60 anos, fonoaudióloga, doutora
em audiologia e superintendente da Derdic/PUCSP, explica que as pessoas surdas se queixam muito sobre a falta de comunicação nos mais diversos setores, e a ênfase na área da saúde é devido ao risco de vida a que são submetidas. “Exemplos como a falta de compreensão sobre os sintomas apresentados e consequentes diagnósticos equivocados, ou a ingestão de medicamentos de maneira inadequada são acontecimentos corriqueiros, infelizmente”, ressalta a fonoaudióloga.
“As pessoas surdas se queixam muito sobre a falta de comunicação nos mais diversos setores, e a ênfase na área da saúde é devido ao risco de vida a que são submetidas” Beatriz Caiuby Novaes, fonoaudióloga, doutora em audiologia e superintendente da Derdic/ PUCSP Revista D+ número 18
ACESSIBILIDADE Mirlene Maria da Silva Rosa, funcionária pública, surda, com sua filha Mirella Maria Rosa
“Eu sou independente, aprendi muitas coisas, mostro que sou capaz, que isso não é uma doença, não sou coitada. Somos uma família e queremos cuidar da saúde” Mirlene Maria da Silva Rosa, funcionária pública, surda
BONS EXEMPLOS MERECEM SER SEGUIDOS Pensando no público surdo, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo treinou cerca de 60 funcionários de suas três unidades para que possam prestar atendimento em Libras. Conversamos com Anderson Cremasco, diretor de operações da rede, para conhecer esse processo de aprimoramento em seu atendimento, com intuito de favorecer a todos os pacientes. Confira: D+: Quanto tempo durou a formação em Libras desses profissionais? Como foi a receptividade deles com a novidade? Anderson: Foram feitos dois módulos que duraram em torno de seis meses, envolvendo cerca de 60 funcionários de diversos setores administrativos e assistenciais para as três unidades. Os funcionários abraçaram a causa com muito carinho e se formaram com ótimas notas e reconhecimento da escola Seli. D+: As aulas foram ministradas no próprio hospital ou eles frequentaram uma escola? Anderson: As aulas foram ministradas no próprio hospital, dentro do horário de atendimento. D+: De quem partiu a iniciativa de implantar esse tipo de atendimento para a pessoa surda? Anderson: A gerência de atendimento e o RH levaram
em pauta para a diretoria de operações e logo em seguida tivemos a aprovação da diretoria geral do hospital. D+: Já houve algum retorno sobre esse atendimento em Libras para pacientes surdos? Anderson: Sim, já temos relatos de clientes e familiares elogiando o atendimento e agradecendo a iniciativa. D+: Como eram feitos os atendimentos antes da formação dos profissionais de saúde em Libras? Anderson: De maneira informal. Tínhamos alguns colaboradores com essa habilidade e nos ajudavam diante da necessidade de conversar em Libras. Na ausência deles, a alternativa era fazer a comunicação escrevendo em papel. D+: Quais foram os primeiros passos que o hospital deu para fazer essa mudança que faz total diferença para a pessoa surda? Anderson: Inicialmente, partimos para a escolha de uma escola com boas referências, que nos permitisse ter um aprendizado rápido e efetivo. Depois abrimos uma seleção, em conjunto com o nosso RH, envolvendo áreas assistenciais e administrativas, mas principalmente com funcionários que tinham interesse. O resultado foi uma boa formação e o envolvimento de todos garantindo o bom atendimento. O próximo passo é ampliar o conhecimento para outros funcionários, com novas turmas.
Cilmara Levy, fonoaudióloga e supervisora do Curso de Especialização da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em atendimento
Ela explica que, por causa disso, a Derdic, por meio de seu Programa de Acessibilidade em Libras, promove anualmente cinco Oficinas contextualizadas à Área da Saúde, que instrumentaliza 125 colaboradores. Além disso, oferece 25 vagas em Cursos de Extensão em Libras com 360 horas, numa tentativa de instrumentar o setor. Ao ser chamada em voz alta pelo médico, a pessoa surda obviamente não escutará, e é o que geralmente acontece com todos. O que facilita nesse caso são os hospitais que dispõem de senhas numéricas chamadas por telões. “Já no atendimento da recepção avisei que sou surda. Pedi para a enfermeira me chamar, e ela disse que sim, mas o médico às vezes é bom e tem paciência, outras vezes não... aí é meio complicado, eu escrevo para ele entender, pois ele não tem paciência, né?!”, relata Mirlene Maria da Silva Rosa, 38 anos, funcionária pública, que reside na cidade de Paulínia, no interior de São Paulo. Mirlene ainda afirma que já passou por diversas dificuldades e que tem receio e insegurança, principalmente depois de passar por uma cesariana no nascimento de seu bebê. “Os enfermeiros me acordaram e perguntaram se estava tudo bem, falei que sim, eu só precisava de mais detalhes do que ocorreu com a minha filha, porque o bebê chorou e logicamente não escutei, só depois que vi o choro no rosto dela. Minha preocupação acompanha o uso da Libras, que mostra emoção. Os surdos sempre dependem da família. Eu sou independente, aprendi muitas coisas, mostro que sou capaz, que isso não é uma doença, não sou coitada.
A Santa Casa de Misericórdia realiza atendimento em Libras há mais de 20 anos
Somos uma família e queremos cuidar da saúde”. A necessidade de se fazer entender e garantir autonomia é predominante em todos os relatos. Agnes Regina Gerladi de Freitas, 22 anos, é surda e mãe do Myguel Arthur Geraldi de Freitas, de um ano. Ela conta que, quando leva o pequeno ao pediatra, pede para o médico falar mais devagar, para ela ler os lábios, mas isso nem sempre é possível, pois ele esquece e fala rápido demais. “Eu peço para ele escrever no papel, pois se trata do meu filho, afinal”. No intuito de facilitar um pouco a situação, ela costuma chamar a sogra ou a mãe para acompanhá-la nas consultas e, assim, juntas, tiram suas dúvidas. “Deveria ter Libras nos hospitais para ajudar todos os surdos”, desabafa Agnes.
“Deveria ter Libras nos hospitais para ajudar todos os surdos. Eu peço para o médico escrever no papel” Agnes Regina Gerladi de Freitas, surda, mãe do Myguel, de um ano Revista D+ número 18
ACESSIBILIDADE
Sylvia Lia, professora de Libras: “Quase sempre há médicos impacientes e que também não sabem como se comunicar comigo”
ESTÁ NA LEI, MAS... A Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Libras, tem em seu Art. 3º a seguinte prerrogativa: “As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor”. Fato é que essa lei não é aplicada, tampouco o decreto que a complementa e regulamenta (leia o box). Conforme os relatos de vivência em hospitais públicos e particulares, essas leis, que deveriam pautar um bom atendimento, não são aplicadas em sua máxima. A Revista D+ procurou as Secretarias de Saúde do Município e do Estado de São Paulo para verificar as políticas públicas aplicadas na área da saúde em prol do paciente surdo. Por meio da porta-voz Claudia Regina Taccolini Manzoni, fonoaudióloga do órgão, a Secretaria Municipal da Saúde esclareceu que “conta com intérprete de Libras, que realiza a mediação na comunicação entre pessoas com deficiência auditiva, surdos e surdocegos no atendimento em qualquer serviço público na cidade
“Fui ao cardiologista, avisei que sou surda, e ele conversava comigo gritando. Avisei que não adiantava gritar, já que sou surda profunda. Mesmo assim, ele continuou” Sylvia Lia, professora de Língua Brasileira de Sinais (Libras) de São Paulo”. Também afirmam que “a Central de Interpretação de Libras (CIL) dispõe de equipe formada por intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras), profissionais surdos e guias-intérpretes, coordenada pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD)”. No entanto, sabe-se que desde março de 2017 a CIL teve seu atendimento suspenso por quebra de contrato com a empresa que prestava serviço. Procurada,
da pessoa surda: juntos, 350 profissionais treinados para se comunicar por meio da Libras, com a finalidade de “qualificar e humanizar o atendimento”. Não obtivemos respostas referentes ao atendimento em hospitais públicos.
Agnes Regina Gerladi de Freitas é surda e tem um filho de um ano. Ao levá-lo ao médico sempre encontra dificuldades na comunicação
a secretaria encaminhou a nota: “A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) esclarece que está tomando as providências necessárias para a regularização e o aperfeiçoamento do serviço. Formamos um grupo de trabalho com integrantes da comunidade surda para avaliar e pensar em um novo formato para este serviço de grande importância no segmento. Atualmente, a SMPED de São Paulo mantém o atendimento presencial para o público com deficiência auditiva na Rua Líbero Badaró, 425, 32º, região central da capital paulista. O atendimento é feito de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 9h às 17h”. A respeito dessa situação, a doutora Beatriz Caiuby Novaes diz: “O fechamento da CIL não só prejudica como impede de diversas maneiras a acessibilidade da pessoa surda, desde o próprio atendimento na área da saúde, o mais relevante, até os mais diversos contextos, retirando dos cidadãos surdos o direito de se comunicarem à distância como todos os demais cidadãos o fazem”. A Secretaria de Saúde do Estado, por meio de release para a imprensa, anunciou a formação em Libras de profissionais que trabalham em Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs). Atualmente, 36 AMEs têm pessoas capacitadas para o atendimento
FORMAÇÃO NA BASE A dificuldade em se encontrar profissionais aptos ou ao menos familiarizados com a Língua Brasileira de Sinais é real. E mesmo com uma legislação que favoreça essa questão, isso não ocorre de forma natural em todas as escolas e faculdades com cursos de formação para a área da saúde. Para essa matéria também entramos em contato com hospitais particulares, como: Albert Einstein, São Luiz e Sírio Libanês. Nenhum deles tem em seu atendimento o uso da Libras. A Santa Casa de Misericórdia, que faz atendimentos públicos e privados, informou que, quando necessário, fonoaudiólogos e médicos otorrinolaringologistas realizam atendimento em Libras na instituição, isso já há mais de 20 anos. “Contamos também com o ensino da Libras, que deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia de instituições de ensino públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”, conta Cilmara Levy, fonoaudióloga que é supervisora do Curso de Especialização da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e coordenadora clínica da AAEDA Casa Amarela. O curso da Instituição tem duração de três anos e oferece opções para aprofundamento sobre a Língua e a Cultura Surda, além da Liga de Libras e a Liga de Audição e Linguagem, destinadas a todos os alunos de Medicina, Fonoaudiologia e interessados. Nos cursos de Medicina, Enfermagem e Radiologia, o curso de Libras dura um semestre (básico). Cilmara explica que, antes dessa formação, o atendimento era realizado principalmente por mímica e, em caso de o paciente surdo não saber Libras, por meio da escrita (para surdos alfabetizados), e que esse segundo procedimento é utilizado ainda hoje. “A essência da Santa Casa sempre foi o atendimento humanizado. Para nós, pacientes têm nome e endereço, não são apenas números. Sentimos suas dores e buscamos amenizá-las o quanto for possível. Mas, como ajudá-los se não conseguirmos entendê-los? Por isso, buscamos chegar até eles e não apenas esperar que venham até nós”, conclui. D+ Revista D+ número 18
BELEZABELEZA
“Esqueço de comer, mas não esqueço do protetor solar!” Jessica Moreira Ferreira, paratleta profissional de handbike
PROTEÇÃO Solar por Brenda Cruz e Taís Lambert
A
paratleta profissional de handbike, Jessica Moreira Ferreira, 30 anos, é quem afirma categoricamente sobre esse hábito tão importante e igualmente ignorado por tantas pessoas. Ela pratica o esporte desde 2015, no intuito de melhorar a qualidade de vida após a lesão medular, em decorrência de um acidente de trânsito. Jessica conta que duas de suas amigas desenvolveram câncer de pele, e por conta disso ela nunca mais deixou de usar o protetor solar. “Eu uso 24h, principalmente porque meu esporte exige uma proteção redobrada. Devido à total exposição solar, tenho manchas na pele da época em que não usava protetor e me arrependo disso! Por sorte é apenas uma questão estética, mas poderia ser pior”, explica a paratleta. “O rosto sem dúvida é a maior preocupação, pois o corpo ainda consigo cobrir com roupas próprias, mas o rosto sempre fica em exposição durante os treinos. Como tenho pele oleosa, uso um protetor da Anna Pegova próprio para meu tipo de pele, indicado pela minha dermatologista”.
DICA DE QUEM SABE Cintia Guedes Mendonça, especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que o uso de protetor solar deve ser incorporado em nossa rotina como um hábito. “O uso do protetor segue a chamada ‘regra da colher de chá’. Para o rosto, cabeça e pescoço devemos aplicar uma colher de chá de protetor solar para que ele atinja sua eficácia. Para braço e antebraço, usar uma colher de chá para cada lado, direito e esquerdo. Para coxas e pernas, usar duas colheres de chá para cada lado e, para o tronco e abdômen, usar duas colheres de chá. Além disso, proteger-se do sol com óculos, roupas, chapéus e sombras é importante”.
A PELE DO VERÃO
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A ADCOS desenvolveu o Filtro Solar Tonalizante FPS 40 Fluid, um filtro solar em textura fluida e toque seco ideal para ser utilizado em peles oleosas e acneicas. Disponível em cinco cores, ainda possui efeito matificante. R$ 107
ROC® MINESOL® Oil Control Sérum Antioxidante com FPS 30 é o primeiro protetor solar antioleosidade e antiidade com textura de sérum invisível. Indicado para peles mistas e oleosas que apresentam os primeiros sinais de envelhecimento. Da Johnson & Johnson. R$ 74,90 (50g)
Para quem busca um produto com efeito matte e controle de oleosidade e brilho, além de uniformizar o tom da pele, o NEUTROGENA® Sun Fresh Facial FPS 60 tem textura gel-creme de rápida absorção e partículas que controlam a oleosidade e o brilho ao longo do dia, por 12 horas. R$ 64,90 (50ml)
Da Australian Gold, o Combo Sun Sweet Sun reúne o Accelerator Clear (237ml) e o Protetor Solar FPS 30 (237ml) para quem não abre mão da proteção... nem do bronze. R$ 124
Com ação hidratante, o Autobronzeador da linha Cuide-se Bem, de O Boticário é fácil de aplicar e tem uma fórmula que proporciona rápida absorção. Para aquelas que querem um bronzeado uniforme para rosto e corpo é uma ótima pedida. R$ 44,90 (120 ml)
A Profuse, marca da Aché Laboratórios, desenvolveu o Ensolei AOX. Com FPS 30, que tem poder antioxidante, ação hidratante e calmante, melhorando a firmeza da pele, graças a seus ativos Carcinina, Ácido Hialurônico associado ao Silício Orgânico e Alfa-Bisabolol. R$ 64,90 (50g)
Unindo a proteção solar com o bronzeado de verão que todas querem, O Boticário ainda oferece o Protetor Solar Óleo Canela SPF 15. Além de não deixar a pele pegajosa, proporciona um efeito iluminado. R$ 44,90 (120ml)
Revista D+ número 16 18
BELEZA
ELA É PURO
Glam L
fotos Marcelo Spatafora
etícia Pinto Guilherme, 20 anos, é estudante de Relações Públicas e tem osteogênese imperfeita, uma fragilidade óssea também conhecida como ossos de vidro. Ela já foi personagem da Nossa Capa da edição 12, onde abordamos a Moda Inclusiva. Tratando-se de maquiagem, ela acha indispensável estar confortável, independentemente do estilo. “Eu gosto de um estilo mais básico para o dia a dia: passo um corretivo, pó, blush, preencho a sobrancelha e uso máscara de cílios”. Se for a noite, Letícia gosta de usar iluminador e batom mais escuro. Ela ainda revela: “Em festa eu adoro valorizar meus olhos, passo bastante máscara de cílios, pois eu acho que é uma parte do meu rosto bastante expressiva, então eu gosto bastante disso!”. A gente também!
DICA DE QUEM SABE Chloé Gaya é maquiadora e consultora de imagem do Jacques Janine. Ela já coordenou um curso de maquiagem para mulheres cegas na Associação Laramara, que você pode conferir na edição 14, na seção Cereja!. Para essa estreia, ela separou dicas infalíveis e bem práticas para que todas consigam fazer uma maquiagem moderna e suuuuper na moda. Confira!
1
PREPARAÇÃO DA PELE - Para uma pele linda é importante limpá-la e hidratá-la muito bem antes da maquiagem. Abuse da água termal e do hidratante em gel. Em seguida,
aplique um primer iluminador com partículas de brilho, para deixar a pele com um “glow” lindo de verão. E, por cima, uma base fluída com acabamento leve.
2
TONALIDADES DE SOMBRAS PARA FESTAS - Tons quentes, como o cobre e o dourado, combinam com Natal. E no Réveillon, quando geralmente nos vestimos de branco, acho interessante ousar nas cores, como azul, tons de chumbo, cinza e perolado. Minha dica é apostar nas texturas metalizadas e cintilantes, que estão super em alta e combinam com o clima de festas.
3
BATONS - Se optar por fazer um olho mais intenso, escolha um lindo tom de nude para acompanhar, ou então um gloss. Agora, se fizer um olho mais suave e quiser usar um batom poderoso, sugiro os tons de vermelho aberto, laranja e rosa.
4
MÁSCARA DE CÍLIOS E/OU CÍLIOS POSTIÇOS - Aposte em uma máscara de cílios à prova d’água, garantindo fixação durante toda a festa. E se quiser colocar cílios, mas não tem muita prática, minha dica é colar a metade dele na parte externa do olho, assim você já vai conseguir o efeito desejado, de uma maneira mais fácil e prática.
É HORA DE ARRASAR! Nas festas de final de ano, é tradição para a maioria de nós uma produção especial, desde a roupa até a maquiagem. Pensando nisso, separamos para essa edição um pout-pourri de opções de produtos ótimos para você arrasar na make e ficar ainda mais linda! Com uma fórmula confortável como veludo, o Kisskiss Matte tem um acabamento mate vibrante e super luxuoso. É a primeira linha mate de Guerlain. R$ 180
A Vult lança uma nova linha com 16 batons tradicionais com acabamento mate, alta coberta e cores duradouras. Sua fórmula ajuda a manter os lábios hidratados, proporcionando conforto e maciez. Escolhemos o Vult Batom Matte 11. R$ 19,50
fotos divulgação
A Quem Disse, Berenice? lança a coleção borboletíssima. A ideia é de que a lagarta, ao se transformar em borboleta, atinge todo seu potencial e, a partir daí, está pronta pra voar livre e iluminada, com sua leveza e beleza. Dessa linha escolhemos a opção de batom líquido mate: o Rosetali. R$ 35,90
O Vult Blush Mosaico tem mix de cores que realça e valoriza o aspecto natural do rosto. Sua formulação ultra macia contém partículas que proporcionam excelente aderência à pele, conferindo um acabamento acetinado bem natural. R$ 38,50
O iluminador em pó Rosêluz, da Quem Disse, Berenice? Faz parte da coleção borboletíssima. Dá um super efeito na finalização da make. R$ 45,90
A Natura UNA preparou um kit infalível. O Palette Mix Radiance e o Batom Extreme Matific FPS 15 juntos oferecem ótimas possibilidades de produções. R$ 87,90
Para cílios curvados e volumosos, o c1g Dream Lashes Máscara para Cílios, da Contém1g Make-up possui aplicador com cerdas no formato ideal para garantir uma aplicação perfeita. R$ 32
A Uno 02, da Daillus, é uma sombra com alta pigmentação e fixação e sai por R$ 10
Liquid Lips Batom Líquido Contém1g Make-up grande destaque desta da coleção Powerful Primavera Verão 2017/18, os lábios recebem tons presentes, repletos de vida e intensidade nas duas cores: Frida Metallic e Coralina Mate. R$ 55 cada
O Vult Stick Iluminador possui textura cremosa e acabamento cintilante que proporciona luminosidade à pele de maneira uniforme e natural. R$ 38,50
Para olhos bem marcados com cores modernas, a Quem disse, Berenice? tem os Lápis de Olhos Rosaton, Castanherê, Vertudo e o nosso preferido, Azultela. R$ 29,90 cada
A Eudora Palette Diva traz dez opções de cores fantásticas de sonras, além do blush e pó de contorno na mesma paleta. R$ 139,99
O pó iluminador Météorites Perlés Christmas Collection, da Guerlain, é uma versão exclusiva com três tons perolados: rosa para refrescar, laranja suave para iluminar e um toque de branco azulado para corrigir suavemente a pele. A embalagem é puro luxo. R$ 280
Revista D+ número 18
BELEZA
COOL & Fashion
L
eonardo Castilho, 29 anos, é educador, artista e surdo. Ele é muito vaidoso e tem um estilo bem despojado. E não deixa de estar bem perfumado em todas as ocasiões. “Em cada momento eu passo perfume de uma forma: para a noite, para ir à casa da família ou à casa de amigos e bares. Passo o perfume em torno do meu pescoço, nas minhas costas, no cabelo, e nos pulsos, sem esfregar”, explica Léo. Ele também conta que em dias mais agitados, como por exemplo, com dois eventos em diferentes horários, muitas vezes deixa o perfume na bolsa para renovar o seu cheiro. “Acho legal quando vejo um homem que se cuida! Pode ser exagerado ou não, cada um tem o seu prazer ao se cuidar. Cada pessoa tem seu cheiro ‘próprio’: minha ‘marca registrada’ é o Angel or Demon, da Givechy”, revela.
PREPARE-SE PARA 0 FRESCOR!
Deo Parfum K – Kaiak, da Natura, é intensamente aromático, com ervas e júniper. Nas notas de saída, um acorde fresco de folhas verdes e frutas como maçã, abacaxi e limão. No coração, lavanda e pimenta preta. As notas de fundo ficam a cargo do âmbar e do patchouli, entre outras delícias. R$ 169,90 (100 ml)
O uso de perfumes masculinos mais leves, cítricos e suaves é uma ótima escolha para combinar com os dias abafados que o verão traz. Conheça os lançamentos arrasadores que trarão frescor para a estação mais quente do ano Guerlain traz ao Brasil o perfume mais clássico da maison francesa, o Habit Rouge. Criado em 1965, foi a primeira fragrância oriental para homens em perfumaria. É cítrico, quente e acentuado com baunilha. R$ 400 (50 ml)
Fragrância refrescante, com notas cítricas e verdes, perfeito para o homem que não tem medo de se reinventar: essa é a opção da Dês. Colônia MEN Galbe, de O Boticário. R$ 86,90 (100 ml)
O lançamento Brave Sport é da Paris Perfumes, marca da empresa Asten, sediada em Dubai, Emirados Árabes, e chega ao Brasil no mês de dezembro. O Brave Sport é um perfume fresco e picante e representa o esporte como estilo de vida. Notas de toranja, limão, extrato de cidra e estrato de pêra dão o tom. R$ 59,90 (100 ml)
fotos divulgação
Inspirado por sua delicadeza floral, suave e aveludada, o Silver Needle Tea, da Jo Malone London, é enriquecido com rosas, folhas de sálvia e almíscar. Uma romântica infusão de chá raro. R$ 1.350 (75 ml)
Piment Fresh, da Piment, apresenta notas verdes e cítricas de alecrim, verbena, e lima-da-pérsia associadas a um fundo condimentado e amadeirado, de cravo, cedro e sândalo, perfeitos para trazer mais disposição e energia ao dia-a-dia. R$ 24,90
A Tom Ford traz como opção fresca o Mandarino di Amalfi. Frutas cítricas transbordam seu aroma com um efeito tônico, e as flores da noite trazem uma sensação de brisa morna. O aroma é tem toques de menta, tomilho e flores selvagens. R$ 865 (30ml)
Revista D+ número 18
ESPAÇO DA LIBRAS LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
O menor movimento conta Alterações na direção e no sentido do movimento podem produzir significados diferentes na Libras
André dos Santos Silva
Especialista em Dialética da Língua Portuguesa (UnG), Bacharel em Letras/Libras (UFSC/Unicamp), Graduado em Letras-Português/Inglês (UnG), Professor e Orientador de cursos (IST) e Intérprete de Libras (FIRB)
* Para participar com perguntas e sugestões, escreva para contato@revistadmais.com.br
M
uitas pessoas com pouca ou nenhuma familiaridade com a Libras, durante a observação de uma conversação entre pessoas que a utilizam, tendem a concluir que os surdos “falam rápido demais”. Mesmo após um pequeno contato com a Libras em cursos avulsos ou na grade acadêmica, seguir uma conversa entre pessoas fluentes parece ser uma tarefa um tanto complicada para os estudantes. A pergunta destes costuma ser: “Será que um dia irei entender?”. Sabe-se que o Movimento (M), um dos Parâmetros estudados por Stokoe já em 1960, está presente na composição de diversos sinais e, certamente, pode apresentar pelo menos dois desafios ao estudante de Libras: desenvolvimento da coordenação motora e da habilidade de captação dos movimentos dos músculos e membros superiores, com o olhar fixo na face do interlocutor. A utilização desse Parâmetro no dia a dia traz ao usuário da Libras uma agilidade necessária à fluidez na comunicação e seu domínio previne pequenas alterações no Movimento, capazes de fazer com que o sinal signifique algo completamente diferente do que se pretende comunicar. Os Movimentos, assim como as Configurações de Mão e os Pontos de Articulação, são distintivos na Libras. Até mesmo o espaço em que os interlocutores se encontram pode modificar a direção e o sentido dos Movimentos componentes da estrutura de um sinal, exigindo dos iniciantes um estudo lógico das relações entre espaços e movimentos. Nos considerados Verbos com Concordância em Libras, percebe-se um interessante papel do Movimento. A relação entre “aquele que tem o comportamento” e “aquele
que sofre/recebe o comportamento” é observada pelo início e pelo fim do Movimento, somados à significação trazida ao sinal pela Configuração de Mão; como é o caso do Verbo ENTREGAR (eu entrego para ele – figura 1). Nessa sinalização do Verbo ENTREGAR em “eu entrego para ele”, a Configuração de Mão inicia o Movimento no espaço próximo ao corpo daquele que sinaliza, terminando-o próximo ao espaço em que se encontra ou que faz referência àquele que recebe o comportamento de “entregar”. Caso ele não esteja fisicamente presente no local, faz-se um sinal para identificá-lo e, em seguida, um local é eleito para que, sempre que apontado ou referenciado, traga à tona sua existência. O Verbo ENTREGAR assemelha-se ao comportamento de entregar algo a alguém. Pode-se perceber que, de primeira a terceira pessoa do singular (eu para ele), em qualquer representação de entrega – seja a de um sorvete a alguém ou uma caixa grande e pesada – o Movimento pode seguir em diferentes direções (frente, direita ou esquerda) de acordo com a posição em que se encontra a pessoa a quem se entrega algo, mas em apenas um sentido (distanciando do corpo daquele que sinaliza). Caso o Movimento do Verbo entregar tenha o sentido voltado ao corpo do próprio sinalizante (ENTREGAR), será possível uma interpretação como “ele me entrega” (figura 2). Em Língua Portuguesa há, no próprio Verbo, uma unidade linguística que indica aquele que está “tendo o comportamento”. Considerada Desinência Número-Pessoal, “o”, em “entrego”, concorda com o Pronome Pessoal “eu”;
porém, em “entregamos”, “mos” concorda com o Pronome Pessoal “nós”, assim: - eu entrego; - nós entregamos. Em Libras, essa possível concordância parece discordar de que o Parâmetro Movimento estabelece sempre relação com Número, uma vez que, observando o Verbo ENTREGAR, o Movimento permanece o mesmo para “eu entrego para ele” e “nós entregamos para ele”. Observa-se que nesta última é apenas o sinal NÓS que parece distinguir a significação daquele que tem o comportamento de entregar e não a estrutura do sinal do Verbo (figura 3). É possível pensar, assim, que o Movimento, nos Verbos com Concordância, concorda em Pessoa, mas nem sempre em Número, levando em consideração o início e o fim do movimento em observação ao espaço dos referentes. Há, contudo, outras maneiras de se manifestar o conceito de pluralização das pessoas do discurso, uma delas é a representação da ideia do Verbo: em que o sinalizante “imita” o comportamento de entregar a várias pessoas. Outra, ainda, é repetir o comportamento voltando o sentido a cada uma das pessoas referidas no discurso. O bom emprego do Movimento na comunicação pode resolver o entrave da ambiguidade. É importante que, na Libras, se tenha ciência desse Parâmetro e que se pesquise todas as suas aplicações na língua. Fica ao leitor a indagação para reflexão: inversamente, seria complicado para o surdo a tradução da significação do Movimento para a Língua Portuguesa? D+
Revista D+ número 18
APRENDA LIBRAS por Célio da Conceição Santana e Joice Alves de Sá ilustrações Luis Filipe Rosa Colaboração Carolina Gomes de Souza Silva
Boa alternativa Empreender é mais do que construir um negócio e ganhar dinheiro. É ganhar autonomia, autoestima, independência financeira. É realizar sonhos, sentir-se capaz e transformar a vida em algo totalmente novo. Fácil? De jeito nenhum! Mas é um caminho plausível, uma alternativa que fortalece.
Rehafair
Autonomia
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Empresário
Trabalho
Lei de Cotas
Negócios
Empreendedorismo
Empresa Revista D+ número 18
CEREJA!
As braçadas da autonomia Metodologia da natação junta aprendizado e exercício que beneficiam crianças com deficiência intelectual, como as com Down, Asperger e paralisia cerebral texto Audrey Scheiner fotos Divulgação
E
m parceria com o professor de natação Marcos Ruivo desde janeiro desse ano, o nadador olímpico Guilherme Guido desenvolveu a metodologia Swim & Health, que une o aprendizado e um dos esportes mais divertidos para as crianças: a natação, para ajudar as que têm deficiência a viverem de forma mais saudável, galgando progressos no desenvolvimento emocional e social. O nadador afirma que seu principal propósito com essa metodologia, já praticada por Marcos Ruivo há 15 anos, é dar uma nova cara para a natação no país, fazendo com que seja mais conhecida por ser um esporte que traz bem-estar, não se tratando apenas de uma modalidade olímpica. “Ter um método de ensino sempre foi a minha vontade para poder incentivar as crianças sem e com deficiência, mesmo quando eu não estiver mais nadando profissionalmente. Então, fiz uma pesquisa profunda para tirar o que eu tinha planejado do papel e dar andamento ao início do projeto”. O programa tem como base de ensino duas modalidades: Aula Corpo Humano, projeto que ensina aos alunos conhecimentos sobre o corpo humano através de material lúdico pedagógico e interação do grupo nas aulas, e a Aula Nutrição Positiva, sobre a perspectiva do tempo necessário para a criança atingir o último nível. Essa iniciativa incentiva a criança a ter hábitos alimentares saudáveis sem deixar de ser criança, agregando valor além da prática esportiva. “Damos aula para crianças com Down, Asperger e paralisia cerebral. O critério é que o aluno tenha autonomia suficiente para ficar
na aula com o grupo de crianças”, enfatiza o nadador. Guido começou a praticar natação aos cinco anos de idade por indicação médica. “Tinha crises de bronquite e a natação entrou como recomendação. Aos 10 anos ganhei a minha primeira medalha. A partir daí, o meu foco no esporte aumentou, até que fui contratado pelo Esporte Clube Pinheiros, que defendo até hoje”. Para ele, ter um projeto como esse é extremamente gratificante. “Estou vivenciando momentos únicos na minha vida, que são refletidos na minha carreira”. O foco do método, segundo Guido, sempre foi na natação formativa, contribuindo com qualidade para a qualificação do profissional de natação no Brasil. “Esse ano fomos surpreendidos pela fonoaudióloga Rosangela Santos que, durante um ano, estudou e comparou as crianças que faziam aula na nossa metodologia com as outras, que faziam natação em outros métodos. Ela comprovou que nossas crianças tiveram 60% de evolução ao final do curso. Me emociono todas as vezes que falamos sobre isso”, relata o atleta. O idealizador do projeto afirma que o país precisa prestar mais atenção no desenvolvimento das pessoas com deficiência. “Temos que ter mais iniciativas como essa e entender que cada pessoa tem a sua nota 10. Sempre elogiarmos usando o conceito do reforço positivo, que é a base da nossa metodologia. Acredito que todos temos que fazer a nossa parte para mudar isso, estou bastante feliz e realizado, mas sei que ainda posso fazer muito mais”, finaliza. D+
Garanta Garanta seu seu Honda Honda com com isenção isenção do do IPI IPI ee ICMS. ICMS. Honda Civic, HR-V e WR-V com isenção do IPI. E Honda Fit e City com isenção do IPI e ICMS.* Honda Civic, HR-V e WR-V com isenção do IPI. E Honda Fit e City com isenção do IPI e ICMS.*
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