Chapecó é #3

Page 1

chapecó

97 anos

CHAPECÓ

é nº 3 Agosto 2014

ECONOMIA

Qualificação do comércio na cidade atrai consumidores de fora do Estado

EMPREENDEDORES

Quatro empresários locais contam como desenvolveram suas ideias de negócios

A CIDADE DO COOPERATIVISMO COMO o SISTEMA DE COOPERATIVAS TEM CONTRIBUÍDO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE CHAPECÓ E REGIÃO

ESPORTE

A trajetória e as conquistas da Associação Female de futsal feminino



A ARTE DE VIVER BEM GANHOU FORMA

CRECI 0425 J

Edifício BelFiore Incorporação sob registo nº 84.837.

São 4 apartamentos por andar com até 3 suítes e sacada com churrasqueira.

VENDAS 49 3321 1700 www.nostracasa.com.br ImobiliariaConstrutoraNostraCasa


4

editorial l índice l opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

Vilmar Alves @_oficial_vilmar Panorâmica

UMA potência regional Chapecó chega aos 97 anos em pleno crescimento, consolidando sua importância como centro econômico e cultural em uma área de influência que vai além das fronteiras catarinenses, abrangendo do noroeste do Rio Grande do Sul ao sudoeste do Paraná. Seja no comércio ou no agronegócio, no esporte ou na arte, a cidade é cada vez mais reconhecida como um polo regional que atrai investimentos e pessoas em busca de um lugar melhor para viver e ganhar a vida. Todos estes assuntos estão presentes na terceira edição da Chapecó É, que mais uma vez chega às mãos dos chapecoenses como um presente do Grupo RIC para comemorar o aniversário da cidade. Em nossa reportagem de capa, destacamos um movimento cuja história se confunde com a trajetória de desenvolvimento não só do Oeste, como de toda Santa Catarina: o cooperativismo. A partir da página 20 você vai conhecer um pouco mais da história das principais cooperativas locais e sua contribuição essencial para alavancar a economia de Chapecó e região. Ainda na área econômica, vamos mostrar como a cidade se tornou um importante polo comercial multirregional, além de sediar grandes eventos que fomentam o turismo e geram negócios. Destacamos iniciativas bem-sucedidas de pequenos empresários – seja no campo, com a história do Grupo Amigos do Solo, seja na cidade, com quatro cases de empreendedores locais. Para completar esta edição falamos também de esporte, lazer, compras, história e cultura, em um panorama abrangente do que é a Chapecó de hoje e de seus desafios para o futuro. Uma boa leitura e parabéns a todos que – assim como o Grupo RIC – têm contribuído para fazer da Capital do Oeste uma das melhores cidades catarinenses para se viver. Marcello Corrêa Petrelli Presidente-Executivo Grupo RIC SC

chapecó É l 2014


5 .CREDITO NCREDITO

chapecó É l 2014


6

índice l opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

8

opinião

chapecó pronta para o futuro

10 Thiago freitas minha cidade

FUNDADOR e Presidente Emérito

Mário J. Gonzaga Petrelli

CelSo rodrigues

14 16

Grupo RIC SC

#chapecó

presidente-Executivo

olhares digitais entrevista

Tiago Lorenci @tiag

Marcello Corrêa Petrelli olorenci

Reynaldo Ramos

BENTO ZANONI

Diretor Administrativo e Financeiro

Waldemar Antonio Schmitz

Albertino Zamarco Jr. Diretor Operacional

20 COOPERAR PARA CRESCER matéria de capa

Paulo Hoeller Diretor REGIONAL CHAPECÓ

Roberto Winter

28 POLO DE COMPRAS economia

GERENTE RIC Editora

Paulo Arthur Moreira Schenk

Revista CHAPECÓ É

TURISMO EMPRESARIAL

36 compromisso com a terra agronegócio

COORDENAÇÃO Alexandre Pauli @alexandrepauli Igreja Matriz

Ivécio Luiz Spangnolo

40 A OVELHA QUE VIROU MARCA

Editor-executivo

Diógenes Fischer

O NEGÓCIO É PROTEGER

REPORTAGEM

Fabiane De Carli Tedesco, Fernanda Dreier,

CHOPE COM SABOR LOCAL

Fernanda Moro, Lisiane Kerbes e Suellen Santin

PASTÉIS EM REDE

fotografia

Robson Covatti (capa) e Tarla Wolski

48 caminhos do desenvolvimento urbe

Diagramação

Diógenes Fischer Vinícius Caldart @viniciuscaldart Praça central

REVISÃO

Lu Coelho

56 chapecó nas vitrines compras

Distribuição

RIC Editora IMPRESSÃO

58 MENINAS SHOW DE BOLA esporte

Gráfica Floriprint RIC EDITORA

Av. do Antão, 1857 – Altos do Morro da Cruz – Centro – CEP 88025-150 – Florianópolis/SC (48) 3251 1440

60 APOIO DOS INTERNAUTAS cultura

64 PRECURSOR DA CAUSA INDÍGENA

Paulo Arthur Moreira Schenk Gerente comercial chapecó

empreendedores

Chapecoenses de coração

Diretor Comercial

rictv CHAPECÓ

memória

is meanegrao R. Minas Gera Guilherme Negrão @guilher

chapecó É l 2014

Rua Sete de Setembro, 1920D – Presidente Médici – CEP 89806-150 – Chapecó/SC (49) 3319 2500 www.ricmais.com.br/sc/revistachapecoe



8

opinião

l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

CHAPECÓ PRONTA PARA O FUTURO

JOSÉ CLAUDIO CARAMORI Prefeito de Chapecó

“Capital e social caminham na mesma direção, oferecendo qualidade de vida para quem nasceu aqui e para quem escolheu viver nesta terra”

O cenário nos mostra um município em plena sintonia com o desenvolvimento econômico e social ao se aproximar dos 100 anos de história. Em Chapecó, capital e social caminham na mesma direção, oferecendo qualidade de vida para quem nasceu aqui e para quem escolheu viver nesta terra. Por isso, nada melhor que compartilhar números que representam a pujança da Capital do Oeste. Segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, somos a cidade mais desenvolvida no Estado, entre aquelas acima de 100 mil habitantes, e ocupamos o 18º lugar no Brasil. Entre 0 e 1, Chapecó ostenta indicador de alto desenvolvimento (0,8766), sustentado por elevados índices de emprego e renda, educação e saúde. Os indicadores divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apontam crescimento significativo no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Na década compreendida entre os anos 2000 e 2010 avançamos em educação, renda e longevidade, com incremento de 15,83% no IDHM. Chamamos a atenção para o investimento no Aeroporto Municipal Serafim Bertaso, um dos aeródromos que mais cresceu no interior do Brasil nos últimos anos, e para o apoio dado ao Parque Científico e Tecnológico Chapecó@, que contribuirá para fomentar uma nova matriz econômica. Em relação à Saúde, recebemos em 2007 e 2013 a maior distinção concedida a municípios (de 50.001 a 300 mil/ hab.) que adotam políticas públicas bem-sucedidas de saúde bucal: o Prêchapecó É l 2014

mio Brasil Sorridente, instituído pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) e Ministério da Saúde. Somos reconhecidos nacionalmente pelo ministério como o segundo melhor SUS do Brasil. Também destacamos os altos indicadores da educação. A Rede Municipal de Ensino abriga hoje 9.353 crianças de 0 a 5 anos, com destaque para as 5.144 com idade de 0 a 3 anos atendidas nos Centros de Educação Infantil. De 2005 para cá, ampliamos em 90% o atendimento a essa faixa etária, sendo que o município já atende 100% do pré-escolar (4 a 5 anos). Construímos e inauguramos o maior e mais moderno Centro de Educação Infantil Municipal do Estado, o CEIM Pequeno Príncipe (700 crianças). Hoje são 47 Centros de Educação Infantil Municipais e Comunitários e Creches Domiciliares. Outros seis estão em construção. A mesma atenção dedicamos aos idosos. Somos reconhecidos internacionalmente pelos programas e ações para cuidar das pessoas com mais de 60 anos. Criamos a Cidade do Idoso e implantamos a Universidade da Melhor Idade, em parceria com a Unoesc. Comemoramos sim, mas o trabalho continua. Chapecó está em obras. Recebe, nesse momento, investimentos em diversas áreas com novas obras e ações de mobilidade urbana, melhorias e serviços em infraestrutura, educação, saúde, assistência social e esporte. Os parabéns são para todos os chapecoenses! Reiteramos nosso agradecimento coletivo pelo desenvolvimento econômico e social da nossa querida Chapecó.


VA R A N DA

i m a g e m i l u s t r at i v a


10

.Suellen SantinNTarla Wolski / DIvulgação

opinião l

minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

A CHAPECÓ DE

THIAGO FREITAS

O APRESENTADOR DO PROGRAMA “VER MAIS” DA RICTV RECORD REVELA SEUS LUGARES PREFERIDOS PARA APROVEITAR A CIDADE QUE ESCOLHEU PARA VIVER

CHARME E BOM GOSTO “Quando eu cheguei em Chapecó, onde hoje é o Café Bangalô funcionava o restaurante de uma família amiga minha. Por isso, eu guardo boas lembranças do local e também coisas boas do presente. O espaço interno é muito charmoso e lá fora há mesas e cadeiras que são perfeitas para curtir o sol e tomar um chá.” O Bagalô Boutique de Flores fica na Rua Marechal J. Borman, nº 248 D, Centro. (49) 3316-3700.

ESPAÇO PARA DESCANSAR “Por se tratar de um lugar retirado, o Country Club é uma ótima pedida para quem quer relaxar e fugir um pouco do movimento. O local combina amigos, natureza e boa gastronomia. Almoçar lá nos domingos já se tornou um ritual.” O Country Club Chapecó fica às margens da SC480, no Km 4 da rodovia. O restaurante do local é aberto para sócios e para o público em geral para eventos. www.countryclubchapeco.com.br

Apesar de ser gaúcho de nascença, o jornalista Thiago Freitas já se considera um “chapecoense de coração”. Na telinha da RIC Record há seis anos, ele está à frente do programa Ver Mais e pretende dividir a carreira de apresentador com a de empreendedor,

TUDO EM UM SÓ LUGAR

desde que decidiu abrir uma agência de marketing e eventos. Vaidoso assumido, Thiago tem como um dos principais hobbies cuidar da aparência. Reunir os amigos e viajar também estão no topo da lista das atividades preferidas. Para aproveitar Chapecó, ele não abre mão de bons restaurantes e bares, mas ao mesmo tempo tem apreço por lugares abertos e em meio à natureza.

SABOR E BELEZA

PELA AVENIDA

“No porto Goio-En é possível degustar as

“Como o chapecoense que hoje me

“O shopping para mim é um lugar

delícias gastronômicas da região, aproveitar

considero, aprendi a dar voltas pela

indispensável, onde costumo ir ao salão,

as águas do Rio Uruguai para passeios

Avenida Getúlio Vargas para ver o

fazer compras e refeições. É um ponto

de barco ou simplesmente apreciar a

movimento. Não tem restrição de

de encontro na cidade, onde sempre

paisagem. Adoro ir lá no verão e este é o

horário, e o passeio vale tanto durante

esbarro com alguém conhecido. Não

meu lugar favorito em Chapecó.”

o dia quanto à noite. É o coração da

consigo mais imaginar Chapecó sem ele.”

O porto Goio-En fica na divisa entre Santa

cidade, onde tudo acontece.”

O Shopping Pátio Chapecó fica na Avenida

Catarina e o Rio Grande do Sul e é possível

A Av. Getúlio Vargas, situada no centro de

Fernando Machado, nº 4000, Bairro Líder. (49)

chegar até lá pela rodovia SC-480.

Chapecó, é a principal avenida da cidade.

3312-3600. www.shoppingpatiochapeco.com.br

chapecó É l 2014


11 .CREDITO NCREDITO

CRO 1066

Odontologia moderna ao seu alcance!

Dr. Norival Loureiro Jr. CRO: 1089215

(49) 3324 0900 Av. Getúlio Vargas, 870N Ed. Central Park - Chapecó.SC

(49) 3433 1299

Rua José de Miranda Ramos, 148 Centro - Xanxerê.SC

EM BREVE NO BAIRRO EFAPI

(49) 3444 1109 Rua Getúlio Vargas, 415 Centro - Concórdia.SC


12

.Suellen SantinNTarla Wolski / Divulgação

opinião l

minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

A CHAPECÓ DE

SEGUNDA CASA

CELSO RODRIGUES

HÁ 12 ANOS NA CIDADE, O TÉCNICO DA CHAPECOENSE APROVEITA SEUS MOMENTOS FORA DO GRAMADO PARA CURTIR BONS RESTAURANTES COM A FAMÍLIA

“Meu lugar preferido é minha casa. Mas o segundo com certeza é a Arena Condá. Chego aqui de manhã, saio para almoçar e logo depois volto e fico durante toda a tarde. Acabo passando mais tempo aqui do que em casa, mas é muito bom.” A Arena Condá fica na Rua Índio Condá, Centro. Depois de passar por reforma, hoje o local tem espaço para mais de 22 mil torcedores.

Um cara sossegado. É assim que Celso Rodrigues se define. Quando veio a Chapecó, para jogar como volante em 2002, já sonhava em um dia seguir carreira como técnico. Para se preparar ele estudou Educação Física, fez cursos e estágios na espera de uma oportunidade. Neste ano, o

PARA PETISCAR

gaúcho recebeu o convite para ser treinador da Chapecoense e hoje

“O Sandduba é um dos lugares onde

assume o comando da equipe. Fora

mais gosto de comer. Vou lá com a

dos gramados, onde passa a maior

família e também para ver os amigos.

parte do tempo, Celso costuma fazer

Sempre peço alguma das porções que

programas bem caseiros e adora

eles oferecem. O pedido que nunca pode

estar na companhia da família e

faltar é a porção de tilápia frita.”

dos amigos. Jogar futebol, sair para

A sanduicheria Seu Sandduba fica na esquina

comer e fazer um churrasquinho

entre a Rua Marechal Deodoro da Fonseca

em casa estão entre as atividades

e a Avenida Nereu Ramos, nº 330, Centro.

preferidas.

(49) 3323-0767.

CAFÉ COM OS AMIGOS

Gastronomia italiana

FANÁTICO POR CHURRASCO

“Quando sobra um tempinho, geralmente

“Gosto muito de ir ao restaurante

“Como sou gaúcho, no fim de semana

pela manhã ou no fim da tarde, vou até

DonSini. Costumo frequentar o local

não pode faltar o churrasco, por isso

a Bel Pão para bater um papo com os

com a família e também na companhia

costumo ir no restaurante D’Itália para

amigos. Lá aproveitamos para conversar

dos amigos. A culinária italiana é uma

almoçar. Churrasco é minha comida

e tomar o tradicional cafezinho. Frequento

das minhas favoritas e lá aproveito

preferida e lá eles também servem

a padaria já há alguns anos e sempre que

o rodízio de pizza. O sabor que mais

comida italiana, que é minha segunda

consigo dou uma passada lá.”

gosto é Portuguesa.”

favorita.”

A padaria Bel Pão fica na Avenida Nereu

O restaurante e pizzaria DonSini fica na

O restaurante D’Itália fica entre a Avenida

Ramos, nº 670, Centro. (49) 3322-2890.

Rua Marechal Deodoro, nº 315, Centro.

Fernando Machado e a Rua Jorge Lacerda, nº 115,

www.belpao.com.br

(49) 3328-6633. www.donsini.com.br

Centro. (49) 3322-3375.

chapecó É l 2014



14

opinião l minha cidade l

#chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

OLHARES DIGITAIS Alice Mazon @aliceferna

Através das lentes de seus celulares, usuários do aplicativo Instagram compartilham belos flagrantes do dia a dia em chapecó

nda Monumento do Des

Vinícius Matheus Caldart @viniciusca Matheus Graboski @graboskimathe

Flavio Dilascio @flaviod

bravador

ldart Trilha do Pitoco

us

ilascio Arena Condá

Vinícius Matheus Caldart @viniciuscaldart Goio-En

Vinícius Matheus Caldart @viniciuscaldart Praça Central

Pedro Modesti @pedrogmodesti chapecó É l 2014

Paisagem noturna

Débora Winckler Bedin @deborawb Catedral

Liamara Silvestrin Polli @liyahzinh

a1


15

Matheus Graboski @gr

aboskimatheus

Ander Santos @andeeesantos Aman

hecer

Christian Rafael Conterato @crconterato

João Manuel Xavier @joomanuel m Magda Brum @magdabru

Matriz

Rômulo Branco Schenato @romulosc

hneato Aeroporto

Luciano Nazari @lucianonazari Vinicius Nicoletti @viniciusespn Arena

Geovan Maciel @geovanmaciel

Evandro Badin @evand

Condá

Laila Aquino @lalipopco

rn Centro

robadin Lua Nova

chapecó É l 2014

Guilherme Negrão @guilhermeaneg

rao Rua Egito


16

opinião l minha cidade l #chapecó l

entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

DESAFIOS DE UMA CIDADE em EXPANSÃO O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE CHAPECÓ, BENTO ZANONI, AVALIA O DESEMPENHO DA ECONOMIA LOCAL E APONTA OS PRINCIPAIS GARGALOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO Com uma extensa trajetória na indústria chapecoense, o empresário Bento Zanoni assumiu em janeiro de 2014 a presidência da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC), entidade que conta atualmente com 1,5 mil associados. Natural de Criciúma (SC), tem 61 anos de idade e é casado com Ivone Sguissardi Zanoni. Graduou-se em Administração e Marketing, ocupou cargos de direção na Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Chapecó, no Sindicato das Empresas Metalúrgicas e do Material Elétrico de Chapecó (Simmec) e na Associação Catarinense de Técnicos Agrícolas. Foi eleito Empresário do Ano em 2006 e é diretor-presidente da Edege Equipamentos Agrícolas. Nesta entrevista, Zanoni fala um pouco sobre sua relação com Chapecó, a força da economia local e os problemas que devem ser resolvidos para garantir o crescimento do município no futuro.

na Avenida Getúlio Vargas, da Praça Coronel Bertaso, em frente à igreja, até o Palácio dos Esportes. O crescimento da economia local deve-se aos que aqui chegaram, marcaram história e desbravaram Chapecó, principalmente com a instalação de diversas empresas do setor agroindustrial. Eu mesmo vim para fazer um estágio de 60 dias e estou até hoje. Só que junto

Como o senhor avalia a expansão da economia de Chapecó nos últimos anos e o que é preciso para que a cidade continue crescendo? Eu cheguei em Chapecó em 1975, quando a cidade ainda tinha asfalto

com todos os benefícios, o crescimento também traz um ônus. Se as coisas não mudarem, Chapecó chegará ao seu limite. Estamos com problema de energia elétrica, se novas indústrias se instalarem aqui começaremos a

“Junto com todos os benefícios, o crescimento também traz um ônus. Se as coisas não mudarem, Chapecó chegará ao seu limite”

chapecó É l 2014

ter dificuldades nessa área; temos um problema rodoviário na BR-282, que foi inaugurada em 1973 e até hoje os chapecoenses têm lutado pela sua duplicação. Estamos brigando também pelas ferrovias. Se novas linhas férreas não forem instaladas nos próximos 20 anos acredito que não teremos mais agroindústrias em Chapecó. Isso porque nós temos falta de grãos e o transporte do Centro-Oeste para cá fica difícil, encarece o produto. As agroindústrias não vão sumir, mas mudarão de perfil, passando a criar os animais no Centro-Sul e apenas processar os embutidos por aqui. O senhor falou da infraestrutura, que, junto com a segurança, são temas que a ACIC vem abordando há alguns anos. Na sua opinião, estes são os principais problemas que Chapecó enfrenta hoje? Acredito que sim. Nossas autoridades não se preocuparam com a questão segurança. E não é só em Chapecó, é no Estado, no Brasil. Nós sabemos que existem hoje 73 menores infratores de alta periculosidade em Chapecó – alta periculosidade quer dizer assalto à mão armada, roubo, sequestro, assassinatos – e que estão soltos por não ter onde ficar. Os nossos governos


17 .Lisiane Kerbes NDivulgação

precisam começar a ver as coisas de forma diferente. Não adianta investir em toda a infraestrutura necessária, investir em indústrias, e não dar condições para que elas funcionem em segurança. Mas Chapecó tem muito ainda para crescer. O povo oestino é um povo trabalhador e nós acreditamos que se o governo investir em energia elétrica, se investir na duplicação da BR-282, se nos trazer as ferrovias, mesmo que leve de 8 a 10 anos, aí sim nós continuaremos crescendo. Do contrário, os próximos 75 anos em Chapecó serão difíceis. Mesmo com as atuais dificuldades logísticas, o senhor acredita que investir na exportação é uma alternativa para a indústria chapecoense? Hoje quem não pensar em exportar pode se dizer que está com os dias contados. Acredito que a exportação ainda vai ser a nossa salvação. O Brasil é um país grande, agrícola, temos como produzir. O Brasil tem tecnologia, e Chapecó não é diferente. E aí vem aquilo que falamos: nós, em Chapecó, sem duplicação da BR-282, sem ferrovias, podemos até exportar, mas as empresas que se instalarem nos municípios mais próximos dessa logística terão vantagens. Os problemas mencionados pelo senhor afetam da mesma forma a indústria e o comércio locais? É uma sequência. Se não tivermos indústrias, a renda da população começa a diminuir. Mas notamos que Chapecó é um polo comercial muito forte. Nosso comércio atende não só todo o Oeste catarinense, mas também o Norte do Rio Grande do Sul e o Sudoeste do Paraná. Temos o caso do novo shopping, que está sendo um sucesso, de supermercados grandes inaugurados recentemente e que estão se dando bem, de um grande varejista que ins-

talou uma loja no shopping e logo em seguida abriu outra. São vários casos de sucesso nessa área. A ACIC também atua em conjunto com outras entidades, como CDL e Sicom. Qual a importância desse trabalho em conjunto? Quando assumi a presidência da ACIC já conhecia os dirigentes do Sicom e da CDL. No início da minha gestão, conversei com os presidentes chapecó É l 2014

de ambas as entidade e disse: “Gente, quando se faz um trabalho sozinho se tem uma força, quando se une as forças as coisas se multiplicam, triplicam. Dependendo do trabalho, vamos trabalhar os três juntos?”. A proposta foi aceita de imediato. A união dessas três entidades – e todas as demais entidades, inclusive as associações de bairro – só nos fortalece. Se estivermos unidos teremos força maior para cobrar dos nossos governos.


18

opinião l minha cidade l #chapecó l

entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

em busca de um futuro para o oeste

Distância dos grandes centros de consumo, evasão de talentos e perda de competitividade ameaçam o oeste catarinense. Os grandes desafios para o futuro da região são examinados pelo vice-presidente regional da FIESC, Waldemar Antonio Schmitz, nesta entrevistA Quais são as deficiências infraestruturais que atrapalham o desenvolvimento da região? A malha rodoviária necessita de melhoria e ampliação. A BR-282 deve ser duplicada ou pelo menos receber a terceira pista. Necessitamos da construção de ferrovias ligando a região ao Centro-Oeste brasileiro e aos portos catarinenses. As agroindústrias do Oeste estão longe dos grandes centros de consumo e distante das áreas produtoras de milho, seu principal insumo. A região importa mais de 2 milhões de toneladas deste grão por ano e necessita de uma ferrovia para unir os dois polos. Também precisamos de uma melhor estrutura de comunicação para internet e telefonia celular. É necessário melhorar a infraestrutura de vida e trabalho das comunidades urbanas e rurais com maior oferta de cultura, lazer e recreação para jovens e adultos.

CHAPECÓ É l 2014


19 .NDivulgação

Quais são as potencialidades desta região? É importante mencionar o arrojo dos nossos industriais que investem alto em novas tecnologias para competir com igualdade no mercado externo. Temos um povo ordeiro e com vocação para o trabalho. A base produtiva da agricultura e do agronegócio é uma das mais eficientes do país. As cadeias produtivas de aves, suínos, leite e grãos registram elevada produtividade. As milhares de micro e pequenas empresas são inovadoras, proativas e geradoras de empregos. Porém, essa grande força produtiva perde competitividade em razão das distâncias dos centros de consumo e fornecimento de matéria-prima.

Conheça o sistema FIESC Com o objetivo de promover a competitividade da indústria catarinense, a FIESC é composta por cinco entidades que atuam de forma articulada com o Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI) e em sintonia com as necessidades das indústrias locais. Conheça melhor essa estrutura: FIESC O setor industrial catarinense tem mais de 47 mil empresas e 762 mil trabalhadores, respondendo por 36% dos empregos formais e 35% do PIB do Estado. Integrada por 139 sindicatos de indústria, a FIESC é a representante e interlocutora do setor com sociedade. Para dar suporte ao desenvolvimento, a Federação produz informações econômicas, oferece serviços e consultorias, estimula a internacionalização da

O presidente da FIESC e outras lideranças empresariais defendem uma política diferenciada de apoio ao desenvolvimento do Oeste catarinense. Como o senhor vê essa proposta? Considero justa e necessária uma política de apoio ao Oeste em face de algumas características próprias da região. A primeira é nosso distanciamento dos grandes centros de consumo, e a segunda é a ininterrupta evasão populacional. Com exceção de polos e micropolos como Chapecó, Xanxerê, Concórdia, Joaçaba, São Miguel do Oeste e Pinhalzinho, todos os demais municípios registram ano a ano redução da população. Precisamos reter essas pessoas no Oeste e atrair para cá capitais nacionais e estrangeiros capazes de financiar projetos empresariais de pequenos, médios e grandes empreendimentos. Quais devem ser os pontos principais dessa política de apoio ao Oeste? Entendo que deve incluir redução nas alíquotas dos tributos estaduais, programas de financiamentos com subsídios reais, planos de apoio à expansão das empresas instaladas na região e incentivos fiscais materiais para a atração de novos empreendimentos, além da criação de áreas especiais de comércio como as zonas francas e os free shops. Um local ideal para isso é a tríplice fronteira Santa Catarina, Paraná e Argentina. Não podemos negligenciar na busca de incentivos para ideias avançadas a exemplo do programa Sinapse da Inovação e Geração Tec, do governo estadual, além de apoio aos investidores através da isenção de impostos.

indústria e apoia a formulação de políticas públicas para o Estado. CIESC Enquanto a FIESC reúne os sindicatos industriais, o Centro das Indústrias do Estado de Santa Catarina associa diretamente as indústrias. Além de promover o associativismo, oferece uma série de serviços, parcerias e soluções para as empresas. Conta com 130 indústrias associadas. SESI Com mais de 1,2 mil pontos de atendimento no Estado, o SESI atua a favor de ambientes de trabalho seguros na indústria e promove o estilo de vida saudável dos trabalhadores. Com ampla estrutura de atendimento, que inclui 15 clínicas médicas, 173 unidades de Educação de Jovens e Adultos, 72 estruturas móveis de educação, saúde e qualidade de vida, 16 academias, 74 unidades de farmácia e outras 96 unidades de alimentação, a entidade oferece, por meio de suas 13 regionais, serviços de educação, saúde, lazer, responsabilidade corporativa, alimentação e farmácia. SENAI Em 60 anos de atuação, o SENAI/SC já registrou mais de 2 milhões de matrículas em cursos de educação profissional, que formam pessoas aptas a contribuir com a indústria. A entidade possui 55 unidades fixas e 13 móveis, 180 laboratórios didáticos móveis, 626 laboratórios educacionais fixos e 594 salas de aula. Contribui para a competitividade do Estado com a realização de ensaios laboratoriais, serviços técnicos especializados e assessoria e consultoria em gestão empresarial e processos produtivos, contando com 13 laboratórios de prestação de serviços. IEL O IEL é responsável pela articulação entre o setor produtivo, as agências de fomento e as instituições de ensino e pesquisa. Sua missão é contribuir para o aumento da competitividade industrial, promovendo o aperfeiçoamento da gestão, a capacitação empresarial, a inovação tecnológica e a prática do estágio responsável. Com mais de 40 anos de atuação, possui rede de atendimento com 12 pontos no Estado.

CHAPECÓ É l 2014


20

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l

capa

l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

cooperar para crescer

chapecó É l 2014


21 .Fernanda Moro NDivulgação

GERANDO RENDA E EMPREGO EM DIVERSOS SETORES, O COOPERATIVISMO SE EXPANDE E LEVA DESENVOLVIMENTO À REGIÃO

Trabalhadores de uma das unidades da Coopercentral Aurora em Chapecó, que processa matéria-prima gerada por mais de 60 mil produtores rurais cooperados

Desde 1996, a avicultura tem sido responsável pelo sustento da família de Felix Giordan. Ele mora com a esposa e as três filhas em uma propriedade da linha Colônia Bacia, interior de Chapecó. Com o desejo de impulsionar o desenvolvimento do local, a família resolveu deixar para trás a instabilidade da suinocultura para apostar na produção de aves. Junto com o irmão, Felix firmou uma sociedade familiar e construiu um aviário de 50 m². Para viabilizar o negócio, que triplicou em 18 anos, a família procurou a Coopercentral Aurora Alimentos, que até hoje desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da atividade. “Sem a cooperativa não conseguiríamos manter a estrutura, porque a nossa produção não é competitiva. Além disso, o suporte técnico que recebemos também é decisivo para os bons resultados”, explica o avicultor, que hoje faz parte de um sistema que já integra mais de 1,6 milhão de famílias catarinenses. Segundo projeções da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), o cooperativismo catarinense está em franca expansão, devendo crescer até 15% neste ano. Para o presidente da Ocesc, Marcos Antonio Zordan, o setor está estruturado tanto no campo quanto na cidade e sua expressão é reconhecida nacionalmente. “Há mais de 36 anos convivendo dentro das cooperativas, convenci-me chapecó É l 2014

da eficiência delas no aumento da renda das famílias e na elevação da qualidade de vida das pessoas”, diz Zordan, lembrando que as primeiras experiências com o sistema em Santa Catarina ocorreram no meio rural, na década de 1940. No Oeste do Estado, especialmente em Chapecó, as primeiras experiências com o cooperativismo começaram na década de 1960. Pequenos e médios produtores rurais passavam por dificuldades devido à falta de estruturas para armazenar a produção de grãos, que registrava bons índices de crescimento. Foi então que o espírito de união falou mais alto e surgiu a ideia de criar uma organização associativa denominada Cooperativa Mista Agropastoril de Chapecó Ltda. Alguns anos se passaram até que a integração com outras associações e a motivação de milhares de associados resultaram na formação de uma das maiores cooperativas do país: a Cooperativa Agroindustrial Alfa. Hoje a Cooperalfa, criada para organizar e impulsionar o mercado de grãos e produção animal da região, atua também nos segmentos de suinocultura, avicultura, citricultura, bovinocultura de leite, recebimento e industrialização de trigo, soja e milho. Segundo o presidente Romeo Bet, a cooperativa surgiu para promover o desenvolvimento sustentável do agronegócio e gerar resultados econômicos e sociais. “A distribuição da cota-capital


22

NTarla Wolski / Divulgação

O avicultor Felix Giordan: suporte técnico oferecido pela Coopercentral foi decisivo para os bons resultados do aviário da família, que triplicou a produção em 18 anos

aos associados, o rigor no recolhimento de impostos, os milhares de empregos gerados, o fomento às tecnologias agropecuárias, a participação da Alfa na composição da Aurora Alimentos, com 30% daquele capital social. Tudo isso se traduz em alicerce para Chapecó e região, melhorando significativamente o desenvolvimento local.” A cooperativa desenvolve também ações voltadas ao fortalecimento das atividades rurais e investe na formação e qualificação técnica de seus associados, incentivando de forma direta a manutenção do núcleo familiar e a permanência dos jovens no campo. Uma das ações desenvolvidas é o Campo Demonstrativo Alfa, feira anual que traz aos agricultores informações e novidades em equipamentos e técnicas agrícolas. Mas a história de sucesso das cooperativas em Chapecó tem outros protagonistas importantes. É o caso da Coopercentral Aurora Ali-

mentos, formada em 1969 a partir da união de oito cooperativas. Hoje, com mais de 60 mil agricultores cooperados, é a quarta empresa em crescimento, a quinta em rentabilidade e a segunda em vendas em

Lanznaster: atuação da Coopercentral Aurora traz benefícios para o município e para os cooperados

chapecó É l 2014

toda Santa Catarina. Com envolvimento direto de mais de 20 mil colaboradores, a Aurora forma um conglomerado agroindustrial sediado em Chapecó que pertence a 12 cooperativas agropecuárias e mantém 42 estabelecimentos. Destes, 14 estão no município e empregam mais de 6 mil pessoas. Este ano, a Aurora foi eleita a melhor empresa do país no setor de aves e suínos, de acordo com o anuário “Melhores & Maiores: as 1000 maiores empresas do Brasil”. Para o presidente Mário Lanznaster, a atuação da cooperativa gera importantes benefícios sociais e econômicos ao município. “No ano passado, foram R$ 758 milhões em tributos e R$ 996 milhões em valor adicionado à atividade industrial, o que impactou no retorno de ICMS”, avalia. Aos trabalhadores foram transferidos R$ 626 milhões em remuneração, benefícios e encargos sociais. “Números que reforçam a essência do nosso trabalho, porque somos uma



24

NTarla Wolski

empresa de alma cooperativista”, acrescenta Lanznaster. Não é só no ramo agropecuário que o sistema cooperativista se destaca em Chapecó. Recentemente, outras áreas, como crédito, saúde e habitação, passaram a integrar associados na forma de cooperativas. Um exemplo é a Sicoob MaxiCrédito, que trabalha com os mesmos produtos e serviços de um banco, mas pratica taxas de juros abaixo do mercado, tornando-se competitiva. Um dos diferenciais desse sistema é que os resultados são distribuídos na região onde a cooperativa atua, na forma de investimentos em infraestrutura, em projetos comunitários e sociais ou na distribuição das sobras entre seus cooperados. Em funcionamento desde 1985, a organização que começou com o intuito de contribuir com as demandas de crédito e poupança do setor agropecuário, hoje é uma das 25 maiores instituições de crédito cooperativo do Brasil. Depois de quase três décadas de história, atende mais de 49 mil associados no Estado. Somente em Chapecó são oito

Casagrande, da Cresol: objetivo é promover a inclusão social da agricultura familiar através do acesso ao crédito

agências, que atendem mais de 18 mil cooperados. Democratizar o espaço rural é o principal objetivo do Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária, mais conhecido como Cresol. Fruto da luta dos agricultores familiares por acesso ao crédito, a cooperativa busca melhorar a produção agrícola e pecuária,

O QUE É UMA COOPERATIVA? As cooperativas são organizações voluntárias, com gestão democrática fundamentada pela participação econômica e autonomia dos membros, para formar e unir forças no trabalho de desenvolvimento sustentável. O capital social é fixado em estatuto e dividido em quotasparte que são integralizadas pelos associados. Santa Catarina é o estado brasileiro com maior taxa de envolvimento populacional direto com o cooperativismo. São 254 organizações, que mantêm 49.149 empregos diretos e faturam mais de R$ 20 bilhões por ano, o que representa 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

A Sicoob, uma das 25 maiores instituições de crédito cooperativo do Brasil, conta com oito agências em Chapecó

chapecó É l 2014


25 .CREDITO NCREDITO

chapecó É l 2014


26 NDivulgação

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Atuando em Chapecó desde 1992, a Unimed conta hoje com 249 médicos cooperados e aproximadamente 750 colaboradores para atender cerca de 40 mil clientes

para garantir qualidade de vida no campo. Para isso, a Cresol viabiliza o acesso, não somente ao crédito, mas também a produtos e serviços financeiros diferenciados para a agricultura familiar, como investimentos que ampliem a renda e automatizem a atividade rural, incentivo ao empreendedorismo, produção de alimentos saudáveis e qualidade de habitação. “Nosso objetivo é promover a inclusão social da agricultura familiar através do acesso ao crédito. Sabemos que a qualidade de vida do pequeno agricultor pode melhorar se houver investimento em tecnologia, o que pode elevar a renda da família, e assim frear o êxodo rural e motivar os jovens a continuar no campo”, afirma o diretor-presidente da Cresol Central SC/RS, Rudemar Casagrande. No desenvolvimento de Chapecó outra cooperativa tem papel fun-

damental: a Confederação Nacional das Cooperativas Médicas – Unimed do Brasil. O sistema formado por 353 cooperativas médicas foi fundado em 1975 e se instalou em

Córdova, da Unimed: “Contribuímos para ampliar e modernizar o sistema de saúde do Oeste com novas especialidades, tecnologias e infraestrutura”

chapecó É l 2014

Chapecó em fevereiro de 1992. Atualmente o quadro funcional na cidade é formado por 249 médicos cooperados e aproximadamente 750 colaboradores que atendem cerca de 40 mil clientes de planos de saúde, além de particulares e outros convênios. Para ampliar o atendimento, a Unimed iniciou este ano a construção de um novo hospital no município. Para o presidente da Unimed Chapecó, Geraldo Antunes Córdova, inúmeros avanços marcaram o trabalho da cooperativa nesses 22 anos de atuação. “Contribuímos para ampliar e modernizar o sistema de saúde do Oeste, estimulando a vinda de profissionais com novas especialidades, a constante inovação tecnológica e o pioneirismo em exames e procedimentos, como a nova estrutura do Laboratório Unimed Chapecó, que está prestes a ser reinaugurado”, afirma.


27 .CREDITO NCREDITO

chapecó É l 2014


28

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l

economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

POLO DE COMPRAS A chegada do shopping e de grandes REDES varejistas mudou a cara do comércio DE CHAPECÓ, QUE HOJE ATRAI consumidores de todo o Oeste e dOS estados vizinhos Considerada território estratégico para a expansão de redes do varejo estadual e nacional – principalmente depois da inauguração do primeiro shopping center da cidade, no final de 2011 – Chapecó vem se

consolidando como um centro de compras capaz de atender uma região metropolitana de aproximadamente 2 milhões de habitantes. Além de consumidores do Oeste catarinense, o comércio local tem atraído

também compradores do noroeste do Rio Grande do Sul e sudoeste do Paraná. Atualmente a cidade conta com 6.152 empresas do setor, que geram mais de 18 mil empregos – uma oferta de vagas de trabalho que vem se mantendo estável ao longo dos anos. O comércio é o terceiro maior empregador do município, ficando atrás apenas da prestação de serviço, com 26.428 postos de trabalho, e da indústria da transformação, com 23.125 trabalhadores. O presidente do Sindicato do Comércio da Região de Chapecó (Sicom), Marcos Barbieri, reforça que o segmento representa hoje praticamente 60% do PIB regional. “A região Oeste e Chapecó em específico possuem uma tradição muito significativa no comércio. Mesmo que a agroindústria represente uma matriz econômica tradicional, o comércio foi a segunda atividade de negócios gerada na cidade. Sua importância

O município tem mais de 6 mil empresas varejistas em atividade, a maioria lojas de rua que se mantiveram competitivas ao investir em atendimento, marketing e infraestrutura

chapecó É l 2014


29 .Lisiane Kerbes NTarla Wolski / Divulgação

para a região Oeste é fundamental, pois a flexibilidade da legislação municipal e o momento aquecido do consumo fazem de Chapecó um referencial para instalação de redes de varejo nacionais”, afirma. Para Marcos Barbieri, o comércio da cidade pode ser dividido em vários momentos. Um deles foi quando começaram os voos regulares no Aeroporto Municipal Serafim Bertaso. Ou quando chegaram filiais de algumas redes nacionais de varejo, provocando mudanças significativas de layout de loja e padrões de consumo e atendimento. Outro momento importante foi a chegada do shopping. Mas, de acordo com o presidente do Sicom, o fator mais importante para que o comércio chapecoense ganhasse o dinamismo que tem hoje foi a elaboração de uma lei municipal atraente a novos investimentos. “A harmonia entre o público e o privado foi determinante. As empresas contribuíram com as suas expertises, com suas equipes treinadas, e isso o consumidor sentiu no atendimento e no mix de produtos”, expõe. Com a chegada das grandes lojas de varejo, o comércio da cidade começou a se transformar, culminando com a instalação do Shopping Pátio Chapecó. Inaugurado dia 5 de outubro de 2011, o shopping contabiliza atualmente cerca de 400 mil visitantes por mês. Segundo o gerente-geral José Maila, o empreendimento recebe compradores de 80 municípios do Oeste catarinense, além de gaúchos e paranaenses. Apesar da inauguração recente, o shopping já foi premiado em 2012, 2013 e 2014 com o Top of Mind, troféu que destaca as marcas mais lembradas pelos consumidores nos níveis estadual e regional. Conquistou ainda o prêmio Impar em 2012 e 2013, como uma das marcas e empresas mais lembradas do Oeste

Benini, da CDL: “As lojas que vieram de fora trouxeram valorização e motivação para o varejo como um todo”

catarinense, e o troféu O Desbravador – Destaque Especial Empreendedorismo, concedido em agosto de 2011 pela prefeitura de Chapecó. A chegada das grandes redes de varejo e do shopping gerou uma concorrência sadia no setor, obrigando os varejistas locais a buscar melhorias, não somente no comércio do

Barbieri, do Sicom: “Desenvolvemos capacidade de gestão, investimos em treinamento e buscamos novas experiências em mercados já consolidados”

chapecó É l 2014

centro da cidade, mas também nos bairros. “As lojas que vieram de fora trouxeram valorização e motivação para o varejo como um todo. O movimento do comércio em Chapecó hoje é um termômetro para medirmos o crescimento da cidade”, reforça o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), José Carlos Benini. O aumento da competição, segundo ele, fez com que o comércio local se atualizasse, tanto na estrutura física e visual como no atendimento, na qualidade dos produtos e nos horários diferenciados de atendimento ao público. O empresário Dornéles Dávi, proprietário de uma loja do segmento esportivo, confirma essa tendência. Ele conta que seu negócio completou 50 anos em março de 2014 e, com a chegada do shopping, percebeu a necessidade de se atualizar. “Melhoramos o marketing, as ações internas, vitrine, layout, além de ampliarmos o horário de atendimento”, relata. Para Barbieri, depois do shopping, o comércio de rua se renovou e propôs mudanças significativas para o consumidor que, caracteristicamen-


30 NDivulgação

Inaugurado em outubro de 2001, o Shopping Pátio Chapecó recebe cerca de 400 mil visitantes por mês e é o principal responsável pelo salto de qualidade no comércio local

te, tende ao consumo no comércio de rua. “O shopping, com sua dinâmica e forte apelo de consumo, atraiu consumidores de outras regiões e acabou agregando qualidade ao comércio de Chapecó”, diz. O Sicom mede periodicamente a intenção de consumo sazonal. Segundo Barbieri, quando se começou a monitorar o comércio da região, percebeu-se que algumas cidades aproveitaram o momento aquecido de Chapecó e dinamizaram o seu comércio também. “Hoje dispomos de um mix de produtos que está disponível em grandes centros de consumo, desenvolvemos capacidade de gestão com inteligência empresarial, investimos em treinamento e buscamos novas experiências em mercados já consolidados como os EUA, China e Europa. Os resultados estão acontecendo e a harmonia entre o comércio de rua e o shopping é fantástica”, avalia Barbieri.

A expansão do comércio em Chapecó não deve se restringir aos meios físicos. A previsão do presidente do Sicom é de que a internet passe a ter

José Maila: shopping recebe compradores de 80 cidades do Oeste, além de gaúchos e paranaenses chapecó É l 2014

cada vez mais importância para os comerciantes locais. “Esta nova modalidade de consumo, que é o comércio eletrônico, ainda está pouco difundida entre os empresários locais, mas em pouco tempo será algo comum. Inclusive já temos cases concretos de lojistas que estão exploranto com sucesso esta nova fronteira”, relata. A venda on-line é ainda distante para muitos comerciantes do município. Porém, as entidades estão investindo na área, com a intenção de continuar modernizando o comércio local e não perder o consumidor que prefere comprar no conforto de sua casa. A CDL vai lançar ainda neste ano o projeto CDL Shopping, que vai proporcionar, a partir de um único site gerido pela entidade, a venda on-line para as lojas associadas, que atualmente somam 2 mil empresas. “Queremos provocar os associados a ter um website”, reforça o presidente José Carlos Benini.


TRABALHADORES DA INDÚSTRIA:

31 .CREDITO NCREDITO

A FORÇA QUE GERA COMPETITIVIDADE.

Não existe tecnologia e inovação sem pessoas. É a capacidade de transformar dos trabalhadores da indústria que a torna mais competitiva e preparada para o futuro.

www.fiescnet.com.br chapecó É l 2014


32

.Fabiane De Carli TedescoNDivulgação

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l

economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

O sucesso da Mercoagro, que reúne os principais players da indústria de carnes e frigoríficos, é um exemplo de como a cidade está bem equipada para sediar feiras de negócios

TURISMO EMPRESARIAL CONGRESSOS E FEIRAS SETORIAIS ATRAEM CADA VEZ MAIS VISITANTES E GERAM NOVOS NEGÓCIOS PARA AQUECER A ECONOMIA LOCAL Chapecó tem mostrado estrutura para sediar grandes eventos setoriais de diversos ramos da economia, o que gera uma demanda sazonal para a indústria turística local. Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Diógenes Lang, a cidade se tornou destaque no turismo de negócios porque a sociedade chapecoense as-

similou e é simpática à ideia de receber eventos. “A administração tem o turismo de negócios como uma diretriz básica, apoiando eventos que contribuam para o desenvolvimento do município”, afirma. De acordo com o secretário, Chapecó tem as condições ideais para sediar eventos empresariais pois está em uma posição privilegiada em chapecó É l 2014

relação aos países do Mercosul e é o principal polo econômico do Oeste catarinense, influenciando cerca de 200 municípios da região. “Há facilidade de acesso à BR-282, BR-480 e à SC-283, o aeroporto conta com voos diários, ligando o município às principais capitais, e as estruturas públicas permitem a realização dos mais diversos eventos”, observa Lang. Outra vantagem é a infraestrutura disponível para abrigar eventos de grande porte. O Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nes, inaugurado em 2008, comporta até seis eventos simultâneos e disponibiliza quatro auditórios, um teatro, salão nobre e estrutura de apoio. Já o Parque Tancredo de Almeida Neves, com seus 200 mil m², viabiliza eventos de agronegócio, grandes feiras e shows. “As empresas privadas e entidades não-governamentais têm fundamental importância na reali-


carellipropriedades

Entrega: Julho/2014

Entrega: Maio/2015

Entrega: Setembro/2015

Merithamon

Tuthmés

Quéfren

Central de Negócios 3ª Avenida, 313 ▪ Balneário Camboriú ▪ SC ▪ 47 3367.6010 ▪ www.carellipropriedades.com.br

Tuthmés: Registrado no 1º Ofício de Registro de Imóveis de Balneário Camboriú, sob o nº R15.21625 • Merithamon: Registrado no 1º Ofício de Registro de Imóveis de Balneário Camboriú, sob o nº R.2-101.171 • Quéfren: Registrado no 1º Ofício de Registro de Imóveis de Balneário Camboriú, sob o nº R-10.106.712.

De acordo com a lei nº 4591/64, as imagens contidas neste material são meramente ilustrativas. Os empreendimentos serão entregues conforme o memorial descritivo.

Mor adas par a se apaixonar


34 NDivulgação

A 9a edição da Mercomóveis, que aconteceu em agosto, teve 20 mil visitantes e gerou R$ 200 milhões em negócios

zação e na consolidação dos eventos sediados no município”, ressalta o secretário. Efapi, Mercomóveis, Mercoagro, Mercoláctea, Feira Metal Mecânica, Simpósios de Suinocultura, Avicultura e Leiteiro, Expen, Logistique, Face, Bem Casados. São apenas alguns exemplos de eventos que movimentam a rede hoteleira local, que disponibiliza cerca de 2,8 mil leitos, sem contar os restaurantes, que oferecem opções para todos os gostos. “Tudo isso produz reflexos no município e nos dá visibilidade no cenário brasileiro e internacional”, acrescenta Lang. “A divulgação das empresas locais e regionais aproxima compradores e fornecedores, dinamiza o comércio local e os prestadores de serviços, otimiza a arrecadação do município e traz novas tecnologias para os setores envolvidos.” A Mercomóveis, evento bianual que chegou a sua 9a edição em 2014, é um exemplo dos bons resultados dos eventos empresariais em Chapecó. Com foco nas tendências e inovações apresentadas pelos fabricantes de móveis na região, a feira é uma

grande vitrine de negócios para o ramo moveleiro. A edição deste ano aconteceu de 11 a 15 de agosto no Parque de Exposições Tancredo Neves (Efapi) e recebeu cerca de 20 mil visitantes, movimentando em torno de R$ 200 milhões em negócios. Segundo o presidente do evento, Ilseo Rafaeli, a feira reúne um público

Rafaeli: a Mercomóveis atrai um público qualificado e clientes com real interesse por novos fornecedores

chapecó É l 2014

qualificado, ou seja, importadores e clientes com real interesse em encontrar novos fornecedores e fechar contratos. Promovida pela Associação e pelo Sindicato dos Madeireiros e Moveleiros do Oeste de Santa Catarina (Amoesc e Simovale), a Mercomóveis é reconhecida pelo seu importante papel como fomentador de negócios e desenvolvimento na região. “O polo moveleiro de Chapecó é sem dúvida um dos mais diversificados do País. São indústrias de pequeno, médio e de grande porte que atuam no Brasil e no exterior com produtos que atendem todas as camadas sociais.” Outra feira de grande importância para a economia local é a Mercoagro, que reúne as principais empresas brasileiras da indústria da carne. Prestes a completar duas décadas de existência, a feira promove sua 10a edição este ano, de 9 a 12 de setembro, no parque da Efapi. Na visão do coordenador-geral do evento, Vincenzo Francesco Mastrogiacomo, a Mercoagro promove o crescimento do setor em vários aspectos: difusão de novas tecnologias, aproximação entre fornecedores e usuários, realização de seminários, divulgação internacional, oportunidades de negócios entre fornecedores e fabricantes e promoção da região das empresas produtoras. “Além disso, tem dado oportunidade a um número cada vez maior de pessoas de visitar e participar de uma feira internacional.” Mastrogiacomo frisa que há a intenção de promover ainda mais a interação dos expositores e visitantes com a troca de experiências e gestão, abertura de mercado, novos produtos, mais automação, mais conhecimento, seminários atuais com assuntos atualizados, além da preparação de pessoas para atender os novos desafios de conquistar novos mercados e manter os atuais.



36

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l

agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

compromisso com a terra CONHEÇA O TRABALHO DO Grupo Amigos do Solo, criado em 1997 PARA IMPULSIONAR A PRODUTIVIDADE SEMEANDO boas práticas NA LAVOURA

Agostinho segue há 14 anos as técnicas do plantio direto para diminuir a erosão e aumentar a produção sem usar adubos químicos

chapecó É l 2014


37 .Suellen Santin NTarla Wolski

Na companhia de dois amigos e com a vontade de descobrir novas técnicas de plantio, o produtor rural Francisco Sedosvki partiu há 17 anos para uma viagem que transformaria a realidade de agricultores de Chapecó e região. Foi na cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, que ele aprendeu como funcionava o plantio direto, método que além de preservar a terra da erosão torna possível aumentar a produtividade. O grupo Amigos da Terra do município gaúcho deu inspiração para a criação do Amigos do Solo no distrito chapecoense de Alto da Serra. Com o suporte da Epagri, o grupo foi um dos pioneiros no Estado a viabilizar o novo sistema de plantio nas propriedades. Aplicar a técnica do plantio direto não foi tão simples, e no começo os três agricultores encontraram obstáculos para pôr o conhecimento em prática. “No início a gente tentou adaptar o plantio, pois não conseguíamos fazer bem certo”, conta Francisco. Depois de muitos testes, os resultados começaram a aparecer e os produtores perceberam que o benefício era enorme e deveria ser difundido. Eles convidaram novas famílias de diferentes comunidades para integrar o grupo, que logo passou a contar com 30 membros. Com a organização e a união como palavras-chave, eles começaram a se reunir uma vez a cada 60 dias para debater sobre novas possibilidades de cultivo. Os encontros acontecem nas próprias casas e cada dia é a vez de uma família receber os participantes. Com o passar do tempo, mais do que ter na agricultura objetivos em comum, as famílias construíram laços de amizade. “Isso foi muito importante para a confiança no trabalho em grupo, pois todos caminham com os mesmos propósitos”, comenta o agricultor.

Francisco, um dos fundadores do Amigos do Solo, comemora os resultados do grupo que conta hoje com mais de 30 membros e adicionou informações sobre saúde e direitos trabalhistas às discussões sobre técnicas agrícolas

Apesar de manter o foco no plantio direto, com o passar do tempo e a inclusão de novos integrantes diferentes temas começaram a entrar em pauta nas reuniões, como assuntos ligados a saúde e direitos trabalhistas. As atividades seguem um cronograma anual organizado com a supervisão do presidente. Uma das conquistas do grupo foi a aquisição de insumos em conjunto e com valor reduzido. O próximo passo agora é usar a união para comprar maquinário com subsídios e custos menores. Integrante do Amigos do Solo há 14 anos, o produtor rural Agostinho Sperotto entrou no grupo após ser convidado pelo cunhado Francisco Sedosvki. Ao ouvir sobre todas as vantagens do plantio direto, decidiu que só tinha a aprender com a técnica. Não demorou muito para que os resultados começassem a fazer diferença. A diminuição da erosão, consequência da conservação do solo, foi a primeira melhoria percebida pelo agricultor. No plantio direto, em vez de arar a terra o agricultor planta a semente em cima da matéria orgânichapecó É l 2014

ca que sobra das culturas anteriores e protege a terra de desgastes. Comparando com o modo de cultivo antigo, Agostinho não mede palavras para dizer o quanto o trabalho mudou. “Quando usava adubo químico, era só dar uma chuvinha que a terra cedia. Hoje isso não acontece mais”, comemora, observando com orgulho a plantação de soja ainda verde. O primeiro motivo de satisfação é preservar o meio ambiente, ao reduzir a aplicação de insumos químicos e combater os processos erosivos. O segundo são os resultados na colheita. Antes de usar a técnica, Agostinho colhia em torno de 110 sacas de milho por hectare; hoje esse número já subiu para 188. O agricultor intercala a plantação entre as culturas de nabo, milho, trigo e soja e aplica o sistema de plantio em todas. O cunhado Francisco usa o mesmo método, só que com trigo, soja e milho. “Se não tivesse plantio direto aqui, não sei se teríamos nossa terra ainda. Foi uma das melhores coisas que aconteceu na agricultura”, avalia o criador do Amigos do Solo.




40

.Fernanda Moro NTarla Wolski

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l

Criador de ovelhas desde 1998, Érico Tormen não poupa esforços – e nem criatividade – para desenvolver a ovinocultura local. Há oito anos ele foi um dos primeiros a introduzir matrizes de ovelhas leiteiras no Estado e desde então vem investindo em uma linha exclusiva de produtos que têm o leite do animal como principal matéria-prima. Em 2010 começou a produzir iogurte e, dois anos depois, criou a marca “O Mundo da Ovelha Béé”, que hoje inclui em seu mix frozen yogurt, milk-shake, queijo, doce de leite, capuccino e muitos outros produtos, todos feitos à base de leite de ovelha. A novidade no mercado foi inspirada em modelos aplicados na França e na Itália, países que são referência mundial na produção de ovinos. “Comecei a investir nisso porque vi a oportunidade de inserir um produto novo no mercado, que foi bem aceito pelos clientes”, afirma Tormen. Para manter a venda em todas as estações, produtos quentes e frios foram criados por uma especialista que veio de Portugal, país onde o consumo de leite ovino também é alto. A maior parte da produção de cerca de 350 litros/mês se concentra na Cabanha Chapecó, propriedade onde Tormen cria cerca de 1,3 mil ovelhas. A distribuição é feita em supermercados locais e na loja da marca, na Avenida Getúlio Vargas. “Tenho o projeto de expandir a comercialização assim que conseguir a licença do Ministério da Agricultura. Também pretendo investir na estrutura de produção e talvez até abrir o local para visitação”, diz o empresário, que deixou de atuar no ramo de tratamento de fluídos e energia renovável para se tornar um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da ovinocultura no Estado. “A qualidade nutricional dos produtos é ótima. Isso me dá a certeza de que a ovinocultura tem um futuro promissor.”

empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

Érico Tormen

A OVELHA QUE VIROU MARCA

CHAPECÓ É l 2014


SISTEMA DE INCÊNDIO SEM FIO

A segurança da sua empresa está por um fio? Conheça o sistema de alarme de incêndio sem fio Deltafire

ESQUEÇA DUTOS E FIOS REDUZA CUSTOS ESCALABILIDADE E FLEXIBILIDADE

Entre em contato

E-mail: contato@trezideltafire.com.br Fone: (49) 9914.3551 Chapecó e Região Fone: (48) 8866.1111 Itajaí e Região


42

.Lisiane Kerbes NTarla Wolski

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l

empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

Gilson Vivian

O NEgócio é proteger

CHAPECÓ É l 2014

Em 2001, ao adquirir com outros três sócios a Inviolável Segurança, Gilson Vivian sabia que estava investindo em uma empresa com três décadas de tradição no mercado de alarmes e que foi a pioneira em Santa Catarina no serviço de monitoramento eletrônico. O empresário lembra que, assim que assumiram o negócio, os sócios logo trataram de traçar um plano de expansão, incorporando o serviço de vigilância armada. Na época, a empresa. tinha 52 funcionários e 620 clientes. Hoje, são cerca de 500 colaboradores – sendo aproximadamente 400 vigilantes – e quase 2.500 clientes apenas em Chapecó. Referência em qualidade, seriedade e agilidade nos serviços prestados, a Inviolável atua em mais de 200 municípios de Santa Catarina e está presente em 14 estados do Brasil. A expansão nacional se deu por meio do sistema de franquia, sob a coordenação do empresário Adroaldo Companhoni. Hoje, como maior franqueadora de segurança eletrônica do Brasil, atende 360 cidades brasileiras e também atua no Paraguai. Vivian, que acabou adquirindo as partes dos demais sócios, procura se manter atualizado sobre as novidades do mercado de equipamentos para garantir a competitividade da empresa. “Somos uma das empresas que mais investe em treinamento e tecnologia de ponta na área da vigilância. Esse é o segredo para atender bem os clientes”, revela. Segundo o empresário, o setor de segurança está em pleno crescimento e vai se manter quem investir no profissionalismo – do equipamento à equipe de profissionais –, além de realizar projetos de responsabilidade social. Como um dos marcos na história da empresa, Gilson Vivian cita a realização da segurança presidencial, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Chapecó, em 2003, e a segurança em grandes shows de renome nacional que já vieram para a região.



44

.Fernanda Moro NTarla Wolski

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l

Em 2011 o modelo de cervejaria artesanal já conhecido na Europa ganhou forma brasileira, ou melhor, chapecoense. Com incentivo familiar, suporte de um projeto de conclusão de curso da universidade e vontade de explorar um novo segmento, Braulio Dalla Vecchia criou a primeira fábrica de cerveja da região Oeste: a Dalla Cervejaria. Seguindo a lei de pureza germânica, apenas água, malte, lúpulo e fermento são usados para produzir quatro variedades de chope. A matéria-prima para a produção da bebida vem, principalmente, da Alemanha. Braulio explica que foi necessário um período de testes até adaptar o sabor à preferência do público chapecoense. “Começamos com uma formulação que foi adaptada conforme os pedidos dos clientes. Percebemos que, enquanto alguns preferem o sabor tradicional do chope, outros apreciam uma composição diferente. São gostos que uma cervejaria artesanal consegue atender, principalmente, quando trabalha com ingredientes que garantem a qualidade do produto”, afirma o empresário. Para acompanhar o processo de distribuição, que hoje abrange toda a Região Sul, a estrutura da Dalla passou por três ampliações desde sua inauguração. Junto à fábrica, Braulio abriu uma casa de shows com arquitetura retrô e ambiente diferenciado, que permite observar o processo de produção. Além desta “vitrine do chope”, a cervejaria tem ainda um boteco em Chapecó e projetos para implantar filiais em Itá (SC), Pato Branco (PR) e Frederico Westphalen (RS). “Com a estrutura atual podemos produzir 120 mil litros por mês. Mas o plano é expandir o negócio e implantar fábricas em outras regiões. O nosso produto tem boa aceitação no mercado e, por isso, nosso alcance precisa ser ampliado para conquistar novos consumidores”, comenta o empresário, hoje considerado uma referência na produção artesanal de cerveja.

empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

Braulio Dalla Vecchia

CHOPE com sabor local

CHAPECÓ É l 2014



46

.Fernanda Moro NElizandro Giacomini (divulgação)

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l

empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l memória

Miriam Felippi

PASTÉIS EM REDE

chapecó É l 2014

Em Chapecó, o surgimento de novas empresas acompanha o crescimento populacional e dá origem a diversas oportunidades de negócio. Enquanto marcas nacionais chegam à cidade como opção para novos empresários, negócios genuinamente chapecoenses também investem no sistema de franquias para ganhar espaço em outras regiões. É o caso da Pasteca, rede de pastelarias criada pela empresária Miriam Felippi, que faturou R$ 3 milhões em 2013 com duas unidades em Chapecó e uma em Erechim (RS). O sonho de Miriam de se tornar dona do próprio negócio começou a se tornar realidade em 1993, quando ela deixou o trabalho em um frigorífico e comprou uma pastelaria – atitude que foi influenciada pela família. “O espírito empreendedor veio dos meus pais. Eles sempre incentivaram o investimento nos sonhos profissionais, tanto que meus irmãos também seguiram esse caminho”, conta. Vinte anos depois, com o crescimento do mercado, a empresária decidiu transformar a empresa em uma rede de franquias. Para isso, criou um novo modelo de pastelaria, planejado para uma estrutura física menor e com a proposta de vender apenas pastéis e bebidas. “É um modelo muito prático, pois o franqueado recebe a massa e o recheio prontos. Dessa forma mantemos a qualidade, a essência do gostinho caseiro, que é um dos nossos atrativos”, comenta a empresária. Os planos agora são de expandir a rede para todo o país. O investimento total para abrir uma franquia é de R$ 220 mil e o prazo de retorno do negócio – que sugere a administração através do envolvimento familiar – é de até dois anos. Com isso, Miriam pretende disseminar um modelo de negócio que possibilite a novos empreendedores as mesmas oportunidades que levaram a ex-babá, que começou a trabalhar aos 11 anos de idade, a tornar-se uma empresária bem-sucedida.


47 .CREDITO NCREDITO

chapecó É l 2014


48

.Suellen Santin NCarol Dias / James Tavares (divulgação Secom) / Divulgação PMC

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l

urbe

l compras l esporte l cultura l memória

CAMINHOS do desenvolvimento Ainda em fase de análise pela Câmara de Vereadores, o Plano Diretor de Chapecó prevê regras e diretrizes para o crescimento da cidade. A ideia é direcionar o desenvolvimento do município para os próximos 30 anos e aliar as transformações urbanas às necessidades da população. Ao longo de 2013, audiências públicas em bairros da cidade oportunizaram à sociedade participar e sugerir encaminhamentos para o plano. Entre as principais mudanças previstas estão a consolidação de novos loteamentos e moradias populares, regras para explorar o potencial turístico no Goio-En, limite de altura para a construção de prédios e alterações no trânsito para melhorar a mobilidade urbana.

NOVO ACESSO RODOVIÁRIO Uma das obras mais aguardadas pela população do Oeste catarinense, o acesso

INCENTIVO A JOVENS ATLETAS

à BR-282, em Chapecó, está praticamente concluído. No local foram investidos aproximadamente R$ 100 milhões para a duplicação de um trecho de 7,6 km com vias marginais nos dois sentidos, construção de dois elevados no trevo de interseção com a rodovia, três viadutos e três passarelas. Os recursos são dos governos federal e estadual. A obra que começou ainda em 2010, com previsão de quatro anos para conclusão, foi planejada para dar mais fluidez ao trânsito do trecho que está entre os mais movimentados da região. Chapecó é uma das 263 cidades brasileiras incluídas no projeto dos Centros de Iniciação ao Esporte do governo federal. O complexo, que será construído no Bairro Paraíso, possibilitará a prática de diversas modalidades e surge como um incentivo à formação de atletas com idade entre 6 e 18 anos. A ideia é ampliar o acesso desses jovens a equipamentos esportivos de qualidade. A estrutura do CIE é projetada em três modelos oficiais e contempla 13 modalidades olímpicas, seis paraolímpicas e futsal. A previsão é de que as obras se iniciem em 2015. chapecó É l 2014


trunfo.net

merece Você

Só quem é pioneira em móveis planejados para escritórios e ambientes comerciais, possuindo certificações internacionais de qualidade com responsabilidade ambiental, pode lhe oferecer o melhor conceito em móveis para escritório. Matriz: Av. Fernando Machado, 703 D - Centro, Chapecó - SC. Chapecó: (49) 3331-0290

Xanxerê: 49 3433.3321

Pinhalzinho: 49 3366.1496

www.sv-equipamentos.com.br


50

.Suellen Santin NDivulgação PMC / Neiva Daltrozo (divulgação Secom)

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l

urbe

l compras l esporte l cultura l memória

FOMENTANDO A INOVAÇÃO Investir em pesquisas científicas e tecnológicas e incentivar o empreendedorismo são os principais objetivos do Parque Científico e Tecnológico Chapecó@. O projeto vai promover ações ligadas à inovação em um espaço que abrigará empresas, laboratórios, ambientes para transferência tecnológica, prestação de serviços e suporte à gestão pública. A sede administrativa, que ficará próxima à Unochapecó, está orçada em quase R$ 7,3 milhões e será construída com recursos do Programa Catarinense de Inovação (PCI). A obra completa está estimada em R$ 46 milhões.

MAIS SEGURANÇA NA FRONTEIRA

LAZER PARA TODAS AS IDADES Ponto de encontro de famílias e amigos, o Ecoparque é um dos espaços mais democráticos de Chapecó. Lá, pessoas de todas as idades são

Chapecó ganhou em julho uma base do Serviço

bem-vindas. O lugar foi completamente revitalizado em 2011, obra que

Aeropolicial de Fronteira da Polícia Civil (SAER/

envolveu quase R$ 700 mil em investimentos. O parque conta com

FRON). Instalado em um hangar no Aeroporto

academia ao ar livre, playground, ponte, trilha para caminhada, bancos,

Serafim Bertaso, o SAER conta com um helicóptero

banheiros, áreas de convivência, pórtico, casa de administração, lago e

esquilo para monitorar a faixa de fronteira

coreto. Além de oferecer opções para a prática de atividades físicas, o

catarinense, que envolve 82 cidades. Além de

parque também tem sido palco para intervenções culturais e ações com

auxiliar em ações policiais, o equipamento também

foco no bem-estar da população. Aos que visitam o Ecoparque em busca

pode atuar em operações da Defesa Civil, no

de tranquilidade, a natureza também dá uma ajudinha. As árvores que

suporte ao Samu, ao Corpo de Bombeiros e no

cercam o espaço formam um bosque que garante sombra fresca e ar

patrulhamento preventivo.

puro bem no centro da cidade.

chapecó É l 2014


51 .CREDITO NCREDITO

chapecó É l 2014


52

.Fabiane De Carli TedescoNTarla Wolski

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l

urbe

l compras l esporte l cultura l memória

Pessoas de outras cidades catarinenses, DE outros estados e até dO EXTERIOR encontram NA “CAPITAL DO OESTE” um bom lugar para viver, TRABALHAR E PROSPERAR

CHAPECOENSES DE CORAÇÃO chapecó É l 2014

Com uma população de 198.188 habitantes, Chapecó chega ao seu 97o aniversário como a cidade com mais de 100 mil habitantes que mais cresce no Estado, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. O município apresenta um resultado acima da média catarinense na geração de empregos formais, tendo crescido 37% entre os anos de 2012 e 2013, contra 22% de crescimento do Estado. Ao todo, foram gerados 2.340 empregos formais na cidade nesse período. Entre 1991 e 2010, Chapecó teve um incremento no seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) de 49,34%, acima da média de crescimento nacional, que foi de 47%, e acima da média estadual, de 42%. Com o desenvolvimento econômico, novas oportunidades de trabalho surgem na indústria e no comércio, atraindo pessoas de todas as partes do Brasil e até do exterior. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Chapecó, Diógenes Lang, a cidade está se estruturando para receber os recém-chegados. Ele cita o fortalecimento do Distrito Industrial para as grandes empresas que pretendem se instalar no município, bem como o serviço do Balcão de Empregos para dinamizar a oferta de vagas.


Empresa Chapecoense que cresce junto com Chapecó, de maneira responsável com ênfase na excelência em qualidade.

Fone: (49) 3329-0055 www.ecolaje.com Bloco

Canaleta

Meio Bloco Meio-fio

Paver

Holandês

Guia Alerta

Rua Fagundes Varela, 145-D, Bairro: São Cristovão CEP 89.803-080 - Chapecó-SC

Unistein


54

Serigne veio do Senegal para trabalhar em um grande frigorífico e, nas horas vagas, vende acessórios nas ruas

Os fatores que têm tornado a cidade cada vez mais atrativa para os novos moradores, segundo ele, são a presença de instituições de ensino superior de qualidade, a instalação de grandes empresas dos mais diversos segmentos, além da expansão do comércio e da prestação de serviços. “Chapecó foi eleita por uma revista de circulação nacional como uma das 100 Melhores Cidades Brasileiras para fazer carreira. É a 78ª melhor cidade do Brasil para trabalhar, além de ser a 16ª cidade mais indicada para investir em tecnologia e estar na 42ª posição em desenvolvimento social”, reforça Lang. A jornalista Sandra Ambrosio chegou a Chapecó em março de 2011. Nascida em Flores da Cunha, Rio Grande do Sul, Sandra veio de outra cidade gaúcha, Frederico Westphalen, onde cursou Jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Quando cheguei e vi uma cidade grande percebi que podia abraçar os meus sonhos.” Ela diz que procurou Chapecó por ser uma cidade-polo e não muito afastada de sua família, que mora a 130 quilôme-

tros. Ao longo de quase quatro anos por aqui, Sandra criou sua trajetória. “Hoje tenho um bom trabalho e vejo que todas as oportunidades que abracei aqui me trouxeram mais do que eu almejava.” Viver em Chapecó tem sido uma experiência interessante e intensa. “Jornalisticamente, a cidade é um celeiro de informação. Sempre se tem do que falar ou o que noticiar.

A artesã Maria Lucia veio ainda bebê para Chapecó e acompanhou de perto o desenvolvimento da cidade

chapecó É l 2014

Pessoalmente, acredito que esta é uma terra de oportunidades.” Há cinco meses na cidade, o senegalês Serigne Seye vende acessórios perto do Calçadão da Benjamin Constant. Natural de Dakar, capital de seu país, ele veio para cá com um grupo de cerca de 100 pessoas, todos contratados por um grande frigorífico da região. Só que Seye quer fazer render a sua passagem pelo Brasil, e aproveita as horas vagas – principalmente à noite – para vender seus produtos nas ruas. Em relação ao Brasil, as diferenças são muitas, a exemplo da comida e da cultura. Ele diz sentir falta de peixe, muito consumido em Dakar. “Aqui é mais carne de gado e de porco”, afirma. Um ponto positivo é que o real vale mais do que o franco senegalês. Entretanto, Seye, aos 27 anos, explica que não é fácil viver aqui, já que o custo de vida é alto. Apesar disso, com seu português um tanto restrito, ele garante que “Chapecó é um bom lugar para se viver”. Pelo menos até 2015, quando pretende regressar ao seu país com algum dinheiro e muitas histórias para contar. Maria Lucia Bueno nasceu em Tubarão (SC), em 1951, mas logo no ano seguinte mudou-se com a família para o Oeste. “No tempo antigo”, como costuma dizer, “Chapecó estava longe de ser considerada uma cidade grande”. Mãe de cinco filhos chapecoenses, ela já trabalhou na Exatoria Estadual, na Fucabem, foi professora e hoje é artesã. Maria Lucia conta que a Chapecó de sua época era uma cidade ainda sem calçamento, onde as pessoas andavam a cavalo. “Me lembro do primeiro asfalto, do primeiro esgoto”, diz, com um misto de saudade e orgulho diante da evolução do lugar que adotou para viver. “Aqui me sinto em casa. Não consigo me ver em outro lugar.”

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K



56

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l

compras l esporte l cultura l memória

CHAPECÓ NA VITRINE Do vestuário à decoração, uma amostra da qualidade e diversidade dos produtos à venda no comércio local

NAS CORES DA CIDADE O verde e branco nunca esteve tão na moda em Chapecó. Com a Chapecoense disputando a primeira divisão do campeonato brasileiro, a paixão dos torcedores toma conta das ruas e vitrines. Por aqui, o uniforme tradicional do Verdão é o mais procurado nas lojas. Disponível no Palácio dos Esportes – Av. Getúlio Vargas, 710 N. Centro. R$ 238.

AUMENTA O SOM! Para os apaixonados por música, a Imaginarium criou um produto que faz referência à era de ouro do rádio brasileiro. O aparelho tem design

BIJUTERIA FINA

retrô, mas a tecnologia interna é

O conjunto de colar e pulseira da

entrada para pendrive, TV e celular.

Morana é uma composição sugerida

Disponível na Loja da Imaginarium,

para quem quer explorar o alcance

no Shopping Pátio Chapecó. R$

do estilo clássico. As duas peças de

799,90.

atual. Apresenta funções AM e FM,

bijuteria fina são trabalhadas

ACESSÓRIO INDISPENSÁVEL

em banho dourado, com detalhes em branco. Uma combinação sugerida para festas de casamentos e

A carteira de mão em estilo envelope da Toque e Estilo é

aniversários. Disponível

uma ótima opção para composição de um look moderno e

na Loja da Morana,

despojado. O acessório, que é feito com trançado de palha,

no Shopping Pátio

pode ser usado com peças que seguem a tendência leve

Chapecó. R$ 149,80.

da primavera e verão. O produto está disponível na Cia das Bolsas, no Calçadão de Chapecó. Centro. R$ 55.

chapecó É l 2014


57 .Fernanda Moro NTarla Wolski

OBRA DE ARTE Com uma moldura clássica na cor branca, o quadro de arte contemporânea intitulado de “As Mulheres” é uma peça-chave para a decoração de um belo ambiente. A tela de forte expressão é uma produção exclusiva da artista plástica Tânia Stempkwski. Disponível na Vidraçaria Chapecó, na Rua Nereu Ramos, 708. Centro. R$ 1.620.

TENDÊNCIA COLORIDA O amarelo vem como uma das cores queridinhas do verão, estação que promete vir cítrica, alegre e vibrante. A silhueta que tem inspiração nos anos 1970, com peças fluidas e calças flare que aparecem mais estruturadas, também é tendência. À venda na Jane Siqueira Moda e Estilo, na Rua Nereu Ramos, 1326 E, Sala 01. Centro. R$ 279 (calça).

ESTILO GAUDÉRIO

R$ 199 (camisa).

Na cidade em que a tradição gaúcha conquista os moradores, um instrumento musical ganha popularidade. É o acordeão, ou gaita, como é popularmente conhecido por aqui. Com sete registros no teclado e dois na baixaria que contém 80 baixos, o instrumento da Michael divulga a música tradicionalista por todo o Oeste do Estado. Disponível na Multisom, na Av. Getúlio Vargas, 690N. Centro. R$ 3.199.

PARA pÉS DE NOIVA Quem se prepara para subir ao altar pode apostar na elegância e conforto da Linha Noivas, da Carmen Steffens. O lançamento recente aposta na clássica composição entre renda, pérola e laços para conquistar a preferência das noivas atentas aos detalhes do grande dia. Disponível na loja da Carmen Steffens, no Shopping Pátio Chapecó. R$ 399.

chapecó É l 2014


58

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l

MENINAS SHOW DE BOLA COM MAIS DE 20 ANOS DE TRADIÇÃO, A FEMALE FUTSAL SE FIRMA COMO UMA DAS PRINCIPAIS EQUIPES DA MODALIDADE NO PAÍS Uma trajetória de sucesso se faz com muito trabalho, esforço e dedicação. É assim que a Associação Female Futsal segue fazendo história no esporte chapecoense. Tudo começou em 1993, quando o Popiolski Futebol Clube introduziu a prática do futsal feminino na cidade. Desde então, o trabalho pioneiro vem rendendo uma sequência de títulos que

culminou com o primeiro lugar na Liga Nacional em 2013. Mesmo montando equipes competitivas desde o início, o caráter amador prevaleceu até 1999. A partir de 2000 o clube passou a investir mais na modalidade, aprimorando as sessões de treinamento desportivo e criando escolinhas de iniciação e formação de atletas. Em 2005 veio chapecó É l 2014

esporte

l cultura l memória

mudança de nome, acompanhada por alterações no estatuto para atualizar-se à nova legislação esportiva. Atualmente, a equipe é composta por 19 atletas que treinam diariamente. O técnico, Márcio Coelho, destaca que o grupo é qualificado e o coletivo o torna forte. “Não gosto de destacar uma ou outra atleta, mas o coletivo. A força do grupo é o que o torna muito qualificado”, destaca. Para Coelho, os bons resultados da equipe se devem à estrutura e ao profissionalismo. “As meninas querem vir jogar em Chapecó pelo trabalho construído ao longo do tempo, pela organização e pela consolidação da marca Female”, reforça o técnico. Um exemplo é a fixo Valéria Schmidt, 26 anos, que está na equipe desde 2008. Desde criança apaixonada pelo futebol, ela jogou um ano em Criciúma e dois anos em Caçador. Para o futuro, a atleta diz que


59 .Lisiane Kerbes NTarla Wolski

quer continuar jogando para ajudar a fortalecer a modalidade. “O futsal, principalmente o feminino, ainda tem que evoluir muito. Gostaria muito que se tornasse um esporte olímpico”, afirma. A ala Vanessa Pereira, 26 anos, também está na equipe desde 2008, mas esteve, durante esse período, seis meses fora. Foi quando ela jogou no Burela, na Espanha, de dezembro de 2010 a junho de 2011. “A experiência foi muito válida, a gente aprende muito quando sai do país. Deu para ver como a nossa equipe é hoje e para saber que caminho eu queria seguir”, revela a atleta, eleita por três vezes a melhor do mundo na sua modalidade. Além da Female, ela já jogou em Governador Valadares (Minas Gerais), em 2005, e no atual adversário, o Kinderman/Caçador, em 2007. Atualmente, Vanessa tem uma proposta para ir à Itália, porém, nada está decidido. “Primeiro tenho que pensar no compromisso com a nossa equipe e terminar a faculdade”, garante. Neste ano, a equipe da Unochapecó/Nilo Tozzo/Aurora disputa os

Um dos destaques do time, a ala Vanessa já foi eleita por três vezes a melhor jogadora de futsal do mundo e atualmente vem sendo sondada por times italianos

Jogos Universitários, a Liga Nacional, o Campeonato Catarinense e os Jogos Catarinenses, além de, por meio de uma parceria com a Chapecoense, representar o Brasileiro de Campo em setembro. Conforme Coelho, o campeonato de maior dificuldade é a Liga Nacional, mas frisa que o estadual também é bem dis-

putado. “Nossos principais adversários são de Santa Catarina, os times de Caçador e de Brusque”, comenta. Entre os títulos já ganhos pela associação, destacam-se seis títulos da Liga Nacional, dois sul-americamos, três Copas das Nações, sete estaduais e seis nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC), todos primeiros lugares. Por tudo isso, a Female tem sido uma das grandes responsáveis pela divulgação do futsal feminino em Chapecó, em Santa Catarina e no Brasil. O trabalho organizado e os excelentes resultados de quadra contribuíram para que o clube se tornasse uma referência internacional no esporte.

CONQUISTAS RECENTES 2014 Zona Sul Leste Oeste da LDU Jogos Abertos Regionais de São Paulo Joguinhos Abertos de Santa Catarina 2013 Liga Nacional Sul-Americano Jogos Abertos Brasileiros Campeonato Estadual Jogos Abertos Regionais de São Paulo 2012 Liga Nacional Sul-Americano Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) Liga do Desporto Universitário (LDU) 2011 Copa das Nações Torneio Internacional de Espinho Liga Futsal Feminina Taça Brasil Jogos Abertos Brasileiros Taça Brasil Sub-20 Campeonato Catarinense Jogos Abertos de Santa Catarina

Os treinos diários são comandados pelo técnico Márcio Coelho, que destaca a estrutura oferecida pela associação

chapecó É l 2014

Campeonato Catarinense Sub-15


60

.Fabiane De Carli TedescoNDivulgação

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l

cultura

l memória

APOIO DOS INTERNAUTAS A banda Variantes, considerada uma das melhores

músico convidado, tocando teclados e percussão. A banda

representantes do rock chapecoense, está lançando seu

entrou no estúdio em setembro de 2013 e teve bastante

terceiro álbum. “Tudo Acontece” foi gravado, mixado e

tempo para deixar tudo minuciosamente da maneira

masterizado no Estúdio Mubemol, em Porto Alegre (RS),

desejada. Em breve, o álbum deverá ser lançado em CD

e acabou de ser disponibilizado para download grátis na

e vinil de 10 polegadas pelo Selo 180. Tudo depende do

internet. Quem assina a coprodução é

sucesso da campanha de crowdfunding, que foi lançada no

Gilberto Ribeiro Jr., que também

site Catarse. Para quem é fã, é hora de dar uma força!

participou como

http://catarse.me/pt/variantes

MISTURA EM RITMO DE PAGODE Destaque na cena do “pagode universitário”, o Pagode Social – ou “família social”, como costumam se chamar – teve início em 2006 e foi idealizado por amigos que sempre gostaram de futebol e boa música. Depois de muito ensaio e dedicação, eles contam que foi possível tomar um novo rumo e buscar o profissionalismo. O grupo lançou duas músicas de trabalho, “Vacilou” e “Deixa Disso”, que tiveram grande aceitação em toda a região. Os integrantes entendem que fazem parte de um grupo diferenciado e inovador. Isto porque a mistura de culturas faz parte do repertório, que une pagode, sertanejo, pop, reggae, samba-rock e sambahouse. www.facebook.com/ paginapagodesocial chapecó É l 2014



62

.Fabiane De Carli TedescoNDivulgação

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l

cultura

l memória

CABARÉ LITERÁRIO Nascido no ano 2000, o Grupo Vertigem de Ações Poéticas mistura poesia, literatura e música. Atualmente, apresenta o espetáculo “Poesia Para Gente da Vida”, criado no ano de 2013 e que já conta com apresentações em diferentes espaços e feiras de Chapecó e Frederico Westphalen (RS). Une, no mesmo palco, a literatura, a música e o audiovisual. O tema principal é o cabaret, abordado por meio da leitura de poemas com as temáticas amor, (des)amor e todas as suas possibilidades. A música executada ao vivo e a projeção de um audiovisual dialogam com as poesias e criam a atmosfera do espetáculo. O grupo conta com o apoio do Serviço Social do Comércio (SESC). www.facebook.com/grupovertigemacoespoeticas

O PODER DO MITO

O MÊS DA DANÇA Em setembro, o 9 º Dança Chapecó apresenta o panorama

A Companhia Muiraquitã de Arte e Espetáculos é o grupo

atual da dança amadora e profissional da Região Sul,

responsável pelo espetáculo Lilith, um dos destaques do Festival

proporcionando intercâmbio cultural e estimulando a

Nacional de Teatro. A figura de Lilith, também conhecida como as

integração dos profissionais da área. O festival acontece

deusas Ihstar, Astarte, Isis, Cibele e Hécate, foi personificada pela

entre os dias 13 e 16, no Centro de Cultura e Eventos.

bruxa, na Idade Média. As muitas histórias em torno dessa figura

Faltando poucos dias para a abertura das cortinas,

simbólica sustentam a peça. O dramaturgo e diretor Clodoaldo Calai

a organização está a mil. Esta edição traz bailarinos

transpôs a obra dramatúrgica em espetáculo teatral, utilizando

renomados, como Octávio Nassur, Ricardo Scheir, Jair

técnicas do realismo fantástico. O espetáculo conta com a atriz

Moraes, Eliane Fetzer e Luiz Fernando Bongiovani. Em

Regiane Bringhenti, que dá corpo e voz a Lilith. Uma apresentação

2013 participaram mais de 1,1 mil bailarinos de 40 grupos.

com grande distinção de linguagem e valor cultural.

Para este ano a expectativa é ultrapassar estes números.

ciamuiraquita.blogspot.com.br

http://escoladeartes.com.br/dancachapeco chapecó É l 2014


CORTE | DOBRA | PLASMA DE EXTREMA DEFINIÇÃO | CALHAS | CALANDRAS | CHAPAS EM AÇO INOX, ALUMÍNIO, AÇO CARBONO E GALVANIZADO

49 3330 8100

Travessa Bom Jesus, 20 E Bairro Eldorado 89810-220 Chapecó Santa Catarina


64

opinião l minha cidade l #chapecó l entrevista l capa l economia l agronegócio l empreendedores l urbe l compras l esporte l cultura l

memória

precursor da causa indígena DEFENSOR DOS DIREITOS DO POVO KAINGANG NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO 20, O JUIZ ANTÔNIO SELISTRE DE CAMPOS DEIXOU UM LEGADO QUE PERDURA ATÉ HOJE

Um verdadeiro vigilante cultural. É dessa forma que Antônio Selistre de Campos é lembrado até hoje pela cidade que o recebeu como seu primeiro juiz de direito no ano de 1931. Nascido em 28 de abril de 1881, em Santo Antônio da Patrulha (RS), fez a faculdade de Direito em Porto Alegre, onde se formou em 1909. Quatro anos depois, foi nomeado juiz da comarca de Campos Novos e a partir daí passou por Lages, Laguna, Tubarão e Joaçaba. Em 1931 assumiu a comarca de Chapecó, que na época ainda se chamava Passo dos Índios, e aqui passou os últimos 26 anos de sua vida. Ao longo desse tempo acumulou funções que o tornaram uma

figura de destaque tanto na sociedade da época quanto na construção da história de Chapecó e dos povos indígenas que habitavam a região. Selistre Campos participou ativamente dos processos de urbanização e industrialização do município. Teve um importante papel social ao defender os índios Kaingang, denunciando problemas relativos a educação, saúde e luta pela demarcação de terras. Em 1937 fundou a primeira escola para os indígenas, cujas aulas eram ministradas por um professor Kaingang. “Das autoridades locais, ele era um dos poucos – senão o único – que defendeu esse grupo étnico na época bastante marginalizado”, chapecó É l 2014

destaca Mirian Carbonera, coordenadora do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM). Segundo ela, a atuação do juiz foi ainda mais marcante entre 1930 e 1940. Em maio de 1939, ele ajudou a fundar o jornal A Voz de Chapecó, um semanário independente que também contou com o apoio de Ernesto Serafim Bertaso, Cid Loures Ribas e Vicente Cunha. O jornal funcionou até 1956 e refletia o pensamento nacionalista da época através de textos irônicos e opinativos, abordando pautas como constituição, nacionalização, magistratura e progresso. Para publicar em A Voz de Chapecó, o juiz fazia uso de pseu-


65 .Fernanda Dreier NMuseu Municipal Antônio Selistre de Campos (acervo)

dônimos ou assinava apenas com suas iniciais, passando a utilizar o nome completo somente depois de sua aposentadoria, devido ao cargo público que exercia. Em um artigo intitulado “A questão indígena nas páginas dos jornais sob a ótica do jurista Antonio Selistre de Campos”, a mestre em História Cultural, Ninarosa Mozzato da Silva Manfroi, observa que seus textos tinham a intenção de esclarecer os leitores, procurando diminuir o estranhamento entre culturas diferentes por meio do conhecimento. “Na época houve violência, preconceito, discriminação e mortes de ambos os lados”, diz a pesquisadora. De acordo com ela, os artigos do juiz contribuíram para expor a situação dos Kaingang aos não-indígenas e também esclarecer os próprios índios a respeito dos seus direitos. Durante sua atuação em Chapecó, com a ajuda dos indígenas e de agricultores locais, o juiz recolheu um vasto material arqueológico – incluindo cerâmicas e urnas funerárias dos primeiros habitantes da região – que manteve guardado em sua residência. Em 1955, decidiu

A preocupação em preservar itens arqueológicos deu origem ao acervo do museu municipal que leva seu nome

doar sua coleção pessoal ao Grupo Escolar Bom Pastor, para que as futuras professoras formadas pela escola pudessem usar as peças em seus estudos. Hoje, a maioria desses objetos faz parte do acervo do Museu Municipal Antônio Selistre de Campos, criado em 1978 e localizado em uma casa antiga da família Bertaso, em estilo colonial italiano, edificada na década de 1920. Segundo Nilsa Melo, gerente de Patrimônio Histórico e Memória da

No centro da imagem da década de 1920, o juiz Antônio Selistre posa ao lado do então governador Adolfo Konder

chapecó É l 2014

Secretaria de Cultura de Chapecó, o local abriga 55 peças de arqueologia e etnologia e alguns documentos manuscritos e datilografados pelo juiz a partir da década de 1930. “Temos aqui uma riqueza patrimonial material e imaterial dos povos pré-coloniais que habitaram o Oeste catarinense que nos permite desenvolver inúmeras atividades voltadas à Educação Patrimonial”, afirma a gerente. Segundo Nilsa, a existência do museu é um incentivo aos esforços para manter e preservar a cultura dos povos Kaingang e Guarani Mbyá. Membros de ambas as tribos que atualmente residem em Chapecó visitam o museu com frequência para conhecer sua história e expressar suas identidades. Aposentado em 1943 pelo Estado como juiz de Direito, Antonio Selistre de Campos foi nomeado no ano seguinte juiz substituto federal. Morreu no dia 5 de dezembro de 1957 em decorrência de uma broncopneumonia. Seu caixão foi transportado pelos Kaingang, que acompanharam a pé o cortejo fúnebre até o cemitério ecumênico de Chapecó.





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.