Revista Morashá - ed 112

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LIVRO

DICIONÁRIO DOS REFUGIADOS DO NAZIFASCISMO NO BRASIL Eram músicos, escritores, pintores, atores, cientistas, matemáticos, arquitetos, médicos, fotógrafos, dançarinos, empresários e até palhaços de circo, policiais e técnicos de futebol. Todos refugiados e refugiadas do nazifascismo, que buscaram salvação a partir de 1933. São relembrados em 300 biografias ilustradas, representando os milhares de fugitivos que fizeram ou refizeram a vida e a carreira em nosso país e tanto contribuíram para a

Berta LORAN - Atriz Varsóvia, Polônia, 23-03-1926 No Brasil, de 1939 a 1946, de 1948 a 1957, e desde 1963 Basza Ajs nasceu em Varsóvia, filha do casal judeu Clara e José Ajs, que teve, além dela, mais seis filhos. O endereço da família, rua Mila, 53, mais tarde estaria situado no coração do Gueto de Varsóvia, em que os judeus foram confinados e depois massacrados. Teve uma infância de privações: ocupava um quarto com 14 pessoas, entre parentes e funcionários do pai. Ao ouvir num programa radiofônico a ameaça de que os nazistas exterminariam os judeus, José Ajs, alfaiate e ator, resolveu emigrar com a família, e o país escolhido foi o Brasil. O único filho que não os acompanhou acabou capturado e morto.

sociedade brasileira. Cada trajetória, uma epopeia, desde o nascimento e a formação no Velho Mundo, os terríveis perigos e sofrimentos enfrentados com a chegada do nazismo, as lutas e peripécias para conseguir escapar, obter vistos e embarcar rumo à liberdade. O Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, coordenado pelo historiador Israel Beloch, relata tudo isso. É mais uma publicação

da Casa Stefan Zweig, sediada em Petrópolis e voltada para a divulgação e o estudo da obra do grande escritor austríaco aqui falecido e do papel dos refugiados que, como ele, escaparam do totalitarismo. Nas próximas edições da Morashá, traremos algumas das biografias contidas no Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, livro que está sendo traduzido ao inglês e publicado com o patrocínio do Banco J. Safra Sarasin. Iniciamos com a biografia da atriz Berta Loran.

Desembarcou no Rio de Janeiro em 1939. O pai, empregado em peças teatrais encenadas em iídiche, estimulou-a seguir a carreira artística. Um ano depois, com 14 anos, ganhou seu primeiro papel no teatro, na peça O espírito. Com a irmã Bela, formou a dupla A Bela e a Berta, que se apresentava à comunidade judaica carioca. Em 1946, o empresário Isaak Liubeltchik contratou-a para atuar na Argentina. Em Buenos Aires atuou em peças teatrais, algumas das quais em iídiche, e casou-se com o também ator Saul Handfuss, cerca de 30 anos mais velho. Admitiria mais tarde que o matrimônio fora a maneira encontrada para sair de casa e garantir autonomia. Com o declínio das produções teatrais portenhas em iídiche, decidiu regressar ao Brasil. 74

De volta ao Rio de Janeiro, o maestro Armando Ângelo lhe ofereceu, em 1951, um papel em O pudim de ouro, peça do teatro de revista, gênero de forte apelo popular. Desde o início da sua trajetória artística, despontou em papéis cômicos. Ainda em 1951, fez sua estreia na televisão, no programa Grande revista, exibido


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