REVISTA EXPRESSÃO NEWS - NOVEMBRO/2014

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Express達o News - Novembro/2014 - 03


EDITORIAL

A mensagem das urnas A eleição presidencial que mais parelha dos 125 anos de República deixa o país dividido entre os que produzem e pagam impostos e os beneficiários de programas sociais

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21ª eleição presidencial direta ganha o merecido destaque nos 125 anos de história da República brasileira. O seu desfecho foi não só o mais parelho desde 1989, quando Collor venceu Lula, como de todos os tempos, com a vitória da candidata petista à reeleição, Dilma Rousseff, por apenas 3,2 pontos percentuais sobre o oposicionista tucano Aécio Neves, metade da já estreita margem observada em 89: 51,64% contra 48,36%, uma diferença, em grandes número, de 3 milhões de votos, equivalente a um eleitorado pouco maior que o da Paraíba. O desenho esboçado no primeiro turno, com a divisão do país em dois grandes blocos, recebeu traços mais fortes: grosso modo, o Norte-Nordeste perfilado ao PT, o Sudeste-Sul-Centro/ Oeste com a oposição. Fica evidente que o país que produz e paga impostos — pesados, ressalte-se — deseja o PT longe do Planalto, enquanto aquele Brasil cuja população se beneficia dos lautos programas sociais — não só o Bolsa Família —, financiados pelos impostos, não quer mudanças em Brasília, por óbvias razões. Este comportamento eleitoral previsível foi explorado pelo PT. A campanha de Aécio denunciou uma série de golpes baixos desfechados para aterrorizar beneficiários desses programas — considerando os dependentes, apenas o Bolsa Família congrega uma clientela de 50 milhões de pessoas, um quarto da população brasileira, muitos deles eleitores. Há registro de mensagens recebidas por bolsistas de que Aécio acabaria com o BF, o mesmo tendo ocorrido com participantes do Minha Casa Minha Vida. Quem teria acesso a esses cadastros a não ser gente do governo? A arma do terrorismo é peça de artilharia da marquetagem eleitoral já conhecida. Mas, desta vez, seu emprego teria aumentado de escala. Partidos do governo, num país como o Brasil, de grandes desníveis sociais e regionais, costumam cavar trincheiras nas áreas mais pobres, por serem elas as mais dependentes de repasses de recursos públicos. Não é novidade. A ressalva está na demarcação de um forte sentimento antipetista no Sudeste, CentroExpressão News - Novembro/2014 - 04

-Oeste e Sul, mais que em outros pleitos. A avassaladora antipetização do Estado de São Paulo, o mais populoso e rico da Federação, leva mensagem que precisa ser decifrada pelo Planalto e partido. O mais otimista tucano não poderia esperar que um mineiro receberia 15,3 milhões de votos no estado, 64,3% do colégio eleitoral paulista, contra 35,6% confiados a Dilma. Foi dura a derrota do PT no estado em que nasceu, inclusive na região específica do ABC, na qual o movimento sindical dos metalúrgicos, na década de 70, gerou Lula e outras lideranças do partido e da CUT. Em contrapartida, o mais pessimista tucano não imaginaria que Aécio perderia na própria Minas, no primeiro turno e no segundo. No primeiro, além de ficar atrás de Dilma, não conseguiu que seu candidato Pimenta da Veiga impedisse Fernando Pimentel (PT) de vencer a eleição para governador no primeiro turno. No segundo, o máximo que o tucano conseguiu foi reduzir danos, perder para Dilma por uma diferença menor (52,4% a 47,6%). O equívoco na escolha para disputar Minas de um político já desligado do Estado, uma demonstração de excesso de confiança, se somou à enorme e nada surpreendente vitória de Dilma no Nordeste e Norte para explicar a derrota de Aécio, na maior chance que a oposição teve de voltar ao Planalto desde a primeira vitória de Lula, em 2002. Foi, portanto, com justificada alegria que Dilma, Lula e correligionários subiram ao palco, num hotel em Brasília, naquela noite de domingo, para comemorar a difícil vitória. O fato de Dilma e Lula estarem de branco, e uma bandeira do Brasil ficar exposta no púlpito, foi um símbolo positivo: os dois fizeram questão de não trajar o vermelho partidário, forma de sinalizar uma adequada preocupação em engavetar, pelo menos naquela hora, a paixão partidária. Que continue assim. No primeiro discurso como candidata reeleita, a presidente reforçou a mensagem simbólica ao dar um importante aceno, mesmo sem admitir a divisão do país: “algumas vezes na história, os resultados apertados produziram mudanças mais fortes e rápidas do que as vitórias amplas. (...) Minhas primeiras palavras são de chamamento da base e da união.

(...) Esta presidente está disposta ao diálogo, e esse é meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo." O discurso, infelizmente, teve partes contraditórias, como se houvesse sido escrito por dois redatores diferentes. Esta parte da proposta de diálogo, e uma outra, em oposição ao entendimento, de defesa de uma reforma política por meio de plebiscito, já rejeitada pelo Congresso, no ano passado, quando a ideia foi gestada em frações nacional-populistas do PT, em meio às manifestações de junho, e levadas a Dilma. Ora, se em 2013 a ameaça de inspiração chavista de escantear o Congresso por meio de uma consulta popular para viabilizar projetos petistas — eleição em lista fechada, financiamento público de campanha, etc — já não prosperou, na próxima legislatura é que não vingará mesmo. Afinal, no Congresso que assume em 2015, o PT continuará o maior partido da Câmara (70 deputados), porém com a supressão de 18 cadeiras. O PMDB, contra o plebiscito, perderá menos deputados — 66 contra 71 —, e ainda haverá um PSDB com 54 cadeiras, dez a mais que no Congresso que está em fim de legislatura. Isso sem considerar a forte bancada que a oposição terá no Senado, com a volta dos tucanos José Serra (SP) e Tasso Jereissatti (CE), que se juntam a Aloysio Nunes e Aécio, donos de ainda quatro anos de mandato, tendo o candidato derrotado por Dilma saído da eleição como forte líder das oposições. A melhor alternativa é negociar alterações tópicas e eficazes: cláusula de barreira e fim das coligações em eleições proporcionais. Erra Dilma ao anular seu aceno de diálogo com a reafirmação de uma proposta que crispará os ânimos a partir de 2015. Entende-se que ela, naquele domingo, precisava animar a militância. Mas exagerou. Em vez de semear conflitos, a presidente reeleita deve tratar de começar a desatar nós cegos que existem na economia — razão pela qual os mercados regiram um dia depois com mau humor aos mais quatro anos deste governo. Esta urgente lição de casa passa pela escolha de nomes para postos-chave da área econômica que mostre que a presidente não cometerá o erro fatal de dobrar a aposta numa política fracassada. Os sinais são gritantes: inflação engessada em torno do limite superior da meta (6,5%), estagnação na produção com inexoráveis reflexos no mercado de trabalho — um trunfo eleitoral que se esvai —, contas externas em sério desequilíbrio e contas públicas desalinhadas e em total descrédito. Este quadro também foi denunciado pela metade do país que ficou na oposição. Faz parte da mensagem a ser entendida.


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Avós têm direito legal sobre os netos Os avós têm o direito de visitar os netos. O que prevalece é o bem-estar da criança ou do adolescente.

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s avós têm o direito de recorrer à Justiça em casos em que os pais tentam impedir a convivência com os netos. Além disso, eles têm, garantido por lei, o direito de receber pensão alimentícia quando têm a guarda legal da criança. Quando a filha da aposentada Eni Siqueira se separou, a neta dela, de nove anos, ficou com o pai. A avó conta que era impedida pelo genro de ver a menina: “Ela corria, não chegava perto de mim. Eu não podia porque ele proibiu. Proibiu ela e proibiu na escola, que eu não podia pegá-la. Eu ficava arrasada”. Eni procurou a Justiça e conseguiu autorização para se encontrar com a criança. “Vó

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tem direito sim, é mãe duas vezes”, afirma. Os avós que perderam contato com os netos e lutam para conviver com as crianças, contam suas histórias em uma página na internet chamada Associação dos Avós Excluídos. Segundo a lei, os avós têm o direito de visitar os netos, mesmo que a convivência com a nora, o genro ou o próprio filho, não seja boa. O que prevalece é o bem-estar da criança ou do adolescente. “O juiz vai avaliar se essa convivência é salutar para a criança. Se a convivência é salutar, não há nenhum motivo para impedir. Estabelecer um domingo no mês, um sábado no mês, passar férias, um fim de semana”, afirma Claiton Rosa Resende, juiz da Vara de Família. O Código Civil também prevê que a guar-

da e a educação dos filhos podem, a critério do juiz, ser concedidas aos avós. A lei define ainda que os pais paguem pensão alimentícia aos avós que tiverem a guarda. As situações mais comuns de perda da guarda para os avós são maus-tratos, negligência na educação e falta de estrutura para criar o menor. Elizabeth Aparecida de Oliveira conseguiu a guarda do neto, porque os pais dele são dependentes de droga. A criança foi levada da maternidade direto para um abrigo. “Eu pensei que poderia trazer no momento, mas ela me falou que ia ter que ir no juizado para pegar guarda. Eu lutei por seis meses, frequentei o abrigo toda semana, até conseguir. Achei que era muito importante que ele continuasse na família", relata a avó.


Avós vão à Justiça pelo direito de ver os netos Vítimas indiretas do fim conflituoso do casamento dos filhos, eles se apoiam em lei recém-sancionada que lhes assegura benefício Reprodução

A aposentada Eni Siqueira "Os netos são a última grande paixão dos avós." Na primeira vez em que leu essa afirmação, cunhada pelo jurista Edgard de Moura Bittencourt, o advogado Henrique Lindenbojm apenas a achou bonita e apropriada para citar na ação que um casal de clientes movia contra o filho que os impedia de ver os netos. Era a década de 1980 e a causa foi ganha. Quase 30 anos depois, a frase ganhou outro significado. Ao citá-la, os olhos desse senhor de 71 anos se enchem d'água. "Agora, ela dói na alma", resume ele. Segundos de silêncio depois, ele completa: "É desolador perder o contato com aqueles que levam o seu sobrenome." Impedido de ver os netos, ele teve de recorrer à Justiça e, sabendo que a sua situação é a mesma vivida por muitos outros brasileiros, criou, há dois meses, a página Associação dos Avós Excluídos, no Facebook. "Meu objetivo é alertar sobre a existência desse problema e ajudar a quem sofre dessa mesma privação", diz Lindenbojm. O direito de convívio é previsto na Constituição, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, no ano passado, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que adicionou ao Código Civil um parágrafo que diz que "o direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a crité-

rio do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente". "Quando se proíbe esse relacionamento, transgride-se um direito da criança", explica o desembargador Rui Portanova, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. "No âmbito dos relacionamentos familiares, a Justiça trabalha com as questões da afetividade e da solidariedade. E, sob esses aspectos, o direito dos avós verem os netos é legítimo e deve ser respeitado." Desavenças. Na maioria dos casos, a proibição chega aos avós por efeito cascata do fim conflituoso do casamento dos filhos - as crianças ficam com a mãe, que as proíbe de contato com parentes paternos -, mas há exemplos de desavenças na própria família, isto é, filhos que rompem com os pais e vetam a convivência deles com os netos. A psicóloga Elodéa Palmira Perdiza trabalha no Centro de Estudos e Assistência à Família (Ceaf), uma organização sem fins lucrativos que atua no atendimento psicológico, jurídico e na mediação de conflitos familiares. Ela conta que esse tipo de situação é corriqueira, mas que "cada caso é um caso". "Há casos em que os avós são vetados por uma discussão boba ou por uma espécie de punição por excessos de pa-

paricos. Esses são mais simples e conseguimos resolver com uma conversa", diz. Há outros mais complexos, como o de uma senhora que criava o neto até que a filha se casou e o marido (que não é pai do menino) dificulta o contato da avó com o enteado. "Conversamos e, por enquanto, conseguimos que a avó veja o neto um domingo por mês. O objetivo, agora, é diminuir esse intervalo." Quando não se chega a um acordo, a orientação é clara: procure a Justiça. Foi o que fez Celina (nome fictício), há mais de 15 anos, quando seu filho único se separou da mulher e a ex-nora só a deixava ver a neta acompanhada pela babá ou pelo segurança. E, com o tempo, até esses encontros foram dificultados. "Ela dizia que a menina já tinha outros compromissos, que o fim de semana estava corrido, que ela ia viajar e por aí vai", lamenta. Indignada, Celina procurou a Justiça e ganhou a causa. "A partir de então, tive um dia estipulado e meu direito de ficar com ela sem a supervisão de ninguém." A regra valeu até que a neta se tornasse adolescente. "Depois disso, nos encontrávamos sempre que ela queria. Uma hora os encontros rarearam porque eu concorria com as baladas e o namorado. Mas é diferente, não é?" Já Augusta (nome fictício) prefere a distância a criar um possível conflito entre a filhas e as netas. "Sei como é sofrer o desprezo de uma filha. Mas, por isso mesmo e apesar disso, não quero fazer o mesmo com ela, colocando minhas netas contra a mãe" (mais informações nesta página). Proibidos. Há poucos motivos para que o pedido dos avós seja negado. O desembargador Portanova explica que isso acontece quando se percebe que a ideia do avô é, por exemplo, facilitar o contato de um dos genitores que estejam proibidos judicialmente de ver o filho. "Se um pai é impedido por conta de suspeita de abuso, por exemplo, e a gente suspeita que esse avô quer burlar essa determinação, então vetamos", diz. O desembargador Álvaro Augusto dos Passos, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), diz que se há a percepção de que a relação familiar também é muito tumultuada, manter a distância pode ser uma solução temporariamente apropriada. "Já cheguei a negar numa situação como essa", revela. "Mas é exceção. O que a gente sempre pesa é o bem-estar da criança e, para isso, tentamos reproduzir uma situação de normalidade. E o normal são os netos conviverem com os avós", acrescenta. Expressão News - Novembro/2014 - 09


Coronel Telhada critica votos nulos e fala em separar Sudeste do resto do país

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coronel Telhada (PSDB), deputado estadual eleito em São Paulo, culpou nas redes sociais os eleitores que votaram branco, nulo ou que não votaram no dia 26 pela vitória de Dilma Rousseff. A declaração foi mais amena que a publicada na noite do mesmo dia, também em sua página no Facebook, quando Telhada disse que o Sul e o Sudeste deveriam iniciar "o processo de independência de um país que prefere esmola do que o trabalho, preferem a desordem ao invés da ordem, preferem o voto de cabresto do que a liberdade". Ao falar dos votos brancos e nulos, Telhada disse que são mais de 30 milhões de pessoas "culpadas" pela vitória da presidente Dilma (PT) na disputa pela reeleição. Ele também defendeu a autonomia dos Estados brasileiros, que, segundo ele, deveriam poder "administrar sua própria arrecadação e inclusive Expressão News - Novembro/2014 - 10

terem condições de legislar sobre si próprios, adaptando as leis existentes às necessidades de cada Estado". Telhada afirma que o Estado de São Paulo é responsável por cerca de 40% de toda a arrecadação do governo federal, e tem um retorno inferior a 10%. Para ele, o tamanho do Brasil prejudica a administração centralizada e "dividindo teremos uma governabilidade melhor". Na mensagem mais pesada, o deputado também questionava: "por que devemos nos submeter a esse governo escolhido pelo Norte e Nordeste? Eles que paguem o preço sozinhos". No dia seguinte, ele baixou o tom. "Eu nunca discriminei qualquer pessoa por sexo, cor, religião, origem, time de futebol ou qualquer outro motivo e abomino quem assim o faça. Jamais falei mal do povo nordestino e isso nunca acontecerá... Sempre lutei pelo cidadão de bem contra qualquer tipo de crime ou discriminação." A presidente Dilma venceu em todos os Estados do Nordeste e na maior

Reprodução

parte dos Estados da região Norte. Em Estados como Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia a preferência por Dilma lhe garantiu mais de 70% dos votos. Por outro lado, o candidato Aécio Neves (PSDB) saiu vencedor no Sul e parte do Sudeste, com destaque para São Paulo, onde teve 64,31% dos votos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contabiliza apenas os votos válidos na escolha do presidente, o que correspondeu a 105.542.273 de um total de 142.822.046 eleitores em todo o país. O coronel Telhada aproveitou também para criticar a gestão de Fernando Haddad (PT) na cidade de São Paulo, defendendo a divisão da cidade. "Cito até a cidade de São Paulo que está totalmente desgovernada e um dos motivos, além da incompetência do prefeito é o tamanho descomunal do município; pergunto porque não dividir a cidade de São Paulo em cinco municípios? Seria melhor governável, melhor administrada e com recursos melhores distribuídos..."


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Filha de padre guarda segredo por 25 anos Maria Helena guarda segredo por 25 anos para proteger sacerdócio do pai

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aria Helena de Aguiar N. é uma sobrevivente. Sobreviveu, em silêncio, ao peso de um poderoso estigma, o de ser filha de um padre, da Igreja Católica, que permaneceu na função. Passou 25 dos seus 31 anos soterrada pelo peso da culpa (alheia), até que o noticiário em torno da abertura da igreja para homossexuais e católicos casados fora dos cânones animou-a a prestar este depoimento. O silêncio produziu feridas, mas não a impediu de formar-se em Relações Internacionais, pela Universidade de Brasília, e de, ironia do destino, tornar-se funcionária da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência -justamente ela a quem o destino negou o elementar direito de dizer "meu pai". O segundo sobrenome é omitido a pedido dela, que não quer expor o pai. Depoimento... Lembro-me bem da luminosidade do dia e do local em que soube que era filha de um padre, um padre que não abandonara o sacerdócio. Era uma manhã de sol, na varanda do nosso apartamento em Brasília. Minha mãe disse: "É um segredo. Nunca revele a ninguém. Seu pai é padre. Quando lhe perguntarem sobre isso diga que ele é professor universitário. De filosofia. No sul do país". Acho que tinha 4 ou 5 anos, no máximo. Nessa idade, acredito, não se questionam ordens. Se obedece. E assim foi feito por cerca de 25 anos. Os contatos com meu pai eram muito rápidos e feitos por meio de ligações teleExpressão News - Novembro/2014 - 12

fônicas a cobrar, três vezes ao ano. Páscoa, aniversário e Natal. Sussurradas. Talvez como forma de aumentar a culpa pela transgressão à norma e pela minha existência não se optou por romper de uma vez por todas o frágil laço que nos unia. Na infância, a manutenção do segredo era essencial para minha sobrevivência em um ambiente familiar e escolar absolutamente católico. Estudar em colégios como Santa Doroteia, Sagrada Família, Marista e outros cuja coordenação pedagógica era administrada por ordens como a salesiana ou pela Opus Dei (uma prelazia), era, para mim, o grande desafio da discrição e do anonimato. Para além da excelente formação educacional e cultural recebida nesses colégios, formei-me, também, na arte da despersonalização. Quanto mais calada, mais introspectiva e menos informações pessoais aos colegas de classe, melhor. Em uma época em que filhos de pais divorciados ainda sofriam discriminação, via como verdadeira sentença de morte a possibilidade de ser descoberta como filha de padre. Características físicas e de personalidade como timidez, discrição, voz baixa, aspecto frágil e doçura foram, na verdade, ativos desenvolvidos como proteção pela sobrevivência nesses ambientes. Hoje me divirto quando recebo elogios ou críticas nesse sentido. A maioria dessas características permanece. Brinco com alguns amigos mais íntimos que poderia mandar meu currículo para a inteligência russa em razão desse treinamento intensivo de mentira e de dupla espionagem desde a infância.

As catequeses e as missas dominicais, de igual maneira, eram ambientes inóspitos e muito pouco acolhedores aos quais acabei me adaptando com o passar dos anos e, paradoxalmente, gostando de frequentar. Essa é hoje a parte da história que mais me assusta. Pensar que, ao mesmo tempo em que gostava de frequentar ambientes e ritos religiosos, acreditava também na ideia de que eu era a materialização do "pecado" pela quebra do celibato. Isso significou me descobrir alguém que gostava de se sentir punida. Certo dia acordei de manhã e me vi como a cachorrinha Kashtanka de um dos clássicos de Tchekhov, que largou uma vida confortável no circo e voltou para o "conforto" de seu dono agressor. Tive medo. Esse meu gosto pelo sofrimento significava, na realidade, a reprodução de uma opção feita pelos meus pais de não abandonarem parte importante da sua


Maria Helena, 31, no Santuário Dom Bosco, em Brasília

identidade cultural –a religião católica– por conta da concepção de uma filha. A escolha pela negação da identidade de pai e de mãe em função da reafirmação de uma identidade católica –mais forte e dominante. E a óbvia culpa manifestada inconscientemente em diversas ocasiões. Sempre existiu a opção de abandonar a profissão de padre ou a de criar a filha em um ambiente não religioso e livre da culpa católica. A liberdade e a plena consciência são sempre uma opção. Mas optou-se pelo sofrimento e pela culpa. De ambas as partes. A minha não reação a fatos importantes, como quando soube pela minha mãe que meu pai lhe pediu aborto ou que ela própria tentou se matar em uma depressão pós-parto, são sinais de o quanto o silêncio e a negação de fatos reais sempre foram, para mim, confortáveis refúgios de sobrevivência. A vitimização e a manutenção do silêncio teriam sido o caminho mais fácil caso

não tivesse a sorte de ouvir de uma amiga psicóloga: "Esse segredo não é seu!". Aos poucos essa frase foi se solidificando e fui me afastando cada vez mais dos dogmas religiosos e do estigma de ser "filha de padre". Ainda hoje, porém, o inconsciente continua me dando algumas rasteiras e, por vezes, me vejo revivendo dores de vazios não preenchidos. Ouvi recentemente de uma amiga de trabalho que ela e o marido estavam preparando um almoço de casamento para suas famílias. No mesmo instante, ouvi de novo a frase de um funcionário do seminário quando, pela última vez, em 2006, tentei contato com meu pai por meio de ligação anônima e obtive a seguinte resposta: "Ele está de férias com a família". Família é conceito difuso. Deveria ser o lugar de acolhimento e de hospitalidade de todo indivíduo. O lugar no qual todos os membros se sentissem queridos, protegi-

Sérgio Lima

dos, abraçados – não de forma teatral e dissimulada, mas genuína. Lugar de acolhimento do ser em sua essência – e não de julgamentos pela escolha de parceiros, pela opção sexual, pela renda, pelo tipo físico ou pela vida pregressa dos pais. Para os filhos de padres, bastardos por decreto da Igreja Católica desde o nascimento, o conceito de família é algo a ser repensado e ressignificado. Caso contrário, é possível que traumas se instalem e se perpetuem por gerações. Na França, na Alemanha e na Áustria existem associações de filhos de padres, os chamados "Enfants du Silence". No Brasil não. Talvez pelo amplo moralismo e conservadorismo que ainda permanecem em nossa sociedade. Ou pelo medo. A Igreja Católica e a sociedade brasileira precisam dar voz a esse segmento de sobreviventes. Sobreviventes do aborto, do preconceito e, especialmente, de anos de silêncio acerca de sua identidade. Expressão News - Novembro/2014 - 13


Fotos: Reprodução

Com diabetes, Paula Toller diz que “correr é praticamente uma insulina”

Há cinco anos convivendo com o diabetes, a cantora garante que leva uma vida mais saudável

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aula Toller, 52 anos, tem uma vida extremamente saudável. Mesmo com os compromissos diários da profissão e a agenda de shows, ela garante que não pula as refeições, mantém um cardápio alimentar balanceado, pratica exercício físico todos os dias e consome bebida alcoólica só de vez em quando. Será este o segredo para exibir um corpo esbelto? "Depois que descobri o diabetes tipo 1 no verão de 2009, precisei adaptar minha rotina para poder incluir a monitorização da glicemia e a aplicação da insulina. Sempre tive hábitos saudáveis, mas o diabetes me deixou ainda mais". Amante de atividade física, a cantora revela que “correr funciona praticamente como uma insulina”. "Começo a atividade com a glicemia em 150 mg/dl e depois da corrida ela cai para 80 mg/dl. Se não consigo correr, Expressão News - Novembro/2014 - 14

faço caminhada, academia, pilates ou jogo tênis. Não importa o tipo de exercício, desde que eu faça todos os dias. Diabetes: descubra os mitos e verdades sobre a doença Embora para muitas pessoas o diagnóstico de diabetes esteja associado com a proibição do açúcar, Paula garante: “não deixo de comer nada, nem doce”. "A única mudança foi reduzir a quantidade. Além disso, faço contagem de carboidratos o que me dá mais flexibilidade para comer e não ganhar peso. Acho que todo mundo que quer emagrecer deveria aprender a contar os carboidratos das refeições". Para a cantora, adaptar a alimentação não foi a parte mais difícil do tratamento, mas sim receber o diagnóstico. "Mesmo meu pai tendo diabetes tipo 1, fiquei em choque e apavorada de saber que eu também era diabética. Me perguntava por que eu e admito que tive um período de negação".

Excesso de doce causa diabetes? Descubra a resposta Foi em uma consulta de rotina com o dermatologista que Paula descobriu a doença. "Ele me achou magra demais. Eu já tinha percebido, mas confesso que estava adorando meu corpo. Além disso, sentia muita sede, mas como era verão até achei normal. Fazia muito xixi, mas por estar bebendo muita água também pensei que fosse consequência. Além disso, me sentia muito cansada". O exame de sangue em jejum deu 340 mg/dl (quando o normal é 99 mg/dl). Seis meses após o diagnóstico de diabetes, a cantora descobriu hipotireoidismo. Apesar das doenças e de precisar tomar remédio para o resto da vida, Paula não se lamenta. "Pretendo viver muito ainda. Sei que se não controlar o diabetes, os prejuízos no futuro serão graves e não têm volta".


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ESPECIAL

O SEU NOVO EU

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A refilmagem de RoboCop (2014), dirigida pelo brasileiro José Padilha, retrata um dos debates mais importantes dos Estudos Estratégicos: a aplicação militar de novas tecnologias. O debate não se restringe apenas a robôs. Diz respeito também a questões de biotecnologia, uso do ciberespaço e de redes de computadores, entre outros. Por isso, extrapola a lógica puramente militar e relaciona-se também a questões sociais e políticas, questões filosóficas, questões éticas e morais, etc.

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avanço tecnológico das últimas décadas, trouxe sensíveis mudanças na atividade produtiva humana. Na Medicina parece que esse impacto foi ainda mais estarrecedor. Grandes empresas de alta tecnologia (nenhuma nacional) empregam milhões de dólares em pesquisas científicas a fim de construírem máquinas e instrumentos médico-hospitalares capazes de não só substituírem os sentidos humanos, mas potencializá-los à realidades antes jamais imaginadas. Essa modernização dos meios da atividade transformou o médico clássico em um técnico altamente especiaExpressão News - Novembro/2014 - 18

lizado, um profissional que produz em alta escala, um refém da produtividade. A erudição médica vai dando lugar a uma sólida estrutura instrumental. Não existe mais o médico de família. A impessoalidade se posicionou, irreversivelmente, entre o médico e o doente. O anonimato nas relações médico-paciente é a regra. O paciente se despersonalizou e tornou-se um mero número estatístico. Curar é preciso, relacionar-se não é preciso. E não é justo creditar essas mudanças apenas aos profissionais da medicina. São coisas do mundo novo. É o preço da modernidade. Não existe moeda de uma face. Na medida em que as novas técnicas anunciam tratamentos quase “milagro-

sos”, cresce no imaginário coletivo a certeza de que a Medicina tudo pode curar. O avanço da ciência nos diz que seremos bonitos e teremos superpoderes. A tecnologia e a biotecnologia estão reinventando o corpo humano. Cegos voltarão a enxergar, surdos voltarão a ouvir, pessoas paralisadas voltarão a andar, pessoas feias (ou não tão bonitas) ficarão mais bonitas. Serão uma revolução médica sem precedentes. A Bíblia Sagrada, em Daniel 12:4, afirma que nos últimos dias a ciência se multiplicará. E isso já começou!. Adeus silicone. Uma nova técnica traz implantes naturais, feitos com células da própria paciente. No procedimento que usa células-tronco para


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Uma nova técnica traz implantes naturais, feitos com células da própria paciente Divulgação

Microchip com sensores, que são capazes de restaurar a visão de uma pessoa cega

fazer os seios crescerem, com uma seringa é retirado cerca de 600 ml de gordura da barriga. Em seguida, a gordura é colocada numa máquina, onde é processada com enzimas que isolam as células-tronco misturadas às células adiposas. Por fim, as células-tronco são injetadas nos seios, onde formam novos vasos sanguíneos e novos tecidos - aumentando o tamanho dos seios. O resultado é como se a mulher tivesse nascido já com os seios maiores. Olho eletrônico. Os cientistas estão desenvolvendo uma impressionante solução cibernética para reparar danos na retina: um microchip com sensores, que são capazes de restaurar a visão de uma pessoa cega - que passa a enxergar com resolução de 38 x 40 pontos. É suficiente apenas para sentir a presença de luz, distinguir formas geométricas e reconhecer certos objetos. O chip torna as pessoas capazes de ver raios infravermelhos. Com a amplia-

ção da resolução, a visão artificial será mais poderosa que a humana, tanto na acuidade (capacidade de identificar detalhes sutis) quanto no alcance. Super audição. Já existem vários aparelhos que potencializam a audição das pessoas normais. Mas e um implante que permitisse plugar o seu celular ou iPod diretamente ao cérebro? O aparelho, desenvolvido pela empresa americana Cochlear para restaurar a audição de surdos, é uma caixinha que é acoplada ao osso atrás da orelha. Ele capta os sons ambientes e os transforma em vibrações no crânio - que o cérebro da pessoa converte em som. Também dá para plugar diretamente um telefone ou toca-MP3, com um cabo comum. A espetacular terceira dentição. Quer dentes novos? Quando seus dentes derem adeus, nada de dentadura ou implante com pinos de titânio. As células-tronco também revolucionarão a questão estética do sorriso. O tra-

tamento dentário do futuro será com aplicação de dentes naturais, feito com biomaterial da própria pessoa. Você deixaria uma amostra das suas células-tronco no dentista. Algum dente caiu ou está muito estragado? Basta tomar uma injeção na gengiva, onde as células-tronco darão origem a um novo dente, que nascerá de 2 a 3 meses depois. O fim da dentadura. Até a década de 1970, qualquer dor de dente era motivo para extração. Resultado: muitos pacientes, ainda jovens, passavam a usar prótese, a famosa “dentadura”. O tempo passou, a odontologia evoluiu e, mesmo assim, ainda hoje há quem perca seu sorriso natural. Fatores genéticos que levam a inflamações na gengiva e nos ossos são apontados como a principal causa de perda total de dentes. E foi há cerca de 50 anos, enquanto milhares de pacientes perdiam a autoestima e a capacidade de mastigar, que o ortopedista Per-Ingvar Bränemark desenvolveu, na Suécia, a Prótese Total Fixa tipo Protocolo. O médico descobriu que ao fixar próteses dentárias em bases de titânio implantadas nos ossos das maxilas a rejeição era zero. Havia integração total entre o osso e os pinos. O cirurgião-dentista, Dr. Nivaldo Andrade, desenvolve a técnica em seu consultório, em Arujá, há mais de 30 anos. “Quem usa a prótese total convencional perde até 75% da capacidade mastigatória; não consegue comer um churrasco com segurança, por exemplo. Já com a Prótese Total Fixa tipo Protocolo, o paciente tem a garantia de 100% da mastigação, da fonética e da deglutição. A dentadura não fica frouxa com o tempo e, caso esteja na arcada superior, o palato fica descoberto, possibilitando sentir melhor o sabor dos alimentos”, explica. Com um protótipo nas mãos, o dentista tem uma clara visão da situação clínica, pode planejar e simular tudo o que pretende fazer na boca do paciente. Tudo isso, sem o paciente ter que ficar horas esperando. Este é um trabalho que é desenvolvido bem antes, na frente do computador. Somente depois de estudar todas as possibilidades, é que a cirurgia é realizada. Dr. Nivaldo explica que com as novas técnicas já é possível fazer um implante sem cortes com perfurações apenas nos locais predeterminados, desde que o paciente apresente condições para este procedimento. "Antigamente, era feito um corte na extenCONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE

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ESPECIAL

“A ciência se multiplicará” Divulgação

A transformação facial através da ciência Divulgação

O avanço na Implantodontia, a partir de tomografias digitalizadas e guias tomográficos e com o uso de softwares para futuras instalações de implantes

são da gengiva para identificar onde havia osso. Com isto, o paciente sofria mais, tinha mais perda de sangue e o trabalho era demorado", explica. Atualmente, a tecnologia permitiu um avanço na Implantodontia, a partir de tomografias digitalizadas e guias tomográficos e com o uso de softwares para Expressão News - Novembro/2014 - 20

futuras instalações de implantes pode-se confeccionar guias cirúrgicos que orientam na colocação, desta forma é possível realizar cirurgias sem cortes e com maior precisão e segurança. De acordo com o Dr. Nivaldo, atualmente, praticamente tudo é possível fazer na recuperação de um sor-

riso perfeito. Mesmo que o paciente tenha perdido todos os dentes há muitos anos, é possível a recuperação através da Implantodontia. Segundo o Dr. Nivaldo, para receber um implante, é preciso que você tenha gengivas saudáveis e ossos adequados para sustentá-lo. Você também deve comprometer-se a manter estas estruturas saudáveis. Uma higiene bucal meticulosa e visitas regulares ao dentista são essenciais para o sucesso a longo prazo de seus implantes. Os implantes são, em geral, mais caros que outros métodos de substituição de dentes e a maioria dos convênios não cobre seus custos. O tipo de implante mais recomendado na atualidade é o ósseo integrado que se mostrou uma revolução no tratamento de pacientes parcial ou totalmente desdentados. Implantes ósseo integrado: — são implantados por meio cirúrgico diretamente no osso maxilar. O período da osseointegração (integração ao osso) leva em média 4 a 6 meses dependendo da região a receber o implante. Após este período, uma segunda cirurgia é necessária para ligar o implante ao meio bucal, nesta fase o cirurgião dentista remove a gengiva que está recobrindo o implante e finalmente, um dente artificial (ou dentes) é conectado ao implante, individualmente, ou agrupado em uma prótese que pode ser de dois tipos: Prótese Protocolo: — Prótese total implantosuportada e implantoretida, fixada sobre 4 a 8 implantes em média, este tipo de prótese é parafusada e retirada apenas pelo seu dentista, é uma prótese que confere boa estética e é uma ótima opção para quem pretende fugir da dentadura, o único incoveniente é que este tipo de prótese é mais difícil de ser higienizada pois todos os detes são conectados entre si, exigindo bastante cuidado do paciente. Pode ser feita em resina ou porcelana. Prótese Overdenture: — Prótese total removível sobre implante, este tipo de prótese é mais barata que a prótese protocolo porque exige menos implantes (2 a 6 em média) e é con-


Gil Borges

Dr. Nivaldo Andrade exibe um pino de titânio que se integra ao osso, possibiltando a instalação de dente artificial que funciona como raiz dentária artificial

Divulgação

O ator Brad Pitt

Famosos que usam dentaduras

feccionada em resina. Esta prótese é como uma dentadura, porém, tem um encaixe em uma barra que conecta os implantes à prótese, conferindo a esta mais estabilidade e retenção. Esta prótese pode ser retirada pelo paciente e

por isto a sua higienização é facilitada. SERVIÇO Dr. Nivaldo R. Andrade. Rua Prudente de Moraes, 55, Centro, Arujá/SP. Tel: (11) 4655-3814

O artista mais famoso que usa dentadura é o Brad Pitt, após a rejeição dos implantes de dentes que fez ter obrigado o ator a utilizar prótese total. Recentemente foi fotografado sem os dentes: O porta voz de imprensa de Brad Pitt, um dos atores mais ricos de Hollywood, declarou recentemente que o dentista que fez os implantes dentais no ator está sendo alvo de processo judicial, provavelmente será proibido de exercer Odontologia. No Brasil os mais famosos que usam dentadura são os atores Lima Duarte, Susana Vieira e o Sílvio Santos. Expressão News - Novembro/2014 - 21


Carne com brócolis

Arquivo/EN

INGREDIENTES 200g Brócolis 200g Carne bovina em fatias 100g Pimentão vermelho em cubos 1 colher (sopa) Amido de milho 50g Champignon 20g Gengibre bem picado 150ml Água 1 pitada Ajinomoto Sal a gosto 250ml Shoyu MODO DE PREPARO - Tempere a carne a gosto, grelhe em uma frigideira e reserve Expressão News - Novembro/2014 - 22

- Aqueça a água em uma panela wok - Acrescente o Ajinomoto, o shoyu e o gengibre - Experimente e corrija o sal, se necessário - Deixe ferver por cinco minutos para o sabor dos ingredientes ser liberado - Dissolva o amido de milho em um pouco de água e acrescente ao molho para engrossar - Em seguida, coloque o brócolis, os cubos de pimentão e o champignon no molho e cozinhe por cerca 15 minutos - Acrescente a carne e sirva

INGREDIENTES 300g de abóbora japonesa sem casca 90g de queijo de cabra tipo boursin 1 cabeça (100g) de alho picado 2 colheres (sopa) de cebolinha branca picada 300ml de creme de leite fresco 40ml de vinho branco 40g de manteiga sem sal


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Abóbora grelhada com molho de alho MODO DE PREPARO Molho de alho Em uma panela, doure na manteiga lentamente o alho e a cebolinha, mas sem queimar. Adicione o vinho branco e o creme de leite fresco e deixe reduzir até ficar com textura de molho, bata no liquidificador e acerte o sal. Abóbora Em uma panela média, cozinhe a

abóbora descascada em água com sal até ficar macia. Escorra a água e reserve. Antes de servir, doure na manteiga em fogo alto e finalize com sal e pimenta. Montagem Coloque no prato porções do queijo de cabra. Arrume por cima os pedaços de abóbora grelhados. Finalize com o molho de alho e pedaços de cebolinha picada. Expressão News - Novembro/2014 - 23


Batatas douradas ao alho e alecrim Divulgação

Tempo de preparo: Até meia hora Rendimento: 3 porções Receita de Aline Rissato Teixeira, docente de Nutrição e Gastronomia do Senac INGREDIENTES 500g batatas bolinha 1 cabeça alho 1/2 colher (chá) páprica (picante ou doce) Alecrim e sal a gosto

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2 colheres (sopa) azeite MODO DE PREPARO Cozinhe as batatas e o alho com casca na mesma água. O alho deve ser retirado da água em 5 minutos e as batatas devem ser cozidas até que fiquem levemente macias. Seque as batatas com papel toalha. Misture o sal, a páprica e o alecrim fresco. Coloque as batatas em uma tigela e

misture com o azeite. Junte os temperos e o alho. Misture bem. Coloque as batatas e dentes de alho em uma assadeira untada com azeite. Preaqueça o forno. Em fogo alto, leve para assar por aproximadamente 20 minutos ou até que as batatas fiquem douradas.


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Arquivo/EN

'Vou dormir pensando no que vou tomar de café da manhã', diz Deborah Secco Deborah Secco, 34, falou sobre sua relação com a comida, da qual disse não abrir mão para manter a forma. Expressão News - Novembro/2014 - 26

"Digo que tenho alma de gordo", afirmou em entrevista ao "Programa do Jô" (Globo). "Vou dormir pensando no que vou tomar de café da manhã." "Se eu olhar para a comida, vou comer", contou. "O combinado é que eu preciso que me sirvam um prato e quando peço o segundo, que coloquem pouco, porque se estiver cheio, vou comer mesmo que não caiba mais." A atriz, que atualmente interpreta a aeromoça Inês de "Boogie Oogie", contou que segurou a onda quando teve de emagrecer 11 kg para interpretar uma soropositiva no filme "Boa Sorte". "Fiz tudo com auxilio médico. A gente fazia exames semanais e eu, realmente, descobri que comemos muito mais do que precisamos", confessou. "O mais difícil foi o fato de que eu não podia sair de casa, porque se visse comida, iria querer comer." Deborah disse não temer o efeito sanfona por que tem "uma boa genética". "Achei que nessa coisa de emagrecer e engordar, fosse ficar mais molinha, mas graças a Deus, as celulites não vieram e não fiquei flácida", comemorou. Atualmente, ela diz acreditar que está com peso normal. "Minha mãe acha que estou um pouco gordinha, mas acho que deve ser paranoia", disse. Ainda no programa, o apresentador Jô Soares, 76, brincou que tatuaria o nome de Deborah pelo corpo para tentar conquistá-la. "Não precisa mais. Essa fase já foi abolida de mim, graças a Deus", cortou a atriz, que já estava sentada na plateia. Quando namorava o cantor Falcão, do grupo O Rappa, ela chegou a tatuar o nome dele no pé direito, mas apagou o desenho após sessões de laser.


Penélope Cruz é eleita mulher mais sexy do mundo Atriz espanhola está na capa da 'Esquire' do mês de novembro. Musa de Almodóvar, ela diz que vida pessoal a afastou da mídia. Divulgação

A atriz espanhola Penélope Cruz, de 40 anos, foi eleita a mulher mais sexy do mundo pela revista masculina "Esquire". A publicação americana divulgou a capa de sua edição de novembro nesta segunda-feira (13). Em 2013, a eleita foi a atriz Scarlett Johansson, que já havia ganhado em 2006. Antes, as vencedoras foram Mila Kunis, Rihanna, Minka Kelly, Kate Beckinsale, Halle Berry, Charlize Theron, Jessica Biel e Angelina Jolie. À revista, Penélope disse que o motivo de ela não aparecer tanto recentemente foi sua decisão em manter

a vida pessoal discreta. Casada com o ator Javier Bardem, ela também não quis comentar sobre a maternidade, afirmando apenas que a família é tudo para ela. Os dois são pais de Leo, de 3 anos, e Luna, 1. Musa do cineasta Pedro Almodóvar, a última aparição de Penélope nos cinemas foi em "Os amantes passageiros", de 2013. Ela também contracenou com Bardem em "O conselheiro do crime", lançado ano passado. Penélope já foi indicada ao Oscar três vezes, levando o prêmio de atriz coadjuvante, em 2009, por "Vicky Cristina Barcelona".

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Uma técnica que foi inventada há muito tempo e que sempre veio ganhando forças foi a do guarda roupas embutido

As vantagens e desvantagens de armários embutidos

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ão muitos os fatores que influenciam na escolha por móveis embutidos ou soltos. Ocupar cada canto da sua casa, aproveitando todo o espaço, ou ter a flexibilidade de mexer os móveis e de levá-los para a sua próxima residência? Um dos primeiros argumentos que aparecem na boca de quem opta pelos soltos é o preço. "Quando eu me muExpressão News - Novembro/2014 - 28

dei, reaproveitei os móveis que tinha na outra casa para a sala e os dormitórios. Com os gastos da mudança, encomendar planejados ficou muito fora do nosso orçamento", comenta a bancária Heloisa Tegolli. O "boom" imobiliário foi um dos estimuladores para a criação de lojas de móveis planejados e para o aumento da diversidade de acabamentos e linhas, segundo a arquiteta de interiores

Mariella Toscano, do escritório Carlos Sawaya Bracher. "As lojas [de planejados] são boas opções para quem sabe desenhar seu próprio projeto ou não tem recursos para contratar um arquiteto, mas quer mais exclusividade." Há os que enxergam nestes clientes um padrão específico. Carlos Alberto Gomez, da marcenaria Almudena, acredita que as pessoas que apostam em embutidos são, em sua maioria, jovens profissionais com alto poder aquisitivo. É preciso avaliar o benefício a longo prazo. FUTURO Para investir em um embutido, é preciso enxergar um futuro na relação com o móvel. Quando mudou de casa, o artista plástico Matheus Giavarotti optou pelo armário planejado em seu quarto. No entanto, para o dormitório de suas duas filhas, de sete e 11 anos, preferiu os soltos. "Pensei que, daqui a alguns anos, enfrentaria alterações no quarto delas, pois mudariam seus gostos


Fotos: divulgação

Apartamento projetado pela arquiteta Mariella Toscano, do escritório Carlos Sawaya Bracher

Apartamento na Vila Ipojuca (região oeste) com móveis planejados pelo escritório de arquitetura Carlos Sawaya Bracher

Apartamento na Vila Ipojuca (região oeste) com móveis planejados pelo escritório de arquitetura Carlos Sawaya Bracher

e necessidades", explica Giavarotti. A "discussão do relacionamento" é ainda mais presente quando se compara a presença dos embutidos em espaços alugados ou próprios. Mariella diz que donos de imóveis são os principais compradores de embutidos. Os móveis fixos valorizam o preço do aluguel. TAMANHO Em um ritmo crescente de vendas de apartamentos pequenos e médios, a boa integração dos espaços é levada em conta. "[O embutido] é um projeto personalizado com organização e otimização das áreas", define Gomez. A arquiteta Neili Farias também

se preocupou com o aproveitamento do ambiente na hora de fazer o projeto. "Os armários planejados ocupariam toda a parede e teríamos mais espaço útil", explica. Como arquiteta, a vantagem de planejar e executar sua própria decoração veio com a parceria de um bom marceneiro e saídas estratégicas, como a utilização da própria alvenaria para o fundo e laterais de armários —que contribuiu para reduzir os custos. "Com os móveis soltos, você tem que adaptar suas necessidades a eles. Já os planejados se ajustam às suas prioridades", explica. Expressão News - Novembro/2014 - 29


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ABORTO, O ALTO PREÇO DA ILEGALIDADE Busca por interrupção de gravidez indesejada acabou associada a milícias

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m 1997, 80 brasileiras ousaram declarar ter feito aborto em condições inseguras, desumanas e clandestinas. Aceitaram expor aquilo que se julga poder tornar inexistente por força da lei do silêncio. Foram capa da revista “Veja” e suas histórias estamparam uma sina feminina: a gravidez involuntária e os riscos de sua interrupção num contexto de ilegalidade e criminalização. Quase duas décadas depois, o quadro avançou muito pouco, e o sofrimento, a humilhação e a penalização das mulheres persistem; ampliam-se. A prática do aborto seguro e legal continua restrita a três casos (anencefalia ou outra deformidade grave do feto; estupro; e risco de vida da gestante), muito embora o Conselho Federal de Medicina já tenha recomendado o direito ao aborto “por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação”. Na disputa eleitoral de 2010, a temática foi utilizada como forma de enterrar a questão, já que o assunto inibia a “hombridade” dos candidatos, alinhados contra o direito indivi-

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dual das mulheres. Após o acirrado debate, um manifesto com milhares de assinaturas foi entregue à então recém-eleita presidente. Pedia que não “sucumbisse a pressões eleitoreiras e conservadoras que pretendem tão-somente ocultar e desprezar o sofrimento de milhões de mulheres para quem o aborto é o último recurso”, e o garantisse no âmbito do SUS. No atual debate eleitoral, o tema saiu do âmbito da luta pelo reconhecimento de um direito para transitar de forma absolutamente equivocada nas páginas de polícia. A busca pela interrupção de uma gravidez indesejada acabou associada a milícias, redes de corrupção e crime. Criminalizando o aborto, mulheres continuam morrendo, agora em condições mais monstruosas. Não só estão expostas às gangues aquelas das camadas populares. Não pensem, leitores, que suas filhas, irmãs, mães, amigas, no desespero de interromper uma gravidez indesejada, vão escapar da rapina feroz dos que se servem da clandestinidade que o Estado e a sociedade impõem. Jovens das classes médias e altas passam por situação semelhante

à de Jandira Magdalena e Elizângela, obrigadas a acompanhar a destinos subterrâneos, pessoas desconhecidas, até bandidos, que lhes prometem uma solução, cujo preço a pagar em troca do segredo do ato pode ser a vida. Serão ingleses, espanhóis, franceses, portugueses, holandeses, belgas e uruguaios criminosos, depravados ou sociedades em decomposição por assegurarem a dignidade de um aborto seguro? Ou seremos nós os corrompidos? A sociedade brasileira foi às ruas no ano passado exigindo que o Estado assuma suas responsabilidades, garantindo direitos constitucionais. Esse Estado laico — que é o nosso — não pode se subordinar a pressões de qualquer credo. Tampouco nos há de calar. O direito à vida é um direito de todas as mulheres. E o aborto é um direito individual. Ignorar esse preceito básico é nos condenar a permanecer alheios a padrões de civilidade mínimos. Manter o aborto na ilegalidade não é política de prevenção. É atitude covarde, que alimenta a corrupção e o crime, humilha. Pior: mata. Lena Lavinas é professora do de Economia da UFRJ


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