make itmag positive o que é a
Psicologia Positiva • neurociência • coaching • saúde • conhecimento english version
Psicologia Positiva?
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Em pauta desde os anos 90, nova forma de olhar para o ser humano ganha cada vez mais espaço na clínica, na escola e na empresa
Nesta edição, você vai ver:
Uma apresentação desse movimento, termos e conceitos Neurociência: Prêmio traz pesquisas sobre felicidade, altruísmo e resiliência Como agem as lideranças positivas: Princípios e práticas que mudam o clima organizacional
E mais: Boas notícias pelo mundo, educação emocional, testemunhos, leitura
Coaching de Saúde e Bem-Estar e Psicologia Positiva – uma combinação poderosa
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Aproveite a programação de fim de ano! Curso Intensivo de Psicologia Positiva
O Curso Intensivo de Psicologia Positiva oferece uma visão ampla desse movimento científico e de seu estado da arte. Além disso, o curso discute todas as áreas de estudo da Psicologia Positiva, bem como suas diferentes possibilidades de aplicação. Realizado sempre em um único final de semana, este curso é ideal para pessoas que residem em outros estados. 25 horas/aula 6/11/2015 a 8/11/2015 Local: Sede do IPPC Matrículas e mais informações aqui
Certificação em Coaching Positivo
Esse curso tem a proposta de oferecer um treinamento de caráter essencialmente prático acerca das técnicas básicas e avançadas do coaching, à luz da Psicologia Positiva. 50 h/ aula 17/11/2015 a 21/11/2015 Local: Sede do IPPC Matrículas e mais informações aqui
Curso de Psicologia para Coaches e Não Psicólogos
Este curso destina-se a todos aqueles que gostariam de conhecer os conceitos fundamentais da Psicologia, sem ter que recorrer a uma longa formação na área. A programação irá discutir as questões fundamentais sobre o comportamento humano, tomando por base as teorias clássicas da Psicologia, bem como os últimos avanços nas Neurociências. 26 h/ aula 27/11/2015 a 29/11/2015 Local: Sede do IPPC Matrículas e mais informações aqui
Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento
2 – CEP: 04552-050 – São Paulo, SP – Tel. 11-95328-4010 R. Helena, 140 – Edifício Delta One – Cjs. 111-112 – Vila Olímpia
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Feita com o coração
Ano I – n o 1 – Out./ Nov./ Dez. 2015 www.makeitpositivemag.com
E
sta edição de Make it Positive Magazine, ou carinhosamente MIP Mag, como já a chamamos por aqui, é um esforço do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento (IPPC) em criar um veículo que reúna pesquisas, práticas e notícias da Psicologia Positiva (PP) no Brasil e no mundo. Uma das missões do Instituto é democratizar o acesso ao conhecimento, então nada melhor para isso que o acesso on-line e gratuito a esta publicação. Informação sobre o movimento da PP, hoje, há muita (dos anos 90 pra cá, sua evolução se fez em âmbito global, com mais e mais dados empíricos sendo produzidos em instituições e settings diversos). Mas fato é que não há um canal que compile e divulgue essa produção de forma acessível a todos os tipos de público (lembrando que a PP tem aplicações que desejavelmente extrapolam círculos intelectuais fechados e se liga a uma infindável variedade de temas em desenvolvimento humano – ou melhor, florescimento humano). MIP Mag é única nesse sentido, por enquanto, o que é motivo de felicidade de todos os participantes de sua primeira edição. Não podemos perder de vista que o florescer ou despertar humano para uma vida plena e feliz deve estar ao alcance de todos – no trabalho, na escola, em casa, na comunidade, por meio de iniciativas individuais, coletivas, governamentais ou não (e por que não falar em políticas públicas nesse campo?). Os falantes da língua portuguesa podem contar conosco, então, para incrementar seu repertório sobre a PP em todos esses campos. A versão em inglês dos artigos alcança outros públicos e coloca a produção brasileira ou em língua portuguesa em evidência no universo da PP. O número 1 de MIP Mag é apenas uma introdução ao que será visto aqui, trimestralmente, conduzido com muito carinho pelos envolvidos. Cada um entrou em flow, a seu modo, ao empreender seus conhecimentos e suas forças pessoais nesta publicação. Novo no assunto e não sabe o que é flow ou forças pessoais? Calma, que aqui a gente explica. E nos próximos números, para seu deleite (porque você irá se apaixonar pela Psicologia Positiva), a gente vai além. Jussara Goyano* * Jornalista e coach positiva certificada pelo IPPC, designada pela direção do
Instituto para coordenar esta publicação. (Força pessoal nº 1: AMOR)
MIP Mag é uma publicação trimestral do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento (IPPC). É proibida a reprodução sem autorização do IPPC e dos autores. As informações ou opiniões contidas nesta publicação não refletem necessariamente a posição do IPPC. Diretoria Lilian Graziano Fabio Appolinário Conselho editorial Lilian Graziano Membros do Instituto Arthur Ranieri Claudia Ribeiro Cléa Graziano Fabiola Bernardo Frank Roman Lidia Pagni Mara Laimgruber Apoio
Associação de Psicologia Positiva da América Latina Realização:
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comunicação • conteúdo • desenvolvimento humano www.ponto-a.com • comunicacao@ponto-a.com @PontoA_falecom • Tel./Fax (11) 3042-5900
Edição e coordenação (coordinator): Jussara Goyano Arte e projeto gráfico (design): Monique Elias Tradução (translator): Bruno Tripode Bartaquini Revisão: Marta Sá (Português) e Marina Werneck (Inglês) Contatos com a redação: Tel./ Phone number: +55 11 3042 5900 E-mail: mipmag@psicologiapositiva.com.br Endereço para correspondência/ Adress: Rua Helena, 140, cj. 111/112, Vila Olímpia, S. Paulo – SP – Brasil CEP: 04552-050 Comercial e Marketing: Cléa Graziano E-mail: clea@psicologiapositiva.com.br Tel.: +55 11 9 5328 4010
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sumário
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Estado da Arte
make itmag positive
Psicologia Positiva • neurociência • coaching • saúde • conhecimento
O QUE É A
Mas, afinal, o que é Psicologia Positiva?
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PSICOLOGIA POSITIVA?
Psicologia Positiva: o estado da arte
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Em pauta desde os anos 90, nova forma de olhar para o ser humano ganha cada vez mais espaço na clínica, na escola e na empresa
Nesta edição, você vai ver:
Uma apresentação desse movimento, termos e conceitos
Neurociência: Prêmio traz pesquisas sobre felicidade, altruísmo e resiliência
Empresas A organização nua
Como agem as lideranças positivas: Princípios e práticas que mudam o clima organizacional
E MAIS: BOAS NOTÍCIAS PELO MUNDO, EDUCAÇÃO EMOCIONAL, TESTEMUNHOS, LEITURA
Coaching de Saúde e Bem-Estar e Psicologia Positiva – uma combinação poderosa
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30/10/2015 16:09:52
imagem da capa: freepik/montagem: Monique Elias
Educação Educação Positiva: uma nova forma de educar para velhas demandas
Entrevista Cristiane Lo Ré (3M do Brasil)
Testimonial Função versus propósito de vida
Performance Liderança Positiva
Muito prazer, meu nome é Mara!
Bem-estar Coaching de Saúde e Bem-Estar
Leitura
Neurociência Neurociência Positiva: mudança de paradigma leva à exploração de áreas ainda não investigadas 4
Happier – Learn the Secrets to Daily Joy and Lasting Fulfillmen (Tal Ben-Shahar)
e mais... Positive News Positive WIKI Sua Felicidade
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psicologia positiva? Movimento resgata os ideais da psicologia humanista da metade do século passado – com a diferença de tentar fazer isso com uma preocupação fortemente voltada aos aspectos metodológicos tanto qualitativos quanto quantitativos de pesquisa • por Fabio Appolinário •
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ouco mais de quinze anos se passaram desde que esse movimento chamado de “Psicologia Positiva” começou a despontar com uma agenda própria de pesquisa, resgatando temas outrora abandonados pela psicologia dos séculos 19 e 20. Desde então, esse movimento vem crescendo, se ampliando e também sofrendo objeções e críticas dentro e fora da própria psicologia – como era de esperar. Mas o que é exatamente a Psicologia Positiva? Poderíamos dizer que é um movimento científico, de natureza multidisciplinar, que parte de algumas hipóteses fundamentais, a saber: a) existe uma natureza humana e ela é essencialmente boa; b) a busca última do ser humano é a felicidade; c) a felicidade não está relacionada ao prazer, mas, antes, ao exercício voluntário da virtude.
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Mas, afinal, o que é
Para que essas (que é essencialmente hipóteses fossem boa). Essa busca é exploradas universal, e é a única adequadamente, coisa que realmente tornou-se necessário buscamos por si o “deslocamento” própria, ou seja, de dois paradigmas não almejamos fundamentais: a felicidade para a mudança de alcançar algo além uma concepção dela mesma: a hedonista para outra felicidade é o próprio eudaimonística e uma fim de todas as coisas. mudança da concepção Para Aristóteles, a felicidade é uma escolha. Para ser feliz, o homem O problema é que, deve seguir sua própria natureza (que é essencialmente boa) patogênica para outra, diferentemente dos denominada salutogênica. animais, o homem é o único que por sua própria escolha pode decidir afastar-se Do hedonismo ao eudaimonismo de sua natureza. Então, para Aristóteles, Precisamos voltar aos primórdios do pensamento a felicidade é uma escolha. grego para rever esses conceitos. O hedonismo está Esse princípio é essencial para a associado a um filósofo contemporâneo de Sócrates: Psicologia Positiva: embora a ideia do Aristipo de Cirene (ca. 435-335 a.C.). Para ele, a busca da bem supremo esteja “pré-programada” felicidade resume-se à busca do prazer e à diminuição em nossa própria essência, o livre-arbítrio da dor. Uma pessoa será tanto mais feliz quanto menos sofrimento vivenciar e quanto mais prazeres experimentar (hedonismo vem do grego hedoné: “prazer”). Já a eudaimonia pressupõe uma ideia um pouco diferente: não basta ao homem vivenciar o prazer, é necessário que ele busque o bem, que tenha uma vida significativa, uma vida que valha a pena ser vivida. A raiz dessa ideia vem de Sócrates, para quem todo o universo converge para o summum bonum (o “bem supremo”), a ideia de um bem maior, que todo ser humano deve buscar. Seu discípulo, Platão, reforçou esse conceito afirmando que a ideia suprema, acima de todas as outras, é a própria ideia do “bem”. Em Harvard, israelense comanda Etimologicamente, a aula mais procurada da eudaimonia significa universidade – a de Psicologia algo como estar Positiva “possuído por um ser divino e benevolente” Neste vídeo, gravado fora da (eu: “bom”; daimon: universidade, no WGBH Forum, “deus, espírito”). o professor Tal Ben-Shahar fala Aristóteles, discípulo sobre recentes pesquisas no campo de Platão, completou da Psicologia Positiva e o impacto que, para ser feliz, o que essa ciência pode causar na homem deve apenas vida das pessoas. estar de acordo com sua própria natureza
A questão não é descobrir “o que” deixa as pessoas doentes, mas as forças que as mantêm saudáveis (“salutogenia”)
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divulgação
Aristóteles ensinando Alexandre, o Grande – gravura de Charles Laplante
estado da arte
e as condições de vida podem nos desviar eventualmente desse projeto. Aí entra a ideia do exercício das virtudes, que são a expressão desse summum bonum. As evidências para corroborar a visão socrática-platônicaaristotélica da universalidade da ideia do bem e da virtude vêm da observação de que o bem (e não o mal) e a virtude (e não o vício) são quase universalmente valorizados em todas as culturas e tradições humanas de todos os tempos: coragem, justiça, sabedoria, amor e humanidade, temperança e transcendência são virtudes consideradas essenciais desde os egípcios e babilônicos antigos até os brasileiros e norte-americanos atuais, passando pelas culturas chinesa, japonesa, indiana, bem como por tradições religiosas como o cristianismo, o hinduísmo, o islamismo, o judaísmo, o budismo, o taoismo, dentre inúmeras outras.
Do patogênico ao salutogênico A psicologia dos séculos 19 e 20 voltou seus esforços quase em sua totalidade para o estudo das doenças mentais e os métodos “curativos” dessas doenças. Esse paradigma da “patogenia” (classificar as doenças e os agentes causadores destas) está dando lugar a outra concepção: agentes patogênicos (ou estressores) são universais e encontram-se sempre presentes no mundo; é impossível controlá-los de maneira absoluta ou mesmo significativa. A questão então não é mapear para descobrir “o que” deixa as pessoas doentes, mas, antes, as forças que as mantêm saudáveis (“salutogenia”). Então a Psicologia Positiva aposta fortemente nos estudos acerca do funcionamento ótimo, buscando descobrir quais são os fatores que promovem a saúde e o bem-estar em seus múltiplos níveis: biológico, individual, relacional, institucional, cultural e global. Daí o estudo das chamadas “forças pessoais” – os meios pelos quais um indivíduo pode sobrepujar os desafios da existência, buscar uma vida boa (virtuosa e, portanto, feliz), resgatando os ideais da psicologia humanista da metade do século passado – com a diferença de tentar fazer isso com uma preocupação fortemente voltada aos aspectos metodológicos tanto qualitativos quanto quantitativos de pesquisa, em vez de se voltar aos processos de produção de conhecimentos empíricos e clínicos, que caracterizaram os movimentos humanistas. Essa excessiva ênfase em dados clínicos individuais e empirismo de pioneiros como Maslow, Rogers, May e outros acabou dando a esse movimento um caráter mais filosófico do que científico, restringindo a aceitabilidade
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estado da arte
O bem (e não o mal) e a virtude (e não o vício) são quase universalmente valorizados em todas as culturas e tradições humanas de todos os tempos: coragem, justiça, sabedoria, amor e humanidade, temperança e transcendência
de suas hipóteses por grande parte da comunidade científica tanto dentro quanto fora da psicologia. Em resumo, a Psicologia Positiva é um movimento científico transdisciplinar que resgata as concepções eudaimônica e salutogênica, fazendo uso de métodos mistos de pesquisa para estudar temas como felicidade, virtudes, forças pessoais, funcionamento psicológico ótimo nos contextos clínico, empresarial, educacional e cívico (políticas públicas e vida em comunidade). Fabio Appolinário é doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo, consultor, coach e psicoterapeuta, diretor científico do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento.
saiba mais Furrow, D. Ética: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2007. Hofman, E.; Compton, W. C. Positive psychology: the science of hapiness and flourishing. 2. ed. Belmont: WadsworthCengage, 2013. Nafstad, H. E. Historical, philosophical, and epistemological perspectives. In: S. Joseph (Ed.). Positive psychology in practice. 2. ed. Hoboken: Wiley, 2015.
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Psicologia Positiva: da o
estado arte
No Brasil, ela cresce com surgimento de entidades, cursos de pós-graduação e comunidade dedicada a divulgação de estudos e livros do tema nas redes sociais. Falantes da Língua Portuguesa também têm curso da modalidade aplicada, em Lisboa • por lilian graziano •
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ezessete anos se passaram desde sua fundação e, antes mesmo de completar seus 18 anos, a Psicologia Positiva parece ter atingido sua maturidade. Com centros de pesquisa espalhados pelos quatro continentes, este movimento científico demonstra sinais claros de que veio para ficar. Nada mal para um movimento que, pelo menos no Brasil, chegou a ser considerado modismo americano ou até mesmo um movimento “sem pernas”, como afirmou o psicólogo Richard Lazarus da University of California, em artigo científico publicado em 2003 na revista Psychological Inquiry. Hoje, a Psicologia Positiva se tornou maior até mesmo do que seu ilustre fundador, o psicólogo americano Martin Seligman. E talvez esse seja seu maior indicativo de maturidade. É fato que o
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Já não sou uma voz solitária, pois a mim juntou-se um
maravilhoso coro com sotaques
variados do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, do Ceará e de tantas outras localidades
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Grupo divulga monografias e livros em português e outras línguas, favorecendo a troca de informações sobre a Psicologia Positiva aplicada.
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olhar apreciativo em relação ao ser humano não nasceu com a Psicologia Positiva, e Seligman foi muito claro em relação a isso em seu livro Felicidade Autêntica, publicação seminal deste movimento. O próprio trabalho de Ed Diener e Mihaly Csikszentmihalyi, considerados cofundadores da Psicologia Positiva, é prova disso, na medida em que datam de décadas (no caso de Csikszentmihalyi) antes do surgimento deste movimento. Mas o fato é que, embalados pela proposta de Seligman de voltar os olhos da ciência para os aspectos funcionais do ser humano e das instituições, surgiram até mesmo outros movimentos, tais como o Positive Organizational Scholarship, liderado pelo professor Kim Cameron, da University of Michigan. De acordo com a Internacional Positive Psychology Association (IPPA), hoje com milhares de membros em mais de 70 países, a Psicologia Positiva já recebeu dezenas de milhões de dólares em pesquisa, sendo também tema de várias revistas científicas e programas de mestrado e doutorado ao redor do mundo. Fundado em 2001, o Institute on Character, organização sem fins lucrativos, focaliza seu trabalho exclusivamente nas virtudes e forças pessoais. seu site oferece uma versão resumida (em vários idiomas) do principal inventário da PP para identificação das forças pessoais, o Values in Action Inventory, ou simplesmente VIA. Apenas nesse site já foram avaliadas mais de 2,6 milhões de pessoas de 193 países. Mas a Psicologia Positiva não se limita aos falantes da língua inglesa. Em Portugal, a Universidade Técnica de Lisboa oferece o curso de Psicologia Positiva Aplicada, coordenado pelo professor doutor Luís Miguel Neto e
pela professora doutora Helena Marujo. Na Argentina temos o professor doutor Alejandro Castro Solano, da Universidade de Palermo, que editou o livro Positive Psychology in Latin America, que oferece um bom panorama da Psicologia Positiva na América Latina. Mas esses são apenas alguns exemplos de polos da Psicologia Positiva espalhados pelo mundo. Felizmente chegamos a um ponto em que numerálos em um artigo seria quase impossível. Entretanto, o que dizer sobre o Brasil? Embora ainda tenhamos um longo caminho a percorrer, observo com alegria os frutos que já colhemos. Quando em 2003 fazia minha pesquisa de doutorado, as pessoas se espantavam com o fato de meu tema de estudo ser a felicidade. Afinal, acreditavam que temas como esse jamais poderiam ser tratados pela Ciência. Foi quando fundei o Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, o IPPC, com o objetivo de divulgar esse maravilhoso movimento científico chamado Psicologia Positiva e espalhar aos quatro ventos meu próprio entusiasmo em relação a ele. Atualmente, sigo fazendo o mesmo e com o mesmo entusiasmo de sempre. Contudo já não sou uma voz solitária, pois a mim juntouse um maravilhoso coro com sotaques variados do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, do Ceará e de tantas outras localidades. Minha maior satisfação é perceber que os princípios da Psicologia Positiva não conhecem fronteiras regionais e, talvez
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ainda mais importante do que isso, ignoram as conhecidas “igrejinhas” da psicologia, para as quais meus 20 anos de formada tornam-me completamente sem paciência. Nesse sentido, devemos muito à APPAL (Associação de Psicologia Positiva para a América Latina), fundada em outubro de 2010, como um braço latino-americano da IPPA e que, na figura de sua ex-presidente Daniela Levy, desempenhou um papel não apenas de divulgação deste movimento, mas sobretudo de ligação entre todos os que por ele se interessaram. Particularmente, merece destaque a realização da I Conferência Brasileira de Psicologia Positiva no Rio de Janeiro, em 2011, que trouxe pela primeira vez ao Brasil Martin Seligman, fundador do movimento, e James Pawelsky, então diretor da IPPA. Hoje, sob a presidência do psicólogo Marco Callegaro, a APPAL certamente continuará a cumprir seu importante propósito. Em 2013 foi fundada a
Psicologia Positiva não conhecem
fronteiras
regionais e ainda ignoram as
“igrejinhas” da psicologia
associação brasileira de
Psicologia Positiva (ABPP+), presidida pelo professor doutor Claudio Simon Hutz, da UFRS, que comemorou seu primeiro ano de existência realizando em Porto Alegre o primeiro Congresso Brasileiro de Psicologia Positiva. Seguindo sua missão de promover a Psicologia Positiva, a ABPP+ realizará entre 28 de junho a 1 de julho de 2016, em São Paulo, o II Congresso Brasileiro. Quanto às iniciativas acadêmicas, tivemos em 2004,
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na Fundação Armando Alvares Penteado, um projeto coordenado por mim e pelo professor doutor Fabio Appolinário, que visava à melhoria do desempenho acadêmico dos alunos de graduação. Denominado projeto Fênix, esse programa incluía exercícios práticos de Psicologia Positiva e obteve excelentes resultados. Anos mais tarde, já na Trevisan Escola de Negócios, oferecemos uma disciplina de Psicologia Positiva para todos os cursos de graduação desta instituição. Os resultados de tais iniciativas foram sempre muito gratificantes e me conduziram de volta ao verdadeiro sentido de ensinar. No nível de pós-graduação, podemos hoje contar com dois cursos da professora doutora Mônica Portella, que já formou diversos alunos na área (são eles: Pós-Graduação em Psicologia Positiva – Uma Integração com o Coaching – desde 2011, em unidades do freepik
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Rio de Janeiro e Fóz do Iguaçu – e MBA em Psicologia Positiva – início em setembro de 2015). Essa pesquisadora também faz um importante trabalho na divulgação da Psicologia Positiva no Brasil, seja por meio de seus cursos, de suas publicações ou dos encontros que promove, tais como o II Simpósio Latino-Americano de Psicologia Positiva: Uma Integração com o Coaching, realizado em outubro deste ano. As iniciativas em Psicologia Positiva no Brasil são tão numerosas quanto diversificadas. De programas de desenvolvimento tais como a Educação Emocional Positiva, da psicóloga Miriam Rodrigues, a grupos no WhatsApp que reúnem centenas de pessoas, tais como o da psicóloga Renata Livramento, do Instituto Mineiro de Psicologia, passando por grupos no Facebook como a Biblioteca Positiva, criado pela coach Andrea
As iniciativas no Brasil são tão numerosas
quanto diversificadas.
De programas de desenvolvimento a grupos no WhatsApp que
reúnem centenas de pessoas
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Peres Correa e que já conta com mais de 3 mil membros, a cada dia surgem novas ideias, que vão levando este maravilhoso movimento da Psicologia Positiva a todos aqueles interessados no florescimento humano. Contudo resta a todos nós, sejamos brasileiros, americanos, europeus ou pesquisadores positivos de qualquer parte do mundo, o maior dos desafios: viver os conceitos da Psicologia Positiva na prática, tornando nossa própria vida um exemplo daquilo que dizemos em nossos estudos. lilian graziano é psicóloga, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), diretora do IPPC.
saiba mais SOLANO, A. C. (Ed.) (2014). Positive Psychology in Latin America: New York: Springer RODRIGUES, M. (2013). Educação Emocional Positiva: Saber lidar com as emoções é uma importante lição. São Paulo: All Print Editora
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a organização nua
Estudo mostra que na maioria das empresas o engajamento no trabalho é baixo, índice que pode melhorar com intervenções positivas que buscam a felicidade dos colaboradores e dos clientes • por Arthur Ranieri •
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odos os anos, consultorias globais, institutos de renome e especialistas investem seu tempo, e provavelmente dinheiro, a fim de encontrar respostas e estabelecer tendências em relação ao caminho que as organizações devem trilhar para que continuem crescendo frente a um cenário cada vez mais dinâmico e complexo. Neste ano, a consultoria Delloite publicou um estudo
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intitulado Global Human Capital Trends 2015: Leading in the new world of work (em tradução livre, Tendências Globais em Capital Humano 2015: Liderando no novo mundo do trabalho)1 . 1 O relatório completo está disponível em: http://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/at/ Documents/human-capital/hc-trends-015.pdf
empresas
Este relatório de tendências é um dos mais atuais e completos estudos sobre gestão de talentos, liderança e desafios de RH. A pesquisa envolveu mais de 3.300 líderes de negócio e RH de 106 países. No relatório, foram exploradas dez grandes tendências que emergiram a partir da pesquisa, e para cada uma delas foi apresentado um indicador chamado “gap de capacidade” por região e por país. Este indicador mostra o quanto cada país ou região está mais ou menos próximo da tendência em questão. Frente ao conjunto de dados oferecidos por este relatório, gostaria de aprofundar a análise em uma das tendências que a Delloite chamou de Cultura e Engajamento. Para a Delloite, as organizações estão vivendo a Era do Glassdoor2, pois cada informação e cada decisão podem ser imediatamente expostas e debatidas publicamente. Uma vez que as questões privadas são agora publicadas de forma on-line, a cultura de uma organização está cada vez mais visível para todo o mundo ver. Neste novo contexto de alta transparência, não há lugar para as organizações se esconderem ou parecerem ser o que não são. Desta forma, a cultura de uma organização torna-se uma grande vantagem competitiva ou o seu próprio calcanhar de Aquiles. A cultura, e o quanto ela engaja as pessoas, é agora uma questão estratégica para o negócio, e não apenas um tema de debate para a área de RH. O estudo mostra que na maioria das empresas o engajamento é baixo e que mais da metade da força de trabalho não recomendaria o seu empregador a outras pessoas. Além disso, uma proporção substancial dos entrevistados na pesquisa deste ano (22%) relata que suas organizações têm um programa pobre para medir e melhorar o engajamento. Outro dado relevante é que apenas 7% dos entrevistados acreditam que suas organizações são excelentes em dirigir esforços para melhorar o engajamento e a retenção, e que somente 12%
trabalho-vidafelicidade
Glassdoor é um website (www.glassdoor.com) que mantém um banco de dados de mais de 8 milhões de avaliações de empresas e tem como missão ajudar as pessoas de todos os lugares a encontrar empregos e empresas que elas amem.
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acreditam que suas organizações são excelentes na construção da cultura desejada. Mas o que isso representa para as organizações e seus líderes? Segundo a Delloite, este é um problema novo e sistêmico para as organizações em todo o mundo. Um dos fatores que gera este problema é que os motivadores da força de trabalho da atualidade têm mudado radicalmente. Os trabalhadores de hoje têm mais foco na integração trabalho-vida-felicidade, ou seja, no alinhamento dos valores e das práticas pessoais com os valores e as práticas organizacionais, e também no quanto o trabalho traz significado e propósito para a vida, servindo de meio para experimentar maior realização e felicidade. Mais do que o dobro dos entrevistados na pesquisa estava mais motivado pela paixão que sentiam pelo trabalho do que pela ambição de carreira. Em outras palavras, se o propósito, os valores, a cultura, a liderança, assim
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Os trabalhadores de hoje têm mais foco na integração
empresas
como se as práticas de uma organização não forem coerentes e não combinarem com aquilo que a pessoa busca como meio de realização, sua capacidade de atração, engajamento e retenção tende a ser baixa. Portanto não basta vestir uma “roupagem” de missão e valores e parecer ser aquilo que não é. Neste sentido, Tamara Anderson, professora da escola de negócios de Harvard, em um artigo na versão eletrônica da Harvard Business Review3, afirma: “Altos níveis de envolvimento ocorrem quando as nossas experiências de trabalho refletem um conjunto claro de valores que partilhamos. Para muitos hoje, o significado é a nova moeda. É o que as pessoas estão procurando no trabalho. Valores organizacionais, traduzidos para a experiência de trabalho do dia a dia, são um dos drivers mais fortes para uma força de trabalho engajada e a base para a colaboração bem-sucedida.” Como exemplo de empresa de sucesso que segue à risca a ideia de construir um negócio com significado, a Zappos é sem dúvida um caso a ser estudado. A Zappos é uma loja online americana que vende sapatos e roupas pela internet e que foi comprada pela Amazon em 2010 por 1,2 bilhão de dólares. Para contar a história da Zappos, o fundador e CEO Tony Hsieh escreveu um livro chamado Satisfação
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3 O artigo completo pode ser acessado em https://hbr.org/2011/03/challenging-ourdeeply-held-as.
Valores
organizacionais são um dos drivers mais fortes para uma força de trabalho engajada Garantida – No caminho do lucro e da paixão4. O livro traz, em primeira pessoa, a história empreendedora de Tony e da Zappos, considerada uma das empresas que mais dão atenção ao atendimento ao cliente nos Estados Unidos. Em um trecho do livro, o autor afirma: “Nossa crença é que nossa marca, nossa cultura e nossa fonte de informações são as únicas vantagens competitivas que teremos em longo prazo. Todo o restante pode ser e será eventualmente copiado.” Antes da Zappos, Tony criou uma empresa que cresceu de forma muito rápida e, um dia, ele acordou e percebeu que não queria ir trabalhar. “Eu era o cofundador e, ainda assim, a empresa não era o lugar onde eu gostaria de estar.” Tanto é que ele decidiu vender a empresa. “Fiz uma lista dos períodos mais felizes da minha vida e percebi que nenhum deles envolvia dinheiro. Havia decidido parar de correr atrás do dinheiro e começar a correr atrás da paixão”, cita Tony em outro trecho do livro. Com o estouro da bolha da internet, em 2000, a Zappos passou por sérias dificuldades, com demissões e cortes. O foco, então, passou a ser atrair clientes que já haviam comprado. “Mal sabíamos que era uma bênção disfarçada, já que nos forçou a focar mais a oferta de um melhor serviço aos clientes.” Mais do que produtos, a empresa passou a vender o conceito de felicidade, o que originou o 4 O título original em inglês é Delivering Happiness – A Path to Profits, Passion, and Purpose.
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propósito da Zappos: entregar felicidade. A ideia era: ao tratar bem o cliente, ele vai comprar de novo – e ainda vai indicar. Então, a empresa se preocupou em como atender da melhor forma e como surpreender positivamente seus clientes – e mantê-los para a vida inteira. “Em acréscimo à tentativa de impressionar nossos clientes, nós também tentamos impressionar funcionários, vendedores e parceiros que trabalham conosco (e, no longo prazo, nossos investidores). Acreditamos que isso cria um ciclo virtuoso, e, em nossa visão, estamos fazendo do mundo um lugar melhor e melhorando a vida das pessoas”, diz Tony. Para muitos, isso pode parecer distante do que estamos acostumados a ver no mundo corporativo, então fica a questão: como é que o significado no trabalho pode trazer resultados e crescimento? O livro Organizações Exponenciais, dos autores Salim Ismael, Michael S. Malone e Yuri Van Geest, apresenta uma nova e ampla visão sobre as tendências organizacionais e tecnológicas essenciais para as empresas. A proposta da obra é trazer um novo olhar para os negócios, aproveitando todo o poder criativo das pessoas que fazem parte deles. Os autores pesquisaram os padrões de algumas empresas que são referência e que tiveram um crescimento exponencial em poucos anos, como Waze, Tesla, Netflix, Uber, Google Ventures, entre outras, e exploraram os dez atributos que as tornaram revolucionárias, sendo cinco elementos externos e cinco estratégias organizacionais internas. Para sustentar estes atributos, as Organizações Exponenciais pensam grande e têm um elemento em sua composição que representa a pedra fundamental de seu sucesso. Os autores chamam este elemento de PTM (Propósito de Transformação Massiva)5. Um
Entre as
estratégias que
colocaram as empresas no patamar de referência de engajamento está o Propósito de
Transformação Massiva
5
Massive Transformative Purpose em inglês.
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empresas
exemplo de um propósito de transformação massiva é “entregar felicidade”, o propósito da Zappos. Outro exemplo é o propósito do Google: “Queremos organizar toda a informação do mundo.” Um PTM forte tem como principal característica o fato de ser aspiracional e – por que não dizer? – transcendente e utópico. Ter um PTM é uma vantagem competitiva que serve como um atrator e retentor de talentos, clientes e para os mais diversos agentes presentes no ecossistema do negócio em que a organização está inserida. Então deixo as seguintes perguntas: Qual é o propósito de transformação massiva da sua organização? Para que ela serve? Qual é o significado que ela traz para o mundo e para as pessoas? Para encontrar as respostas para estas questões, muito provavelmente sua organização precisará tirar a própria roupa. Arthur Ranieri atua há 10 anos como consultor e coach em organizações de diversos segmentos de mercado. Administrador de empresas e teólogo, seu PTM é “transformar os talentos de cada um no melhor desempenho para todos”.
entrevista
Psicologia Positiva, Em prática, na
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cultura organizacional 3M do Brasil busca novo mindset, apostando em maior valorização e bem-estar dos colaboradores. Quem comenta é Cristiane Lo Ré, gerente de Desenvolvimento de Pessoas na companhia • Da Redação •
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arquivo pessoal
ristiane Lo Ré é psicóloga e está há quase 15 anos na 3M do Brasil, polo brasileiro da 3M, indústria química multinacional, cujas vendas líquidas bateram a marca dos US$ 31 bilhões em 2014. É ela quem conta como a companhia iniciou uma profunda transformação de sua cultura organizacional, lançando um novo olhar sobre seus colaboradores. Olhar que se tornou a bandeira da atual presidência, filtrado pelas lentes da Psicologia Positiva (PP), que ampliam a valorização dos pontos fortes de indivíduos e equipes e promovem clima positivo e maior engajamento entre os funcionários. O foco, inicialmente, está nos líderes efetivos e potenciais da empresa, para que estes disseminem o que aprenderam em workshops sobre forças pessoais e PP. Os resultados provocados pela implantação em curso de um novo mindset ainda não foram mensurados quantitativamente, pois apenas 72 pessoas foram treinadas, de aproximadamente 400 que devem aderir às oficinas. Mas os feedbacks de quem passou pelo processo são bem positivos, avalia Cristiane.
Os treinamentos estão sendo ministrados em parceria com o Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento (IPPC). O plano de mudança posto em prática pode ser conferido a seguir. Desde que entrou na empresa, o que tem presenciado em termos de desenvolvimento humano e mudança cultural na 3M?
Quando se fala em desenvolvimento de pessoas, tivemos N ações… nem sei precisar quantas.
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entrevista
A gente sempre ofereceu treinamento, capacitação, principalmente para lideranças (nosso maior foco, mas não o único). Eu enfatizaria a nossa universidade corporativa, que funciona desde 2012 – uma das academias que a gente construiu foi a de liderança, onde encontra-se o trabalho com a Psicologia Positiva.
Qual é a nossa intenção? É introduzir isso para os líderes para eles propagarem às equipes e, enfim, ajudarem a disseminar esse conceito na companhia. Paralelo a isso, a gente começou com alguns canais de comunicação, como o Blog do Presidente, onde a gente comenta um Num pouco sobre o que é esse conceito Então já chegamos de Psicologia Positiva. Há mais ou de na Psicologia Positiva… menos 400 pessoas que acessam o como ela é aplicada blog, e aí não é só liderança. A gente na companhia? Trata-se também trouxe para o blog alguns é preciso sempre de uma bandeira da depoimentos de participantes do começar pelos atual gestão? workshop, em um vídeo rápido, um É isso mesmo. A gente testemunhal, falando o que o evento tinha começado com provocou nas pessoas. Pretendemos o trabalho do IPPC no continuar, falando de Psicologia ano passado, com um treinamento em Lideranças Positiva, falando das forças… Transformadoras, dentro da academia de liderança, Já há algum retorno mensurado que já trazia o conceito de Psicologia Positiva. Com desse trabalho (quantitativo a vinda do nosso presidente (Jorge Lopez), veio mais ou qualitativo)? Alguma mostra forte esse conceito. Começamos a pensar em como significativa de que tenha aplicar melhor isso na empresa, no Brasil. Começamos influenciado na produtividade? a buscar quem poderíamos capacitar, e, então, este ano, De alguma forma esses líderes já começamos um plano nesse sentido. Quando a gente estão passando pra frente o que fala de mudança organizacional, é preciso sempre têm aprendido? começar pelos líderes. A mudança acontece para todos, Vou falar bem genericamente, pois mas quem pode nos ajudar são os líderes, pois só o RH ainda não temos dados efetivos – vou não provoca a mudança. Então foi com eles que a gente falar em aspectos qualitativos. Em linhas iniciou o movimento da Psicologia Positiva. Em março, gerais, dos workshops que foram feitos, tivemos um workshop com uma boa parte dos nossos os feedbacks foram extremamente diretores e nossos líderes potenciais da organização. positivos. Isso a ponto de falarem Fizemos a primeira turma e os feedbacks foram muito “Uau! Que máximo que é poder trazer positivos. Sendo assim, demos continuidade ao trabalho esse olhar para a companhia!”. Por junto com o IPPC, oferecendo novas turmas (workshops quê? Porque quando a gente fala de de Psicologia Positiva e forças pessoais). O movimento Psicologia Positiva e forças pessoais, a começa então pelo Jorge, que traz esse novo olhar, gente “puxa” de lado aquele conceito em levantando a bandeira da Psicologia Positiva – se tem que a gente foi criado, a cultura de GAPs alguém nesse nível que passa isso, o processo se torna – esse nosso mindset. Alguns líderes um pouco mais fácil, eu diria. Hoje temos 72 líderes têm também provocado isso [o uso da treinados no conceito de Psicologia Positiva e forças Psicologia Positiva] junto aos seus times. pessoais, e uma outra sessão [de treinamento] Houve uma dinâmica com meu time, que este ano, ainda. Temos 300 líderes que ainda precisam todos participaram, da árvore das forças passar pelo workshop. pessoais*, com as forças pessoais de cada Vocês já têm desenhada a forma com que vão um. Nós discutimos sobre o quanto isso passar isso para outros escalões, outras [as forças] nos ajuda na empresa, sobre esferas da empresa? conhecer o outro através das forças – é
contexto mudança organizacional, líderes
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arquivo pessoal
entrevista
muito legal, pois aquilo que eu acho que é uma fraqueza da pessoa pode estar contribuindo no time… Isso é um exemplo. Pode ser um exemplo e, mais do que isso, as pessoas podem estar levando isso para fora da empresa, não? Já há algum depoimento nesse sentido?
Em gestão de pessoas, quando se fala em olhar para as forças e como elas podem gerar resultados, fica tudo
Já existem alguns nesse sentido. Nós temos um canal em nossa Intranet que se chama Connection, onde a gente publica artigos – material do workshop, também –, onde colocamos um artigo sobre a prática da Psicologia Positiva por meio da técnica de Mindfulness [meditação baseada em percepção corporal e atenção plena no momento] para os filhos. E o pessoal comentou o quanto era legal levar esse olhar para seus filhos, observar as forças deles… A parte boa é que se constata que as pessoas têm comentado, está tendo uma movimentação (…). Participar do workshop já faz com que a gente saia feliz dele, pois ouvimos coisas positivas, coisas como o conceito de felicidade. É muito motivador, traz uma energia legal falar do tema e pensar em ações ligadas a coisas positivas, às nossas forças. Isso além de promover profundo autoconhecimento.
Recorrendo a experiências suas em outras companhias, você acredita que esse trabalho é uma tendência entre as empresas?
É um conceito extremamente novo, ainda. (…) Porém, quando a gente fala de um novo olhar em gestão [de pessoas] (não só olhar pro GAP), mas olhar para as forças e como elas podem gerar resultados, fica tudo muito mais fácil.
mais fácil
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Qual sua primeira força pessoal? Já sabe de cor?
A minha? É autenticidade… [risos]
* Árvore das forças pessoais é uma ferramenta desenvolvida pelo IPPC para auxiliar na conquista de significado no trabalho, e fortalecimento do vínculo entre os membros de uma equipe, a partir de suas forças pessoais.
performance
liderança
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Construir instituições positivas passa por criar líderes positivos • Por Lídia Pagní •
A
Psicologia Positiva teve seu início em 1998, quando o psicólogo Martin Seligman, da Universidade da Pennsylvania, assumiu a presidência da American Psychological Association (APA), a maior associação de psicólogos dos Estados Unidos. Segundo ele, “a ciência psicológica vinha negligenciando o estudo dos aspectos virtuosos da natureza humana”. É uma proposta de estudo científico, vibrante e multifacetado
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das experiências positivas, de como estas afetam o indivíduo e, se desenvolvida adequadamente, pode gerar pessoas mais produtivas, mais realizadas, mais saudáveis. A Psicologia Positiva nasce, assim, com três pilares importantes: o primeiro seria o estudo da emoção positiva; o segundo pilar da ciência seria o estudo do caráter
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positiva
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Exercer a Liderança positiva só fará sentido se o líder primeiro liderar a si mesmo, fazendo consigo esse esforço, antes de liderar os outros
poderosos do que fatores positivos. “O mal é mais forte do que o bem.” As pessoas são mais afetadas por um evento traumático ou negativo do que por um evento positivo ou feliz. São mais afetadas emocionalmente ao receber um feedback negativo do que um feedback positivo. Portanto não é de estranhar que os fenômenos negativos recebam mais atenção do que os fenômenos positivos e que seja necessário tal esforço consciente. Exercer a liderança positiva só fará sentido se o líder primeiro liderar a si mesmo, fazendo consigo esse esforço, antes de liderar os outros/a equipe. Deve internalizar para si a prática da liderança positiva, reconhecer suas forças pessoais e usá-las a seu favor, aceitar suas vulnerabilidades, pois, ao comunicálas, ele receberá ajuda das pessoas. Estará pronto, assim, para contagiar a sua equipe, o ambiente e a organização, gerando um sentimento de felicidade e significado nas pessoas.
Como gerar essa mudança? Kim Cameron introduziu o conceito dos quatro pilares que devem ser seguidos: 123rf
positivo; o terceiro pilar é o estudo das instituições positivas. Baseando-se principalmente no estudo do terceiro pilar, Kim Cameron introduziu, em 2008, o conceito de liderança positiva. As instituições positivas focalizam os pontos fortes, os talentos, a coragem, a esperança, o otimismo, a resiliência, cooperação, criatividade, as emoções positivas das pessoas que delas participam. Focalizam também, e principalmente, o significado, o sentido positivo do trabalho. Portanto, para exercer a liderança positiva em uma instituição, é preciso que o líder entenda e aceite que a realização do trabalho depende das pessoas, e os melhores resultados virão de um ambiente positivo, com engajamento, e não de um ambiente negativo. É preciso um esforço consciente para se concentrar nos eventos positivos. Pesquisa realizada por Baumeister, em 2001, mostrou uma tendência de as pessoas valorizarem mais a ocorrência de fatores negativos e que estes são mais
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performance
Liderança positiva – Princípios e práticas
Princípios
Práticas
Fomentar um clima
Compaixão: compartilhar informação, expressar preocupação e cuidado, organizar a ação sistemática para permitir respostas compassivas e adequadas.
positivo no trabalho
Perdão: reconhecer a mágoa, identificar um propósito otimista, manter altas expectativas e padrões, fornecer suporte para o prejudicado, deixar os rancores, legitimar linguagem que eleva o pensamento e se comunica virtuosamente. Expressões frequentes publicamente de gratidão, incentivar gratidão. Fomentar
relacionamentos
positivos entre os
membros da equipe
Ser modelo de energia positiva, proporcionar oportunidades de servir aos outros. Desenvolver e gerenciar redes de energia positiva em etapas: identificar pontos positivos e capacitá-los para expor a organização por meio de redes de energia positiva, equipes e das relações de mentoria. Capitalizar os pontos fortes da equipe: gastar tempo com fortes desempenhos, proporcionar oportunidades para os funcionários fazerem o que fazem melhor. Frequentemente comemorar resultados positivos. Concentrar-se no que eles fazem bem para ajudá-los a alcançar excelência no desempenho e nos relacionamentos. Corrigir as deficiências para construir competências; gerenciar os pontos negativos em etapas.
Fomentar a
Habitualmente utilizar a comunicação para apoio e incentivar os funcionários a se engajar nesse tipo de comunicação. Fornecer cinco pontos positivos para cada ponto negativo. Foque o fato e não a pessoa ao fornecer o feedback negativo. Faça uma autorreflexão sobre o feedback. Obtenha informações em contribuições pessoais únicas. Ajudar os outros a desenvolver um autorretrato melhor por conta própria (use as forças pessoais de cada um para isso).
Trabalho associado
Reconhecer os efeitos dos resultados dos trabalhos: dê a oportunidade de interagir com feedback s de clientes. Destaque conexões entre o que é significativo para os indivíduos e os benefícios produzidos pela organização. Esclarecer os efeitos de longo prazo do que está sendo realizado. Ajudar as pessoas a ver que estão criando um legado. Reforçar e patrocinar as metas de contribuição, em lugar de autointeresse e patrocínio de metas de realização.
comunicação positiva
com significado
imagens: 123rf
positivo
Referência: Kim Cameron, Positive Leadership, Berrett-Koehler (2008).
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performance
Focar a excelência e a autoconsciência O Instituto Gallup realizou uma pesquisa sobre “a oportunidade de fazer o que eu faço melhor”. Entrevistou 198 mil funcionários que trabalhavam em 7.939 unidades de negócios de 36 companhias fazendo a seguinte pergunta: “Em seu trabalho, você tem a oportunidade de fazer todos os dias o que faz de melhor?”. Os responsáveis trabalharam com as respostas da seguinte maneira: “Comparamos [as respostas] com o desempenho das unidades e descobrimos o seguinte: quando os funcionários respondiam afirmativamente, tinham 50% mais chances de trabalhar em um setor com menor rotatividade pessoal, 38% mais chances de atuar em unidades mais produtivas e 44% mais chances de trabalhar em um segmento com melhores índices de satisfação dos clientes. E, com o passar do tempo, as unidades de negócios onde houve um aumento de respostas afirmativas tiveram um crescimento proporcional em produtividade, fidelidade dos clientes e retenção de funcionários. Seja qual for o modo como você arranja os dados, a empresa cujos colaboradores sentem que têm seus pontos fortes mobilizados todos os dias é mais poderosa e mais forte.” (BUCKINGHAM & CLIFTON, 2008, p.13) Podemos deduzir, assim, a importância de o indivíduo reconhecer seus pontos fortes e desenvolvê-los. Ao empregá-los, há mais probabilidade de ter mais êxito na vida pessoal e profissional e, consequentemente, gerar mais significado no que desempenha. A cultura instalada ainda hoje na grande maioria das organizações é o cultivo do que falta. Os líderes focam a superação desses gaps em sua equipe. Recentemente um cliente de coaching relatou a mudança em sua equipe e a retenção de alguns talentos após mudar o seu olhar para o reconhecimento das forças individuais e da equipe. Houve aumento significativo dos resultados, pois ele conseguiu capitalizar o potencial da equipe e desenvolver uma equipe de alta performance.
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A liderança positiva favorece o maior engajamento, fortalece resultados extraordinários que podem ser alcançados com as colaborações dos líderes que sabem reconhecer as forças e valorizar os potenciais individuais e da equipe. Cria um ambiente positivo e de aprendizagem, permitindo o desenvolvimento da criatividade e aceitação das eventuais falhas. Para exercer a liderança positiva os líderes precisam ser autênticos e saber quando estão fazendo o melhor que podem com a informação e a experiência que têm no momento. É a autoconsciência de nossa personalidade total – forças e limitações – aprendendo a desenvolver o amor-próprio e a autoaceitação. Daniel Goleman cita a autoconsciência como “atenção à experiência ou consciência da própria pessoa”. É importante também lembrar de uma frase de Lao Tzu: “Não há nobreza em ser superior ao homem, a verdadeira nobreza é ser superior a si mesmo.” Lídia Pagní é psicóloga, coach e consultora organizacional do IPPC.
saiba mais (e referências) Baumeister, Roy F.; Bratslavsky, Ellen; Finkenauer, Catrin; Vohs, Kathleen D. Review of General Psychology, Vol. 5(4), Dec 2001, 323370. http://dx.doi.org/10.1037/10892680.5.4.323 GOLEMAN, D. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva,1995. BUCKINGHAM, Marcus; CLIFTON, Donald O. Descubra seus pontos fortes: um programa revolucionário que mostra como desenvolver seus talentos especiais e os das pessoas que você lidera. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
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Saúde Bem-Estar
Coaching de e
uma possibilidade em Psicologia Positiva • por daniela levy •
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O
Coaching de Saúde e Bem-Estar, em inglês Health & Wellness Coaching, é um método cientificamente comprovado (Moore e Tschannen-Moran, 2010) que permite acelerar o processo de mudança comportamental por meio de ferramentas específicas e estabelecimento de metas pessoais desejadas para o aumento do bem-estar, a melhoria do estilo de vida e da saúde. O foco desse coaching é o engajamento e a mudança de comportamento que gera estilos de vida saudáveis sustentáveis, previne ou trata doenças e promove bem-estar e autoconhecimento. Com ele é possível enfrentar os maiores desafios de nossos tempos: as epidemias de obesidade, diabetes, o sedentarismo, a má alimentação, o estresse crônico, a falta de foco, o tabagismo e os sempre crescentes custos de saúde. As sessões de Coaching de Saúde e Bem-Estar são embasadas: • nas ferramentas e abordagens teóricas do Modelo Transteórico de Mudança Comportamental (leva em
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bem-estar
conta as várias fases de mudança comportamental, com diferentes intervenções em cada fase); • na utilização de Inquérito Apreciativo (baseado no pressuposto de que perguntas e diálogos sobre forças, valores, esperanças e sonhos são transformadores); • na aplicação da Psicologia Positiva (estuda a experiência subjetiva positiva, as potencialidades, as virtudes humanas e as instituições que promovem a qualidade de vida, contribuindo para a compreensão e o desenvolvimento dos fatores que permitem a prosperidade dos indivíduos e da comunidade); • na Entrevista Motivacional (foco em despertar o aumento da motivação intrínseca em direção à mudança); • na Comunicação Não Violenta (envolve empatia, estar presente com respeito; comunicação sem rótulos, julgamentos morais do certo e errado, sem críticas, diagnósticos, comparação e análise); • Na Autoeficácia (quando o indivíduo tem a capacidade de iniciar e sustentar um comportamento desejado) e na autoestima (crença de que o indivíduo tem valor e autovalor como pessoa).
Elementos aplicáveis
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O coaching evoluiu muito após o rápido avanço de pesquisas científicas na Psicologia Positiva. Um dos pilares mais importantes na prática da Psicologia Positiva é o estudo das virtudes e forças universais que o coach pode usar para auxiliar o coachee a aplicar as habilidades (de acordo com as principais forças) em sua vida diária, tendo como objetivo auxiliar na mudança de comportamento e no alcance das metas. Além disso, fortalecerá a autoestima e a autoeficácia.
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Gratidão e coaching: valorizar
as experiências de sucesso e as pessoas são atitudes que melhoram a saúde , a felicidade e os
relacionamentos
Melhorará a criatividade e a resiliência para lidar com as adversidades. Temos também pesquisas na Psicologia Positiva sobre o exercício das três bênçãos (três coisas boas) que comprovam seus ótimos resultados (Seligman, 2011). Sua prática minimiza a depressão e traz felicidade, por meio do registro frequente de acontecimentos positivos na vida – nesse exercício, é preciso se lembrar de três coisas positivas que aconteceram no seu dia e listá-las, e então considerar o que causou essas coisas boas. O objetivo é reforçar os pequenos passos para o alcance das metas, aumentar o bemestar e a autoeficácia. A gratidão, sobre a qual há inúmeros estudos da Psicologia Positiva, também produz resultados extraordinários no processo de coaching. Valorizar as experiências de sucesso e as pessoas e ser grato a elas são atitudes que melhoram a saúde, a felicidade e os relacionamentos. O saborear (savoring) ao qual a Psicologia Positiva se refere como algo necessário no dia a dia é importante no coaching, pois dá âncora para que a consciência esteja “presente” no momento que causa prazer e nas emoções
positivas, em vez de a pessoa se distrair com aspectos negativos em relação ao passado ou ter preocupação sobre o futuro. O saborear aumenta as emoções positivas e auxilia na mudança de comportamento. Segundo Diener e Kahneman, há dois “tipos de felicidade”: o hedonismo ou as emoções agradáveis; e a eudaimonia ou o significado da vida. O prazer de saborear momentos, uma comida, também aumenta o bem-estar, assim como encontrar um significado na vida ou um propósito e o senso de progresso nas metas. O hedonismo e a eudaimonia se complementam para que haja o aumento da felicidade. E o Coaching busca o desenvolvimento de ambas as dimensões. Saborear o futuro também colabora para que os indivíduos tenham mais esperança e emoções positivas em relação a ele e se empenhem no alcançe de suas metas. No trabalho com o Coaching, o indivíduo se imagina no seu “melhor eu”. Pesquisas demonstram que otimismo em relação ao futuro aumenta o bemestar e motiva os indivíduos a caminharem em direção ao futuro desejado. A visão pessimista do futuro pode não ser o resultado da depressão, mas a causa dela. Segundo Scott Kaufman, um dos cientistas que está revolucionando a maneira como vemos e medimos a inteligência, o nível da paixão, a persistência e a habilidade de estabelecer e alcançar metas pessoais são considerados a nova inteligência, e são igualmente importantes como a lógica e a razão. Imaginar o futuro cria novos circuitos neurais e antecipação dos benefícios, aumentando a capacidade de seguir metas. Martin Seligman redefiniu a inteligência e afirma que a garra, ou a persistência que não desiste nunca, é a nova inteligência. O Coaching usa a imaginação para evocar positividade, o que facilita o alcance de metas. De acordo com as inúmeras pesquisas da cientista Barbara Fredrickson, quando criamos uma espiral ascendente das emoções positivas e experiências positivas, os benefícios são sentidos em
As emoções positivas
expandem as fronteiras da
mente e a pessoa vê o mundo de maneiras novas. O coaching favorece esse
ponto de vista
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bem-estar
inúmeras áreas, como saúde, bem-estar, produtividade e relacionamentos. No Coaching, o foco nas emoções e experiências positivas amplia a consciência dos indivíduos, tornandoos mais criativos, e aumenta as possibilidades para a mudança de comportamento na lida com situações difíceis. Esses indivíduos lidam melhor com os obstáculos e as barreiras no dia a dia. Em seus estudos, a cientista percebeu que após injetar positividade nos participantes, por imagens agradáveis, eles tiveram melhor desempenho em testes de matemática, verbais e outros, e foram mais criativos e rápidos nas respostas, em comparação com os mesmos participantes em humor neutro. Fredrickson formulou, assim, a teoria do expandir e construir, a qual afirma que as emoções positivas constroem e armazenam recursos futuros que serão como amortecedores em momentos difíceis. As emoções positivas expandem as fronteiras da mente e a pessoa vê o mundo de maneiras novas. O coach cria um ambiente no qual as emoções positivas de interesse, descoberta, serenidade, gratidão e curiosidade fortalecem o coachee para que este
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Daniela Levy é psicóloga, diretora em Coaching de Saúde & Bem-Estar na Carevolution, Master Coach, e fundadora da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL). Tem formação em Health & Wellness Coaching pela Carevolution e Wellcoaches, com certificação endossada pelo American College of Sports Medicine (ACSM). Pós-Graduada em Terapia Cognitivo-Comportamental e em Psicologia Hospitalar pelo HC-FMUSP. (daniela. levy@carevolution.com.br)
Resgatar
veja diversas possibilidades de crescimento e alcance de suas metas. Atendi clientes que estavam iniciando um processo de coaching de saúde e bem-estar e gostariam de modificar comportamentos, como fazer mais exercícios ou se alimentar de maneira mais saudável. Eles estabeleceram metas, mas geralmente tinham uma autoeficácia (crença de que vão conseguir mudar o comportamento) bem baixa. Isso ocorre, principalmente, porque as pessoas têm experiências de fracasso no passado tentando mudar comportamentos. A técnica de valorizar experiências de sucesso no passado, ainda que sejam pequenas experiências, e encontrar as estratégias que foram usadas para enfrentarem barreiras no passado é muito positiva. Resgatar e reviver experiências positivas com algum comportamento que o indivíduo deseja mudar, pessoas e ambientes que auxiliaram favorece o aumento da autoeficácia e estimula o indivíduo no alcance das metas. Também é importante lembrar que as perguntas devem ser feitas de maneira positiva e que sempre o profissional precisa reforçar e valorizar (falando das forças do cliente) os pequenos passos do cliente em direção à mudança de comportamento.
experiências positivas com algum comportamento que o indivíduo deseja mudar favorece a
autoeficácia
e o alcance das metas
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saiba mais e referências Diener, E., & Biswas-Diener, R. (2008). The science of optimal happiness. Boston: Blackwell Publishing. Fredrickson, B. Positivity. Groundbreaking research to release your inner optimism and thrive. (2009). New York: Oneworld Publications. Govindji, R., & Linley, P. A. (2007). Strengths use, self-concordance and wellbeing: Implications for strengths coaching and coaching psychologists. International Coaching Psychology Review, 2(2), 143-153. Kahneman, D., Diener, E., & Schwarz, N. (Eds.).(1999). Well-being: The foundations of hedonic psychology. New York: Russell Sage Foundation. Kaufman, S. B. Ungifted, intelligence redefined. The truth about talent, practice, creativity and the many paths to greatness. (2013). New York: Perseus Books Group. Moore, M., Tschannen-Moran, B. (2010). Coaching Psychology Manual. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. Seligman, M. Felicidade autêntica. Usando a Psicologia Positiva para a realização permanente. (Trad. Neuza Capelo) 2009 .Objetiva. Rio de Janeiro. Seligman, M. E. Florescer. (Trad. Cristina Paixão Lopes) (2011). Objetiva. Rio de Janeiro. Sheldon, K. M., & Lyubomirsky, S. (2006). How to increase and sustain positive emotion: The effects of expressing gratitude and visualizing best possible selves. The Journal of Positive Psychology, 1(2), 73-82.
neurociência
Neurociência Positiva Mudança de paradigma leva à exploração de áreas ainda não investigadas pela neurociência tradicional
A
• por marco callegaro •
Psicologia Positiva vem crescendo muito, e sua interface com a neurociência agora conta com um novo campo de estudo, a chamada Neurociência Positiva, que está começando a ser reconhecida como um campo emergente. A Neurociência Positiva estuda o que o cérebro faz bem, com foco em qualidades cognitivas valorizadas que servem para enriquecer a vida pessoal e a sociedade. Os tópicos de estudo da Neurociência Positiva se sobrepõem muito aos da própria Psicologia Positiva. No entanto fazem uso de técnicas de neuroimageamento do cérebro, se estendem ao nível comportamental e explicam a neurobiologia que subjaz aos fenômenos cognitivos positivos, como criatividade, otimismo e envelhecimento saudável. O projeto de Neurociência Positiva da University of Pennsylvania e da fundação John Templeton foi estabelecido, com generoso financiamento, em 2008,
por Martin Seligman, considerado o fundador da Psicologia Positiva. Em 2009, o projeto anunciou o prêmio de Neurociência Positiva de Templeton para trazer as ferramentas das Neurociências em uma caminhada conjunta com a Psicologia Positiva. O projeto recebeu 3 milhões de dólares para custear 15 projetos de pesquisas sobre a intersecção entre neurociência e Psicologia Positiva. Neurocientistas de renome, como Joseph LeDoux, Michael Gazzaniga, Antônio Damásio, Adrian Raine, entre muitos outros, fazem parte do conselho científico do projeto. Os tópicos contemplados no Prêmio Templeton de Neurociência Positiva são:
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neurociência
Uma nova área de pesquisa, dentro das neurociências, enfoca estados e processos positivos no funcionamento cerebral
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Virtudes, forças e emoções positivas – quais são as bases neurais das capacidades afetivas e cognitivas que permitem virtudes como disciplina, persistência, honestidade, compaixão, amor, curiosidade, inteligência prática, social, coragem, criatividade e otimismo. Habilidades excepcionais – o que é especial em cérebros de indivíduos excepcionais e o que podemos aprender com eles. Significado e propostas positivas – como o cérebro permite a indivíduos e grupos achar significado e realizar metas mais amplas. Decisões, valores e livre-arbítrio – como o cérebro permite decisões baseadas em valores e como a tomada de decisão pode ser melhorada; o que a neurociência pode revelar sobre a natureza da liberdade humana. Crenças religiosas, oração e meditação – como as práticas religiosas e espirituais afetam a função neural e o comportamento. Como um exemplo de projeto de pesquisa desenvolvido dentro do programa de neurociência positiva, podemos citar um estudo sobre funcionamento neural de pessoas altamente altruístas, como aquelas que doam um rim para um completo estranho. Foi verificado que a resposta a expressões faciais de medo permite predizer o grau de altruísmo de uma pessoa. As respostas a expressões faciais de medo dependem da amígdala e de suas conexões com o córtex pré-frontal. A investigação é focada na sensibilidade da amígdala e nas conexões desta com o córtex pré-frontal, que podem estar fortalecidas. Outro exemplo de projeto de pesquisa envolve esclarecer por que alguns pais são melhores que outros. Crianças criadas por pais que brincam com elas têm mais probabilidade de
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serem populares, de serem generosas e ter QI mais alto do que crianças criadas por pais ausentes. A pesquisa leva em conta o genótipo, os hormônios e as diferenças neurais em crianças bem cuidadas e nas mal cuidadas pelos pais, bem como o efeito de ser criado por alguém que não é seu pai. A participação dos neurohormônios oxitocina e vasopressina no cérebro e no comportamento será investigada. O projeto vai trazer uma mudança de paradigma em Neurociências, segundo Martin Seligman observou: “A pesquisa tem mostrado que as emoções positivas e as intervenções podem promover saúde, realização e resiliência, e podem lutar contra depressão e ansiedade. Enquanto pesquisa considerável na neurociência tem se focado na doença, na disfunção e nos efeitos negativos de estresse e trauma, muito pouco é conhecido sobre os mecanismos neurais do florescimento humano. Criando esta rede de trabalho de futuros líderes em Neurociência Positiva, no futuro isto mudará.” marco callegaro é psicólogo, mestre em Neurociências e Comportamento, diretor do Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) e do Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Autor do livro premiado O Novo Inconsciente: Como a Terapia Cognitiva e as Neurociências Revolucionaram o Modelo do Processamento Mental (Artmed, 2011). É presidente atual da Associação de Psicologia Positiva para a América Latina (APPAL). www.appal.org.br (Associe-se!)
saiba mais
Para saber mais sobre o prêmio e pesquisas em neurociência positiva, acesse o site www.posneuroscience.org.
educação
educação
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positiva
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Uma nova forma de educar para velhas demandas • por Miriam Rodrigues •
A
quem de nós, quando crianças, os pais desejaram a profissão de web designer, o trabalho com medicina robótica, computação positiva, o cargo de gerente de resíduos, o status de youtuber, blogueiro, vlogueiro? Nenhum de nós. Até porque essas profissões não existiam na época em que muitos de nós éramos crianças. Mas se perguntássemos aos nossos pais se eles queriam que nós fôssemos felizes, a resposta com certeza seria “sim”.
E se perguntarem para nós o que mais desejamos para nossos filhos, com certeza, a resposta será: uma vida feliz. Sou mãe da Valentina, de 6 anos, e do Adrian, de 4 anos. Eu não sei o que eles serão profissionalmente, no futuro, aliás, não sei quais serão as profissões existentes em 2.047, ano em que minha filha mais velha terá a minha idade. O que sei é que eles precisam aprender habilidades para o bem-estar. Porque são essas habilidades que os auxiliarão na construção da vida feliz, independentemente da profissão que seguirem.
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educação
Ser feliz sempre foi uma demanda,
Afinal, não importa a idade que eles tenham, eu sempre vou querer vê-los bem. Todos os dias, assim como todas as crianças, eles vão à escola aprender muito conteúdo de matemática, inglês, português etc. Mas em qual momento eles aprendem algo na escola sobre suas forças pessoais? Sobre como vivenciar e construir emoções positivas? Ter uma vida com engajamento e sentido? Contestar pensamentos distorcidos? A ter posturas assertivas? A enxergar e validar as coisas boas que lhes acontecem no dia a dia? A fazer um balanço sobre o que está indo bem? A cultivar esperança, compaixão e gratidão? A modificar seus estilos explicativos pessimistas? A ser otimista? A ser a melhor versão de si mesmo? A utilizar suas forças pessoais de modo consistente e sistemático? A natureza da felicidade e do bem-estar deve ser levada a sério desde cedo, por isso este assunto deve permear e complementar o conteúdo acadêmico. Pensemos nos cinco elementos do bem-estar: emoção positiva, engajamento, sentido, relacionamentos positivos e realização. A “fórmula” da educação positiva, segundo Seligman, seria: Bem-estar = emoções positivas + envolvimento + significado + relações
Em uma instituição onde passamos alguns anos , tal como a escola, não vale a pena voltarmos nossos esforços para a implementação de programas que auxiliem os jovens a prosperar? Segundo Martin Seligman, há razões fundamentais para que o bem-estar faça parte do currículo escolar. Em primeiro lugar há a avalanche de depressão entre jovens; depois, e não menos importante, o fato de que um maior bem-estar melhora
enquanto conteúdos e profissões mudam de acordo com o tempo e a cultura
Felicidade pode ser “dissolvida” em:
Cada aspecto pode ser mensurável e ensinado. Desse modo tem-se a educação positiva e chega-se à fórmula proposta por Seligman.
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Emoções positivas – vida agradável, nutrindo emoções positivas em relação ao passado, presente e futuro. Caráter positivo – vida com engajamento. Instituições positivas – instituições com significado. Relações positivas – vida social.
educação
Em qual momento as crianças aprendem algo na escola sobre suas
forças pessoais?
a aprendizagem, uma vez que o estado de humor positivo produz mais atenção, pensamento mais criativo e abrangente. Ainda para Seligman, tanto o modo positivo ou negativo de pensar são úteis quando utilizados nas situações certas, porém, no dia a dia da escola, há pouco espaço para se distinguir as situações adequadas. Há também pouco espaço para o pensamento criativo e abertura a novas experiências, quando observadas as aulas tradicionais. O bem-estar ensinado nas escolas seria o antídoto contra os alarmantes índices de depressão e violência que assolam tanto alunos como educadores. Quando estou nas escolas dando curso aos professores, ouço muitas metáforas bélicas do tipo: “A gente segura cada rojão!”, “A bomba sempre estoura para nosso lado!”, “Nós que estamos na linha de frente! Estamos cansados de lutar!” e “É quase uma guerra nosso dia a dia”. Para o sucesso da educação positiva é primordial o treinamento e a consultoria dos líderes escolares.
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Sobre como vivenciar e construir emoções positivas? Ter uma vida com engajamento e sentido?
Depressão entre jovens
No Brasil, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, especialistas observaram, na população geral, 526 adolescentes com idades de 15 a 19 anos. Entre eles houve a prevalência de 36% de ideação suicida. Cerca de 36% dos jovens com esse tipo de pensamento apresentavam também depressão. Outros 26,8% apresentavam desesperança moderada ou grave. O estudo foi realizado pelas pesquisadoras Vivian Roxo Borges e Blanca Susana Guevara Werlang, respectivamente da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (e Instituição Educacional São Judas Tadeu) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (acesse o estudo pelo link http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
294X2006000300012 - Informação acrescentada a este artigo pela redação.)
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educação
Emoções em pauta
Sem se dirigirem especificamente à Psicologia Positiva, entidades mundiais que se propõem a pensar e desenvolver diretrizes para uma educação do século 21 concordam que é preciso ir além do conteúdo e preparar os estudantes também emocionalmente para a vida. A expressão “competências para o século 21”, porém, abrange um conjunto de definições de habilidades que não são consenso na comunidade acadêmica e entre os educadores e gestores da educação. Essa mesma expressão é substituída, por exemplo, por sinônimos como “competências não cognitivas, habilidades interdisciplinares, transversais ou
socioemocionais”, reconhece a iniciativa PorVir.org. Entre as definições conhecidas está a dos 4Cs (abreviação em inglês), ainda segundo o PorVir. org: “comunicação, colaboração, criatividade e pensamento crítico”. Já a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) adota uma concepção de competências socioemocionais que envolve as capacidades de atingir objetivos (perseverança, autocontrole, entusiasmo para atingir objetivos), trabalhar com os outros (cordialidade, respeito, cuidado) e gerir emoções (calma, otimismo e confiança).
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Torço para que meus filhos possam vivenciar a educação positiva, pois, desse Eles também precisam conhecer seus pontos fortes, precisam aprender a corrigir seus pensamentos distorcidos, ter posturas mais assertivas e, principalmente, vivenciar emoções positivas. A educação positiva é uma transformação no paradigma, enxergando a educação como um meio pelo qual alunos e professores podem descobrir e vivenciar constantemente projetos para uma vida com significado, tomando consciência da importância dela para o cultivo do bem-estar. Desse modo preparamos os alunos para os desafios do
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modo, terei certeza de que serão adultos felizes
século 21 e melhoramos a saúde emocional de nossos docentes. Torço para que meus filhos possam vivenciar a educação positiva, pois, desse modo, terei certeza de que serão adultos felizes. Miriam Rodrigues é psicóloga, autora do livro Educação Emocional Positiva – Saber lidar com as emoções é uma importante lição. Realiza cursos e palestras em escolas para a implementação do tema. E-mail: contato@educacaoemocionalpositiva.com
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Função versus propósito de vida
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Um testemunho motivacional com foco no que de melhor temos a oferecer ao mundo • por Cláudia Ribeiro •
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o início de algumas palestras que ministro, pergunto aos participantes o que eles foram fazer ali. Muitos me olham com estranhamento e outros com olhar jocoso. Alguns, cujas forças pessoais provavelmente são entusiasmo e humor, respondem rapidamente: “Ouvir você!”. Ou ainda: “Me mandaram aqui e eu vim…”. Aí é que entram perguntas sobre as quais, muito provavelmente, ninguém costuma parar para refletir: “Afinal, o que é que você veio fazer aqui no planeta Terra?”; “Qual é o seu legado?”; “Como as pessoas se lembrarão de você?”; “Qual a sua maior contribuição ao mundo?”. Essas reflexões são tão importantes como a própria existência, pois a ela dão significado. Segundo Tal Ben-Shahar, professor doutor da cadeira de Psicologia Positiva em Harvard, não basta estipularmos metas, elas têm de ser verdadeiramente significativas. Uma vida sem propósito é uma vida que nos leva. Nos sujeitamos às condições externas e abdicamos de sermos protagonistas. Vivemos automatizados para cumprir a função escrita no crachá, levantamos todos os dias para mais do mesmo e nos esquecemos de despertar para aquilo que devemos fazer não porque é obrigatório, mas, sim, por cumprir o que trará à tona o que na essência somos. O que nos leva a pensar que não é o que se faz, mas como se faz. Se você hoje está
em uma função que não lhe agrada, se segue para o trabalho arrastando correntes aos pés, quem sabe seja o momento de optar por cumprir seu papel no mundo. Simples falar? Simples fazer, pois na própria função cotidiana é possível exercitar um novo olhar sobre suas atividades e decidir colocar o que tem de melhor nelas. E então o trabalho passa a ser um meio, um caminho para que seu propósito seja realizado, e não um fardo que traga algum dinheiro para trocar por contas ao fim de cada mês. Podemos acreditar, no entanto, deixando de lado os usuais encorajamentos vazios como “acredite em
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você veio fazer aqui seu legado?
lembrarão
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de altura. Ele me interrompe suavemente com um “aceita um cafezinho?”. E, como tenho treinado meus olhos de ver, percebi sua majestade. Tão grande parecia-me. Eu estava com aquela velha conhecida sensação de atraso, mas não tive como dizer não. E no meio do corredor estava eu saboreando um café com gosto para lembrar, memórias que estão muito mais ligadas a uma emoção do que a uma imagem. Pergunto então: será que o senhor Silvio está cumprindo seu propósito de vida na função de servir café? Percebi que seu propósito transcende sua própria função. Naqueles atemporais minutos, ele deixou sua marca em minha vida. Disseme sem uma palavra que eu deveria ir mais devagar, respirar, saborear pequenas coisas, e por isso relembrei o quanto é importante para mim desvendar o universo mágico que existe em cada pessoa que encontro. E que para tomar um cafezinho sempre há tempo.
Claudia Ribeiro é jornalista, coach e facilitadora.
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você!”, “vai conseguir!”, “pense positivo e deixará a sua função de assistente para ser CEO”. Estou falando de acreditar com planejamento. Sejamos mais pragmáticos. Estou no ponto A, sei que estarei cumprindo melhor e mais feliz o meu propósito se estiver no ponto B. O que preciso fazer para chegar lá? E fazer! Afinal, com o que mais nos deparamos hoje é o conformismo, o maldizer e a procrastinação. É mais fácil gastar nosso tempo reclamando do emprego, do nosso relacionamento conjugal, do governo, do trânsito, do chefe – por aí a lista segue infindável – ou ainda dedicando muito da nossa energia e de nosso pensamento às interações efêmeras e por vezes pouco refletidas do WhatsApp ou do Facebook. Coragem mesmo temos quando decidimos construir nossas histórias e experiências, quando decidimos fazer a diferença no mundo e a diferença do mundo em nós. E somente colocando em prática nossas forças e virtudes é que conseguimos deixar nossa marca. Descobri-las também não é nenhum trabalho hercúleo. Muito embora questionados, sempre sabemos o que precisamos melhorar e quase nunca o que já temos de melhor. Fomos construindo esta forma de ver a nós mesmos e aos outros. Procuramos sempre o que está quebrado, Afinal, o que é que sujo e fora do lugar. Olhos viciados. Para encontrar nosso pessoal há de no planeta tesouro se buscar onde é fácil fazer, onde é prazeroso Terra? Qual é o fazer. Digo também porque nem só de Como as pessoas prazer vivemos, o ser humano é muito mais se complexo que isso, inúmeras emoções de você? nos povoam, e todas devem ser vistas com um olhar de quem percebe e vê a motivação de cada uma delas. É dessa forma que vamos nos conhecendo e experienciando aquilo em que colocamos o nosso melhor. Em uma empresa que atendo, há um senhor chamado Silvio – sua função é servir café para os clientes. Entusiasta que sou, às vezes carrego na tinta e passo apressadamente por um dos corredores com um único foco: a sala de treinamento. De repente, me deparo com um sorriso largo dentro dos seus mais ou menos 1,55 m
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Muito prazer, meu nome é Mara! Um depoimento de resiliência e positividade • por Mara Laimgruber •
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reio que, em tempo de apresentações, nada melhor do que falar na primeira pessoa para facilitar um contato que desejamos ser próximo e profícuo. Sinto-me à vontade para relatar aqui fatos íntimos, pois os computo como exemplo claro da importância do locus de controle e das emoções positivas, princípios a mim revelados com mais clareza após o entendimento da Psicologia Positiva. Aos 23 anos, senti subitamente o lado esquerdo de meu corpo perder as forças. Começava, então, uma longa peregrinação a consultórios, permeada de novos sintomas e remissões. Seis anos depois, enfim, o diagnóstico correto: fui oficialmente apresentada à Esclerose Múltipla, doença autoimune que afeta o cérebro e a medula espinhal. Comunicaram-me, então, que a doença tinha etiologia desconhecida, poderia manifestar-se através de praticamente qualquer sintoma neurológico e frequentemente evoluiria com a perda de capacidades físicas e cognitivas. Não havia nada a fazer: “Sinto muito”, jamais esquecerei! É importante ressaltar que muito se evoluiu desde então, tornando normal a vida da maioria dos portadores da doença.
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“Fui oficialmente apresentada à Esclerose Múltipla.
O que fazer?
Minhas gêmeas, então com cinco anos,
O que fazer? Minhas gêmeas, então com cinco anos, precisavam crescer em meio a de mim! Não deveriam crescer em meio a choro e lamentações; choro e lamentações; ” não seria justo! Foi esse sentimento que a princípio me moveu, e, sem querer, eu começava meu “treinamento”. A esclerose múltipla estava instalada, e não havia remédio ou controle. A postura diante disso era escolha minha. Pouco ou muito tempo, precisava torná-lo o melhor possível. E tornou-se! Mesmo após muitos altos e baixos, hoje, a maioria de minhas poucas sequelas é imperceptível e intercorrente, fato não muito comum em antigos portadores. O que me orientou foi fruto de resiliência aprendida. Comecei a prestar mais atenção e valorizar as experiências que vivia. Não tinha ideia do quanto isso me auxiliaria... ser positivo é diferente de ser idealista. Pessoas positivas, via de regra, são realistas. Apenas acreditam que tudo pode acabar bem! Tudo ficou mais claro quando conheci a Psicologia Positiva! Apaixonei-me a ponto de usá-la como base em meu trabalho de coach. Por intermédio dela, conheci minhas forças, minhas habilidades, meus talentos e valores e aprendi a lidar melhor com
não seria justo!
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eles. E é tão óbvio... Se você não sabe quem é, como saber a melhor direção a seguir? A Ciência fortaleceu atitudes em mim, e, enfim, eu percebia o seu caráter preventivo! Emoções positivas promovem mudanças duradouras e provocam alterações bioquímicas capazes de gerar neuroplasticidade e neurogênese, aumentando e melhorando, com isso, as sinapses, o que, em meu caso, foi de suma importância para o bom prognóstico. Em síntese: conheça seus GAPs, mas não mantenha o foco neles! Não que seja fácil... É um exercício constante, como todo treino. Mata-se um leão por dia, mas, pensando bem, quem não? Afinal, a felicidade deve ser um processo, não um resultado! MARA LAIMGRUBER é coach do IPPC.
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precisavam de mim! Não deveriam
Em busca do hambúrguer perfeito
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Qual é o seu hambúrguer preferido? Ou, melhor, sua maneira de encarar a sua vida? • por Fabíola Bernardo •
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o me deparar com a chance de compartilhar visões sobre um assunto que me desperta tanto entusiasmo como é a Psicologia Positiva, logo percebi que a tarefa exigia um passo que para mim é bem difícil: escolher um tópico – dentre tantos tão interessantes – para abordar. A própria natureza desta área de conhecimento me ajudou a resolver a questão. A meu ver, um dos aspectos mais proveitosos da Psicologia Positiva é ter conseguido construir uma ponte entre o conhecimento acadêmico, com seu rigor científico, e o público em geral através do uso de uma linguagem compreensível (aos “meros mortais”). E este é um feito e tanto! Traduzir conhecimento científico, comprovado através de estudos e pesquisas que seguem todo o rigor da academia para uma linguagem palatável é algo admirável. Pois bem, foi com isto em mente que me lembrei de uma passagem do livro Happier de Tal Ben-Shahar, professor durante anos da disciplina de Psicologia Positiva da Universidade de Harvard, que ilustra muito bem esta
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característica da disciplina (no Brasil, a versão em português da publicação é o livro Seja Mais Feliz, editora Academia de Inteligência, 2008). Ele faz uso de uma metáfora sobre hambúrgueres – que por sinal a-do-ro (tanto metáforas quanto hambúrgueres) – para ilustrar quatro formas de levar a vida, que me levou a uma reflexão sobre a melhor forma de encarar nosso dia a dia, e que compartilho com vocês agora. Não vou entrar em detalhes sobre como o hambúrguer entra na história, assim vocês ficam curiosos e têm mais um motivo para ler o livro; só vou dizer que o autor fez uma formulação teórica em que divide as pessoas em quatro arquétipos, de acordo com seu comportamento a respeito de como – e quando – esperam os benefícios de suas
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“Não vou entrar em detalhes sobre como o hambúrguer entra na história, assim vocês ficam curiosos e têm mais um motivo para ler o livro”.
ações ou, usando a metáfora do hambúrguer, de acordo com o hambúrguer que cada um procura. O primeiro tipo vai em busca de um hambúrguer vegetariano, supersaudável, mas cujo sabor deixa muito a desejar. Este é o arquétipo do corredor, pois ele está sempre correndo atrás de um benefício futuro, quase sempre em detrimento de aproveitar o presente. O corredor nunca está satisfeito, pois sempre que consegue algo, começa a perseguir um novo objetivo, estuda para ter um bom emprego, consegue um bom emprego e então tem que ser promovido e assim por diante. O segundo tipo é o que busca um hambúrguer do tipo “junk food”, supersaboroso e nada saudável, aquele com o qual vai se deliciar, mas que trará consequências negativas no futuro. Este tipo é o hedonista, ele busca o prazer aqui e agora, sem se preocupar muito com as consequências dos seus atos. O hedonista vive quase como se não houvesse amanhã, o importante é a satisfação agora, e como resultado existe uma falta de propósito em sua vida. O terceiro tipo é o niilista, que o autor contextualiza como aquele que desistiu da vida. O hambúrguer do niilista não é saboroso nem saudável. Ele não traz a satisfação de comer algo delicioso, nem a sensação de segurança de que comendo algo saudável evitará problemas futuros. Assim, o niilista é aquele que está fixado no passado, especialmente em falhas, e acredita que nem vale a pena tentar, pois nada do que faça vai trazer resultados positivos e ele nem tenta mudar a situação. E o quarto tipo? Bem, e se houvesse um hambúrguer que fosse tão saboroso quanto saudável? Que propiciasse uma experiência maravilhosa de sabor, com consequências também positivas? Este é o arquétipo da felicidade, que traz benefícios tanto no
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presente quanto no futuro. Este é o hambúrguer perfeito! Mas é possível conseguirmos o hambúrguer perfeito? Sim, é possível, mas não o tempo todo. A verdade é que flutuamos entre os tipos – apesar de que, em minha opinião, em geral um deles é mais presente na maior parte do tempo. O importante é ter em mente que é este o hambúrguer que devemos buscar em nossa vida. A pergunta que devemos nos fazer é como posso ser feliz agora e no futuro? Como posso equilibrar o que faço hoje com meus objetivos futuros? E para isto preciso ter objetivos, ter um propósito, saber qual a minha missão de vida, que hambúrguer eu quero fazer? Também preciso saber quais são meus talentos, minhas forças, meus pontos fortes – os melhores ingredientes que tenho para o meu hambúrguer – e pensar em como usálos no meu dia a dia. A Psicologia Positiva nos mostra que fazendo isto é possível ter experiências de bem-estar subjetivo, ou seja, de felicidade. Nas palavras de Tal BenShahar, para alcançar felicidade duradoura é preciso que desfrutemos da jornada a caminho de um objetivo que consideremos relevante. Então, mais do que procurar, vamos montar nosso hambúrguer perfeito! Fabíola Bernardo é psicóloga e coach no IPPC.
Ficha técnica
Happier – Learn the Secrets to Daily Joy and Lasting Fulfillment Autor: Tal Ben-Shahar. Editora: McGraw-Hill Education. Ano: 2007. (Versões impressa, áudio e Kindle disponíveis na amazon.com) Versão traduzida pode ser adquirida aqui.
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Jornal com boas notícias
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Foi lançado em setembro deste ano um jornal só com boas notícias, o World’s Best News. Trata-se de uma iniciativa no âmbito do Ano Europeu para o Desenvolvimento, da União Europeia, em cooperação com a Organização das Nações Unidas e a DANIDA (da sigla em inglês para Danish International Development Agency – Agência Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional), além do envolvimento de mais de cem ONGs dinamarquesas e cem empresas privadas. O conteúdo relaciona eventos positivos nos países em desenvolvimento e seus desdobramentos e sua repercussão. A distribuição da versão impressa está ocorrendo em 19 países, em 24 línguas diferentes (ainda não há no Brasil). Em Portugal, nas cidades de Aveiro, Porto e Lisboa, até o fechamento de MIP Mag, planejava-se a distribuição de 20 mil jornais positivos, em parceria com o Instituto Camões, segundo o site noticioso português RTP. A versão global digitalizada do jornal (em inglês e dinamarquês) está disponível para download no site worldsbestnews.dk, que também divulga os destaques de cada edição de forma randômica, em sua homepage. Logo na primeira edição de World’s Best News há um relatório científico que mostra que o mundo poderá se ver livre da malária em 25 anos. Uma reportagem mostra, ainda, que mais da metade dos dinamarqueses acredita que o mundo mudou para pior, nos últimos vinte anos, ao passo, porém, do decréscimo sensível da mortalidade infantil, da fome e da doença ao redor do mundo. Isso em paralelo com o aumento da expectativa de vida e da renda per capita também em âmbito global. Nota da redação: Aqui em MIP Mag você também verá notícias positivas, do Brasil e do mundo ao longo das edições e em nosso site, MakeItPositiveMag.com Esta seção prestigia e divulga o trabalho da Good News Agency, que proporciona boas notícias às mídias do mundo inteiro, com material em inglês, italiano e português. (clique no link para saber mais)
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Desmatamento mundial diminui
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A marca do otimismo em nosso cérebro Um estudo publicado no periódico Social, Cognitive and Affective Neuroscience mostrou a relação entre o córtex órbitofrontal no cérebro e a ansiedade. Quanto mais desenvolvida essa região, que fica atrás dos olhos e é responsável pela integração entre emoção e pensamento e pela modulação do comportamento, menos ansioso é o indivíduo. E o que a Psicologia Positiva tem a ver com isso? Tem a ver que os achados dos cientistas, nessa mesma pesquisa, apontam para o otimismo como fator relacionado a um córtex órbitofrontal maior. Os pesquisadores Sanda e Florin Dolcos, e o estudante de graduação Yifan Hu, da Universidade de Illinois, são os responsáveis pela pesquisa. Sanda sugere que, por enquanto, para melhorar os níveis de ansiedade, devemos focar o comportamento otimista. Já Florin explica que estudos futuros vão demonstrar como essa relação entre otimismo/ ansiedade/ cérebro acontece (se é preciso, primeiro, desenvolver a postura otimista, para aumentar o córtex orbitofrontal e neutralizar a ansiedade; ou se agindo diretamente no órbitofrontal tem-se o comportamento otimista desenvolvido e a ansiedade neutralizada). As informações são do site ScienceDaily.com. Para saber mais: Sanda Dolcos et al. Optimism and the Brain: Trait Optimism Mediates the Protective Role of the Orbitofrontal Cortex Gray Matter Volume against Anxiety. Social, Cognitive and Affective Neuroscience, September 2015. DOI: 10.1093/scan/nsv106 A Sekiguchi, M Sugiura, Y Taki, Y Kotozaki, R Nouchi, H Takeuchi, T Araki, S Hanawa, S Nakagawa, C M Miyauchi, A Sakuma, R Kawashima. Brain structural changes as vulnerability factors and acquired signs of postearthquake stress. Molecular Psychiatry, 2012; 18 (5): 618. DOI: 10.1038/mp.2012.51
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As florestas do mundo continuarão a diminuir enquanto as populações continuarem a aumentar e o terreno das florestas for convertido em agricultura e outros usos, mas nos últimos 25 anos o ritmo do desmatamento mundial diminuiu mais de 50%, de acordo com um estudo da FAO* anunciado recentemente. Cerca de 129 milhões de hectares de floresta, uma área equivalente ao tamanho da África do Sul, foram perdidos desde 1990, de acordo com a revisão florestal mais abrangente até o momento realizada pela FAO, a Avaliação de Recursos Florestais Mundiais 2015. Foi notado, entretanto, que um número maior de florestas está sob proteção, pois os países estão melhorando seus manejos florestais. O estudo da FAO cobre 234 países e territórios e foi apresentado no Congresso Mundial da Silvicultura nesta semana, em Durban, África do Sul. O diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, notou uma “tendência encorajadora rumo à redução das taxas de desmatamento e de emissão de carbono das florestas”, assim como uma informação melhorada pode gerar em boa política. A taxa líquida anual de perda de florestas diminuiu de 0,18% no começo dos anos 90 para 0,08% durante o período de 2010-2015.
*Food and Agriculture Organization
(Fonte: Good News Agency*/ http://www. fao.org/news/story/en/item/326911/icode/)
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Terras para as famílias rurais, na Zâmbia
(Fonte: Good News Agency*/ https://www.danchurchaid. org/news/news/new-models-of-securing-customary-landpiloted-in-zambia)
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O Dan ChurchAid (DCA), em parceria com a Zâmbia Land Alliance (ZLA), está testando novas formas de garantir os direitos de propriedade de terra para a maioria das famílias rurais pobres da Zâmbia, por meio de um projeto em que se encoraja os chefes tradicionais a emitirem certificados de posse. Ele é chamado, em inglês, de Enhancing Sustainable Livelihoods for the Poor and Marginalised Households through Land Tenure Security (SULTS), e é destinado a capacitar as comunidades pobres e marginalizadas para tornar os líderes locais legalmente responsáveis pela administração de terras tradicionais. Ele é cofinanciado pela União Europeia e pela DCA, e implementado pela ZLA em colaboração com parceiros associados, como: Gwembe District Terra Alliance (GDLA) e Monze District Terra Alliance (MDLA). O projeto é voltado para mais de 4 mil famílias nos distritos de Gwembe, Monze e Solwezi.
Rico, mas grato, para ser feliz “Dinheiro não traz felicidade” é o bordão repetido por gerações e comprovado pela ciência. O que há de novo, agora nesse universo, é um achado científico que revela a gratidão como fator relacionado a um maior nível de bem-estar e satisfação com a vida entre aqueles que amam o dinheiro. O cientista James Roberts, da Universidade de Baylor, e seus colegas observaram 249 estudantes universitários e seu comportamento materialista. O achado principal confirmou o bordão já mencionado e constatações de pesquisas anteriores: quem associa dinheiro à felicidade experimenta menor satisfação com a vida. Esse
comportamento associado à vivência de emoções positivas (principalmente a gratidão, a que mais contrasta com o materialismo) resultou, porém, nos índices diferentes. Os pesquisadores associam uma vida mais social e menos individualista e autofocada, típica nos indivíduos que praticam a gratidão (ainda que estes sejam ricos e gostem disso) ao maior nível de bem-estar e satisfação com a vida. Para saber mais: James A. Roberts, Jo-Ann Tsang, Chris Manolis. Looking for happiness in all the wrong places: The moderating role of gratitude and affect in the materialism–life satisfaction relationship. The Journal of Positive Psychology, 2015; 1 DOI: 10.1080/17439760.2015.1004553
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África alcança marco importante sobre a pólio O dia 11 de agosto de 2015 foi um marco significativo para a África em seus esforços para erradicar a pólio do continente. Um ano se passou desde o último caso relatado causado pelo vírus selvagem da poliomielite. A Somália foi o último país a identificar um novo caso, que aconteceu no dia 11 de agosto de 2014. Mesmo a África tendo alcançado um novo marco da saúde pública, o trabalho ainda não está concluído. Para acabar com a pólio para sempre, todos os países – tanto endêmicos quanto não endêmicos – devem fortalecer sua rotina de imunização, cuidar de lacunas na vigilância da doença e fazer mais para alcançar crianças que não foram encontradas pelos vacinadores. (…) Os membros do Rotary têm um papel-chave nos esforços de erradicação da doença. Eles lideraram o levantamento dos fundos, advogaram pelo apoio do governo, aumentaram a conscientização e mobilizaram voluntários em locais necessários. (...). Até 2018, a Fundação Bill e Melinda Gates está igualando 2 para 1 cada dólar que o Rotary angariar para a pólio, até 35 milhões por ano.
Resiliência, de pai para filho Artigo publicado na revista Psychology, de autoria de Lea Walters, da Melbourne Graduate School of Education, Austrália, descreve os benefícios de uma educação que provém de pais que valorizam seus próprios pontos fortes. Ao agir da mesma maneira em relação às qualidades de seus filhos, podem promover o aumento da resiliência e o manejo adequado do stress nos pequenos. O “stress bom” (tal como o stress provocado por novas situações na vida ou desafios de aprendizagem, dentre outros exemplos) favorece o desenvolvimento de estratégias positivas de enfrentamento de problemas, diz o professor Walters. Já o “stress tóxico” (intenso e de longa duração) deve ser o alvo do comportamento parental em questão. Indo além do suporte emocional oferecido pelos pais a seus filhos, valorizar estados positivos e qualidades dos pequenos cria filtros que modulam suas respostas emocionais às situações, evitando que se utilizem de recursos de esquiva ou agressividade frente a um desafio, por exemplo, diz o paper. Para chegar a essa conclusão o autor observou 103 crianças australianas em idade pré-escolar, relacionando suas estratégias de coping em situações simuladas e o perfil dos pais de cada criança. imagens: freepik
(Fonte: Good News Agency*/ https://www.rotary. org/myrotary/en/news-media/africa-reachesimportant-polio-milestone)
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Fonte: ScienceDaily.com. O estudo completo pode ser baixado do site www.scirp.org.
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Nesta seção você verá conceitos e definições da Psicologia Positiva abordados ao longo da revista. (Elaboração: Equipe IPPC)
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Locus de controle
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Trata-se de um constructo que visa explicar de onde o indivíduo percebe ser a fonte de controle de sua vida. Existem dois tipos de locus de controle: O locus de controle Externo (quando o indivíduo percebe sua vida como sendo controlada por fatores externos a ele mesmo) ou o locus de controle interno (quando o indivíduo sente estar ele próprio no controle de sua vida). Embora oscilem entre essas duas percepções, as pessoas possuem um estilo de locus de controle predominante e na pesquisa de Lilian Graziano sobre Felicidade e locus de controle, essa pesquisadora encontrou uma correlação positiva significativa entre locus de controle interno e felicidade. (Para saber mais acesse: http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/47/47131/tde-23052006164724/pt-br.php)
Flow:
Felicidade:
Partindo da ideia de felicidade de Aristóteles (eudaimonia), ainda no século IV a.C., a Psicologia Positiva acredita na felicidade como resultado de uma vida virtuosa. Não parte da ideia de que só devemos ter ocorrências positivas na vida para nos considerarmos felizes, mas sim, colocarmos na balança todos o momentos e ter uma percepção positiva da vida, um foco no que há de bom e que pende a balança para uma vida feliz.
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O conceito de flow foi desenvolvido pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi que a partir do estudo do processo criativo, interessou-se pelo fenômeno da motivação intrínseca. O estado de flow, também chamado de experiência máxima, faz com que o indivíduo se envolva completamente na atividade que está exercendo, empregando nela aquilo que de melhor ele tem a oferecer. Por essa razão, nos momentos de flow, atividade e sujeito tornam-se um só. Ao agir na sua zona de excelência, o sujeito que experimenta o estado de flow não precisa de supervisão, controle ou qualquer tipo de monitoramento externo na medida em que a atividade exercida lhe é intrinsecamente recompensadora. O flow pode ser conseguido em qualquer tipo de experiência. Porém há pessoas que o conquistam no exercício profissional, tornando seu trabalho uma importante fonte de gratificação e, por extensão, de felicidade. Hoje já existem empresas no mundo todo interessadas em promover o flow no ambiente organizacional, numa típica iniciativa na qual todos saem ganhando.
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Forças pessoais
A partir do conceito de felicidade como resultado de uma vida virtuosa, os pesquisadores estudaram vários códigos de conduta da cultura oriental e ocidental, tais como bíblia, alcorão, bushidô etc., procurando virtudes comuns a todos eles. Chegaram, assim, a seis virtudes: sabedoria, coragem, humanidade, justiça, moderação e transcendência. O próximo passo surgiu do questionamento: quais as características que um ser humano deveria ter para conquistar tais virtudes? Os pesquisadores chegaram, assim, a 24 características, as quais denominaram de forças pessoais. Nesse sentido, as forças pessoais são:
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Gratidão Bravura e Valor Justiça e Equidade Humor Liderança Perdão Bondade e Generosidade Cidadania Entusiasmo e Energia Criatividade e Originalidade Curiosidade
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Espiritualidade e Senso de Propósito Apreciação da Beleza e da Excelência Capacidade de Amar e Ser Amado Humildade e Modéstia Esperança Amor pelo Conhecimento Inteligência Social Integridade e Autenticidade Perspectiva e Sabedoria Prudência Pensamento Crítico e Lucidez Perseverança Autocontrole e Autorregulação
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arquivo pessoal
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“A
curiosidade que desperta uma pergunta, o pedido de colo para um aconchego, uma frase engraçada, um simples sorriso. Cada ato desses em meus filhos representa uma pequena dose de bem-estar. São essas e outras pequenas doses do cotidiano que constroem a minha felicidade!” Otavio Marques, biólogo
Este espaço é seu! Conte pra gente suas vivências no email mipmag@psicologiapositiva.com.br 45