Revista expressão news 19

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Expressรฃo News - Marรงo/2015 - 03


Recursos públicos sustentam rede de propaganda petista Se o Congresso quer ocupar seu espaço institucional, precisa investigar esta grande zona de sombras por onde trafega muito dinheiro do contribuinte

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nquanto as investigações da Operação Lava-Jato e seus desdobramentos jurídicos desvendam o desvio de dinheiro público do caixa da Petrobras para PT e aliados, um documento apócrifo, com digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), aponta para o mesmo grave delito na ação petista na internet e na administração da publicidade oficial. Na essência, são desvios comparáveis: nos dois casos, “privatizam-se” recursos públicos para ajudar o partido na luta política e eleitoral. O documento, cuja íntegra foi divulgada pelo site de “O Estado de S.Paulo”, aponta deficiências na atuação do partido no mundo digital em apoio ao governo Dilma. De acordo com o texto, falta uma melhor coordenação entre o braço governamental na internet e as forças políticas do lado petista distribuídas entre blogueiros chapas-brancas e até o Instituto Lula. “A guerrilha política precisa ter munição vinda de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele”. A frase, vazada em terminologia militar, confirma que a internet é usada pelo PT com apoio nos porões do governo. Esta é mais uma evidência do uso privado de recursos públicos. Em outra perigosa confusão de esferas que precisam ficar separadas — Estado e governo —, o documento afirma ser preciso “consolidar o núcleo de comunicação estatal, juntando numa mesma coordenação a Voz do Brasil, as páginas de sites, twitter

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e Facebook de todos os ministérios, o Facebook da Dilma e a Agência Brasil”. Na prática, subordinam-se instrumentos de comunicação do Estado ao governo petista. Como reagir, na internet e mídia em geral, ao avanço da oposição foi discutido em reunião realizada esta semana entre o presidente da legenda, Rui Falcão, e deputados federais da bancada petista. Nela, emergiu mais uma vez a visão distorcida do partido sobre o papel da imprensa profissional. Cobrir as manifestações do dia 15/3, as maiores desde a campanha das Diretas Já, foi entendido como “apoio” aos manifestantes. Assim como terminou tachado de “golpista” o noticiário sobre o mensalão. O peso dos fatos não importa. Teria sido defendida no encontro “uma nova política de anúncios para veículos da grande mídia”. Em português claro: cortar publicidade oficial, mesmo que sejam veículos de ampla circulação e audiência. No documento, é sugerido que a verba de publicidade do governo seja destinada a São Paulo, onda há forte oposição ao Planalto, e o prefeito petista Fernando Haddad está em baixa. O objetivo é evidente: beneficiar veículos que apoiem os governos federal e municipal do PT. É assim que também funciona na “militância digital”: os blogueiros aliados, os “soldados”, recebem anúncios de estatais e outras ajudas. Se o Congresso quer ocupar seu espaço institucional, precisa investigar esta grande zona de sombras, por onde trafega muito dinheiro do contribuinte sem a devida comprovação dos gastos.


ÍNDICE Ana Branco

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Eleitores de Dilma se dizem decepcionados com a presidente

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FHC: corrupção na Petrobras é uma mocinha

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Dengue já matou 67 em SP, só este ano

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Santa Isabel registra 51 casos de dengue e entra em alerta

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Abel Larini pede aprovação de projeto que eleva Arujá a comarca

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Estudo prova que alguns obesos não têm doenças associadas ao peso

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Suco detox não serve para desintoxicar nem deve substituir comida

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Aumento de consumo de água mineral pode afetar a saúde do consumidor

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A cada 36h, um jovem morre vítima de uso de álcool

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Depois da febre, paleteria mexicana passa por teste de sobrevivência

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Paralamas começam a preparar mais um disco

Fazenda de Marcos Palmeira cultiva alimentos orgânicos Galinhas caipiras são alimentadas com o milho produzido no local e catam os carrapatos das vacas. Estas comem as folhas orgânicas e produzem o leite, utilizado na produção de queijos e ricotas. O soro que sobra é refeição para os porcos. Perus e cavalos também participam deste universo e são criados soltos. Um mecanismo bem interessante de respeito à natureza, que vale a pena ser conhecido. Página 36

Depois da febre, paleteria mexicana passa por teste de sobrevivência Reprodução/EN

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RECEITAS: Carne com brócolis - Bracciola com polenta - Escondidinho de polenta com frango com ora-pro-nobis e queijo minas

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RECEITA: Amitsu mami

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Fazenda de Marcos Palmeira cultiva alimentos orgânicos

Especialistas ouvidos pela reportagem são menos pessimistas quanto ao futuro das paletas, mas concordam que o setor passará por uma filtragem em que restarão somente as melhores empresas. Página 28 Expressão News - Abril/2015 - 05


Adriana Loreti

Pipoqueira, Taís Almeida mora e trabalha em Belford Roxo, cidade do estado do Rio que deu a melhor votação à Dilma

Eleitores de Dilma se dizem decepcionados com a presidente Mudança de comportamento foi verificada ainda em pesquisa Datafolha da semana passada

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inceridade? Eu achava que a vida ia sempre melhorar, mas está, como dizem, tudo pela hora da morte. Pipoqueira em Belford Roxo, cidade do Estado do Rio que deu a maior votação, 74, 82%, à então candidata Dilma Rousseff na eleição passada, Taís Almeida, de 21 anos, votou na petista, “assim como minha tia, meu marido, minha irmã, todos lá em casa”, e hoje, pouco mais de três meses depois do início do segundo mandato, está “insatisfeita e assustada”. “Subiu tudo. O milho, a carne, a luz. Expressão News - Abril/2015 - 06

No mercado, com R$ 100, a pessoa sai com duas, três sacolas”, diz Taís, que estudou até o 1º ano do ensino médio e sonha com um emprego de carteira assinada: “Eu sei que a Dilma ajudou muitas pessoas com o Minha Casa, com o Bolsa Família, que minha irmã até recebe, mas não votaria nela de novo. No Lula, sim, o governo dele foi ótimo, né? A gente comprou móveis, som, celular, televisão. Era difícil ter máquina de lavar, e hoje minha tia tem um tanquinho e duas máquinas. Vendedor de doces no calçadão de Belford Roxo, Alberto da Silva, de 61 anos, ajudou a eleger Dilma, mas

diz que seria “estúpido” não reconhecer que os preços aumentaram e que a presidente “errou na parte administrativa” e ao falar, durante a campanha, que não ia ter inflação: “O país se desenvolveu nos últimos anos, mas era melhor Dilma ter sido sincera. Ela não podia prometer o que não ia cumprir. Do jeito que está, dá desânimo, o povo fica angustiado e já é difícil ver tanta desonestidade, tanto roubo... Se eu a encontrasse, falaria para assumir os erros e consertar as coisas. Durante a semana após as manifestações de 15 de março, a reportagem foi a locais que deram vitória à Dilma na eleição e conversou com seus eleitores e com pessoas beneficiadas pelos programas sociais dos governos petistas e que viram a vida melhorar ao longo da última década. Nas ruas, constatou que a relação está em crise. A insatisfação com o governo, que começou entre aqueles que já a criticavam no 1º mandato, alcança agora quem a elegeu. Mesmo reconhecendo que prosperaram com os programas de transferência de renda, as baixas taxas de desemprego, a ampliação do crédito e a inflação controlada, os eleitores se dizem decepcionadas. A mudança de comportamento foi verifi


cada ainda em pesquisa Datafolha da semana passada: 62% dos brasileiros com 16 anos ou mais avaliaram a gestão de Dilma como ruim ou péssima. “A ruína de muitos governos é achar que o eleitorado é cativo, quando ele tem que ser conquistado muito mais pelo futuro do que pelo passado. Se o governo não tem clareza de onde está fincado e não protege esses eleitores de eventuais cortes, coloca-se num cenário perigoso. No caso da Dilma, junta-se a isso a base parlamentar fraca, a inflação e as denúncias de corrupção”, analisa a cientista política Marly da Silva Motta. Para ela, as falhas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que a própria Dilma reconheceu em entrevista coletiva, são “fatais para a base de apoio político, pois esses erros atingem o eleitorado da presidente”. É o caso de Carla Souza, de 34 anos,

que na semana passada se tornou a primeira pessoa de sua família a ir para a faculdade. Sócia do marido em um salão, na Zona Norte, Carla voltou a estudar de olho na ampliação do negócio e “na chance de dar uma vida melhor e de ser exemplo para os três filhos”. “O que nunca imaginei era que teria problema com o Fies. Iniciei as aulas na incerteza. A mensalidade é R$ 698. A renda da gente é de R$ 4 mil, e o financiamento da casa custa R$ 2 mil. É inviável pagar faculdade. Carla, assim como o marido, votou em Dilma, reconhece que pôde financiar a casa própria graças ao crescimento do país nos últimos anos, mas diz que este segundo mandato é “uma decepção”: “A luz, que custava R$ 170, passou para R$ 400. A gasolina subiu, a comida está mais cara. Eu não votaria de novo na Dilma, ela falou que não mexe-

ria com os trabalhadores, que a inflação não ia subir, e aconteceu o contrário. As promessas de campanha são também motivo de decepção para a estudante Yolanda Vieira, de 24 anos, que cursa jornalismo em uma universidade particular em Belo Horizonte. Inscrita no Fies há dois anos, ela diz que sua “maior indignação” é saber que o slogan do governo é Pátria Educadora: “Eu renovei o Fies, mas muita gente da minha turma não conseguiu. Tem gente chorando em sala de aula, gente que já largou o curso para não ter dívida. Isso desanima. E eu sei que a vida melhorou em muitos aspectos, vi a popularização do carro, do telefone, vi mudança dentro da minha casa e da casa de gente que conheço. Mas Dilma devia ter deixado mais clara a situação. As pessoas tiveram ganhos que estão sendo retirados.

ESPECIALISTA: ELEITORES SE AFASTARAM Professor da PUC-Rio e cientista político, Ricardo Ismael acredita que a classe média que ascendeu no governo Lula e no primeiro mandato de Dilma se ressente ao perceber que a renda vem diminuindo e que o Brasil da campanha é diferente do que está em recessão, com alta taxa de juros e corte nos investimentos. Para ele, o Datafolha acabou com a dúvida se o desgaste chegaria ao eleitorado que sempre a apoiou e mostrou que “a base social da presidente já foi desfeita”: “Os eleitores se afastaram. O corte no Minha Casa Melhor (programa que permitia que beneficiados pelo Minha Casa Minha Vida comprassem a prazo móveis e eletrodomésticos), a dificuldade de se inscrever no Fies, a alta na conta de luz, isso causa profunda insatisfação e pode levar essas pessoas às ruas. Não se pode esquecer que essas famílias não têm muito de onde cortar. E quem melhorou de vida não quer retroceder. “Minha preocupação agora é com as contas”, diz Márcia Aparecida de Souza, de 67 anos, que em abril de 2014 foi beneficiada com um apartamento em um dos conjuntos do Minha Casa Minha Vida em São Gonçalo. Depois de passar boa parte da vida morando em uma comunidade, a mudança, com o marido, para o apartamento de dois quartos, sala, cozinha e banheiro foi a realização de um sonho e a chance de ter um teto fora

Adriana Loreti

Yolanda Vieira: o slogan Pátria Educadora é a 'maior indignação' da estudante de área de risco e longe da violência: “Gosto muito da casa, mas o condomínio é caro, R$ 154. Meu marido perdeu o emprego de porteiro este ano”, conta Márcia, que sustenta a casa com o salário mínimo que recebe por ser deficiente: “Mas já não estamos pagando o telefone e fico triste de não estar comprando a mesma comida de antes. Votei na Dilma, mas está difícil. Mãe de três filhos, Lucilene Oliveira, de 34 anos, mora no mesmo condomínio de Márcia. Beneficiária do Bol-

sa Família e autônoma, ela acredita que o governo está tentando organizar as contas tirando de quem não tem. “A luz foi de R$ 30 para quase R$ 100, a couve pulou de R$ 0,49 para R$ 1,49, estou tentando o Fies e não consigo. Minha mãe não sabe nem ler, eu quero ir para a faculdade e me sinto passando humilhação. Claro que o Minha Casa foi bom para minha família, mas não tem escola e posto de saúde no entorno... A sensação com esse governo é de desordem.

VEJA TODAS AS EDIÇÕES DA REVISTA EXPRESSÃO NEWS expressaonews.com.br Expressão News - Abril/2015 - 07


Corrupção na Petrobras é ‘uma mocinha’ Ex-presidente ressaltou que o escândalo que acontece na estatal não 'é uma senhora idosa', como disse a presidente Dilma

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ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse em entrevista ao programa "Diálogos", da Globonews, que o atual escândalo de corrupção na Petrobras 'é uma mocinha de muito poucos anos, quase um bebê'. Numa entrevista coletiva, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que a corrupção no Brasil 'é uma senhora bastante idosa', ao rebater as acusações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que o mal está no Executivo, e não no Legislativo. O ex-presidente afirmou que a organização criada na estatal é algo novo, dos governos petistas. "Ouvi a presidente dizer que a corrupção 'é uma senhora idosa'. Mas o que é isso? É a conduta errada de pessoas. Nós não estamos discutindo no Brasil que A, B ou C fizeram alguma corrupção. Nós estamos dizendo que uma organização que junto com funcionários nomeados pelo governo, da Petrobras , sustentação por

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parte de governo, por parte de partidos, ligação com empresas para formar um caixa para ser usado na política, isso é fato novo, digamos. Tem algo disso no mensalão", disse FH. "Getúlio (Vargas) nunca organizou um sistema para se manter no poder às custas dos cofres públicos, que é o que está acontecendo hoje. Você acha que esse sistema pode ser organizado sem os partidos? Você acha que os governos não percebem? Eu não estou acusando, porque eu não tenho nenhuma prova, mas não posso imaginar que todo mundo seja ingênuo. Em Brasília, todo mundo falava do que acontecia com a Petrobras. (esse sistema) isso é fato novo. Não é a corrupção da senhora antiga. É uma corrupção de uma mocinha de muito poucos anos, um bebê, quase", acrescentou. O tucano disse que a atual crise do governo é econômica, de condução política, social e moral. "Essa (crise) de hoje é um conglomerado de crises. Segundo ele, o grande problema do governo Dilma é de credibilidade. "Não é questão de popularidade,

é de credibilidade. No meu governo, eu perdi a popularidade mas não a credibilidade. Fui até o fim com maioria no Congresso, apoio dos setores de investimento e recuperei. Segundo FH, o Brasil vive um momento de cooptação política, e não de coalizão. Defendendo a reforma política, o tucano acrescentou que hoje o país tem poucos partidos de fato no Congresso. "Nós não vivemos mais no regime de coalizão, e sim o de cooptação. Na coalizão, você junta dois ou três partidos que são diferentes, mas tem um programa, uma sustentação, legitimação. A partir de certo momento, isso foi desaparecendo. Começou com a crise no mensalão. Em vez do presidente Lula fazer aliança com o PMDB, fez aliança dispersa que não deu muito certo. Agora, o que está acontecendo no Congresso? Vinte e poucos partidos no Congresso, 30 no Brasil, 39 ministérios. É receita pro fracasso. E não são partidos. Alguns são, poucos, dois, três, quatro. O resto são aglomerados de pessoas que se juntam para ter um pedaço do orçamento.


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Reprodução/E

O ciclo do Aedes aegypti é composto por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. As larvas se desenvolvem em água parada, limpa ou suja

Tipo de vírus mais antigo da dengue puxa surto da doença Levantamento do Ministério da Saúde mostra que, em 2015, a dengue predominante no país, que vive nova preocupação com a doença, é a do tipo 1, mais antigo.

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dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. O seu principal vetor de transmissão é o mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da dengue. Existem quatro tipos de dengue, pois o vírus causador da dengue possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2,

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DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo, mas imunidade parcial e temporária contra os outros três. Embora pareça pouco agressiva, a doença pode evoluir para a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, caracterizadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o risco de morte. A melhor maneira de combater esse mal é atuando de forma preventiva, impedindo a reprodução do mosquito. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que, em 2015, a dengue predominante no país, que vive nova preocupação com a doença, é a do tipo 1, mais antigo. Neste ano, esse sorotipo do vírus foi detectado em 88% das amostras analisadas no país; o tipo 4, em 11%, e o

tipo 2, em 1%, segundo a pasta. O tipo 3 ainda não foi detectado. Os dados podem sofrer variações por município. Para especialistas, os números podem ajudar a explicar a atual explosão da doença em São Paulo. Até a segunda semana de março, o Estado respondia por 55% dos casos no país. Quando uma pessoa é infectada por um tipo de vírus da dengue, ela só pode ser contaminada novamente por um dos outros três sorotipos –são quatro, ao todo. A maioria das cidades paulistas que hoje enfrenta a doença tinha tido poucos casos do vírus tipo 1 em anos anteriores, segundo Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças do Estado. "O vírus chega aqui e pega uma população suscetível, o que outras regiões já tiveram dez anos atrás. Isso fez com que a epidemia se deslocasse", afirma Boulos. O coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, tem opinião semelhante. "A ocorrência de epidemias está associada, dentre outros fatores, à circulação ou recirculação de um dos vírus em áreas onde uma parcela da população não tem imunidade". EPIDEMIA Há dois anos, a circulação de um sorotipo de vírus até então desconhecido em vários Estados, o tipo 4, culminou em epidemia no país. Mas a mudança nos tipos do vírus da doença não é o único fa


tor que explica o aumento de casos neste ano, segundo especialistas. Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP, atribui o cenário atual a uma associação entre fatores climáticos, como o retorno das chuvas, e falhas

no controle do mosquito transmissor. Alguns especialistas avaliam que a crise hídrica em algumas regiões do país também pode ter colaborado com a alta de casos –por incentivar um armazenamento de água em re-

cipientes como baldes, por exemplo. Para Boulos, no entanto, essa não é a causa principal. "Estamos tendo muito mais dengue em regiões [de SP] que têm água. É um dos agravantes, mas não o fator mais importante", diz.

Arujá tem 35 casos confirmados A assessoria da Prefeitura de Arujá informou que, com casos em 15 bairros, já são 35 as confirmações de moradores de Arujá infectados com o vírus da dengue. O balanço da Secretaria Municipal de Saúde foi concluído na quinta-feira (19/03). A situação mais crítica é no Parque Rodrigo Barreto, onde há 17 positividades. Além do Barreto, há casos confirmados de dengue nos bairros Mirante (2), Vertentes, Center Ville, Jardim Rincão, Perobal (2), Vila Pilar, Centro, Jardim Real, Arujamérica, Jardim Emília (2), Jardim Pinheiro, Jardim Arujá, Centro Residencial (2) e Copaco. “O balanço mostra que temos casos espalhados em todo o município. Embora na maioria dos bairros haja apenas um caso, este mosquito é um transmissor potencial, ou seja, se picar mais alguém, esta pessoa será infectada”, alerta a secretária-adjunta de Saúde de Arujá, Mirian Miletti. De acordo com os números divulgados pela Vigilância Epidemiológica, até o último dia 19 a cidade já havia registrado 404 notificações suspeitas da doença. Vinte e três foram descartadas e 80 dependem do resultado de exames realizados no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Além dos 35 casos contraídos dentro do município, 26, de moradores de outras cidades, foram notificados em unidades de atendimento públicas ou particulares do município. “Temos repetido, dia após dia, que a população precisa colaborar no combate ao mosquito Aedes Aegypti com todas aquelas medidas simples, como armazenar água corretamente, mantendo os recipientes fechados, tomar cuidado com os vasos de plantas, pneus velhos, calhas, caixas d’água, etc. Sem colaboração, o trabalho da Vigilância é extremamente prejudicado”, afirma a secretária-adjunta.

Divulgação/Ass. Imprensa PM de Arujá

Em reunião com gestores da administração, a Secretaria de Saúde reforçou o pedido para que todos estejam em alerta e contribuam no combate à doença

Mirian lembra ainda que o município de Arujá realiza diariamente o trabalho de prevenção à Dengue, com diversas ações contínuas, como Bairro Limpo, atendimento às denúncias de focos da doença e visitas às casas para orientação de moradores. Além disso, desde janeiro a cidade promove uma extensa campanha com mensagens de alerta via mídia falada e escrita. Para denúncias, suspeitas ou informações sobre casos de dengue em Arujá, o morador pode entrar em contato pelo telefone 0800 778 8882, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Alerta Em reunião ocorrida na manhã de sexta-feira (20/03), na sede da Prefeitura, com diretores e gestores da administração e que contou com a presença do prefeito Abel Larini e do vice, Luiz Alves, a Secretaria de Saúde reforçou o pedido para que cada um, dentro de sua área de atuação, esteja em aler-

ta e contribua no combate à doença, uma vez que a situação atual é crítica. A Secretaria de Saúde de Arujá avisa que o Setor de Vigilância em Saúde e o Departamento de Combate à Dengue não têm por hábito ligar para moradores agendando a realização de atividades de casa a casa para ter acesso às residências, salvo as exceções, em empresas ou locais de difícil acesso que necessitam de acompanhamento de um responsável. Informa ainda que os agentes do Departamento de Controle de Vetores estão sempre uniformizados, identificados e com uma equipe trabalhando no campo, acompanhados de um supervisor e de carro oficial. Também salienta ser muito importante que os moradores permitam a entrada dos profissionais da Saúde para a realização de vistorias e que eles ouçam as orientações transmitidas para o combate à doença. Expressão News - Abril/2015 - 11


Divulgação

Equipe da Secretaria de Saúde de Santa Isabel faz bloqueio químico da dengue em bairros com casos confirmados

Santa Isabel registra 51 casos de dengue No mesmo período de 2014, apenas duas notificações foram registradas. Através de teste rápido, município consegue confirmar doença.

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Prefeitura de Santa Isabel divulgou que está em estado de alerta devido ao grande índice de casos de dengue no município. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a cidade já possui 51 casos confirmados da doença em, principalmente, três bairros: Treze de Maio, Cruzeiro e Parque Santa Tereza. Não há registro de óbitos pela doença no município. Para se ter uma ideia da situação atual, no ano passado foram registradas apenas duas notificações da doença no mesmo período. Os dois casos não foram confirmados. Segundo o secretário municipal de Saúde, Leonardo Aquino

Expressão News - Abril/2015 - 12

Diniz, a facilidade do município em obter resultado rápido para a confirmação da doença, pode ter colaborado na elevação do índice em um primeiro momento. "Temos um teste rápido em que sabemos se um caso suspeito trata-se ou não de dengue em apenas um dia. Com isso, não precisamos mais aguardar a análise feita pelo Instituto Adolf Lutz, que leva duas semanas para nos retornar. Quando o paciente chega em qualquer unidade de saúde da cidade e suspeitamos de dengue, já fazemos o teste de sangue e descartamos ou não o caso rapidamente", detalhou. Com base no teste, a equipe de Combate a Endemias realiza o bloqueio químico da doença no bairro onde o paciente mora. "Com o resultado afir-

mativo para dengue, além da atenção ao paciente, nossa equipe segue até o bairro onde essa pessoa mora para fazer o bloqueio químico da doença. Com isso, evitamos uma proliferação e epidemia local", afirmou Diniz. O secretário pede para que os moradores redobrem a atenção e evitem locais de acúmulo de água. "Como muita gente tem armazenado água da chuva em casa, é preciso redobrar os cuidados. Além daqueles locais já conhecidos, como vasos de plantas, pneus, garrafas, as pessoas têm que tampar as caixas, tambores ou qualquer outro recipiente utilizado para guardar água." As equipes fazem diariamente as visitas nas residências da cidade a fim de eliminar criadouros e dar orientações aos moradores. "É importante que as pessoas deixem as equipes entrarem, fazerem o bloqueio químico quando necessário. Se em um quarteirão inteiro nós não conseguirmos fazer a nebulização em uma casa, esta pode ser o criadouro do mosquito", disse o secretário. As denúncias de locais com possíveis criadouros, além do cronograma de visita das equipes, podem ser registradas na ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde pelo telefone 4656-4444.


Express達o News - Abril/2015 - 13


O prefeito Abel Larini e o deputado estadual Campos Machado

Divulgação/Ass. Imprensa PM de Arujá

Abel Larini pede aprovação de projeto que eleva Arujá a comarca Há muito tempo que o prefeito arujaense vem lutando para que a Vara Distrital arujaense seja transformada em comarca. Expressão News - Abril/2015 - 14


Nós estamos há anos aguardando essa mudança e, quanto mais apoio tivermos, maior a chance de chegarmos à nossa meta

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m dezembro de 2012, o prefeito se reuniu com o deputado estadual Fernando Capez, relator na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa do projeto de lei que altera a organização e a divisão judiciária do Estado, o qual visa criar novas varas e comarcas em todo o Estado de São Paulo. O projeto foi enviado à Assembleia em setembro de 2011 pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Roberto Bedran. Na época, o juiz de direito de Arujá, Davi Castro Rio, lembrou que, cerca de

50 mil processos tramitavam pela Vara Distrital. Ele ressaltou a necessidade de ser feita uma divisão de cartórios. O prefeito Abel Larini levou essa necessidade ao relator da matéria e lembrou que há muito tempo a população da cidade tem se mobilizado a favor da elevação: “O povo de Arujá sabe que a comarca representa muito para o desenvolvimento da cidade e tem nos cobrado isso”. No mês passado, Abel Larini esteve com o deputado estadual Campos Machado, para solicitar apoio na aprovação do projeto de lei 49, que propõe a elevação de fóruns à condição de comarca. Caso seja aprovada, a medida atenderá uma antiga reivindicação: permitirá que Arujá seja elevada a categoria de comarca, desvinculando o município da unidade de Santa Isabel. Durante o encontro, o prefeito lembrou ao parlamentar que, em recente entrevista sobre o assunto, o desembargador e presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, José Renato Nalini, afirmou que “prefeitos e deputados precisam se mobilizar para que essa lei seja aprovada e a elevação aconteça”. “Nós estamos há anos aguardando essa mudança e, quanto mais apoio tivermos, maior a chance de chegarmos à nossa meta. A reivindicação de nossa cidade é muito forte, há uma mobilização enorme para que a elevação à comarca se torne realidade”, destacou Larini. O prefeito ressaltou ainda que a luta pela elevação da Vara Distrital do município é importante porque, entre outras coisas, garante a possibilidade do registro de imóveis na própria cidade, processo que ainda tem que ser feito na comarca de Santa Isabel, além da ampliação da equipe técnica do Fórum local. Na oportunidade, o deputado Campos Machado afirmou que vai atuar pela aprovação do projeto, que é de grande relevância para Arujá e também para outros municípios que aguardam pela mudança. “Estamos à disposição desta causa e vamos trabalhar para que a propositura seja aprovada”, afirmou ao prefeito. Expressão News - Abril/2015 - 15


Estudo prova que alguns obesos não têm doenças associadas ao peso

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obesidade nem sempre anda de mãos dadas com doenças cardíacas, diabetes ou derrames. Um estudo americano conduzido na Universidade de Washington, em Saint Louis, e publicado no este mês na revista especializada “The Journal of Clinical Investigation”, concluiu que algumas pessoas obesas não têm anormalidades metabólicas associadas à obesidade, como a resistência à insulina, lipídios anormais (níveis altos de triglicérides e Expressão News - Abril/2015 - 16

colesterol HDL baixo), pressão arterial alta e excesso de gordura no fígado. Vinte participantes obesos foram requisitados a ganhar cerca de 15 quilos. Para a surpresa dos estudiosos, os perfis metabólicos permaneceram normais, mesmo após o ganho de gordura, entre os participantes que já estavam na faixa normal quando o estudo começou. Mas os perfis metabólicos daqueles que já tinham perfis anormais pioraram bastante após o ganho de peso. "Algumas pessoas obesas estão protegidas contra os efeitos metabólicos do ganho de peso moderado,

Reprodução

‘Algumas pessoas obesas estão protegidas contra os efeitos metabólicos do ganho de peso moderado’, diz pesquisador

enquanto outras estão predispostas a desenvolver os problemas", comentou o pesquisador Samuel Klein, diretor do Centro de Nutrição Humana da Universidade de Washington. — Cerca de 25% das pessoas obesas não têm complicações metabólicas. Klein enfatizou que a obesidade, no entanto, contribui para mais de 60 problemas de saúde. Depois do período de testes, os médicos ajudaram os voluntários a perder peso. "Precisamos de mais estudos para tentar entender por que a obesidade causa doenças específicas em algumas pessoas, mas não em outras. Poderia ser a genética, uma dieta específica, a quantidade de atividade física, saúde emocional ou até micróbios que vivem no intestino?", questionou Klein.


Express達o News - Abril/2015 - 17


Sucos detox são de fato saudáveis, mas o corpo humano já tem mecanismos de desintoxicação

Suco detox não serve para desintoxicar nem deve substituir comida

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esintoxicar o organismo é só uma das promessas engarrafadas e vendidas na forma de suco. A bebida também ajudaria a perder até 1 kg por dia, aumentar a ingesvitaminas e antioxidantes e até "dar um descanso" para o aparelho digestivo. Os supostos benefícios fizeram do detox líquido uma unanimidade entre celebridades e blogueiras fitness.

Expressão News - Abril/2015 - 18

tão de A oferta da bebida também cresceu, inclusive na indústria de sucos prontos. E empresas especializadas passaram a investir em kits "daytox": um dia em que só é permitido beber os tais sucos, além de chá e água. É o caso da Greenpeople, no Rio, que faz bebidas prensadas a frio (o líquido é extraído prensando a fruta, em vez de liquidificando), coadas e não pasteurizadas. A empresa, que começou em fevereiro de 2014, vende 4.000 garrafas por dia –há seis

Adriano Vizoni

meses eram cerca de 1.000. Cada garrafinha com 350 ml custa R$ 15. Em São Paulo, a Urban Remedy oferece três níveis de desintoxicação: iniciante, intermediário e "habitué". O pacote mais avançado tem 815 calorias, dividas em seis sucos, a maioria feita só com verduras e legumes. Leia a crítica de Josimar Melo sobre o sabor dos sucos. "Tem quase um quilo de verdura em cada bebida. Por isso o terceiro nível é indicado para quem já está acostu


Gustavo Epifanio

mado e gosta de sabores amargos", diz Roberta Suplicy, uma das sócias. A economista Fernanda Camargo, 40, diz-se aficionada pela dieta líquida. "Os que têm pepino eu tampo o nariz para beber, mas compensa." Em outubro, para entrar num vestido de festa, ela fez seis dias seguidos de dieta líquida. Perdeu seis quilos. "Não sinto fome, mas quem gosta de um pãozinho sofre. O primeiro dia que fiz foi horrível, minha cabeça ficou explodindo. No segundo dia já estava mais leve e no terceiro dia flutuei. Dormi muito melhor, minha energia disparou", lembra. A economista Cristiane Tomita, 40, toma suco verde todos os dias há um ano e meio e faz o "daytox" uma vez por mês. "Sinto que desincho nesse dia e durmo muito melhor, porque fico sem tomar café." Os fabricantes admitem que a dieta líquida pode causar efeitos adversos como náuseas e dor de cabeça. "Se uma pessoa que tem uma alimentação desiquilibrada faz um dia de sucos, o corpo pode ter um choque, o organismo não entende", diz Andrea Godoy, sócia da marca Detox Market. Segundo a nutricionista Lara Natacci, da DietNet, a explicação para o mal-estar é outra. "Em um dia, a pessoa pode ter hipoglicemia, porque o suco tem baixo índice glicêmico, e isso pode causar dor de cabeça e fraqueza." Para quem pensa em seguir a dieta líquida por vários dias, o nutrólogo Celso Cukier adverte que só tomar sucos poderia levar à desnutrição, porque vão faltar grupos de alimentos essenciais –além de carboidrato, não tem proteína nem gordura. De acordo com a nutricionista Luciana Setaro, professora da Universidade Anhembi Morumbi, o recomendado é inserir os sucos em uma dieta completa, com refeições sólidas. Uma ideia seria trocar o lanche da manhã por um copo de suco verde. "Faz bem porque aumenta a ingestão de vitaminas e de fibras que ajudam no funcionamento do intestino", diz. A bebida também tem diferentes antioxidantes que ajudam a combater radicais livres, mas não dá para dizer que ela limpa o organismo. "É um argumento marqueteiro. Nosso corpo tem mecanismos naturais de desintoxicação. O fígado e o sistema renal são responsáveis por

Fernanda Camargo, 40, economista, faz a dieta líquida tomando sucos detox comprados por encomenda

isso. E nosso sistema digestivo não precisa de descanso", diz o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. Vale prestar atenção ainda ao tipo de bebida. Os prensados a frio conservam mais vitaminas, minerais e antioxidantes, mas há menos fibras. Já os feitos na centrífuga ou no liquidificador têm mais fibras, o que pode ajudar a dar saciedade e melhorar o funcionamento do intestino. Todos devem ser consumidos logo depois de feitos ou abertos. * SUCOS PRENSADOS A FRIO Uuulalá Registrou o termo "daytox" no Brasil e está no mercado desde janeiro de 2013. Além das dietas líquidas, vende pacotes de sucos congelados e entregam em toda a Grande São Paulo. Uma garrafinha de 500 ml de suco custa de R$ 16,50 a R$ 19,50; o daytox sai por R$ 105 a R$ 121,50. www.uuulala.com.br Detox Market

No mercado desde março de 2013, a marca se concentra nos pacotes de "daytox" e dietas que misturam refeições com sucos. Um pacote com seis sucos de 300 ml, dois leites de amêndoas e uma sopa, para um dia de dieta, custa R$ 155. www.detoxmarket.com.br Urban Remedy Marca americana no Brasil desde junho de 2013, vende pacotes e sucos avulsos, por encomenda ou em três lojas em São Paulo (Shopping Pátio Higienópolis, Shopping Iguatemi e r. Oscar Freire, 974). Custa de R$ 16,10 a R$ 23,30 o suco de 500 ml e o daytox com seis é R$ 125. www.urbanremedy.com.br Greenpeople Empresa do Rio de Janeiro, produz 4.000 sucos por dia. Vende pacotes de sucos que são entregues gradualmente para o cliente. Cada garrafinha com 350 ml custa R$ 15. Já um pacote de "daytox" com oito bebidas sai por R$ 104. www.greenpeople.com.br Expressão News - Abril/2015 - 19


Aumento de consumo de água mineral pode afetar a saúde do consumidor Quantidade de sódio pede atenção na hora de escolher o produto, especialmente a hipertensos

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consumo de água mineral no Brasil cresce progressivamente desde 2008. Dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostram aumento de 20% de 2013 para 2014. E em tempos de crise hídrica, a procura cresce no Estado de São Paulo, maior produtor e dono de 24,4% do mercado brasileiro -- de acordo com a Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam). Na saúde, o impacto dessa mudança se dá na quantidade de sódio presente nas diferentes marcas comercializadas, que varia de 3,08 mg a 103,6 mg do mineral por litro de água. Os valores não ultrapassam o limite estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 600 mg por litro. Mesmo considerando ingestão de dois litros de água

por dia da marca com maior teor de sódio, os 207,2 mg consumidos representam pouco mais de 10% da recomendação diária da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2.000 mg. O problema é que a água é apenas um dos fatores de consumo de sódio. “As pessoas não computam todo o sal que entra no corpo. Não adianta se preocupar com a água e não com a comida, o refrigerante; ele tá embutido em todos os alimentos”, alerta Mohamad Barakat, nutrólogo, endocrinologista e especialista em fisiologia do exercício. Barakat salienta que os males causados pelo excesso de sódio no organismo, como aumento da pressão arterial e retenção de líquidos, ocorrem quando a quantia da substância não está equilibrada entre a dos demais minerais, como magnésio, potássio e manganês. “O sal bruto, puro, tem mais de 80 minerais, é riquíssimo em milhares de nutrientes. O pro-

blema é o refinado, que exclui isso e adiciona produtos químicos e aquecimento para ser refinado”, explica. A proporção entre os elementos na água depende da fonte, explica o presidente da Abinam, Carlos Alberto Lancia. A chuva infiltra no solo, passa pelas rochas e carrega sais minerais presentes na natureza. Dependendo do ambiente, a água terá maior quantidade de uma outra substância. E essa proporção pode ser usada para beneficiar a saúde. “Se estou com necessidade de repor cálcio, procuro água com esse teor mais elevado. Se é problema de intestino preso, bebo aquela com maior quantidade de magnésio”, explica Lancia. Às pessoas com hipertensão, problemas cardiovasculares e renais, Paulo Saldiva, chefe da Patologia da FMUSP, recomenda se atentar aos valores de sódio presentes nos rótulos e escolher a marca com menor índice.

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A cada 36h, um jovem morre vítima de álcool

Datasus mostra abuso da bebida entre 20 e 29 anos; especialistas alertam para riscos

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morte do universitário Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, em uma festa em Bauru, no dia 28/2, após a ingestão de 25 doses de vodca, não é uma situação tão incomum no País. Dados levantados pelo Estado no portal Datasus mostram que, a cada 36 horas, um jovem brasileiro morre de Expressão News - Abril/2015 - 24

intoxicação aguda por álcool ou de outra complicação decorrente do consumo exagerado de bebida alcoólica. De acordo com informações do Ministério da Saúde reunidas no portal, foram registradas em 2012, último dado disponível, 242 mortes na faixa etária dos 20 aos 29 anos causadas por “transtornos por causa do uso de álcool”, conforme definido na Classificação Internacional de Doenças (CID). Considerando todas as faixas etá-

rias, o número de mortes causadas pelo álcool chegou a 6.944 em 2012, quase o dobro do registrado em 1996, dado mais antigo disponível na base Datasus. Naquele ano, foram 3.973 óbitos associados ao consumo exagerado de bebida. No período, a alta no número de mortes foi de 74%. De acordo com especialistas, o número de mortes associadas ao álcool deve ser ainda maior se computadas as causas secundárias, como doen


ças provocadas pelo consumo por um longo período de tempo ou violência associada à ingestão da bebida. “Se considerados problemas como cirrose hepática ou acidentes causados por embriaguez, por exemplo, esse dado sobe”, diz Deborah Malta, diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde. Pesquisadora do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Inpad/Unifesp), Clarice Madruga afirma que o consumo excessivo de álcool em todas as faixas etárias vêm crescendo nos últimos anos. Pesquisa da Unifesp mostra que, entre os brasileiros que consomem álcool, o hábito chamado de “beber em binge”, quando há ingestão de pelo menos cinco doses de bebida em um período de duas horas, cresceu de 45%, em 2006, para 59%, em 2012. “E esse abuso é mais comum entre jovens, porque nessa faixa etária é realmente mais difícil controlar os impulsos. Por isso não se pode culpar a vítima ou os pais. É preciso que o poder público intervenha na venda de bebida”, defende ela. A especialista explica que o consumo exagerado de álcool, quando não chega ao ponto de levar à morte, está associado a uma série de problemas físicos e psíquicos. “No caso da intoxicação, é uma relação simples. O álcool em excesso paralisa o sistema nervoso e, se a pessoa entrar em coma alcoólico e não tiver o devido cuidado, pode sofrer a parada cardiorrespirató-

De acordo com informações do Ministério da Saúde reunidas no portal, foram registradas em 2012, último dado disponível, 242 mortes na faixa etária dos 20 aos 29 anos causadas por “transtornos por causa do uso de álcool”

ria. Além disso, o álcool causa doenças no fígado, perda cognitiva e ainda pode desencadear de forma mais rápida e mais severa doenças como a depressão e o transtorno de ansiedade.” Fácil acesso. Estudante de Construção Civil em uma faculdade da capital paulista, J., de 19 anos, diz que o fácil acesso à bebida colabora para o consumo exagerado. “Eu mesmo estava tentando beber menos, mas, quando entrei na faculdade, no início do ano, era muita bebida. Os veteranos passavam com as garrafas e ofereciam, aí não tem como não beber”, conta ele, que começou a

consumir bebida alcoólica aos 14 anos. Para Clarice, “a situação não vai mudar enquanto o governo não sobretaxar a indústria e proibir situações como o patrocínio de empresas cervejeiras a festas universitárias”. A representante do ministério diz que o governo tem feito ações de monitoramento e prevenção do uso de álcool e que o governo apoia projetos de lei que dificultam o acesso à bebida. “Esperamos que a lei que criminaliza a venda de bebida para menores de idade entre em vigor o mais rápido possível”, diz Deborah.

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Reprodução/EN

Audrey Galeti e Eduardo de Toledo, donos da Los Ticos

Depois da febre, paleteria mexicana passa por teste de sobrevivência

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ara ele, muitas franqueadoras estão vendendo o modelo sem ter experiência suficiente para enfrentar momentos de baixas nas vendas. Rizzo diz ainda que o gasto médio de quem compra a paleta é baixo (cerca de R$ 6 por unidade) em relação ao investimento que é feito para abrir uma unidade (a partir de R$ 210 mil, no caso da Los Paleteros, e R$ 118 mil, na Palecolé). “O negócio só dá lucro com muito movimento”, diz. FÔLEGO. Outros especialistas ouvidos pela reportagem são menos pessimistas quanto ao futuro das paletas, mas concordam que o setor passará por uma filtragem em que restarão somente as melhores empresas. Expressão News - Abril/2015 - 28

Para Paulo Ancona Lopez, diretor da consultoria Vecchi Ancona, toda novidade passa por uma baixa. A questão é saber se o tempo da febre será suficiente para que o investidor no setor tenha lucro. Gean Chu, 25, dono da Los Paleteros, abriu a primeira unidade em Balneário Camburiú (SC) no fim de 2013. Hoje a rede tem 75 lojas. Ele diz ter conversado com franqueados sobre as chances de o movimento diminuir assim que o produto não fosse mais novidade. Mas não foi o que aconteceu. A venda média por unidade cresceu 4,9% se comparados o verão de 2014 e o atual. A rede faturou R$ 70 milhões em 2014 e investiu seu lucro na operação, segundo Chu. Ele prevê dobrar o número de unidades em 2015.

Outras paleterias de crescimento acelerado foram a Helado Monterrey e a Palecolé, com 55 e 32 unidades vendidas, respectivamente. Também há quem esteja começando a buscar franqueados, como Audrey Galeti, 32, que abriu a Los Ticos há um ano em São Paulo. Uma das estratégias da empresa é manter a produção dos sorvetes artesanal, reduzindo custos com transporte e facilitando a logística e abastecimento das lojas, diz. A companhia tem cinco unidades próprias e espera abrir dez franquias em 2015. O investimento para entrar na rede é de R$ 400 mil. "A paleta não é nada mais do que um ressurgimento do picolé, muito bem-feito. E, se é gostosa para o consumidor, não vai morrer."


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Paralamas começam a preparar mais um disco

Herbert, Bi e Barone. O trio soube da morte do antigo baterista do grupo, Vital Dias, no mesmo dia da entrevista Adriana Loretti

Grupo lança caixa com 20 CDs, compilando seus 32 anos de história fonográfica

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e para alguns artistas uma caixa retrospectiva pode marcar o fim de uma caminhada, o momento em que uma obra se cristaliza e se abre para a exegese, “Paralamas do Sucesso 1983 - 2015”, coleção de 20 CDs (reunindo 12 álbuns de estúdio, seis ao vivo e faixas avulsas) não traz conclusões definitivas para o trio de músicos que está junto desde o curso universitário. “Não sei qual o lugar dos ParalaExpressão News - Abril/2015 - 30

mas, mas ainda estamos indo para ele”, analisa João Barone, o baterista, em um encontro, seguido de ensaio, com Herbert Vianna (vocais, guitarra) e Bi Ribeiro (baixo). FAIXAS BÔNUS EM ESPANHOL O olhar para o passado não chega a afetar a rotina do trio que continua na estrada, fazendo uma média de seis shows mensais e que começa, lentamente, a preparar mais um álbum de inéditas. “A gente é uma banda que toca muito, que viaja muito”, diz Herbert, há mais

de uma década enfrentando, pela alegria do encontro com o público, a cruel realidade um cadeirante em aeroportos brasileiros mal aparelhados. — De alguma maneira, mesmo as pessoas que não eram nascidas na época (do estouro dos Paralamas) carregam referências de momentos vividos pelos pais. Depois de dois anos envolvido com uma turnê de 30 anos de carreira, que era para durar apenas alguns shows (e que rendeu um DVD ao vivo do Multishow), o grupo gravou duas faixas bônus para a caixa: versões acústicas


de músicas do rock argentino: “Que me pisen” (do grupo Sumo) e “Hablando a tu corazón” (de Charly García e Pedro Aznar). Um aceno ao público latino que os acolheu no início dos anos 1990, quando a situação em casa não era das melhores. As faixas fazem parte de um CD com as faixas que os Paralamas gravaram em espanhol. “Nosso primeiro álbum em espanhol foi uma forçação de barra danada!”, lembra Barone. — O cara que fez as versões era um venezuelano que morava em Miami, ficou um negócio meio água e óleo. Ao menos as de “Alagados” e da “Melô do marinheiro” serviram um pouco para abrir as portas. O outro CD exclusivo da caixa traz faixas feitas para coletâneas (“Caleidoscópio”, “Aonde quer que eu vá”), raridades (como a gravação de “País tro-

pical”, de Jorge Ben Jor, feita em 1993 para uma campanha publicitária) e um remake de 1990 de “Vital e sua moto”, canção do primeiro disco da banda, dedicada ao seu ex-baterista — que, por uma triste ironia, morreu no mês passado, dia da entrevista (a notícia só chegaria depois, durante o ensaio). Com cuidadoso projeto gráfico, a caixa “1983 - 2015” embala, em capinhas de papel, como as dos velhos LPs, os CDs extras e os álbuns que compõem a história fonográfica da banda (os mais antigos, com a mesma remasterização feita no estúdio londrino de Abbey Road, para o relançamento, em 1997, na caixa em forma de lata “Pólvora”). Disco a disco, vê-se a evolução de um grupo inexperiente em estúdio (no LP de estreia, “Cinema mudo”, de 1983), que tomou as rédeas do tra-

balho logo no disco seguinte, “O passo do Lui” (1984), de grande sucesso. “O produtor pouco compareceu ao estúdio, e aí ficamos só nós três e os técnicos de som”, recorda-se Bi Ribeiro. “E no dá-ou-desce da gravadora, o Herbert escreveu algumas das músicas mais emblemáticas dos Paralamas, como “Óculos”, completa Barone. Outras revoluções se seguiriam, como a guinada África-Brasil de “Selvagem?” (1986), a experiência de “Severino” (de 1994, que reuniu Tom Zé e o poeta dub Linton Kwesi Johnson na faixa “Nagevar impreciso”) e o renascimento em “Longo caminho” (2002), primeiro disco dos Paralamas do Sucesso após o acidente de ultraleve que deixou Herbert paraplégico e que matou a sua mulher, Lucy. “Sempre foi nossa intenção não nos repetir”, diz Bi. Expressão News - Abril/2015 - 31


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- Acrescente o Ajinomoto, o shoyu e o gengibre - Experimente e corrija o sal, se necessário - Deixe ferver por cinco minutos para o sabor dos ingredientes ser liberado - Dissolva o amido de milho em um pouco de água e acrescente ao molho para engrossar - Em seguida, coloque o brócolis, os cubos de pimentão e o champignon no molho e cozinhe por cerca 15 minutos - Acrescente a carne e sirva

Bracciola com polenta Rendimento: 6 porções INGREDIENTES 12 unidades bifes finos de coxão duro 2 unidades cenouras médias raladas 1 unidade linguiça defumada picada 12 unidades azeitonas verdes 3kg tomates sem pele 1 xícara (chá) água 1 unidade cebola ralada 2 dentes alho picados 1 unidade cenoura sem casca ralada 1 talo alho-poró picado 1 fio óleo de soja para refogar 1l água 1 colher (chá) sal 1 xícara (chá) fubá mimoso 2 colheres (sopa) manteiga 4 colheres (sopa) azeite 1/2 xícara (chá) queijo parmesão ralado

Carne com brócolis Tempo de preparo: Até meia hora Rendimento: Uma porção Receita de carne com brócolis, do restaurante Taiyang Cozinha Chinesa. INGREDIENTES 200g Brócolis 200g Carne bovina em fatias 100g Pimentão vermelho em cubos 1 colher (sopa) Amido de milho Expressão News - Abril/2015 - 32

50g Champignon 20g Gengibre bem picado 150ml Água 1 pitada Ajinomoto Sal a gosto 250ml Shoyu MODO DE PREPARO - Tempere a carne a gosto, grelhe em uma frigideira e reserve - Aqueça a água em uma panela wok


MODO DE PREPARO Tempere os bifes e coloque, sobre cada um, uma azeitona e uma colher da mistura da cenoura com a linguiça Enrole os bifes, prenda-os com palitos de dente e frite-os até dourar. Reserve-os Em uma panela, refogue a cebola e o alho em óleo de soja Acrescente a cenoura, o alho-poró e, depois de incorporá-los, o tomate picado Adicione água e deixe apurar Coloque os bifes no molho e ferva por 5 minutos. Passe para a panela de pressão; quando ela apitar, deixe no fogo por mais 15 minutos Tire a pressão da panela; se a carne estiver macia, reserve os bifes e deixe o molho apurar por 15 minutos. Reserve Em outra panela, misture a água, o sal e o fubá mimoso e mexa até engrossar Abaixe o fogo, tampe a panela e cozinhe por 30 minutos, mexendo de vez em quando Tire do fogo e misture o parmesão, a manteiga e o azeite. Reprodução/EN

Divulgação

Escondidinho de polenta com frango com ora-pro-nobis e queijo minas

Escondidinho de frango com angu: uma das receitas favoritas do ator Marcos Palmeira para o seu elogiado queijo

Rendimento: 1 porção INGREDIENTES 300 g de frango desossado orgânico (sugere-se sobrecoxa), temperado com alho e pimenta e picadinho; 1 dose de cachaça orgânica (para flambar); Folhas de ora-pro-nobis fatiadas; 1 copo de fubá de milho orgânico; 1 copo de água quente; 1 colher de sobremesa de manteiga ghee; 150 g de queijo minas orgânico Vale das Palmeiras; 50 g de mussarela orgânica ralada; Sal a gosto; Azeite orgânico para untar a forma. Refogue o frango já temperado em um fio de azeite e, em

seguida, acrescente a dose de cachaça para flambar. Quando o frango estiver dourado, junte as folhas de ora-pro-nobis picadas e sal a gosto. Espere as folhas murcharem. Reserve. Prepare a polenta juntando um copo de fubá de milho orgânico e um copo de água quente. Mexa enquanto estiver fervendo até que engrosse. Quando engrossar, coloque uma colher de sobremesa de manteiga ghee e junte o queijo minas. Acrescente sal e mexa bem. Reserve. Unte uma forma individual com azeite orgânico e monte o prato: uma camada de polenta, uma camada de frango e finalize com outra camada de polenta. Por cima, jogue a mussarela ralada e leve ao forno para gratinar até que doure por cima. Expressão News - Abril/2015 - 33


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Amitsu mami Rendimento: seis porções INGREDIENTES 40g de kantem (8 colheres de sopa) 1,3 l de água a gosto 500g de feijão azuki 3 xícaras (chá) de açúcar 1 colher (chá) de sal 1 xícara (chá) de água 1/2 xícara (chá) de açúcar 1 unidade manga haden em cubinhos 1/2 unidade abacaxi em cubinhos 1 unidade mamão papaia em cubinhos 6 bolas de sorvete de creme MODO DE PREPARO Partes divididas: Gelatina kantem (àgar-àgar) 40 g de kantem (8 colheres de sopa) 1,3 l de água Dissolva o kantem na água e leve ao fogo até ferver. Divida o líquido em três recipientes retangulares rasos. Em cada um, pingue 20 gotas de corante alimentício nas cores verde, vermelho e amarelo. Misture e deixe as gelatinas esfriarem em temperatura ambiente. Quando estiverem

frias, corte-as em cubos bem pequenos. Reserve. Doce de feijão 500 g de feijão azuki 3 xícaras (chá) de açúcar 1 colher (chá) de sal Cozinhe o feijão com dois litros de água em panela de pressão por 15 minutos. Deixe esfriar e bata feijão e caldo no liquidificador. Passe a pasta para uma panela e misture o açúcar e o sal. Leve ao fogo baixo e, sempre mexendo, cozinhe até a mistura ficar com consistência de doce de leite pastoso -o que leva de 20 a 25 minutos. Cuidado, pois a pasta de feijão espirra bastante enquanto cozinha. Deixe esfriar. Calda de açúcar 1 xícara (chá) de água 1/2 xícara (chá) de açúcar Numa panelinha, dissolva o açúcar na água e leve ao fogo até formar um caramelo ralo. Deixe esfriar. Montagem

1 manga haden em cubinhos 1/2 abacaxi em cubinhos 1 mamão papaia em cubinhos 6 bolas de sorvete de creme Em taças individuais, coloque as frutas em camadas, seguido das gelatinas. Espalhe por cima o doce de feijão, depois as bolas de sorvete e, finalmente, a calda de açúcar. Sirva imediatamente.

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Marcos Palmeira cultiva produtos orgânicos há 20 anos e dá dicas de boa alimentação

Fazenda de Marcos Palmeira cultiva alimentos orgânicos Expressão News - Abril/2015 - 36

Ana Branco/AG


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epois de sacolejar por uns três quilômetros de estrada de terra, perguntar algumas vezes pelo caminho (todos sabem onde fica o refúgio do vizinho famoso) e passar por uma ponte de madeira que dá medo, chegamos ao Vale das Palmeiras, a fazenda do ator num distrito de Teresópolis. Há quase 20 anos, ele comprou esses 200 hectares de terra, onde produz desde frutas, hortaliças e legumes

vistosos até queijos e iogurtes. Tudo cultivado sem agrotóxicos e aditivos químicos. Já os animais, criados soltos e sem tomar antibióticos e vermífugos, são tratados somente com homeopatia quando ficam doentes. Nem sempre foi assim. Logo que chegou por essas bandas, Marcos começou a plantar hortaliças. Ao conversar com outros produtores, percebeu que eles não comiam nada do que plantavam: “Ué, mas nós vamos comer veneno?, eles diziam”, lembra o ator. Ao se dar conta disso, resolveu es-

tudar o assunto, aprofundar-se cada vez mais e partir para a ação, com a enxada em punho. Marcos começou a falar em alimentos orgânicos quando o assunto ainda não passava de um admirável mundo novo. Hoje, é um cara verde em todos os sentidos: “A energia vital do alimento tem que ser preservada. Aprendi que é preciso esquecer o produto e pensar na terra. É como esquecer a doença, pensar na saúde. Na natureza, tudo tem seu tempo. Não adianta você querer comer goiaba o ano inteiro”, diz, ao lado de Mandrake, um cão weimaraner de doces olhos azuis, que mais parece uma sombra do dono. Os produtos de Marcos — couve mineira, batata yacon, batata-baroa, alface, rúcula, ora pro nobis, hortelã, manjericão, orégano, tomilho e mel, entre outros — chegam à mesa do consumidor com o selo de garantia da Associação dos Produtores Biológicos do Rio de Janeiro (Abio). Só de hortaliças são duas toneladas por mês. Ele está para fechar contrato com as redes Pão de Açúcar e Hortifruti. Por enquanto, vende seus produtos e de outros agricultores selecionados no Armazém Vale das Palmeiras (ao todo, cerca de 800 itens), loja que inaugurou em 2012 no Leblon. Os supermercados Zona Sul também têm. Claude Troigros é fã do queijo minas O rosto do fazendeiro/ator estampa as embalagens dos laticínios produzidos sob o comando do mestre queijeiro Alvino Lucas, um dos homens de confiança do ator no Vale das Palmeiras. “Tudo começou meio fundo de quintal, com uma produção artesanal pequena. Por dia, são processados cerca de 500 litros de leite, mas a capacidade é 800. Nosso carro-chefe é o queijo de minas frescal. Quero entrar com outros produtos, diversificar. O Alvino faz um boursin incrível”, elogia Marcos. — Encontrei o Claude Troisgros no aeroporto, e ele falou: “Marquinhos, o seu queijo é o melhor do mundo” — ri, imitando o sotaque francês do chef. Por que uma ligação tão forte com a terra, tanto amor por estar no meio do mato, na lida da fazenda? Ele diz que o motivo é ancestral: “Meu avô, Sinval Palmeira, que morreu em 1993, era dono de fazenda em Itororó, no sul da Bahia. Passava as férias lá. Amava andar a cavalo, sumir no meio do mato”, diz, de calças jeans surradas e um par de botas no melhor estilo cowboy. Expressão News - Abril/2015 - 37


Queijo minas produzido no local já foi elogiado pelo chef Claude Troisgros Cada pedacinho de terra é aproveitado. Basta chegar à enorme varanda que fica em frente à casa principal para dar de cara com uma plantação de milho. O galinheiro está bem perto da entrada da casa principal. Tem forma de oca e foi, por isso, apelidado de galinhoca. Na parede da sala, ao lado de objetos indígenas, chama a atenção um retrato de Marcos nos tempos de “Renascer”. Ele diz que também tem planos para a fazenda baiana que ainda pertence à sua família materna. Do cacau de lá, pode vir por aí um chocolate gourmet e, claro, orgânico. Marcos conta como foi parar em Teresópolis: “Um amigo disse que tinha um suíço, que ia embora do Brasil, querendo vender uma fazenda de porteira fechada, e que ela cabia no meu bolso. Mas aí eu falei: “Pô, mas Teresópolis? É lugar de sítio, veraneio, não é lugar de fazenda. Mas cheguei aqui, montei a cavalo e decidi que era onde eu ia ficar. Fechei negócio no mesmo dia. Reflorestei muitas áreas degradadas”, diz, acrescentando que o que mais gosta de fazer no Vale das Palmeiras é ajudar no manejo do gado. Comida simples da fazenda encanta Provar a comida simples da fazenda de Marcos é um prazer para poucos. O frango com ora pro nobis, a couve, a salada de alfaces e azedinhas, o feijão... Os alimentos têm um sabor mais encorpado que não dá para explicar, e um frescor que se nota de cara. Depois de um longo bate-papo regado a cafezinho passado no coador de pano e servido em canequinhas de ágata, vamos às fotos. Marcos aparece com uma camisa polo com a logo da fazenda estampada no peito. Comentamos que talvez não ficasse muito legal. Prontamente, ele aceita trocar por uma camiseta de algodão azul. E, ali mesmo, muda de roupa. Não deu para deixar de reparar, confesso, no físico do ator. É, ele continua em forma, com uma barriguinha até charmosa, discreta. Aparenta muito menos que seus 52 anos. Falando na carreira de ator, ele está de Expressão News - Abril/2015 - 38

Ana Branco/AG

volta à TV como um político corrupto na novela “Babilônia”. Marcos é totalmente pé no chão, mantém uma distância segura do risco de virar celebridade. No Rio, na cobertura onde mora no Jardim Botânico, tem, é claro, uma horta. O pé de jabuticaba está carregado. E a filha, Julia, de 7 anos, só come orgânicos?

“Não sou xiita, não proíbo nada, mas ela não bebe refrigerante. A Julia adora a natureza, fala de orgânicos com o maior orgulho”, diz, para depois mostrar, todo prosa, um vídeo em que a menina aparece cavalgando naquela fazenda da família no interior da Bahia, onde tudo começou.


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