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Esfriamento da economia gera surto grevista Não se deve menosprezar o papel que uma inflação alta e persistente, por opção do governo, e principalmente nos serviços, cumpre neste surto de paralisações

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á poucos registros, nos últimos tempos, de uma sucessão de greves como a atual. Policiais pararam em Pernambuco, e a ausência de policiamento deu margem a saques no comércio do Recife; motoristas de ônibus, primeiro no Rio, depois em São Paulo, transtornaram a vida de centenas de milhares de pessoas nas duas maiores cidades do país; professores também voltam a cruzar os braços. E talvez a temporada de paralisações vá além. É inútil procurar uma explicação única para o surto grevista, pois costuma haver peculiaridades em cada movimento. Em São Paulo, assim como no Rio, por trás da greve de ônibus, movimento típico contra o povo, há conflitos entre grupos de sindicalistas — mais violento no caso paulista, onde já houve morte e tiros, na luta pelo acesso ao dinheiro fácil e copioso do imposto sindical. Mas no Rio, o número de veículos depredados e incendiados foi enorme. É possível, também, detectar a ação de políticos que usam categorias, e grupos radicais estimulados pelas manifestações de junho do ano passado, para atingir objetivos eleitorais em outubro. Mas não se pode menosprezar a ajuda que a inflação dá ao discurso grevista de lideranças sindicais. Os efeitos da leniência voluntária com a alta dos preços assumida pelo governo Dilma teriam, então, chegado às ruas. Entendeu-se em Brasília que uma inflação acima da meta dos 4,5%, mais próxima do teto de 6,5%, permitiria

um crescimento mais acelerado, porque os juros estariam mais baixos. Não funcionou, como se sabe. A economia esfriou, os juros tiveram de subir e a inflação anualizada não cede. Para piorar, os preços específicos de “serviços” rodam hoje na faixa dos 9% anuais, e já há algum tempo correm acima dos 7%. Ora, o orçamento das pessoas sofre impactos diretos toda vez que encarecem alimentos e serviços. Os alimentos obedecem à sazonalidade de safras, mas o preço do cabeleireiro, o custo de consertos domésticos, as tarifas de telefone, luz e gás, estes apertam o bolso da classe média, aquela reforçada pela estabilização da moeda, durante Fernando Henrique, e ampliada pelos gastos sociais de Lula e Dilma. Se a inflação média (6,5%) já é muito alta, a específica do custo de manutenção das famílias ultrapassou o aceitável. E este é um problema que a baixa taxa de desemprego não resolve. Além de alertar para a inflação, as greves, no caso as de ônibus, denunciam a falência da estrutura sindical getulista, já criticada por Lula e PT antes de desembarcarem em Brasília. Ficou em xeque o princípio da unicidade sindical, o direito ao monopólio da representação de trabalhadores por região. Pois os sindicatos formais, em Rio e São Paulo, aceitaram as propostas patronais de aumento, mas as categorias entraram em greve assim mesmo, conduzidas por outros líderes. Mais grave: a Justiça não tem a quem acusar pelos desvios na paralisação. Vive-se um momento rico em ensinamentos.

Edição n° 09 - Junho/2014 Produção capa: Gil Borges Fotografia: Divulgação Expressão News - Junho/2014 - 04


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Reprodução

Brasil vai ter 141,8 milhões de eleitores aptos a votar Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, anunciou que houve crescimento de 4,43% em relação a 2013

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presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, anunciou mês passado (9) que houve crescimento de 4,43% no número de eleitores aptos a votar nas eleições de outubro. De acordo com balanço parcial divulgado pelo ministro, o pleito deste ano contará com 141,8 milhões de eleitores. Em 2010, foram 135,8 milhões, o que representa aumento de 6 milhões de eleitores. Os dados revelam ainda que foi superada

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a meta de cadastramento de eleitores pela biometria. As informações foram divulgadas após o fim do prazo para regularização do título de eleitor, também no mês passado (7). O balanço final será concluído até o dia 21 de julho. Os números também mostram aumento de mais de 600% no número de solicitações de pessoas com deficiência para votar em seções especiais. De 1º de janeiro a 7 de maio, 1,04 milhão de eleitores fizeram o pedido na Justiça Eleitoral. Nas eleições de 2010, o número chegou a

148 mil. De acordo com o levantamento, houve diminuição de 47,32% no número de eleitores que pediram transferência de domicílio eleitoral. Neste ano, foi 1,13 milhão de transferências efetivadas, contra 2,13 milhões no pleito passado. A Justiça Eleitoral também superou em 6,28% a meta de cadastrar 22 milhões de eleitores por meio da biometria. Na eleição passada, a biometria foi usada para a identificação de 1,1 milhão. O primeiro turno das eleições será no dia 5 de outubro.


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Encontro do senador Aécio Neves com a presidente Dilma Roussef, no Planalto

Vermelho ou azul? Um conto de dois partidos. Declínio petista não foi replicado por recuperação dos tucanos. A curva histórica declinante do PSDB acentuou-se ao longo dos governos do PT

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ermelho ou azul? PT ou PSDB? O PT controla o governo federal há quase 12 anos; o PSDB o controlou durante os oito anos anteriores. Lula e FH polarizam paixões políticas conflitantes. Não por acaso, a análise política convencional, refratada pela imprensa e nas redes sociais, costuma retratar o sistema político brasileiro à luz do modelo bipartidário. A série histórica de pesquisas do Ibope evidencia

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que esse modelo chegou a funcionar como uma simplificação razoável ao longo dos mandatos de FH, mas se tornou completamente inadequado desde a ascensão de Lula ao Palácio do Planalto. Hoje, só existe um grande partido nacional, que é o PT. Entretanto, o partido dominante ingressou numa nítida, talvez irreversível, trajetória de declínio. Uma pesquisa realizada em 1988, nos meses derradeiros da Assembleia Constituinte, revelou que o PSDB tinha a preferência de quase 25% dos

eleitores, enquanto o PT contava com apenas 12%. Contudo, os dois partidos percorriam trajetórias históricas inversas: em 1995, no início do primeiro governo FH, o PT assumiu a dianteira com 22% das preferências, e, em 1999, menos de um ano após a reeleição, a disputa estava igualada, com 18% para cada um. Três anos mais tarde, durante a campanha que conduziria Lula à Presidência e impulsionado pelas crises do segundo mandato tucano, o PT atingiu o seu apogeu, convertendo


-se no partido de 34% do eleitorado. Três governos petistas sucessivos inverteram o sentido da trajetória. A última pesquisa da série, realizada em março, mostrou o PT de volta a 1995: são 21% os que, hoje, preferem o partido. Contudo, o retorno às taxas de duas décadas atrás é uma ilusão estatística. A base eleitoral petista sofreu mudanças dramáticas no plano etário. No período 1995-2002, tempos de oposição a FH, os jovens com até 24 anos representavam 27% dos eleitores do partido, mais que os 25% de eleitores com mais de 40 anos. Hoje, em contraste, entre os que declaram voto no PT, apenas 17% são jovens, enquanto 38% têm mais de 45 anos. A distribuição etária do eleitorado petista é um espelho bastante fiel da pirâmide etária brasileira. De um lado, isso atesta o enraizamento social do partido, que é um traço marcante na paisagem política do país. De outro, indica que o PT não mais se identifica com a aspiração de mudança. O partido de Lula converteu-se em pilar da ordem — ou melhor, da “velha ordem’’. Sua mais recente peça de propaganda tenta atemorizar os espectadores contrapondo o presente (supostamente estável e próspero) ao passado (supostamente desastroso). A renúncia ao discurso sobre o futuro, mesmo se justificado pelas circunstâncias perigosas que cercam a campanha de reeleição de Dilma, atesta o encerramento de um ciclo. No fim, o medo derrotou a esperança. A base eleitoral petista também se deslocou regionalmente. Em 1995, o Sudeste concentrava mais da metade do eleitorado do partido e o Nordeste, apenas 24%. Hoje, são 43% e 32%. No Sul, estão apenas 9% dos que declaram voto no PT. O partido de Lula nasceu em São Paulo e se consolidou com os triunfos eleitorais de Luiza Erundina, na capital paulista, e de Olívio Dutra, em Porto Alegre, ambos em 1988. Na última década, a preferência pelo partido tornou-se mais rarefeita na heterogênea classe média do Centro-Sul, que abrange os trabalhadores qualificados. Ao mesmo tempo, expandiu-se no Nordeste, região mais dependente das transferências de recursos do governo federal, sob o influxo tanto dos aumentos reais no salário mínimo e nas aposentadorias quanto no Bolsa Família. A relativa “nordestinização” do PT não indica força: eleitoralmen-

te, o partido depende cada vez mais do controle da máquina de Estado. O declínio petista não foi replicado por uma recuperação dos tucanos. Ao contrário do que sugeriria o modelo bipartidário, a curva histórica declinante do PSDB acentuou-se ao longo dos governos petistas. Dos 18% do eleitorado de 1999, o partido de FH recuou para 14%, em 2001, e 8%, em 2006, quando foi ultrapassado pelo PMDB, até atingir a melancólica marca dos atuais 5%. Em contraste com o PT, os tucanos fracassaram no imperativo de formular uma narrativa política oposicionista — um fracasso, aliás, patente durante as campanhas presidenciais de Geraldo Alckmin e José Serra. O eleitorado que debandou do PT não rumou para a esquerda, como atesta a crônica fraqueza do PSOL, mas dispersou-se e, em parte, dirigiu-se para a utopia gelatinosa de Marina Silva. Já o PSDB parece ter perdido simpatizantes para todos os demais partidos — e, em especial, para a aversão profunda ao sistema político-partidário tão bem exposta durante as “jornadas de junho” do ano passado. O panorama político não pode ser descrito nos termos do modelo bipartidário, mas exibe notável polarização. O Brasil tem um único grande partido nacional, mas também uma disseminada resistência à hegemonia petista. Fernando Henrique Cardoso se elegeu e se reelegeu no primeiro turno. Lula só carimbou a reeleição no segundo turno e Dilma, igualmente, precisou dele — apesar, nos dois casos, das conjunturas econômicas favoráveis que impulsionavam as candidaturas governistas e da notória ausência de um discurso oposicionista coerente. O projeto continuísta de Dilma enfrenta o desafio da reversão do ciclo econômico, mas, ainda assim, pode ter sucesso, pois o PSDB carrega o fardo da reiterada incompetência de fazer oposição. As sondagens eleitorais descortinam um cenário atravessado pela aspiração de mudança. Diferentemente de 2006 e 2010, a derrota do governo seria um resultado mais normal que a vitória nas eleições que se avizinham. Contudo, um triunfo tucano depende crucialmente da capacidade de Aécio Neves produzir uma pequena mágica: o candidato precisaria conectar-se com as ruas, dizendo em poucos meses aquilo que seu partido não disse em tantos anos. Na TV, o PT acaba de desafiá-lo a fazer isso.

A possibilidade cada vez maior da realização de segundo turno animou a oposição à presidente Dilma Rousseff. Os resultados da pesquisa Ibope divulgados no final do mês passado, em que a diferença de Dilma para a soma dos candidatos da oposição (Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB), caiu de 13% para apenas 4%, foram comemorados tanto pelo PSB como pelo PSDB. Dilma está com 40%, Aécio com 20% e Campos com 11%. O PT também comemorou, pois Dilma ainda venceria no primeiro turno. Os tucanos comemoraram o fato de Aécio Neves ter sido o pré-candidato que mais subiu na pesquisa Ibope, de 14% para 20%, e que obteve a maior queda na rejeição, de 25% para 20%. Segundo Aécio, os dados do Ibope confirmam os de outros institutos que já havia apontado sua subida. “Os dados da última pesquisa Ibope confirmam, com algum atraso, o crescimento da nossa candidatura já apontado por todos os outros institutos. Confirma também o crescimento do conjunto das oposições, mesmo com o grau de conhecimento dos candidatos muito menor do que o da atual presidente. O que aponta, cada vez mais, para um cenário de segundo turno. Mas continuo entendendo que o dado mais relevante nesse instante é o alto percentual de brasileiros que clamam por mudanças profundas no país. Acredito que isso continuará a ser refletido nas próximas pesquisas”, disse Aécio por meio de nota à imprensa. Segundo o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), presidente do Diretório Estadual do PSDB de São Paulo, a subida do tucano reflete uma somatória de fatores, que vão do programa de rádio e TV do partido que foi ao ar em abril, o seu discurso pela mudança, que está sendo bem compreendido pelos eleitores. “A subida nas pesquisas de deve também à frenética caminhada de Aécio pelo Brasil e à estratégia de montagem de palanques estaduais. Já temos 11 candidatos a governador nos Estados e palanques fortes em São Paulo, com Geraldo Alckmin, e em Minas, com Pimenta da Veiga, além das candidaturas à reeleição no Paraná (Beto Richa) e em Goiás (Marconi Perillo). O eleitor está entendendo as mensagens do partido”, disse Duarte Nogueira.

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Brasileiros investem em Espanha e Portugal Preços baixos e vistos de residência são os principais atrativos Divulgação

Salamanca. Bairro nobre de Madri, famoso por suas lojas de luxo, tem hoje apartamentos de três quartos por cerca de R$ 1 milhão

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partamento de dois quartos, em bairro nobre de grande cidade, por R$ 9 mil o metro quadrado. Existe? Sim! Mas não por aqui. Principalmente em Arujá. Sendo assim, há brasileiros que estão levando seus investimentos em imóveis para países em crise, como Espanha e Portugal. Segundo o índice FipeZap, o metro quadrado médio chegou a R$ 10.468 em março, por lá é possível encontrar imóveis novos com metro quadrado entre €$ 2,5 mil e €$ 3 mil (de R$ 7,5 mil a R$ 9 mil) e em bairros Expressão News - Junho/2014 - 10

nobres como Salamanca, em Madri. “Os valores dependem, claro, da região de cada país. Mas por cerca de R$ 1 milhão se compra um três quartos em bons bairros de Lisboa, Porto, Madri ou Barcelona. No Rio, só se encontra algo assim em Botafogo. E com sorte”, avalia Daniella Freire, sócia da Quadratta Realty, empresa brasileira que vem prestando assessoria imobiliária para quem quer investir na Europa. Além dos preços baixos — e a expectativa de valorização a médio e longo prazo —, a possibilidade de conseguir o visto de residência nos dois países,

e assim passe livre pela Europa, também tem funcionado como um atrativo. O Golden Visa, como é chamado, foi criado em setembro de 2012 e, para se ter direito a ele, é preciso investir pelo menos €$ 500 mil. O visto ainda é extensivo ao cônjuge e aos filhos, o que acaba atraindo também pessoas de ascendência portuguesa ou espanhola que queiram ter uma segunda residência num dos dois países. “São pessoas de perfis bastante variados. Mas a maioria é mesmo de investidores, que vislumbram, lá pela Europa, um negócio melhor


que aqui atualmente”, analisa Marcella Freire, também da Quadratta. Atenção a leis e taxas lá de fora seja qual for o motivo do investimento, contudo, é preciso estar atento às leis do país. Em geral, os impostos pagos no momento da compra variam entre 5% e 9% do valor do imóvel — semelhante ao cobrado no Brasil. Mas na

hora de vender ou transmitir o bem a um herdeiro, as taxas chegam a 40%. “O ideal para quem compra lá fora é abrir uma empresa no país. Assim, evita-se a sucessão, em caso de morte do proprietário, e ainda torna mais fácil o envio de renda, para quem pretende alugar o apartamento por lá, já que a pessoa jurídica pode enviar o

dinheiro sem qualquer custo”, explica o advogado Rafael Pistono, do escritório Vinhas e Redeschi, que presta assessoria jurídica a investidores. Segundo Pistono, o processo de abertura da empresa é simples: leva de dois a três dias, apenas, e os custos mensais ficam entre R$ 300 e R$ 600.

Dez brasileiros já investiranm e foram autorizados a morar em Portugal País ultrapassou Rússia e fica atrás apenas da China entre os que mais utilizam o incentivo da Autorização de Residência para Atividade de Investimento, criado há um ano Gostaria de abrir uma empresa em Portugal e ter trânsito livre para os países que compõem a União Europeia ou comprar uma casa de veraneio no Algarve, no sul do país que é porta de entrada para o continente? Dez empresários e investidores brasileiros já investiram € 11,8 milhões em pouco mais de um ano da vigência do benefício da Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), criada em outubro do ano passado. O benefício, que autoriza a residência para estrangeiros que investem em Portugal com o objetivo de estimular a economia no país, não tem data para ser encerrado. "Acreditamos que os brasileiros devem se manter em segundo lugar entre os países que mais obtém o ARI, e que os investimentos devem continuar crescendo", conta o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lourenço. Já foram concedidas 373 autorizações, das quais 348 são relacionadas à compra de imóveis. Juntas, somam € 255 milhões em investimentos. No primeiro lugar, estão os chineses. Em segundo, o Brasil e, em seguida, a Rússia. A quarta, quinta, sexta e sétima posição são ocupadas por Angola, Paquistão, África do Sul e Líbano Para obtê-lo, é necessário investir pelo menos € 1 milhão no mercado financeiro, abrir um negócio que contrate pelo menos dez funcionários, ou comprar um imóvel com valor igual ou superior a € 500 mil (cerca de R$ 1,6 milhão, que pode ser diluído em diversos imóveis). A autorização deve ser renovada ao final de um ano e, posteriormente, a cada dois anos, e os titulares têm direito ao reagrupamento familiar no país. Durante estes períodos, poderá ser chamado a provar a estadia efetiva em território português por um mínimo de sete dias por ano. Ao final do período de investimento de cinco anos, o investidor pode

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Quinta do Lago Resort, na região do Algarve, tem unidades à venda. Hotelaria busca investidores estrangeiros

solicitar autorização de residência permanente, bem como, após seis anos, a cidadania portuguesa. Outros países, como a Espanha, também oferecem benefícios para investidores a taxas menores, mas Lourenço aponta que o país quer atrair investidores qualificados. Perfil O perfil do investidor brasileiro que obtém a autorização de residência em Portugal é mais diversificado, conta Lourenço. "Ele não compra apenas casa de veraneio, mas uma vinícola para produzir e exportar vinho, que são tradicionais e precisam apenas de injeção de capital". Lourenço também cita que outros compram empresas locais, que têm know-how da região, para iniciar a internacionalização de negócios no continente europeu. Há também um crescente interesse de fundos de investimento brasileiros em imóveis. Apesar de associações serem permitidas, os brasileiros que obtêm a autorização geralmente realizam investimentos individuais.

Oportunidades Os preços dos imóveis no país chegaram a cair até 30% com a crise. A maior queda de preços aconteceu naqueles de médio investimento, de cerca de € 350 mil. Em imóveis com valor superior, Lourenço estima que ela foi menor, de cerca de 15%. Cidades do interior do país registram maiores descontos. O cônsul aponta que sinais de que a economia portuguesa se recupera de forma gradual, como a diminuição do desemprego de cerca de 17% para 15,5%, já tiveram reflexo em alguns nichos do mercado imobiliário. Porém, considera que a compra será atrativa por pelo menos mais um ano. "Acreditamos que os imóveis não irão mais se desvalorizar." Setores como o de tecnologia da informação, energia renovável, infraestrutura, hotelaria e farmacêutico são apontados por Lourenço entre os que registram boas oportunidades de negócio. Ele lembra que empresas brasileiras, como Embraer e O Boticário, começaram a realizar investimentos no país europeu. Expressão News - Junho/2014 - 11


Quinze famílias mais ricas do Brasil são donas de 5% do PIB Três irmãos herdeiros de Roberto Marinho lideram a lista de famílias bilionárias, que são donas de R$ 269 bilhões Reprodução

Os três irmãos que controlam as Organizações Globo são bilionários: Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto Marinho (foto). Juntos, eles têm uma fortuna estimada em US$ 28,9 bilhões.

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s irmãos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto Marinho aparecem no topo da lista das famílias mais ricas do Brasil, divulgada pela revista Forbes. Juntos, a fortuna dos Marinho soma US$ 28,9 bilhões, o equivalente pelo câmbio atual a R$ 64,3 bilhões, quase 50 vezes o custo da Arena Itaquera, o estádio de abertura da Copa 2014. A lista das 15 famílias mais ricas do Brasil tem também outros sobrenomes famosos como Safra, Ermírio de Moraes, Moreira Salles, Camargo Correia, Vilella, Odebrecht e Setubal, entre outros. Expressão News - Junho/2014 - 12

As fortunas das 15 famílias mais ricas do Brasil guardam US$ 122 bilhões, o equivalente a R$ 269 bilhões, ou cerca de 5% do PIB do país. Segundo a revista, o número de bilionários no País cresceu significativamente desde 1987, quando a primeira lista de bilionários Forbes foi publicada. Na época, apenas três brasileiros estavam no grupo dos bilionários do mundo: Sebastião Camargo, fundador do grupo Camargo Correa e dono da marca sandálias Havaianas; Antônio Ermírio de Moraes, um dos acionistas do Grupo Votorantim; e Roberto Marinho, que herdou o jornal O Globo e deixou para os filhos

as Organizações Globo, maior império de mídia do continente. Na lista deste ano, aparecem 65 brasileiros bilionários, sendo que 25 deles são parentes. Oito famílias têm vários membros no ranking. A revista constata que nascer rico ainda é o jeito mais fácil de virar bilionário, embora a porcentagem dos herdeiros venha diminuindo nos últimos rankings dos mais ricos do mundo. A família Odebrecht, por exemplo, é uma das mais ricas do País, mas tem 15 pessoas dividindo a fortuna.


Confira a lista das 15 famílias mais ricas do Brasil segundo a 'Forbes': 1. Marinho (Mídia)

Três irmãos controlam as Organizações Globo: Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto Marinho. Fortuna: US$ 28,9 bilhões

2. Safra (Banco)

Joseph Safra, Moise Safra e Lily Safra, donos do Banco Safra. Fortuna: US$ 20,1 bilhões 3. Ermírio de Moraes (Siderúrgica e banco Votorantim) Antonio Ermírio de Moraes, Ermírio Pereira de Moraes, Maria Helena Moraes Scripilliti, José Roberto Ermírio de Moraes, José Ermírio de Moraes Neto e Neide Helena de Moraes. Fortuna: US$ 15,4 bilhões. 4. Moreira Salles (Banco) Fernando Roberto Moreira Salles, João Moreira Salles, Pedro Moreira Salles e Walter Moreira Salles Junior. Fortuna: US$ 12,4 bilhões 5. Camargo (Camargo Corrêa Construção, engenharia, energia e outros) Rossana Camargo de Arruda Botelho,

Renata de Camargo Nascimento e Regina de Camargo Pires Oliveira Dias. Fortuna: 8 bilhões 6. Villela (Banco Itaú) Alfredo Egydio de Arruda Villela Filho e Ana Lucia de Mattos Barretto Villela. Fortuna: US$ 5 bilhões 7. Maggi (Soja) Lucia Borges Maggi, Blairo Borges Maggi, Marli Maggi Pissollo, Itamar Locks e Hugo de Carvalho Ribeiro. Fortuna: US$ 4,9 bilhões 8. Aguiar (Banco Bradesco) Lina Maria Aguiar, Lia Maria Aguiar e Maria Angela Aguiar Bellizia. Fortuna: US$ 4,5 bilhões 9. Batista (Frigoríficos) José Batista Sobrinho, fundador da produtora de carne JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Fortuna US$ 4,3 bilhões 10. Odebrecht (Construção, engenharia, petroquímica e outros) 15 herdeiros da empresa fundada pelo engenheiro pernambucano Norberto Odebrecht.

Fortuna: US$ 3,9 bilhões 11. Civita (Mídia) Giancarlo Francesco Civita, Anamaria Roberta Civita e Victor Civita Neto, herdeiros da editora Abril. Fortuna: US$ 3,3 bilhões 12. Setubal (Banco) 25 parentes de uma das famílias fundadoras do banco Itaú. Fortuna: US$ 3,3 bilhões 13. Igel (Petróleo e petroquímicos) Daisy Igel e mais seis herdeiros do grupo Ultra, dono de marcas como Ipiranga e Ultragás. Fortuna: US$ 3,2 bilhões. 14. Marcondes Penido (Rodovias privatizadas) Ana Maria Marcondes Penido Sant'Anna e a irmã, herdeiras da CCR, maior operadora brasileira de rodovias. Fortuna: US$ 2,8 bilhões. 15. Feffer (Celulose e papel) Cinco irmãos herdeiros da Suzano. Fortuna: US$ 2,3 bilhões

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Divulgação/PM

Atletas arujaenses participam da Meia Maratanona de SP

Atletas de Arujá participaram da Meia Maratona de São Paulo, prova faz parte do calendário Sulamericano

Participaram do evento, realizado no Joquei Clube de São Paulo, os arujaenses Edval Barbosa da Paz, Leandro Larini, Jilberto Rocha, Adilson Delfino, Anderson Delfino e Sérgio Silva. O professor Edval teve o melhor resultado entre os atletas da cidade: foi o primeiro colocado em sua categoria e o 40° na classificação geral, com tempo de 1:28:03. Com a marca de 41:51, Sergio pda Silva articipou da prova de 10km e

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obteve a segunda colocação na categoria e o 30° lugar no ranking geral. Treinado por Edval, Leandro Larini ficou satisfeito com o seu desempenho. Sua meta era completar a prova em menos de 2 horas. “Nas outras duas meias maratonas que participei, fiz tempos na casa de 2:08. Desta vez, consegui terminar a prova em 1:59:18, ficando em 144° na colocação da minha categoria. Objetivo alcançado”, declarou.

Jilberto Rocha, por sua vez, terminou a prova em 1:28:37, ficando em 6° lugar em sua categoria e em 46° no quadro geral. Já o atleta Adilson Delfino fez o tempo de 1:40:14, sendo o 37° em sua categoria. Por fim, Anderson Delfino concluiu a corrida em 1:46:57, ficando na 45ª posição. O próximo desafio será a prova que acontece em Arujá, no dia 15 de junho. O grupo vai focar os treinamentos para a prova de 10 km.


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Receitas

Bacalhau salsa verde Divulgação/EN

Ingredientes • 2 postas de bacalhau dessalgado • 6 camarões médios, limpos e sem casca

• 2 ovos cozidos, sem a casca • 6 aspargos brancos inteiros • 100g de ervilha fresca • 30g de salsinha lisa picada • 300 ml de champanhe ou vinho branco • 60 ml de azeite espanhol • Sal a gosto Preparo 1. Leve ao fogo médio uma panela grande, com o azeite e o alho picado. Deixe fritar e, em seguida, adicione a cebola. Deixe fritar.

2. Tempere o peixe com sal e limão a gosto, passe pela farinha de trigo e junte ao alho e à cebola fritos. Em seguida, ponha também os camarões e as coquinas e o champanhe e refogue por uns 10 minutos. 3. Retire do fogo e leve ao forno por mais 15 minutos. Retire do forno e decore com os ovos partidos em quatro. Salpique a ervilha e a salsa por cima a gosto. Sirva quente.

• 6 coquinas (marisco de areia) • 1/2 cebola branca, picada em cubos pequenos • 1 cabeça de alho, picado

para anunciar 3105-1435 - 7853-2802 ID 94*135404 Expressão News - Junho/2014 - 16


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Estima-se que cerca de 8% das crianças brasileiras têm alergia alimentar

Pais com filhos alérgicos fazem campanha para pedir informações nos rótulos Para tornar obrigatória a inclusão de informações claras sobre a presença de alimentos alérgenos ou de traços desses alimentos nos rótulos dos produtos, um grupo de mães se uniu e criou a campanha "Põe no Rótulo" no Facebook.

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magina você ter um filho com alergia alimentar e não saber se aquele produto que você acaba de comprar no supermercado vai levar seu filho ao hospital após consumi-lo. Parece exagero, mas muitos pais enfrentam uma batalha por conta da falta de informação nos rótulos das embalagens. Para tentar mudar essa realidade, eles têm feito uma campanha na internet chamada ‘Põe no Rótulo’. A ideia é que seja obrigatória a rotulagem correta dos alimentos e de produtos de higiene com informações claras e com letras em tamanho legível. O movimento #poenorotulo foi criado por um pequeno grupo que se co-

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nheceu na internet. São mais de 600 famílias que trocam informações sobre produtos ‘do bem’ e que tentam chamar a atenção sobre a necessidade da rotulagem correta, principalmente, em alimentos alérgenos, como leite, soja, ovo, peixe, crustáceos, amendoim, entre outros. Para uma das idealizadoras da campanha, a advogada Maria Cecilia Cury Chaddad, não importa se será criado um projeto de lei, uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou se a iniciativa vai partir das próprias indústrias. A advogada explica que o alérgico alimentar corre risco de morte dependendo do seu grau de sensibilidade,

com risco de choque anafilático e fechamento de glote, entre outras reações graves. No Brasil, cerca de 8% das crianças e 3% dos adultos possuem alergia alimentar. “A alergia não é entendida e aceita. Muitos acham que é frescura, exagero e que só um ‘pouquinho não fará mal’. Mas, para um alérgico, não importa se é uma migalha ou uma porção, o resultado pode ser catastrófico”, comenta Maria Cecilia, que criou no final de fevereiro a página da campanha no Facebook e que já tem mais de 13 mil curtidas. Na rede social, pais publicam fotos dos filhos com o cartaz #poenorotulo. Ela, que é mãe de Rafael, 2, que


Reprodução

tem alergia a leite e soja, defendeu sua tese de doutorado sobre a presença de alérgenos em alimentos. “Há alimentos que podem ser veneno para algumas pessoas”, diz. Ela afirma que além de aprender a ler rótulos, os pais são obrigados a buscar frequentemente informações com os serviços de atendimento ao consumidor e que nem sempre passam informações corretas. “Muitas vezes, os SACs [Serviço de Atendimento ao Consumidor] confundem, por exemplo, lactose (açúcar do leite) com proteína do leite. Tão grave quanto, há SACs que direcionam o consumidor a procurarem seus próprios médicos para questionar a segurança do produto, como se eles tivessem acesso a tais informações”, lamenta. Se engana quem pensa que as restrições e falta de informações no rótulo estão apenas nos alimentos. A autônoma Karina Campos, 36, descobriu que remédios e até o lencinho umedecido usado no filho Lucca, 3, davam alergia no menino. “Fomos em um hospital pois ele teve reação ao antibiótico que estava tomando e, no pronto-so-

corro, usaram um lenço umedecido que tinha leite em sua composição”, comenta. O menino tem reação rápida e precisa ser medicado. “Quando ele tomou o antibiótico, ficou roxo em casa e precisou tomar oxigênio além de tomar na veia uma antialérgico”. Por conta da alergia à proteína da vaca, Karina conta que a família mudou todos os hábitos alimentares e a filha mais velha, Pietra, 7, come bolacha recheada, por exemplo, só fora de casa. Karina optou em não colocar ainda o menino na escola justamente por conta das restrições alimentares e por ele ter uma reação muito rápida. Lucca é amamentado pela mãe e, por isso, ela também tem uma alimentação restrita sem poder consumir os produtos que dão reação no menino. Segundo os médicos, tudo é passado pelo leite materno e as mães precisam ficar atentas com a sua dieta. Maria Cecilia diz que se alimentar passa a ser uma dificuldade, mesmo com comida do nosso dia a dia. “Há uma marca de arroz, por exemplo, que contém ovo. Como ficam os alérgicos a ovo? Muitos

nem sabem disso e acham que estão ‘seguros’ por comer em casa”, comenta. Estudos de 2009 da Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas mostraram que 39,5% reações alérgicas foram relacionadas a erros na leitura de rótulos dos produtos. Para o grupo de pais do ‘Põe no Rótulo’, os portadores de restrição alimentar poderiam ter mais qualidade de vida se tivessem a informação correta. A alergia alimentar, desde que feita uma dieta correta, possui grandes chances de regredir. A Anvisa diz que há uma discussão sobre a obrigatoriedade de se prestar informações sobre alergênicos nos rótulos. A proposta, entretanto, depende de consenso entre os países membros do Mercosul. O tema vai para o quarto ano de discussão, segundo a agência. Nos EUA, por exemplo, as indústrias são obrigadas a prestar esse tipo de informação desde 2006, na União Européia, Austrália e Nova Zelândia, desde 2003, e no Canadá, desde 2011.

Expressão News - Junho/2014 - 19


Liberdade para amar sem precisar fazer sexo Assexuais vencem preconceito e desconhecimento e começam a se assumir, mas medo de rejeição ainda os aflige “Quando penso que alguém gostaria de fazer sexo comigo, tenho vontade de me afastar. Satisfaço minha libido sozinha, e não me agrada que outros se envolvam nisso. Sinto como se só atrapalhassem. Para mim, o prazer não funciona se envolver outras pessoas”. Assim, L.Cukier — pseudônimo de uma operadora de caixa de 25 anos — descreve sua relação com o sexo. Ela faz parte de um grupo crescente de pessoas que se dizem assexuais e, como a grande maioria, prefere se esconder para evitar o preconceito. Basicamente, os assexuais se definem pela falta de atração sexual por outros. São pessoas em tudo como as outras, exceto pela falta de interesse nesse tipo de relação. No entanto, ainda há quem acredite se tratar de um transtorno. Isso coloca esse grupo no início de uma jornada enfrentada pelos homossexuais desde o século XIX, mas com uma vantagem: o “DSM”, bíblia do diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria, explicita que não há patologia nesse caso, desde que não haja sofrimento. “O único sofrimento é ter que viver em uma sociedade que espera, que exige que eles tenham um parceiro sexual”, explica Elisabete Oliveira, especialista em estudos da sexualidade, gênero e diversidade sexual que finaliza uma tese de doutorado sobre o tema na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “A principal conclusão da minha pesquisa é que eles sofrem homofobia, mesmo não sendo homossexuais. Foi o que aconteceu com a estudante Camila Hordones, de 20 anos. Mais ou menos aos 12 anos, quando meninas e meninos começaram a expressar sua sexualidade, ela sentiu que tinha algo de diferente. Não se enquadrava, não sentia desejo nem atração estética — os assexuais diferem a atração sexual da estética — e, Expressão News - Junho/2014 - 20

por isso, começou a sofrer bullying. “Eles diziam que eu era lésbica. O processo até eu descobrir o que era foi longo. Só quando a minha mãe me contou que tinha um personagem numa novela foi que eu descobri que não era única, que tinha outras pessoas como eu”, conta Camila, que ganhou fama na internet depois de postar vídeos se assumindo e questionando a forma como a sociedade lida com o tema. Descoberta dolorosa O sentido de pertencimento dessa comunidade veio somente em 2001, e graças à internet. O termo foi criado junto com a AVEN (Assexual Visibility and Education Network), hoje a maior comunidade assexual do mundo, com 70 mil membros. Para Cláudia Mayumi Kawabata, orçamentista gráfica de 34 anos, a descoberta foi bem mais dolorosa. Ela se casou, teve uma filha, foi acusada pelo marido de traição — como não sentia atração por ele, a explicação lógica era a relação com outro homem — e, depois, foi diagnosticada com depressão. “Na época não existia o termo assexualidade. Procurei ajuda, e me diagnosticaram com depressão pós-parto, bipolaridade e outros distúrbios”, lembra Cláudia. — Mas eu sabia que era diferente desde os 14 anos. Eu me apaixono normalmente, mas não sinto atração sexual nem estética. Depois que descobri que era assexual, mudei muito. Eu era tímida e muito insegura, hoje consigo interagir com as pessoas. Me considero feliz. Desde 2013, Cláudia é moderadora da comunidade A2, que reúne 880 assexuais no Brasil. Ela realizada encontros em São Paulo, onde vive, com um grupo de 35 pessoas. Destas, apenas duas se assumiram para familiares e amigos. O medo de se expor, segundo Elisabete, é motivado pelo preconceito e a dificuldade em explicar para as

pessoas o que significa ser assexual. Para a psiquiatra Carmita Abdo, o estranhamento e a repulsa são a manifestação de um inconsciente coletivo. “A partir do momento em que o seu comportamento não está compatível com a perpetuação da espécie, para a maioria das pessoas fica difícil aceitar de uma forma tranquila. A lógica é a mesma do preconceito contra o homossexual”, analisa Carmita. — Sexo é bom para 90% da população. Os outros 10% estão interessados em outras coisas. O que importa é a pessoa ter interesse pela vida. Não é o que pensa o médico e psicólogo Jorge José Serapião, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ. “É uma patologia. A conceituação do assexual é muito difícil de considerar quando temos uma visão da sexualidade que vai além da genitalidade. A pessoa pode não querer, mas negar a sexualidade como uma busca do prazer é muito pouco provável”, diz Serapião. — Como médico, eu entendo alguém que se diz assexual como deprimido ou com o transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (DSH). Medo da solidão Assim como Carmita, a psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) Katia Mecler segue a recomendação da edição mais recente do “DSM”, publicada em maio de 2013. No entanto, ela acredita que faltam pesquisas para esclarecer melhor a questão. “É preciso tomar cuidado com o preconceito. Há pouco tempo os gays eram considerados doentes”, alerta Katia. — Mas também temos que lembrar que pode se tratar de um problema, que pode ser causado por disfunções hormonais, medicamentos que baixam a libido ou até mesmo por dificuldades no relacionamento. A tese de Elisabete ainda não está pronta, mas uma das principais percepções é que, para os assexuais românticos — definição para aqueles que estão abertos ao relacionamento amoroso — há o medo de acabar a vida sozinhos. “Minha mãe é que as vezes me cobra pelas “namoradinhas”, mas como se sentir bem ao lado de alguém que no, final, espera sexo?”, questiona o auxiliar administrativo Ariel Franz, de 23 anos, que criou no Facebook a página Assexuais Também Amam. — Não significa que eu não esteja aberto para uma relação. Se aparecer uma outra pessoa assexual, quem sabe?


Marcos Alves

Cláudia Kawabata é um dos poucos assexuais a se assumir. Após passar por um casamento conturbado e uma série de diagnósticos equivocados, ela hoje é ativista da causa e se considera uma pessoa mais feliz

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Suco de melancia é o novo viagra? Dois novos estudos dizem que a fruta é tão boa para a circulação sanguínea que pode reduzir a hipertensão e aliviar a disfunção erétil

D

ois novos estudos da Universidade da Flórida e da Universidade italiana de Foggia, afirma que o suco de melancia é tão bom para a circulação sanguínea que pode reduzir a hipertensão e aliviar a disfunção erétil — tudo por causa da citrulina, que relaxa e dilata os vasos sanguíneos. E ainda tem apenas 71 calorias por porção, é rico em vitamina C e potássio. Mas como a melancia vira Viagra no organismo? O aminoácido citrulina é transformado em arginina, precursor do óxido nítrico, que ajuda na dilatação dos vasos sanguíneos. Mas antes de comemorar, pense: cerca de 110 gramas de melancia contém 150 miligramas de citrulina. Não se sabe ao certo quanto de melancia é preciso para aumentar os níveis sanguíneos de arginina. Em estudo de 2007 na revista “Nutrition”, voluntários que beberam 8 copos de 225 ml de suco de melancia por dia durante três semanas e aumentaram os níveis de arginina em 11%. “Considerar a melancia um novo Viagra é prematuro”, diz Roger Clemens, professor de farmacologia na Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles. Ele estudou o efeito da arginina na melhora vascular e, desde então abandonou essa linha de estudo.

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“A grande maioria dos homens produz arginina suficiente”, diz Irwin Goldstein, diretor médico do Centro Médico do Hospital Alvarado, em San Diego, e professor clínico de cirurgia da Universidade da Califórnia, em San Diego School of Medicine. — Homens com disfunção erétil não necessaria-

mente têm deficiência de arginina. Embora a arginina seja necessária para fazer o óxido nítrico e o óxido nítrico seja necessário para dilatar os vasos sanguíneos e ter uma ereção, isso não significa que comer algo que é rico em citrulina fará arginina suficiente ao ponto de melhorar ereções penianas, ele diz. Reprodução


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Gil Borges

Wellington Casarão

As 16 candidatas que disputaram Miss Arujá 2014

Carol Barbosa é eleita Miss Arujá 2014 Final do concurso foi realizado no sábado, dia 24 de maio, em Arujá.

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Clube União, em Arujá, recebeu a final do Miss Arujá 2014. Com 19 anos, a vencedora do concurso é Carol Barbosa, uma linda morena de olhos claros. Das 16 candidatas classificadas para a final, duas concorreram acirradamente: Bruna Couceiro (23), e Amanda Spanic (21), ficaram com o segundo e terceiro lugares respectivamente. Segundo o coordenador do concurso, Luiz Emídio, o evento não é apenas de beleza. Ele envolve projetos sociais, turismo e economia. “O nível foi bom e foi difícil escolher a miss. O concurso não é apenas sobre beleza, onde todas as candidatas levaram um projeto social”, contou. Thiago La Corte, também coordenador do concurso, disse que a vencedora representa bem a cidade e já está se preparando, se possível, para o Miss São Paulo. “A 'Carol' era uma das favoritas e é linda, simpática e empenhada. Estamos preparando ela, com relação ao corpo e psicologicamente, para representar nossa cidade”, afirmou Este ano a apresentação do concurso contou com a participação do médico Luiz Moura e da modelo Tatiane Minerato. Expressão News - Junho/2014 - 26

Carol Barbosa, a vencedora do Miss Arujá 2014.


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Fotos: Gil Borges/EN

Gente de Expressão

Fatec - Arujá: O governador Geraldo Alckmin, o delegado de polícia de Arujá, Jean Cerri Casso e o prefeito Abel Larini

Em São Paulo: A linda Carla Diaz, marcou presença no Skull Bar, no Jardim Europa/SP

Fatec - Arujá: Leandro Larini e sua esposa Camila Em São Paulo: O apresentador Otávio Mesquita e Melissa Wilman

Em São Paulo: A ex-BBB, Fernanda Keulla e a atriz Juliana Knust

Expressão News - Junho/2014 - 28

Fatec - Arujá: A secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico de Arujá, Ifigênia Luiz de Oliveira e o mestre de cerimônias do governo Alckmin, Boanerges Panão


Miss Arujá 2014: As Misses Arujá 2013, Beatriz Querentino (2°) e Renata Pereira (1°)

Fatec - Arujá: Prefeito de Itaquá, Mamoru Nakashima, o vereador Gil do Gás e o deputado federal Roberto Lucena

Miss Arujá 2014: A blogueira Madú Ávila, Luiz Emídio (produtor do Miss Arujá) e a Miss Arujá 2013, Renata Pereira

Fatec - Arujá: Padre Gabriel Bina (prefeito de Santa Isabel) e o governador Alckmin

Miss Arujá 2014: Leandro Larini e o ex-prefeito de Guararema, Márcio Alvino


Última Página Ainda se fazem ladrões como antigamente Num mundo em que a violência passou a ser trivial, não deixa de ser curioso saber de um crime que podia ser coisa de cinema

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inha irmã perdeu o celular. Perdeu é modo de dizer: teve o celular roubado, o que é rotina tão rotineira na nossa cidade que já não chega a ser notícia. O que eu estranhei, quando recebi mensagens das minhas sobrinhas me avisando do acontecido, é que o roubo aconteceu enquanto ela estava no palco, tocando, durante o concerto de encerramento do IV Festival de Música Antiga da UFRJ, no Salão Leopoldo Miguez da Escola Nacional de Música, ali no Centro. Logo imaginei portas arrombadas e camarins revirados, mas mais tarde, conversando com a Laura, soube que a história foi ainda mais estranha. (Abro o parênteses para fazer uma recomendação: se vocês ainda não conhecem o Salão Leopoldo Miguez, não deixem de aproveitar a primeira oportunidade para visitá-lo. Ele fica na Rua do Passeio, praticamente ao lado da Sala Cecília Meireles, e é uma das mais belas salas de concerto do Rio de Janeiro. Fecho o parênteses.) Eis o que a Laura me contou: “Foi uma tarde daquelas, em que nada dá certo. O concerto seria às 19h, e saí bem cedo de casa para ter tempo de dar uma passada no programa com o pessoal. Esperei, esperei e nada de táxi. Liguei pro Easy Taxi, pro 99Taxi, pra tudo o que é táxi, e nada. E o tempo passando! Comecei a ficar angustiada. Corri para o metrô, o que significa que tive que andar o trecho entre a estação e a Escola Nacional de Música já de noite. E morrendo de medo, porque dia sim e outro também alguém conta uma história de roubo de instrumento em frenExpressão News - Junho/2014 - 30

te à ENM, e eu estava com as minhas duas flautas favoritas. Mas, tirando o fato de ter chegado esbaforida e em cima da hora, nada me aconteceu, e eu relaxei, aliviada, enquanto montava a flauta e tocava umas notinhas antes de o público ocupar seus lugares. Toquei com a Gretel Paganini, o Felipe Prazeres e o Eduardo Antonello. Acho que o concerto foi bem bonito e, em alguns lugares, realmente inspirado e tocante. Mas teve um momento de surrealismo puro. Imagine que, lá pelo meio do programa, um sujeito esquisitão, com cara de turista perdido e ligeiramente bêbado, com camiseta da seleção argentina, subiu trôpego ao palco, como se estivesse procurando alguma coisa, uma porta de banheiro, uma saída. Dizem que cheirava a cachaça, e que resmungava baixinho o tempo todo. Bom, ele acabou entrando pelo palco e visitando rapidamente o nosso camarim, enquanto nós quatro, desligados de tudo, fazíamos soar os acordes de Carl Philipp Emanuel Bach, enlevados pela música. Alguns minutos depois, diante dos olhares perplexos da plateia, que ainda tentava entender como é que um sujeito maluco sobe no palco em pleno concerto, saiu meio cambaleante, desceu as escadas e sumiu na noite... carregando no bolso o iPhone da Gretel e o meu Samsung, além de todo o nosso rico dinheirinho! “Mas como é que deixaram a porta do camarim de vocês aberta?”, perguntei, já indignada com a Escola Nacional de Música. “Não deixaram — disse a Laura. — Você lembra como é a sala? O camarim tem duas entradas, uma por trás, que foi fechada, e bem fechada, e uma

pela frente, que dá direto no palco. A única forma de chegar a essa entrada é, justamente, pelo palco. Ou seja, só os músicos têm acesso a ela. Ou teriam, porque ninguém também imagina que um maluco vai subir pelo palco adentro durante um concerto, não é? “Mas vocês não viram o cara? Por que não pararam o concerto e correram com ele de lá? “Não, claro que não vimos! Quando tocamos, ficamos insensíveis ao resto do mundo, concentrados na música. Não registramos nada. Tudo isso que eu te disse eu sei porque me contaram depois, mas na hora nenhum de nós percebeu nada. Já o público não tomou nenhuma atitude porque, obviamente, todo mundo esperava que alguém da produção retirasse o intruso do palco, de preferência sem atrapalhar o concerto. E quando a produção foi atrás, ele já estava saindo. Terminamos com um lindo trio de Quantz. Quando voltamos para o camarim é que percebemos que ele havia feito a limpa. Em pleno concerto, diante da plateia em peso, incluindo vários professores da UFRJ e o próprio diretor da casa, que ficou compreensivelmente consternado. E a Gretel e eu, apesar de muito abaladas, só pensávamos no que havia escapado — a Gretel, no seu segundo arco, e eu, na minha flauta reserva, que ainda estava na bolsa. É claro que ia ser difícil para o sujeito sair carregando uma flauta e um arco de cello pelo palco afora e o público não perceber, mas ainda assim... Ousadia pelo menos ele tem de sobra. E celulares também, agora! É claro que fiquei solidária com a Laura e muito revoltada com o roubo. Mas confesso uma pontinha de admiração malsã por este canalha audacioso, que me lembrou os ladrões clássicos e elegantes da literatura e do cinema, e um tempo em que a “profissão”, se é que se pode chamá-la assim, envolvia doses iguais de habilidade, criatividade e risco. Num mundo feito o nosso, em que as palavras “ladrão” e “assassino” são praticamente sinônimos, e em que a violência passou a ser elemento trivial do cotidiano, não deixa de ser curioso saber de um crime que podia ser coisa de cinema. Pré-Tarantino, bem entendido. Cora Rónai


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