Revista Fadesp / 5 ed. - 2022

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TELECOMUNICAÇÕES

Por Thamyris Assunção Foto: Dudu Maroja / Divulgação

Conectividade que transforma o futuro da Amazônia

Sem conectividade não há progresso. Se a máxima faz sentido para um mundo inteiro, na Amazônia a afirmação tem um peso especial, se pensarmos em seu território continental, entrecortado por veias de rio.

H

oje, já não dá para pensar em infraestrutura básica para as populações da região sem considerar o investimento em desenvolvimento tecnológico – e quando falamos em tecnologia, falamos também das telecomunicações. Telefonia é conexão, troca de informação, integração, meio fundamental para a promoção da educação, da saúde, da expansão da economia local. E foi justamente pensando em possibilitar a redução das distâncias e do abismo social das populações da região, quando o assunto é conectividade, que nasceu, em 2005, o projeto “Telefonia Celular Comunitária” (CELCOM). Iniciado a partir de pesquisas que buscavam identificar possíveis tecnologias facilmente adaptáveis ao dia a dia das comunidades amazônicas, o projeto CELCOM atuou para levar inclusão digital e acesso à telefonia de qualidade aos moradores das comunidades mais vulneráveis e afastadas dos grandes centros urbanos. “A premissa fundamental do CELCOM é que as comunidades carentes e isoladas, em termos dos serviços básicos de telefonia e internet, requerem tecnologias

inovadoras e ações sociais desenvolvidas para a situação específica que vivenciam, mas a quase totalidade dos investimentos globais de pesquisa em redes de comunicações tem como alvo os usuários das regiões com alta concentração populacional e poder aquisitivo. E assim, o Brasil acompanha o mundo ao encontrar imensos desafios para conectar comunidades rurais e pobres, em regiões como a Amazônia. O projeto CELCOM se contrapõe ao fato de a maioria dos programas de inclusão dependerem exclusivamente de tecnologias que foram e estão sendo desenvolvidas para realidades opostas às de suas comunidades-alvo”, explica o coordenador do projeto e professor da Universidade Federal do Pará, Aldebaro Klautau Junior. Envolvendo aproximadamente 30 estudantes e professores da graduação e da pós-graduação da UFPA, o CELCOM atuou com a missão de prover tecnologia para que as próprias comunidades selecionadas pelo projeto tivessem uma rede de telefonia. Após realizar pesquisas, estudos - alguns, inclusive, premiados - e utilizar como referências

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outros projetos semelhantes desenvolvidos na Amazônia, em 2015, o CELCOM transformou os dados obtidos em ação e promoveu duas etapas “piloto” nas comunidades de Boa Vista do Acará e Campo Verde, em Concórdia do Pará. A intenção era desenvolver alternativas “open source” (programas de código aberto que são sempre adaptáveis), que possibilitassem a chegada da rede GSM que, por sua vez, possibilita sinal de transmissão de dados, conversação por meio de chamadas e mensagens SMS. “Isso é semelhante à comunidade instalar uma rede Wi-Fi. A diferença é que o CELCOM usa frequências mais baixas, mais adequadas à Amazônia, que usar o Wi-Fi. Com essas frequências mais baixas, o sinal se propaga por uma distância maior. Outro aspecto é que a própria comunidade gerencia a rede. Esse é o conceito básico de rede comunitária. Mas deve-se notar que para conectar a comunidade ao resto do mundo, ainda é necessário um enlace de “backhaul”, que pode ser por satélite ou por rádio ou ainda por fibra óptica. No CELCOM, este backhaul é fornecido por parceiros externos, como a UFPA (no caso da >>>


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