Morashá - Ed 114

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HISTÓRIA

O ENIGMA ETHEL POR ZEVI GHIVELDER

EM JUNHO DE 1953, O CASAL DE JUDEUS JULIUS E ETHEL ROSENBERG FOI ELETROCUTADO NUMA PRISÃO EM NOVA YORK, CONDENADO POR ESPIONAGEM EM FAVOR DA UNIÃO SOVIÉTICA. ESSA TRÁGICA EXECUÇÃO ATÉ HOJE ESTIMULA CONTROVÉRSIAS. MUITOS AFIRMAM QUE O CASAL FOI VÍTIMA DA PARANOIA ANTICOMUNISTA ENTÃO EXISTENTE NA AMÉRICA. OUTROS PERCEBEM DIGITAIS ANTISSEMITAS NA ACUSAÇÃO E INSISTEM NA INOCÊNCIA DE ETHEL, MÃE DE DOIS FILHOS PEQUENOS QUANDO FOI MORTA.

E

thel Rosenberg, Greenglass de solteira, neta de imigrantes, nasceu em Nova York no dia 25 de setembro de 1915. Teve a infância marcada por extremas dificuldades. Seu pai mantinha uma pequena oficina de consertos elétricos no Lower East Side, bairro com predominância judaica em Nova York. Ethel, os pais e o irmão David, sete anos mais novo, moravam num minúsculo apartamento situado em cima da oficina, que sufocava no verão e gelava no inverno. Depois de terminar o ginásio, Ethel pretendia continuar a estudar, mas para isso só havia recursos para o irmão e ela teve que começar a trabalhar para ajudar no sustento da casa.

Essa iniciação política, que parecia circunstancial, acabou tendo forte impacto em sua vida. Era natural que Ethel se envolvesse até a radicalização nas atividades partidárias em função da crescente ascendência da esquerda nos Estados Unidos. De 1920 a 1950, o partido comunista americano era uma força dinâmica na vida política do país, contando com uma expressiva quantidade de judeus, sobretudo mulheres, filhas e netas de imigrantes fluentes no idioma iídiche e promotoras de intensas atividades culturais. O partido cresceu de cerca de 10 mil afiliados, em 1930, para 40 mil no final da década, dos quais pouco menos da metade era constituída por judeus. No entanto, estes começaram a abandonar o partido após o pacto celebrado por Hitler e Stalin, em 1939, e essa deserção foi devastadora nos anos seguintes ao fim da 2ª Guerra Mundial, quando o susto da Guerra Fria acentuou o patriotismo americano, que também se estendeu às comunidades judaicas de costa a costa do país.

Primeiro, obteve um emprego como balconista. Depois, como recepcionista em uma empresa de navegação. Só lhe restava um lazer: tinha bela voz e participava de um prestigiado conjunto amador de canto coral. Sua primeira incursão na política se deu aos 20 anos de idade por ocasião de uma greve comandada por seu sindicato que abrigava numerosos membros do partido comunista americano, ao qual Ethel aderiu com entusiasmo, apoiada pelos pais, mesmo porque ela e o irmão já haviam sido doutrinados por eles, marxistas convictos.

Ethel conheceu Julius Rosenberg numa festa de ano novo em 1936, promovida por uma organização afiliada ao partido comunista na qual se apresentava o coral em que cantava. Julius nasceu em Nova York 18


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