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Luzes sobre os escritores e artistas DE LÍNGUA iídiche POR Maria Luiza Tucci Carneiro
O iídiche, enquanto língua de origem e tradicional, era amplamente difundido entre os imigrantes judeus da Europa Oriental e Central que, ao chegarem ao Brasil, continuavam a empregá-lo na vida privada e em público, nos encontros familiares e comunitários.
O
idioma, que se formou no século 12 derivado do dialeto francônio do alemão medieval, servia como intercomunicação do dia-a-dia, distinguindo-se entre as várias comunidades judaicas na Diáspora. Sempre presentes, os falantes do iídiche marcaram seus espaços através do teatro animado por bufões, mímicos, palhaços, dançarinos, acrobatas e trovadores. Foi durante a Idade Média na Europa que o teatro iídiche circulou de aldeia em aldeia animando o povo carente de cultura e lazer.
Infelizmente, muitos artistas do teatro iídiche tiveram suas vidas interrompidas pelos nazistas durante o Holocausto. Apesar do perigo de ser acusado de conspiração por “falar uma língua esquisita”, o iídiche foi usado pelos prisioneiros asquenazitas nos guetos e nos campos de concentração. Anos depois, os sobreviventes do Holocausto inseriram o iídiche em suas narrativas como uma forma de lembrar os velhos tempos vivenciados em suas aldeias e cidades do Leste Europeu. Aqui em São Paulo, por exemplo, convivemos com o músico Salomon Zauder (1923- 1998), natural de Cracóvia, que assim como seu irmão David Zauder (1928-2013), foi criado nessa cidade, no meio de músicos. Seu pai, Kalman Zauder, era alfaiate e tocava bateria em um teatro iídiche, enquanto sua mãe, costureira, confeccionava fantasias para o mesmo teatro. Apesar das dificuldades enfrentadas pelos judeus falantes do iídiche na Alemanha e na Europa Oriental durante o nazismo, apesar do fenômeno de assimilação e integração dos imigrantes judeus na sociedade não-judaica, o teatro iídiche deixou o seu legado.
Ainda que nos seus primórdios fosse um dialeto popular sem muita representatividade cultural e literária entre os intelectuais, o iídiche criou raízes e sobreviveu como uma forma de falar, fazer arte e produzir cultura. Influenciado pelo Iluminismo, ganhou forças nas primeiras décadas do século 19 ao ser recuperado por um movimento de jovens cientes das possibilidades de comunicação com as massas. Hoje mantém-se apenas entre os remanescentes da velha geração, lembrado pelo espírito alegre dos atores e diretores que falavam o iídiche, pelo conteúdo irônico das piadas, pelo ato brincalhão de “rogar suas pragas” e do cantarolar de antigas canções popularizadas pelas tradição oral.
Felizmente contamos com a atuação de alguns estudiosos brasileiros da língua e da cultura iídiche que, nestas 52