its Teens Joinville - 60

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Revista its Teens Joinville nº 60 2021 | R$ 13,50


É NA ESCOLA QUE A ITS ACONTECE


UMA EDIÇÃO ESPECIAL TODO MÊS


editorial arte e a cultura são duas palavras que exercem uma influência prática muito forte na vida das pessoas que, por vezes, elas até parecem estar de mãos dadas. Enquanto uma desperta sentimentos, emoções e sensações, a outra - em suas diferentes formas - também nos conecta a demonstrações culturais, como música, dança, pintura e diversas outras ações. As duas juntas desempenham um papel muito rico na vida de qualquer pessoa, principalmente na associação do desenvolvimento intelectual e cognitivo, ou seja, na compreensão, processamento e aprendizagem. E é por isso que na escola em que você estuda, além de cumprir com um cronograma de ensino, os programas culturais também passam a ser ofertados para uma formação completa e integral não só como estudante, mas como cidadão. Além disso, a riqueza do conhecimento cultural nos ensina sobre os costumes, hábitos e tradições de um povo - e isso pode ser apreendido de diversas maneiras. Juntando toda essa explicação, nesta edição de dezembro da revista its Teens você vai conhecer mais sobre a dança como promoção da arte, com ingresso de novos alunos da Rede Municipal de Ensino na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em 2022.

Também vai entender como a educação antirracista é tão necessária no espaço educativo com exemplo de como uma unidade escolar tem debatido e trabalho os assuntos com os alunos dentro dos componentes curriculares. Ainda em escola, uma outra matéria apresenta o projeto-piloto Bombeiro Aprendiz, que busca ensinar toda a comunidade escolar sobre conhecimento básico em primeiros socorros. Fechamos o ano da revista its Teens com a participação dos alunos embaixadores da Escola Municipal Doutor Abdon Baptista e Escola Municipal Professora Laura Andrade, que ajudaram a pensar nos assuntos abordados nesta edição de dezembro. Um bom recesso escolar e boas férias!

Renata Bomfim Editora-chefe da revista its Teens

digital! Acompanhe a its Teens também no tudo o de o dentr por fique e Code Escaneie o QR que acontece nas escolas

embaixadores its

Amanda de Amaral EM Doutor Abdon Baptista

Lara Fernandes EM Prof. Laura Andrade

Liana Beatriz de Assumpção EM Doutor Abdon Baptista

Mariana Chilanti Amândio EM Prof. Laura Andrade

Matheus Rodrigues Caetano EM Prof. Laura Andrade

Paula Malisia Moreira Rhaica Cristine Velho de Carvalho Thalles da Silva Vaz EM Doutor Abdon Baptista EM Prof. Laura Andrade EM Doutor Abdon Baptista

expediente MÁRIO J. GONZAGA PETRELLI

GABRIEL COSTA HABEYCHE

FLAVIA BORBA VIEIRA

IN MEMORIAM | FUNDADOR E PRESIDENTE EMÉRITO GRUPO ND E GRUPO RIC

DIRETOR REGIONAL CRICIÚMA gabriel.habeyche@ndtv.com.br

GERENTE COMERCIAL JOINVILLE flavia.vieira@ndtv.com.br

CRISTIANO MIELCZARSKI

JACKELINE MOECKE

MARCELLO CORRÊA PETRELLI PRESIDENTE EXECUTIVO GRUPO ND mpetrelli@ndtv.com.br

ALBERTINO ZAMARCO JR.

DIRETOR REGIONAL OESTE cristiano.mielczarski@ndtv.com.br

DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO albertino@ndtv.com.br

FELIPE MUCHENSKI GERENTE COMERCIAL ITAJAÍ felipe.m@ndtv.com.br

DERLY MASSAUD DE ANUNCIAÇÃO DIRETOR DE PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA

GILBERTO KLEINÜBING DIRETOR COMERCIAL gilberto.k@ndtv.com.br

LUÍS MENEGHIM DIRETOR DE CONTEÚDO meneghim@ndmais.com.br

ROBERTO BERTOLIN DIRETOR REGIONAL FLORIANÓPOLIS bertolin@ndtv.com.br

SILVANO SILVA DIRETOR REGIONAL JOINVILLE silvano@ndtv.com.br

CRISTIAN VIECELI DIRETOR REGIONAL ITAJAÍ E BLUMENAU cristian@ndtv.com.br

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GERENTE COMERCIAL BLUMENAU jackeline@ndtv.com.br

A REVISTA ITS É UMA PUBLICAÇÃO DA EDITORA NOTÍCIAS DO DIA RENATA BOMFIM EDITORA-CHEFE renata.bomfim@portalits.com.br

LEONARDO MESSIAS DE JESUS DESIGNER GRÁFICO

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ANA ZAHIA JUMA SUPERVISORA COMERCIAL SUL ana.juma@ndtv.com.br Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial de reportagens e textos, desde que expressamente citada a fonte.

TIRAGEM 3.235 EXEMPLARES NÃO VACILA, FALA AÍ (47) 3419-8000 Pontos de distribuição: Escolas da Rede Municipal de Joinville


Graduação 2022

que você leva para o

Inscreva-se univille.br/ingresso @univille


conteúdo

TRILHE OS CAMINHOS DESTA EDIÇÃO 14

diário escolar

8 0

notícias das escolas

12

início

profissões

16

10

matérianegra I consciência

educação preventiva

18

fim

capa

2 4

diversão

4 2

6 3 galerias

saideira

6 2

4 3

eu, repórter na its

0 3

cultura pop

spoiler

8 2

2 3 bloco de notas 6

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wi-fi


REALIZAÇÃO

PROMOÇÃO

PATROCÍNIO


diário escolar

5 dicas para você arrasar na hora de escrever uma redação! Júlia Duvoisin A escrita é uma prática que nos acompanha desde os primeiros anos escolares até o final do Ensino Médio. Seja na formulação de crônicas, narrativas, cartas ou na temida dissertação, o exercício da escrita não precisa ser um “bicho de sete cabeças”. É fato: quem lê mais escreve melhor. Desta forma, é muito importante saber que uma boa redação é baseada não apenas no estudo do conteúdo das aulas de Português, mas, sim, em tudo que você traz de bagagem literária e cultural da sua casa. Felizmente, existem dicas que podem transformar qualquer estudante em um escritor ávido - dentro e fora da sala de aula. Como em todo processo, o aperfeiçoamento da técnica de escrita de uma redação requer estudo, muitas vezes baseado na tentativa e no erro. Não existe um bom escritor sem prática! É pensando em todos esses aspectos que iremos responder algumas dúvidas que possam surgir neste momento.

1. COMO FAZER CITAÇÕES? As citações são um ótimo alicerce na hora de potencializar o conteúdo da sua redação, tirando-a do senso comum. Existem dois tipos de citação: direta e indireta. Na primeira, você deverá escrever as palavras do autor exatamente como foram ditas, utilizando aspas antes e depois do que foi escrito. Além de indicar o nome do autor e a fonte de onde foi tirada. Já a citação indireta pode ser utilizada quando você não se lembra das palavras exatas do autor, podendo fazer uma interpretação própria do que foi dito. Nela, também deverá ser indicado o nome do autor, mas sem o uso de aspas.

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2. POSSO USAR A MINHA OPINIÃO? Pode e deve, porém existem formas de fazê-la. Em uma dissertação argumentativa ou artigo de opinião, a sua visão sobre o tema é um dos aspectos mais importantes. Mas ela sempre deve ser embasada em fatos, estatísticas, fontes, dados etc. Para dar a sua opinião você não precisa, literalmente, escrever frases como “eu acho que”, mas, sim, transmiti-la de forma indireta, comentando os dados que você colocou no texto. Explicar a sua argumentação já é uma forma de opinião.

3. COMO ENRIQUECER A REDAÇÃO? Conectivos! Os conectivos são responsáveis pela coesão textual, muito importante para que o leitor entenda a relação de sentido entre as partes do seu texto. Existem dezenas de conectivos e não possuem um limite de uso: podem aparecer entre frases de um mesmo parágrafo ou conectando partes diferentes do texto. De qualquer forma, eles são essenciais para o enriquecimento da sua escrita. Exemplos: logo, portanto, por conta disso, desta forma, enfim, ademais, assim como, mesmo que, não obstante são algumas possibilidades.

Revisar e reescrever os textos deve ser uma prática que faz parte da sua rotina de estudos. A revisão não consiste apenas em corrigir eventuais erros ortográficos ou de acentuação, mas também em analisar se seu texto cumpre a sua finalidade de comunicação. Para quem estou escrevendo? O que este gênero literário tem como finalidade? Os meus pensamentos estão conectados em prol da conclusão? Todas essas são perguntas que devem ser feitas enquanto se está relendo a redação.

5. COMO FAZER UMA CONCLUSÃO? A conclusão da redação não é uma etapa de inserir novos argumentos, pois você não terá tempo e nem linhas para desenvolver novos pontos de vista. Nessa parte, você deverá retomar os principais pontos apresentados no texto de forma a concluir a argumentação feita nos parágrafos acima, sobretudo na introdução. Além disso, nesta parte final você não pode fazer a quebra de suas ideias. Todo o texto precisa estar conectado para a conclusão fazer sentido.

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educação preventiva

Você sabe como fazer os primeiros socorros? Projeto-piloto do corpo de bombeiros aplicado na EM Nelson de Miranda Coutinho busca orientar a comunidade escolar sobre técnicas emergenciais para prevenção dentro e fora da unidade

Projeto-piloto ensina os alunos sobre manobras de primeiros socorros

i O que vocêr va encontrar po aqui: IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS NA ESCOLA. PROJETO BOMBEIRO APRENDIZ. CURSO GRATUITO SOBRE PREVENÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS. Renata Bomfim Tempo de leitura: 6 minutos

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or mais simples que possa ser uma situação, o perigo pode estar ao lado: seja naquele lanche que prendeu na garganta, aquela brincadeira que deu ruim e alguém se machucou ou até mesmo uma queda de pressão que resultou num desmaio. Isso significa que seja por engasgo, fratura ou queda de pressão, entre outros fatores, saber como fazer os primeiros socorros para lidar em situações como essas é essencial até a chegada de um atendimento médico. E uma escola treinada com conhecimento de técnicas de salvamento, além de transmitir segurança para os pais e responsáveis, também reforça o cuidado com o bem-estar, promoção à saúde e agilidade no atendimento primário no espaço educativo - e é por isso que a aplicação da educação preventiva é muito importante para saber como agir em caso de emergência. Afinal, uma manobra correta pode salvar vidas. Ao menos foi isso que ficou na memória de Arthur Alberti Cardoso, 9, aluno da Escola Municipal Nelson de Miranda Coutinho, na zona Sul de Joinville. No projeto-piloto Bombeiro Aprendiz, aplicado na unidade pelo Centro de Ensino e Instrução Comandante Henry Schmalz, do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, o estudante se juntou aos 485 alunos do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental e mais de 50 profissionais da escola que tiveram a oportunidade de passar por uma capacitação em combate a incêndios e primeiros socorros entre os meses de setembro e outubro.


Prevenção é sempre o melhor remédio

Dados apresentados pela Criança Segura, Organização Não-Governamental (ONG) e sem fins lucrativos, apontam números assustadores relacionados a acidentes com crianças. A pesquisa, que usa informações do Ministério da Saúde, revelou que 40 mil mortes de crianças e adolescentes no Brasil de 2011 a 2017 têm a ver com: afogamento;

Fotos: CVBVJ/Divulgação

sufocamento;

queda;

intoxicação.

“Querendo ou não, a gente pode salvar uma pessoa, se a gente ver uma pessoa mal ou alguma coisa assim do tipo. A gente aprendeu várias coisas, como desafogar um bebê, como fugir do incêndio, fazer massagem, essas coisas do tipo”, relembra o pequeno Arthur, que dentro da carga horária de duas horas em que participou, do primeiro ao sexto ano, aprendeu sobre abandono de área, obstrução de vias aéreas e reanimação cardiovascular. Assim como para os outros níveis, o conteúdo foi organizado de acordo com a complexidade e faixa etária dos participantes. Do sétimo ao nono ano, a carga horária foi de quatro horas e os estudantes aprenderam novos temas como desmaios, queimaduras, crises convulsivas, entre outros. Já professores e funcionários cumpriram parte da carga horária com teoria a distância, pela plataforma Universidade do Bombeiro, e parte prática na unidade. O fechamento do projeto contou com um simulado de evacuação das salas e avaliação do aprendizado aplicado na unidade. Diretora na EM Nelson de Miranda Coutinho, Marta Aparecida Bonardi tinha duas preocupações sobre primeiros socorros: para onde correr em uma situação de emergência e o que fazer. A preocupação de quem está à frente de uma escola também vem de quem é mãe que já passou por situação de acidente com crianças, tanto em casa como na escola. “A questão dos primeiros socorros é que aqui muitos (alunos) ficam em casa sozinhos, assim como os meus filhos ficaram, e é importante que eles tenham noção da coisa, porque se eles não conseguem fazer, eles vão orientar o adulto que está com ele a fazer”, pontua Marta. De acordo com o diretor executivo dos Bombeiros, Matheus Cadorin, o projeto Bombeiro Aprendiz vem para ampliar o Programa Bombeiro Mirim, que existe há 37 anos. A estimativa é de que em três anos - a partir da aprovação do projeto -, a cada 100 metros de área urbana, ao menos uma pessoa estará treinada para atendimento de primeiros socorros até a chegada das equipes técnicas. “O projeto Bombeiro Aprendiz está em consonância com a missão dos Bombeiros Voluntários, que é preservar vidas, meio ambiente e patrimônio.”

Não necessariamente nessa ordem e somente em escola, mas a pesquisa revela que a maioria desses acidentes vem dos espaços educativos. Isso porque a escola concentra boa parte de alunos em idades próximas, em fase de construção da maturidade e pouca noção de situações de risco. Além disso, outros fatores estruturais do espaço podem aumentar o risco de acidente. A ONG também faz o acompanhamento diário desses números e revela que, todos os dias, nove crianças entre zero e 14 anos perdem a vida por questões acidentais, e que 90% dos casos poderiam ser evitados apenas com medidas de prevenção.

Cursos gratuitos

A ONG Criança Segura oferece cursos gratuitos bem interessantes que podem ajudar educadores, pais e responsáveis a aprender sobre prevenção de acidentes no dia a dia, sobre trânsito e a serem multiplicadores para prevenir acidentes com crianças e adolescentes. Todos são 100% online com entrega de certificado, basta escanear o QR Code para saber mais informações.

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consciência negra

Xô, preconceito:

você já observou como a sua escola combate o

Respeitar e valorizar a história, cultura e origem dos povos que ajudaram a formar a nossa sociedade multiétnica e multirracial é necessário para uma educação antirracista

i O que vocêr va encontrar po aqui: NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA. TEMÁTICA É PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DE UMA ESCOLA EM JOINVILLE. FORMAS DE APLICAR NA PRÁTICA A EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA. Renata Bomfim e Nathália Melo Tempo de leitura: 7 minutos alorizar e reconhecer as lutas do movimento negro é sempre uma boa forma de combater o racismo que ainda sobrevive no nosso dia a dia. Celebrado no mês de novembro, o Dia da Consciência Negra - que reflete sobre a resistência e referência do líder Zumbi de Palmares - pode ser uma oportunidade para pensar sobre a necessidade de promover a educação antirracista para além de uma única data. Um exercício rápido para relembrar os estudos antirracistas fora desse dia é buscar na memória quem são as pessoas negras que fizeram parte da construção do conhecimento no Brasil que você conhece? O que você aprendeu sobre elas? Quais foram os seus feitos? Além disso, nas cantigas, nas brincadeiras, na literatura e nos discursos, quais práticas que você estudou aproximam e valori-

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zam a cultura e a origem dos povos que ajudaram a formar a nossa sociedade multiétnica e multirracial? Estudar e vivenciar na prática ações relacionadas à educação antirracista é uma provocação para o respeito às diferenças, representatividade dos negros e reconhecimento do protagonismo africano e afro-brasileiro em toda a nossa história. Na Escola Municipal Monsenhor Sebastião Scarzello, a educação antirracista está no Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade que norteia a proposta institucional da escola. “Hoje a gente pode ver representatividade para as crianças. É algo que eu falo enquanto pessoa, mulher negra, que eu não vivi isso na escola enquanto estudei. Eu não tive essa oportunidade e hoje sou muito feliz que posso possibilitar isso para as crianças negras que estão aqui”, comenta a professora Josiane

Neves da Silva Sant’Anna. Com o trabalho ativo desde o início do ano letivo de se apropriar de temas relacionados à educação antirracista, a escola entendeu que, antes, era preciso retomar o conhecimento teórico-científico com os professores. À frente dos estudos, das formações e diálogos, Josiane e Maria Fabiane Souza Israel construiram o eBook “Educação antirracista: o seu olhar melhora o meu” para servir de acervo de pesquisa com práticas pedagógicas que podem servir de inspiração para trabalhar com os alunos. “As crianças estão alargando o horizonte delas acerca do conhecimento da África, Afro-brasileira assim como suas manifestações culturais. A partir dessas provocações que, a princípio, para nós, era pequena, mas está saindo para fora dos muros da escola e abraçando a comunidade, as famílias,


Fotos: EM Monsenhor Sebastião Scarzello/Divulgação

Três formas de aplicar a educação antirracista dentro e fora da escola Uma educação baseada na luta antirracista combate, ativamente, toda e qualquer expressão racista no ambiente escolar. Além disso, as práticas realizadas nesta pedagogia antirracista valorizam a identidade de diferentes povos e visam proteger, desde cedo, as crianças negras vítimas do racismo brasileiro. 1 Entender as origens do racismo é o primeiro passo para uma educação antirracista. No livro Pequeno Manual Antirracista, escrito pela filósofa, ativista e influenciadora negra Djamila de Ribeiro, a autora investiga as origens do racismo e afirma que a sociedade brasileira foi estruturada com base em um sistema opressor que discrimina e privilegia algumas raças em detrimento de outras. 2 “Denegrir”, “criado-mudo”, “inveja branca”, entre outros, são palavras muitas vezes utilizadas no dia a dia sem que as pessoas se deem conta de que esses termos têm origem no sistema de discriminação racial. 3 Na literatura, há vários autoras e autores negros que compartilham suas vivências em suas obras. Um exemplo é Carolina Maria de Jesus, que teve seus diários publicados sob o título “Quarto de Despejo: diário de uma favelada” em 1960. No volume, ela relata sua rotina como moradora da favela do Canindé, na zona Norte de São Paulo, e sua luta diária contra o preconceito racial e a fome.

É lei!

Josiane Neves da Silva Sant’Anna e Maria Fabiane Souza Israel

os olhares”, diz Josiane. Com os cabelos crespos, Heloá da Silva Lisboa, 11, aluna do quinto ano da escola, relembra que ainda criança, dos quatro aos oito anos de idade, tinha dificuldade em aceitá-los e, às vezes, até se sentia culpada por aceitar que falassem dele e não conseguir reagir. Hoje a visão dela sobre o seu cabelo é outra. “Meu cabelo representa a minha identidade, a minha característica. Eu acho que as pessoas negras e as que têm cabelos crespos e cacheados têm que se valorizar. Eu acho que todo mundo é diferente, todo mundo tem que aceitar isso.” Assim como Heloá, a diretora da unidade, Ilma de Souza Alves, relembra a relação que tinha com os cabelos na infância. “Eu

tinha cabelos crespos, volumosos e isso era sinônimo de pessoa desleixada, bagunçada. Sempre aquele cabelo muito esticado, muito preso, para você ficar com uma aparência ‘bonita’ que era o que a sociedade colocava. Então, hoje, quando você vê uma pessoa negra com o cabelo black, da maneira que ela quer, com tranças, aí você vê uma identidade.” Para a professora Josiane, a educação antirracista está além da cor da pele. “Ele vai dialogar com a cultura indígena, com os diferentes povos, com as questões de gênero, com as questões religiosas. Eu penso que todos ganham quando começa a se perceber e trabalhar a educação para as relações étnico-raciais dentro da escola.”

Criada em 2003, a Lei nº 10.639 obriga o ensino da história e cultura africana e afrobrasileira em todas as escolas de educação básica, com propostas concretas de estudos que aproximem os estudantes da cultura africana e afro-brasileira, assim como das relações étnico-raciais. Estudar sobre este tema o ano todo ajuda a combater o racismo que, infelizmente, ainda existe dentro do espaço escolar. Com provocações e reflexões bem colocadas, é possível desconstruir preconceitos e formar cidadãos que respeitam e valorizam a diversidade cultural.

Meu cabelo é de rainha!

Escaneie o QR Code e confira o vídeo produzido pela EM Monsenhor Sebastião Scarzello.

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notícias das escolas

EM PLÁCIDO XAVIER VIEIRA É A PRIMEIRA ESCOLA DE JOINVILLE A RECEBER ECOPONTO A Escola Municipal Plácido Xavier Vieira já tem uma tradição em trabalhos com foco na preservação do meio ambiente e na sustentabilidade. Agora, é a primeira escola de Joinville a receber um ecoponto da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra). O objetivo do projeto é instalar pontos de entrega voluntária de resíduos recicláveis em todas as escolas da Rede Municipal de Ensino de Joinville e, com isso, conscientizar a comunidade sobre a importância de separar os resíduos orgânicos daqueles que têm potencial de reciclagem e reaproveitamento. O Ecoponto receberá resíduos como vidros, papel, metal e plásticos, tudo sob

orientação da equipe de educadores da unidade escolar. Estes resíduos depois serão coletados pela empresa responsável por este serviço em Joinville, que faz o encaminhamento para seis cooperativas de reciclagem conveniadas à Prefeitura de Joinville. A ação de entrega deste ecoponto contou com a presença do secretário de Educação Diego Calegari, da diretora de serviços da Seinfra Janaína Teixeira e do vereador Henrique Deckmann. Este também foi o primeiro movimento para consolidação do projeto Nossa Escola Lixo Zero, que será implantado pela Secretaria de Educação nas escolas municipais de Joinville a partir de 2022.

PROFESSORES MAKERS RECEBEM FORMAÇÃO COM A MÃO NA MASSA Desde o início de outubro, 50 professores da Rede Municipal de Educação de Joinville estão participando de um curso de educação maker. São 24 horas de formação divididas em oito módulos, nos quais os educadores aprendem na prática, seguindo o conceito que utilizarão também com os alunos em suas unidades escolares: colocando a “mão na massa”. A formação ocorre em parceria com o Sesi Senai, no Espaço de Educação Maker da instituição. Nestas formações, os

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professores estão aprendendo sobre as estratégias pedagógicas na Educação Maker, a fundamentar estas práticas e a como desenvolver atividades para aplicá-las com os alunos do Ensino Fundamental. Boa parte deste grupo já atua como professor do espaço maker em suas unidades de ensino, nas antigas salas de informática. Para a pedagoga Francine Barboza, professora há 30 anos e há 22 anos atuando na Rede Municipal de Joinville, as aulas estão proporcionando ideias para utilizar

com os alunos da Escola Municipal Anna Maria Harger. – É tudo muito recente, mas para mim é uma visão de educação diferenciada, porque ainda sou da “velha guarda”. A demanda dos alunos com relação à tecnologia é assustadora. Mas minha ideia é ir além da tecnologia e colocar a mão na massa de verdade, porque, se deixar, os alunos já vivem dentro do celular. Quer dizer, usar este conceito também para trabalhar com madeira e criar um carrinho de rolimã, por exemplo – avalia.


Foto: Prefeitura Municipal de Joinville/Divulgação

ALUNOS GANHAM NOTEBOOKS EM CONCURSO NACIONAL Dois alunos da Escola Municipal Eladir Skibinski foram premiados em um concurso nacional sobre economia de energia e utilização de fontes mais sustentáveis. Sibele Maia Ribeiro, do 6º ano da escola Eladir Skibinski, mostrou como utilizar a luz solar para iluminar o jardim de casa. Já Pedro Henrique de Souza, também do 6º ano, demonstrou, de maneira simples, como se dá a produção de energia elétrica a partir do vento, a chamada energia eólica. Eles foram premiados, cada um, com um computador, em uma premiação que ocorreu na escola em novembro. Realizado pela NTICS Projetos, com patrocínio da Whirlpool Corporation, o Festival Energia que Fala foi desenvolvido para atender a metas de

quatro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um acordo feito entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e seus paísesmembros. Um deles é o ODS 13, que propõe ações contra a mudança global do clima. Os outros são o ODS 4 (Educação de Qualidade), o ODS 7 (Energia Acessível e Limpa) e o ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis). Organizado em duas etapas, o projeto promoveu atividades informativas sobre geração e consumo de energia e ensinou estudantes de escolas públicas sobre como disseminar práticas de consumo consciente desse recurso. Na segunda fase, os participantes apresentaram ideias de como gerar energia de maneira mais sustentável. Ao todo, 1,5 mil alunos receberam a formação.

CONHEÇA A CIDADE: Programação para um Natal especial em Joinville O espírito da época mais emocionante do ano está contagiando a cidade neste mês, com o Natal Cultural de Joinville. Quem passa pelo Centro de Joinville pode visitar a Vila do Papai Noel, onde há a casa do “bom velhinho”, e um grande palco para apresentações artísticas, na Praça Dario Salles. Bem ao lado, na Praça da Bandeira, está montada a Vila dos Duendes. Nela há brinquedos para as crianças, como escorregador e trenzinho. No Ginásio Abel Schulz, está ocorrendo a Feira Natal Feito à Mão, onde artesãos da cidade estão expondo seus produtos até 19 de dezembro. As duas praças e o ginásio ficam ao lado do Terminal Central. Também no Centro, mas na Praça Nereu Ramos, foi montado um carrossel. Assim como o trenzinho da Vila dos Duendes, o brinquedo é para crianças de até 12 anos. E, para completar o circuito de Natal, na Catedral de Joinville há um presépio gigante. A decoração natalina também estará presente na Prefeitura de Joinville e pelas ruas da cidade, com iluminação especial no Pórtico da rua Quinze de Novembro e no parque Porta do Mar, no bairro Espinheiros. No dia 22 de dezembro, às 19h30, terá o espetáculo “Pode aplaudir, a música é pra você”, da Orquestra de Espetáculos Joinville, com o melhor dos clássicos populares e arranjos inusitados de temas natalinos. A direção musical será da maestrina Fabricia Piva.

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profissões

QUER ESTUDAR DIREITO?

Saiba sobre a realidade da profissão Renata Bomfim

Se você sonha em construir uma carreira profissional como advogado(a), promotor(a) ou juiz(a), saiba que a graduação passa pelo curso de bacharel em Direito, além de aprovação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para esclarecer sobre a profissão, Jéssica Michele Fischer, ex-aluna da Rede Municipal de Ensino de Joinville, explica sobre atuação, mercado de trabalho e desafios da profissão. Acompanhe!

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Nome completo Jéssica Michele Fischer Profissão Advogada Formações Bacharelado em Direito (2016) pela Unisociesc. Pós-graduação em Direito Constitucional (2021 – em andamento) pela Academia Brasileira de Direito Constitucional – ABDConst Escola onde fez o Ensino Fundamental Escola Municipal Governador Heriberto Hülse e Escola Municipal Prefeito Geraldo Wetzel


Jéssica Michele Fischer: A receita básica para ser advogado é graduar-se em um curso de Direito e obter nota mínima na prova de habilitação profissional aplicada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Penso que isso, por si só, não basta. Pessoalmente, acredito que é a capacidade de orientar-se para responder aos desafios cotidianos que definem, pouco a pouco, o advogado. Ele é como um atleta que se dedica ao máximo ao esporte, procurando sempre o melhor desempenho, e sabe que para isso é preciso entender bem as regras do jogo e usá-las em favor do direito de cada um a ter protegidos os seus direitos.

its Teens: Quais as possíveis áreas de atuação para quem se forma em Direito?

Jéssica Michele Fischer: Inúmeras! Criminal, civil, consumerista, societária, trabalhista, tributária, administrativa e outras tantas.

its Teens: Qual é a sua área de atuação e como se interessou por ela?

Jéssica Michele Fischer: Atuo na área trabalhista, em favor de empresas. O trabalho é uma das bases da sociedade em que vivemos e, com isso, é natural que o direito do trabalho esteja presente no dia a dia das pessoas, do mais pobre ao mais rico, de uma maneira bastante evidente, diferente de outras áreas. Fiquei interessada por esta especificamente porque, além de ter tido a oportunidade iniciar minha carreira num escritório de referência em Joinville, que, sem dúvida, me tornou uma advogada “de verdade”, coisa que só se aprende com a prática, foi a que mais dialogou com meu interesse por pessoas, por política, por direitos humanos e outros assuntos que julgo bastante sensíveis. Em outras palavras, escolhi o direito do trabalho pelo seu dinamismo e conexão com outras áreas do conhecimento, o que, para mim, é muito satisfatório.

its Teens: Quais os caminhos você percorreu para chegar nesta posição profissional?

Jéssica Michele Fischer: A história é longa, mas resumidamente: iniciei o curso de Direito em 2009 e terminei em 2016. Isso mesmo! Foram sete anos de curso, ao invés de cinco. Isso aconteceu porque saí do Estado por alguns meses e, ao retornar, ingressei em outra instituição de ensino cuja grade curricular (a lista de matérias a ser cursadas dentro de um semestre ou um ano) e carga horária eram diferentes. Fiz algumas adaptações e acabei atrasando a finalização do curso. Isso não me prejudicou de forma alguma! Pelo contrário, senti que finalizei essa etapa da minha vida quando me sentia realmente madura para tanto. Ao longo destes sete anos, fiz vários estágios profissionais, em áreas diversas, e terminei sendo contratada como advogada em um dos lugares onde estagiei e trabalho até hoje.

its Teens: Em que fase da vida você decidiu fazer este curso?

Jéssica Michele Fischer: Decidi ainda no Ensino Médio, porque trabalhava em um escritório de advocacia.

its Teens: Quais são os desafios que um profissional de Direito enfrenta no mercado de trabalho? Jéssica Michele Fischer: A demora de resposta da Justiça, a resistência do Poder Judiciário em rever posicionamentos consolidados que muitas vezes não respondem satisfatoriamente os problemas, a precarização das condições de trabalho e remuneração, frequentemente motivada pelo número de profissionais do mercado, dentre outros que neste momento me fogem à memória. Parece assustador, eu sei, mas é possível lidar (não sem algum engajamento, é claro!).

its Teens: O que você mais gosta da sua profissão?

Jéssica Michele Fischer: Posso trabalhar em prol da construção de uma sociedade justa, livre e igualitária. Acredito no direito como uma potência, uma necessidade para chegar a este objetivo.

dezembro 2021 // its Teens

Foto: arquivo pessoal/Divulgação

its Teens: O que faz um advogado?

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capa

Renata Bomfim Tempo de leitura 8 minutos

O que vocêr vaqaiui: encontrar po COMO FUNCIONA A SELEÇÃO E O DIA A DIA DOS BOLSISTAS DA ESCOLA DO TEATRO BOLSHOI NO BRASIL. INFORMAÇÕES SOBRE A ESCOLA DO TEATRO BOLSHOI NO BRASIL. BENEFÍCIOS DA DANÇA COMO ATIVIDADE FÍSICA.

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sido sancionada -, os adolescentes daqui, de todo o Brasil e até de fora têm uma oportunidade única de estudar no ensino regular e técnico de dança ao mesmo tempo com bolsa de estudo 100% gratuita na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Única filial do Teatro Bolshoi de Moscou, a tradicional escola de balé, em 21 anos de história na maior cidade catarinense, já formou 394 bailarinos, com 68% trabalhando exclusivamente no mercado de dança nos cinco continentes. Neste ano, a seletiva para novos bolsistas da escola que ingressam em 2022 contou com cerca de 1.100 crianças inscritas, uma concorrência de 25 estudantes por vaga. Entre os 40 futuros bailarinos aprovados na maior audição nacional do Bolshoi estão 11 estudantes da Rede Municipal de Ensino de Joinville, sendo dez meninos e uma menina que entram no primeiro ano na escola, a partir dos nove anos de idade, no curso de dança clássica. Dos selecionados, quatro são da mesma unidade de ensino: Eduardo Alexandre Silverio, Gustavo Borges Diaz, Juan Kalil Lima Santos e Vinicius Fossile Voltolini estudam na Escola Municipal Prefeito Geraldo Wetzel. “Nossa equipe ficou muito feliz”, comemora a diretora da unidade, Cristiane Reis.

Participando pela segunda vez da audição, Eduardo Alexandre Silverio, 11, diz que chegou a sonhar que fazia parte do Bolshoi, antes mesmo de se inscrever para a seleção. “Quando minha mãe chegou no Bolshoi para receber a notícia se passei no teste, ela olhou e virou pra mim do nada: ‘passou!’. E nós dois começamos a chorar”, relembra o estudante. “Minha mãe sempre me inspirou a ser bailarino.” Com audição anual aberta para todo o Brasil, o Bolshoi também costuma selecionar novos bailarinos durante o Festival de Dança de Joinville para ingresso em turmas avançadas. Quem entra para a escola técnica de dança tem aula todos os dias da semana, com duração de cinco horas, e aprende conteúdos sobre a história da música, história da arte, iniciação à pesquisa, formação de plateia, entre outros componentes curriculares, além de dança clássica que acompanha todo o ensino, durante oito anos de formação.

Quando minha mãe chegou no Bolshoi para receber a notícia se passei no teste, ela olhou e virou pra mim do nada: ‘passou!’. E nós dois começamos a chorar.” EDUARDO ALEXANDRE SILVERIO Fotos: Leve Fotografia com Propósito

e costumam dizer por aí que quem canta seus males espanta, precisamos dizer que quem dança também. É que além de contribuir no desenvolvimento intelectual, emocional, físico e até social, a dança é uma importante ferramenta no processo de aprendizagem, uma ótima aliada na ampliação da capacidade criativa e pode ser também imprescindível no desenvolvimento de novas habilidades. Não é à toa que a dança costuma ser ofertada nas escolas como atividade extracurricular, já que ajuda na formação integral do aluno. Na Capital Nacional da Dança - título que Joinville recebeu em 2016 depois de uma lei federal ter

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Bailarina formada pelo Bolshoi, Mônica Gross ingressou na unidade aos 12 anos e, atualmente, é professora na escola técnica e também participa da audição de novos bailarinos nas escolas públicas de Joinville. Só neste ano, 19 unidades foram autorizadas para participar da seleção, por conta da pandemia. “A gente avalia uma série de questões físicas para ver se essas crianças têm aptidões e habilidades que vão se encaixar no método vaganova, que é um método de balé russo que a escola utiliza”, destaca a professora. A gente avalia se ela (criança) tem flexibilidade, pulsão para saltos, se tem o mínimo de ritmo e, claro, que na escola a gente vai moldando e explicando.” Além do ensino gratuito oferecido pelos Amigos do Bolshoi, os bolsistas recebem benefícios como alimentação, transporte, uniforme, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e

DESDE O COMEÇO

assistência médica de emergência/ urgência pré-hospitalar. Atualmente, a escola atende 215 alunos, de todos os Estados do Brasil, e entre eles estão as alunas Tamires Ribeiro Soares, 11, da Escola Municipal CAIC Professor Desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira, e Ana Julia Dalchiavon Moreira Leite, da Escola Municipal Padre Valente Simioni. Aprovadas na seleção de 2019, as duas meninas têm rotinas semelhantes: acordar cedo, pegar o transporte da escola, assistir às aulas do Bolshoi, voltar para casa, ir para a escola regular e, em época de apresentação, voltar para o Bolshoi para ensaiar por quase mais duas horas. Desde os primeiros anos de idade, Ana Julia já participava de atividades de dança. No segundo ano de Bolshoi, a estudante sonha em ser professora de dança. “A minha própria professora, a Mônica, é uma inspiração. Ela dançou alguns anos e agora é professora. Acho que é mais ou menos assim o meu futuro.”

Na primeira seleção de bailarinos para fazer parte da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em 1999, estava Maikon Golini. Com apenas sete anos de idade e sem conhecimento sobre dança, quis participar do teste e foi aprovado. Ex-aluno da Rede Municipal de Joinville, com passagem pelas escolas municipais Presidente Castello Branco e Governador Heriberto Hulse, Maikon ficou em nono lugar na lista dos aprovados. “O Bolshoi transformou a vida não só

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no sentido de me tornar um bailarino profissional, mas no sentido de me preparar como cidadão, porque existe uma transformação social e cultural quando você estuda as artes”, destaca. Passados 11 anos da formatura, atualmente Maikon é professor e assessor artístico no Bolshoi. “O Bolshoi me deu uma profissão, o Bolshoi me preparou para o mercado da dança, o Bolshoi me fez um bailarino profissional. O Bolshoi me fez ser o cidadão que sou hoje.”


Fotos: Leve Fotografia com Propósito

Aluna Ana Julia Dalchiavon Moreira Leite, professora Mônica Gross e a aluna Tamires Ribeiro Soares

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-SE AQuem X pratica dança ou qualquer outra atividade física sabe como ME melhora a disposição para os estudos, a concentração em sala de aula e

até evolução da coordenação motora. Manter o corpo em movimento, principalmente na fase da adolescência, é necessário para combater o sedentarismo, já que a obesidade infantil tem sido apontada por especialistas como uma epidemia. Um estudo feito por pesquisadores na Cidade do México mostrou que quando a criança inclui na sua rotina diária a prática de atividade física, isso diminui para 10% o risco de desenvolver obesidade infantil. Agora que as férias já batem à porta, que tal separar 30 minutos todos os dias e começar a criar este hábito? Além dos cuidados com a saúde física, manter o corpo em movimento tem inúmeros outros benefícios, como:

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Prevenção de doenças cardiovasculares, como pressão alta e diabetes; Fortalecimento do sistema imunológico; Promoção da sensação de bem-estar; Melhora na capacidade de memorização; Contribuição para qualidade do sono; Alívio da ansiedade e estresse.

MÚSICA COMO FERRAMENTA SOCIAL

Além da dança, a música também pode ser uma ferramenta muito legal de transformação sociocultural. Além de trabalhar a desenvoltura e autonomia e criar amizades, ainda aprende a tocar um instrumento orquestral. Em Joinville, o Musicarium Academia Filarmônica Brasileira, um projeto do Core Excellence Center, tem justamente esse objetivo: desenvolver uma base de jovens músicos de excelência para compor, futuramente, a Orquestra Filarmônica. Depois de três anos, o Musicarium já conta com uma orquestra infantojuvenil e ainda este ano já apresenta a Orquestra Jovem. O interessante é que todos os 170 alunos são bolsistas - destes, 145 da rede pública da cidade. A ideia é tornar-se uma referência internacional, fomentando a cultura e formando cidadãos de excelência. Para fazer parte da academia, o Musicarium abre processo seletivo duas vezes por ano: um em janeiro, como seletiva de verão; outro em julho, no processo seletivo de inverno. Para se candidatar é preciso acessar o site do Musicarium, junto com vídeo para mostrar o conhecimento musical. Os pré-aprovados passam por uma entrevista presencial e, depois dessa etapa, é divulgada a lista dos aprovados. Ao todo, são nove anos de ensino para quem sonha em se formar em música orquestral.

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Foto: Divulgação/Musicarium

Na EM Prefeito Geraldo Wetzel quatro alunos serão bolsistas do Bolshoi em 2022

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diversão

QUEM É VOCÊ NAS FÉRIAS? Nathália Melo

Depois de um ano inteiro de dedicação aos estudos, finalmente chegou o momento de relaxar. Descansar a mente é importante para estar preparado para a volta às aulas. Responda as questões abaixo e descubra qual é a sua personalidade nas férias:

1.

Em qual destes lugares você gostaria de passar as férias?

5.

a) Óculos de sol b) Sandálias confortáveis c) Boné

a) Praia b) Hotel-fazenda c) Em casa, jogando videogame

2.

Qual destes passatempos é o seu favorito?

6.

a) Praticar esportes b) Ler um livro c) Jogos online

3.

Qual destes alimentos você prefere?

O que não pode faltar na sua mochila?

Qual destes filmes você assistiria novamente? a) Tá dando onda b) Para todos os garotos que já amei c) Detona Ralph

7.

a) Frutos do mar b) Sanduíches c) Pizza

4.

Qual destes itens você usaria para compor um look?

Qual destas cores você prefere? a) Azul b) Verde c) Roxo

8.

a) Protetor solar b) Creme hidratante c) Celular

Se você pudesse ser um animal, qual destes você escolheria? a) Golfinho b) Borboleta c) Águia

Respostas Se você marcou mais a letra (A), você é um(a) verdadeiro(a) rato(a) de praia: sol, calor e mar são elementos que você não vive sem. Nestas férias, separe o seu traje de banho, o óculos de sol, o protetor solar e aproveite! Se você marcou mais a letra (B), isso indica que você é super tranquilo(a) e valoriza passar bons momentos com a família ou os amigos. Assistir a filmes e séries ou ler um bom livro é o seu passatempo favorito. Nessas férias, o campo é o melhor lugar para você descansar e respirar ar puro. Se você marcou mais a letra (C), isso significa que você é um gamer profissional: adora passar momentos divertidos jogando partidas online com seus amigos. Fique tranquilo(a), pois após um ano inteiro de estudos, a partida está liberada!

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NÃO ESTUDAR DURANTE O ANO E FICAR DE RECUPERAÇÃO NAS FÉRIAS.

ESTUDAR DURANTE O ANO E CURTIR AS FÉRIAS.

ATENÇÃO

A SEGUIR, CONTEÚDO ALTAMENTE DIVERTIDO SÓ PARA QUEM É DA GALERA TEEN.


cultura pop

Para exaltar os ouvidos Gustavo Bruning Olhares, amores e devaneios. Opiniões, mudanças e esperança. Não é comum que tudo isso se junte em forma de arte de maneira atemporal, mas o melhor da música brasileira mostra que isso é possível. Elis Regina, dos anos 1960 a 1980, e Cássia Eller, nos anos 1990, são duas provas de que a união de melodias com identidade única e letras cruas e profundamente autorais resultam em obras eternas. São criações que vivem além de gerações e transmitem mensagens e sentimentos verdadeiros. Essas referências nos lembram o porquê de essa forma de arte ser tão bela: ela nos apresenta a artistas além de suas entranhas e permite que nos identifiquemos com suas vivências e sensações. É a forma mais autêntica de ser “Maluco Beleza”, tal qual Raul Seixas, na faixa de 1978. Música não é nada sem amor, seja ele por uma pessoa, sensação, lugar ou momento. É o trilho que conduz histórias em todos os gêneros, da MPB ao rock, do reggae ao pop. E é aí que os relatos dos artistas tomam forma, realçando amores exaltados, como o de Cazuza em “Exagerado”, ou sonha dores e repletos de devaneios, como o de Nando Reis em “All Star”. E quem sabe amores cômicos, como o retratado por Clarice Falcão em “Oitavo Andar”, ou do tipo intrincado que nasce em “Equalize”, da Pitty. Assim como não existe uma cultura melhor que a outra, não há gênero musical “superior”. Cada um tem o seu conjunto de significados e permite um tipo de conexão diferente. Cada tipo de música tem o seu contexto e sua mensagem, que muitas vezes vao além da letra - é isso que torna esse cenário tão vasto.

HARMONIA É O QUE HÁ Confira uma playlist com sucessos atemporais da música brasileira, passando por Skank, Marisa Monte, Los Hermanos, Elis Regina, Chico Buarque, Titãs e muito mais!

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Das canções apaixonantes de décadas passadas aos hinos contemporâneos, amor e mudança permanecem como a essência da música que é capaz de tocar

Cassia Eller

Cazuza


Confira quatro hinos que mobilizaram artistas em prol de ações importantes ou que nasceram como forma de confrontarproblemas relevantes:

O SEU HINO

Você já parou para pensar que as músicas podem ter o objetivo de provocar mudanças e trazer discursos de revolução? Foi o que vimos há décadas, quando artistas como Rita Lee e Chico Buarque entregaram alguns dos seus melhores e mais importantes trabalhos. Que tal transformar alguma experiência significativa da sua vida em arte? Seja poesia ou música, converter as nossas visões em palavras é uma forma de reviver bons momentos sob outro ponto de vista. Foi assim que muitos cantores e compositores começaram! Compartilhar as suas criações pode ser como convidar alguém a conhecer um outro lado da sua personalidade. O que você gostaria de mudar no seu mundo e o que é preciso para que essa mudança ocorra? Se o respeito pelos outros é um assunto que lhe toca, esse é um bom ponto de partida. Você acha crucial que tenhamos mudanças na forma de discutir e lidar com política? Uma atenção maior aos problemas ambientais? Que as pessoas deem mais atenção à saúde e a causas humanitárias?

“We Are The World” (1985):

a faixa composta por Michael Jackson e Lionel Richie reuniu 45 artistas para combater a fome na África;

“Just Stand Up!” (2008):

juntou cantoras pop como Beyoncé, Rihanna e Mariah Carey em uma campanha de luta contra o câncer;

“Send It On” (2009): Miley Cyrus, Demi Lovato, Selena Gomez e Jonas Brothers se uniram para cantar sobre conscientização ambiental; “Only The Young” (2020):

a composição de Taylor Swift - que incentiva a união dos jovens eleitores - estreou em seu documentário como uma crítica política.

O SOM DO SEU 2021 Rau l Se ixas

Nos filmes costumamos nos deparar com o encerramento no terceiro ato, depois dos desafios superados. Nas músicas, tradicionalmente, costumamos esperar um refrão final após a ponte. Já nos livros, ocasionalmente nos deparamos com um epílogo. E como termina a história do seu ano? Que músicas ambientaram a narrativa da sua vida em 2021? É hora de fazer a playlist oficial do seu ano: escreva cinco músicas, de cinco artistas diferentes, que tiveram grande importância. E você pode ir além, criando essa playlist na sua plataforma de streaming favorita e compartilhar com os seus colegas!

1. 2. 3. 4. Elis Regina

5.

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wi-fi

DA VIDA REAL Lucas Inácio

A última edição do Wi-Fi do ano pede um experimento diferente: que tal aproveitar esse período de recesso escolar e criar experiências em casa, com base no aprendizado do ano de estudos que se passou? Aqui indicamos uma experiência simples de ser feita com materiais encontrados facilmente, mas vale a dica de alguns canais que a gente conhece para procurar várias outras experiências – e algumas bem complexas. São eles “O Manual do Mundo”, “MrFerramenta”, “Ciência em Show”, “Área Secreta” e “AlfaZer”. Para fazer o Pac-Man de tabuleiro você vai utilizar os princípios hidráulicos da física para colocar a experiência em prática. A ideia é montar um elevador com quatro eixos e mover o labirinto para que as peças em cima também se movam, então é necessário ter os seguintes materiais:

Papelão grosso dos tamanhos: BASE: (1x) 38,0 cm x 38,0 cm (4x) 10,0 cm x 25,0 cm (1x) 30,0 cm x 30,0 cm (para o labirinto) CONTROLE: (1x) 20,0 cm x 30,0 cm (1x) 14,0 cm x 20,0 cm (2x) 10,0 cm x 10,0 cm (cortar na diagonal para fazer 4 triângulos) 8 seringas iguais (pode ser de 5ml ou 10 ml); 1 seringa maior (20ml); 3 metros de mangueira de aquário (tem que encaixar na ponta das seringas); Palito de picolé de ponta quadrada (para as paredes do labirinto); 6 bolinhas de gude (1 de cor diferente para ser o Pac-man); Cola quente (ou alguma cola que substitua); 4 corantes de cores diferentes; Água.

Fazendo o labirinto Começando pelo labirinto, você pode pegar um molde na internet ou desenhar da sua própria cabeça. O importante é que tenha um formato parecido com o Pac-Man, especialmente a casa dos fantasminhas no centro do tabuleiro com uma abertura para eles saírem. Pegue o papelão 30x30, desenhe o labirinto com uma régua e uma caneta e, depois, cole as paredes com os palitos de picolé, deixando espaço para as bolinhas passearem bem. Se quiser pode pintar esse tabuleiro conforme o jogo do Pac-Man.

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Hora da hidráulica Agora é hora de montar o elevador, então vamos conectar o controle ao jogo, ou seja, as seringas. Para isso, corte as mangueirinhas para unir tudo. Uma dica é unir as seringas da ponta do controle às seringas da parte mais afastada da base e as do meio unem-se às que ficam perto, para não correr o risco de embolar. Corte as mangueirinhas e encaixe para conferir se ficou certinho Agora vamos para a água colorida, para ficar bem visível qual seringa do controle mexe a da base. Depois de diluir o corante na água, é hora do maior desafio: encher tudo deixando o mínimo de ar possível, pois o ar atrapalha o movimento e a força do elevador. Com isso, você empurra uma seringa do controle, vai subir um canto do tabuleiro e mexer as peças.

Toque final Com tudo feito, é hora de colar o tabuleiro nas seringas da base. Para isso, deixe todas elas para baixo para ficar nivelado. Cole os quatro cantos do tabuleiro na haste das seringas, espere secar e monte seu jogo. O objetivo do Pac-Man é pegar as cerejas sem ser pego pelos fantasmas, então espalhe umas “cerejinhas” de papel pelo tabuleiro. Coloque as cinco bolinhas de mesma cor no centro (a sala dos fantasminhas) e o seu Pac-Man num dos cantos. Quando você começar a empurrar as seringas para mover o seu protagonista, os vilões vão se mexer também e aí está o desafio que é fugir deles. Uma variação do jogo possível é você montar um tabuleiro em que o objetivo é chegar ao centro do labirinto. Para isso, é só criar um labirinto bem caprichado (ou aproveitar o mesmo). Se for criar um novo, uma dica é deixar uns furos no meio do caminho – que ficam como armadilhas – e um furo principal no meio. O que não vai faltar é diversão para as suas férias. E se enjoar, é só procurar alguma experiência diferente nos canais! Boa diversão!

Base e controle do jogo Deixe o papelão de 38x38 como base do labirinto, pegue os quatro papelões de 25x10 para fazer a parede da base e cole formando uma “sala” de 25x25. Depois, pegue quatro seringas e cole uma em cada canto dessa parede, mas pelo lado de fora com o bico para baixo. Importante: o bico da seringa não pode encostar no chão, pois ainda tem que encaixar a mangueira. Pode deixar uns três centímetros afastado da base. Agora é a hora do controle e a ideia é fazer uma rampa. Então pegue os quatro triângulos e cole o lado maior deles no papelão de 20x14, distribuindo igualmente, um a cada cinco centímetros. Com essa rampa firme, cole ela na base de 20x30 e, depois, cole as outras quatro seringas na parte de cima da rampa, distribuindo igual os triângulos da base da rampa. Direção e apresentação: Iberê Thenório | Produção executiva e apresentação: Mari Fulfaro Imagens: Natã Romualdo | Edição e finalização de imagens: Kiwi Produções | Produção: Fernando A. Souza

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bloco de notas

VOTAR NAS ELEIÇÕES? Lucas Inácio O Brasil teve 147,9 milhões de eleitores nas eleições municipais em 2020, cerca de 600 mil votos a mais do que nas eleições presidenciais de 2018. O crescimento é baixo e indica que o desinteresse das novas gerações pelo voto é real. O número de eleitores menores de idade com voto facultativo (16 e 17 anos) caiu de 1,4 milhão em 2018 para pouco mais de 1 milhão em 2020. Ou seja, muita gente nova que teve a escolha de votar preferiu não ir às urnas. “Se vai dar em briga, por que começar um debate?” Pois é, a polarização política e as brigas online também influenciam para que a gente não queira se envolver muito. Porém, nesse ponto,

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o espaço escolar é muito importante para a formação do pensamento crítico e envolvimento político dos alunos, sabendo trabalhar as diferentes ideias com argumentos e com a complexidade que o tema merece. A frase “tudo é política” é bem conhecida. E por mais que a gente não perceba, sempre tem exemplos que mostram que, cedo ou tarde, isso vai mexer na sua vida. O preço do combustível influencia na tarifa do ônibus. A alta do dólar influencia em praticamente tudo: dos preços no supermercado até os dos celulares e computadores. Sem contar os exemplos que o mundo viu ao longo da pandemia.


Como fazer meu título O prazo para tirar o título de eleitor e votar nas próximas eleições vai até maio de 2022 e todos que fazem 16 anos até o dia 2 de outubro estão aptos a votar. Além disso, o processo é digital, rápido e fácil de fazer. Informe-se. E falando em informação, em tempos de fake news é um passo importante saber se notícias e propostas são verdadeiras. Conhecer a estrutura do Estado – como explicamos nas últimas edições da Revista its Teens – é essencial para saber se quem promete consegue colocar tudo em prática. E não se esqueça: cada cargo eleito é essencial para o funcionamento da engrenagem da democracia brasileira. E se quem escolhe somos nós, envolver-se é a melhor forma de mudar.

Incentivo ao primeiro voto Falar de política, definitivamente, não é a coisa mais agradável do mundo, especialmente no Brasil. Se muito adulto já prefere evitar o assunto para fugir de conflitos, imagina quem cresceu em uma geração em que o clima, geralmente, fica tenso quando o papo surge. Infelizmente, o contexto parece delicado, mas se afastar do tema não é a melhor solução - especialmente para as pessoas mais novas, pois ano após ano temos vários exemplos que mostram que o desinteresse dos jovens pela política pode afetar seu futuro. Por isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está com a campanha “Bora votar!”, justamente para criar esse vínculo e mostrar a importância de fazer seu título de eleitor já para 2022. Entre as frases da campanha do TSE, destaca-se o “não permita que outras pessoas decidam por você”, o que de fato é muito importante. Afinal, a democracia eleitoral brasileira funciona como um espaço de representação, ou seja, cada cidadão escolhe alguém com o perfil e ideias parecidas para defender direitos e interesses de cada classe.

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spoiler

NÓS

Quando um livro inspira mais do que uma leitura Márcia Regina de Melo Maus Bibliotecária | EM João de Oliveira rabalho com literatura há quase 20 anos. Sou contadora de histórias, com pós-graduação em Contação de História e Literatura Infantil. Acredito no poder das histórias, contadas ou lidas, pelo que trazem nas linhas e nas entrelinhas. Literatura informa, diverte, educa, mas gosto de dizer que a função mais importante para mim, que tem me impressionado insistentemente, é o seu poder de cura. Entre os meus livros preferidos está o “Nós”, da Eva Furnari. Separei ele para ler para as turmas de 1o ao 5o ano. A psicóloga Elaine - que tem visitado algumas vezes nossa Escola Municipal João de Oliveira e atende alunos numa sala anexa à biblioteca - ouviu a contação e me pediu para contar para todas as turmas, para que ela pudesse fazer uma intervenção. A história fala de Mel, uma garota sensível que mora na cidade de Pamonhas, onde as pessoas nascem de repolhos e as bicicletas voam. Mas por ter algo especial, borboletas

que sempre sobrevoam sua cabeça, sua vida é atormentada pelos moradores, que se divertem, dizendo que ela nasceu de um repolho com defeito. Isso começa a ser um problema físico, que se transformam em nós pelo seu corpo: no pescoço, nas pernas, nos dedinhos, no nariz. A situação se torna tão insuportável que ela decide ir embora. Depois de sair de Pamonhas disfarçada de geladeira, entre algumas desventuras, ela encontra Kiko, um menino gentil, que também tem um nó no dedo fura-bolos. Ele mostra sua cidade, Merengue, onde ela decide morar. Lá as pessoas também têm nós pelo corpo, o que a deixa confortável. Kiko ensina Mel a desfazer nó de nariz e ela, agradecida, compartilha com ele suas borboletas. Uma história com subjetividades e metáforas, facilmente compreensível, para todas as idades. Com intervenções de um professor ou psicólogo, é uma ferramenta que abre uma portinha para reflexões e, quem sabe, gatilhos para catarses.

A editoria Spoiler é um espaço para resenha de livros com textos exclusivos de bibliotecárias da Rede Municipal de Joinville. Quer compartilhar a sua com a gente? Basta enviar para renata.bomfim@portalits.com.br e colocar no assunto: meu texto na editoria Spoiler.

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PREPARE-SE VEM AÍ O...

REALIZAÇÃO

PROMOÇÃO

PATROCÍNIO


eu, repórter na its

arando para observar, percebemos que muitas pessoas não possuem o costume de ler: tanto porque não têm acesso a livros (muitas vezes por conta do preço elevado), ou porque não se interessam em conhecer esse universo de forma mais aprofundada. Foi pensando nisso que os alunos Paulo e Daniela, do 7° ano A da Escola Municipal Professora Laura Andrade, decidiram juntos criar uma “Feira do Livro”. Os fundos arrecadados irão para um evento na unidade, conhecido como “Natal Luz”.

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O principal idealizador do projeto foi o aluno Paulo Adriano Vicente, que nos contou um pouco mais sobre como surgiu essa ideia: “Bom, na verdade, não estava na intenção de ‘fazer’ uma feira do livro para arrecadar fundos. Eu só estava pensando na vontade que tinha de ir em uma. Por coincidência, nesse dia, a professora estava explicando o objetivo de uma carta aberta e então eu pensei: ‘gostei, vou fazer uma e entregar para a diretora, sugerindo uma feira do livro, aqui na escola’”, com isso a diretora da escola apoiou a ideia.” A escola contou com doações de livros, os quais foram vendidos por pequenos valores, de R$ 1 a R$ 5 (dependendo da faixa etária de cada aluno). Durante alguns dias, muitos livros, de diferentes gêneros, foram arrecadados. A notícia se espalhou por toda a escola, por meio de estudantes que foram nas salas distribuindo bilhetes e explicando como funcionaria o evento.

A feira ocorreu no dia 9 de novembro, uma terça-feira. Todas as aulas seguiram normalmente e a venda acontecia durante os intervalos dos alunos. Alguns estudantes que se voluntariaram ajudaram nas vendas com a supervisão das orientadoras, Mara e Elisabete.


Alguns alunos nos contaram suas experiências na Feira do Livro da EMPLA (Escola Municipal Professora Laura Andrade): Gostei bastante, acho que minha turma se interessaria se houvesse mais feiras. Não tenho um gênero preferido, depende da história.” Rosiane, no vídeo da campanha.

FEIRA DO LIVRO

Achei muito legal, e meu gênero literário favorito é ação.” João Vitor Correa, 12 anos. Achei muito divertido, foi interessante por ser algo novo na escola, queria que tivesse de novo. Comprei dois livros no dia, ‘O Amor Nunca Morre Emilly Bronte’ e ‘Almas Gêmeas - Nicholas Sparks’. Meus gêneros favoritos são, suspense e terror.” Letícia Fernanda Elias, 14 anos.

Lara Fernandes Mariana Chilanti Amândio Matheus Rodrigues Caetano Rhaica Cristine Velho de Carvalho EM Professora Laura Andrade

É Importante ressaltar que a Feira do Livro foi muito relevante, pois além de ser algo diferente dentro da escola, também foi uma “porta” para novos leitores e um incentivo à leitura.

A ideia de vender os livros partiu do aluno Paulo. Ele tinha a intenção de tirar alguns livros da biblioteca e vender para os alunos a um preço único. Com essa ideia / noção, Paulo e Daniela vieram falar comigo. Quando vi a ideia, expliquei que não poderia ser realizado, pois os livros da biblioteca eram patrimônio, sem poder serem vendidos. Fui então questionando e analisando juntos sobre formação de leitores e a importância do desejo da iniciativa do Paulo”, lembrou a diretora da unidade, Aparecida de Oliveira Modesto.

A estratégia: arrecadar livros com a comunidade escolar, socializar a ideia com os alunos e realizar a venda em formato de Feira do Livro.”

Temos de incentivar a ideia vindo dos alunos. Toda ideia nasce de um desejo e só se concretiza com a colaboração de pessoas. Com isso, Paulo passou em todas as turmas do 1° ao 9° ano, envolvendo pessoas. Esse foi o desafio que dei a ele. Missão dada, missão cumprida”, comemorou a diretora Aparecida.

Conheça a editoria “Eu, repórter na its”

Fotos: Orientadora Elisabete/Divulgação

O objetivo: formar leitores e entregar para os alunos, lembrancinhas no Natal ou Dia das Crianças.”

Paulo e sua iniciativa não poderiam ser descartados. Ali nascia um projeto. E conversando com ele desafiei que ele envolvesse mais pessoas. Então apresentei a ele na semana seguinte o projeto no papel”, continuou a diretora, que esquematizou assim a ideia do aluno.”

Com orientação da revista its Teens, os alunos viram pauteiros, repórteres e fotógrafos na escola para escrever uma notícia e compartilhar com toda a Rede Municipal de Ensino de Joinville o que tem de legal na unidade. Todo o processo é acompanhado com a supervisão de um professor ou da própria gestão para publicação. Nesta edição, a Escola Municipal Professora Laura Andrade assina a editoria. dezembro 2021 // its Teens

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galerias

Camilly, Julia e Nicoly

Amanda e Eduarda

Guilherme, Braian, Leonardo e Alessandro

Yasmin, Isabeli e Emanuela

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Tainá, Priscila e Wesley Igor


ESCOLA MUNICIPAL ANABURGO VILA NOVA JOINVILLE - SC

Leonardo, Willian e Jean

Kamilly, Vitória, Flávia e Larissa

Thaisa, Luiza, Welington e Weslley

Mônica, Julia e Amanda Carolina

José Henrique, Jaime, Felipe e Gustavo

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galerias

Gabriela e Robson Luís

Emilly, Evelyn e Geovana

Manuella e Sarah

ESCOLA MUNICIPAL SENADOR CARLOS GOMES DE OLIVEIRA AVENTUREIRO JOINVILLE - SC

Lucas e Rafael Evily, Larissa e Mariana

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Letícia e Eduarda

Erik, Gustavo e André Felipe Ana Luiza, Gabriella, Julia e Eloisa

Matheus, Weslwy e Leonardo

Luana e Emanuelly

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galerias

Professora Ana Carolina, Miguel, Leonardo, Heitor, Manuella, Emanuelly, Maria Alice, Isadora e Talita

Pedro Henrique, diretora Viviane, Sibele e as professoras Evaldete e Albertina

Julio, Ana Beatriz, Vinicíus e Emanuel

Professora Albertina, Kayky Gabriel, André Lucas e Caroliny

Turma do 2º E Professora Carla, Lais, Lorenzo, Lívia, Helena, Tamiris e Kevin

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Turma de 9º ano

Samuel, Enzo, Paulo Henrique, Davi Gabriel, Manuelle e professora Vanderli

Professora Felicidade e a aluna Agatha

Júlia Cristina, Kauan, Jurandir e Williane

Turma de 9º ano

ESCOLA MUNICIPAL PROF. ELADIR SKIBINSKI AVENTUREIRO JOINVILLE - SC

Vinicius Furlan

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saideira

PREZADA C VID-19 Suellen dos Santos Escola Agrícola Municipal Carlos Heins Funke Estou lhe escrevendo para lhe informar, educadamente, que você virou o mundo de ponta cabeça. Quando você apareceu e, em pouquíssimo tempo, se alastrou e devastou a vida de milhares e milhares de pessoas. Muitos ficaram doentes, internados e também morreram – e ainda morrem – por sua culpa. Devo, entretanto, confessar que, por um lado, a pandemia foi até boa, pois eu me aproximei dos meus pais e familiares. Mas também me afastei por ter que estudar por conta própria, no computador, sem amigos, sozinha. Ao mesmo tempo em que eu me aproximei de pessoas que eu tinha me afastado no passado, também me afastei de pessoas que eu gostava e que também já faziam parte da minha vida. E, com o fato de a senhora estar se alastrando cada vez mais e criando mutações cada vez mais fortes, mortais e perigosas, a internet não perdeu a oportunidade. Começaram a falar que as pessoas se tornariam jacarés, teria tantas mutações que haveria um apocalipse zumbi… que bobagem! Com a pandemia ficamos mais em casa, não vi nenhum de meus amigos por um bom tempo, raramente pela internet, mas pelo menos tive um tempo a mais para mim, sabe? Comecei a amar ler livros, comecei a escutar mais música, melhorei muito mais a minha pintura e o meu desenho. Comecei a ver as pessoas na internet falando muito sobre Harry Potter (e minhas amigas também), me interessei por assistir aos filmes e ler os livros. Conheci novas pessoas e eu fui uma delas. Não estou falando de pessoas novas, externamente, mas internamente. Novas

personalidades, novos gostos e conheci mais de mim mesma, um novo eu escondido, afundado e enterrado profundamente dentro de mim, uma nova plantinha que começou a brotar, a aparecer. Antes era uma minúscula sementinha, tão pequena e frágil, que eu nem imaginava que poderia estar dentro de mim e que – agora – com ela começando a aparecer, percebi que ela existe sim. E é muito frágil. Por isso, com medo de minha plantinha se machucar, comecei a me esconder. Esconder-me no meu quarto escuro, nos meus sentimentos mais gélidos, sombrios e obscuros, com medo de que, tão frágil e ao mesmo tempo tão fria, possa machucar pessoas ou que elas possam usar isso contra mim. Por isso, muitas vezes, prefiro ficar na retaguarda, atrás do meu escudo de gelo e arrogância, para que ninguém consiga me ferir. Esta pandemia me deixou livre e presa; quente e fria; feliz e triste; confiante e com medo, carinhosa e arrogante. Antes, eu falava as coisas sem pensar, agora já estou melhorando nisso e você, coronavírus, por incrível que pareça, me ajudou nisso, a pensar mais no passado, presente e futuro, a me tornar um pouco mais madura e eu lhe agradeço muito. Minha família está muito bem, com saúde. E mesmo que você tenha afetado o mundo inteiro, foi até bom para mim, para minha plantinha. Espero que você desapareça de vez do mundo logo, porque você já fez estrago suficiente. Assinado: Uma das únicas pessoas que – por um lado – lhe agradece por ter aparecido, mas também não vê a hora de você ir embora.

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Envie um e-mail para renata.bomfim@portalits.com.br e escreva no assunto “meu texto na its Teens” com a sua produção em anexo. Agora, esta editoria é sua: estudante ou professor, fique à vontade para nos enviar o seu material. A gente vai adorar receber e publicar!

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its Teens // dezembro 2021


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