Revista Morashá - ed 110

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HISTÓRIA

O ÊXODO DO SÉCULO 20 Por ZEVI GHIVELDER

NO DIA 15 DE JUNHO DE 1970, ONZE JUDEUS SOVIÉTICOS CAPTURARAM UM AVIÃO NO AEROPORTO DE LENINGRADO. PRETENDIAM VOAR PARA A SUÉCIA E DE LÁ PARA ISRAEL. FORAM PRESOS E NO DIA 28 DE DEZEMBRO DO MESMO ANO, SENTENCIADOS A LONGAS PENAS. ESTE JULGAMENTO FOI O ESTOPIM DE UM PROTESTO QUE TRANSFORMOU O MUNDO JUDAICO E O ESTADO DE ISRAEL.

A

vida dos judeus na Rússia e na União Soviética foi marcada por muitos séculos com sangue e lágrimas. A repulsa aos judeus está entranhada na alma russa desde o século 11, quando se constituiu a Igreja Ortodoxa Russa que consagrou nos respectivos cultos apenas o Novo Testamento e, portanto, ignorou as raízes bíblicas do Povo Judeu, acusado para sempre como “responsável pela crucificação de seu Senhor”. É um sentimento que perdurou por dois mil anos e até hoje permanece vivo.

No início da revolução soviética, foi o judeu Leon Trotsky, cujo verdadeiro sobrenome era Bronstein, quem assumiu as rédeas do país ao lado de Lenin. Somente meses mais tarde, ao ocupar um posto menor no novo governo, o georgiano Iossif (depois Joseph) Vissarianovitch Ivanovitch Djugashvili, autodenominado Stalin, criou um departamento que deu origem à Yevsektzia, braço judaico do Partido Comunista. De dezembro de 1918 a agosto de 1919 coube a este órgão a bem-sucedida missão de abolir nas escolas judaicas o ensino do idioma hebraico, proibir as lições religiosas, suprimir qualquer manifestação de caráter sionista e eliminar todas as instituições judaicas tidas como incompatíveis com o marxismo. Cumprida a tarefa, Stalin escreveu um artigo para uma publicação soviética, no qual afirmou: “As massas judaicas agora têm sua pátria-mãe socialista que está sendo defendida ao lado dos trabalhadores e camponeses russos contra o imperialismo ocidental e seus agentes. A questão judaica não mais existe na Rússia soviética. Os trabalhadores judeus e as massas operárias doravante possuem direitos civis e nacionais”. E a última frase, uma síntese da falsidade: “A cultura judaica não mais encontra obstáculos para o seu desenvolvimento”. A maioria dos judeus se deixou

O antissemitismo russo se intensificou a partir do século 19 com uma horrenda sucessão de pogroms (matanças) que primeiro tiveram como alvos aldeias com maioria de população judaica e depois se estenderam até cidades como Kishinev, em 1903, e Kiev, em 1919, ambas na Ucrânia. A matança em Kiev foi particularmente dolorosa para milhares de judeus que, impregnados pelo nacionalismo e pelo marxismo emergente da 1ª Guerra Mundial, acreditaram que uma sociedade igualitária significaria sua aceitação na sociedade. Reproduzo, a seguir, um texto já publicado nestas páginas (Morashá, no. 78) que expõe de forma sucinta a traição dos bolcheviques aos judeus. 22


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