WI-FI
É UM CARRO OU UMA SALA?
SAIDEIRA
Revista Its Teens Joinville nº 21 2017 | R$ 9,80
CRESCER DÓI
Conceição Evaristo, referência na literatura afro-brasileira, é homenageada na Escola Municipal Professora Laura Andrade por alunos dos nonos anos
AS MATÉRIAS QUE
NÃO ESTÃO NA ESCOLA,
ESTÃO AQUI.
TAMO JUNTO
na escola,
TAMO JUNTO
no mundo. A Revista ITS reúne muito conteúdo, informação e fotos. E reúne também a galera de todos os colégios do estado. Não fique de fora dessa.
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CULTURA POP
WI-FI
#KERO
SUSTENTABILIDADE
CAPA
GALERIAS
conteúdo 8 | CULTURA POP
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Giro musical - Ao que tudo indica, a onda do momento é fazer parcerias. Isso não só com gente que canta o mesmo estilo musical, mas a ideia é misturar, criar e inovar. E se as apostas em território nacional, como a gente pode ver no sertanejo com funk; pop com rap e por aí vai, vem dando certo, na gringa as coisas não andam diferente. Confere só o que a gente andou encontrando por aí.
O futuro dos carros parece estar indo para um caminho não muito convencional. A NEVS, empresa de carros tecnológicos, da Suécia, apresentou recentemente o NEVS InMotion, um veículo que mais parece uma sala de estar. A ideia do carro é ser totalmente autônomo, ou seja, não precisa de um motorista.
14 | SUSTENTABILIDADE
18 | CAPA
Na casa onde Andrielly Cristina Cordeiro dos Santos, 5 anos, mora com a sua família ainda não tem uma horta no quintal, apesar de que a pequena já deixou claro que vive plantando a sementinha do pão que come… aquelas bem pequenas que a gente quase não nota: o gergelim.
Parados observando da porta da biblioteca a chegada da escritora Conceição Evaristo na Escola Municipal Professora Laura Andrade, no Jardim Iririú, os alunos não continham o olhar ansioso de encontrar pessoalmente com quem eles tiveram, primeiramente, o contato com as palavras. Com poemas e biografia que virou conteúdo em sala de aula, a escritora referência na literatura afro-brasileira visitou a unidade escolar durante sua passagem pela cidade para participar da Feira do Livro de Joinville.
26 | EJA
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Se a educação não é uma ilha, o território dela perpassa os espaços escolares para levar o ensino de qualidade para adolescentes submetidos a tratamentos contra dependências químicas. Matriculados no ensino regular e também submetidos a Educação de Jovens e Adultos (EJA), escolas da rede municipal de ensino contam com espaços para além do ambiente escolar e oferecem educação de qualidade, o que se é por direito de todos.
Corre que a sua escola pode estar entre os nossos destaque do mês e ver um rostinho conhecido até que dá aquela fama nos grupos, né? #sejoga
4 REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
CHEGOU A HORA DE decidir o seu futuro!
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EDITORIAL Grupo RIC Fundador e Presidente Emérito Mário J. Gonzaga Petrelli Grupo RIC SC Presidente Executivo Marcello Corrêa Petrelli | mpetrelli@ricsc.com.br
Salve, galera its!
Diretor Superintendente Reynaldo Ramos Jr. | reynaldo@ricsc.com.br
JÉSSICA STIERLE
Diretor Administrativo e Financeiro Albertino Zamarco Jr. | albertino@ricsc.com.br
Uma das experiências mais legais que a escola pode nos proporcionar é a vivência de
momentos excepcionais. Isso acontece de várias formas, seja por um trabalho prático, uma saída de estudos ou a visita de alguém. Eu não sei você, mas eu amo conhecer pessoas! Acho incrível dividir histórias e compartilhar vivências ao ter contato com alguém, é uma das coisas mais legais que a vida nos proporciona, e isso se torna ainda mais rico quando é construído graças a iniciativas escolares. Todos os meses nós temos a oportunidade de conhecer novos alunos, professores e coordenações. Conhecemos novas escolas, pátios e bairros, mas acima de tudo: nos impressionamos com as boas ideias que ganham vida dentro das unidades de Joinville. Nesta edição, a gente convida você a conhecer essas boas iniciativas através dos nossos textos que tentam relatar um pouco de cada história e momento. Você vai desfrutar do mundo da literatura, viajar pelo universo da sustentabilidade e ter a noção de que a educação produz frutos e gera mudança, não só de comportamento, mas de vida. Mês que vem a gente está de volta, aproveita e faça da sua escola um lugar inesquecível. Jéssica Stierle
ERRAMOS!
A Revista its é uma publicação da Editora Mais SC Coordenador Núcleo Jovem Gilvan Saragosa Junior | gilvan.jr@ricsc.com.brr Conteúdo Jéssica Stierle | jessica.stierle@portalits.com.br Renata Bomfim | renata.bomfim@portalits.com.br Designer Gráfico Eduardo Motta Supervisora de Distribuição Marina Rosa - distribuicao@noticiasdodia.com.br NÚCLEO COMERCIAL REDE Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro Fabiano Aguiar | fabiano@ricsc.com.br Atendimento Regional Rio Grande do Sul e Paraná Gabriel Habeyche | gabriel.habeyche@ricsc.com.br Gerências Comerciais SC Gerente Comercial Oeste Eliane Salete Sante Mattos | eliane.mattos@ricsc.com.br Gerente Comercial Joinville Cristian Vieceli | cristian@ricsc.com.br Gerente Comercial Blumenau Jackeline Moecke | jackeline@ricsc.com.br Gerente Comercial Itajaí Robson Fiamoncini Cordeiro | robson.cordeiro@ricsc.com.br
Na última edição da revista its, os nomes das alunas Vytoria e Franciele saíram errados e, por isso, pedimos desculpas pelo ocorrido e trouxemos a foto delas com os nomes corrigidos.
EXECUTIVOS CONTAS SC - Sul Graziela Silveira | graziela.silveira@ricsc.com.br Florianópolis Crystiano Parcianelli crystiano.parcianelli@ricsc.com.br
O SOM QUE ROLOU NA REDAÇÃO, ENQUANTO FECHÁVAMOS A EDIÇÃO: Cheat Codes - No Promises ft. Demi Lovato Wesley Safadão - Ar condicionado no 15 ANAVITÓRIA - Cor de Marte Alok - Love Is A Temple
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial de reportagens e textos, desde que expressamente citada a fonte. Tiragem: 3,000 mil exemplares NÃO VACILA, FALA AÍ (47) 3419-8000 Pontos de distribuição: Escolas de Rede Municipal de Joinville
Vytoria e Franciele
OS CULPADOS
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LUCAS INÁCIO MATEUS PEREIRA PRISCILA ANDREZA SILVEIRA DE SOUZA
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CULTURA POP
GIRO MUSICAL
Ao que tudo indica, a onda do momento é fazer parcerias. Isso não só com gente que canta o mesmo estilo musical, mas a ideia é misturar, criar e inovar. E se as apostas em território nacional, como a gente pode ver no sertanejo com funk; pop com rap e por aí vai, vem dando certo, na gringa as coisas não andam diferente. Confere só o que a gente andou encontrando por aí:
PARA O MUNDO QUE ANITTA ESTÁ CHEGANDO!
É muito Bang para uma pessoa só E falando em parcerias… com Anitta não tem essa de ficar Paradinha, não. Ela está invadindo o universo internacional não só para deixar na Sua cara o poder dessa brasileira em terras gringas, mas para mostrar que se Essa Mina é Louca, no Ritmo Perfeito vai soltar muito Bang mundo afora. Confere só as últimas parcerias dessa moça
Últimas parcerias de sucesso BRUNO MARS + DAVID GUETTA No mês de junho, Bruno lançou o remix de “Versace On The Floor”, que faz parte do álbum 24K Magic. A nova cara da música foi feita numa parceria com o francês David Guetta, que acumula no currículo hits que fizeram sucesso com Sia. Akon, Rihanna, Nick Minaj e por aí vai… Ah, vale lembrar que menino Mars tem quatro shows marcados no Brasil, no mês de novembro. Será que podemos esperar a vinda dessa parceria pra cá também?! #queremos 8 REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
Só no período de um ano, Anitta fez parceria com o colombiano Maluma que este ano fizeram turnê pelo Brasil com o sucesso “Sim ou não”. Se a amizade entre os dois ainda existe, não é o que andam dizendo nas redes sociais. Agora que a música é chiclete e ficou na cabeça, isso não desgruda fácil, não.
CALVIN HARRIS + KATY PERRY + BIG SEAN + PHARRELL WILLIAMS O novo single de Calvin Harris, intitulado “Feels”, tem a participação de Katy Perry, Pharrell Williams e já conta com mais de dois milhões de visualizações. Alguém duvida do sucesso desse quarteto? Investindo no mercado norte-americano, este ano Anitta divulgou a parceria com a rapper Iggy Azalea. Com a música “Switch”, a brasileira teve também a chance de aparecer pela primeira vez na TV americana se apresentando no programa The Tonight Show, de Jimmy Fallon.
Em terras brasileiras, as parcerias também andam fazendo sucesso e mal deu tempo de segurar o tiro com Paradinha, Anitta logo divulgou a parceria com a cantora Pablo Vittar. O sucesso de Sua cara é uma produção do trio de produtores do Major Lazer.
LOUIS TOMLINSON + BEBE REXHA Depois que o One Direction anunciou o fim do grupo, cada integrante resolveu seguir sozinho na caminhada musical. De todos, Louis foi o que mais demorou para retomar a carreira, por achar que no grupo todos tinham um talento específico, menos ele. A parceria com norte americana Bebe Rexha parece que reanimou o jovem que logo deve voltar com mais força para os palcos.
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WI-FI Por Lucas Inácio
É UM CARRO OU UMA SALA?
O futuro dos carros parece estar indo para um caminho não muito convencional. A NEVS, empresa de carros tecnológicos, da Suécia, apresentou recentemente o NEVS InMotion, um veículo que mais parece uma sala de estar. A ideia do carro é ser totalmente autônomo, ou seja, não precisa de um motorista. Com isso, os passageiros podem descansar, dormir e até fazer uma reunião, já que os quatro assentos disponíveis são móveis e podem ser organizadas de diversas formas pelo celular. O design parece ter feito para um filme futurista com rodas não expostas e vidros enormes que podem ser telas comandadas por smartphone, assim como a iluminação interna. Vale lembrar que ainda é um conceito, apesar de já ter um protótipo, como pode ser visto na imagem.
MARAVILHAS DA
TECNOLOGIA Fique ligado nas dicas da equipe its
EDITANDO MÚSICAS E VÍDEOS NA PALMA DA MÃO
Aplicativos de edição não são tão novidade assim, mas a ideia de poder manipular músicas e vídeos sempre agrada. Por isso, vai aí a dica de um app chamado Timbre que serve tanto para editar vídeos quanto música. No vídeo, você pode montar filmes e clipes, fazendo cortes, acelerando ou colocando em câmera lenta, entre outras montagens. Na música, você pode fazer seu artista cantar como a Dory falando baleiês ou no estilo Alvin e os esquilos, além, é claro, de editar a música, fazer remix e colocar para usar na trilha do seu vídeo. Além disso, ele tem uma voz interna que faz locução de textos, parecida com o Google Tradutor. Quem quiser criar, fica a dica.
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REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
COMANDANDO OS TÁXIS Essa dica de jogo para celulares tem uma ideia simples, mas que pode ser bem divertida. No Crazy Taxi Gazillionare, a jogadora (ou jogador) é dona de um táxi e tem como objetivo expandir sua frota. A forma de fazer isso é, obviamente, levando passageiros, mas nesse caso tem que ser bem arrojada. Nada de levar os clientes em segurança: quanto mais manobras, mais dinheiro para comprar carros e equipá-los. A partir daí, a empresa começa a atender novos pontos do mapa do jogo e aumenta seu alcance. É praticamente um jogo de corrida com administração, ou seja, acaba ensinando de alguma forma. Comandos simples, trilha massa e não é repetitivo. Ahhh, também não tem concorrência do Uber.
CELULAR DA CHINA E DE QUALIDADE Já passou o tempo em que coisas da China eram de qualidade ruim. O Redmi Note 4x, novo celular da empresa Xiaomi, une o bom e barato. A bateria tem capacidade para rodar até 11 horas de vídeo, tem leitor de digital e pode ser comprado em várias cores (preto, cinza, verde, preto e dourado). O smartphone desempenha bem e é confortável de usar, mas como não tem a proteção Gorilla Glass não é tão resistente quanto às concorrentes. Além disso, a câmera não é das melhores e o espaço para um segundo cartão é o mesmo do cartão micro SD. Mesmo assim, o melhor é o preço, mesmo não sendo fabricado direto no Brasil. Várias lojas importam o aparelho com taxas baixas, tanto que a versão 32GB pode ser encontrada a menos de R$ 1mil e a 64GB a menos de R$ 1.200. Fica aí a dica de uma opção para quem quer economizar.
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#KERO
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#Kero Os nossos queridinhos do momento também podem ser o de vocês, né? Prestem atenção o que roubou os nossos corações nesta edição:
Que a força está com você a gente já sabe, afinal de contas, sobreviver a um semestre escolar não é fácil! E, para relaxar, que tal aproveitar a viagem em família no maior estilo Darth Vader?! Quem facilitou essa vibe foi a Imaginarium ao criar essa almofada capuz da série Star Wars. Massa, né?! R$ 69,90 12 REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
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SUSTENTABILIDADE
Fotos: Renata Bomfim
Por Renata Bomfim
Lucas Ribeiro Fernandes, Andrielly Cristina Cordeiro dos Santos e Matheus Antonio Lorencetti são alunos do primeiro ano e participaram do projeto “Crianças na horta”
SINAL VERDE: ALERTA DE SUSTENTABILIDADE
Escolas da rede municipal e CEIs transformaram o mês de junho em conscientização pelo Meio Ambiente 14 REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
Na casa onde Andrielly Cristina Cordeiro dos Santos, 5 anos, mora com a sua família ainda não tem uma horta no quintal, apesar de que a pequena já deixou claro que vive plantando a sementinha do pão que come… aquelas bem pequenas que a gente quase não nota: o gergelim. A consciência ecológica da aluna do primeiro período do CEI Espinheiros começou a despertar durante as atividades desenvolvidas em sala de aula com a professora volante Marinês Dias da Rocha, 42.
A segunda edição da Mostra Pedagógica, no CEI Espinheiros, abriu espaço para visitação da comunidade durante uma semana
Com o projeto “Crianças na horta”, a educadora expôs na Semana do Meio Ambiente, junto com as outras professoras volantes, o trabalho desenvolvido com as crianças na 2ª Mostra Pedagógica CEI Espinheiros, como parte do trabalho desenvolvido ao longo do primeiro semestre. A intenção foi levar para dentro da sala de aula a sensação de como é cultivar aquilo que se come. O projeto, que teve início ainda no início do ano, trabalhou com questões como compostagem e reaproveitamento da água da chuva. “Para que a criança entenda como é cultivar, ela precisa voltar um pouco atrás para conhecer como eram cultivadas as frutas e verduras que a gente come hoje”, destaca a professora. “Eu os levei para o passado, para que pudessem entender como era a vida antes deles nascerem.” Lucas Ribeiro Fernandes, 5, e Matheus Antonio Lorencetti, 5, fazem do quintal de casa uma extensão do
que aprenderam na escola. “Eu tenho uma composteira em casa que eu coloco um monte de casca de frutas”, destaca Lucas. Enquanto Matheus já percebeu que a consciência sustentável também pode se estender para o cuidado com as plantas. “Meu pai coloca água nas flores e deixa eu colocar também”, relembra o menino. Todos esses aprendizados só foram possíveis porque nas aulas da professora Marinês todos os alunos trabalham de forma integrada. Além do mais, a educadora já percebeu, ao longo desses cinco anos trabalhando com a educação infantil, que ter o contato com a terra os deixa mais calmos. “Eles adoram mexer na terra, e as minhas aulas são mais práticas que teóricas”, comenta a professora. Entre o plantio, eles puderam ter contato direto com cuidados com a terra e de cultivo da mandioca, couve, cebolinha e alface, além de observar toda semana a evolução daquilo que aprenderam a plantar.
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MÊS SUSTENTÁVEL Junho foi o mês em que todas as escolas da rede municipal de ensino e centros de educação infantil de Joinville uniram forças e desenvolveram atividades ao longo de todo esse período em alusão ao mês do Meio Ambiente. Trilhas ecológicas, espetáculos e oficinas para professores reforçaram ainda mais o pensamento sustentável dentro das unidades escolares. No CEI Espinheiros não foi diferente. Com uma programação que durou de 5 a 9 de junho, os 350 alunos, de zero a cinco anos, tiveram suas atividades expostas e abertas para toda a comunidade. A 2ª Mostra, de acordo com Valéria Maria de Moraes, 40, auxiliar de direção, foi o resultado positivo da primeira que fizeram ainda no ano passado, como consequência do Prêmio Embraco. “Neste ano, cada sala trabalhou com uma proposta, mas sempre com a questão ambiental”, destaca, ao lembrar que o CEI já tem um legado e histórico envolvendo projetos sustentáveis.
No primeiro ano na direção do CEI Espinheiros, Jucélia Kricinski Schroeder, 40, aponta a importância de enxergar a criança como ser natural e que faz parte do meio ambiente. “Uma das coisas que a gente colocou no PPP é a criança como ser natural, porque ela é. Nós é que começamos a embutir coisas nela que a tira, então, a gente tem muita preocupação para que a criança tenha uma relação harmoniosa com o meio ambiente”, aponta a diretora. “Delas brincarem descalço, correrem, usarem os espaços educadores sustentáveis que a gente tem. Olharem em volta e perceberem esse meio ambiente e saberem que eles precisam disso.” A conscientização de Jucélia vem de casa, mais precisamente do marido, Maikon Máximo Schroeder, com quem aprendeu a viver numa casa que é modelo em Joinville por ser sustentável. “Eu acho legal, porque a gente tem que viver aquilo que a gente ensina para as crianças. Não adianta eu falar de sustentabilidade e eu não viver isso”, justifica.
FAMÍLIA ECOLOGICAMENTE CORRETA
Parte da equipe pedagógica do CEI Espinheiros
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Aquela história de que quem casa quer casa talvez não se aplicasse direto ao envolvimento entre Jucélia e Maikon. Não que eles não procurassem por isso, mas desde que fosse do jeito que sonhavam: autossustentável. Filho de alemães, Maikon sentia que a cultura estava perdendo a força na cidade e que aquelas casas enxaimel quase não existiam mais. Mas, como conta Jucélia, tanto procurou que não só encontrou como levou cer-
ca de quatro anos para fazer uma pesquisa e moldar toda a casa. “A minha casa tem 150 anos e, tirando a minha cozinha, todo o resto é feito com material de demolição que o meu marido foi atrás, restaurou, buscou em antiquário e em móveis usados”, diz. Além disso, todo o terreno tem espaço para composteira, reciclagem e horta. Só não tem uma coisa: os saquinhos de lixo. “Lá em casa, a gente é politicamente correto”, conta sorrindo.
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TODA TERÇA E QUINTA, 22H30 REAPRESENTAÇÃO AOS SÁBADOS, ÀS 17H.
Apresentação:
Marcos Mion
CAPA Por Renata Bomfim
LADO A LADO COM
A ESCRITORA
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Conceição Evaristo, referência na literatura afrobrasileira, é homenageada na Escola Municipal Professora Laura Andrade por alunos do nono ano
Parados observando da porta da biblioteca a chegada da escritora Conceição Evaristo, 70, na Escola Municipal Professora Laura Andrade, no Jardim Iririú, os alunos não continham o olhar ansioso de encontrar pessoalmente com quem eles tiveram, primeiramente, o contato com as palavras. Com poemas e biografia que virou conteúdo em sala de aula, a escritora referência na literatura afro-brasileira visitou a unidade escolar durante sua passagem pela cidade para participar da Feira do Livro de Joinville.
Fotos: Emily Milioli
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Com o projeto “Resgatando a sociedade brasileira”, as professoras de Língua Portuguesa Geane Moreira Leite, 35, e Luciana Moreira Barros Pontes, 39, trabalharam com as turmas dos nonos anos o livro de Conceição chamado Olhos d’água, que este ano, inclusive, está na lista do vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc). Com características que destacam a ancestralidade, poeticidade e escrevivência, Evaristo costuma colocar em forma de texto a coletividade e, dessa forma, adjetiva nessas três palavras a sua escrita. “Os meus textos não trazem a voz de Conceição Evaristo, mas a voz das mulheres negras”, destaca. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, a poetisa, vinda de família pobre, é a segunda filha mais velha de nove irmãos que teve, sendo quatro homens e cinco mulheres, relata que viveu a experiência de uma história de miserabilidade. “Minha mãe está viva e ela mesma não entende como a gente sobreviveu a tanta carência”, relembra. “Eu falo que a origem da minha escrita nasce, justamente, dessa vivência familiar, de experimentação de outros tipos de cultura. Se um cinema ensina, se um teatro ensina, uma conversa também pode.” Essa conversa, relatada por Conceição, vem das histórias contadas em casa, muitas delas ditas pela sua própria mãe. “Isso tudo me fez experimentar produtos naturais que saíram da nossa própria vivência. E sem sombra de dúvida, experimentar essa fase preparou a minha sensibilidade para ter essa percepções.” E são essas histórias colocadas
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em palavras que aproximam a escritora dos seus leitores, como destaca a professora Luciana. “Eu acho que talvez isso seja o diferencial dela: de ter vivenciado tudo e dela ser a própria essência do que ela é e colocar isso no papel”, aponta a professora que conheceu Conceição Evaristo este ano e já virou referência para os conteúdos pedagógicos. “Na literatura afro, eu posso dizer que me enxerguei, porque para a gente é muito novo trabalhar com essa temática e a gente fica garimpando.” Para Geane, a escritora tem uma linguagem simples e, ao mesmo tempo, poética, o que faz os alunos se encantarem. Além de destacar o empoderamento da mulher negra, Evaristo também aborda nos textos questões de gênero. “E isso está sendo tão discutido hoje em dia e ela tem essa questão bem forte e a escola também não pode ficar aquém disso, tem que intervir e mostrar o caminho para os alunos.” Encantadas com os poemas de Conceição, Nicolle Silva, 14, e Luana Matias Reinert, 14, destacam a leveza das palavras em que a escritora usa para falar de assuntos tão tabus, como o aborto. “A gente trabalhou esses assuntos de forma muito direta e quando a gente conheceu os poemas dela, a gente ficou maravilhado a forma como ela os aborda”, destaca Luana. “Ela faz uma abertura que quando você lê os poemas, você não acha pesado. Ela traz a tona muitos assuntos que, querendo ou não, a gente não vê muito isso porque alguns escritores não dão ênfase. Quando você lê poesia tudo é maravilhoso, mas não. Ela mostra essa realidade dura que muitas mulheres negras passam”. Por conta de todo o
trabalho de pesquisa feito em sala de aula, Nycolle tirou um aprendizado: “eu aprendi a não julgar.” Quando as turmas passaram a estudar as obras de Conceição Evaristo, uma feliz coincidência aconteceu: ela estava na lista de autores convidados a participar da Feira do Livro de Joinville. E, se já não bastasse, uma comunicação entre a diretora da escola, Aparecida de Oliveira Modesto, 49, com a Secretaria de Educação estendeu a vinda da escritora até o espaço escolar. Fã da escritora desde quando era professora de história, Aparecida não se continha de felicidade em ver de perto quem sempre usou como referência nas suas aulas. “Para nós é um orgulho muito grande e eu sou nascida e criada em São Paulo, onde ela é muito conhecida”, diz Aparecida.” E as minhas amigas lá de São Paulo quando souberam que a Conceição Evaristo estava vindo para cá, elas me perguntaram como eu consegui. É uma oportunidade de nós termos na cidade a Feira do Livro e os organizadores pensarem em trazer alguém que tratasse sobre gênero, feminismo, africanidade. E isso empolgou todo mundo.” Não só empolgou que, além dos estudantes declamarem os poemas que mais os marcaram, alunas que participam do programa Dançando na Escola apresentaram uma coreografia feita pela professora de dança, Tereza Bahiense, sobre os orixás. “A nossa professora sempre trabalhou a questão folclórica e sempre trouxe a questão da cultura africana. No ano passado, ela desenvolveu um trabalho falando sobre os orixás para quebrar que são do mal”, comenta a diretora. As alunas Nicolle Silva e Luana Matias Reinert aproveitaram a visita de Conceição Evaristo na escola para conversar e contar da experiência de ler os textos da escritora REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
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Bibliotecรกria, aluna e professora da EM Nelson Miranda Coutinho
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Marcely Ribeiro Branco ficou em 3º lugar no Concurso de Leitores de Joinville, promovido pela segunda vez pela Feira do Livro
LEITORES EM AÇÃO Sentada em sala de aula e lendo o livro “Fazendo meu filme”, da autora Paula Pimenta, Marcely Ribeiro Branco, 14, aluna do nono ano da Escola Municipal Nelson Miranda Coutinho, aguardava ser chamada para anotar sobre o livro que estava lendo, quando a professora de Língua Portuguesa Elisiane Antunes, 38, associou o nome da autora com os que estavam na lista para participar do Concurso de Leitores de Joinville, promovido pela Feira do Livro de Joinville. “Ela me parou, mostrou o regulamento e perguntou se eu tinha interesse”, relembra Marcely que conquistou o terceiro lugar na classificação geral representando a rede municipal de ensino. “Eu fiz um antes e mandei para a professora. Mas o primeiro que eu fiz não achei muito legal, só
que eu estava muito sem inspiração. Mas de um dia para o outro eu fiz um novo.” Encantada pela Língua Portuguesa, a aluna gosta de escrever e até já produziu dois textos por diversão, ambos em forma de romance. No texto que enviou para o concurso, Marcely contou sobre a relação dos personagens que se apaixonam e expressou a sua opinião sobre os escritores brasileiros. “Sempre teve um preconceito com os escritores brasileiros e até com filmes brasileiros, Mas os livros da Paula Pimenta conquistaram muito, tanto Fazendo meu Filme como Minha Vida Fora de Série. Então, eu coloquei que ela quebrou um tabu e mostrou que livros brasileiros podem ser bons também.” Responsável em ajudar os professores a entender o regulamento e cuidar
dos prazos de entrega, a bibliotecária e professora, Taciani Elaine de Oliveira, 38, articulou internamente as turmas que iriam participar. “Nós olhamos os autores e os livros, porque cada autor tinha que ser trabalhado um livro dele. Então, nós tínhamos aqui na biblioteca um livro da Paula Pimenta”, comenta a bibliotecária, autora escolhida pela professora Elisiane para trabalhar as dissertações. O livro da Paula Pimenta faz parte do projeto em que professores se ajudam e preenchem um armário sempre que podem com novos livros. Apesar de que esses não poderem ser levados para casa, a procura é sempre grande e com autores atualizados, como foi o caso do livro trabalhado no Concurso de Leitores.
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e m l i F u e M o d n beiro Branco e Faz Escrito por Marcely Ri r você? igo já se apaixonou po am m gu Al ? igo am r pelo seu melho tos? Você já se apaixonou usa com seus sentimen nf co tá es e igo am r pelo seu melho Você está apaixonada nte porque sou adolesce o iss go di Eu a. ss pa e todo adolescente foi a Essa é a típica fase qu lo meu melhor amigo pe ar on aix ap e m , im essa fase, mas para m com ela e estou passando por do por essa fase, mas an ss pa tá es m bé m ta onteceu. Estefânia melhor coisa que já ac ando ada por completo qu é diferente. ud m a vid a su m te e m nte de 16 anos qu a oportunidade també m Fani é uma adolesce co as m o, bi âm rc te r in ortunidade de ela faze mundo novo, surge uma incrível op o para conhecer um an um r po ra bo em i rder essa Será que ela va vem a difícil decisão. para trás, ou ela vai pe a am a el e qu s oa ss cisão, nifica deixar as pe tar mais ainda essa de ul fic mas isso também sig di ra Pa ? ília m fa fear com seus amigos e as de uma maneira di m a, am oportunidade e vai fic a e qu r ra st on m o, está começando a de seu melhor amigo, Le será sua decisão? apesar do rente. E aí, Fani, qual rada todas as idades e, ag e qu e nt ce es ol ad o típico livro u que livros Fazendo Meu Filme é ebrou o tabu e mostro qu ta en m Pi a ul Pa s, ros brasileiro uita preconceito com os liv enas o Vol. 1, tenho m ap o lid r te eu de ar es , muitas pessoas. Ap me prenbrasileiros agradam, sim ória. Foi um livro que st hi da ar ol nr se de o ências para saber , com uma vontade de ler as sequ começa cada capítulo a el o m co em é te an r e o mais interess zir o que vai acontece deu desde o começo du de ra pa dá e qu é r elho eferido de Fani e o m ade frase de cada filme pr comendo. Sua curiosid re eu , te an ss re te in r la frase. É um livro supe eu. naquele capítulo só pe go para o Vol. 2, igual lo r rti pa er er qu i va você vai ser tão grande que
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A diretora, Aparecida de Oliveira Modesto, garantiu a tradicional selfie com a visita da escritora na escola
OCUPANDO OS ESPAÇOS DE LEITURA
Diretora e professoras da Escola Municipal Professora Laura Andrade
A Feira do Livro de Joinville contou com a participação de mais de 20 mil alunos da rede pública de ensino e privada que tiveram a oportunidade de passear pelo pavilhão do Expocentro Edmundo Doubrawa durante os dez dias de evento. Com o tema “Arte, Literatura, Tecnologia”, o evento contou com 34 atrações, incluindo convidados de reconhecimento nacional, como o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos; o poeta Zack Magiezi, a autora sensação entre os adolescentes Paula Pimenta e a escritora e poetisa homenageada na Escola Municipal Professora Laura Andrade, Conceição Evaristo. Além disso, durante todos os dias da feira, os alunos das escolas municipais abrilhantaram o evento com participações que envolveram dança, teatro, contações de histórias e fanfarras. A Feira do Livro é um patrocínio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, Secretaria de Cultura e Turismo e Prefeitura Municipal de Joinville e uma realização do Instituto da Cultura e Educação, Ministério da Cultura e Governo Federal.
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Fotos: Renata Bomfim
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO =
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO Adolescentes de internação compulsória e comunidade terapêutica recebem o ensino fundamental e médio dentro das unidades onde vivem 26 REVISTA ITS | É NA ESCOLA QUE A GENTE ACONTECE
Se a educação não é uma ilha, o território dela perpassa os espaços escolares para levar o ensino de qualidade para adolescentes submetidos a tratamentos contra dependências químicas. Matriculados no ensino regular e também submetidos a Educação de Jovens e Adultos (EJA), escolas da rede municipal de ensino contam com espaços para além do ambiente escolar e oferecem educação de
qualidade, direito de todos. Na comunidade terapêutica Rosas de Saron, no Morro do Meio, os cerca de 11 mil metros quadrados hoje atendem 18 meninas que estão em tratamento por uso de substâncias químicas. Matriculadas na Escola Municipal Professora Elizabeth Von Dreifuss, a sala de aula multisseriada - quando o professor trabalha com várias séries de forma simultânea - é
Por Renata Bomfim
compartilhada entre meninas que estudam do quinto ao nono ano. “Aqui é melhor de estudar, porque lá fora a gente tinha duas escolhas: ou a gente usava drogas ou a gente estudava”, aponta D.N., 14. “Aqui a gente conheceu outro estudo. Aqui é bom de estudar.” A aluna da professora Valéria Flora Diniz Pereira, 55, faz parte de uma realidade em que de 13 meninas em sala, apenas quatro estavam matriculadas no ensino regular. D.N não era uma dessas. Na primeira vez em que teve contato com essa realidade, Valéria - que está há quatro anos na EJA e como professora multisseriada dentro da instituição filantrópica - encontrou diferença entre uma sala de aula normal e uma extensão. “A gente vem com uma ideia de sala de aula que não se aplica aqui. A gente trabalha conteúdos, sim, que são disciplinares, mas a gente tem que trabalhar em cima das dificuldades de cada uma, procurando a elevação da autoestima”, destaca a professora. Longe da escola há 12 anos, R.K., 26, não chegou a concluir o oitavo ano, mas não sentiu confusa em voltar a estudar. “A diferença é que aqui a professora trabalha na dificuldade de cada um”, destaca. Encantada pela matemática e focada nos estudos, a jovem já sabe qual caminho quer seguir: “quero ser investigadora da Polícia Civil”. A mesma autoestima apontada por Valéria ao notar o comportamento em sala de aula das meninas, a educadora e cuidadora da instituição, Zilda dos Santos, 56, também nota na chegada de cada nova acolhida, como são chamadas as meninas na casa. Segundo Zilda, as meninas chegam à casa debilitadas, mas, com
o tempo, passam a enxergar perspectivas de um futuro melhor. “A gente está fazendo uma foto do antes e do depois, e você começa a ver que elas vão mudando, os olhos começam a brilhar, passam até a ter gosto para se arrumar”, aponta a educadora, que dispõe quinzenalmente da vida diária à instituição.
ção de encorajá-los. De acordo com a coordenadora do Núcleo Socioterapêutico Joinville (NSJ), Elaine Villalba, 43, os adolescentes chegam até a instituição devido ao uso abusivo de substâncias psicoativas. Além disso, há também casos de vulnerabilidade social.
Enquanto a professora Valéria conta com as aulas do fundamental de segunda a quinta-feira no período da manhã, lá na zona sul da cidade, a professora Priscila Lopes Albano, 36, entra em sala de aula no período matutino com os adolescentes da instituição de internação compulsória Opção de Vida. Com uma sala mista dividida entre 11 meninos e 3 meninas, matriculados na Escola Municipal Professora Lacy Luiza da Cruz Flores, no Itinga, Priscila se divide para passar conteúdos do quinto ao nono ano, já que também é uma sala multisseriada. “Meu maior desafio é fazer com que eles acreditem que são capazes, porque chegam aqui dizendo que não conseguem, que não têm capacidade”, aponta a professora.
“Eu estava há quatro anos sem estudar”, comenta F.L., que já sabe o que fazer quando terminar o tratamento: “eu vou estudar, trabalhar, cuidar da minha casa e da minha mulher.” Enquanto repensavam a vida que viviam, na televisão a professora programava um vídeo de ciências para explicar um exercício prático. As aulas costumam ser assim: sempre que possível, ela envolve os alunos numa única atividade e desenvolve a socialização. Foi assim quando levou um microscópio e agora quando ensinou na prática reações das Leis de Newton para os estudantes. Entre os adolescentes, é unânime dizer que a rotina que levavam fora do Opção de Vida não era das melhores, mas que dentro da casa estão se habituando à rotina implantada.
Para trabalhar melhor a socialização dos adolescentes em sala de aula, Priscila costuma agrupar os alunos para que desenvolvam os trabalhos e atividades em equipe, com a inten-
No contraturno escolar, além do atendimento com psicólogo, os alunos contam com aulas de box coreano e também com oficina de palhaçaria com voluntários.
Equipe da comunidade terapêutica Rosas de Saron
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VOCÊ SE RECONHECE?
Como forma de ajudar as meninas a se conhecerem e se reconhecerem durante a passagem na Rosas de Saron, a professora Valéria, dentro da proposta do parâmetro curricular nacional, desenvolve uma atividade com as acolhidas há quatro anos que hoje virou projeto dentro da sala de aula. “Nós trabalhamos tudo voltado para a identidade de cada menina. Nós trabalhamos a fotografia, criações sobre a vida trazendo o passado, presente e futuro”, explica, emocionada, ao lembrar do momento em que uma aluna disse estar repensando a própria vida enquanto desenvolvia um trabalho de recorte e construção de sua imagem em forma de mosaico. “Trabalhando isso de forma leve durante a atividade, vai mudar o comportamento dela quando sair daqui.” O futuro das alunas, como acredita professora Valéria, é por meio da educação. “Aqui não é uma ilha dentro da comunidade, nós somos um território todo.”
Equipe do Núcleo Socioterapêutico Joinville (NSJ)
Coordenadora do NJC, Elaine Villalba
EXTENSÕES SUPERVISIONADAS
Valéria Flora Diniz Pereira, professora na comunidade terapêutica Rosas de Saron
Para fazer o acompanhamento das atividades desenvolvidas nas 16 escolas que conta com a EJA e em outras cinco extensões que trabalham com a educação, Josiani Souza, coordenadora, faz o acompanhamento nas instituições de forma esporádica para conversar com os professores e alinhar os trabalhos que estão sendo desenvolvidos em sala de aula e nas extensões.
Como forma de preservar a imagem dos entrevistados e os nomes dos adolescentes foram trocados por siglas que não têm relação com as suas identidades.
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POPCORN
A REFILMAGEM O QdUo HEomMemA-AIrSanhUa M nos diz sobre Hollywood Julho, um dos meses mais concorridos do cinema comercial, traz para as telonas, mais uma vez, o reinício da franquia do Homem-Aranha. O super-herói mais importante da Marvel é vivido desta vez por Tom Holland, que já apareceu no papel numa ponta em Guerra Civil, do ano passado. Dessa vez o foco é só na história dele e nas dificuldades de equilibrar a vida pessoal, os estudos e as suas responsabilidades como herói em Nova York. Tá com aquela sensação de já ter visto essa história em algum lugar? Bem, provavelmente você viu, essa é a terceira adaptação do personagem para os cinemas em 15 anos e, se contarmos
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com as continuações, já é o quinto filme do herói. Mas por que recomeçar? Por que não escalar Tobey McGuire ou Andrew Garfield (que também já viveram o papel) e simplesmente continuar a história? A resposta a essas perguntas, como é comum em Hollywood desde que a indústria cinematográfica se estabeleceu lá atrás, nos anos 1920, tem a ver com dinheiro. No caso dos filmes do aranha, os motivos são principalmente os direitos autorais sobre o personagem e a onda dos universos cinematográficos que toma conta dos grandes estúdios. Isso porque lá pelos idos de 1990, quando os quadrinhos passavam por uma das pio-
res crises, a Marvel dividiu seus direitos de adaptação entre Fox, que ficou com os X-Men, Quarteto-Fantástico, Deadpool e Demolidor e a Sony, que ficou com o Homem-Aranha. Agora, depois do estabelecimento da Marvel no cinema com os filmes dos Vingadores, e na TV, com as séries de herói da Netflix, a ideia de um grande universo compartilhado entre super-heróis é muito mais interessante financeiramente. Por isso a Sony concordou em recomeçar o herói numa franquia própria, mas nos moldes de um universo já pronto. Isso não quer dizer, contudo, que exista um problema em reiniciar uma franquia. A indústria cinematográfi-
Por Vincent Sesering
ca responde ao seu público desde sempre e as refilmagens não são novidades. Em 1959, um dos maiores filmes da história até então foi Ben-Hur, que acompanha um herói judeu no império romano. Esse filme, contudo, um épico de mais de três horas de duração e que ganhou 11 Oscar, era a refilmagem de um filme com o mesmo nome de 1925 e que, por sua vez, já era a adaptação de um livro. O cinema sempre teve e sempre terá suas correntes artísticas e comerciais e, se a moda da vez é a do universo compartilhado, investir numa readaptação do Homem-Aranha dentro desses moldes faz todo o sentido.
Algumas re-re-re-refilmagens famosas da história do cinema Não é de hoje que os grandes estúdios hollywoodianos preferem buscar histórias que já tem sucesso comprovado ao invés de se arriscar com novidades. Veja alguns dos casos que ficaram na história.
Os sete samurais/cowboys Obra prima de Akira Kurosawa, os Sete Samurais conta a história de uma vila atacada por bandidos que pede proteção a um grupo de samurais. Lançado em 1954, foi um dos maiores sucessos da história do cinema japonês. Tanto que em 1960 estreou nos EUA, Sete Homens e um Destino, do diretor John Sturges. A diferença é que uma vila na fronteira do méxico era defendida, desta vez, por sete pistoleiros norte-americanos. Em 2016 a versão western foi mais uma vez adaptada para as telonas, com a direção de Antoine Fuqua.
Licença para matar Muita gente acaba não classificando como refilmagem, mas os filmes do espião mais famoso do mundo, James Bond, se reciclam de tempos em tempos. Mesmo que as histórias quase nunca sejam repetidas, o 007 já foi interpretado por seis atores diferentes e se encaminha para o sétimo ainda não anunciado. E a MGM, estúdio responsável pela franquia que já tem 23 filmes, não pretende parar tão cedo.
Os invasores de corpos Baseado em um livro dos anos 1950, a história acompanha uma cidadezinha onde pessoas viram zumbis controlados por alienígenas. Ela já foi adaptada quatro vezes: em 1956 (Vampiros de Almas, de Don Siegel), em 1978 (Os Invasores de Corpos, de Philip Kaufman), em 1993 (A Invasão Continua, de Abel Ferrara) e mais recentemente em 2007 (Invasores, de Oliver Hirschbiegel). O mais interessante nas tramas é que a invasão externa que ameaça o modo de vida americano é vista como uma metáfora diferente em cada época. Por exemplo, se nos anos 1950 eram os comunistas, em 2007 eram os terroristas.
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GALERIAS
Gabriela, Julia e Samara
Maria Regina, Leticia e Gabriele
Fotos: Estudio BEND
ESCOLA
CAIC PROFESSOR MARIANO COSTA ADHEMAR GARCIA
Turma da 9B
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Turma da 9A
Gabriele e Maria Regina
Rafaela e Bruna Caroline
Rafael, Gabriel e Vitor
Amanda e Ana Luiza
Bruna, Cauany e Leticia
João Vitor e Rhyan Lukas
Guilherme e Vanessa
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GALERIAS
Elias, Jean e Rafaela
Rayssa, Vanessa e Lucia
Fotos: Estudio BEND
ESCOLA
EM PROFESSOR ORESTES GUIMARÃES BOEHMERWALD
Barbara e Leticia
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João Pedro, Gabriel, Gabriela e Kamyla
Esthefani, Isadora, Victoria e Karolina
Turma da 8A
Gabriela Beatriz e Kamyla
Christian, Lucas e Arthur
Ana Carolina, Larissa e Helena
Turma da 9A
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GALERIAS
Luana e Sara
Maria Eduarda e Natalia
Fotos: Estudio BEND
ESCOLA
EM PROFESSOR OSWALDO CABRAL ITAUM
Turma 9A
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Dhomini e Lurriane
Turma 9A
Izabela, Julia e Alana
Turma 9A e Professora Rubia
Turma 9B e Professora Nena
Turma 9C
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GALERIAS
Aline, Mariele e Tatiana
Lahna e Diovana
Fotos: Estudio BEND
ESCOLA
EM ADA SANT’ ANNA DA SILVEIRA PARANAGUAMIRIM Steffany, Isabela, Professora Naria e Julia
Lucas, Laira, Mariele e Aline
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Aline, Mariele, Professora Naria, Tatiane e Lucas
Angelo, Carlos e Lucas
Felipe, Bruno Theodoro e Igor
Sabrina, Steffany e Juliane
Victor Eduardo, Edinaldo e Gabriel
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GALERIAS
Daiana, Thayna e Karolayne
Meninos do 9ยบ ano C
Fotos: Estudio BEND
ESCOLA
EM LACY LUIZA DA CRUZ FLORES ITINGA Christopher, Rafael e Lucas
Turma do 9ยบ ano C - Professoras Edilza, Melissa e Talude Fernanda
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Kailane, Gariella e Monique
Turma do 9º ano D - Bibliotecaria Beatriz e Professor Francisco
Gustavo, Nayara e José Vitor
Lettycia, Victor e Ketlen
Daniel, Gabriel, Anderson e Eliseu
Victor, Letticya e Kethen com escritor Marinaldo de Silva e Silva
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Shara e Liessa n
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SAIDEIRA Por Priscila Andreza de Souza
CRESCER DÓI Fiquei em dúvida qual título colocar na crônica, crescer dói ou escolher dói? Já que ambos são verdades. Li recentemente o livro “A Idade Decisiva” da psicóloga e PhD em psicologia clínica de jovens, Meg Jay. Ler esse livro foi como um soco no meu estômago, para frisar o que eu já havia observado durante os meus vinte e poucos (ou seria muitos?) anos: os jovens não querem crescer. Se tornar adulto dói e adiamos as escolhas com a promessa de podermos ser quem quisermos a qualquer momento. Não é novidade que hoje em dia eu corro atrás do tempo perdido em que fiquei procrastinando com a dúvida de qual profissão seguir (posso dizer que vivi em um limbo dos 18 aos 21 anos). Hoje paro para pensar: o que diabos eu estava pensando e fazendo? Mas não adianta chorar pelo leite derramado, já diz o ditado e sigo em frente planejando meu futuro. “Temos todo o tempo do mundo”, diz Renato Russo na música “Tempo Perdido” (a minha preferida de todas do Legião Urbana), mas, Renatinho, dessa vez vou discordar de você. Não, não temos todo o tempo do mundo. Outra frase transmitida em boca a boca é: podemos ser o que quisermos. Err. Bem, talvez
podemos ser o que estiver disponível e acessível no momento. Aí você me diz: “Nossa, Pri! Você já foi mais sonhadora e otimista”. Não, gente. Estou sendo realista e acordando para o mundo real. E é isso que a Meg Jay faz no livro, joga um balde de água bem fria pra ver se os jovens acordam e começam a planejar suas vidas. Acaba com a ilusão de aproveitar o máximo essa adolescência tardia que, na verdade, não existe. No livro, a psicóloga orienta como aproveitar melhor dos 20 a 30 anos de idade e argumenta o porquê os 30 não são os novos 20. Os seus avós e, talvez até seus pais, tenham passado de filhos a esposos, assim, direto. Até mais ou menos a década de 70 era comum casar cedo, com 15 anos de idade, por exemplo. Hoje, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a idade média em que o brasileiro se casa é com 28 anos. É comum mulheres terem filhos só depois dos 30. Isso dá um falso alívio que podemos adiar decisões importantes da vida dos 30 anos, como decidir qual profissão seguir e com quem se casar (se é que queremos nos casar). Enquanto isso, vamos nos divertindo sem pensar muito sobre o futuro. Será que essa é a melhor atitude a ser tomada?
Talvez a pressão de ter que realizar tantas escolhas importantes aos 30 não seja a melhor opção. Seria melhor decidir com mais tempo e já moldar o trajeto de vida o mais cedo possível. Outro dado interessante que Meg traz é que o cérebro aos 20 e poucos anos é mais fácil de ser moldado, ou seja, nossa personalidade pode ser mudada mais facilmente nessa faixa etária, diferente do que muitos acreditam que é na fase da infância ou na adolescência. Iniciei o ano assim pensativa no que eu vou fazer, o que eu quero ser e como quero estar aos 30 anos. Eu sei que dizer que não se importa é mais reconfortante, porque todos nós sentimos medo de nossos planos falharem. Então preferimos não escolher, ficamos com o sedutor talvez. Saiba que não escolher também é uma escolha, diz a psicóloga no livro e isso eu aprendi há alguns anos com uma omissão sobre um assunto muito sério. Aprendi que estamos escolhendo o tempo todo. Aos 14 anos, aprendi que o mundo não para só porque eu quero. Aos 21 anos, aprendi que errar é melhor do que não tentar. E no ano passado, aprendi que escolher mais tarde não significa escolher melhor.
Priscila é jornalista, autora do livro "Expectativas" e chocólatra. Para ler mais crônicas, você pode acessar o site priscilaandreza.com.br
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