´ BLUMENAU e nº1 Setembro 2012
Notícias do Dia O melhor para quem vive a cidade
Para conhecer mais sua cidade
Panorâmica
Os novos rumos para a indústria e verticalização do mercado imobiliário Horizontes
Ensino superior atrai investimentos, e setor de eventos mobiliza o turismo Almanaque
A tradição viva nos clubes de caça e tiro, nas cervejarias artesanais e na Vila Itoupava
162 anos EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO
A HERANÇA DA IMIGRAÇÃO E A VANGUARDA NA ECONOMIA SE MISTURAM NA CIDADE-SÍMBOLO DO VALE DO ITAJAÍ
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Editorial
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BLUMENAU
Uma publicação do Grupo RIC PRESIDENTE
Mário J. Gonzaga Petrelli
Grupo RIC/SC VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO
Marcello Corrêa Petrelli DIRETOR COMERCIAL
Reynaldo Ramos DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO
Albertino Zamarco Jr. DIRETOR OPERACIONAL
Paulo Hoeller DIRETOR REGIONAL BLUMENAU
Roberto Bertolin DIRETOR DE REDAÇÃO NOTÍCIAS DO DIA
Luís Meneghim
Revista BLUMENAU É COORDENADOR-GERAL, EDIÇÃO DE ARTE, DIAGRAMAÇÃO E FOTO DE CAPA
Victor Emmanuel Carlson GERENTE COMERCIAL
Marcos Roberto Fernandes da Silva EDITOR-EXECUTIVO
Diógenes Fischer REPORTAGEM
Adão Pinheiro, Leo Laps e Luciana Zonta FOTOGRAFIA
Leo Laps e Victor Emmanuel Carlson DISTRIBUIÇÃO
Alcemar Boeno IMPRESSÃO
Gráfica Coan www.ndonline.com.br/revistaBlumenauE Rua das Missões, 190 – Ponta Aguda CEP 89051-000 – Blumenau/SC Fone (47) 3381-3200
O futuro da cidade está no planejamento Hoje Blumenau completa 162 anos de fundação e, para comemorar esta data, o Grupo RIC, por meio da Editora Notícias do Dia, presenteia a comunidade com a revista Blumenau É. Uma publicação para o morador conhecer melhor a sua cidade, na qual abordamos temas que recuperam informações da história e das tradições germânicas da região, mas que também trata dos novos desafios para o futuro. Na Blumenau É mostramos uma cidade que mantém o seu desenvolvimento, ocupando novas áreas – como o norte do município – com um crescimento urbano mais vertical, procurando concentrar os seus habitantes. Uma nova cidade, que segue um modelo adequado às realidades geológicas do Vale do Itajaí. Mas esse modelo exige um bom planejamento e o compromisso das futuras gestões de manter a agenda de desenvolvimento sustentável. Blumenau precisa de um planejamento que contemple as necessidades de curto prazo, mas que tenha clara e definida uma visão de cidade para o longo prazo. Precisa também de novas estruturas viárias, como pontes, viadutos, avenidas e vias expressas, que permitam o fluxo de veículos automotores e evitem o estrangulamento da malha atual. Ao entrevistar empresários, professores e diversos representantes da sociedade de Blumenau, constatamos que uma das demandas mais importantes para o desenvolvimento do município está na duplicação da BR-470, uma solicitação que já remonta a década de 1990. O Grupo RIC continua a apoiar esse pleito tão importante para os blumenauenses. Temos orgulho de participar de mais este aniversário e presenteamos a população com a Blumenau É. Feliz Aniversário!
Marcello Corrêa Petrelli Vice-Presidente-Executivo Grupo RIC/SC
Notícias do Dia O melhor para quem vive a cidade
“Blumenau precisa de um planejamento que contemple as necessidades de curto prazo, mas que tenha clara e definida uma visão de cidade para o longo prazo”
Programa de sustentabilidade
Foram plantadas 500 árvores para a produção desta revista
Nós chegamos mais longe porque sabemos em quem nos espelhar.
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Parabenizamos Blumenau pelos seus 162 anos. A melhor cidade para se viver no estado é um modelo a ser seguido. E por muitos quilômetros.
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Índice
Blumenau 162 anos
Almanaque
Memória nas ruas.............................................................8
Arte soprada em vidro...................40 Victor Carlson
Acervo Arquivo Histórico José Ferreira da Silva
O trabalho minucioso das indústrias cristaleiras
Tradição, alegria e esporte.............46 A voz que traz a notícia....................50 A confluência do Ribeirão Garcia com o Rio Itajaí, marco inicial da colonização
Ligada no telespectador.................52 Victor Carlson
Panorâmica Novos caminhos para a economia...................................12 A cidade vertical.............................................................20 Victor Carlson
Susan Germer e Alexandre José, da RICTV Blumenau
Novos ares para a Vila....................54 Um brinde aos cervejeiros..............58 Victor Carlson
Condomínios de prédios residenciais são o foco da expansão imobiliária na cidade
Referência em transplantes...........................................28
Horizontes Ensino especializado......................................................32
A arte e a técnica da fabricação de cerveja artesanal
Atrações o ano inteiro.....................................................36
Ponto de encontro...........................64
BLUMENAU É
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Blumenau 162 anos
Xilogravura de 1869 retratando a primeira casa do Doutor Blumenau, destruída pela enchente de 1880. Ao fundo, o caminho para Gaspar
Memória nas ruas O CENTRO HISTÓRICO DA CIDADE GUARDA TESOUROS CULTURAIS E ARQUITETÔNICOS QUE NOS LEVAM DE VOLTA AOS PRIMEIROS ANOS DA COLÔNIA FUNDADA PELO DR. BLUMENAU
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Texto Adão Pinheiro
o falar de Blumenau, a professora Sueli Petry transporta-se para outra época. Acostumada a narrar a história do município, a diretora do Patrimônio Histórico e Museológico da Fundação Cultural revive um outro tempo ao lembrar em detalhes a trajetória da cidade criada por Hermann Bruno Otto von Blumenau. O município foi fundado em 2 de setembro de 1850, data adotada pela administração pública a partir de 1900 por ser o dia em que chegaram os primeiros imigrantes à cidade.
“Mas o próprio Doutor Blumenau considerava como a data inicial da colônia o dia 28 de agosto de 1852, quando entregou os primeiros lotes aos colonos”, destaca a professora Sueli. Naquele dia de agosto também foi aberta a primeira rua da colônia, que ganhou o nome de Palmenalle – a “Rua das Palmeiras” –, que hoje se chama Alameda Duque de Caxias. É no entorno dessa via que estão alguns dos mais importantes prédios históricos da cidade. “Ainda que o desembarque dos primeiros 17 imigrantes trazidos pelo farmacêutico alemão tenha
BLUMENAU É
Memória nas ruasBlumenau 162 anos
O NOME DA RUA SOFREU VÁRIAS alterações com o passar dos anos. Em 1883, ganhou o nome de Boulevard Wendeburg; em 1939, de Alameda Dr. Blumenau; e, por fim, em 1942, tornou-se a Alameda Duque de Caxias, devido a uma lei que determinava que ruas com nomes estrangeiros fossem “abrasileiradas” e adotassem nomes de figuras históricas nacionais. Durante a grande enchente de 1880, a casa de Hermann Blumenau foi destruída, e ele passou a morar na casa onde hoje está sediado o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, também na Rua das Palmeiras. Posteriormente, o arquivo foi transferido para o atual prédio da Fundação Cultural de Blumenau e antiga Prefeitura Municipal, no início da Rua XV de Novembro. Um fato curioso da história de Blumenau é que um dos passos mais importantes para
Victor Carlson
ocorrido no local onde hoje está a Prefeitura Municipal, foi na Rua das Palmeiras que se deu o início da ocupação urbana, em volta da residência do Doutor Blumenau”, lembra Sueli. A direção da colônia também foi instalada por lá, em 1852, em um dos quartos da primeira hospedaria da região.
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Sueli: “Desde os primeiros anos, o processo de industrialização de Blumenau se deu paralelamente ao desenvolvimento agrícola” Acervo Arquivo Histórico José Ferreira da Silva
Em 1889, já com o nome de Boulevard Wendeburg, a Rua das Palmeiras era o centro urbano e administrativo da colônia BLUMENAU É
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Blumenau 162 anos4Memória nas ruas
PERTO DALI FUNCIONA O MUSEU da Família Colonial, responsável pela preservação da cultura material dos imigrantes europeus. É formado por um complexo de três casas tombadas pelo Patrimônio Histórico. Um dos imóveis, de 1864, foi residência do comerciante e cônsul da Alemanha em Blumenau, Victor Gaertner. A segunda casa, de 1920, era a residência de Reinoldo Gaertner, sobrinho-neto de
Acervo Arquivo Histórico José Ferreira da Silva
o desenvolvimento da cidade deu-se a partir da busca por uma vaca desaparecida no meio do mato. Foi para resgatar o animal que os colonos abriram, no coração da Mata Atlântica, o primeiro traçado da Rua XV de Novembro. O endereço, que chegou a ser batizado de “Rua da Linguiça”, por ser estreita e sinuosa, e depois ganhou o nome de “Rua do Comércio”, marcou para sempre a trajetória de Blumenau. A “Rua Quinze” recebeu o nome atual em 1890, em homenagem à Proclamação da República, e teve seu traçado modificado pela última vez em 1902. Foi a primeira rua calçada com paralelepípedos de Santa Catarina.
A antiga “Rua do Comércio” em 1890, quando passou a chamar-se Rua XV de Novembro Hermann Blumenau. É nela que está exposto o acervo de objetos indígenas, instrumentos musicais e máquinas da indústria local. A terceira casa, de 1858, é a mais antiga residência do Vale do Itajaí. Foi onde morou o imigrante alemão Hermann Wendeburg, secretário e guarda-livros do fundador da colônia. Ainda no centro histórico está a Praça Hercílio Luz, antigo ponto de encontro dos colonizadores e que atualmente Arquivo Histórico Hering
As primeiras instalações da Hering, uma das indústrias que impulsionaram a economia local BLUMENAU É
possui um acervo ao ar livre que compreende o Monumento Voluntários da Pátria, o Museu da Cerveja, o Biergarten (Jardim da Cerveja), o Monumento com Poema de Lindolf Bell, famoso poeta do Vale do Itajaí, e o Mausoléu Dr. Blumenau, que guarda os restos mortais do fundador, da esposa, Bertha Repsold, e de outros familiares. Ao desembarcar no Vale do Itajaí, a intenção do Doutor Blumenau era formar uma colônia agrícola, comercial e industrial. “Desde o início, paralelamente ao desenvolvimento agrícola, tivemos também o processo de industrialização do município”, conta Sueli. Dois pioneiros da indústria local foram os irmãos Hermann e Bruno Hering, que desembarcaram na colônia em 1878 e perceberam na indústria têxtil um mercado promissor, pois não existiam tecelagens na região. Instalada em 1880 na “Rua da Salsicha”, a Trikotwaaren-Lager von Gebrüder Hering foi a primeira versão daquela que hoje é uma das maiores empresas de varejo e design de vestuário do Brasil, a Cia. Hering. Juntamente com a Hering, empresas como a Industrial Garcia e a Companhia Karsten ajudaram a tecer a história econômica do município.l
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Panorâmica
Novos caminhos para a economia BLUMENAU É
Produtoras de softwares e sistemas são “fábricas limpas” que estão revolucionando a indústria local
Novos caminhos para a economiaPanorâmica
O SUCESSO NA ÁREA DE TECNOLOGIA É UMA AMOSTRA DE COMO O PERFIL ECONÔMICO DE BLUMENAU VEM-SE RENOVANDO SEM DEIXAR DE LADO AS INDÚSTRIAS TRADICIONAIS Texto Adão Pinheiro Fotos Victor Carlson
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cada ano, 300 famílias blumenauenses dobram de renda. A fonte de onde jorra tanta riqueza está sustentada em um dos mais novos pilares do crescimento do município: a informática. Esta é apenas a mais recente das áreas que hoje compõem o diversificado setor produtivo desta ex-colônia, que nos primeiros anos tirava sua riqueza quase que exclusivamente da agricultura. Com o passar do tempo, Blumenau despontou para as indústrias têxtil e cristaleira, além de criar uma base forte em comércio, serviços e cooperativismo. As empresas tradicionais da cidade não perderam sua importância, mas a diversificação de atividades vem ficando mais visível. Ainda não é possível afirmar que houve uma mudança definitiva no perfil econômico de Blumenau, mas economistas e empresários são unânimes em constatar que a pluralização iniciada a partir dos anos 1980 é irreversível. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 7,7 bilhões e uma renda per capita de R$ 25 mil ao ano, Blumenau apresenta um perfil econômico bem equilibrado, distribuído entre os diferentes setores. De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010 a população economicamente ativa do município era de cerca de 180 mil pessoas, das quais 30,8% estavam na indústria; 6,5% na construção civil; 17% no comércio; e 38% no
Matias: o aumento da diversidade na economia do município é uma tendência natural setor de serviços. O mesmo censo aponta que 45,36% do PIB municipal tem origem nos setores de comércio e serviços, enquanto a indústria responde por 34%; e 8,16% vem da administração pública. Os chamados valores agregados, com origem no setor primário, ajudam a completar a composição do PIB do município.
A TENDÊNCIA PARA A DIVERSIFICAção pode ser percebida também dentro da própria indústria, com o surgimento de novas empresas ligadas aos segmentos metalmecânico, elétrico, alimentício, químico e de transportes. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Blumenau, Valdair
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Panorâmica4Novos caminhos para a economia
O Blumenau Norte Shopping (acima) e o Shopping Park Europeu impulsionaram o comércio José Matias, considera que o aumento da diversidade nas atividades econômicas do município é uma tendência natural. A criação de um polo de informática e uma forte rede de comércio, que recebeu dois novos shoppings centers no último ano, estão atraindo ainda mais investimentos. Tanto que a cidade prepara-se para lançar um parque de inovação na Vila Itoupava, que terá uma área de 500 mil metros quadrados destinada exclusivamente a empresas da área de Tecnologia.
EM BLUMENAU EXISTEM 771 empresas na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com forte concentração na produção de softwares de gestão empresarial. Juntas elas geram um faturamento aproximado de R$ 400 milhões por ano e empregam em torno de 10 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos. Em conjunto com outras cidades da região do Vale do Itajaí, essas empresas compõem cerca de um quarto da receita do setor de TIC em BLUMENAU É
Santa Catarina. A cidade conta também com duas importantes entidades de apoio, que promovem ações com a intenção de fomentar a geração de novas empresas: o Blumenau Polo de Informática (Blusoft) e o Instituto Gene, ambos obtendo bons resultados como incubadoras de novos negócios. “Pode-se dizer que em Blumenau existe uma empresa adequada para desenvolver uma solução de informática específica para qualquer tipo de negócio que você quiser implantar”, destaca o presidente do Blusoft, Jeziel Montanha. O empresário conta que o segmento de informática começou a conquistar espaço no município a partir de uma decisão dos empresários do setor têxtil, que fundaram em 1969 a primeira empresa de informática de Santa Catarina: o Centro Eletrônico da Indústria Têxtil (Cetil), com o objetivo de prestar serviços de processamento de dados para as companhias associadas. Foi a estrutura desse centro que acabou transformando-se no embrião do polo de informática local. Com a expansão do mercado e a invasão dos computadores de mesa, os trabalhadores com experiência na Cetil tornaram-se os novos empresários de TIC de Blumenau. Hoje o setor registra um crescimento médio de 20% ao ano, trazendo conhecimento e tecnologia à cidade. A mão de obra da indústria de TIC em Blumenau, por sua vez, renova-se anualmente. Uma das principais ferramentas para a atualização dos profissionais é o projeto Entra 21, desenvolvido pelo Blusoft e destinado à formação de jovens de famílias com renda de até quatro salários mínimos. O projeto, que forma 300 alunos por ano, servirá de base para uma ação a ser implementada pelo governo catarinense em todas as regiões do estado.
A gente logo percebe quem é blumenauense de coração A Philips faz 2 anos em Blumenau, justamente no mês de aniversário da cidade. Mas o nosso coração bate no Vale há muito tempo. Há 15 anos nossos softwares, desenvolvidos aqui, com investimentos no polo de informática da cidade, contribuem para a saúde de todo o país. Mais de 10 instituições de saúde de Blumenau contam com o Sistema Tasy para garantir a segurança de cada paciente. A Philips é blumenauense nos softwares, nas pessoas e no coração.
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Panorâmica4Novos caminhos para a economia
de aproximadamente R$ 1,5 mil, já no primeiro salário eles praticamente dobram os ganhos da casa”, observa Montanha. Como resultado, mais riqueza para a cidade, que conquistou a 9ª posição no ranking da revista Exame como a melhor em todo o país para se investir.
A ECONOMIA DE BLUMENAU TEM
Krambec: papel das cooperativas é fazer circular a riqueza produzida na região Hoje 84% dos alunos do projeto Entra 21 fazem estágio em uma empresa blumenauense do setor, com um salário médio inicial de R$ 1,2 mil. “Considerando que a renda média das famílias dos alunos é
no cooperativismo outro forte aliado. Segundo Moacir Krambec, presidente da Cooperativa Central de Crédito Urbano, o espírito solidário da população fez deste um dos elos da economia local. “As cooperativas têm uma importância muito grande, pois interferem diretamente na economia, promovendo a circulação da riqueza que a região produz”, enfatiza Krambec. Essa performance só é possível, segundo o cooperativista, graças ao perfil cultural da população. “Evidentemente que esse princípio leva a outras ações, fortalecen-
Schmoeller: comércio e serviços já geram mais empregos do que o setor industrial do também a união entre as pessoas”, explica. Para completar a excelente expectativa econômica da cidade, Blumenau ainda é considerada a melhor cidade do Estado para viver, de acor-
O projeto Entra 21, desenvolvido pelo Blusoft, capacita a cada ano 300 jovens de baixa renda para trabalhar na indústria de tecnologia BLUMENAU É
Novos caminhos para a economiaPanorâmica
do com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O estudo é realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), responsável por desenvolver e coordenar pesquisas e projetos que orientem as ações de promoção industrial e novos investimentos. Para o diretor-presidente da Cooper, Hercílio Schmitt, o cooperativismo é um importante movimento e tem colaborado com o desenvolvimento socioeconômico sustentável da região. O início da trajetória da Cooper em Blumenau coincidiu com a data em que o movimento cooperativista completava seu primeiro centenário. Tudo começou em 1944, quando um grupo de operários da Cia. Hering resolveu fundar uma cooperativa de consumo de empregados com o objetivo de distribuir gêneros alimentícios aos cooperados. A Cooper cresceu rapidamente e, na década de 90, tornou-se independente e autônoma, além de passar a atender toda a comunidade. Todo o crescimento é fortalecido por uma gestão profissional, o que ajudou a transformá-la na maior cooperativa de consumo do sul do país, a segunda em âmbito nacional e uma das cinco maiores redes do Estado, quando comparada aos supermercados. “Não é à toa que Blumenau é conhecida em todo o Brasil como uma cidade de empreendedores, além de extremamente solidária com quem precisa. Como exemplo temos a mobilização da sociedade nas enchentes”, completa.
COM A ABERTURA DE NOVAS frentes de crescimento para a economia local, o professor Nazareno Schmoeller, do Departamento de Economia da Universidade de Blumenau (Furb), chama a atenção para uma estabilização no índice que
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A tradicional Rua XV de Novembro mostra a força do comércio de rua em Blumenau aponta a participação do setor industrial no PIB. Em 1999, por exemplo, a indústria representava 39% da composição das riquezas geradas pelo município, apenas cinco pontos percentuais acima do verificado no censo de 2010, “o que aponta que o segmento industrial ainda é bastante BLUMENAU É
significativo para a economia local”, diz Schmoeller. Conforme o professor, se observada apenas a geração de emprego, o comércio e os serviços apresentaram melhor desempenho, mas não se pode desvincular o peso da indústria têxtil desse contexto. “Ela ainda é muito forte na cidade e
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Panorâmica4Novos caminhos para a economia
Depois da duplicação da Via Expressa, o próximo desafio para impulsionar a economia local é duplicar a BR-470, que dá acesso à cidade tende a permanecer assim nos próximos anos”, garante. O diretor executivo da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Charles Schwanke, concorda que o setor têxtil e do vestuário continuam sendo muito importantes para a economia local e regional, mesmo com a diversificação da economia. A principal mudança está no modelo de gestão. “As empresas estão menos verticalizadas e mais voltadas para marketing, fixação da marca, canais de distribuição e moda. E o que é melhor: em expansão”, destaca.
O MAIOR DESAFIO DE BLUMENAU, segundo avaliação do economista da Furb, ainda é a necessidade de melhoria das vias de acesso ao município, principalmente no que se refere à duplicação a BR-470 e às condições de circulação urbana. “Se a rodovia fosse duplicada, a taxa de crescimento da cidade seria muito mais signi-
ficativa”, avalia. Já para Schwanke, uma das principais dificuldades está na contratação de mão de obra. Hoje há uma necessidade muito grande de pessoal qualificado para suprir as exigências dos setores in-
Schwanke: potencial para crescer na área de soluções ambientais e energias alternativas BLUMENAU É
dustrial, comercial e de serviços. Mesmo assim, o censo de 2010 indica uma taxa de desemprego de apenas 2,7%, bem abaixo da chamada linha natural de desemprego do país, que é de 6%. Um levantamento feito pela Federação das Indústrias de Santa Catarina revela que o setor têxtil foi o que mais contratou no Estado no primeiro semestre deste ano, mas, conforme dados da Acib, outros setores têm crescido e contribuído com sua parcela no PIB da cidade. As indústrias do setor metalmecânico, eletroeletrônico, plásticos e tecnologia da informação e comunicação (TIC), além do setor de papel e gráficas, são as que possuem maior potencial para a implantação de novos negócios em Blumenau. “Outro setor que tem um bom potencial de crescimento é a área de energias alternativas e renováveis e soluções ambientais”, acrescenta Charles Schwanke.l
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Panorâmica4A cidade vertical
BLUMENAU É
A cidade verticalPanorâmica
A cidade
vertical DESDE O “BOOM IMOBILIÁRIO” DE 2008, O MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL APOSTA NOS PRÉDIOS RESIDENCIAIS COMO ALTERNATIVA PARA EXPANDIR Texto Adão Pinheiro Fotos Victor Carlson
O
s números do mercado imobiliário não deixam margem para dúvidas: Blumenau está crescendo para cima. Em média são entregues 2,5 mil apartamentos por ano na cidade. A avaliação é dos próprios empresários do setor, que projetam fechar 2012 com um crescimento de 3% a 5% em comparação com o ano passado. O principal sinal é que os investidores mantêm a rotina de negócios, porém mais focados na verticalização das construções, que estão saindo do Centro em direção aos bairros, principalmente os localizados na região norte da cidade. Mesmo assim, o ritmo não é tão intenso como o verificado em 2008. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Blumenau (Sinduscon), Amauri Alberto Buzzi, diz que no momento atual duas avaliações são importantes. Uma delas conclui que as construtoras estão mantendo o ritmo das obras em andamento. A outra indica que novos empreendimentos precisarão aguardar a melhora do cenário econômico mundial, especialmente no médio prazo. A verticalização em larga escala ocorre porque os novos moradores estão priorizando pra-
ticidade, funcionalidade e segurança. “Tenho vários clientes que pensaram em comprar uma casa, mas, por questões de segurança, acabaram optando por morar em um apartamento”, diz Marcelo Silveira, diretor da Frechal Construtora e Incorporadora. Conforme o empresário, a escolha por este tipo de imóvel, na maioria das vezes, é motivada por questões de praticidade, já que dispensa a contratação direta de profissionais como jardineiro, por exemplo.
O FENÔMENO DA VERTICALIZAÇÃO SEGUE uma tendência verificada nas grandes cidades brasileiras. O que se percebe é que em Blumenau há bairros cujo crescimento já está consolidado, como Vila Nova, Escola Agrícola e Fortaleza. Com o esgotamento das áreas mais centrais, outras regiões começam a despertar o interesse das construtoras, como Itoupava Central, Salto e Salto do Norte. São regiões estimuladas pelo setor público para tornarem-se polos concentradores de novas moradias. O perfil desses apartamentos, por sua vez, depende da localização. Os menores atraem investidores interessados em alugar ou revender o imóvel. Os mais procurados, no entanto, são
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Panorâmica4A cidade vertical Edson Pelence/Divulgação
os de dois e três quartos, com pelo menos duas vagas de garagem.
O PRESIDENTE DO SINDUSCON destaca que a verticalização é tendência em praticamente todas as cidades em crescimento, em especial aquelas com a topografia acidentada e com problemas de cheias, a exemplo de Blumenau. “Este modelo é mais interessante para a incorporação imobiliária porque o preço do produto final fica mais atrativo em face da diluição do custo do terreno e da concentração da produção”, acrescenta Buzzi. O empresário Ivo Alberto Dickmann Junior, da construtora DKM, também considera que a verticalização das construções em Blumenau é uma tendência natural, principalmente em direção ao norte do município e nas regiões com menor risco de cheias. “O que se procura é um melhor aproveitamento dos locais livres de enchente”, destaca. A mesma opinião é dividida pelo empresário Valter Luiz
Buzzi: verticalização é uma alternativa para cidades com topografia acidentada Torresani, diretor da Torresani Empreendimentos. O empresário explica que, devido ao relevo característico do município e às diversas áreas dedicadas à preservação ambiental, restou uma faixa relativamente pequena para
novas obras. “A única condição para assegurar esse crescimento é construir para cima”, observa o empresário. Mesmo sendo uma tendência natural do mercado local, a expansão para a região norte de Blumenau, verificada há pelo menos cinco anos, pode ficar comprometida em função da falta de infraestrutura. “A duplicação da BR-470 poderia ser o vetor dessa expansão, por sua topografia e facilidade de acesso ao litoral”, destaca o presidente do Sinduscon. A opinião de Buzzi é referendada por Valter Torresani, que considera que a migração dos empreendimentos imobiliários para a região norte deveria vir acompanhada de uma malha viária mais eficiente. Entre as obras defendidas pelo empresário está a melhoria dos acessos e do transporte público, além de mais escolas e hospitais. Para Torresani, o setor da construção civil de Blumenau vive um momento de renovação, observado sob diferentes aspectos. Um deles
Os edifícios residenciais multiplicam-se em Blumenau e destacam-se na paisagem dos bairros Vila Nova, Velha, Velha Central e Água Verde BLUMENAU É
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Panorâmica4A cidade vertical
Os bairros do norte, como Itoupava Central, têm potencial para liderar a expansão imobiliária no município, mas ainda falta estrutura viária é o maior acesso a financiamentos de material de construção feitos por meio de agentes financeiros ou diretamente nas lojas, o que impulsiona reformas, ampliações e pequenas construções. Outro fator relevante é o aumento dos financiamentos diretos
do governo federal, principalmente os relacionados aos programas Minha Casa, Minha Vida, o que elevou a procura por novas construções em toda a região e estimulou novas linhas de crédito, que se tornaram atraentes para o mercado em geral.
Dickmann: “O que se procura é um melhor aproveitamento dos locais livres de cheias”
considerado, de acordo com o empresário, é que o mercado de construção de imóveis passou por uma expansão muito grande entre 2008 e 2010, chegando a registrar uma oferta ligeiramente maior do que a procura. Atualmente, conforme Torresani, o setor aponta para um crescimento mais modesto, se comparado com os anos do “boom imobiliário”. Na avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi) de Blumenau, Rogério Patrício, o volume de negócios começou a diminuir a partir de 2011, principalmente porque os clientes
estão descapitalizados, sem recursos para pagar os 30% da entrada. O Fundo de Garantia, que poderia ser uma saída para quem busca adquirir o primeiro imóvel, segundo Rogério, foi sacado em 2009, depois da enchente que afetou a cidade.l
OUTRO ASPECTO QUE DEVE SER
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Torresani: mercado aquecido com crédito acessível e financiamentos do governo
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Panorâmica
ReferĂŞncia em transplantes
Referência em transplantesPanorâmica
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O professor Álvaro (de blusa cinza) comemora o transplante de fígado bem-sucedido ao lado do time de profissionais que salvou sua vida
COM UMA EQUIPE ALTAMENTE CAPACITADA E DISPONÍVEL EM TEMPO INTEGRAL, O HOSPITAL SANTA ISABEL TORNOU-SE UM MODELO DE EFICIÊNCIA EM TRANSPLANTES DE FÍGADO E RIM Texto Adão Pinheiro Fotos Victor Carlson
O
professor aposentado e técnico de edificações Álvaro de Oliveira, 55 anos, vive hoje intensamente cada momento de uma nova etapa de sua vida. Com poucas chances de conseguir um transplante de fígado em São Paulo e já achando que não sobreviveria por muito tempo, ganhou uma sobrevida graças à cirurgia realizada no Hospital Santa Isabel de Blumenau (HSI). Era 23 de junho, véspera de um feriado, quando o amigo que hospedava Álvaro acordou-o com o recado de que o aguardavam para o transplante. O órgão tão esperado foi doado pela família de um
jovem de 19 anos, morador de Florianópolis, vítima de atropelamento. Na época, a equipe preparava-se para transpor a marca do 500º transplante de fígado no Santa Isabel, instituição-referência no país na realização do procedimento. O transplante de fígado é considerado uma das mais complexas cirurgias que existem. E o êxito conseguido pelo Hospital Santa Isabel nesses casos delicados torna-o o terceiro principal hospital transplantador de fígado do Brasil. Uma conquista que também se deve à Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), do próprio hospital.
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Panorâmica4Referência em transplantes
A comissão dedica-se à captação de órgãos e à sensibilização das pessoas para consentir a doação. A coordenadora da CIHDOTT, Solange Ávila de Ramos, entende que uma das características que fazem do Santa Isabel uma referência é ter uma equipe disponível para transplantes em tempo integral. Outro fator apontado como fundamental é a dedicação de todos os profissionais que atuam no Hospital. Dedicação elogiada pelo transplantado Álvaro, que não cansa de repetir a importância da qualidade do atendimento recebido no Santa Isabel. Andrade: modelo adotado pelo Hospital é baseado na alta capacitação das equipes um destaque nacional em captação de órgãos. Segundo o coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina, o médico Joel de Andrade, os investimentos foram concentrados a partir de 2005, com a adoção de um modelo semelhante ao espanhol, considerado o mais eficiente no mundo. A receita é baseada no treinamento intensivo das equipes responsáveis Victor Carlson
OS TRANSPLANTES RENAIS E hepáticos são os principais procedimentos feitos na rede hospitalar brasileira. Considerando os números de 2011, Santa Catarina é destaque, com mais de 260 doações de rim e 100 de fígado. O resultado torna o Estado o quarto da federação em que mais se faz transplante de fígado e o quinto em transplante de rim. A maior parte deles é realizada no Hospital Santa Isabel. Em 2012, até o fechamento desta edição, já haviam sido realizados 50 transplantes renais e igual número de transplantes de fígado na instituição. Só no ano passado foram realizados 103 transplantes de fígado e 106 de rim. Do total de transplantes feitos no Estado, quase 96% das cirurgias de fígado e 40% das de rim acontecem no Santa Isabel. O índice chega a 100% no caso do transplante de pâncreas/rim. Os nove realizados em Santa Catarina no ano passado ocorreram pelas mãos da equipe de transplantes do Hospital. Filas menores e um sistema mais eficiente são alguns dos motivos que fizeram do Santa Isabel uma referência em transplantes. Mas não foi uma decisão isolada que tornou o Estado
pelo diagnóstico de morte encefálica e pela abordagem familiar. Por determinação do Ministério da Saúde, todo hospital com mais de 80 leitos precisa ter um comitê de transplantes. Entretanto, em muitos casos, a estrutura existe apenas no papel. “Para funcionar, precisa ser uma decisão clara de querer fazer. Precisa remunerar o serviço e dizer quem vai pagar por ele”, afirma Joel.
Solange: comissão interna dedica-se a captar órgãos e sensibilizar pessoas para a doação BLUMENAU É
O PRIMEIRO TRANSPLANTE DE fígado feito no Hospital Santa Isabel também foi o primeiro do gênero a ser realizado em Santa Catarina. O novo órgão foi implantado em agosto de 2002 no aposentado Lauro Danker, na época com 56 anos. Ele estava há cinco anos em tratamento para amenizar os sintomas de uma cirrose hepática. Dois anos antes da cirurgia que melhorou a qualidade de vida de Lauro, o Hospital Santa Isabel começou a especializar profissionais e adequar sua estrutura para ser credenciado pelo Ministério da Saúde, o que aconteceu em junho de 2002. Antes disso, pacientes que precisavam de um transplante tinham de deslocar-se para o Rio Grande do Sul ou Paraná. A realidade hoje é bem diferente. Agora as doações dos catarinenses são direcionadas às pessoas na fila de espera da SC Transplantes. A ordem da fila é definida conforme a gravidade do estado do paciente e dificilmente a doença chega a atingir níveis críticos. Em São Paulo e no Paraná, por exemplo, essas cirurgias ocorrem geralmente com um nível de gravidade maior do em Santa Catarina. Na fila de transplantes catarinense o nível de gravidade não costuma ultrapassar o nível 23 na escala usada nessa especialidade. Na maioria dos casos, o tempo de espera não passa de seis meses.l
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Horizontes 4Ensino especializado
No laboratório de Química Têxtil da Furb são desenvolvidos novos padrões e matérias primas para a indústria têxtil nacional
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Ensino especializado A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS QUALIFICADOS E PRONTOS PARA O MERCADO DE TRABALHO É UMA DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM BLUMENAU Texto Luciana Zonta Fotos Victor Carlson
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excelência da mão de obra local, fator essencial para o sucesso da indústria e dos serviços em Blumenau, é resultado direto da qualidade do ensino superior oferecido na cidade. Instituições como a Universidade Regional de Blumenau (Furb), o Grupo Superior de Santa Catarina (Uniasselvi) e o Senac Blumenau são responsáveis pela formação de pesquisadores e profissionais de alto nível técnico para atuar em áreas como Tecnologia da Informação, Engenharia Química e Gastronomia – e pela qualidade de ensino que rende à cidade o status de polo regional de ensino no Vale do Itajaí.
Rivail: A Furb conta hoje com 49 cursos de graduação, 16 de especialização, 10 mestrados e dois doutorados
O título encontra explicação na própria história da educação na cidade. Criada em 1964 por força de um movimento comunitário, a Furb foi a primeira faculdade do interior de Santa Catarina, o que rompeu com o monopólio do ensino superior no Estado, até então só existente na capital. As manifestações de opinião pública para a implantação de cursos de graduação na região do Vale surgiram a partir de 1953. Foram 10 anos de debates até a criação da primeira unidade de ensino superior, a Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau, que deu origem à Furb. Cinquenta e oito anos depois, a primeira universidade da região diferencia-se pelo desenvolvimento de sua pesquisa. É por ela que passam, por exemplo, algumas inovações da Engenharia Química que mais tarde acabarão criando novos padrões e matérias-primas para a indústria têxtil nacional. Grupos de pesquisa da universidade também desenvolvem projetos especiais sobre energia limpa, uso e reúso da água, meio ambiente e até controle das enchentes, ameaça comum em praticamente todos os municípios que integram a Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu. Com 49 cursos de graduação, 16 de especialização, dez programas de mestrado e dois de doutorado, a Furb conta hoje com pelo menos um terço dos professores com mestrado ou doutorado nas áreas em que atuam. “Na extensão e no atendimento à comunidade a universidade ainda conta com programas como o Núcleo de Práticas Jurídicas e programas de incentivo ao aleitamento materno, desenvolvidos em instituições da região”, complementa o
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pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura da universidade, Marcos Rivail da Silva.
NOVAS DEMANDAS DO MERCADO DE TRABALHO e a exigência de formação acadêmica para uma série de atividades profissionais fizeram aumentar o número de unidades do ensino superior privado na região. Uma das mais conhecidas é a Fameblu, pertencente ao Grupo de Ensino Superior de Santa Catarina (o Grupo Asselvi), que conta também com a pós-graduação Uniasselvi, no centro da cidade. A segunda maior unidade do grupo fica em Blumenau, onde estão os cursos da área da Saúde, como Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Radiologia. Um dos principais destaques do Grupo Asselvi são os cursos de graduação no formato a distância. São 16 opções de graduação que reúnem 73 mil alunos, pouco mais de 90% do total de 80 mil estudantes. A Fameblu também é conhecida pelo curso de Gastronomia, que conta com o professor francês Giuseppe Marino, responsável pelas disciplinas de Confeitaria e Panificação. É de suas aulas que saem receitas como a do pão feito de cacau, do pão de
Três cursos de gastronomia atraem o interesse de futuros chefs
Primeira universidade catarinense fora da capital, há 58 anos a Furb promove o desenvolvimento de sua pesquisa
fermento natural de cevada e do pão de açaí e morango. Na terra da Oktoberfest e das cervejas artesanais, a faculdade também conta com o curso de Técnico Cervejeiro, que ensina o aluno a fabricar cerveja em casa e a preparar-se para o mercado regional e nacional. O ensino de Gastronomia ganha destaque também em outras instituições da cidade. É o caso do Senac Bistrô, respeitada escola de formação profissional para cozinheiros e confeiteiros. O curso de Cozinheiro Básico forma em torno de 50 profissionais por ano, quase todos empregados na área. Durante aproximadamente um ano e meio, os aprendizes têm a oportunidade de atuar no restaurante-escola do Senac, que inclui disciplinas como Cozinha Regional de Santa Catarina. Na Furb, o curso sequencial de Gastronomia tem duração de um ano e desenvolve, entre outros projetos, uma releitura dos pratos típicos alemães. Sob a coordenação da professora Suzana Wascheck, os alunos dão uma nova cara ao tradicional. Em março deste ano, eles desenvolveram três receitas que foram sucesso no Festival da Cerveja: marrequinho recheado com repolho roxo e purê de maçã; goulasch crocante; e croquete Baden Baden. “Até já garantimos nosso espaço no Festival do ano que vem”, comemora Suzana.l
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Horizontes 4Atrações o ano inteiro Divulgação
A Oktoberfest sempre foi o “cartão de visitas” de Blumenau, mas a cidade tem muito mais para oferecer
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Atrações o ano inteiro TEM SEMPRE ALGUMA COISA INTERESSANTE ACONTECENDO NO PARQUE VILA GERMÂNICA, A TRADICIONAL SEDE DA OKTOBERFEST Texto Leo Laps
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não há prazo, mas é um projeto em andamento. Além disso, pretendemos expandir cada vez mais as opções de compras e lazer para os visitantes”, explica Valmir Zanetti, presidente da Associação e dono de uma cervejaria e de uma choperia que levam centenas de pessoas ao parque, principalmente nos fins de semana. De propriedade da Prefeitura Municipal de Blumenau, o embrião do parque de eventos surgiu em 1964, com a Feira de Amostras de Santa Catarina (Famosc). Cinco anos depois era criada a Proeb, que em 1989 já contava com quatro pavilhões, capazes de comportar públicos imensos como o da Oktoberfest de 1992, que teve mais de 1 milhão de visitantes. A nova estrutura – rebatizada de Parque Vila Leo Laps
ornar-se o principal ponto turístico do Vale do Itajaí, com eventos ao longo de todo o ano, para atrair turistas e também moradores de Blumenau e das cidades vizinhas. Este é o plano traçado – e, em boa parte, já atingido – a partir da reforma que transformou a antiga Proeb em Parque Vila Germânica, em abril de 2006. Desde então, seus gestores têm trabalhado para tornar a “casa da Oktoberfest” ainda mais atraente. Hoje, além de feiras de negócios, festas, shows e competições, também é possível passar horas agradáveis em cafés, cervejarias e restaurantes, ou fazer compras em lojas de artigos típicos e empórios, todos com fachadas que simulam casas típicas da Alemanha colonial, com madeiras entrecruzadas, cores vibrantes e telhados inclinados. “Hoje, todo turista que visita Blumenau passa por aqui. O parque também virou ponto de encontro dos blumenauenses, que vêm curtir as belezas, a arquitetura, os jardins e as atrações gastronômicas e culturais. Mas ainda há muito o que fazer”, afirma o presidente do Parque Vila Germânica, Norberto Mette. Segundo ele, logo após a reforma os visitantes permaneciam no parque por 15 minutos, em média. Nos últimos anos esse tempo passou para mais de 40 minutos. O aumento no tempo de permanência do visitante deve-se em muito à criação da Associação Cultural Vila Germânica, formada pelos proprietários dos 26 estabelecimentos que se integram aos três pavilhões do Parque. Um dos próximos desafios da entidade é fundar no local o Museu da Oktoberfest. “Ainda
Mette: arquitetura, gastronomia e atrações culturais aumentam o tempo de permanência dos visitantes
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Horizontes4Atrações o ano inteiro Rogério Pires/Divulgação
Germânica – foi concluída em apenas seis meses e hoje conta com 26 mil metros quadrados de área construída, com três setores climatizados (somando 18 mil metros quadrados) e uma área aberta, onde ficam lojas, bancos, escritórios e restaurantes.
A PARTIR DA CRIAÇÃO DO PARQUE os organizadores da Oktoberfest também resolveram repensar a maior festa alemã das Américas. Entraram no cardápio da festa as cervejas artesanais produzidas na região, além de mais e melhores opções gastronômicas, e uma decoração mais voltada à tradição germânica. “Em 2005 notamos que as operadoras nacionais de turismo não gostavam de vender pacotes para a Oktoberfest, pois ela era tida como uma ‘festa para bêbados’. Resolvemos desde então tirar o chope do foco das campanhas publicitárias da festa, apostando mais na tradição, na música alemã, na dança”, conta Mette. “Ainda recebemos um público jovem muito grande, mas agora também temos cada vez mais famílias presentes na festa.” Leo Laps
No topo, a entrada para os pavilhões de eventos. Acima, a área das lojas e restaurantes
Zanetti: associação de comerciantes estuda a fundação do Museu da Oktoberfest
Este ano, a 29a edição da Oktoberfest terá 19 dias, de 10 a 28 de outubro. Uma das grandes novidades será a volta do ginásio do Galegão à festa depois de quase 10 anos. Reformado recentemente, o espaço será transformado em uma grande área de lazer infantil, substituindo o parque de diversões. Entre as cervejarias, além da Brahma, estão confirmadas as presenças das locais Eisenbahn, Bierland, Das Bier e Wunderbier. A organização espera receber um público de 700 mil visitantes. BLUMENAU É
No início de 2013 outra atração, que já se tornou uma tradição da cidade, chega ao seu sétimo aniversário. Trata-se da Sommerfest, uma espécie de Oktoberfest de verão que ocorre em seis quintas-feiras seguidas, nos meses de janeiro e fevereiro. O evento acontece nos dias 10, 17, 24 e 31 de janeiro e 7 e 14 de fevereiro do próximo ano e vem atraindo a cada edição mais moradores da cidade, além de turistas que veraneiam no litoral norte do Estado.l
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Almanaque 4Arte soprada em vidro
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À esquerda, turistas observam o trabalho do cristaleiro na Glas Park. Acima, o minucioso processo de produção dos cristais Strauss
Arte soprada em vidro A DELICADEZA E O REQUINTE DAS PEÇAS PRODUZIDAS PELAS INDÚSTRIAS LOCAIS DERAM FAMA INTERNACIONAL AOS CRISTAIS DE BLUMENAU Texto Luciana Zonta Fotos Victor Carlson
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a massa disforme à taça transparente, não são mais que cinco minutos de espera. Nem mesmo o avanço da tecnologia conseguiu alterar a lógica de uma das artes mais antigas do homem: a produção artesanal de cristais, em que movimentos precisos definem a diferença entre uma peça perfeita e o descarte para o lixo. Com cuidado, o soprador mergulha a cana no forno, retira a mistura da panela de mármore e começa a dar forma à bola incandescente. Como mágica, o material vira um copo de uísque, uma taça de vinho, uma licoreira.
Em Blumenau, a produção artesanal de cristais finos é referência para o resto do país. Roteiros turísticos da região incluem, quase sempre, uma parada estratégica para compras em lojas de cristais com o selo local. O trabalho nas cristalerias tem um sincronismo preciso. Enquanto dois profissionais buscam novas massas no forno, o soprador monitora as varas na mesa, permitindo que o cristal se expanda com a ajuda do ar. Ao lado, alguém joga a mistura na forma, enquanto outra peça ganha haste e base de apoio. Concluídas as etapas, o carregador tem a missão de levar os cristais com cuidado para o
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Almanaque4Arte soprada em vidro
Fischer, da Cristais Blumenau, coordena uma equipe de 200 pessoas que produz cerca de 100 mil peças por mês, vendidas em todo o país alívio de tensão, compartimento onde ocorre o assentamento das moléculas de vidro. No processo de corte, as taças são medidas em diferentes gabaritos de altura para então ser lixadas na boca e ganhar brilho e acabamento. Em seguida, seguem para o controle de qualidade, onde são analisadas e separadas por linha. Taças e copos de primeira linha não podem apresentar um só risco, por mínimo que seja.
O COSTUME DE PRODUZIR CRISTAL está enraizado na própria história de Blumenau. As receitas usadas até hoje pelas principais cristalerias locais foram trazidas da Alemanha e introduzidas por filhos e netos de imigrantes logo depois da Primeira Guerra Mundial. Naquela época profissionais classificados como “técnicos altamente especializados para os padrões locais” chegaram ao Vale do Itajaí. O novo contingente humano foi aproveitado pelas empresas da região e seu trabalho qualificado refletiu também na
abertura de novos negócios. Na primeira metade do século passado, alguns alemães já fabricavam peças em casa para presentear a família ou complementar a renda mensal. Mesmo assim, o primeiro
Peças em overlay da Strauss, única empresa no Brasil que fabrica este cristal colorido BLUMENAU É
negócio no ramo só surgiu em 1951, com a Cristais Hering, empresa tradicional que fechou as portas há pouco mais de três anos e deu origem a várias outras fábricas em Blumenau. A Cristaleria Strauss, por exemplo, foi fundada por um sócio dissidente da Hering e acabou tornando-se uma das marcas mais respeitadas do mercado internacional. Hoje, suas peças são comparadas a alguns dos melhores cristais alemães. Com uma produção de 100 mil peças por mês, a Strauss orgulha-se de ter a produção 100% manual. Somente o forno elétrico é controlado por computador. No local, ingredientes como bórax, chumbo, carbonato de potássio e areia de escavações profundas são misturados até se chegar a uma mistura de cor mostarda, que vai ao forno por até 14 horas a uma temperatura de quase 1.500 graus Celsius. A linha da Strauss conta com cerca de 300 modelos de peças diferentes. A cristaleria é a única do Brasil a
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Almanaque4Arte soprada em vidro
produzir cristal colorido (overlay), com nove opções de cores. Pelo menos 10% da produção é exportada para países como Alemanha, Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, México, Venezuela e Uruguai. Um cálice de overlay lapidado da Strauss chega a custar até R$ 310 ao consumidor final, o que configura um alto valor agregado. Com uma marca que homenageia sua cidade-sede, a Cristais Blumenau é outro caso de sucesso. Com uma produção focada em cálices, copos, jarras, vasos e bombonieres, a empresa emprega 200 pessoas para dar conta da produção de 100 mil peças por mês, distribuídas para as cinco regiões do Brasil. No início, a marca dedicava-se à lapidação manual de peças compradas da Cristaleria Lusitana, de São Paulo. Em 1971, passou a produzir seu próprio cristal. O diretor-presidente da Cristais Blumenau, Ari Antônio Fischer – que começou a trabalhar na empresa em
DISTANTES DAS TENDÊNCIAS MAIS
Cavalli: dez por cento da produção da Glas Park tem como destino o comércio exterior 1970 como contador –, afirma que 90% da produção está concentrada em cálices e copos. Do total, apenas 20% são peças lapidadas. “A maioria das pessoas hoje busca peças de um design mais limpo e reto”, explica Fischer.
atuais, minigarrafas fabricadas em 1900 na região da Bavária, Alemanha, são apenas algumas das curiosidades encontradas no Museu do Cristal, anexo à loja Glas Park. O espaço, criado em 1997, conta com 16 vitrines, que exibem peças antigas e materiais utilizados pelos cristaleiros no passado. Um livro escrito em latim, de 1668, exposto no museu é uma das primeiras obras sobre a arte de fazer cristal no mundo. No local também funciona uma linha de fabricação aberta à visitação. A empresa produz peças decorativas da Cristais de Murano, que atende a um nicho específico do mercado. O diretor da Glas Park, Marcos Cavalli, conta que pelo menos 10% da produção é exportada para Estados Unidos, Arábia Saudita e alguns países da Europa. O restante abastece o mercado nacional e pode ser encontrado nas lojas da região, incluindo a Glas Park.l
Na fábrica da Glas Park, o soprador dá forma ao material incandescente, que logo se transformará em uma delicada peça de cristal BLUMENAU É
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No clima de descontração e bom humor, até mesmo as princesas da festa mostram sua “habilidade” na competição dos serradores
Tradição, alegria e esporte OS CLUBES DE CAÇA E TIRO AGREGAM AS COMUNIDADES E HÁ MAIS DE CEM ANOS MANTÊM VIVOS OS COSTUMES DOS IMIGRANTES ALEMÃES
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Texto e Fotos Leo Laps
ma das heranças mais marcantes dos colonizadores germânicos que povoaram o Vale do Itajaí a partir da segunda metade do século XIX foi a instituição dos clubes de caça e tiro (em alemão, Schützenverein). Verdadeiros núcleos sociais, culturais e até políticos dos vilarejos, essas agremiações, muitas vezes centenárias, passaram por vários momentos ao longo da histó-
ria – inclusive repressão durante a Segunda Guerra Mundial. Muitas se mantêm ativas até os dias de hoje, congregando as comunidades em bailes, festas de rei e rainha do tiro, e torneios desportivos. Criada em 1987, a Associação dos Clubes de Caça e Tiro de Blumenau (ACCTB) foi fundada para auxiliar e unir mais de 40 entidades do tipo, que envolvem cerca de 20 mil habitantes do município, segundo cálculo do presidente Moacyr
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Tradição, alegria e esporteAlmanaque
Flor. No site da Associação, além de informações sobre os clubes, é possível conferir também a agenda de bailes e festas. “Buscamos resolver as necessidades de todos conjuntamente, ajudando a manter a tradição. Outra frente em que trabalhamos é buscar novas formas de atrair a comunidade para os clubes”, conta. Com o passar do tempo – e o surgimento das associações de empresas e de moradores, centros comunitários e outros –, os clubes acabaram reduzindo sua presença e perdendo sócios. Para manter viva a tradição, ações como a Festa de Reis nas Escolas, que estreou este ano na Itoupava Central, e o Dia do Turista, em que um grupo de visitantes participa de uma festa típica feita especialmente para eles, têm fomentado as atividades dos clubes de caça e tiro e ajudado a preservar seus costumes centenários.
OUTRO
IMPORTANTE
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O tiro começou como uma necessidade para os imigrantes e hoje tornou-se um esporte
EVENTO
anual é a Olimpíada dos Clubes de Caça e Tiro, que em 2012 ocorreu na Sociedade Recreativa e Desportiva Centenário, no Garcia. Todos os clubes filiados à associação participam, e há desde torneios de canastra, dominó e bocha até inusitadas competições de lenhadores e cabo de guerra. “É um evento tradicional, que já acontecia desde os anos 1960 com o nome de Encontro de Atiradores”, relembra Moacyr Flor. No Clube de Caça e Tiro Passo Manso, o presidente, Clay Isleb, e o tesoureiro, Carlos Metzner, exaltam o orgulho que é manter uma entidade que foi fundada por seus pais e avós. “Mais que uma obrigação, é uma honra. Além disso, aqui é o local onde as famílias da comunidade se encontram para se divertir e conversar”, afirma Metzner. Além de manter um grupo de danças folclóricas, o clube realiza encontros para a terceira idade, festas de rei e rainha do tiro, e competições de bolão e bocha,
Apesar de sua origem italiana, a bocha também tem lugar nos torneios entre os clubes dois esportes que também vieram com os imigrantes germânicos. Mas a maior vitrine para os clubes de caça e tiro em Blumenau é a Oktoberfest. Sua participação na festa é essencial. Além de darem um brilho a mais nos desfiles na Rua XV de Novembro, com suas músicas típicas e atiradores com coletes recheados de medalhas, também organizam divertidas competições no Parque Vila Germânica, como o tiro ao pássaro, o bolão de corda e a bocha 48. “A Oktoberfest é uma festa alemã, por isso, não a vejo acontecendo BLUMENAU É
sem a presença dos clubes”, argumenta o presidente da ACCTB. Desde junho de 2010, Blumenau conta com um lugar especial para preservar a memória dessa tradição. O Museu dos Clubes de Caça e Tiro foi montado a partir do acervo da Fundação de Cultura do município e de contribuições de várias entidades filiadas. Localizado ao lado do Clube Recreativo Esportivo e Cultural Concórdia, em uma bela casa enxaimel reformada após um incêndio, o Museu guarda troféus, antigas bolas e pinos de bolão, alvos de competições de
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Almanaque4Tradição, alegria e esporte
À direita, a prova de cabo de guerra nas Olimpíadas. No centro, o museu dedicado à memória dos clubes. Abaixo, as representantes femininas do tiro tiro, roupas típicas, medalhas e outros objetos que remontam aos primórdios da história de Blumenau. Durante as primeiras décadas de colonização, os clubes foram muito importantes na vida da colônia. Era lá que se reuniam os moradores para debater e planejar o trabalho – e também para dançar e se divertir nas “domingueiras”. O tiro servia como treinamento para proteção das comunidades. Mas durante o Estado Novo uma política nacionalista passou a perseguir toda atividade cultural e linguística dos imigrantes de países europeus, como os de origem germânica. Até escolas foram fechadas, uma das principais atividades das comunidades de imigrantes. Depois da guerra, muitos clubes fecharam definitivamente suas portas, enquanto outros voltaram a funcionar aos poucos, com o término do conflito. Estas agremiações passaram a chamar-se “sociedades recreativas, desportivas e culturais”, mantendo a prática do tiro apenas como um esporte de competição. Mas a tradição sobreviveu à perseguição – e até se fortaleceu nos dias de hoje, como pode ser visto nos bailes e festas de rei e rainha, que levam centenas de pessoas aos clubes da cidade em quase todos os fins de semana do ano.l
Serviço Museu dos Clubes de Caça e Tiro De terça a sexta, das 10h às 16h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 15h. Rua Dr. Pedro Zimmermann, 10377 – Itoupava Central. (47) 3339-0590 www.museuclubesdecacaetiro.com.br ACCTB Rua Itajaí, 2560 – Vorstadt. (47) 3340-5635 www.clubesdecadaetiro.com.br BLUMENAU É
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Alexandre tornou-se uma referência do jornalismo televisivo em Blumenau com seu estilo informal e a experiência trazida do rádio
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A voz que traz a notícia HÁ MAIS DE 25 ANOS ATUANDO NA COMUNICAÇÃO, ALEXANDRE JOSÉ É SINÔNIMO DE CREDIBILIDADE À FRENTE DO JORNAL DO MEIO-DIA Texto Luciana Zonta Foto Victor Carlson
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inconfundível tom de radialista é uma das marcas registradas da performance de Alexandre José na televisão. Assim que a voz marcante e familiar inicia um novo bloco do Jornal do Meio-Dia, o programa jornalístico ganha ares de uma conversa informal com o telespectador. Os comentários que o âncora da RICTV Record Blumenau faz após cada notícia instigam a audiência a pensar um pouco mais sobre o assunto em pauta, que pode ser uma fuga em massa do presídio regional, a rotina de treinos do Clube Atlético Metropolitano ou uma entrevista com um personagem emblemático do Vale do Itajaí. Nascido e educado em Blumenau, Alexandre José parece ter sido criado para atuar diante dos microfones. A carreira iniciada há 25 anos na Rádio Blumenau, onde começou como repórter setorista dos jogos de basquete da Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga, desdobrou-se em uma trajetória profissional que inclui passagens pelas principais emissoras da cidade. Foi repórter, apresentador e progra-
mador musical até chegar à televisão, onde também apresentou um quadro comunitário que incluía notícias variadas de polícia e assistência social. Atuando como apresentador do Jornal do Meio-Dia desde 2004, pela RICTV Record, Alexandre José já se tornou uma das principais referências do telejornalismo em Blumenau e região. Segundo Pesquisa do instituto Furb, ele é o âncora preferido dos telespectadores de Blumenau com 49,2%. O segundo lugar tem 17,4 %. No supermercado, no restaurante e até em velório é abordado por pessoas da comunidade, que pedem ajuda para reivindicar mais segurança nos bairros, vagas em creche, novas linhas de ônibus ou simplesmente pedem um autógrafo e uma foto ao lado do apresentador famoso. Casado e pai de três filhos, Alexandre José diz que não se importa com as abordagens que recebe na rua. “Muito pelo contrário, atendo todos com o maior prazer e tento ajudar da forma que estiver ao meu alcance. É uma demonstração concreta de que o trabalho repercute e gera resultados positivos para a cidade”, diz.l
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Almanaque4Ligada no telespectador
Responsável por uma das atrações de maior audiência da RICTV Blumenau, Susan envolve-se pessoalmente com a produção e com a pauta do programa
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Ligada no telespectador SEM PARAR UM SEGUNDO, A APRESENTADORA SUSAN GERMER DÁ UM SHOW DE SIMPATIA E PROFISSIONALISMO NO PROGRAMA VER MAIS
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Texto Luciana Zonta Foto Victor Carlson
dia da blumenauense Susan Germer, 31 anos, começa cedo. Às seis e meia da manhã pula da cama, come rapidamente, coloca a roupa de ginástica e parte para a academia. Após o exercício sagrado de cada dia e de um banho rápido para repor as energias, é hora de preparar o cabelo, a maquiagem e o look para dar início à rotina de trabalho na RICTV Record, onde comanda e apresenta o Ver Mais Blumenau, um dos programas de maior audiência da emissora. No trabalho, Susan parece ligada na tomada. Logo que chega à TV pela manhã, gosta de inteirar-se dos assuntos em pauta para o programa. Conversa com a equipe, troca ideias com a coordenação da TV, sugere temas para reportagens, confere os jornais do dia, capta impressões e sugestões dos telespectadores pelas redes sociais. “Penso em pauta 24 horas por dia. Envolver-se com o programa é fundamental. Do contrário, ficaria algo frio e impessoal”, explica. Antes de entrar no ar, mais um retoque no visual. Com espaço para perguntas ao vivo do telespectador, Susan ainda treina o jogo de cintura em entre-
vistas que podem envolver os mais diferentes tipos de temas, como relacionamentos e sexo. Nada que ela não tire de letra, com o auxílio de um profissional capacitado para ajudar quem está do outro lado da linha. Formada em Publicidade e Propaganda pela Fundação Regional de Blumenau (Furb), Susan começou a trabalhar com comunicação aos 17 anos de idade no Galera Mix, programa televisivo local voltado ao público jovem. Anos depois, morou em Florianópolis, onde atuou como apresentadora de telejornal e fez contratos de publicidade. No início de 2008 a RICTV Record chamou-a para apresentar o Ver Mais Blumenau, onde está desde abril daquele ano. A audiência do programa na região resulta em assédio de fãs a todo o momento. No shopping, em eventos sociais ou nos restaurantes, há sempre quem peça um autógrafo ou uma foto ao lado dela, que garante adorar o carinho das pessoas na rua. “Para compensar os dias agitados, “hiberno” ao lado dos meus livros e filmes no fim de semana”, revela Susan, que já recebeu prêmios como o Microfone de Ouro, concedido pela ACAERT como a melhor apresentadora de TV de Santa Catarina.l
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O bairro famoso por seu casario enxaimel é também sede da Haco, ao fundo, uma das maiores indústrias de etiquetas tecidas do mundo
Novos ares para a Vila SEM PERDER SEU CLIMA TÍPICO DE COLÔNIA GERMÂNICA, A VILA ITOUPAVA GANHA NOVOS ATRATIVOS E BUSCA FOMENTAR O TURISMO Texto e Fotos Leo Laps
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radição e tranquilidade. Apesar do acentuado crescimento urbano de Blumenau nas últimas décadas, essas duas palavras continuam definindo a vida na Vila Itoupava. A 25 quilômetros do Centro, antes da divisa com Massaranduba, o bairro de pouco mais de 5 mil habitantes ainda preserva muitos traços da antiga colônia germânica. Em meio a paisagens rurais, a herança dos imigrantes pode ser reconhecida nas belas e rústicas casas enxaimel, na gastronomia dos restaurantes, alambiques e lojas de chocolate caseiro, no bate-papo em
alemão entre vizinhos, nos nomes das ruas e de seus moradores. Obviamente, a Vila Itoupava de hoje é muito distinta daquela construída pelos primeiros colonizadores, logo após a fundação da Colônia Blumenau, em 1850. “O bairro cresceu muito a partir da década de 1920, com a fundação da Haco (fábrica de etiquetas que produz, por exemplo, os brasões da camisa oficial da Seleção Brasileira de Futebol). As tradições seguem preservadas e quase todos os moradores ainda falam alemão, mas muita coisa mudou”, atesta Helmut Danker, 85 anos – mais da metade
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Novos ares para a VilaAlmanaque
Fabiana Pasold Muller/Divulgação
deles como diretor do Hospital Misericórdia de Vila Itoupava, que atende a boa parte da região norte de Blumenau e a alguns municípios vizinhos. A unidade de saúde, que preserva a casa enxaimel onde eram feitos os primeiros atendimentos, é referência na região em cirurgias de catarata e, em breve, fará também transplantes de córnea. Para Danker, que só saiu do bairro para estudar, a Vila Itoupava somente precisa explorar melhor seu potencial turístico. A proprietária do tradicional restaurante Abendbrothaus, Josefa Jensen, concorda: “Amo a Vila Itoupava, mas acredito que precisamos de mais atrativos para os moradores da região, que muitas vezes preferem ir a Pomerode. Temos de manter o que nos faz diferentes – que é a tradição alemã –, mas inovar também”, avalia a empresária, que garante que a maioria dos clientes do restaurante vem de fora do Vale do Itajaí e sai encantada com a Vila. A casa mantém a tradição de abrir apenas aos domingos para servir um único e delicioso prato: marreco recheado com repolho roxo e purê de maçã, um clássico da culinária germânica.
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Durante a Wandertag, os moradores recebem grupos de turistas para um passeio ecológico
UMA DAS INICIATIVAS MAIS recentes da comunidade para fomentar o turismo na região é a Caminhada Ecológica Cultural da Vila Itoupava, ou Wandertag, que teve sua terceira edição realizada no último dia 26 de agosto. A grande novidade deste ano, em uma parceria com a Secretaria Municipal de Turismo, foi a colocação de placas permanentes em 19 casas históricas do bairro, dispostas em um circui-
to de aproximadamente 10 quilômetros – parte deles por estreitas estradas de barro que a cada curva mostram novos vales verdes, sítios, ribeirões e florestas. “A Vila Itoupava é o melhor bairro da cidade para se viver. Ainda é um lugar tranquilo, e esse passeio mostra bem o que temos de melhor”, afirma o intendente do bairro, Mario Schwanke. O percurso pode ser feito a pé, de bicicleta ou de carro. E agora, com a
Danker dirige o hospital fundado em 1923 e que hoje é referência em cirurgias de catarata
Schwanke: “É o melhor bairro para se viver”
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O capricho dos moradores fica evidente na qualidade do chocolate caseiro e nas bem cuidadas hortas espalhadas por toda a vizinhança colocação das placas permanentes, pode ser feito em qualquer dia do ano. No dia da caminhada, o ponto de chegada e saída é a Sociedade Recreativa e Desportiva Serrinha, um dos clubes de caça e tiro mais antigos e ativos da cidade. Fundado em 1896, é responsável por tradicionais festas de rei e rainha, além de torneios de skat (um jogo de cartas típico dos imigrantes), futebol e bolão. A Hostaria Filidoro, um dos mais novos empreendimentos da Vila Itoupava, também está no roteiro com seu cardápio de pratos típicos da Itália – país de onde vieram muitos imigrantes para a região. Outra boa opção ao longo do percurso é a Happs Chocolates Caseiros, anexa à casa dos Hein, logo no início do roteiro da caminhada.
A Hosteria Filidoro une a arquitetura em estilo germânico ao cardápio de um chef italiano BLUMENAU É
Os doces são todos desenvolvidos por Olivia Hein, que começou a fazê-los por hobby, para deleite inicial de amigos e familiares, e há nove anos resolveu profissionalizar seu talento. Além da Wandertag, outra atração no calendário de eventos do bairro é o Stammtisch da Vila Itoupava, que chegou este ano a sua 11ª edição. É uma festa mais pitoresca que a versão da Rua XV de Novembro, com foco nas tradições germânicas e número reduzido de participantes. Há uma enorme lista de espera para participar da festa, provando que é justamente a manutenção dos costumes antigos e o ritmo bem diferente do restante da cidade que tornam o bairro tão especial para os blumenauenses.l
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Um brinde aos cervejeiros
Ilceu Dimer com a nova cerveja da Bierland, resultado de seis meses de pesquisa no Arquivo Hist贸rico do munic铆pio
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Os quatro sabores da Wunder Bier: a escura Schwarzbier, a “loira” Lager-Hell, o chope de vinho Winebier e a Hefe-Weiss, à base de trigo
COM CRIATIVIDADE, TALENTO E RESPEITO À TRADIÇÃO, OS PRODUTORES ARTESANAIS FAZEM DE BLUMENAU A CAPITAL BRASILEIRA DA CERVEJA Texto Luciana Zonta Fotos Victor Carlson
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mistura de aromas – entre lúpulo, malte e fermento – indica logo de cara o que se produz no espaço tomado por grandes tanques de inox que alcançam até o teto. É nas microcervejarias de Blumenau que se origina um produto que voltou a conquistar tanto prestígio quanto os têxteis e os cristais fabricados há mais de um século por aqui: a cerveja artesanal. Os sabores únicos dos rótulos locais têm atraído especialistas e curiosos de toda a parte para conhecer a Rota da
Cerveja, que passa pelas principais produtoras blumenauenses e inclui outras cidades do Vale do Itajaí. A redescoberta dessa bebida tradicional acompanha uma tendência mundial, e as particularidades de sua fabricação e apreciação têm gerado um efeito parecido com o do roteiro dos vinhos na Serra Gaúcha. As degustações nas cervejarias lembram muito às das vinícolas. Cada bebida tem um copo especial, com um formato exclusivo. Saber diferenciar uma pilsen de uma weizenbier ou degustar uma cerveja defumada com
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Steinbach: a Wunder Bier aposta nos sabores tradicionais e na água de ótima qualidade
charuto virou sinônimo de status cultural e já é um hábito tão difundido quanto o de harmonizar vinhos com carnes. Só a Eisenbahn, a maior e mais famosa das artesanais de Blumenau, produz 13 tipos de cervejas. Inaugurada em 2002, a cervejaria foi a primeira a resgatar a tradição dos antepassados e também a vender seus produtos para outros estados. Entre eles o Bierlikör (licor de cerveja) e a levíssima cerveja Lust, produzida em parceria com a vinícola San Michele, de Rodeio, a 30 quilômetros de Blumenau. O tour pela fábrica
dura meia hora e termina no bar da própria cervejaria, o Estação Eisenbahn, onde há petiscos típicos alemães e música ao vivo. Recentemente a cervejaria Bierland, do empresário Eduardo Krueger, recriou uma das receitas produzidas no século XIX na região. Batizada de Bierland Blumenau, em homenagem à cidade, a nova cerveja é uma releitura de como as cervejarias locais produziam a bebida na época. O produto contou com a experiência do mestre cervejeiro da marca, Ilceu Fernandes Dimer, e é resultado de seis meses de pesquisa em registros do Arquivo Histórico do município. A principal característica da fómula adotada pela Bierland Blumenau é a fermentação aberta com levedo de alta fermentação. Além disso, são utilizadas duas variedades de lúpulo em flores e três tipos de maltes. O novo estilo não é filtrado e sua aparência é naturalmente turva, com teor alcoólico de 4%. “O aroma apresenta notas suavemente frutadas, sutil defumado e floral”, explica Eduardo Krieger. A Bierland também produz outras sete variedades de cerveja e três tipos de chope, todos servidos no bar da fábrica e distribuídos para outras regiões de Santa Catarina. A Wunder Bier, fundada em 2007 no bairro Fortaleza, é a caçula das cervejarias de Blumenau. O local foi escolhido depois que o proprietário, Bento Linhares, mandou furar um poço artesiano no terreno e encontrou água de excelente qualidade a 140 metros de profundidade. “Esta água tem as condições ideais para a produção de bebida, não precisamos fazer qualquer tipo de interferência”, comenta o mestre cervejeiro Fábio Steinbach. No bar da Wunder Bier são servidos os quatro tipos de chope que a marca produz: Lager-Hell, Hefe-Weiss, Schwarzbier e Winebier (o chope de vinho).
A TRADIÇÃO DE FABRICAR CERVEJA artesanal atravessa mais de um século na cidade. Em 1880, só a cervejaria Hosang vendeu para a Sociedade de Atiradores de Blumenau 7,72 mil garrafas. Trazidas pelos imigrantes alemães em 1860, as BLUMENAU É
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práticas cervejeiras adormeceram por um bom tempo, depois que a melhoria das estradas deu espaço para a invasão das marcas comerciais. Uma das principais características das cervejas de Blumenau é o respeito à Lei de Pureza Alemã, norma germânica promulgada em 1516 na região da Bavária, que é uma espécie de atestado de qualidade ao produto. A regra determina que apenas quatro ingredientes podem ser usados para fazer-se uma boa cerveja: o malte, o lúpulo, o fermento e a água. Nada de conservantes ou estabilizantes.
O MESMO RESPEITO ÀS ORIGENS É seguido à risca por uma nova safra de adoradores da bebida na região: os homebrewers ou “cervejeiros caseiros”. Os amigos Pedro Marinho Neto e Fenando Lapolli, empresários de Blumenau, são unidos pelo gosto à cerveja. Tudo começou há três anos, quando Pedro estava em casa fazendo pesquisas na internet e deparou-se com um equipamento para fazer cerveja à venda. Curioso, comprou a engenhoca, acompanhada de um kit de ingredientes e dicas de como fazer a bebida. A primeira tentativa foi “um desastre”, como define o próprio Pedro. Ao longo do tempo, ele e o amigo Fernando foram aprimorando a receita. Após alguns erros e muitos acertos, o resultado agora é degustado em animados encontros de amigos, igualmente adoradores de cerveja como a dupla. “A gente só fala nisso, chega a ser chato”, diverte-se o homebrewer blumenauense. Em Blumenau é assim. Seja em estruturas profissionais ou “no fundo do quintal”, a arte cervejeira desperta a paixão dos apreciadores. Tanto amor à bebida deu origem ao Festival Brasileiro de Cerveja, realizado anualmente no Parque Vila Germânica. A edição 2012 reuniu nada menos que 45 marcas de cervejas e chopes artesanais de todo o Brasil e uma programação que incluiu workshops, palestras, tour da cerveja e até uma convenção nacional de blogueiros especializados.
A bebida também é digna de destaque na Oktoberfest, onde as cervejarias artesanais ganham um pavilhão exclusivo – sempre o mais animado da festa. Outro evento que reúne os amantes de uma boa cerveja é o Strassenfest Mit Stammtischtreffen, o tradicional encontro de Stammtisch de Blumenau, que teve sua 21a edição em abril deste ano. O evento reúne mais de 300 confrarias de amigos que literalmente tomam a Rua XV de Novembro e adjacências com suas barracas servindo petiscos e chope artesanal, em uma animada festa de rua que não deixa dúvidas de que estamos realmente na “capital nacional da cerveja”.l BLUMENAU É
Marinho (esq.) e Lapolli: cervejeiros caseiros e a aventura de fabricar seu próprio chope
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Em volta do lago e com o ginásio Galegão ao fundo, pessoas de todas as idades reúnem-se na maior área pública de lazer da cidade
Ponto de encontro COM ESPAÇO DE SOBRA PARA PASSEAR OU PRATICAR ESPORTES, O PARQUE RAMIRO RUEDIGER CAIU NO GOSTO DOS BLUMENAUENSES Texto e Fotos Leo Laps
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im de semana em Blumenau. Pode ser inverno, verão, outono ou primavera, basta um dia agradável para que milhares de moradores da cidade partam rumo ao bairro da Velha para aproveitar bons momentos no Parque Ramiro Ruediger. Muitos buscam as quadras de tênis, vôlei ou futebol de praia, ou então as pistas para caminhar, pedalar e patinar. Amigos reúnem-se para piqueniques e conversas
sobre a grama. Casais com crianças aproveitam o sol da manhã perto do playground, enquanto jovens praticam manobras de skate e passos de hip-hop. O espaço tem suas regras de convivência, mas guarda espaço para todos os estilos. Com 45 mil metros quadrados, o Ramiro Ruediger é o maior espaço público de lazer da cidade. Vizinho do Parque Vila Germânica e do Ginásio Sebastião Cruz (o popular Galegão), foi inaugurado em 1994, aproveitando uma velha
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Informe Publicitário
Foto arquivo pessoal
De volta às origens
O blumenauense Jean Carlo Witte é mais uma pessoa que
acredita na cidade de Blumenau. Ele que teve uma carreira de sucesso como jogador de futebol, defendeu o Santos de 1995 a 1999 e o Bahia de 2000 a 2001. Nesse período defendeu também a seleção sub 23 do Brasil. No ano de 2002 foi transferido ao futebol japonês, jogando até 2006 no FC Tókio. Em 2007 passou a jogar em outro clube do Japão, o Shonan Bellmare, onde permaneceu até 2010. Hoje é um empresário que apostou na cidade de Blumenau, uma cidade com um potencial de crescimento espetacular. Ele é proprietário do Auto Posto Blu na rua Sete de Setembro, região central de Blumenau, que conta com uma excelente conveniência. Assim como os meios de abastecimento tradicionais, o posto oferece também abastecimento de GNV, troca de óleo e lavação. Jean salienta que em breve o blumenauense pode esperar novidades no local.
Parabéns Blumenau, temos orgulho de fazer parte desta história! AUTO POSTO
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Almanaque4Ponto de encontro
A família Costa é uma das muitas que vêm de bairros distantes para aproveitar o parque pista de atletismo projetada no local há mais de 30 anos. “Em 1980, mais ou menos, aterraram aquele terreno e surgiu a ideia de construir uma pista de atletismo profissional. Na época chegaram a comprar o material de revestimento, mas a pista nunca foi concluída”, lembra o professor aposentado e técnico de atletismo Ivo da Silva, que treinou no local muitos corredores, que, com a inauguração do parque, passaram a contar apenas com a pista profissional do Complexo Esportivo do Sesi, no Vorstadt. “Mas é um grande consolo ver o Ramiro Ruediger lotado todos os fins de semana, com gente se exercitando e se divertindo”, garante o professor.
Maria Aparecida Goedert é uma das centenas de pessoas que preferem trocar o espaço fechado das academias pelo parque. “Na academia tem sempre televisão ligada, música alta. Aqui consigo me concentrar no exercício e ainda relaxar sob o sol, pedalando, apreciando a paisagem e vendo as crianças brincarem”, afirma. Se a psicóloga mora pertinho, no Victor Konder, há aqueles que não se
importam em sair de bairros mais distantes para usufruir da estrutura do parque. Jamile Costa e o marido, Tiago Nunes da Costa, vêm quase todo fim de semana da Itoupava Norte para trazer os filhos Davi, 6 anos, e Dara, 2, para brincar no Ramiro Ruediger. “Há uma boa praça no nosso bairro (Praça da Gaitas Hering), mas ela é bem menor e há muito trânsito em volta. Aqui podemos deixar os dois mais à vontade. Por eles, viríamos todos os dias”, garante Jamile. Recentemente, o Parque Ramiro Ruediger passou a ser palco de eventos culturais, com apresentações de orquestras e bandas, e exposições ao ar livre. Em maio o local reuniu mais uma vez milhares de moradores para o Dia do Desafio, uma iniciativa mundial de incentivo à prática desportiva, em que cidades competem para ver qual delas mobiliza mais pessoas para exercitar-se por 15 minutos em determinado dia e horário. O Parque Ramiro Ruediger está localizado na Rua Albert Stein, s/n – Velha, e está aberto todos os dias, das 5h à meia-noite. O telefone de contato é (47) 3326-6948.l
AOS POUCOS O PARQUE FOI ganhando novos atrativos. A última revitalização foi concluída em 2008, quando o local recebeu um lago com marrecos e peixes e passou a oferecer conexão gratuita à internet, um irresistível convite para navegar com tablets e laptops sob o sol. Também foi inaugurada uma área com 10 equipamentos para exercícios ao ar livre, em parceria com a Unimed. A psicóloga
Mesmo ao anoitecer, o Ramiro Ruediger oferece um ambiente seguro e bem iluminado BLUMENAU É
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Lojas Hering, no Shopping H. 134 anos de comércio, crescendo com Blumenau. Além da tradicional loja de malhas e confecções, você encontra um shopping em uma privilegiada localização com muito espaço, conforto e segurança para o sucesso do seu negócio. Blumenau. A primeira no Brasil
No coração da XV
Rua XV de Novembro, 759 - Fone/Fax: (47) 3035 3000 - Blumenau - SC