Revista Ideias 104

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ano VII

nº 104

R$ 5,00

Especial

Wilson Bueno

www.revistaideias.com.br

PODEROSAS

Uma geração geração de de bravas bravas paranaenses. paranaenses. Uma Mulheres que que deixaram deixaram de de ser ser coadjuvantes coadjuvantes Mulheres para assumir assumir funções funções decisivas decisivas para


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IDEIAS | junho de 2010


“Entre os loucos e os bem-sujos, de repente, cara, você é mais um. Não adianta lembrar que você é íntimo da delicada poesia de Florbela Espanca e que, mais de uma vez, o prodígio de suas noites foi construído a partir de madrugadas sóbrias, a fumo, bombons e Jorge Luis Borges.”

Wilson Bueno (1949 - 2010)


IDEIAS 104 EDITORIAL Este é o último número de Ideias que terá uma crônica inédita de Wilson Bueno, um dos mais antigos colaboradores da revista. Uma crônica fantástica, ilustrada por Maria Angela Biscaia. Perdemos o Bueno em morte estúpida, vítima de violência inominável. Para lembrá-lo, um caderno especial. Pouco para dizer tudo o que este escritor mereceria sobre sua vida instigante, responsável por uma publicação que agitou a produção cultural do país durante uma década, o Nicolau, que só findou porque os nossos governantes pouco sabem e pouco se sensibilizam com as questões do espírito, mais dedicados que estão com a carreira política. Há textos preciosos como o de Aroldo Murá sobre a trajetória de Bueno, ele que conheceu o escritor quando ainda era um garoto sob a proteção de outro gênio que se foi, o Jamil Snege. Há a poesia de Josely Vianna Batista, a crônica quase poesia de Marianna Camargo, o poema de Snege, um texto da Paola de Orte, outro de Fábio Campana e a produção gráfica do Gui Zamoner. A vida segue, mais triste e mais soturna sem a alegria de Wilson Bueno. E aí está a Ideias com modificações que não são de somenos. A começar pela matéria especial sobre a ascensão das mulheres a postos de influência e decisão. Os colunistas mais respeitados do pedaço e a coluna Gente Fina, com as novas de gente que faz a diferença na vida nativa. E leitura obrigatória é o texto de Judas Tadeu Grassi Mendes, que mostra a todos onde mora a desgraça do impávido colosso. Ora, pois, no setor público, onde mais poderia ser?

ÍNDICE Fábio Campana

07

Luiz Geraldo Mazza

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Judas Tadeu Grassi Mendes

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Gente Fina

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Carlos Alberto Pessôa

21

Câmara dos vereadores

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Luiz Fernando Pereira

23

Almirante Tamandaré para crianças e adolescentes

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Inflação, o fantasma está voltando

29

Paraná Pesquisas

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Mulheres ao poder

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Rogerio Distefano

42

Prateleira

44

Ringue digital

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Claudia Wasilewski

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Marianna Camargo

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ISSN 1679-3501 Edição 104 - R$5,00

Caderno Wilson Bueno

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e-mail: ideias@travessadoseditores.com.br 14 de junho de 2010

Luiz Carlos Zanoni

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Editor: Fábio Campana Secretária de Redação: Marianna Camargo Colaboradores: Carlos Alberto Pessôa, Karen Lisse Fukushima, Luiz Carlos Zanoni,

Calendário Copa

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Craques da Seleção contam a história das Copas

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Márcia Toccafondo

74

Pryscila Vieira

78

Revista Ideias: publicação da Travessa dos Editores

Luiz Fernando Pereira, Luiz Geraldo Mazza, Márcia Toccafondo, Miriam Karam, Mirian Gasparin, Rogerio Distefano, Pryscila Vieira e Wilson Bueno Foto da capa: Dico Kremer Recorte, montagem e tratamento: amais3d/Alexandre Utrabo e Carmen Lúcia Kremer Maquiagem: Françoise Bianchi Capa e projeto gráfico: Clarissa M. Menini Diagramação: Katiane Cabral, Espresso Design e Guilherme Zamoner Conselho Editorial: Aroldo Murá G. Haygert, Belmiro Valverde, Denise de Camargo, Fábio Campana, Lucas Leitão, Paola De Orte, Rubens Campana Diretora Comercial: Márcia Toccafondo Para anunciar: comercial@travessadoseditores.com.br

www.travessadoseditores.com.br Tel.: [41] 3338 9994 / 3079 9997 Rua Desembargador Hugo Simas nº 1570 cep 80520-250 / curitiba pr



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FÁBIO CAMPANA  jornalista

POLÍTICA

A galinha sem voz

H

á quem diga que o PMDB consolidou-se no papel de galinha sem voz da política nativa. Revelou-se máquina de botar ovos, fez uma penca graúda de prefeitos e deputados, mas não dispõe de uma voz capaz de cacarejar, em 2010, o êxito das duas eleições anteriores para o governo, quando impôs ao Paraná sete anos de vacas magras sob a regência de Roberto Requião e sua família. Desta vez o PMDB é candidato à figuração, à coadjuvância no jogo político principal. A candidatura do governador Orlando Pessuti não é levada a sério nem mesmo entre os peemedebistas que lutam para se salvar do naufrágio. As previsões de fonte confiável dizem que o PMDB não fará mais que oito dos 17 depu-

tados de sua bancada estadual. Isso dá uma ideia do tamanho desastre. O próprio Requião, que venceu quatro eleições majoritárias no Paraná, três para governador, uma para o Senado, agora corre riscos de encerrar a carreira com uma derrota que o colocaria na planície, a pão e água e sem imunidades para enfrentar a pilha de processos que correm contra ele em todas as instâncias. Além de deixar em orfandade política e desprotegida a família. Nos sete anos de seu governo Requião nomeou mulher, irmãos, sobrinhos, primos de primeiro a terceiro graus, enfim, toda a parentalha em espetáculo de nepotismo de que não se tinha notícia desde o imperador romano Nero. Requião não teve tempo para por

fogo em Curitiba, mas queimou o seu filme na principal base de apoio eleitoral que lastreou sua carreira desde que venceu a disputa da prefeitura da capital em 1985. Hoje, tem a maior taxa de rejeição entre os políticos da cidade. E ninguém para capitalizar o que lhe restou em votos e simpatia. Ao privilegiar os irmãos, condenou o PMDB a ficar sem lideranças capazes e inteligentes para tocar o barco. Tenta sobreviver na figura de um sobrinho, João Arruda, candidato a deputado federal que dispõe do reforço financeiro do sogro, o misto de banqueiro, empreiteiro, dono de rádios e cartola de futebol, Joel Malucelli. Escolha que só consegue enfurecer os políticos do PMDB, que enfrentam a adversidade em desigualdade de condições. junho de 2010 | IDEIAS

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G

alinha bêbada – O PMDB

é partido condenado ao fracasso. Dos escombros deixados por Requião devem se salvar políticos que construíram espaço próprio, independente, a exemplo dos deputados estaduais Alexandre Curi e Luiz Cláudio Romanelli. Estes dois constam em todas as listas de prováveis reeleitos. Não é coincidência que também figurem no rol dos peemedebistas que traçaram sua trajetória à revelia da aventura de Orlando Pessuti, que assumiu o governo, desentendeu-se com Requião e agora é candidato a governador, embora as pesquisas o aconselhem a tomar outro rumo. Hoje, nove de cada dez desesperados do PMDB sonham com uma aliança com o tucano Beto Richa, que conseguiu articular em torno de seu nome a maior força política no Estado desde os tempos quase imemoriais em que Alvaro Dias se elegeu governador praticamente sem adversário, movido pela força do PMDB de então, um partido sério a quem se creditava o fim da ditadura militar e era esperança de mudanças nos costumes da política nativa. Bons tempos. Hoje o PMDB é sinônimo de fisiologismo. Aqui e na vida nacional, onde se encaminha para figurar na chapa de Dilma Rousseff com o vice Michel Temer, outro nome que lembra o que há de pior na política brasileira. O PMDB foi, entre todos os partidos, o que mais amealhou prefeituras no país: 1.201 no total, entre as quais seis capitais. Levou vitrines do peso do Rio, Porto Alegre e Salvador.

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Apesar disso, também no plano nacional falta-lhe um nome com musculatura política para um projeto presidencial. O que o condena ao papel de coadjuvante. Entre as poucas previsões disponíveis em relação ao Brasil de 2011, há uma que é incontroversa: o PMDB vai compor o rol de apoiadores do próximo presidente. Esse oportunismo flagrante e vergonhoso no PMDB se repete desde o fim do ciclo militar. Consolidada a redemocratização, o PMDB apoiou todos os governos – de José Sarney ao presidente Lula. Hoje, o partido é cortejado por PT e PSDB, as duas legendas que devem medir forças na eleição de 2010. Embora seja sócio majoritário do consórcio partidário de Lula, o PMDB tem pelo menos três cidadelas que resistem a uma composição com o petismo. São Paulo de Orestes Quércia e Pernambuco de Jarbas Vasconcelos pendem para o tucanato de José Serra. Rio Grande do Sul de José Fogaça é uma incógnita. Ou seja, além de não ter voz nacional, o PMDB continua sendo, por ora, uma espécie galinha bêbada. Pode se aliar a um, a outro ou a ambos. Passada a disputa, aninha-se ao governo de plantão. Serve-se da estrutura do Estado para alimentar a máquina de votos que o faz o partido mais nacionalizado. E é só. Tudo o mais, antes e depois, são simulações de um jogo para conquistar espaços no governo alheio.

G

alinha nervosa – Neste

quadro, o PMDB passou a se comportar como galinha nervosa. Requião, então, destrambelhou-se. Imediatamente ergueu o dedo acusador contra seu sucessor Orlando Pessuti, a quem tenta repassar os ônus acumulados nos sete

anos de seu desgoverno. E saiu por aí procurando uma fórmula salvadora. Requião e o PMDB não encontram parceiros dispostos a fechar um acordo político que beneficie os deputados estaduais e federais do partido. Ninguém quer arriscar-se numa coligação nas proporcionais que só ajudaria deputados em risco. Além do que, o PMDB está no palco com péssima fama. O governo de Requião foi um fracasso nas áreas de segurança, saúde, educação. Os indicadores sociais mostram a fragilidade de um governo que acreditou que poderia enganar a todos durante todo o tempo e agora se vê exposto à execração. Requião é responsável por altos índices de criminalidade, falta de pessoal nas delegacias do interior, distritos abarrotados de presos, falta de apoio maior aos programas de educação e qualificação de jovens aprendizes para entrar no mercado de trabalho, falta de pessoal nas unidades de saúde e os piores indicadores sociais da região sul. Não é só no Paraná que o prestígio de Requião desapareceu. Hoje ele é personagem periférico e desinteressante que provoca frouxos de riso com suas bravatas ridículas. A insistência em posar como candidato a presidente da República o tornou muito parecido com o personagem de Dias Gomes, Odorico Paraguaçu, político esperto capaz de qualquer ridicularia para chamar a atenção. Nada mais parecido com Requião em seu final de carreira.


luiz geraldo mazza  jornalista

OPINIÃO

Da ficha limpa ao recall

O

Brasil tem a tradição das conquistas à base da gradua­ lidade e isso desde os tempos das capitanias donatárias e governos gerais como se deu recentemente com a abertura lenta e gradual, mas firme, da dupla Geisel-Figueiredo ou mais remotamente com a Lei Áurea precedida das normas dos sexagenários e do ventre-livre. Ingressamos agora com a ‘’ficha limpa’’, sancionada sem vetos por Lula, numa etapa de aperfeiçoamento daquilo que se instituiu na Constituinte de 88 sob a designação de ‘’democracia direta’’. As normas da condenação dos crimes eleitorais, comandadas pela CNBB, que já rendeu ao menos 600 cassações de mandatos no Brasil, também tiveram origem numa lei de iniciativa popular, tal qual a mais recente dos ‘’fichas limpas’’. Conforme o grau da agressão ao texto legal se terá a definição também da ‘’capitis diminutio’’ (redução da capacidade do cidadão no Direito Romano que envolvia a liberdade e ainda o dssfrute da cidadania e correspondentes direitos políticos) aplicável aos infratores. Os radicais da democracia querem ir mais longe e até contar com a possibilidade de revogar mandatos, o ‘’recall’’ cívico em tudo assemelhado aquela norma aplicada aos bens de consumo, da geladeira ao automóvel e até mesmo a um bem de capital, que apresente defeitos graves.

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uase um recall - A experiên­ cia recente vivida em função das denúncias contra a Diretoria Geral da Assembleia Legislativa, feitas pela mídia e endossadas pelo Ministério Público Estadual, criaram um clima apropriado ao ‘’recall’’. Afinal, como tantos juristas e filósofos já suscitaram, por que não teria o eleitor o direito soberano de, como quem revoga uma procuração, exigir a devolução do mandato de um parlamentar por falta de cumprimento das obrigações? Atribuí-la apenas ao partido e fazer do eleitor um cidadão de segunda classe. Obviamente estamos longe disso, todavia a experiência paranaense, nos recentes episódios dos desvios de recursos públicos e nomeação de impúberes, ensinaria ao menos que as responsabilidades do eleitor não terminam com o ato de votar e têm continuidade com a necessária e indispensável vigilância em torno das ações do seu representante. O que vimos foi a sociedade paranaense despertar de sua acomodação, que pode ser tida como cúmplice, uma vez que boa parte dos seus integrantes não ignorava o que se passava no parlamento estadual e isso há décadas, fruto de uma convergência pela omissão com os demais poderes de Estado. Soou aliás bem hipócrita o posicionamento de entidades que condenaram tardiamen-

te aquilo que sabiam existir embora sem os detalhes do circo de horrores da roubalheira tolerada e dada como ‘’normal’’, consuetudinária, praxística. No showmício da Boca Maldita, defragrado pela OAB regional com o apoio da nacional, havia uma espécie de purgação de culpas da sociedade paranaense e especialmente da curitibana que tratava como se os autores das manobras fossem figuras régias, monárquicas, amparadas por uma forma de Direito Divino e alvo de admiração permanente da maioria.

E

xemplo de Londrina - Londrina, segundo pólo urbano, deu lições mais expressivas com seu movimento “pés vermelhos, mãos limpas’’ quando a sociedade organizada derrubou o prefeito Antonio Belinati, levando-o, antes, à prisão. A própria Rede Globo sofreu intervenção no telejornalismo regional por ocultar em favor do prefeito a movimentação que visava afastá-lo juntamente com o peso das denúncias que justificavam a medida extrema. Igreja, OAB, profissionais liberais, Maçonaria se envolveram até a medula no processo. Essa vigilência permitiu a existência de um Ministério Público atuante e que levou ao afastamento de vários vereadores em duas legislaturas e à prisão. Não foi, no entanto, suficiente em termos culturais para evitar o retorno de formas de populismo como as traduzidas por Belinati e o prefeito atual Homero Barbosa Neto. Esse é um risco que corre toda a arregimentação havida em torno dos escândalos legislativos pela manutenção de mandatos e, pior do que isso, da cultura que os inspirou que compromete a todos nós que não podemos como Lula dizer que nada sabíamos. junho de 2010 | IDEIAS

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Judas Tadeu Grassi Mendes

Setor Público: A Nossa “Desgraça”

A

economia brasileira, no que compete ao setor privado, mudou inquestionavelmente nos últimos quinze anos. A produção agrícola duplicou (principalmente por aumento de produtividade), a da maioria dos principais produtos industriais pelo menos duplicou (chegando em alguns casos a quadruplicar), também pela via de maior produtividade. Acontece que quem produz não é o setor público, mas o privado. As empresas foram forçadas a se tornarem mais competitivas e isso foi conseguido por:

setor público brasileiro ter sido a grande pedra no caminho, dificultando que essas melhorias acontecessem. Se não vejamos: Setor Público: a pedra no caminho

a. Os investimentos públicos em ciência e tecnologia não chegam a US$ 20,00 por habitante/ano, enquanto no Japão ultrapassa a US$ 500,00 por japonês por ano;

c. Além de reduzirem o custo unitário, melhoraram a qualidade dos bens e serviços ofertados.

b. Os investimentos públicos em educação básica são vergonhosos para padrões minimamente decentes. Basta dizer que é de apenas R$ 3,00 por dia/ estudante em escolas públicas do ensino básico, ou seja, algo como R$ 100,00 por mês, enquanto um presidiário custa mais de R$ 1.500,00/mês. Como consequência, hoje o Brasil vive o apagão da mão de obra especializada. Falta gente com qualificação;

Esse, sem dúvida, foi o grande feito do governo FHC, ao forçar as empresas a terem que mudar seus processos produtivos, de tal forma que o combate à inflação foi conseguido, sem tabelamento. Esses processos foram e ainda são: a globalização, a abertura da economia brasileira (que efetivamente ocorreu a partir de 1994), a estabilização da economia (é bom lembrar que o Plano Real é de 1994), a privatização (a partir de 1991) e a crescente conscientização dos consumidores brasileiros (o Código de Defesa do Consumidor é de 1991). Em outras palavras, o setor privado brasileiro fez a lição de casa e melhorou significativamente nas duas últimas décadas. As empresas mudaram, apesar de o

c. Os investimentos públicos em infraestrutura nos últimos anos no Brasil tem sido pífios (apesar da propaganda oficial dizer o contrário). O atual governo Federal investe apenas 0,35% do PIB em infraestrutura e esse valor vem caindo. É por isso que se fala tanto em apagões: apagão das estradas, dos portos, da energia e assim por diante. Recentemente, os jornais publicaram que 70% das estradas no Brasil têm problemas sérios de pavimentação. Dos cerca de 90 mil km das principais estradas pavimentadas, 62 mil km estão em estado ruim ou péssimo. Estradas ruins significam custos elevados para as empresas, que precisam ser competitivas;

a. Apostarem em tecnologia para aumentar a produtividade; b. Com maior produtividade, conseguiram reduzir o custo unitário, ou seja, o custo médio de produção;

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d. Os impostos não param de aumentar. O governo Lula prometeu que não iria aumentar impostos, mas isto foi só no papo, porque na verdade, não parou de crescer. Não levamos mais um ano para pagar um trilhão de reais. Aliás, o atual governo foi o primeiro a chegar a esta (negativa) proeza, isto é, “nunca na história deste país”... Em 2010, os brasileiros deverão pagar R$ 1,1 trilhão em tributos, ou seja, cerca de R$ 3 bilhões por dia; e. Também “nunca antes na história deste país” tenha havido um governo que pagasse em apenas sete anos (2003-2009) R$ 1,1 trilhão somente de juros, ou seja, nestes primeiros 2.555 dias, o governo Lula pagou, em média, R$ 430 milhões por dia. Um recorde negativo. Por isso, os bancos agradecem penhoradamente. Na verdade, estamos trabalhando para pagar juros, infelizmente, e o governo é o principal responsável por manter juros tão altos desnecessariamente. Afinal, o mundo tem juros baixos e não tem inflação. Por que o Brasil tem que ter juros altos para conter a inflação? Ninguém do governo responde a esta pergunta. Aliás, o Brasil é o único país do mundo, em que o principal item de gastos são os juros, superando o de pessoal e o da máquina administrativa;

Em 2010, o Brasil vai ter a grande oportunidade de dar uma guinada no seu destino, procurando eleger alguém que possa fazer as reformas de que tanto precisamos.

f. A dívida pública é o fenômeno que não para de crescer. O governo Lula, quando assumiu a dívida de R$ 750 bilhões e hoje mais do que duplicou (R$ 1,58 trilhão). Sabe o que isso significa? Que a cada dia, a dívida aumentou em R$ 324 milhões, também um outro negativo recorde. É por isso que “nunca na história desse país”. g. De 1960 a 2000, o Brasil sempre cresceu mais do América Latina. Em 2002, mais da metade do PIB do continente era brasileiro. Como a partir de 2003, estamos crescendo menos do que a taxa da América Latina, nossa participação foi reduzida para 45%. Aliás, por falar em baixo crescimento, temos que agradecer o Haiti, por não ter deixado o Brasil ser o último da América Latina, nos últimos anos; h. Recentemente os jornais têm publicado os constantes déficits nas contas publicas, inclusive no conceito primário (que não considera o pagamento de juros). Desde setembro de 2009 até abril de 2010, em vários meses tem havido déficit, o que é uma preocupação e já analistas sérios que afirmam junho de 2010 | IDEIAS 11


em herança maldita do atual governo para o próximo. Isso não é nenhum exagero, pois a gastança está descontrolada; i. Há um descontrole total das contas públicas no tocante a gastos com juros, pessoal e máquina administrativa, cujos valores vêm aumentando geometricamente, de tal modo que somente com esses três itens, o governo Federal torra cerca de R$ 1,3 bilhão por dia. Simplesmente um absurdo. E o pior é o seguinte: para cada R$ 25,00 gastos nestes três itens, o governo investe apenas R$ 1,00 em infraestrutura. Não há duvidas de que o governo está indo pelo caminho do afrouxamento das metas fiscais. E o pior de todo esse desgoverno das contas públicas, que só sugam mais e mais impostos, é a postura do atual governo que faz de tudo para ampliar ainda mais a presença do Estado na economia pela via partidária. Brasil e o governo que queremos – Ora, se o setor privado brasileiro fez um enorme esforço em produzir bens e serviços melhores e mais baratos, a ponto de controlar a inflação, apesar da péssima infraestrutura pública, que é cara e ineficiente, dos impostos absurdos (que engolem 36% do PIB, ou seja, os brasileiros têm um sócio que fica com mais de um terço de tudo o se produz neste país) e dos juros desnecessariamente elevados, a única coisa que resta à sociedade brasileira é ficar atenta para mudar tudo isso. Precisamos de um governo comprometido com:

O

a. As reformas previdenciária, trabalhista, tributária e administrativa para que o governo venha a ter efetivamente o tal do déficit nominal zero, isto é, as contas públicas, incluindo o pagamento de juros, sendo cobertas apenas pelos tributos (impostos e contribuições), sem necessidade de ter que vender títulos 12 IDEIAS | junho de 2010

públicos diariamente, aumentando a dívida pública interna, que no governo Lula tem crescido R$ 324 milhões por dia, conforme já mencionado; b. Feita as reformas e o governo passando a ter equilíbrio fiscal, as taxas de juros irão necessa­riamente diminuir e o Brasil passará a ter juros de países desenvolvidos, estimulando o consumo privado e principalmente os investimentos produtivos, que vão garantir a geração de empregos; c. O aspecto mais importante dessas reformas é que, em vez de o governo ficar apenas pagando juros absurdos (o governo Lula, desde 2003, vem pagando uma média de R$ 430 milhões por dia somente em juros, o governo passará a ter recursos para fazer investimentos públicos em infraestrutura física (como estradas, portos, ferrovias, energia) e infraestrutura social (escolas, saúde, saneamento e segurança), fazendo do Brasil um canteiro de obras, gerando empregos e renda, e assim não haverá mais necessidade de um Fome Zero, pois as pessoas querem é dignidade de um emprego minimante capaz de fazê-las felizes e independentes. Em 2010, o Brasil vai ter a grande oportunidade de dar uma guinada no seu destino, procurando eleger alguém que possa fazer as reformas de que tanto precisamos. E o que precisamos é tirar essa pedra que é o governo nas nossas vidas. Um governo menos gastador e mais indutor (investidor) como sugeriu o “Pelé da Economia”, o grande Keynes, há mais de 70 anos. Infelizmente, o Brasil ainda não aprendeu: por isso, crescemos tão pouco e geramos tão poucos empregos, e mesmo assim ainda acreditamos que tudo está bom.

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m país de tantas oportunidades – Nos cin-

co primeiros anos do governo Lula, o mundo cresceu muito, mas o Brasil patinou e perdeu a chance. A crise complicou. Está na hora de prepararmos o país para, quando o mundo voltar a crescer, nós não perdermos mais nenhuma oportunidade. Quem precisa fazer a lição de casa é o setor público, porque as empresas já fizeram muito. Entre as oportunidades enormes do Brasil pode-se citar:


a. O pré-sal, que apesar de ainda demorar para efetivamente dar os resultados, deve gerar alguns bilhões de dólares, que se, corretamente utilizados (e não desviados a interesses partidários e sindicais), podem beneficiar os brasileiros, em especial os mais pobres; b. O Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo e cada vez será ainda mais importante. É um dos poucos países que têm milhões de hectares a serem incorporados ao processo produtivo, de modo a não produzir apenas os atuais 140 milhões de toneladas de grãos, mas algo como 500 milhões de toneladas;

E o pior de todo esse desgoverno das contas públicas, que só sugam mais e mais impostos, é a postura do atual governo que faz de tudo para ampliar ainda mais a presença do Estado na economia pela via partidária. c. O Pró-Álcool, que é um “poço de riqueza renovável”, onde o Brasil é praticamente o único no mundo. No nosso país, um hectare a mais de canade-açúcar não significa um hectare a menos de alimentos. Se utilizarmos apenas 30% dos 150 milhões de hectares de pastagem já seriam suficientes para fazermos um Pró-Álcool para abastecer o mundo; d. O turismo é um outro setor que poderia fazer o crescimento do Brasil. No entanto, há mais brasileiros visitando o mundo do que estrangeiros vindo para cá. Só para lembrar: a Espanha tem cerca de 38 milhões de habitantes, mas recebe mais de 57 milhões de turistas por ano. Imagine se para cada três brasileiros viesse um estrangeiro visitar o Brasil, nós estaríamos recebendo mais de 60 milhões de visitantes por

ano. A França, que é minúscula se comparada ao tamanho do Brasil, recebe por ano mais de 70 milhões de turistas. Enfim, o Brasil é um país de muitas oportunidades. O problema está aqui dentro e se concentra no setor público, que é gastador, sem controle e não investe quase nada. Está na hora de a sociedade brasileira dar um basta nisso. Precisamos eleger gente que já fez alguma coisa. É por isso que sempre digo: “nã o voto em quem nunca tocou um carrinho de pipoca”. Um bom pipoqueiro precisa, no mínimo, saber os 4 Ps do marketing. Ele é um fazedor e tem bom senso. Quem nunca fez nada, não pode se aventurar no comando do país. Há gente boa, mas o difícil é elegê-las. Judas Tadeu Grassi Mendes é Ph.D. em economia pela Ohio State University (EUA, 1980), professor visitante nos EUA, Japão e Alemanha, autor de seis livros de Economia e Cofundador e Diretor Presidente da Estação Business School.

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foto UMMA Comunicação

Gente Fina Fábio Silvestre O ator, diretor e humorista Fábio Silvestre acaba de estabelecer residência em São Paulo para dar novas rumos a uma carreira que teve Curitiba como base pra maioria de seus trabalhos como ator e humorista. Em Curitiba ele escreveu, dirigiu e atuou em mais de 30 peças de teatro, além de participar de 2 longa metragens e uma série de curtas. Em São Paulo já tem temporada marcada no Teatro Procópio Ferreira a partir de 15 de julho com o espetáculo Zappiada, onde atuará com o humorista da Praça É Nossa, Raphael Veles, sob a direção de Oscar Filho, um dos repórteres do CQC. Além do Zappiada, foi convidado a viver o Deputado Ninguém em vídeo viral dirigido por Rodrigo Fernandes e com roteiro de Murilo Gun. “Ninguém vai mudar o Brasil”O vídeo será postado e divulgado pelo Jacaré Banguela, um dos blogs de humor mais ativos da internet brasileira. Pra não se despedir por completo de Curitiba, seu maior sucesso. A peça O Bêbado, já vista por mais de 80.000 pessoas entra em cartaz todas as terças a partir do dia 22/06 no Teatro Lala Schneider.

Pry, uma mulher de verdade A cartunista Pryscila Vieira foi convidada para integrar mais uma tropa de elite da imprensa. Agora, Pryscila também faz parte da equipe de cartunistas da Folha de São Paulo. Entre seus trabalhos, estão personagens infantis como os da campanha de separação de lixo da cidade de Curitiba (SE-PA-RE) e a personagem Amely, indicada ao maior prêmio do humor gráfico nacional como melhor tirinha de 2009. Para conhecer melhor o trabalho da Pryscila, basta conferir a página de humor da revista Idéias. Aqui, a tropa é de elite.

14 IDEIAS | junho de 2010


Kléberson Kléberson é natural de Uraí no Paraná, ele nasceu dia 19 de junho de 1979 e começou a jogar no Clube Atlético Paranaense. Seu atual time é o flamengo e na seleção brasileira ele atua como volante.

Nilmar Nilmar é natural de Bandeirantes no Paraná, ele nasceu dia 14 de julho de 1984 e foi revelado no Internacional, seu atual time. Na seleção brasileira ele atua como atacante.

Do palco aos desenhos Maureen Miranda, conhecida atriz de teatro, revela um lado que pouca gente conhece: seu trabalho como ilustradora. Há cinco anos desenvolvendo ilustrações para peças, cenários, figurinos, Maureen emprestou seu traço facilmente reconhecido, seja nos palcos ou em folhas de papel, para inúmeros veículos editoriais como Gloss, Joyce Pascowitch, Juliette, Revista da Folha, entre outros. Há um ano a artista pisou no território da moda com um convite de Rose Andrade da ABEST para entrar no catálogo de referência da entidade. Nesse período Maureen Miranda já havia desenvolvido ilustrações para a Cavalera. Também desenvolveu recentes trabalhos para a Colcci, Coca-Cola Clothing e para a marca infantil Ma Poupée. Com uma técnica que cria composições de cores suaves e traços românticos (bico de pena, canetinha com água, colagem e nanquim), seus desenhos passam uma mensagem que foge do lugar comum. Sempre lúdicos, vêm ora melancólico, naïve, engraçado ou cruel. Aliam as inquietações do universo feminino com olhares, texturas e sacadas delicadas – delicadas, mas sem perder a força. Para quem deseja comprar suas obras, ela expõe na galeria virtual de André Diniz, Urban Arts, e atende no seu atelier que fica na Praça Roosevelt.

junho de 2010 | IDEIAS 15


No Brasil e no mundo

Sonoridade ímpar Murillo Da Rós é músico, arranjador e compositor curitibano. A criatividade da música de Murillo passa por uma sonoridade ímpar e diversa, não se enquadrando em um rótulo musical definido ao conferir-lhe uma rara personalidade. Um suave equilíbrio e uma surpreendente junção entre características da música instrumental brasileira, jazz e flamenca onde todos os ritmos encontram seu lugar, ao mesmo tempo sem perder traços e raízes: a possibilidade de acordes dissonantes característicos do violão do Brasil fluem entre a liberdade jazzística e as rítmicas incomuns do flamenco. Entre os trabalhos recentes, está o CD autoral Fênix, gravado em Madri com a participação do saxofonista espa-

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nhol Jorge Pardo. Murillo está em fase de finalização do DVD Arte Nômade. Recentemente vencedor do certame internacional Ourstage Instrumental, integram ainda a agenda do músico participações de destaque, como o evento Terem Crossover em São Petersburgo, Rússia – o único compositor brasileiro; convidado na Feira Música Brasil, em Recife; Festival Villa Celimontana Jazz, em Roma; entre outros. Em setembro de 2010 será apresentado em Curitiba - no Teatro Paiol, o musical Fênix, com Murillo e o maestro pianista Gilson Peranzzetta como convidado, oportunidade para que a comunidade local conheça um pouco mais sobre o trabalho da “prata da casa”.

foto Renata Candelot

Gente Fina


Os irmãos Hype

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epois de trabalhar em seis campanhas políticas, perder cinco bares e dois cartórios descobriu que uma das poucas coisas que sabe fazer é contar piadas. Já se vão oito anos fazendo as pessoas rirem. Foram sete Risoramas (maior festival de humor do país) Cinco anos em cartaz no Era Só o Q Faltava e dois no John Bull Music Hall, sempre ao lado de Diogo Portugal. Nos últimos dois meses está com “minha noite” no Curitiba Comedy Club. Clube da Piada com Miau Carraro e convidados. Incorpora alguns personagens: Stephanea, uma polaca safadinha, Nildigar, um bêbado irreverente, Gaudencio, gaúcho macho mesmo em baixo de outro macho e Gastão Cascalho dos Montes, um deputado sem vergonha, candidato a governador, (inspirado em ninguém). Além deles, costuma preencher seus shows com muitas piadinhas de salão.

S

andra Carraro, locutora de várias rádios de rock em Curitiba, já teve programas na Estação Primeira, Transamérica (Groove Planet), 91 Rock, 96 Rock, começou a tocar como Dj em fevereiro de 2005, quando terminou curso na AIMEC. Já tocou em vários eventos e casas noturnas como: EarthDance, Nico, Jokers, JPL Café, Vibe Red Concept, John Bull Music Hall, Cats Club, Roxy, La Lupe, Wonka, Mundo Mix Party (SP), POSH (SP)Mahatma, Jivago lounge, etc. Ao lado de grandes nomes como Ana Flavia, Marcio Vermelho, Gil Barbara, Joel Guglielmini, Gadotti, Raul Aguilera, Jô Mistinguett, Zoonoise, Zegon, Paulo Miklos, The Twelves, Database, entre outros. Junto com a produtora Gisa Gabriel promove um evento chamado Strong Girls, que traz para Curitiba mulheres que trabalham em varias áreas de criação e produção de arte e música. Além disso, é mãe da Apple e do David e ainda cuida do Ramone um gato preto lindo.

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Gente Fina Glow, sucesso absoluto Carolina Mendes é proprietária da Glow Eventos, empresa especializada em eventos corporativos. Atendeu durante oito anos a Case New Holland, responsável por todos os eventos do grupo no Brasil e América Latina. Hoje atende Brose do Brasil, Positivo Informática, Positivo Editora, HSBC, Kraft, Exxon, entre outros. A Glow é sucesso absoluto, o segredo disso, Caru conta: “equipe feliz, sempre manter a tranquilidade e o bom humor”.

foto Ali Karacas

A cozinha mágica de Eva

De volta à City Daniella Prestes colocou a mão à obra depois de um período em São Paulo. Envolvida com produção de sua primeira peça de teatro Laços Delicados, em que atua junto com a atriz Gilda Elisa, sob direção de Silvia Monteiro, na produção da segunda edição do seu primeiro livro de poemas eróticos, V-Nus, em parceria com Victor Sálvaro, que assinará o projeto de ilustração. E o segundo livro já está em pré-produção, chama-se Dúbio Sentido também com direção de Arte de Victor Sálvaro. O lançamento acontecerá em breve.

18 IDEIAS | junho de 2010

Eva dos Santos nasceu no Paraguai, e passou longos anos observando sua mãe, Francisca, cozinheira excelente, preparar comidas maravilhosas. Em 1990, chegou a Curitiba e trabalhou no lendário Sheena Bar, depois no Boulevard Restaurant. Em São Paulo, estagiou no clássico e chique Fasano. Mais tarde viajou para a Espanha e conheceu Arzak, ícone da culinária mundial, considerado o terceiro melhor do mundo, e aprendeu lá muita coisa. Foi a ponte para o mágico Asador Etxebarri, no país basco, que está no ranking entre os melhores do mundo, o único no domínio de peixes, moluscos, crustáceos na brasa. De volta ao Brasil, Eva aplica todo este espetacular conhecimento no Bistrô do Victor, Park Shopping Barigui, aberto há quase dois anos. Aprovadíssimo pelo público curitibano. (41) 3317 6920. Bistrô do Victor - Park Gourmet.

Victor, um realizador cultural Victor Sálvaro é produtor e realizador há 20 anos em Curitiba com a Staff Models, agora tem junto com Fábio Biondo e Maureen Miranda a Coolture Club, um birô de criação focado em arte e moda que tem como objetivo trabalhar em parceira com as agências de publicidade na realização em ações de marketing direto e promocional.


Madame Gi A jornalista paranaense Giselle Hishida está em São Paulo no BandNews TV, do Grupo Bandeirantes, desde o começo de abril. Reveza na bancada com o Nelson Gomes, que tem 20 anos de Band (a “voz” das chamadas da Band) e nove de Bandnews TV (idade do canal). Giselle apresentava e editava o Band Cidade, jornal da noite da Band Curitiba. Antes disso esteve por alguns anos na Bandnews FM e também trabalhou na CBN Curitiba. Agora está em contato com seus ídolos: Ricardo Boechat, Eleonora Pachoal, Fabio Panunzzio, Joelmir, e toda essa turma.

foto Kraw Penas Fotografia

A arte de inovar Cristiane Canet Mocellin vive um momento especial no investimento pessoal, ela que tem atuação marcante no meio empresarial na Fortuna Corretora e Águas Ouro Fino, aceitou presidir a Associação Alírio Pfiffer que há 21 anos trabalha por essa causa. Sob seu comando a Associação inaugurou uma loja na Rua Mariano Torres, 106. A nova modalidade de captação de recursos passa pela venda e oferta de produtos de ponta de estoque, artigos de cama, mesa e banho, de importados apreendidos e doados pela Receita Federal, roupas Vintage e o resultado impulsiona as ações de resgate social executadas pelo grupo de voluntários que compõe o quadro associativo da Associação.

Caçula O delegado da polícia federal Fernando Francischini emocionado com o nascimento do caçula, Bernardo Rezende Francischini. Foi no dia 8 de junho, às 22h, em Curitiba, pesando 4 kg e medindo 51 cm. Parabéns!

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CARLOS ALBERTO PESSÔA  jornalista

CRÔNICA

Ministério Público Fui assessor de imprensa do Ministério Público na segunda gestão

D

o Dr. Giacóia – excelente ser humano, excelente profissional. Continuei no cargo até a metade da gestão do Marco Antônio – idem, idem. Ao longo do período pude admirar a dedicação, a competência com que promotores e procuradores exercem as funções bastante ampliadas pela Constituição-88. Também acompanhei um concurso de admissão e uma eleição à Procuradoria – sobre a qual tenho objeções –, seguida do objetável processo de coroamento do Procurador Geral. Começarei pelo concurso.

P

edreira – Que pedreira. Na verdade uma maratona intelectual ida-e-volta. Que reforça o espírito-de-corpo dos aprovados – meia dúzia de bravos – orgulhosos da penosa travessia. Não é pra menos. Se você acha que a dureza acaba aqui, enganou-se. A dupla maratona é refresco perto do que espera o jovem promotor a cavaleiro no posto. Frouxo, frouxo, o tipo faceiro encarará milhares de processos por ano. Isso mesmo: milhares (não espalhe, trabalho pra doze Hércules).

A

s amargas – A eleição dos Procuradores (três), que terão os nomes encaminhados ao governador (ele escolherá um, não necessariamente o mais votado) padece de complicação: promotores e procuradores podem votar em um, dois ou três candidatos! Ora, por que não votar em apenas um candidato? E por que não retirar do governador o perigoso poder de escolha – capaz de colocar em xeque a soberania do MP? Afirmativamente: ao lixo a lista tríplice; ao mais votado, advogado do diabo e sabatina pública na Assembleia; aprovado, o governador apenas o sacramentaria.

E

m tempo – Sou contra o chamado “quinto constitucional”. Em miúdos: um quinto das cadeiras dos Tribunais de Justiça dos Estados deve ser ocupado por promotores e advogados. Ora, promotores e advogados são treinados pra atacar e defender, especialistas nas artes marciais jurídicas. E lá pelas tantas, depois de muitos anos de exercícios loca-

lizados, são indicados pra difícil arte de julgar!? Para a qual não se prepararam e na qual não têm treino específico!? As cadeiras dos desembargadores, assim como as dos tribunais superiores – que reservam um terço as já citadas guildas (a exceção é o Supremo, vulgo STF, onde não há reserva de mercado) – deveriam ser exclusividade dos juízes. Advogados, contentem-se com a Advocacia Geral! Promotores, lambam os dedos com a Procuradoria!

N

.B – Se sou contra o poder dos governadores de nomear os procuradores gerais de Justiça, por mais fortes razões sou contra o poder de nomearem os desembargadores e, por mais fortes razões ainda, sou contra o poder do presidente da República de nomear a rapaziada do STF. Se a guerra é importante demais pra ficar nas mãos dos generais, os altos postos do Judiciário são muito importantes pra ficarem nas mãos dos políticos de plantão nos Executivos. junho de 2010 | IDEIAS 21


VEREADORES

Por dentro da Câmara Acompanhe o trabalho dos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba Antifumo Por ocasião do Dia Mundial

Educação Aprovado projeto de diver-

Sem Tabaco (31 de maio), o vereador Tico Kuzma comemorou o respeito da população curitibana à lei municipal que restringiu o fumo em locais fechados. Dos mais de 12 mil estabelecimentos já fiscalizados, somente 49 não estavam cumprindo a nova norma.

sos vereadores revogando a lei 10.905/03, que depreciava gastos com educação e, segundo parecer do Ministério Público, “era inconstitucional por incutir impacto financeiro maléfico ao setor”. A medida foi apresentado pela bancada petista e recebeu parecer favorável do vereador Juliano Borghetti (PP).

Assistência O vereador João Luiz

Cordeiro (PSDB), o João do Suco, é autor de dois requerimentos aprovados pelo plenário da Câmara de Curitiba. Um pede a implantação de Unidade de Saúde 24 Horas para o bairro Mercês. O outro reivindica construção de um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) na Vila São Carlos, bairro Pinheirinho. Skate Os vereadores Beto Moraes

(PSDB) e Caíque Ferrante (PRP) propõem melhorias em locais para a prática do skate. O parlamentar tucano sugere a revitalização da praça 29 de Março, na rua Martim Afonso, esquina com a Brigadeiro Franco, no Bigorrilho. Prevenção A lei que dispõe sobre a

colocação de placas de combate à pedofilia no interior dos meios de transporte coletivo, de autoria do presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), foi sancionada pelo prefeito Luciano Ducci. Agora, os veículos que prestam serviços de transporte de passageiros devem possuir placa com o número do Disque Denúncia sobre pedofilia “100”.

Abrigo Para garantir bem-estar e pro-

teção aos alunos do Centro Municipal de Ensino Integrado (CMEI) Professor José Wanderley Dias, no Barreirinha, o vereador Jairo Marcelino (PDT) solicitou na Câmara de Curitiba a implantação de cobertura na entrada da unidade. Lixo Aprovado projeto que prevê tratamento e destinação diferenciada de resíduos especiais, como pneus, pilhas, baterias, lâmpadas, embalagens de tintas, solventes, óleos lubrificantes e lixo eletrônico na cidade. De acordo com a proposta, de autoria dos vereadores João Cláudio Derosso (PSDB), João do Suco (PSDB) e Julieta Reis (DEM), fica proibida a disposição destes materiais para coleta pública, descarte sob qualquer forma e em qualquer lugar. Memorial A importância do lançamen-

to do memorial Africano, na praça Zumbi dos Palmares, justamente quando estamos vivendo o clima da Copa do Mundo 2010, na África do Sul, foi destacada pelo vereador Mario Celso Cunha (PSB), autor do

Câmara Municipal de Curitiba • www.cmc.pr.gov.br R. Barão do Rio Branco, s/nº — cep 80010-902 telefone: (41) 3350-4500 fax: (41)3350-4737 22 IDEIAS | junho de 2010

projeto que resultou na obra. Também participaram da inauguração os vereadores Tico Kuzma (PSB), Tito Zeglin (PDT), João do Suco (PSDB), Serginho do Posto (PSDB) e Felipe Braga Côrtes (PSDB). Suplente O vereador Algaci Tulio

(PMDB) deixou a liderança da bancada de oposição da Câmara de Curitiba para assumir a Secretaria Especial do Estado do Paraná para Assuntos da Copa 2014, a convite do governador Orlando Pessuti. Ele estará fora da Casa até janeiro de 2011, quando deve retomar o mandato. Até lá, assume o primeiro suplente do PMDB, Clementino Tomaz Vieira, líder sindical. Arborização Aprovada campanha

permanente de incentivo à arborização de ruas, proposta pelo vereador Zé Maria (PPS). Mudas de árvores e plantas ornamentais estarão disponíveis gratuitamente para os interessados em arborizar ruas, praças e jardins. A pessoa interessada assumirá a responsabilidade pelo plantio. Internet Para evitar que estudantes acessem sites com apologia às drogas, pornografia, pedofilia, sexo, violência e armamentos, o vereador Dirceu Moreira (PSL) protocolou projeto que obriga escolas, bibliotecas, Ruas da Cidadania e outros locais públicos onde funcionem computadores ligados à internet, a instalar tecnologia de filtragem de conteúdo dos sites acessados.


LUIZ FERNANDO PEREIRA  advogado

OPINIÃO

Requião – irresponsabilidade e esquizofrenia jurídica

E

m sua primeira passagem pelo Governo – no começo da década de noventa –, entre outras decisões irresponsáveis, Requião cancelou um aumento destinado aos servidores do judiciário. Contra todos os pareceres jurídicos que indicavam a legalidade do aumento, Requião fez valer sua decisão, articulada por razões políticas. Os servidores propuseram ações contra o Estado. Quase vinte anos depois a conta está em um bilhão e quinhentos milhões de reais. E foi assim o tempo todo em que esteve no Governo, nas três gestões. Sua preocupação não é com decisão juridicamente correta, mas sempre e apenas com a questão política, servindo a primeira como mera correia de transmissão da segunda. Para o ex-governador, só há interesse nos dividendos políticos das discussões judiciais – custe o que custar para o estado. Esta irresponsabilidade de Requião nos cobrará um alto custo. Estima-se em trezentos milhões de reais o passivo da “guerra” contra o pedágio. Requião nunca quis resolver o tema do pedágio. A ideia era outra. A satanização dos contratos,

como sempre, atendia a uma lógica estritamente política. A Copel também foi sacrificada. Ao assumir Requião inventou que a usina da UEG Araucária, por um suposto erro de projeto, estava para explodir. Tratava-se de uma opinião insana, diziam os técnicos da própria Copel. Às vésperas de perder uma arbitragem internacional que oneraria a Copel em mais de um bilhão de dólares, obrigou-se a um acordo que resultou na compra da própria UEG – aquela que estava para explodir... O rompante de Requião no caso Brascan também acaba de ter um trágico fim para a Copel – setenta milhões já penhorados, decorrentes, sobretudo, de multas por descumprimentos contratuais. É e certo que o pior desta postura beligerante&irresponsável não está nas perdas pontuais desta ou daquela ação (e são dezenas de casos...), mas nas externalidades negativas. Ninguém quis mais ser parceiro da Copel em tempos de Requião. Resultado: a Companhia paranaense tem um bilhão e quinhentos milhões em caixa e não consegue investir, a apontar para

uma consequência impressionante: recente avaliação do americano JP Morgan indica que a Copel, no início do Governo Requião, tinha um valor de mercado equivalente ao da Cemig; hoje a Copel vale apenas a metade da companhia mineira. A Sanepar não escapou. Sete anos de ininterrupta disputa judicial com o Grupo Dominó travou a nossa companhia de saneamento. E todas as decisões foram desfavoráveis à Sanepar. O custo direto e indireto da derrota é incalculável. E o Porto de Paranaguá e a farsesca guerra contra os transgênicos? Santa Catarina segue agradecendo. Trato aqui apenas de alguns casos. Foram dezenas de contratos rompidos unilateralmente a resultar, em muitos casos, em indenizações milionárias. Apenas a saída de Requião do governo abriu o caminho para resolver o caso Itaú e a sucessão de sandices jurídicas. E também temos as multas da TV Educativa. E aquele outro caso... e mais tantos outros. Requião comandou um governo juridicamente esquizofrênico. Ficaremos gerações pagando o prejuízo. junho de 2010 | IDEIAS 23


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CIDADES

Almirante Tamandaré para crianças e adolescentes

A

cidade de Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, oferece novas perspectivas para crianças e adolescentes. As oportunidades vêm do contato desses jovens com bens artísticos, participação de atividades esportivas, tecnológicas e profissionalizantes. Esse comboio cultural chega à cidade com o Centro de Juventude de Almirante Tamandaré. No começo deste mês de junho foi assinada, pelo Governador Orlando Pessuti, a ordem

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de serviço para início imediato das obras. Os recursos para a construção são do Tesouro do Estado, através do FIA – Fundo da Infância e da Adolescência. O centro será mantido pela Prefeitura Municipal, que doou o terreno para a construção. O Centro da Juventude será construído na Grande Cachoeira e atenderá o público de 12 a 18 anos. O objetivo é proporcionar o desenvolvimento e participação em ações que favoreçam a formação pessoal e profissional do jovem. “Esta é mais

uma obra que conseguimos com o apoio do Governo do Estado e é mais um equipamento público que estaremos entregando em breve à população, mais especificamente aos jovens da nossa cidade. Estamos buscando não só a melhoria da qualidade de vida, mas a formação educacional e profissional dos nossos jovens, preparando-os para o futuro”, destacou Vilson Goinski, Prefeito de Almirante Tamandaré. O projeto arquitetônico foi elaborado pela Secretaria de Esta-


do do Desenvolvimento Urbano e prevê laboratórios de informática, biblioteca, auditório, salas multiuso, bloco para atividades esportivas, praça, teatro de arena, pista de skate, ginásio poliesportivo e uma piscina. O custo total, entre a construção e instalação dos equipamentos para funcionamento é de R$ 2,3 milhões de reais.

P

rofilaxia - Paralelo ao projeto do Centro da Juventude, o Programa Criança na Escola continua a beneficiar às crianças das redes estadual e municipal de educação. Hoje, o programa fornece periodicamente material escolar, uniformes e calçados para os estudantes, além de capacitar os professores da rede pública de Almirante Tamandaré. Agora, o Criança na Escola voltase à profilaxia. A ação que faz parte do programa consiste na entrega de kits de higiene bucal a todos os alunos da Rede Municipal de Ensino

e orientação sobre como higienizar corretamente a boca dos pequenos. O Secretário Municipal de Saúde, Luciano Bugalski, apresentou os kits que trazem uma novidade este ano, uma cartilha educativa e interativa. Cada kit contém escova de dente, pasta, fio dental e a cartilha. Os alunos podem colorir a cartilha e ao mesmo tempo aprender sobre higiene bucal. Além dos kits para os alunos, são entregues ainda saches para bochechos semanais de flúor. “Este Programa é fundamental em uma cidade com as características de Almirante Tamandaré. Muitas campanhas estaduais e federais voltadas à higiene bucal são feitas hoje em dia, mas sem a entrega dos kits estas campanhas não são eficazes, pois só a preocupação com a saúde bucal não basta. É necessário um esforço no sentido de se fornecer o material para a higiene bucal. Isso a nossa administração está fazendo desde 2006, com a entrega três vezes

ao ano dos kits em todas as escolas municipais e CMEI´S”, defendeu o Prefeito Vilson Goinski. Com um investimento de cerca de R$ 100.000,00, todas as crianças da Rede Municipal de Ensino são contempladas com três kits por ano. A equipe da saúde bucal da Secretaria Municipal de Saúde, coordenada pelo Dr. Moacir Didoné Júnior, visita todas as escolas municipais e CMEI´s orientando a escovação diária e bochecho com flúor semanalmente, além de realizar atividades lúdicas e educativas, como o teatro de fantoches apresentado pela Técnica em Higiene Bucal Eva Vania Brasil. Numa parceria com a Secretaria Municipal de Educação, que faz a articulação para a distribuição nos estabelecimentos de ensino, palestras são ministradas pela equipe da Higiene Bucal, com orientação aos profissionais da educação sobre a importância da saúde bucal.

“Este Programa é fundamental em uma cidade com as características de Almirante Tamandaré.”, diz o prefeito. junho de 2010 | IDEIAS 27


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MIRIAN GASPARIN  jornalista

NEGÓCIOS

Inflação, o fantasma está voltando Cenário atual é maligno e as empresas já começam a se preocupar

I

nflação palavra que causou desespero nos anos 80 e 90, mas que chegou a ser praticamente ignorada na última década, volta em 2010 a soar em tom de desconfiança nos meios empresariais e entre os próprios consumidores. Na última semana de maio, pela 18ª semana consecutiva, os agentes do mercado elevaram a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010. O recorde anterior foi em 2002, quando a estimativa para a inflação avançou durante 17 semanas seguidas em meio ao caos pré-eleitoral. Em pleno combate, o governo começa a utilizar a elevação dos juros como arma letal, mesmo sabendo que não conseguirá mais cumprir a meta fixada em 4,5% para este ano. O temor é que a inflação supere a casa de 6,5%.

A

verdade é que o atual cenário inflacionário é maligno, apesar das projeções de crescimento de 6% para o Produto Interno Bruto (PIB). No começo do ano, a culpa recaiu sobre o choque de ofertas de alimentos causado por questões climáticas. O esboço de recuperação dos países desenvolvidos também elevou o preço das commo-

dities. Agora, o minério de ferro é o vilão da vez. E, por fim, virá a inflação de demanda causada por um consumo excessivo, turbinado por crédito e renda em expansão.

P

ara o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos em Finanças, regional do Paraná (Ibef/PR), Nelson Oliveira, os empresários de uma forma geral estão preocupados com a continuidade da elevação dos índices inflacionários, já que como a demanda é maior que a oferta em função do incremento da renda e a taxa de investimento continua baixa, o que pode ocorrer é um desequilíbrio. Segundo ele, o governo continua gastando mais do deveria e o superávit está acontecendo em função do aumento da arrecadação.

O

vice-presidente do Ibef/PR destaca que as empresas estão repassando seus custos para os preços dos produtos porque a demanda é grande, mas no momento em que oferta não for suficiente para atender a todos os pedidos a situação ficará insustentável. As indústrias já estão trabalhando com capacidade plena. Em algumas indústrias, o

prazo de entrega de um caminhão já chega a um ano. Por 2010 ser um ano político, a situação é ainda mais preocupante, alerta Oliveira.

N

a sua avaliação, só alta dos juros não resolverá o problema da inflação. “É o mesmo que uma empresa nomear um bom diretor financeiro, mas ter a sua volta um bando de incompetentes.É preciso um conjunto de ações”, oberva o vice-presidente do Ibef/PR.

D

iante das incertezas, as empresas estão se focando na gestão de custos e pensando em investimentos para se sustentarem no mercado. Neste momento, as empresas buscam aproveitar a forte demanda para surfar, mas concordam que são grandes as preocupações quando se fazem projeções para 2011 e 2012.

D

e acordo com Nelson Oliveira, o dinheiro nos bancos existe e chega até a sobrar. “O maior problema agora é ajustar as curvas da oferta e demanda e fazer o governo parar de gastar num ano de eleições”, destaca. junho de 2010 | IDEIAS 29


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IDEIAS + PARANÁ PESQUISAS

Curitibanos são bem informados sobre H1N1, mas não mudam hábitos para combatê-la Você adotou alguma mudança em sua rotina para se prevenir contra a gripe A (H1N1), ou seja, a gripe suína? (RM) (ESPONTÂNEA)

61,3%

As unidades de saúde e hospitais estão preparados para atender os casos suspeitos de gripe A (H1N1), ou seja, de gripe suína?

25,4%

9,7% 5,1% 5,1% 4,7% 1,6% 1,3% 1,3%

0,7% 0,7% 0,6% 0,6%

30,45% SIM 60,30% NÃO 9,24% Não sabe

Não Mudou hábitos de higiene (passou a lavar as mãos com mais frequência/ passar álcool nas mãos/ usar lenços de papel/ não compartilhar utensílios/ ferver/ lavar com álcool a louça/ lavar bem as verduras)

Tomou a vacina Está arejando a casa/ mantendo a casa aberta/ abre as janelas dos ônibus evita permanecer em ambientes fechados

Você conhece os sintomas da gripe A (H1N1), ou seja, da gripe suína?

Evita permanecer em ambientes fechados Evita lugares com aglomeração de pessoas Está usando máscaras Mantém distância de pessoas que estejam tossindo/ espirrando/ Que apresentem sintomas de gripe Passou a alimentar-se bem/ fazer uma alimentação correta/ beber muito líquido Agasalha-se bem/ procura não tomar friagem Toma vitaminas p/ reforçar a imunidade/ toma remédios contra gripe Evita sair/ estar em locais públicos Outras citações

75,30% SIM 13,48% NÃO 11,21% MAIS OU MENOS

Esta pesquisa foi realizada com os habitantes do município de Curitiba maiores de 16 anos. Para a realização desta pesquisa foram entrevistados 660 habitantes. O trabalho de levantamento dos dados foi feito através de entrevistas pessoais em Curitiba durante os dias 01 a 03 de junho de 2010, sendo acompanhadas 19,70% das entrevistas. Tal amostra representativa do município de Curitiba atinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de 4,0%.

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Foto: Rogério Machado

COMPORTAMENTO

Mulheres ao poder Miriam Karam Colaboração de MARIANNA CAMARGO

E

m um universo ainda dominado pelos homens e pela cultura machista, mulheres paranaenses deixam de ser coadjuvantes para assumir funções decisivas. Mulheres que assumiram papéis de decisão e influência em vários planos da vida paranaense. Mulheres que fazem. Não herdaram posições. Assumiram graças aos seus méritos. A matéria traz a história de sete mulheres guerreiras, que conquistaram posições, cargos e reconhecimento graças ao talento, persistência e inteligência concretizados em projetos, grandes perspectivas e novas ideias. Claudia Wasilewski, Gleisi Hoffmann, Fernanda Richa, Marina Nessi, Monica Rischbieter, Paula Fernandes de Siqueira e Valéria Prochmann são grandes mulheres que galgaram espaços em diferentes áreas e todas têm essas qualidades em comum, e muito mais. Confira. “O difícil mesmo é ser homem nos dias de hoje”, ironiza Monica Rischbieter, roteirista e produtora de cinema. A jornalista e militante feminista Valéria Prochmann avalia que o machismo ainda é muito forte na nossa sociedade. E aí você pergunta: o que faz com que mulheres independentes e bem-sucedidas tenham respostas tão diferentes quan-

32 IDEIAS | junho de 2010

Fernanda Bernardi Vieira Richa é presidente da Fundação de Ação Social (FAS) da prefeitura de Curitiba. Mulher do ex-prefeito Beto Richa, se transformou na grande revelação política das duas últimas campanhas eleitorais. Mesmo sem ter disputado eleições, se tornou tão popular que teve de usar energia para convencer o PSDB de que não seria candidata neste ano.


“Temos que beijar o chão que as feministas pisaram”, diz Gleisi Hoffmann. “Sem dúvida, elas abriram caminhos jamais antes trilhados por uma mulher e colocaram em pauta preocupações e necessidades relegadas a segundo plano” Gleisi Hoffmann, advogada, foi a primeira mulher a dirigir o PT no Paraná e a ocupar a diretoria financeira da Itaipu Binacional. Foi secretária de Gestão Pública do município de Londrina e secretária de estado no Mato Grosso do Sul. É pré-candidata ao Senado Federal pelo PT.

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Foto: Elias Dias

do confrontadas com a permanência da discriminação contra a mulher? Os motivos que as duas apresentam são diversos, e refletem bastante bem a realidade do país, em particular, e do mundo ocidental, de uma forma geral. As conquistas femininas são fato incontestável; saímos há pouco de um século de lutas que alcançou destaque na conquista do voto feminino e tomou embalo, de vez, nos anos 60, para nunca mais deixar de avançar ou sair da agenda da sociedade. O problema é que, subjetivamente, nem tudo ficou tão cor-de-rosa quanto se poderia supor analisando o resultado das lutas e dos avanços obtidos, em sua maioria registrados em leis que punem e multam as transgressões. O problema, então, fica cla-


ro: comportamentos não mudam por imposição. E é aí que reside o perigo da simplificação.

A

s filhas da revolução feminista, que tomou corpo e simbologia quando as mulheres saíram às ruas e queimaram sutiãs em praça pública, não são, afinal, tão felizes com a liberdade pela qual suas mães tanto lutaram. A presidente da Fundação de Ação Social (FAS) da prefeitura de Curitiba, Fernanda Richa, não tem a menor dúvida. “Temos liberdade, conquistamos espaço, mas

há outros problemas hoje que impedem que possamos usufruir dos avanços, como o medo da violência, as drogas, a falta de limites”.

C

omo se vê, é preciso levar em conta que boa parte dos problemas é causada não exatamente pelo machismo, mas pela forma como evoluiu o mundo e principalente o sistema capitalista. Sempre, porém, seguindo a lógica mas­culina, é claro. É difícil separar o que resulta de um e de outro. Ou de imaginar como seria se um não sofresse a interferência do outro. O fato é que a liberdade tão arduamente conquistada Claudia Wasilewski é emprepelas feministas

não produziu os resultados imaginados. Ou todos os pretendidos. E, de quebra, gerou uma certa confusão na cabeça masculina. “O homem ficou sem papel, sem função social”, avalia Monica Rischbieter. Ao passo em que a mulher saiu de casa, abriu espaço no mundo profissional e não depende de mais ninguém, na maior parte de suas atividades não obteve a cumplicidade masculina: a casa e os filhos continuam sendo obrigações suas; o companheiro, no mais das vezes, “ajuda”, mas não divide responsabilidades. Aqui, a semântica é apenas reveladora de uma situação de fato. “A função social do homem ficou esquisita”, analisa Monica, de certa forma procurando brincar com uma situação presente na vida da

sária, formada em economia; foi secretária geral e tesoureira geral da União Paranaense de Estudantes (UPE), atuou junto ao Conselho Estadual da Condição Feminina e produziu programas

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Foto: Gilberto Rosa Martins

femininos em rádios de Curitiba.


Casa Cor para o Estado do Paraná e diretora do evento, no comando há 17 anos. Tornou a Casa cor... substituir a última palavra Paraná, por Estado.Tornou a Casa Cor Paraná um dos eventos mais importantes e prestigiados do estado.

Foto: Manoel Coelho

Marina Nessi é franqueada da

mulher independente das classes A e B, especialmente, e parte da C em transformação. Excetuando-se o prazer, é claro, o homem perdeu funções no mundo dessa mulher; seu papel na família diminuiu de forma considerável. E como Monica diz, “ser mãe é uma profissão; ser pai é um hobby”. Há poucos dias, a antropóloga Mirian Goldenberg publicou artigo no caderno Equilíbrio, do jornal Folha de S. Paulo, em que dizia ter constatado “um abismo entre o poder objetivo que as brasileiras conquistaram e a miséria subjetiva que aparece em seus discursos”. A antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro avalia que as mulheres “conquistaram realização profissional, independência econômica, maior escolaridade e liberdade sexual. Mas se preocupam com excesso de peso, têm vergonha do corpo, medo da solidão”. Antes submissa ao pai, marido, amante, filhos... agora, às imposições de um mundo cruel e exigente, para agradar a quem? Aos homens, seguramente. Elas certamente conquistaram muito, mas as desigualdades continuam. Uma das mais gritantes está no mercado de trabalho. Em abril, a revista Exame publicou estudo do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a Mulher e Gênero da UFRGS para mostrar que a remuneração delas é, em média, 30% menor que a deles. E, já entrou para a categoria de notícias velhas o fato de as mulheres serem, no geral, mais bem preparadas que seus pares masculinos, quando se fala de estudos.

E

xcessos e paradigmas - A

candidata ao Senado Gleisi Hoffmann é categórica: “Temos que beijar o chão que as feministas pisaram”. Sem dúvida, elas abriram caminhos jamais antes junho de 2010 | IDEIAS 35


Monica Rischbieter foi secretária de estado da Cultura e superintendente da Fundação Teatro Guaíra no governo Jaime Lerner; hoje escreve roteiros trilhados por uma mulher e, principalmente, colocaram em pauta preocupações e necessidades relegadas a segundo plano, até com relação à saúde da mulher e maus tratos por parte de maridos violentos. As feministas “podem ter cometido excessos, mas se elas não tivessem tido a coragem de romper paradigmas, talvez não estivéssemos onde estamos”, avalia Gleisi, empenhada em defender causas femininas desde que ocupou o cargo de diretora financeira da Itaipu Binacional, nos anos 90. O problema, lembra com propriedade, é que a socieda36 IDEIAS | junho de 2010

para cinema e TV e produz filmes, inclusive de longa metragem, como o premiado “Mistéryos”, dos diretores Beto Carminatti e Pedro Merege, com Carlos Verezza, Stephany Britto e Leonardo Miggiorin, baseado na obra de Valêncio Xavier.


Foto: Erlei Schade

Paula Fernandes de Siqueira é mestre e doutoranda em engenharia química. Gerente de Projetos, de, assim como as organizações, são moldadas a partir de códigos masculinos. “A sociedade não se amoldou à nossa situação; nós é que estamos nos adaptando a ela para poder entrar no espaço público”. Valéria Prochmann acredita que as mulheres atualmente certamente enfrentam menos problemas e obstáculos do que sua mãe para encontrar espaço próprio, “pois o mundo atual está muito transformado e é mais amigável em relação à mulher”. Valéria lembra que a mãe vivenciou a 2ª Guerra Mundial na infância, exatamente quando a condição feminina começou

a ser radicalmente Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) transformada pela entrada da mulher da Imcopa, referência em procesno mercado de trabalho para substisamento de soja não transgênica e tuir a mão de obra masculina que ia sustentável. para a guerra. A mãe de Valéria apenas assistiu, mas a escritora Lygia Fagundes Telles sentiu na lembrava a escritora um ano atrás pele o início da luta feminina, por ser na Revista Brasileiros. Os homens parte da geração da Segunda Guerra. foram para o front e elas começaram “Devagarzinho a mulher começou a a ocupar os lugares nas fábricas, nos tomar o seu lugar no mundo”, re- escritórios, nas universidades. Mas junho de 2010 | IDEIAS 37


“também foi uma geração que sofreu muito, porque, segundo Trotsky, os que vão na frente são os que levam as rajadas no peito. Nós fomos na frente. Sofremos muito, mas era preciso começar. E foi esse o começo”, contou Lygia, lembrando que o preconceito em relação à mulher era tão grande que impediu que sua mãe, Maria do Rosário, seguisse a carreira de pianista, “porque não havia carreira para a mulher; a mulher era a rainha do lar”. Como membro do Conselho Estadual da Condição Feminina (1984-

1994), Valéria Prochmann brigou muito para transformar um mundo em que até o Código Civil considerava a mulher “parcialmente incapaz, subordinando-a à autoridade do marido até mesmo para escolher o domicílio familiar, dar queixa de estupro e amarrar as trompas (procedimento que pouquíssimos médicos realizavam)”.

E

la defendeu publicamente cinco policiais femininas da PM que foram presas por terem engravidado embora fossem

solteiras. E participou da luta de delegadas que queriam entrar na Escola de Polícia Civil. Aos mais novos deve soar muito estranho ter que brigar por isso. É tão óbvio, não é não? Pois não era e surpreendentemente ainda não é. Basta uma rápida olhada até na gôndola do supermercado, para ver que o assunto continua na pauta. Numa das revistas colocadas para distrair a fila do caixa, Fátima Bernardes pensa até em parar de trabalhar por causa da culpa de não passar mais tempo com os filhos. E eles já são bem crescidos. A cobrança é a mesma desde tempos imemoriais. Diante do quadro atual, em que as mulheres foram praticamente obrigadas a sair de casa para trabalhar para completar a renda

Valéria Basseti Prochmann, jornalista e blogueira, foi conselheira do Conselho Estadual da Condição Feminina por dez anos (1984-1994); editou várias publicações dirigidas a mulheres e a seus direitos; subsidiou a Constituinte Estadual e o governo do estado; e na Rádio Capital, apresentou o quadro Palavra de Mulher no programa Alerta Geral. Mantém o blog Piperácea (piperacea. blog.terra.com.br)

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familiar – 35% delas desempenham o papel de chefe de família –; e a total liberdade sexual cantada em prosa e verso, pouca coisa mudou no front subjetivo. E nota-se, inclusive, um refluxo: as garotas são submissas aos namorados, revolta-se a empresária Claudia Wasilewski. “Já vi algumas que aceitam proibições, como não usar o Orkut para não ter contato com outros rapazes”, conta. Claudia também participou do Conselho da Condição Feminina mas está longe de ser condescendente com alguns comportamentos que

de consumo. “Isso tem consequên­ cias perversas para as meninas especialmente, porque os rapazes não engravidam”. Gleisi também concorda que a raiz é mais profunda. “Um pai tem medo de dar uma boneca pro filho porque acha que ele vai ficar afeminado; mas significa dizer: você também tem que cuidar de um ser humano. E dar uma bola ou um carrinho para a menina não significa que ela vá ser masculina, mas apenas que existem outras tarefas no mundo que ela também vai precisar enfrentar”.

“o adultério deixou de ser crime e justificativa para a impunidade de maridos assassinos; o pátrio poder foi substituído pela autoridade familiar e o casal exerce em conjunto a chefia da sociedade conjugal. A maternidade não é mais a grande vocação feminina e sim uma opção”. E, num tom jocoso, porém sério, lembra que não existem mais mães solteiras, filhas ilegítimas e as mulheres menstruam, não ficam mais “incomodadas”. O problema é que a violência contra a mulher, que havia diminuído com a proteção estatal, pa-

A lista de Valéria Prochmann vai bem mais além: entre tantas coisas, “o adultério deixou de ser crime e justificativa para a impunidade de maridos assassinos; o pátrio poder foi substituído pela autoridade familiar e o casal exerce em conjunto a chefia da sociedade conjugal. A maternidade não é mais a grande vocação feminina e sim uma opção” permanecem. E ela não exclui a responsabilidade feminina: “As mães ajudam a manter o machismo ao dar tratamento desigual aos filhos”, lamenta; “colocam as meninas para enxugar a louça enquanto os garotos são liberados para jogar videogame”. “As meninas de hoje são liberais apenas no comportamento sexual, nos outros aspectos são muito conservadoras”, concorda Gleisi. “Não são libertárias nas ideias, na política, na solidariedade”. Numa sociedade consumista, o sexo se tornou material e a mulher, objeto

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uidados - Como reflete Va-

léria, a mulher que trabalha alucinadamente se sente sobrecarregada; a que não trabalha fica entediada e ambas se deprimem, entram em curto e adoecem. Coisas da vida moderna novamente, mais do que de uma situação criada pela prevalência masculina. Até porque muita coisa mudou para melhor. A um marido assassino já não se aplica, indiscriminadamente, o argumento da honra para que escape impune. A lista de Valéria vai bem mais além: entre tantas coisas,

rece crescer novamente. “Em minha opinião, não mais como resultado do sentimento de posse do homem sobre o corpo da mulher, mas como reação machista raivosa e até invejosa contra a liberdade, a autonomia, a independência e o sucesso da mulher”.

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uerreiras - A história de

Marina Nessi, diretora da Casa Cor Paraná, exemplifica bem a atual situação das mulheres na vida profissional. Marina é professora por formação, mas há 30 anos atua no mercado de decoração, onde junho de 2010 | IDEIAS 39


iniciou com uma loja, a Innovation House, uma das pioneiras na venda de revestimentos em Porto Alegre. Como representante dos Tapetes Avanti teve contato com a Casa Cor. Em 1987, em São Paulo, o evento iniciava uma nova era na decoração, mostrando que morar melhor, com conforto, requinte, graça e bossa não era privilégio de quem tinha alto poder aquisitivo. Além disso, o evento valorizou os profissionais da área. Em 1992 assumiu a franquia da Casa Cor no Rio Grande do Sul (onde atuou por 15 anos). Iniciou a história da Casa Cor no Paraná em 1994, que está em sua 17ª edição, considerado um evento de peso. Os

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maiores fabricantes disputam espaços para mostrar seus lançamentos. O evento desafia o mercado com propostas inovadoras.Tornou-se uma referência em decoração, presente em 15 cidades brasileiras. Desde 1994, já passaram pela Casa Cor Paraná quase 600 profissionais e exposição com cerca de 800 ambientes. Marina tem consciên­cia do que este evento representa, tanto no mercado como nas relações sociais e culturais.“Preocupa-me sempre a

questão cultural. Acho que o evento é um importante meio de comunicação com o mercado, um formador de um público mais exigente e sofisticado e tem sido um sinalizador de tendências”, diz convicta. Seguindo a tendência do sucesso profissional, a mestre e doutoranda em engenharia química Paula Fernandes de Siqueira tem uma história bem-sucedida em um universo dominado majoritariamente por homens. Ela é gerente de Projetos, Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Imcopa, referência em processamento de soja não transgênica


e sustentável, que comercializa produtos para importantes empresas dos mais variados países do mundo, como Inglaterra, Alemanha, Noruega, França, Itália, Suíça, Holanda, Áustria, Bélgica, China, Japão e Nova Zelândia. As pesquisas desenvolvidas no departamento de P&D, coordenadas por ela, ajudaram a Imcopa a ser pioneira em soluções inovadoras. A empresa é a primeira fábrica do mundo a produzir álcool a partir da soja, usa uma caldeira que produz vapor queimando o melaço, substituindo assim a compra de gás. Além de ser responsável pelas pesquisas da indústria, Paula ainda é membro da Comissão Técnica do Macroprograma 1 da Embrapa.

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resultado de todo este trabalho é fruto de muita dedicação e persistência. “Percebi que para ser respeitada e escutada, quando mulher, você precisa se preparar (estudar, inovar, batalhar) muito mais do que um homem precisaria. Ou seja, você tem que ser infinitamente melhor para ganhar a concorrência e ter credibilidade”, afirma Paula. Ela diz que teve a sorte de encontrar pessoas especiais ao longo da sua carreira. “O presidente do local onde trabalho é uma pessoa espetacular, um visionário, que procura estar à frente do seu tempo, livre destes preconceitos característicos de pessoas pequenas e sem visão. Ele dá valor para as pessoas pelo seu potencial e resultados e não pelo sexo ou lobby”, define. Por estas razões, apesar das dificuldades encontradas e outros escalões, sempre conseguiu ter a oportunidade de mostrar todo o seu trabalho. Isto inclui testar novas ideias que poderiam ou não trazer benefícios e que na maioria das vezes têm um certo risco por demandar investimentos que podem não retornar.

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ondescendência - Lygia

Fagundes Telles também conta que certa vez ouviu um conselho da amiga Clarice Lispector: “Não sorria em fotografias. Uma escritora sorridente não é levada a sério”. Lygia pode não ter seguido a sugestão, mas o comentário desnuda as preocupações adicionais e fúteis que as mulheres deviam observar para se fazer respeitar. A questão é que a condescendência no tratamento à mulher, em especial, mas não apenas no trabalho intelectual não é exatamente uma coisa do passado.

Gleisi Hoffmann conta que, em muitas reuniões de que participa com mulheres, algumas fazem questão de ressaltar que não são feministas, mas femininas. É preciso deixar de lado, aqui, outro preconceito que nasceu com o movimento feminista: o de que as participantes são todas feias ou mal amadas. Uma das precursoras, a escritora Betty Friedan, precisou enfrentar grosserias durante toda a vida, mas sem pessoas como ela não estaríamos, sequer, discutindo a questão. Gleisi reforça junto a essas mu-

“A mulher que trabalha alucinadamente se sente sobrecarregada; a que não trabalha fica entediada e ambas se deprimem, entram em curto e adoecem. Coisas da vida moderna novamente, mais do que de uma situação criada pela prevalência masculina”

A

s mulheres continuam confinadas ao departamento feminino dos partidos políticos, por exemplo, como lembra Claudia Wasilewski; e a nova geração – a tal geração Y –, aquela da internet, tão pródiga em tecnologias de comunicação e tão avara em interesses que estejam a mais de um palmo do próprio umbigo, não tem noção da luta travada pelas mulheres. O descompromisso com o passado é assustador, trazendo alguns fantasmas de volta à pauta, como a história que não é conhecida tende a se repetir.

lheres a necessidade de brigar por elas mesmas “e tem de ser já”. O que nos remete a outra questão básica e por vezes esquecida: pode-se ter avançado bastante, voltado atrás em algumas posições, mas o briga é um processo que se desenrola aos poucos e está longe de acabar. Diante das mudanças ocorridas no mundo nos últimos anos, a questão é mais ampla, “a briga é das pessoas por um mundo mais possível”, avalia Monica. A sociedade é injusta demais, considera, para que o gênero humano se dê ao luxo de dividir-se. junho de 2010 | IDEIAS 41


ROGERIO DISTEFANO  advogado

CULTURA

Ao estadista desconhecido

E

ra dessas reuniões de gente resolvida, social, sexual e economicamente, com dinheiro originário dos ciclos da erva-mate, do café, dos governos Lupion e Ney Braga, do surto empreguista-sinecúrico e dos empresários médios e profissionais liberais. Contemporâneos, mantêm-se próximos desde a universidade. Compartilham a visão-de-mundo forjada na juventude folgazã e alienada dos tempos da Ditadura: querem conforto, segurança, viagens ao Exterior, agora para visitar os filhos que lá estudam – sua geração ainda reverencia os EUA, marcada pelo Brasil da substituição das importações, de duas marcas de sabonete e automóveis sem volante hidráulico.

A

corrupção política do Paraná entra na conversa, não são hipócritas, não podem ignorar o assalto à coisa pública que não conhece os limites do “bom-tom”. Dói em todos, suas famílias têm vínculos com os políticos, devem favores a eles, pais ou tios deles – quantas vezes não os usaram em name droppings. Votaram, pediram votos, puseram adesivos nos carros. Estão envergonhados, não pelo que os políticos fizeram, mas por estarem expostos, tirando-lhes pontos de referência e equilíbrio social. “Por favor, nada de fulanizar a conversa”, alerta o empresário que cresceu com os contratos do governo e não sobrevive um dia sem eles. Aviso de bom aviso, todos entendem.

Desfrutam o melhor deste mundo, apesar do ruído da alma, que obriga ao senso crítico.

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apartamento situa os anfitriões no dinheiro farto - um por andar, cobertura, comida excelente, bufê da moda. Os anfitriões vêm da mesma época, colegas, acabaram casados. Todos desfrutam o melhor deste mundo, apesar do ruído da alma, efeito de leituras e flertes de esquerda, que os obriga ao senso crítico. Naquele jantar o Brasil seria passado a limpo, pouca divergência entre eles quanto às falhas do país e dos brasileiros. Têm parentes e amigos na política, que uma vez eleitos mudaram o discurso, porque os políticos se põem sempre acima das crenças e pessoas.

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F

alava-se do poder legislativo, revirado nas entranhas nada saudáveis da contratação em escala de funcionários fantasmas, que revertem recursos para quem os nomeou. “Faltam estadistas no Brasil e no Paraná”, saca o professor da universidade, com quarenta obras publicadas (dois livros, teses de mestre e doutor, mais trinta e oito artigos em jornais). “Não temos políticos com senso histórico, projeto de transformação, visão prospectiva do devir nacional. Pensam na próxima eleição e no enriquecimento pessoal”.


E

stadista, o que é um estadista?”, o aposentado dispara no professor. “Ora, eu já disse, não preciso explicar, a bom entendedor meia palavra basta, me diga você” – professor tem dessas saídas pela janela. Era tudo de que o aposentado precisava. Daqui em diante reproduzo suas palavras, sem comentários. “Não sei o que é um estadista. Tenho referência vaga, de alguém citando Ortega y Gasset sem livro ou página. Revirei a biblioteca e não encontrei. Também não li a obra completa para localizar texto e contexto. Podia perguntar a um colega de universidade, especialista no assunto, mas ele tem trauma desde que a mulher exigiu no divórcio ficar com a metade da coleção de Ortega y Gasset, só para machucar.

S

egundo essa fonte, Gasset teria dito que estadista é o homem que só o futuro identifica. Dificilmente é reconhecido quando no poder, porque está sujeito às paixões e interesses do presente e suas ações ainda não se fixaram definitivamente, não marcaram transformações no estado e na sociedade. A História nos mostra estadistas: Alexandre, Cesar, Napoleão – até Hitler entra na categoria, pois há mais estadistas genocidas que altruístas. E todos, sem exceção, tiveram vícios bem humanos e mesquinhos, desvios de comportamento, atitudes incompreensíveis – Stálin, que foi estadista, tolerava as mortes de jovens russas estupradas por Lavrenti Beria, seu ministro da polícia. Estadistas roubaram e mataram. Se Judas tivesse sucesso, Jesus teria sido estadista.

F

altam estadistas no Paraná atual? Vamos saber em dez ou vinte anos. Ney Braga é visto como estadista, porque modernizou o Estado, embora outro estadista, Bento Munhoz da Rocha, contem-

porâneo, parente, patrono e depois adversário tenha jurado o contrário. Jaime Lerner quando muito foi cidadista, porque só deixou marcas na cidade. Até Roberto Requião pode vir a ser considerado estadista. Um estadista evitaria os escândalos da assembleia do Paraná, tão iguais aos outros escândalos do Brasil? Os fantasmas da assembleia não farão de seus pais futuros estadistas? Para mim o problema não é a falta de estadista, porque o estadista não emerge do nada para elevar um povo que não é nada, trazendo valores e santas intenções.

T

emos que olhar atrás do quadro, ou olhar o quadro refletido no espelho. Sabemos há décadas dos desvios da assembleia legislativa. O Paraná inteiro comenta, faz brincadeiras sobre eles, continua votando nos mesmos políticos. O que aconteceu agora para provocar a súbita carência de estadistas? Me perdoem, o reflexo do quadro me mostra outra coisa: surgiram os cidadãos. Os funcionários fantasmas do Paraná nos assustaram e acordamos cidadãos. Apenas acordamos, ainda estamos com sono, porque ser cidadão exige mais que um jantar e este sublime Carddhu.” O aposentado se cala, apanha outra dose daquele Carddhu grátis e generoso, sua mulher respira aliviada, todos sorrisos amarelos. Depois só se fala do arrivismo de Marisa Letícia, a primeiradama do Brasil – por sinal casada com um estadista.

Fotos: divulgação

A

quele “devir nacional” mexe com um estranho no ninho, dez anos mais velho que os amigos. Aposentado, salário que não permite luxos. “Tenho formação francesa”, afirma para marcar seu compromisso com a verdadeira filosofia e o “senso civilizatório correspondente”. Estava ali por imperativo do amor, casado recente com uma separada do grupo. O “devir nacional” interrompe-lhe a libação do generoso Carddhu, que sorvia em minúsculos goles, o deleite do single malt associado a lembranças de Newcastle, de onde voltou doutor e desesperançado. Teve que intervir na conversa, ignorando o olhar de desespero da mulher, que previa o resultado.

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PRATELEIRA Filmes

Amadores do futebol “Amadores do Futebol” do diretor Eduardo Baggio retrata o universo do futebol amador disputado no Paraná, com suas 56 ligas e aproximadamente 500 times. É um recorte de um fenômeno que ocorre no Brasil inteiro, onde existem cerca de 1.200 ligas e 70 mil times de futebol amador. As partidas mostradas no documentário servem de pano de fundo para o universo das pessoas envolvidas com o esporte, a vida dos jogadores e torcedores, e a rivalidade entre bairros e até entre cidades. O futebol enfocado no documentário não é o de resultados e nem envolve grandes cifras, mas sim uma paixão capaz de reunir pessoas de realidades bem diferentes. “Amadores do Futebol” será exibido nas unidades do SESC de Londrina, Paranaguá, Marechal Cândido Rondon, Colombo, Cornélio Procópio, Pato Branco, Cascavel e Apucarana, e também em outros locais em ações coordenadas pela rede, como nos Cine Teatros de Campo Largo, Rio Negro e Lapa (coordenação do SESC Portão, de Curitiba) e no CineUnicentro, em Guarapuava. As sessões ocorrem em entre 8 de junho e 17 de julho, com entrada franca. 44 IDEIAS | junho de 2010

CARRASCOS – ARTISTAS DO RINGUE Documentário que revela a vida de lutadores e ex-lutadores de luta livre e tele-catch. A produção focalizou em lutadores paranaenses, ou que tenham feito sua carreira no Paraná, embora alguns tenham atuado também na TV em São Paulo. “Carrascos” não pretende ser um filme de resgate histórico, embora existam algumas imagens de arquivo. O interesse do trabalho está nas pessoas e na profissão incomum. (BR/PR, 2009 – 40’). Diretor e roteirista TúlioViaro. Diretor de fotografia André Sade. Montadora Adalgisa Lacer­da.Trilha Sonora Guto Gevaerd e Ricardo Kertcher.

Um coração louco, livre, partido Assim é Bad Blake, músico country interpretado magistralmente por Jeff Bridges, que ganhou Oscar de melhor ator no filme “Coração Louco”. Narrado de maneira simples e linear, Coração Louco é um filme realista, com doses duplas de whisky para anestesiar a dor. Dirigido por Scott Cooper, tem a participação da ótima atriz Maggie Gyllenhaal, indicada ao prêmio da Academia na categoria de melhor coadjuvante e de Robert Duvall. Destaque para a trilha sonora produzida por T-Bone Burnett. Coração louco é para todos, sem exceção.


BELEZA NASCIDA DA VIOLÊNCIA

Livros

A cozinha de Eça de QueirOZ Os livros de gastronomia estão em moda. Um que mereceria reedição urgente é o de Dário Moreira de Castro Alves. “Era Tormes e Amanhecia”, dicionário gastronômico cultural de Eça de Queiroz. Dário Moreira, diplomata brasileiro, é especialista na obra de Eça e pesquisou todas as referências culi­nárias, o que rendeu dois volumes na edição portuguesa da LBL. ”Bestial”, excla­m aram os lusos.

HQ e Literatura Os escritores Daniel Galera, Daniel Pellizzari e os quadinistas Rafael Grampá e Rafael Coutinho estarão na Itiban Comic Shop, no dia 14 de julho, para um bate-papo sobre histórias em quadrinhos e literatura. Também haverá o lançamento de ‘Cachalote’, graphic novel criada por Galera e Coutinho, e editada pela Companhia das Letras, em seu selo Quadrinhos na Cia. A Itiban Comic Shop fica na Av. Silva Jardim, 845, em Curitiba (41) 3232-5367.

Todo o sangue Livro de Fábio Campana dividido em três partes com textos longos e curtos. Um pouco de poesia e alguma prosa, ele fala sobre os mais diversos assuntos como a ditadura, o bem e mal, lembranças e família. O autor fala de uma Curitiba que já não existe mais. O livro ainda contém ilustrações belíssimas da artista Maria Angela Biscaia. Todo o sangue. Fábio Campana. Travessa dos Editores (2003).

Dividido em nove partes, Treva Alvorada, novo livro da poeta paulistana Mariana Ianelli, lançado dia 10 de junho, apresenta uma estrutura que sugere uma paisagem de nove povoações, como dizem os versos de Carlos Drummond de Andrade na epígrafe, povoações que “surgem do vácuo”. Treva Alvorada é resultado de diferentes núcleos poéticos, não separados entre si, mas integrantes da síntese que nomeia o volume. Elementos míticos e bíblicos percorrem e alimentam a voz poética de Mariana Ianelli que, neste sexto livro, se entrega à procura do outro, de um íntimo reordenamento de si mesmo, uma metamorfose e um renascimento. Treva Alvorada apresenta-se também como um tributo poético ao pintor Arcangelo Ianelli – avô da poeta e autor da capa do livro. Escritos em pouco mais de dois anos, todos os 45 poemas de Treva Alvorada, cada um a seu modo, transmitem um enlace de opostos, uma passagem do abismo para a luz, do exílio ao retorno a casa, uma jornada que une os extremos de partida e de chegada de um viajante. A figura do soldado, por exemplo, é uma das encarnações desse viajante, que é também um desertor, um “cordeiro desgarrado do adeus”, alguém que burla a destrutividade humana e, por um instante, assume o difícil papel de honrar a vida. “É inútil desafiar o pó / E, contudo, desafia-se” são versos que expressam essa perseverança quase absurda do poeta, de responder à extinção das coisas com uma ação de graças à vida. junho de 2010 | IDEIAS 45


Música

Sonatas para viola e cravo de J.S. Bach Desafio para os virtuosos, Bach inventa nestas sonatas um caminho curioso onde a viola da gamba fica a meio caminho entre o baixo e a voz principal do cravo. Para ouvir é necessário comprar no exterior ou via internet. Aqui, dificilmente o encontramos. A periferia do mundo é assim.

Negro Spirituals au Brésil-Baroque Músicas escritas no século 18 por negros em sua maioria. Escravos libertados que escreveram música por conta própria por não poderem es­ tudar com Mestres Europeus. Outro exemplo de nossa situação periférica. A música barroca dos compositores negros brasileiros foi gravada na França. Com patrocínio do Banco Itaú. Para ouvir, tente comprar pela internet. 46 IDEIAS | junho de 2010

NÉgATIF Tido como o pivô da crise entre Carla Bruni e Nicolas Sarkozy, e ex-marido de Chiara Mastroianni, filha do caso histórico entre Marcello Mastroianni e Catherine Denevue, Benjamin Biolay não é somente belo, mas talentoso. Francês, é um dos expoentes da nouvelle chanson e fez de seu segundo álbum, Négatif (2003), um projeto ousado de dois discos com influência da música ambiente de Brian Eno. Com tom mais sombrio do que o primeiro álbum do cantor, Rose Kennedy – disco dedicado à família Kennedy, Négatif mostra o lado intimista de Benjamin, como na faixa La dérive des continents, essencialmente sua voz rouca e o violão que o acompanha, em uma espécie de folk bucólico. O disco traz ainda contribuições de sua irmã, a cantora Coralie Clément, com quem sempre contribuiu como compositor, de sua ex-esposa Chiara e de Jo Stevens. Benjamin é belo de ver e ouvir.

ENCONTRO COM VÊNUS

Indicação algo cinematográfica e algo musical. O filme Encontro com Vênus (Meeting Venus, 1991) de István Szabó, diretor de Mephisto (1981), mostra a tentativa de um inseguro maestro húngaro de dirigir a ópera Tannhäuser, em Paris. A sempre excelente Glenn Close, faz o papel da prima donna Karin Anderson, que interpreta Izabel na ópera e que inicialmente atormenta o titubeante maestro, interpretado pelo francês Niels Arestrup em um belo conjunto em cena. Ao longo do filme, vê-se a burocracia, resultado da mistura entre arte e política, egos inflados e o choque cultural entre os integrantes de uma Europa recém pós queda do muro de Berlim. Tudo isto com a bela música de Richard Wagner interpretada por Kiri Tekanawa. A ver: a jovem Maria de Medeiros em ponta.


Evento

FLIP Com 35 convidados, entre 16 nacio­nais e 19 estrangeiros, a 8ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ocorre entre 4 e 8 de agosto e homenageia o sociólogo Gilberto Freyre. Do Brasil, Beatriz Bracher, Carola Saavedra, Patrícia Melo e Ronaldo Correia de Brito estão confirmados. Marcam presença também o roqueiro Lou Reed, o cartunista, símbolo da contracultura, Robert Crumb, além dos historiadores Robert Darnton e Peter Burke, grandes nomes das discussões sobre mídia e o futuro dos livros.

A escritora Carola Saavedra participa do Flip

VÊNUS DAS PELES

O Grupo Delírio Cia de Teatro e a Encompanhia de Doi levam ao palco do Mini-Auditório do Teatro Guaira a peça “A Vênus das Peles”. A peça é uma livre adaptação do livro do mesmo nome, escrito em 1870 por Sacher-Masoch. A edição do romance provocou, na época - e teve repercussões até os nossos tempos - uma original releitura das relações românticas, quase uma perversão da palavra “amor”. Serviço Espetáculo: Vênus das Peles Local: Mini Guaira Texto: Pagu Leal Elenco: Edson Bueno e Pagu Leal Data: 11 a 20/6 Horário: 4a a sábado – 21 h. domingo: 19h Preço: 4a e 5a feira - inteira (10,00) - 1/2 (5,00) 6a a domingo - inteira (20,00) 1/2 (10,00)

Factos da actualidade: Charges e caricaturas em Curitiba, 1900 – 1950 A exposição “Factos da actualidade: Charges e caricaturas em Curitiba, 1900 – 1950” reúne 108 imagens distribuídas em dez painéis que versam sobre os diversos temas discutidos na sociedade curitibana do período, os quais refletem a mentalidade da época (anticlericalismo, modernidade, política, condição da mulher, problemas de infra-estrutura urbana).

Ingresso: Entrada franca Data(s): até 31/12/2010. Horários: Visitação: de 3ª a 6ª, das 9h às 12h e das 13h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 14h Espaço cultural: Casa Romario Martins junho de 2010 | IDEIAS 47


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TECNOLOGIA

Ringue digital Karen Fukushima

Os candidatos estão armados. A guerra online começou.

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precisa conquistar e para isso, dispara 140 caracteres por segundo. No Paraná, os pré-candidatos ao Senado (ainda não definidos na chapa), Gleisi Hoffmann (PT), Osmar Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB) estão armados. Confira no quadro abaixo quais as mídias digitais utilizadas por cada um.

Foto: Elias Dias

batalha por votos já começou. Com um vasto arsenal tecnológico, os candidatos às eleições deste ano traçam um novo rumo para as disputas eleitorais. As informações na rede chegam rápido e se renovam a cada segundo. O eleitor escolhe o que quer saber, com quais propostas se identifica, sugere, questiona, fiscaliza e vota. O candidato por sua vez,

GLEISI HOFFMANN

OSMAR DIAS

ROBERTO REQUIÃO

Site: www.gleisi.com.br

Site: www.osmardias.com.br

Site: www.pmdbdobrasil.com

O site da Gleisi enfatiza sua imagem. As últimas notícias ganham grande destaque e o link de apoio a aposentadoria para donas de casa chama a atenção para a luta pelos direitos da mulher. Pelo site a candidata recomenda leituras, apresenta sua história e agenda. Há também uma biblioteca onde estão disponibilizados vídeos, fotos, áudios, artigos e entrevistas de Gleisi. A legenda do partido não aparece.

O site do Osmar Dias começa com uma abertura. Por meio de um vídeo de aproximadamente 50 segundos, o atual senador convida o eleitor a participar da construção das propostas de sua campanha, por um Paraná melhor, e se diz orgulhoso deste estado. É possível enviar sugestões, acompanhar as últimas notícias, verificar a atuação do parlamentar e conhecer sua biografia. Não aparece a legenda do PDT no site.

O site divulgado por Requião não leva seu nome e sim a legenda do partido. Apesar da construção do site ser baseada no PMDB, todo o conteúdo diz respeito ao ex-governador e é utilizado para sua promoção. Apresenta o histórico político, notícias, fotos, agenda, vídeos e o que saiu na imprensa. O site é um ode ao candidato com muitas declarações do mesmo em vídeo.

Redes Sociais: Twitter, Orkut, Facebook, YouTube, Flickr e Slideshare.

Redes Sociais: Twitter, Orkut, Facebook, Youtube e Flickr.

Redes Sociais: Twitter, única rede social divulgado por meio do site.

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50 IDEIAS | junho de 2010


CLAUDIA WASILEWSKI  cronista

CRÔNICA

Aniversário

O

Fotos: realmermaid

meu aniversário é em março. Adoro fazer aniversário, começo a pensar o que vou fazer já em janeiro. Vou sonhando. Mas à medida que se aproxima a data, lembro do ♪♫ Parabéns a Você ♪♫, e engaveto os sonhos. Certamente deveria fazer terapia e me curar deste pavor. É mais forte que eu. Gosto de fazer almoços, feijoadas, churrascos e nem cogito servir um bolo. Truque bom, comidas pesadas e muita bebida. Ninguém se lembra da musiquinha. Já abandonei mesas e salas de trabalho. Aviso, você será bem-vindo, mas se houver parabéns irei me retirar. Sou bem educada, os convidados que não são, em tentar me impor o que não gosto. E tal do pique-pique? O que é, para que serve, qual a tradução? Quem souber, por favor, me mande e-mail. clauwas@gmail.com Sem dúvida tive festas maravilhosas, mas uma foi inesquecível. Não vou citar o lugar e nem os personagens porque mesmo depois de quase 20 anos poderia me trazer problemas. Então lá vai. Final de festa, todos sentados olhando o pôr do sol, se aproximam dois policiais. Ficam nos olhando e eu de imediato me levanto e ofereço comes e bebes. Eles aceitam e comem ali mesmo. Sirvo chope, e a festa se muda para a cerca. Literalmente a conversa de cerca que tanto falo. Lá pelo quinto chope eles finalmente entram e vamos todos para a churrasqueira. Mais uma rodada de linguiças, pães e maionese.

Dá-lhe chope. Com ar angelical peço de presente que dancem comigo a música Polícia do Tony Bellotto / Titãs. Luzes apagadas e música no último volume.♪♫Polícia! Para quem precisa! Polícia! Para quem precisa de polícia!♪♫ Enquanto um dançava, outro piscava a lanterna. Bacana mesmo era o revolver balançando. Um delírio! De repente a lanterna cai reta e ele grita: ― Boa noite, senhor. Pronto, besteira do mais alto grau feita, para não dizer outra coisa. O superior se aproxima do policial dançarino, que derrubou o copo suavemente, tira o quepe que estava engatado na alça com botão no ombro da camisa e diz: — Esta “porra” é para usar na cabeça. Credo! Pulamos todos em defesa dos policiais. Tipo comitê de direitos humanos. Não teve jeito deu ordem de prisão ali mesmo e levou meus novos amigos de infância presos. Foi educadíssimo, me desejou feliz aniversário e que não deveria parar a festa porque não havia feito nada de errado. A festa acabou ali, e sofri durante dias pensando que tipo de punição haviam sofrido. Tudo culpa minha. Mais tarde soube que foram poucos dias de detenção e que contavam este causo felizes e orgulhosos. Então fica assim. Quem nunca teve policiais presos na sua festa de aniversário que atire a primeira pedra. ― Socorro! Estou sendo apedrejada! junho de 2010 | IDEIAS 51


MARIANNA CAMARGO  jornalista

CRÔNICA

Um Poema Queria que a vida fosse doce Com alguns nocautes certeiros Deixar na lona alguns guerreiros com golpes à Muhammad Ali Queria que a vida fosse brava Como filmes do Peckinpah Que fosse além Como trilha do Morricone Que fosse surreal Como um coração selvagem Fosse profunda Um mergulho de cachoeira Lenta para as alegrias e rápida para as dores Fosse a vida um suspiro uma paisagem um vento de outono um sonho Fosse uma palavra de Cortázar “Ni el silencio, ese desatador de sueños” a vida seria sem fim

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Marianna Camargo

Carta a Wilson

Wilson Bueno me entregou sua última crônica chamada Para Sempre com uma semana de antecedência, na madrugada de uma sexta-feira escura e fria, dois dias antes de morrer. No e-mail, um pedido, quase uma recomendação: “para ler na noite profunda”. Assim o fiz, segui à risca, sem piscar os olhos, li quase como uma oração, um caminho, uma música. Assim que terminei a leitura, respondi imediatamente que havia achado a crônica linda, que havia me emocionado, ele me respondeu, carinhosamente, como sempre: “é forte, não é Marianna?”. E assim terminou nossa correspondência noturna, afetiva, emocionada, antes mesmo de ele ler minha resposta. Meu laço com Wilson começou no Nicolau quando eu, ainda menina, tive a sorte de conviver com grandes autores e pessoas como Josely Vianna Baptista, Paulo Leminski, Rodrigo Garcia Lopes, Guinski e tantos outros. Época de grandes ideias, grandes conversas, de projetos surpreendentes. O Nicolau foi uma ousadia, um vento anárquico na paisagem irretocável desta cidade formal. Wilson Bueno persistiu nesta ousadia, na linguagem selvagem, voraz, veloz e bela. No editorial do número 22, de abril de 1989, Wilson escreveu sobre Miguel Bakun: “Viver é arte equilibrista? Entre a solidão e o sonho, a vertigem e as quedas sem Deus no abismo, o pintor Miguel Bakun (1909-1963) encarnou, como poucos, o (frágil) destino do artista – este ser capaz de vencer a morte e ser por ela irremediavelmente derrotado.” Gostaria de escrever o mesmo para ele agora. Intensidade e delicadeza definem Wilson Bueno. Para sempre.

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Wilson Bueno

Para sempre

E porque a solidão fosse só um começo, eu te encarei de frente sabendo, de antemão, da nossa certa e futura tragédia pessoal. Não, nem eu nem você jamais seríamos sozinhos. Eu acordava então para a glória de existir e você me comovia os olhos molhados. Seus cílios, a íris esmeralda. Talvez nem fossem tão preciosos – eu é que me inventava em você de folhas e agapanto. Era uma hora incerta e quente – disso eu me lembro – e fomos, os dois, um homem, uma mulher e a noite pânica. Pela primeira vez, em muitos anos, eu me disse que a felicidade podia ser mais que uma esperança – essa ilusão sempre renovada para não morrermos de nós mesmos – precocemente. Você também me disse, com um gesto de lábio e olhos, que só agora você era a primeira imortal em toda a história humana. E que aquele era o seu único motivo de viver. Agora que estou morto e vigora em mim o seu cadáver simples, agora posso dizer – também pela primeira vez sem mentir – que não sonho. Você vive em mim e eu em você, eternamente. *

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Wilson Bueno

Fábio Campana

Um sopro de vento percorre a capela do Cemitério Municipal onde o corpo de Wilson Bueno está sendo velado. É um suspiro forte, que agita a folhagem e as flores carnudas das coroas, algumas grandes, apoiadas na parede, atrás do caixão. Há poucas pessoas na sala. Não as conheço. Seu irmão de criação, João Batista Costa Santana, me diz que são parentes. Tios, primos e amigos do bairro. O rosto de Wilson não tem marcas. O golpe que o vitimou foi na garganta. Parece dormir. Logo aparecem as figuras gradas da política oficial da cultura. Tropeçam ao entrar e quase se lançam sobre o caixão. Provocam risos. Muitas pessoas, presentes para despedir-se do amigo querido, imaginam o deleite que Wilson extrairia daquela cena e eu chego a perceber a sombra de um sorriso em seu rosto e sorrio também, pensando o que Jamil Snege, se entre nós estivesse, diria do desconforto da secretária que cambaleia entre as coroas. No gesto desastrado vejo a última ironia de Wilson atirada contra os poderosos e solenes personagens da vida oficial. Wilson foi um fiscal rigoroso e um crítico severíssimo dessa gente, mas nunca raivoso ou injusto. Cáustico em sua veia menos conhecida, a do humorista, que o Solda queria registrar numa gravação. Não houve tempo para termos um vídeo definitivo com o Wilson a imitar um diálogo impossível entre Ulysses Guimarães e Clementina de Jesus. Ele sabia tratar os donos do poder. Muito mais difícil, muito mais sofrida, foi para ele a lida com os críticos literários e com os patrões da imprensa nativa. Na morte recebeu elogios e parte do reconhecimento que lhe negaram em vida. Mas nas biografias publicadas nos jornais do dia seguinte não se leu, afirmado com a devida clareza, que na literatura nativa dos últimos 50 anos a figura de Wilson Bueno é central. Foi um dos renovadores da nossa prosa, a qual deu graça, inventividade e um texto invejável. Prosa feita de ar. Sem peso. Nem corpo mas que sopra com ímpeto e levanta em nossas mentes imagens e visões. Wilson ressuscitou palavras e as fez saltar, dançar e voar. Suas novelas e contos são vasos comunicantes entre os ritmos populares da cidade e o solilóquio do poeta. A América que aparece em suas obras não é a tradicional e estereotipada inventada pelos regionalistas, mas a urbana, que muda sem cessar, que ao mudar se inventa, e ao inventar-se, produz novas linguagens como a do maravilhoso Mar Paraguayo. Obra ao mesmo tempo simples e refinada onde o cotidiano e o insólito se unem com a naturalidade com que as plantas crescem, os astros brilham e giram, e o sangue circula pelas nossas veias. Já não terei o Wilson Bueno de conversas em horas tardias, nas madrugadas insones, nem as suas crônicas semanais, nem o seu riso debochado, nem a sua inteligência. O mundo está mais pobre e devemos nos resignar com o que ficou. 58 IDEIAS | junho de 2010


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fotografia de Maria Angela Biscaia


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Entendê-lo? Quem há de?

Aroldo Murá G. Haygert

Quando Fábio Campana telefonou-me pedindo-me que escrevesse sobre o Bueno, comecei, por impulso profissional, a fazer as contas sobre desde quando conhecia Wilson Bueno. Cheguei a 1966/67, ele trabalhando na Rádio Colombo do Paraná, por onde eu passaria também. Depois, parei, estanquei a ideia de rememorações cronologicamente exatas para encaixar minha convivência — às vezes mais próxima, ultimamente mais distante — do amigo que se foi. E foi-se, de alguma forma tragado pelos sonhos e imagens que faziam seu cotidiano meio místico, muito de alma livre, de amante e habitante de paragens indecifráveis à nossa luz mortiça. O Wilson Bueno que me sensibilizou ao longo desses anos não cabia em calendários. Ele sempre existiu para mim, a partir daquele dia em que me foi introduzido pelo seu guru primeiro, o Jamil Snege. Foi-me apresentado como o protótipo de gênio em gestação. Claro que Jamil aplicou todos os adjetivos mais “chocantes” possíveis para realçar seu pupilo. Nisso ninguém se mostrava mais eficiente do que ele: valorizar talentos depois de dissecá-los sem dó nem piedade. Assim era o Jamil, ilimitado, inimitável. Pelo olhar crítico de Jamil já haviam passado outros, um deles — não sei se com a mesma intensidade dispensada a Bueno — o Cristóvão Tezza, que as loucuras do turco associavam sempre a aventuras de Tarzan e Robson Crusoe e a pedagogias naturalistas do escritor Wilson Rio Apa, com cujos filhos Tezza se criara no litoral do Paraná. Dos diversos tempos do Bueno que agora rememoro, o mais forte é o do sujeito em busca de entender-se e de entender seu papel neste mundo que nos é todo mistério. A busca em si é da humana natureza. O inusitado era a intensidade com que ele a proclamava, desnudando-se diante de amores, desamores, conquistas e perdas. Nunca se entendeu direito com o mundo; o mundo também não lhe foi amigável. Viviam em lutas e, afinal foi vencido por estranhos caminhos aplainados, contraditoriamente, por seres e realidades com as quais procurava, em desespero o seu “self ”. Viveu para eles — seres e realidades ― e eles não o entenderam. Tal como na citação bíblica. Em tempos de mais fortes ansiedades, nele renasciam orações católicas aprendidas no colo da mãe, a santa de sua maior devoção. Eu o ouvi, fervoroso, a recitar o Pai Nosso, numa crise de abstinência de álcool, muleta que dispensara há vinte anos. Nesses momentos, misturava/recriava realidades, falando, por exemplo, em “experiências com os trapistas”. Era um pouco de influência de um místico do século XX, o americano Thomas Merton, pois não era de fazer retiros espirituais de silêncio. Nunca deixou de ter um pé no kardecismo, tudo dentro do espírito sincrético do brasileiro. A libertação do álcool era-lhe um troféu. Exibia-a sempre que necessário. Ia até ser homenageado por um dos grupos dos Alcoólicos Anônimos (AA) pela fidelidade exemplar à promessa do “hoje não beberei”. Só sabe Deus a que preço, quantas compensações a buscar, para ser tão fiel! Da sua passagem pelo Rio, nos anos de chumbo do regime militar, algumas das sonoras gargalhadas do Bueno me vêm à lembrança. Uma delas, quando contava sua prisão numa das celas da junho de 2010 | IDEIAS 61


ditadura, junto com a amiga Norma Bengell. Em fila, foram recepcionados num quartel por gorilasargento, que, sem delongas, foi avisando: “Quem for filho de general saia da fila. O resto, entre...” Wilson, Norma e duas dezenas de artistas, estudantes e intelectuais de vários naipes entraram foi no cacete pesado. “Com rigor e competência inimagináveis...”, explicava, bem humorado, Wilson Bueno para dizer que o único filho da alta patente que estava no grupo foi preservado da disciplina inquisitorial, como previsto. Tinha tempos de grandes e intransferíveis paixões. Uma delas, gestada também naqueles tempos de Rio de Janeiro, foi Maria Helena Cardoso, a Lelena, escritora, irmã de Lúcio Cardoso, da “Memória da Casa Assassinada”. Lelena, já idosa, era mãe substituta, preenchia um mundo de carências do Bueno. Era quem o analisava nos amplos encontros, num amor sem fim. Outra admiração de porte intelectual era o escritor Walmir Ayala. Os dois já se foram, e devem ter recebido Wilson Bueno para discussões na Parusia, o lugar dos eleitos. Provavelmente acompanhados de Lúcio Cardoso, alma devota mas atormentada que foi na sua passagem terrena. Ao grupo, depois de muitas sondagens e pigarrear irritantes, não se furtaria a juntar-se Jamil Snege. Provavelmente depois de uma passagem pelo Purgatório, o terceiro lugar, paragem que a curiosidade do turco não podia ignorar... Implicante com quem lhe olhasse atravessado, isto ele foi por muito tempo, especialmente aqueles da dependência do álcool. Nessas circunstâncias, expunha-se a surras (quase ocorreram), xingando sem medidas aos que lhe desagradavam. Esgotado num desses surtos, antes precedido por ampla imersão no seu mundo de escritor tentando oralizar seu realismo fantástico, tentou, certo dia, pular a janela do vigésimo andar de um apartamento. Antes avisou: “Vou lá embaixo...” Não foi... Nem foi daquela vez que nos despedimos definitivamente. Até porque teria ainda de escrever muito e nos livros registrar seu olhar sobre si mesmo e o mundo que nunca entendeu nem um pouco. Teve ainda tempo para muitos voos, alguns absolutamente engraçados, não fossem sinais de insanidade de uma época de dependência etílica. Num deles, encasquetou que tinha matado um velho amigo. Assim, acordava seus mais queridos, no meio da noite, para narrar-lhes o suposto crime, uma situação recorrente. Fábio Campana e Denise (aos quais dedicara um dos seus livros), Jaime Lechinski e Leila eram os preferidos para as “confissões” da madrugada. Quando os ouvintes, tresnoitados, negaram-lhe abrigo e ouvidos, foi parar numa delegacia de polícia, relatando o suposto homicídio a um agente da lei. O tira ouviu-o atentamente e, por fim, sapecou-lhe uma extorsão “de praxe”, para “evitar o flagrante”. Wilson pagou sem reclamar. Abandonou o álcool, a lucidez alargou-se, ampliou marchas em direções nacionais. Ganhou leitores exigentes, selecionados, um mundo de gente ímpar, Brasil afora, na universidade, na imprensa literária. Não era um escritor de fácil digestão. Nunca esteve interessado em sê-lo. Era, isto sim, tal como tem sido repetido nesses dias de luto por Wilson Bueno, um artesão da palavra escrita. Palavra com valores que dispensavam retoques. E que eram entendidas por quem deveria entendê-las. E isto é o que lhe bastava, pois. Foi no exercício do artesanato da palavra, trabalhando no computador, que lhe roubaram a vida em 31 de maio de 2010. Teve uma passagem para o infinitum que lembra a do vate Lorca. O cenário de Guerra Civil estava ali mesmo na Vila Tingui. E os gitanos, os guapos gitanos com “a lua suspensa ao ombro”, onde se esconderam? Tombou sem um grito, o punhal atravessando-lhe a garganta. Mas sem cortar a palavra do artesão que sepilhou alguns dos melhores momentos da aventura literária brasileira destes últimos anos. Com rigor e paciência beneditinas, num ora et labora com que só gente da estirpe de Wilson Bueno poderia ousar. 62 IDEIAS | junho de 2010


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Josely Vianna Baptista

Los tesoros de la bisabuela

Hay un poema de ella para el niño, sombrío, sí, para su corta edad, pero que hacia el futuro, con cariño, ayer le dedicó, con su verdad.

Eso que le escribió, quizá en tercetos, - con una pluma embebida en tinta china y a la luz de un trémulo candil tal vez sea el mayor de sus secretos (como un tesoro sin mapa de la mina).

Sólo que nadie sabe en que valija la bisabuela encerró ese mensaje: si duerme junto a sus guantes de encaje, si se enredó en las sedas y bordados del mantón de Manila o del traje que usó, en otro siglo, en sus bodas.

El que tenga la llave que se presente, el que tenga la llave que se presente, o que se calle, o que se halle, o que se calle para siempre. junho de 2010 | IDEIAS 65


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Jamil Snege

Osso para Wilson

Penso em Wilson Bueno como um osso ao relento, nu e núbil como um osso a esmo. Osso que se bastasse de sua óssea alvura, nu e núbil de sua própria lua. Osso que se recusasse à sina que o paparica e se adornasse de sua própria adrenalina. Osso à deriva, a dedilhar seus venenos como uma visita. Osso Wilson Bueno. Ouço sua cítara.

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Histórias que o Wilson contava

Paola de Orte

Nascido em 1949, em Água do Salto, Wilson Bueno mudou-se para Jaguapitã, aos três anos, e para Curitiba, aos 10. Foi no caminho para a capital que suas ideias começaram a se inquietar. Comprou seu primeiro livro de ficção, O Pavão Misterioso, no trem, e, ao descer na estação central, soube que seu desígnio era escrever. A casa em que morou, no número 1283 da Augusto Stellfeld, não existe mais. Nem o quintal onde roubava frutas com os amigos e subia na árvore para fumar cigarros e discutir ficção. Lia bastante, desde cedo: foi o primeiro da turma a ler o Hino da Bandeira, enquanto os amigos ainda aprendiam o alfabeto. E foi pulando o muro para buscar uma bola perdida que conheceu O Velho e o Mar, de Hemingway, emprestado do vizinho. Passou a ler os grandes: Steinbeck, Twain, Faulkner. Quem emprestou o clássico Cartas a um Jovem Poeta, de Rilke, a Wilson, foi Dalton Trevisan. Aos 14, ainda menino de calças curtas, arrumou emprego como cronista na Gazeta do Povo. Alguns anos depois, trabalhou também no Diário da Tarde e na Rádio Colombo. Fez amizade com os melhores da geração. Mas logo percebeu os contratempos de viver na província. Debochou o Centro de Letras do Estado ainda aos 14 e, aos 18, deixou Curitiba. Foi ao Rio de Janeiro, lá ficou por mais de 20 anos. No Rio, morou na Lapa, quando o bairro ainda era underground. Conseguiu emprego na Rádio Globo, onde trabalhou com Sérgio Chapelin; na revista Manchete e no Jornal do Brasil. Teve seu apartamento arrombado por militares, seus livros apreendidos, foi preso, torturado. Experimentou de tudo no auge do desbunde, escreveu de tudo, inventou o que podia, no jornalismo e na ficção. Morou em Arembepe e em Salvador, em uma casa abandonada, vendendo poesia na rua. De volta ao Rio, trabalhou no Tribuna da Imprensa, jornal de oposição ao regime cujo principal colaborador era Paulo Francis; no jornal O Globo, ao lado de Nelson Rodrigues; e na Rio Gráfica Editora, de Roberto Marinho. Trabalhou também com João Antonio e saía para os bares na companhia de Caio Fernando Abreu e de Madame Satã. Em 1977, voltou para o Paraná. Em Curitiba, trabalhou na revista Quem, na Curitiba Shopping, na Fim de Semana, no jornal O Estado do Paraná e na Grafipar, onde escreveu para as revistas Atenção, Peteca e Eros. Contribuiu também para a revista Quatro Estações, de Dino Almeida; para a revista do Teatro Guaíra; para o programa do SBT, Show sem Limite; e para o Correio de Notícias. Em 1986, publicou Bolero’s Bar. Em 1987, fundou o jornal de literatura Nicolau. Entre 1992 e 2010, publicou mais de quinze livros, entre eles: Mar Paraguayo, Meu Tio Roseno a Cavalo e A Copista de Kafka. Manteve sua coluna no jornal O Estado do Paraná e, recentemente, passou a escrever para o Caderno 2, de O Estado de S. Paulo, para o site O Trópico e para esta Revista Ideias. Nunca cansou de contar suas histórias com entusiasmo insaciável, como se aquela tivesse sido a primeira vez em que tocava uma máquina de escrever. 68 IDEIAS | junho de 2010


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LUIZ CARLOS ZANONI

A Copa do Pinotage

O

s vinhos sul-africanos estão tirando sua casquinha do megaevento que expõe o país numa vitrine planetária. Pouco conhecidos no Brasil, têm agora a ocasião de vitaminar a imagem. A África do Sul é grande produtora de tintos e brancos no formato novomundista, feitos geralmente de um único tipo de uva, acessíveis no preço e na taça, conhecidos por falarem direto, sem rodeios, ao paladar do consumidor. A desvantagem que enfrentam no Brasil é a de concorrer com as regalias fiscais e alfandegárias dadas ao Chile, Argentina e Uruguai, outros especialistas no estilo. Os sul-africanos exportam mais do que consomem. No ano passado, embarcaram 200 milhões de litros para mercados como a Inglaterra, Alemanha, Canadá, Holanda e Japão. Fazem bons exemplares de Shiraz, Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Mas o que têm de único é a Pinotage, uva nascida do cruzamento das cepas francesas Pinot Noir e Cinsault, a partir de pesquisas desenvolvidas pela Universidade de Stellenbosch. A variedade não se dá bem em outros países. Já houve tentativas de cultivá-la na Serra Gaúcha, sempre com resultados pífios. Caçador de novidades, o apreciador de vinhos encontra aí um atraente campo para exercitar o faro. Os bons Pinotages, que nos vêm dos vinhedos próximos à Cidade do Cabo, seduzem pelos perfumes de frutas silvestres, ameixas em geléia, couro, caixa de charutos. O corpo equilibrado não se impõe pela concentração, graças ao que deve ser sua metade Pinot Noir, a uva dos etéreos tintos da Borgonha. Pinotage e Pinot Noir também se identificam nas harmonizações à mesa, ambos parceiríssimos de pratos à base de carnes de aves, coelho, massas com molhos espessos, e até mesmo peixes

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FUTEBOL

Copa do Mundo 2010 de carne mais firme, como o salmão e o bacalhau. O casamento com o coq au vin, ou o boeuf bourguignon, tem final feliz garantido.

A

oferta por aqui é interessante. O Avondale Pinotage segue o catecismo dos orgânicos – nada de químicos ou pesticidas nas vinhas. Outro muito bom é o Porcupine Ridge, elaborado por uma vinícola cujo nome dá cãibras na língua pronunciar: Boekenhoutskloof. É o queridinho de críticos como Jancis Robinson e Robert Parker. A Nederburg, produtora dos rótulos oficiais da Copa do Mundo, assina um Pinotage com bastante caráter, a exemplo do que faz também a Robertson Wide River. Todos custam entre 30 e 40 reais. O Beyerskloof, a 55 reais, é um pouco mais caro, mas vale a diferença.

CALENDÁRIO DA COPA Grupo G Brasil Coreia do Norte Costa do Marfim Portugal

D

a região de Cape Town saem 90% dos vinhos sul-africanos. A proximidade do oceano influencia o clima. Invernos gélidos e verões com temperaturas amenas favorecem a produção de vinhos brancos. E a Sauvignon Blanc é a estrela em ascensão. Brancos sutis, delicados, minerais, sem a explosão aromática excessiva, herbácea, de grama aparada, que às vezes marca os da Nova Zelândia. Têm preço camarada e fazem bonito no aperitivo ou com frutos do mar. Prefira safras recentes. E é também branco o mais emblemático rótulo da África do Sul, o Vin de Constance, um delicioso vinho doce, de sobremesa, feito de uvas Moscatel. Nos séculos XVIII e XIX, foi um dos principais produtos de exportação. Napoleão, devoto apaixonado, costumava atribuir ao Vin de Constance a mesma frase que cunhou para o champagne. “É fundamental na vitória e imprescindível na derrota.”

Datas

Horário

Os jogos

15/06 11h

Costa do Marfim x Portugal

15/06 15h30

Brasil x Coreia do Norte

20/06 15h30

Brasil x Costa do Marfim

21/06 8h30

Portugal x Coreia do Norte

25/06 11h

Brasil x Portugal

25/06 11h

Coreia do Norte x Costa do Marfim

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72 IDEIAS | junho de 2010


FUTEBOL

Craques da Seleção contam a história das Copas Félix, Pepe, Edu, Márcio Santos e Cafu estiveram na abertura da exposição “A Pátria de Chuteiras” em Curitiba

U

ma parte da história de todas as Copas do Mundo, desde 1930, com destaque para os cinco títulos mundiais conquistados pelo Brasil: 1958,1962, 1970, 1994 e 2002 foi contada por cinco ex-jogadores campeões com a Seleção Brasileira na noite de 24 de maio em Curitiba, na abertura da exposição “A Pátria de Chuteiras”, no Memorial de Curitiba. Lado a lado, os ex-craques que fizeram a história do futebol brasileiro até o pentacampeonato mundial – o goleiro Félix, campeão em 70, os pontas-esquerdas Pepe, campeão em 58 e 62, e Edu, campeão em 70, o zagueiro Márcio Santos, campeão em 94, e o lateral-direito Cafu, campeão em 94 e 2002, falaram sobre as conquistas que tiveram, histórias de concentrações, e analisaram a atual Seleção Brasileira comandada por Dunga. Os craques de 58, 62 e 70 afirmaram que não é possível comparar o futebol daquela época, definido por muitos como “futebol arte”, com o praticado atualmente pela Seleção de Dunga e por praticamente todas as grandes equipes mundiais do momento. “São tempos diferentes. Hoje se premia mais o resultado, ainda mais

em Copa do Mundo. O Brasil está bem. Não é aquele futebol arte, mas é um futebol que faz gols e traz resultados”, afirmou Edu. Cafu lembrou que o time comandado por Dunga ganhou a Copa América, Copa das Confederações e classificou o Brasil para Copa sem sustos nas Eliminatórias, em primeiro lu-

gar. “Dunga manteve o que deu certo nesses últimos três anos”, afirmou o lateral-direito que levantou a taça de campeão mundial na Ásia, em 2002. A camisa que ele usou na final e que escreveu – 100% Jardim Irene – está exposta no Memorial de Curitiba. Para Márcio Santos, Dunga é um vencedor, tanto como jogador quanto como treinador. “Ele conhece bem os jogadores que convocou e confia neles”, disse. Pepe e Félix destacaram valores individuais da atual Seleção. “Aposto muito no Luis Fabiano, ele é um arti-

lheiro, jogador experiente. Acho que vai fazer uma excelente Copa”, disse Pepe. O ex-ponta-esquerda também citou o atacante Robinho, que “está em ótima fase”. Para o ex-goleiro Félix, Júlio Cesar é um dos melhores goleiros do mundo atualmente.

P

ressão – Márcio

Santos contou sobre a pressão por título que a Seleção vivia em 1994, pois desde 70 o Brasil não conquistava uma Copa do Mundo. Isso fez com que a equipe se unisse ainda mais para sagrar-se campeã nos Estados Unidos. A final contra a Itália foi vencida nos pênaltis, após Roberto Baggio chutar para fora, por cima do gol de Taffarel. O ex-zagueiro afirmou que os horários dos jogos, ao meio-dia, eram bastante desgastantes para os jogadores em razão do forte calor. “Depois daquele título as Seleções seguintes jogaram sem tanta pressão” , disse. Como motivo principal para as cinco conquistas mundiais, cada campeão foi unânime em afirmar que a união dos grupos foi essencial. Os cinco ex-jogadores também disseram que a atual Seleção de Dunga também tem essa marca. Um bom presságio para a África do Sul. junho de 2010 | IDEIAS 73


Manuel Baggio Pereira no lançamento do relógio Calibre de Cartier, na Bergerson do ParkShopping Barigui.

foto Thabata Martin

Toccafondo

O Centro Europeu, com o apoio da Importadora Porto a Porto, promoveu palestra e degustação dos saborosos vinhos italianos Brunello. O evento foi

foto Gerson Lima

Márcia

foto Mauro Campos

marcia@travessadoseditores.com.br

Marcelo Bergerson, Caco Almeida e

Na casa Cor Paraná o lustre com cerca de 1.500

diretora comercial e relações

cristais que está na Suíte da Moça é o centro das

com o mercado internacional

atenções dos convidados que passam pelo espa-

da Vinícola Camigliano, na

ço. Assinam o ambiente as arquitetas Viviane

foto com a sommelier da Porto

Loyola e Letícia Feres. Na foto, Viviane e Leticia,

a Porto, Camila Podolak.

com a franqueada da Casa Cor PR, Marina Nessi. foto Ernesto Vasconcelos

conduzido por Paola Falabretti,

A arquiteta Mariana Paula Souza recebeu convidados para uma viagem a pontos turísticos da Big Apple na sua Suíte New York, na Casa Cor. Na foto, a arquiteta com Fabio Pacheco e Alexandre de Lara da Pastilhart,

foto Gerson Lima

foto divulgação

apoiadora da Mostra e fornecedora do ambiente.

As sócias da Via Volare Adriana Soares e Alexandra Soares Lopes, lançaram, com exclusividade para os três elegantes endereços em Curitiba, a coleção de inverno da marca da atriz e empresá-

A elegante Beatriz Sera foi a personalidade homenageada pelo trio

ria Angelita Feijó, na loja Cincopontoum. Na foto,

Gisele Busmayer, Cristiane Maciel e Sony Luczyszyn na Casa Cor

a sócia da Via Volare Adriana Soares, Michelle

Paraná 2010. Um luxo! Na foto, Beatriz Sera (ao centro), com Gisele,

Jamur (da Namix), Angelita Feijó e Márcia Ferrari.

Cristiane e Sony, que receberam a visita da amiga Vânia Dalmaz.

74 IDEIAS | junho de 2010


foto Márcia Toccafondo

www.marciatoccafondo.blogspot.com

Márcia Toccafondo

O sommelier Valdo Santos com a mulher Alessandra, brindam a abertura da loja no Merca-

A executiva do Shopping Muller, Rosane Soifer, num belíssimo trench coat Burberry com Eliane Veiga, durante a pré-estreia no Cinemark do Shopping foto Márcia Toccafondo

Mueller do filme Sex And The City 2, em maio.

foto Márcia Toccafondo

do Municipal.

Eduardo Guimarães, Secretário Municipal de Relações Internacionais de Curitiba, Santiago Gallo, Secretário Executivo do CODESUL e Sérgio de La Cruz, Presidente da Câmara de Comércio Brasil/ Argentina do Paraná, durante o jantar comemorativo ao Ano do Bicentenário da República da Argentina com “Menu Argentino” que aconteceu no Restaurante Ticiano do Quality Hotel.

SURPRESA PARA GIANNI COCCHIERI Gianni Cocchieri, leia-se Villa Cocchieri, ganhou festa surpresa com clima intimista da esposa Vânia e dos filhos nos dia 25 de maio, no Restaurante Duetto, no Clube Curitibano. O jantar reuniu amigos mais próximos para a comemoração do aniversário. O Buffet de muitas gostosuras foi assinado por Marzia Lorenzetti e

fotos Márcia Toccafondo

regado a bons vinhos e espumantes.

O casal Tânia Vicenzi e Cláudio Watanabe.

O aniversariante Gianni Cocchieri com a mulher Vânia.

Os filhos Gianni Cocchieri Júnior, Bruno e Vinícius Cocchieri.

Florlinda Andraus e Márzia Lorenzetti.

Tereza Lorenzetti, Wellade Fleischfresser, Vânia Cocchieri e Josefina Lorenzetti.

junho de 2010 | IDEIAS 75


Márcia Os sócios-proprietários do Barolo Trattoria, o mais premiado italiano da cidade, Jonas Katz, Wladimir Trombini e Rubens

foto divulgação

Toccafondo

Katz, comemoram o novo espaço que é assinado por Giuliana Soncin e Mônica Belich Katz. A capacidade da casa

foto Marcel Blasi

passa a ser de 220 pessoas, sendo 75 no piso superior.

No lançamento da coleção outono-inverno da multimarcas Expression, da empresária Maria Inês Artigas, em parceria com a apresentação de jóias da R. Cooper´s, da empresária Rita Cooper Mylla, que reuniu em coquetel centenas de amigas e clientes de ambas: as amigas Analzira Carnei-

foto divulgação

foto divulgação Avon

ro, Zilda Fraletti, Maria Inês Artigas e Dirce Keppen.

A atriz Angelina Jolie, considerada uma das 100 celebridades mais poderosas do mundo pela revista Forbes, é a estrela do Especial - Maquiagem das Celebridades no Portal da Maquiagem, canal de interação da Avon, que apresenta os diferentes estilos de make-up de uma das mulheres mais fotografadas no mundo, entre outros assuntos interessantes. (www.portaldamaquiagem.com.br).

Operadora, Arnaldo Levandowski recepciona o cantor Frejat, líder e co-fundador da banda Barão Vermelho, durante a festa de encerramento do 8º Workshow MGM, com direito a jantar típico do Rio Grande do Norte, oferecido pela Emprotur (Empresa Potiguar de Promoção Turística).

Ilana Friedmann, do site Nina Blue, Thamis Le Senechal, proprietária do PinUp! e hairstylist Rodolfo Di Avans, na festa de lançamento do site Nina Blue, no PinUp! Hair+Style. As peças do portal que reúne produtos inspirados no charme e elegância presentes desde a Belle Époque até meados dos anos 50 encantou os presentes. 76 IDEIAS | junho de 2010

rio Araújo que aconteceu na Casa de Criadores, em São Paulo, a atriz Rosi Campos na foto com o maquiador Fernando Torquato e Sabrina Sato, chamou a atenção de todos pelo belíssimo colar que usava. Quem assina a peça muito elegante é a designer paranaense Maria Ignês Simões. foto divulgação

O diretor comercial da MGM

foto Kelly Knevels

Durante o aniversário de 40 anos do estilista Walé-


foto Priscilla Fiedler

www.marciatoccafondo.blogspot.com

Márcia Toccafondo

O enólogo, sommelier e proprietário da ziu divinamente a degustação às cegas, durante o jantar da Confraria Feminina de Vinhos de Curitiba. Na foto com a chef de cuisine Fabiana Machado responsável pelos saborosos pratos servi-

foto Márcia Toccafondo

La Vinothèque Alcione Dümes, condu-

foto Milton Nitta

dos com a mãe Sônia Machado.

Superelegantes Fernando Richa e Vera do Amaral Lupion, durante a festa surpresa para D.Juril Carnasciali, em comemoração ao aniversário da colunista, em

foram conferir a festa de aniversário

maio. Para a festa foram convi-

de 50 anos do vocalista da banda

dadas 74 amigas da colunista e

irlandesa Bono Vox comemorada em

como presente foi recomendado

maio no Sheridan’s Irish Pub. Quem

que elas levassem cobertores

ficou no comando da festa foi o U2

que foram destinados a insti-

Cover, que se apresenta justamente

tuições sociais, causa abraçada

todas as segundas-feiras no espaço.

por D.Juril há muitos anos.

FESTERÊ DO TITE CLAUSI O empresário e festeiro-mor da cidade Tite Clausi levou mais de 2000 pessoas ao Estação Embratel Convention Center para a badalada festa à fantasia que leva seu nome e que contou com produção da Clown Eventos e Prime Eventos. Em sua XIII edição, que fez um passeio pelo universo dos pira-

fotos Gustavo Garrett e Fernando Gustavo Barbosa

Mariana Gazal e Allan Cechelero

tas, já é tradição no calendário da cidade e agita o mês de maio.

O anfitrião Tite Clausi com sua linda esposa e Dj Ale Rauen.

A apresentadora da Band, Rafaela Quintana, e Marcelo Claure.

Flávia Pacheco.

Cristian Pior, do humorístico Pânico na TV! e Marco Brotto, de chapeleiro maluco.


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