EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO
A cidade que mais cresce no estado comemora suas conquistas e prepara-se para novos desafios
É BOM VOLTAR PARA CASA E TER NOVIDADES PARA CONTAR. Itajaí foi o porto de partida para o desenvolvimento e conquista de grandes desafios da ARXO. Aqui ela nasceu e ampliou seus horizontes. Agora, consolidada, líder de seu setor e com sede em Balneário Piçarras, a ARXO volta a Itajaí, sua terra natal, com um grande e audacioso desafio, implantar sua nova unidade industrial para atender o mercado Offshore. Afinal, nada melhor do que começar uma nova fase estando entre bons e velhos amigos.
Arxo. Líder na fabricação de tanques de combustíveis na América Latina.
www.arxo.com
ANOS
1967 – fundação da Ind. e Reparos Soldas Pereira. 1975 – passa a atender o mercado petrolífero e portuário.
1987 – inicia a fabricação de tanques para o mercado de combustíveis e postos.
1997 – consolida posição de melhor fornecedor na região sul do Brasil.
2001 – passa a denominar-se Sideraço. 2003 – conquista a ISO 9001 - Certificação Internacional de Produto. 2005 – inaugura sua filial em Recife-PE. 2006 – inaugura a filial em Balneário Piçarras-SC. 2008 – transfere sua matriz para Balneário Piçarras-SC. 2009 – passa a denominar-se ARXO para ampliar seu mercado. 2012 – implanta, em Itajaí, uma unidade para atender o mercado Offshore.
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Editorial
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ITAJAI´
Uma publicação do Grupo RIC PRESIDENTE
Mário J. Gonzaga Petrelli
Grupo RIC/SC Vice-presidente-Executivo
Marcello Corrêa Petrelli Diretor Comercial
Reynaldo Ramos Diretor Administrativo e Financeiro
Albertino Zamarco Jr. Diretor Operacional
Paulo Hoeller Diretor Regional Itajaí
Alexandre Rocha Diretor de Redação Notícias do Dia
Luís Meneghim
Revista ITAJAÍ É Coordenador-geral, edição de arte, diagramação e foto de capa
Victor Emmanuel Carlson Gerente Comercial
Robson Cordeiro Editor-executivo
Diógenes Fischer REPORTAGEM
Adão Pinheiro, Giselle Zambiazzi, Luciana Zonta e Victor Emmanuel Carlson Fotografia
Marcello Sokal e Victor Emmanuel Carlson distribuição
Simone Cristina de Souza e Cláudia Catani REVISÃO
Giovanni Secco IMPRESSÃO
Gráfica Posigraf www.ndonline.com.br/revistaItajaiE Rua Antônio Menezes Vasconcelos Drumond, 29 – Fazenda CEP 88302-270 – Itajaí/SC Fone (47) 3247-4700
Um exemplo para Santa Catarina Os catarinenses orgulham-se de Itajaí. Qualquer visitante percebe, ao percorrer as ruas do Centro e da renovada Beira-Rio, uma cidade florida, urbanizada, organizada e limpa. Passeando pelos bairros, reconhecemos os efeitos de uma cidade que cresce com o comércio pujante e com melhor qualidade de vida da população. Na Praia Brava, visualizamos o início de empreendimentos de alto padrão. A revista Itajaí É conversou com moradores, empresários, funcionários públicos e demais trabalhadores, e percebeu uma singular autoestima, que contagia qualquer visitante. É evidente a alegria da população, a satisfação e o entusiasmo de seus líderes públicos e comunitários, que trabalham unidos para melhorar cada vez mais a cidade. É com esse espírito que o Grupo RIC, por meio do Jornal Notícias do Dia, presenteia seus moradores com a revista Itajaí É, para comemorar os 152 anos de fundação do município. Nosso presente almeja registrar esse momento ímpar por que passa Itajaí e também possibilitar ao leitor conhecer e entender melhor sua cidade. Procuramos espelhar em Itajaí É todo esse sentimento de orgulho que emana de seus moradores. Por isso, resgatamos aspectos históricos, analisamos a conjuntura econômica e visualizamos o futuro da cidade, entre tantos outros assuntos que trazemos para o leitor com esta publicação. Nesta primeira edição de Itajaí É, mostramos um município que é exemplo para Santa Catarina. Que soube dar a volta por cima depois de enfrentar uma grande enchente, em 2008. Que, em menos de dez anos, transformou uma cidade portuária em um espelho para os catarinenses. Temos orgulho de participar desta comemoração. Feliz Aniversário, Itajaí!
Marcello Corrêa Petrelli Vice-Presidente-Executivo Grupo RIC
“Quem visita Itajaí e conversa com seus moradores percebe uma singular autoestima, que contagia os visitantes”
Programa de sustentabilidade
Foram plantadas 500 árvores para a produção desta revista
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Índice
Itajaí 152 anos
Horizontes
De freguesia a cidade.......................................................8
Muito além da regata....................34 Divulgação
Acervo Fundação Genésio Miranda Lins / Centro de Documentação e Memória Histórica
História: panorama da cidade em litogravura do Dr. Henry Lange, datada de1882
Impulso náutico.............................36
Investimento: projeto da nova marina na Beira-Rio
Panorâmica
Formação para todos.....................40
Desenvolvimento com diversidade................................12
Almanaque
Oportunidades à beira-mar............................................18 Victor Carlson
A avenida gourmet.........................44 Um bairro que fez história............48 A voz da cidade.............................50 Victor Carlson
Jornalismo: Graciliano é líder de audiência na RICTV
Memória dos gramados.................54 Economia: Praia Brava desponta na expansão imobiliária com novos conceitos
Arte e devoção...............................60
Avançando de vento em popa.......................................26
Arigatô, Itajaí!................................64
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Itajaí 152 anos Acervo Museu Histórico de Itajaí/Centro de Documentação e Memória Histórica de Itajaí
Reprodução do quadro original de Hugo Calgan, que retratou Itajaí vista do povoado de Santo Amaro (atual Navegantes) em 1884
De freguesia a cidade A REGIÃO ONDE HOJE FICA O MUNICÍPIO DE ITAJAÍ Já FOI OCUPADA POR UM BANDEIRANTE, UM DIPLOMATA E UM CORONEL, ATÉ TORNAR-SE EMANCIPADA Texto Giselle Zambiazzi
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aniversário de Itajaí é comemorado no dia 15 de junho, data da instalação oficial do município, que ocorreu em 1860, mas sua história começou muito antes. O primeiro homem branco a pisar em território itajaiense foi o bandeirante paulista João Dias D’Arzão, em 1658. Depois de passar por São Francisco do Sul, ele chegou por aqui sem a intenção de colonizar. Seu interesse resumia-se à caça de índios e à extração de ouro. D’Arzão
instalou-se do outro lado do Rio Itajaí-Açu, onde hoje é Navegantes, para explorar as redondezas, mas a empreitada não se mostrou lucrativa e logo ele abandonou as terras. Passaram-se mais de 160 anos até que alguém voltasse a olhar para a região da foz do Rio Itajaí-Açu. Os poucos moradores que restaram dos tempos do bandeirante – não mais que 40 pessoas – viviam em um quase completo isolamento. Plantavam, pescavam e fiavam o próprio algodão para sobreviver.
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De freguesia a cidadeItajaí 152 anos
O marco zero da fundação de Itajaí, na Praça Vidal Ramos
Antônio Meneses de Vasconcelos Drumond recebeu do Rei de Portugal Dom João VI duas sesmarias na região de Itaipava, às margens do ItajaíMirim, com a missão de colonizar o local. No entanto, segundo o historiador Ivan Serpa, tudo não passava de uma estratégia política. “Drumond era amigo pessoal do rei, intelectual e integrante da maçonaria, mas fazia parte de um movimento no Rio de Janeiro pela independência do Brasil. Seu envio para Itajaí era uma forma de desarticular o grupo”, observa. De qualquer forma, assim que chegou aqui, Drumond tratou de arregaçar as mangas. Junto com os colonos que trouxe consigo, construiu um engenho e um pequeno estaleiro, e deu início às plantações. É dessa época o primeiro barco a navegar pela foz do Itajaí-Açu, a sumaca São Domingos, que passou a carregar cereais e madeira até o Rio de Janeiro. Cerca de um ano e meio depois, em 1821, Portugal passou por uma intensa crise política. A Revolução do Porto obrigou que o rei voltasse imediatamente para a Europa, ou perderia o trono. Diante disso, Drumond – assim como todos os membros da Corte portuguesa no Brasil – foi forçado a sair do país às pressas. Pouco se sabe sobre o que aconteceu com os moradores da colônia, mas há relatos de que Drumond teria fugido sem ao menos pagar os trabalhadores. Segundo Serpa, não há nenhum registro documental sobre o assunto. “O que se sabe foi coletado por meio de uma pesquisa de história oral, cujos fragmentos da memória local sugerem ser possível que muitas das famílias do Bairro Itaipava sejam descendentes dos colonos ainda daqueles anos”, afirma. A única certeza de que se tem é que as condições da colônia instalada por Drumond eram precárias. “Ele não I T A J A Í
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Victor Carlson
Até que em 1820 o diplomata
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Itajaí 152 anos4De freguesia a cidade Acervo Museu Histórico de Itajaí/Centro de Documentação e Memória Histórica de Itajaí
Da esquerda para a direita: o diplomata Antônio Meneses Drumond, o coronel Agostinho Ramos e o bandeirante João Dias D’Arzão
Com o crescimento urbano, pessoas de regiões vizinhas que estavam descontentes com as vilas onde moravam começaram a procurar as margens do Rio Itajaí-Açu para recomeçar suas vidas. Poucas décadas depois, entre 1850 e 1860, quando as colônias de Blumenau e Brusque foram organizadas, a Freguesia de Itajaí passou a Victor Carlson
era um colonizador. Era um diplomata. O núcleo de moradores não tinha nenhum tipo de incentivo, nenhum apoio, nenhuma infraestrutura. Não havia estradas ou comunicação. Eles não contaram que chegariam aqui e teriam que enfrentar os índios, por exemplo”, conta o historiador. Porém, a experiência desastrosa serviu como base para a criação de outros modelos bem-sucedidos. Em 1823, finalmente a história de Itajaí começava a caminhar para o progresso. Foi quando o coronel e comerciante português Agostinho Alves Ramos chegou de Desterro (hoje Florianópolis) para organizar a colonização da cidade. Foi ele quem coordenou a construção da primeira capela, no mesmo lugar onde está a igreja da Praça Vidal Ramos, no Centro. A própria praça – hoje considerada o marco zero da cidade – também foi obra do coronel Ramos. Bem perto dali construiu sua casa e seu comércio, onde negociava com os exploradores e com os imigrantes, que começavam a chegar para povoar o Vale do Itajaí.
Ivan Serpa: condições precárias dificultaram as primeiras tentativas de colonizar a região I T A J A Í
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ser o ponto de chegada dos imigrantes europeus. Naquela época a atividade portuária já era bastante intensa, e toda mercadoria que entrava e saía do Vale passava pelas casas comerciais e pelas docas instaladas na cidade. Desde então, o intercâmbio comercial e cultural trazido pelo porto tornou-se parte fundamental da formação da população local, hoje composta de diversas etnias, como a portuguesa, a açoriana, a alemã, a italiana, a polonesa, a africana e até a sírio-libanesa. Em 1859, seis anos após a morte de Agostinho Alves Ramos, a cidade obteve sua emancipação política, depois de enfrentar uma forte oposição da Câmara Municipal de Porto Belo, a quem a Freguesia de Itajaí estava subordinada. A resolução foi assinada no dia 4 de abril de 1859, mas o Município de Itajaí só foi realmente instalado em 15 de junho de 1860, com a posse dos primeiros vereadores: Joaquim Pereira Liberato, José Henrique Flores, Claudino José Francisco Pacheco, José da Silva Mafra, Francisco Antônio de Souza, Jacinto Zuzarte de Freitas e Manoel José Pereira Máximo.l
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Panorâmica
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Victor Carlson
Desenvolvimento com diversidade
Desenvolvimento com diversidadePanorâmica
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COm excelentes resultados em diferentes segmentos econômicos, a itajaí do século XXI apresenta um crescimento acima da média das cidades brasileiras e consolida-se como um dos mais importantes polos regionais do estado Texto Giselle Zambiazzi
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pescado por ano. Mais recentemente, foi a vez do porto, que se especializou na movimentação de cargas, tornando-se o maior terminal de exportação de congelados e frigorificados no Brasil.
DURANTE Todos esSes momentos econômicos a renda da população local foi sendo reforçada, impulsionando o comércio em diversos bairros, e não apenas no Centro. José Dada lembra ainda de um fenômeno que ocorreu entre os anos 1970 e 1980, quando o governo incentivou a construção de casas populares no entorno da cidade. “O deslocamento da população para as novas áreas foi mais um motivo para desenvolver o comércio nos bairros”, explica. Para o presidente da CDL, Victor Carlson
tajaí possui uma economia variada, que combina a tradicional atividade pesqueira com empresas de vanguarda, e desponta hoje como um dos municípios que mais crescem no país. De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, só em 2011 foram abertas mais de duas mil empresas na cidade, totalizando mais de 15 mil em atividade no momento. Mas essa expansão não se resumiu apenas ao ano passado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2006 e 2008 o número de empresas em Itajaí cresceu 15%, enquanto a média nacional foi de 9%. Foi assim que a cidade conseguiu ter a maior renda per capita de Santa Catarina e o segundo PIB do Estado, equivalente a 70% do PIB dos 12 municípios que compõem o Litoral Norte Catarinense. Apesar de ter se tornado mais evidente nos últimos anos, o atual status de Itajaí como polo regional foi construído ao longo de décadas. “Temos aqui uma dinâmica bastante própria, diferente do resto do Estado”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), José Dada. Ele explica que a economia local já viveu diferentes fases. O primeiro ciclo importante foi o da exploração da madeira, que durou até os anos 1970 e concentrava-se no Bairro São João e no Centro. Nos anos seguintes, a pesca se desenvolveu e a cidade tornou-se o maior polo pesqueiro brasileiro. Possui, atualmente, a maior frota industrial do país e as maiores empresas nacionais do setor, responsáveis por uma produção de 220 mil toneladas de
Dada: Diferente de outras cidades no estado, o comércio em Itajaí é forte no Centro e nos bairros
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Panorâmica4Desenvolvimento com diversidade Divulgação
A estrutura do Polo de Saúde deve atrair laboratórios e indústrias farmacêuticas para a cidade esse quadro permitiu que os pequenos empresários se fortalecessem. Itajaí é hoje referência nacional em infraestrutura para a instalação de empresas, apostando em novas ideias e indústrias de vanguarda. No último mês de maio, uma parceria entre a prefeitura, o governo do Estado e a Associação Comercial e Industrial lançou oficialmente o Distrito de Inovação de Itajaí, o primeiro dos 12 que
serão instalados em Santa Catarina. Os melhores parques tecnológicos do mundo foram pesquisados para a concepção da área de 2,3 milhões de m2, localizada na Rodovia Antônio Heil, a 8 km do Centro.
A META agora é desenvolver esta nova vocação da cidade. “Em uma década, a chamada Nova Itajaí será maior do que o município que conheI T A J A Í
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cemos hoje”, acredita Jair Bondicz, vicepresidente da Associação Comercial e Industrial de Itajaí (ACII) e gerente da BRF-Brasil Foods, quarta maior exportadora brasileira. “Realmente, será o maior celeiro de aplicação comercial, industrial e residencial de todos os tempos na região e vai atrair muitos investimentos para a cidade”, concorda Onézio Gonçalves Filho, Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico. As cinco grandes empresas que já fecharam contrato de instalação deverão investir, cada uma, cerca de R$ 500 milhões e gerar um total de cinco mil novos postos de trabalho. O presidente da Associação Intersindical Patronal de Itajaí e vice-presidente regional da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Maurício Cesar Pereira, ressalta que a cidade está entre as 20 melhores do país tanto para investir quanto para morar. Em 2010 a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro apontou Itajaí como o segundo melhor município catarinense para se viver. “Temos o melhor Índice de Desenvolvimento Humano do Estado e continuaremos sendo destaque não só aqui, mas em todo o país”, ressalta Pereira. Tanto que as principais decisões regionais e até mesmo estaduais são tomadas aqui. Itajaí é sede de uma das Secretarias de Desenvolvimento Regional do Estado e também da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (Amfri), que congrega dez cidades do Litoral. A cidade conta ainda com uma unidade da Petrobras, a UO-Sul, focada na produção de gás e petróleo. A base deverá ser responsável por R$ 2 bilhões em investimentos no Estado até 2015. Exploradora dos campos de Bauna e Piracicaba, localizados a 210 km da costa catarinense, no sul da Bacia de Santos, a UO-Sul é capaz de produzir entre 70 e 80 mil barris por dia, o que vem atraindo grandes empresas para a cidade. “Den-
Desenvolvimento com diversidadePanorâmica
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Projeto do novo Mercado do Peixe, que terá 32 boxes para a venda de frutos do mar, 16 salas para outros comércios e praça de alimentação tro do conceito de ‘bola da vez’ que vive o Brasil hoje, Itajaí está em uma situação privilegiada”, analisa Jair Bondicz.
Seja pelo ar, por terra ou pelo mar, em Itajaí todos os caminhos levam ao desenvolvimento. Para fazer a conexão entre esses diferentes modais, a cidade conta desde 1996 com o maior porto seco do país: a Multilog. Equipa-
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multinacional Fitout Shopping e o Grupo Sibara, que atua em diversos segmentos, para construir em Itajaí um dos maiores shoppings de Santa Catarina. O local escolhido para a obra é o entroncamento entre a BR-101 e a Avenida Contorno Sul. Com 150 mil m2 de área construída, o empreendimento terá um hipermercado, hotel com 198 apartamentos, 240 lojas, nove salas de cinema Marcello Sokal
Marcello Sokal
Pereira: Itajaí está entre as 20 melhores cidades do Brasil para investir e morar
dos com uma moderna tecnologia de identificação de cargas, os armazéns da empresa recebem cerca de 4 mil contêineres por mês, atendendo as importadoras com vários tipos de serviços, como etiquetagem, selagem, descarga dos contêineres e armazenamento especializado das mercadorias até o desembaraço aduaneiro. Tal estrutura permitiu que a Multilog instalasse um setor exclusivo para armazenar produtos farmacêuticos, com câmaras frias e áreas especiais para guardar equipamentos médicohospitalares. “A iniciativa visa atrair cada vez mais laboratórios e indústrias farmacêuticas para Itajaí, a fim de tornar a cidade um ponto estratégico de distribuição de remédios e equipamentos”, diz Eclésio da Silva, diretor de relações com o mercado da Multilog. Ainda em processo de consolidação, o Polo de Saúde já recebe e despacha pelo menos R$ 2 bilhões por ano desse tipo de mercadoria, atendendo a todo o Sul e Sudeste. O comércio é outro setor que atrai investimentos. O mais recente deles é uma parceria entre a administradora
Gonçalves: Distrito de Inovação vai trazer novas empresas de tecnologia para a região
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Panorâmica4Desenvolvimento com diversidade Marcello Sokal
Com capacidade para transatlânticos de até 230 metros, o píer turístico é o único terminal no Brasil exclusivo para navios de passageiros E se isso não bastasse, o turismo é outro setor que movimenta a economia itajaiense. A cidade conta com o único terminal exclusivo para navios de pasDivulgação
e praça de alimentação. O valor a ser investido na obra chega a R$ 325 milhões, e a previsão é a de que tudo fique pronto até o segundo semestre de 2014. O projeto, que ainda não começou a ser construído, deverá gerar uma média de quatro mil empregos na região.
Além do shopping, a cidade deve ganhar em breve outro centro comercial de grande importância para a economia local: o novo Mercado do Peixe. Com mais de 2,5 mil m2, a estrutura terá um design moderno, praça de alimentação e 32 boxes para a venda dos frutos do mar, além de 16 salas para outros tipos de comércio. O mercado será construído no terreno da antiga empresa de pesca Sul Atlântico, na Beira-Rio, ao lado do Centreventos. A área foi cedida pelo Porto de Itajaí, proprietário do terreno.
Silva: Porto seco da Multilog é o maior do país e recebe cerca de 4 mil contêineres por mês I T A J A Í
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sageiros do Brasil. O Píer Turístico Guilherme Asseburg recebe transatlânticos com até 230 metros e possui estrutura alfandegária da Receita Federal e da Polícia Federal. Na temporada de verão 2011-2012 a cidade recebeu 25 transatlânticos, com cerca de 40 mil visitantes. Outros atrativos turísticos são o litoral, composto das praias do Atalaia, do Jeremias, de Cabeçudas, Brava e dos Amores, e o Parque da Atalaia, com 19 hectares de Mata Atlântica e um belverede com vista exuberante em 360º. Hoje, observa-se em Itajaí uma comunidade engajada no novo cenário da cidade, um forte sentimento de autoestima e de orgulho por ela. São empresários, homens públicos, líderes comunitários que, unidos com a população em geral, ajudaram a transformar um polo de pesca em um centro de vanguarda no cenário brasileiro.l
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Panorâmica Victor Carlson
Perto do Centro, mas afastada do movimento da cidade, a Praia Brava atrai novos empreendimentos residenciais e comerciais para Itajaí
Oportunidades à beira-mar A ALTA PROCURA POR IMÓVEIS NA PRAIA BRAVA, ALIADA ÀS CONDIÇÕES FAVORÁVEIS DA ECONOMIA, ALAVANCOU A EXPANSÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO EM TODA A CIDADE Texto Luciana Zonta
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Oportunidades à beira-marPanorâmica
Marcello Sokal
Hoje, o bairro cresce a olhos vistos, impulsionado por condomínios de luxo edificados pelas principais construtoras da região. São prédios residenciais e comerciais de alto padrão, destinados a um público disposto a investir em um dos endereços mais cobiçados de todo o litoral catarinense. “O fato de ter a natureza preservada, num local privilegiado, e de estar inserida em uma das regiões que mais crescem em Santa Catarina, acaba contribuindo para a valorização dos imó-
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Praia Brava não é famosa apenas pela boa formação de ondas para a prática de surfe. Essa região nobre, de frente para o mar, uma das praias mais badaladas de Santa Catarina, é hoje o “filé mignon” do mercado imobiliário de Itajaí. Com a garantia da exclusividade dos espaços, o local atrai aqueles que desejam morar perto do Centro, mas longe da agitação que caracteriza a cidade portuária. O resultado é uma supervalorização dos imóveis, que acabou replicando gradativamente para outros bairros nobres de Itajaí e região. Há pouco mais de uma década, apenas nativos e surfistas frequentavam a praia. Mas com o passar dos anos, os espaços cada vez mais escassos de frente para o mar em Balneário Camboriú fizeram muita gente migrar para as praias agrestes da região, como a Brava. Junto com os moradores, os primeiros bares instalaram-se, e não demorou para surgirem algumas charmosas pousadas à espera de turistas nos fins de semana. Recentemente, toda a avenida beira-mar da Brava foi urbanizada e ganhou iluminação pública nova.
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Evandro Dal Molin, do Grupo Riviera
Sérgio Branco, gestor de negócios da Procave
veis. As pessoas desejam estar aqui”, explica Evandro Dal Molin, presidente do Grupo Riviera. Na Praia Brava, a construtora assina o projeto do Riviera Concept, complexo multiuso que reúne edifícios residenciais, comerciais e um hotel com bandeira Quality, inédito no Estado. Com Valor Geral de Vendas (VGV) previsto de R$ 180 milhões, o projeto será desenvolvido ao lado do sofisticado condomínio horizontal Porto Riviera e o Riviera Business, lançado em 2010 e ainda em obras, mas com quase 100% de suas unidades comercializadas. O Grupo Riviera também é um dos investidores do Brava Beach Internacional, condomínio de alto padrão, que reúne 16 edifícios residenciais com hotelaria e open shopping, de frente para o mar. O projeto – assinado também pelas construtoras FG, Ciaplan e JA Russi – resultou em um segundo empreendimento, lançado pelo mesmo pool de investidores: o Mirage Re-
sidence, com somente 70 unidades residenciais e localizado próximo ao Morro do Careca. Outro empreendimento que marca esta nova fase da Praia Brava é o Brava Home Resort, projeto que leva a assinatura da Procave. Da área física total de 75 mil m2 disponível para a construção de sete torres duplas, apenas 12% serão ocupados. Os 88% restantes serão mantidos como área de preservação permanente. Para o gestor de negócios da Procave em Itajaí e Praia Brava, Sérgio Branco, trata-se de uma nova filosofia de moradia. “A ideia é despertar o prazer de estar em casa e ouvir pássaros, por exemplo, sensações que remetem a uma infância saudável e à qualidade de vida”, diz. A primeira fase do empreendimento, com quatro torres, será concluída ainda em 2012. A entrega total do condomínio está prevista para 2015. O Grupo Thá, com 116 anos no mercado paranaense da construção civil, também enxergou
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Panorâmica4Oportunidades à beira-mar
Mas nem só da Praia Brava vive o mercado imobiliário de Itajaí. De acordo com o diretor-presidente da rede Max Imobiliária, Alceu Rauber, uma das empresas mais experientes em negociações de imóveis na cidade, o crescimen-
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o potencial da Praia Brava, onde está construindo o Aloha Home Resort, com área de 22.394,68 m 2 construídos e 160 apartamentos em duas torres. Com uma área de lazer com espaço fitness, brinquedoteca, piscinas cobertas e espaço teen, o empreendimento traz como diferencial o olhar voltado para a sustentabilidade, com a captação da água da chuva para a irrigação de jardins e uso na limpeza geral. A água captada vai até um reservatório, onde é pressurizada para torneiras externas, e uma trava especial nas torneiras impede que ela seja consumida por crianças. Rauber, da Max Imobiliária: crescimento econômico da cidade impulsiona negócios
to da construção civil em todo o Brasil e a oferta de crédito no mercado ajudou a expandir a procura por imóveis em praticamente todos os bairros, com destaque para o
Centro e a Fazenda. “Em Itajaí, ainda recebemos o impulso do crescimento econômico, motivado pela atividade portuária, e o crescimento populacional acima da média do Brasil”, acrescenta. Rauber explica que todos os imóveis da cidade tiveram algum grau de valorização nos últimos anos, com destaque para os terrenos nas regiões mais nobres, que chegaram a ter seu valor multiplicado por dez. De uma forma geral, segundo ele, o preço dos imóveis subiu de 200% a 300% na última década. “Mas, ao contrário dos grandes centros do país, em Itajaí os preços subiram de forma consistente, sem variações absurdas ou fora da realidade. E se a cidade continuar a crescer e não houver escassez de crédito, os preços devem subir ainda mais”, observa. Quem também percebeu o potencial de Itajaí foi a DMJ EmpreVictor Carlson
Um pool de quatro construtoras é responsável pelo Brava Beach Internacional, com 16 edifícios residenciais, hotelaria e open shopping I T A J A Í
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Panorâmica4Oportunidades à beira-mar Victor Carlson
Priorizando o contato com a natureza, a Procave lança o Brava Home Resort, com sete torres duplas e 88% de sua área total preservada
Com sede em Itajaí, a MENDES Sibara é outra empresa que investe em regiões nobres da cidade para agregar valor aos seus produtos. Victor Carlson
endimentos Imobiliários, criada há 17 anos em Bombinhas. Em 2004, a empresa expandiu seus negócios para Balneário Camboriú. Com o sugimento de novos empreendimentos na Praia Brava, a DMJ investiu no Residencial Porto Madeiro, com entrega prevista para julho de 2013. “A partir daí, observamos que o Centro da cidade também tinha potencial para imóveis de alto padrão”, afirma o diretor comercial Milton Dias. “Compramos um terreno em uma localização privilegiada, em frente à futura marina. Antes, as pessoas com maior poder aquisitivo costumavam comprar seus imóveis apenas em Balneário Camboriú. Mas agora isso está mudando”, avalia. Para Dias, a instalação da marina e a presença do Centreventos estão valorizando a região da Beira-Rio.
Dias, da DMJ: apostando no potencial do Centro de Itajaí para imóveis de alto padrão I T A J A Í
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Nos últimos anos, a construtora entregou o Oceanic Park Residence, o Chateau de Versailles Residence e o Residencial Costa Esmeralda. Outros dois condomínios, Ópera Club Residence e Jardim das Águas, estão em construção. Ao todo, são onze torres e 84 mil m2 de edificações. Segundo o presidente da Mendes Sibara, Luís Mendes, o foco é a classe média que busca qualidade de vida, inovação e boa localização dos imóveis. “Além disso, buscamos agregar valor aos projetos com opções de áreas de lazer.” A empresa tem hoje 185 mil m2 de área própria e mais quatro terrenos permutados com projetos em desenvolvimento, o que totaliza mais de 350 mil m2 de construção. “Sempre acreditamos em Itajaí e nos sentimos fazendo parte da história recente do desenvolvimento da cidade”, diz Mendes.l
Porto, praias e belezas. Maior que o orgulho de estar em uma cidade com tudo isso, só a alegria de parabenizá-la.
É com grande prazer que a Thá parabeniza Itajaí por seus 152 anos. É um privilégio estar presente no dia a dia das pessoas que fazem desta cidade um lugar especial.
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Panorâmica Marcello Sokal
Avançando de vento em popa I T A J A Í
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Avançando de vento em popaPanorâmica
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Em 2011, os terminais de Itajaí e Navegantes foram responsáveis por 70,82% de toda a movimentação do comércio internacional no Estado
O complexo portuário de itajaí pREPARA-se PARA DOBRAR SUA MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES e continuar crescendo Texto Adão Pinheiro
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a economia catarinense quase todos os caminhos passam pelo Complexo Portuário de Itajaí, a principal via de entra-
rias por via marítima, o complexo res-
da e saída para os produtos comerciali-
balança comercial catarinense em 2011,
zados no Estado. Considerando o fluxo
quase US$ 17 bilhões foram movimen-
do comércio internacional (importação
tados pelo complexo. Além do porto
e exportação) em 2011, os terminais si-
itajaiense, formado pelo porto público e
tuados às margens do Rio Itajaí-Açu, em
pela APM Terminals, o complexo conta
Itajaí e Navegantes, foram responsáveis
com a Portonave Terminais Portuários
por nada menos que 70,82% de toda a
de Navegantes, o Trocadeiro Terminal
movimentação de Santa Catarina. Se
Portuário, a Braskarne, a Poly Terminais
observado apenas o fluxo de mercado-
e o Terminal Portuário de Itajaí (Teporti).
pondeu pela movimentação de 83,57% de toda a carga que passou pelos portos catarinenses. Dos US$ 23,8 bilhões registrados pela
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Panorâmica4Avançando de vento em popa Divulgação
Paulo Bornhausen (dir.): governo estuda medidas para melhorar a infraestrutura dos portos catarinenses e torná-los mais competitivos para tornar os portos catarinenses mais atrativos e melhorar suas infraestruturas, facilitando a importação de matéria-prima para a indústria e também a exportação. O governo está otimista com a situação, pois todas as principais empresas dos cinco portos Divulgação
Esse conjunto de equipamentos logísticos transformou a região em um centro concentrador e distribuidor de cargas para todo o sul do país. Um dos grandes desafios do setor portuário em Itajaí é encontrar alternativas com a unificação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), a chamada Resolução 13 do Senado. A aprovação da resolução teve forte resistência de senadores de Santa Catarina, Espírito Santo e Goiás, que pediam um período de transição antes da adoção do novo modelo, que entra em vigor a partir de janeiro de 2013 e prevê uma alíquota unificada de 4% para importação, em substituição às taxas atuais de 12% e 7%. Hoje, o montante arrecadado por Itajaí, somente em importações, chega a R$ 2 milhões ao mês, entre serviços de transporte, de logística, aduaneiros e portuários – dinheiro que o Estado não gostaria de perder. Trata-se de um desafio para os gestores públicos. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Santa Catarina, Paulo Bornhausen, o governo está estudando medidas
Ayres: Porto de Itajaí deve movimentar mais de 1 milhão de contêineres até o fim de 2012 I T A J A Í
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catarinenses manifestaram interesse em continuar suas atividades. Uma alternativa para combater os efeitos da Resolução vem dos municípios de Itajaí e Navegantes, que, juntamente com Imbituba, Itapoá e São Francisco do Sul, comprometeram-se em reduzir de 3% para 2% o índice da cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) – de competência municipal – sobre itens importados, para manter a competitividade de seus portos. As ações conjuntas dos municípios e do Estado na redução de impostos e no ajuste dos gastos, e das empresas, ao flexibilizar as tarifas, vão permitir o crescimento do complexo portuário catarinense.
PARA o superintendente do complexo portuário, Antônio Ayres dos Santos Júnior, os novos desafios do Porto de Itajaí em 2012 estão atrelados ao atendimento a navios que ingressam no mercado da navegação e à demanda gerada pela exploração de petróleo e gás na camada pré-sal. O bom desempenho atual do Porto, conforme Ayres, é resultado
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Panorâmica4Avançando de vento em popa Victor Carlson
A agilidade dos terminais que compõem o Complexo Portuário do Itajaí garante a segunda maior movimentação de contêineres do Brasil empreendimento consolidado que contribui para o fortalecimento do complexo portuário. Com a troca de ideias, de experiências e atuação conjunta com o Porto de Itajaí, tivemos a oportunidade de antecipar problemas e visualizar soluções”, Divulgação
das políticas de captação de cargas e fidelização dos clientes adotadas pelo porto público e por outros terminais que compõem o complexo. “Com uma infraestrutura completamente renovada, a previsão é dobrar a capacidade da movimentação de contêineres em curto prazo”, afirma o superintendente. A expectativa é fechar o ano com uma movimentação superior a um milhão de contêineres. A referência é o crescimento de 8% apontado pela movimentação no primeiro quadrimestre. “Esperamos que o efeito da Resolução 13 não abata nossa projeção e que haja no segundo semestre uma reação do comércio internacional como experimentamos todos os anos”, acrescenta Antônio Ayres.
EM NAVEGANTES, Na margem oposta, a Portonave alcançou um faturamento de R$ 370,5 milhões em 2011, 47% superior ao ano anterior. “Os números demonstram um
Castilho: troca de experiências e atuação conjunta para fortalecer o setor portuário I T A J A Í
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destaca o diretor superintendente da empresa Osmari de Castilho Ribas. Segundo o executivo, o setor portuário segue forte, mas precisa manter atenção redobrada e gerar suporte para garantir um ambiente eficiente. “É decisivo ter qualidade e produtividade. Estamos diante de uma grande oportunidade e continuaremos a ser desafiados”, observa Castilho. O Complexo Portuário do Itajaí é o mais importante de Santa Catarina em valor movimentado, além de ser o segundo em movimentação de contêineres do Brasil. De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, os investimentos dos setores público e privado têm modernizado os terminais locais, que estão entre os mais ágeis do país. “Para ganhar mais competitividade, contudo, o complexo depende de melhorias nos eixos rodoviários do Estado e nos acessos que levam as cargas até os terminais”, enfatiza o dirigente.l
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Horizontes
Muito além da regata A ESTRUTURA MONTADA PARA RECEBER A VOLVO OCEAN RACE FORTALECEU A VOCAÇÃO DA CIDADE COMO SEDE DE EVENTOS CULTURAIS E EMPRESARIAIS
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Texto Luciana Zonta
maior e mais difícil regata de volta ao mundo deixou um legado de ouro para Itajaí. Nos 18 dias em que sediou o Stopover latino-americano da Volvo Ocean Race, em abril deste ano, a cidade virou vitrine internacional de eventos e ganhou uma credibilidade neste setor digna dos países de primeiro mundo. A estrutura criada para receber os barcos da Volvo veio para reforçar a vocação histórica de organizar eventos importantes como a Equipaindústria, a Marejada, o Festival de Música e a Festa do Colono. O Centreventos Itajaí é o principal responsável por esse legado. Situada no final da Avenida Ministro Victor Konder (a Beira-Rio), a estrutura de 18 mil m2 fica no Centro, bem próximo dos principais bares e restaurantes da cidade. No início do ano, ganhou um anexo
externo, pavimentado e bem estruturado, construído especialmente para receber a programação da Volvo Ocean Race. O espaço serve agora de área de apoio a eventos, e pode ter seu tamanho ampliado com estruturas móveis, por exemplo. Até o final do ano, o Centreventos está com uma programação intensa, incluindo a tradicional Marejada, em outubro. Feiras setoriais, como a Expo Fitness Sports, que será realizada pela primeira vez em julho, a Equipaindústria, promovida sempre em agosto, e a Sul Trade Summit, em setembro, costumam trazer públicos de diversas partes do Brasil e movimentam a economia local com a demanda por infraestrutura de apoio, como rede hoteleira e comércio. Somente por causa da Itajaí Volvo Ocean Race, passaram pelos portões do Centreventos 285 mil pessoas. Ronaldo Silva Jr/Divulgação
Com o anexo externo construído para receber a Vila da Regata, o Centreventos Itajaí ganhou uma área ainda maior para feiras e eventos I T A J A Í
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Muito além da regataHorizontes
35 Jonnes David/Prefeitura Municipal de Itajaí
A cultura dos imigrantes portugueses é celebrada na Marejada, enquanto o Festival de Música reúne talentos em seus shows e oficinas No local, o público ainda pôde visitar a Náutica Show, evento promovido pela Federação dos Convention Bureaus de Santa Catarina, que virou hall de entrada da Vila da Regata. A feira náutica, por sua vez, passa a caminhar com as próprias pernas. Segundo a gerente comercial da Pathros Promoção de Negócios, Liria Santos, em junho de 2013 o centro de eventos abrigará a Itajaí Náutica Show como parte da programação de aniversário da cidade.
Divulgação
A estrutura do Centreventos Itajaí teve como origem o antigo Parque da Marejada, construído na década de 1980 para abrigar a maior festa portuguesa do Estado. Hoje, o lugar é uma referência em eventos de negócios. A Equipaindústria, por exemplo, atrai um público de cerca de 6 mil pessoas ligadas à produção de petróleo e gás. O evento, que acontece de 7 a 10 de agosto, propõe a aproximação de empresas compradoras com fornecedoras na área petroquímica e com indústrias de diversas outras áreas. Já a Expo Fitness & Sports, de 5 a 7 de julho, irá atrair o público consumidor de um dos segmentos que mais crescem na economia catarinense. O Estado é hoje o segundo maior mer-
cado de academias no país, com 1.788 registradas. A organização do evento espera receber mais de 8 mil pessoas de todo o Brasil. Fora do Centreventos, a cidade ainda abriga a Festa do Colono, de 25 a 29 de julho, e o Festival de Música, considerado o melhor do Brasil. A Festa do Colono é realizada, desde 1996, no Parque Municipal do Agricultor Gilmar Graf. A programação da festa inclui eventos menores, como o encontro da Família Agricultora e o concorrido Concurso de Pratos Típicos.
Sucesso de público, o Carnaval de Itajaí é transmitido pela RICTV para todo o Estado I T A J A Í
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Há 15 anos, os organizadores também investem na contratação de shows nacionais, com nomes consagrados da música sertaneja. Outra grande atração de Itajaí é o Carnaval, que este ano levou mais de 20 mil pessoas para acompanhar o desfile das cinco escolas de samba locais. Com isso, a cidade garantiu a posição de quinto polo carnavalesco do Estado e o principal da região da Foz do Rio Itajaí. O sucesso do evento também foi resultado da transmissão ao vivo do desfile para todo o Estado, com público estimado em 500 mil espectadores. A transmissão é uma parceria entre a Liga das Escolas de Samba e o Grupo RICTV Record, com o apoio da Prefeitura de Itajaí, que teve o objetivo principal de fomentar o turismo e movimentar a economia da região. A parceria foi inclusive citada no samba-enredo da festa: “Quero ver você sambar, / delirando de paixão. / No carnaval da emoção / Itajaí te espera / venha conhecer / No embalo da RICTV”. O Carnaval de Itajaí conta também com um projeto que cria oficinas de músicas nas escolas, mediante convênios com a Liga das Escolas de Samba, onde crianças carentes podem aprender a cultura e a arte carnavalesca.l
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Horizontes Divulgação
A Focker 280 GT, da Fibrafort, é uma das lanchas fabricadas em Itajaí que estão conquistando mares, lagos e represas de todo o país
Impulso náutico GRAÇAS A SUA INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA E À QUALIDADE DA MÃO DE OBRA LOCAL, ITAJAÍ ABRe NOVOS HORIZONTES PARA A INDÚSTRIA NAVAL Texto Adão Pinheiro
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desenvolvimento de um polo de construção de embarcações fez com que Itajaí despontasse no mapa da indústria naval brasileira. A atual mudança de foco no mercado nacional, antes concentrado no Rio de Janeiro, é impulsionada por uma mão de obra qualificada, pela tradição na construção de barcos e pela infraestrutura portuária. Situada na margem direita da foz do Rio Itajaí-Açu, a cidade foi escolhida para abrigar o principal cluster naval do Estado, com a implantação de estaleiros como o italiano
Azimut-Benetti e o braço brasileiro do grupo chileno Detroit. Iates de luxo, rebocadores e navios de grande porte estão sendo construídos onde antes predominava a fabricação de barcos voltados à pesca. O polo naval é hoje um dos motores do complexo industrial itajaiense, que aponta para o surgimento de novos setores na matriz econômica do Estado. Além de fábricas tradicionais de barcos de recreio, como a Fibrafort e a Azimut-Benetti, a indústria pesada avança com rapidez. O complexo naval localizado em Itajaí e região concentra mais de 20 estaleiros, entre
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Impulso náuticoHorizontes Divulgação
grandes e pequenos. A indústria naval, a pesca e a exploração de petróleo deram um excepcional impulso ao município, que hoje ocupa o segundo lugar no Estado em arrecadação tributária. O mercado brasileiro é cada vez mais importante para o grupo Azimut-Benetti, que em 2010 investiu em uma unidade de produção em Itajaí. Paolo Vitelli, presidente do grupo, diz-se orgulhoso de ter iniciado uma operação tão importante em uma cidade que, graças à vocação náutica e à qualidade da mão de obra local, mostrou-se como a mais adequada para o desenvolvimento do projeto. Tanto que, em pouco tempo, o mercado nacional passou a ser a principal fonte de faturamento da marca. A Azimut do Brasil produz hoje dois modelos de embarcações: Azimut 43 e Azimut 60. A estimativa é que, em médio prazo, possa trabalhar com modelos de até 100 pés, para atender às exigências de um mercado em
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de treinamento de mão de obra, tanto de fora do Brasil quanto local. “Além disso, o polo náutico favorecerá o desenvolvimento de competências nas áreas de assistência técnica, logística e vendas”, complementa.
A boa fase da indústria naval
Vitelli: vocação náutica da cidade atraiu o interesse do grupo italiano Azimut-Benetti contínuo crescimento, não apenas em termos de volume de barcos mas também de dimensões. Segundo Vitelli, a presença do grupo italiano poderá atrair outros importantes investimentos da Europa e facilitará o processo
e a consolidação da posição econômica de Itajaí também chamaram a atenção dos investidores da P2 Brasil Estaleiro S.A. A empresa anunciou a instalação de uma unidade fabril em Itajaí para fornecer embarcações off-shore de médio porte para a exploração de petróleo e gás, com investimentos estimados em R$ 220 milhões. Com a expectativa de aumento de demanda por embarcações com essas especificações, a companhia tem como meta construir navios de alta tecnologia embarcada. O estaleiro será erguido em uma área de 31 hectares no bairro da Murta, em Itajaí. “Foram mais de seis meses de negoDivulgação
Atualmente, a Azimut do Brasil produz barcos de 43 e 60 pés na fábrica de Itajaí, mas quer ampliar a oferta para modelos de até 100 pés I T A J A Í
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Horizontes4Impulso náutico Divulgação
O projeto da nova marina, lançado há um ano, deve receber R$ 50 milhões em investimentos e ter o maior número de vagas no Brasil mais de 28 pés, em 2008, a Fibrafort registra um crescimento médio de 20% ao ano. Atualmente, das duas linhas de produção de sua fábrica, localizada em um espaço de 6,7 mil m2 em Itajaí, saem modelos de lanchas de 16 a 31 pés, que demandam um Divulgação
ciações. Lutamos para atrair o estaleiro que vai representar mais trabalho e renda para Itajaí”, afirma o prefeito Jandir Bellini. Com a tradição de duas décadas no mercado náutico, a Fibrafort é um dos maiores exemplos de sucesso entre as empresas locais. O negócio que começou com uma pequena empresa de acessórios à base de fibra náutica hoje se transformou no maior estaleiro de lanchas da América do Sul em unidades produzidas. São mais de 10 mil lanchas da marca navegando atualmente nas águas do Brasil e do mundo. “Além de atender à demanda marítima, vendemos também para pessoas que navegam em lagos de hidrelétricas e represas, principalmente em Chapecó, Itá e Rio dos Cedros”, acrescenta o presidente da empresa, Márcio Ferreira.
Do primeiro barco com motor de popa, produzido em 1993, até a entrada no segmento de lanchas com
Ferreira: nascida em Itajaí, a Fibrafort cresce 20% ao ano e já vendeu mais de 10 mil lanchas I T A J A Í
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trabalho cuidadoso de 295 colaboradores. No cenário internacional, a Fibrafort está presente em 32 países e exporta 25% de sua produção mensal de até 100 lanchas para países como Holanda, Rússia e Alemanha. Para completar a infraestrutura náutica da cidade, o Porto de Itajaí lançou há um ano o projeto de construção de uma marina. Apontada como a maior marina de vagas molhadas do Sul do Brasil, ela será construída pela iniciativa privada, com investimentos na ordem de R$ 50 milhões, mas o projeto ainda não tem data prevista de conclusão. As instalações da marina ficarão no Saco da Fazenda, ao lado da Marejada, e incluirão restaurantes, lojas e outras atrações turísticas. A novidade é comemorada pelos empresários do setor. “Se o Brasil tivesse mais marinas, o setor náutico de turismo seria mais desenvolvido e traria mais riqueza e preservação ambiental”, defende o presidente da Fibrafort. l
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Horizontes Divulgação
Fundada em 1989, a Univali oferece hoje 67 cursos e é considerada pelo Guia do Estudante a oitava melhor universidade privada do país
Formação para todos Com uma universidade reconhecida nacionalmente e novas opções para A formação profissional, ITAJAÍ torna-se um centro de excelência em ensino Texto Giselle Zambiazzi
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m Itajaí só não estuda quem não quer. Tanto na formação técnica e de qualificação profissional quanto na graduação e na pós, a cidade hoje atrai jovens de todo o país com uma ampla oferta de instituições públicas e privadas, reconhecidas nacionalmente pela qualidade de seu ensino. Seja qual for a área do conhecimento, aqui existe um curso capaz de atender com excelência às expectativas da sociedade e do mercado de trabalho.
A mais tradicional e conhecida dessas instituições de ensino é a Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Fundada em março de 1989, ela é resultado de um trabalho que teve início décadas antes, em 1964, quando a Sociedade Itajaiense de Ensino Superior lançou as faculdades de Ciências Jurídicas e Sociais e de Filosofia, Ciências e Letras. Desde então, a Univali tem sido uma das responsáveis por tornar Itajaí uma referência em todo o Estado quando o assunto é ensino superior. Prova disso é
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Horizontes4Formação para todos
Mantendo a tradição de vanguarda, Itajaí também é sede de um dos campi do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que atua
Carpes: Prestes a ganhar uma nova sede, o IFSC destaca-se pela diversidade dos cursos Contábeis, Publicidade e Propaganda, e Design Gráfico. Há planos de expansão para 2012, tanto no espaço físico quanto na abertura de novos cursos. “Queremos dar mais oportunidades para que as pessoas possam ter uma formação e trabalhar como autônomas”, destaca Marília Soares, diretora geral do IFES.l Divulgação
a 69ª posição entre as 357 universidades brasileiras analisadas no ranking ibero-americano de publicações científicas da Scimago Institutions (SIR 2011). No Guia do Estudante da Editora Abril, uma das publicações brasileiras mais respeitadas no setor, a universidade está em oitavo lugar numa lista que seleciona as melhores universidades privadas do país e é considerada a melhor de Santa Catarina. Dos 67 cursos que a Univali oferece, o guia avaliou 37. Destes, 35 estão entre os mais bem colocados, sendo o de Comércio Exterior apontado como o melhor do Brasil. “Ao viabilizar o acesso de jovens e adultos a uma educação de qualidade, a Univali forma profissionais com visão empreendedora e habilidades para trabalhar elementos da criatividade compatíveis com a construção do conhecimento e o compromisso social”, diz a vice-reitora, Amandia Borba.
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Victor Carlson
Marília: Com mil alunos em seis cursos de graduação, o IFES planeja crescer em 2012
na cidade desde 2006. Uma estrutura ampla e moderna está sendo construída para abrigar definitivamente a instituição, que hoje oferece diversos cursos técnicos e de qualificação em áreas como pesca, hidráulica, desenho mecânico, eletroeletrônica, entre outros – todos gratuitos. “Além disso, estamos implantando o Laboratório de Monitoramento de Algas Nocivas e Ficotoxinas, que será referência nacional na área”, destaca Widomar Pereira Carpes Júnior, diretor geral da instituição em Itajaí. Outra instituição que vem destacando-se no ensino em Itajaí é o Instituto Fayal de Ensino Superior (IFES). Mantido pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cenec), o IFES iniciou suas atividades há 12 anos dentro do Colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal. Hoje instalado em uma sede própria, com mais de 5 mil m2 de área construída, conta com mil alunos em seis cursos de graduação: Administração Geral, Administração – Logística e Comércio Exterior, Pedagogia, Ciências
Amandia, da Univali: Fomentando a visão empreendedora e a criatividade dos estudantes I T A J A Í
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Almanaque
A grande concentração de restaurantes, cantinas, pubs e bistrôs atrai centenas de pessoas para a Beira-Rio durante toda a semana
A avenida gourmet CONHECIDA COMO A VIA GASTRONÔMICA DE ITAJAÍ, A BEIRA-RIO OFERECE UM CARDÁPIO DE BONS RESTAURANTES COM ESTILOS – E TEMPEROS – VARIADOS Texto Luciana Zonta Fotos Victor Carlson
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casquinha de siri quentinha vem perfumando o restaurante no caminho entre a cozinha e a mesa do cliente. No mesmo prato, lulas, camarões, filé de congro grelhado e pirão garantem a miscelânea mais popular do Bokerão du Pera, tradicional casa de frutos do mar e um dos restaurantes mais antigos da Avenida Ministro Victor Konder, a popular Beira-Rio, que há duas décadas ostenta o título de via gastronômica de Itajaí.
No começo, o peixe dominava absoluto. A forte ligação da cidade com a pesca e a facilidade de obter o produto fresquinho junto aos barcos que atracam diariamente no porto pesqueiro contribuíram para a abertura de dezenas de restaurantes especializados em Itajaí. Mas há pelo menos 15 anos, cantinas italianas, pizzarias, casas de comida japonesa, pubs e elegantes bistrôs vêm dando uma cara internacional a esse trecho de quase dois quilômetros e meio que margeia a foz do Rio Itajaí-Açu.
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A avenida gourmetAlmanaque
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Com alguma sorte, é possível acompanhar o movimento dos navios de contêineres a caminho do porto como bônus extra do almoço ou da janta. Quando Manoel Afonso Morgado, o Pera, decidiu abrir o próprio negócio na Beira-Rio, há quase 20 anos, sobravam áreas livres para a escolha do melhor ponto. A pequena construção que deu origem ao Bokerão foi edificada sobre um terreno da família, para, anos mais tarde, ser ampliada e alcançar o tamanho de toda a área. Hoje, o amplo restaurante de dois andares serve desde um simples filé de peixe na brasa a ostras e lagostas que garantem uma clientela fiel de diversas partes do Brasil.
A Cantina Frassini, outro clássico da Beira-Rio, é referência em massas caseiras e molhos especiais. Chegou a funcionar alguns anos na Avenida Sete de Setembro, anexa à sorveteria La Basque, motivo pelo qual muitos clientes da época ainda a chamam por este nome. Os pratos mais pedidos da casa são as lasanhas e os espaguetes, com destaque para o molho especial à carbonara e para o espaguete à moda da Nádia – receita que foi criada pela dona da cantina e que leva tomate seco, tomate fresco, azeitona, azeite de oliva e rúcula. As massas caseiras da família Frassini fizeram tanto sucesso que os proprietários decidiram abrir um espaço ao lado da cantina para vender o produto congelado e semipronto para viagem. Hoje, as massas para levar são responsáveis por boa parte do faturamento do negócio e quase tão procuradas quanto o próprio restaurante. A aposta na culinária italiana desdobrou-se, ainda, em um terceiro investimento na Beira-Rio. Inaugurada há oito anos, ao lado da cantina, a Galeteria Família Frassini é uma charmosa casa de galetos que serve em
Delícias do mar no Bokerão du Pera: filé de congro com lula, camarão e casquinha de siri
Clima familiar e ambientação tipicamente italiana na Galeteria Família Frassini I T A J A Í
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Almanaque4A avenida gourmet
sistema de bufê e a la carte, localizada em um ponto mais do que estratégico: em frente ao Centreventos Itajaí. Se o momento pede um happy hour com amigos, é possível escolher entre pubs e bistrôs com cardápios diferenciados de petiscos e bebidas, aliados a uma programação de bandas com música ao vivo. Um dos mais conhecidos é o Forno D’ Lenha Pizza Deck, negócio iniciado há vários anos pela família do empresário Daniel Bihr. O lugar oferece de pizzas a comidinhas de boteco, cortes de carnes e culinária japonesa. Uma banda local garante a trilha sonora no deck do restaurante. Um dos destaques da casa são os drinques especiais, como o Noite Blue, bebida à base de vodca que leva menta, coco e abacaxi; e o italiano Negroni Sbagliato, com laranja, Prosecco e Campari vermelho.
De olho no público estrangeiro que chegou com a Stopover Volvo Ocean Race, Daniel Bihr abriu o Maps durante a realização do evento em Itajaí, em abril deste ano. Localizado ao lado do Pizza Deck e de frente para o ItajaíAçu, o Maps faz uma espécie de tour pela gastronomia do mundo e traz especialidades como o tradicional acarajé baiano, tentáculos de polvo português e a apimentada comida tailandesa. Próximo dali, o Greenwich Pub aposta na ambientação tipicamente inglesa, com decoração rústica e detalhes que remetem a ícones britânicos, como a cristaleira em formato de um telefone público vermelho. Nas paredes, quadros e adereços trazidos do Reino Unido. A programação musical prioriza bandas de rock clássico e alternativo em diferentes dias da semana. O cardápio serve desde petiscos e hambúrgueres a pratos mais elaborados, seguindo sempre a tradicional gastronomia inglesa.l Happy hour no Forno D’ Lenha Pizza Deck, tentáculos de polvo português no Maps e o estilo britânico do Greenwich Pub I T A J A Í
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Almanaque Acervo Fundação Genésio Miranda Lins / Centro de Documentação e Memória Histórica
O Hotel Cabeçudas, um dos mais modernos do Sul do Brasil, era o principal ponto de encontro de políticos, empresários e banqueiros
Um bairro que fez história
CONHEÇA A TRAJETÓRIA Do BALNEÁRIO DE CABEÇUDAS, QUE REUNIA AS FAMÍLIAS MAIS IMPORTANTES DA POLÍTICA CATARINENSE EM MEADOS DO SÉCULO PASSADO Texto Giselle Zambiazzi
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ia desses Maria Helena Zwoelfer assistia na TV a um mestre de cerimônias que ensinava como pôr uma mesa e como servir com elegância. A cena a fez voltar pelo menos uns 50 anos no tempo. “Fui criada assim. Nunca precisei aprender estes modos”, lembra. Na infância e adolescência, Maria Helena – hoje com 71 anos – esteve no epicentro da época mais gloriosa do bairro de Cabeçudas. Ela é filha do imigrante austríaco José Zwoelfer, o mais ilustre anfitrião que Itajaí já teve. Formado em hotelaria na Inglaterra, ele chegou ao Brasil na década
de 1930 e percebeu que Cabeçudas despontava como o recanto ideal para os homens mais ricos de Santa Catarina. A praia só precisava de um lugar à altura para recebê-los. Ao comprar uma casa de repouso onde hoje fica o Restaurante Brasileirinho, Zwoelfer resolveu a questão, transformando o imóvel no memorável Hotel Cabeçudas. Os quartos ganharam água corrente aquecida, a adega subterrânea era nos moldes europeus, e a câmara frigorífica fabricava gelo, coisa que só existia em Blumenau naquela época. Os jantares no hotel eram hollywoodianos, com mesas meticulosamente preparadas para receber polí-
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49 Acervo Cabeçudas Iate Clube
Acervo Fundação Genésio Miranda Lins / CDMH
Um bairro que fez históriaAlmanaque
À esquerda, a casa de João Bauer com familiares, em 1920. À direita, a cerimônia de inauguração do Cabeçudas Iate Clube, em 1958 o Banco Inco. A sede do primeiro banco privado de Santa Catarina foi instalada em Itajaí e atendia os principais nomes do Estado. Mais um motivo para todos se encontrarem em Cabeçudas.
A geração seguinte manteve o glamour que envolvia a praia, mas as férias de verão começavam a dar cada vez mais lugar às reuniões de negócios. Em 1958 foi fundado o Cabeçudas Iate Clube, com festas que repercutiam nas colunas sociais de todo o Estado. Eram os melhores Carnaval e Réveillon de Santa Catarina. Nessa época Evandro Marcello Sokal
ticos, empresários e famílias influentes. Nesses encontros, enquanto as senhoras continuavam os assuntos iniciados no banho de sol matinal, seus maridos, pais e irmãos fechavam negócios, discutiam política, economia e, entre um brinde e outro regado à champanha francesa, decidiam o futuro de Santa Catarina. “Caviar, bebidas importadas, lagosta, frutos do mar frescos, sopa de tartaruga. Quem vinha ao hotel sabia que ia encontrar tudo isso”, conta Maria Helena. “Era coisa que nem na capital existia”, completa a historiadora Maria Luiza Renaux. Nascida em Brusque, ela pertence a uma das mais tradicionais famílias de Santa Catarina, cujo patriarca fundou a primeira indústria de fiação e de tecidos do Estado. Os Renaux eram amigos de João Bauer, um rico comerciante também de Brusque e o primeiro a construir uma casa de veraneio na praia. Os frequentadores do Hotel Cabeçudas passaram, então, a construir suas próprias casas. Muitas estão lá até hoje. Na década de 1930, o itajaiense Victor Konder – que já se destacava na política, tendo chegado a ser ministro – foi o responsável pelo embelezamento da orla. Os sombreiros que até hoje enfeitam o calçadão foram plantados a mando dele. Nessa mesma época, Otto Renaux e Irineu Bornhausen fundaram o Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina,
Maria Helena, herdeira de Zwoelfer, sente saudades dos “anos dourados” no balneário I T A J A Í
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Lins, um dos maiores juristas do Brasil, casado com a itajaiense Maria Luiza Konder, vinha do Rio de Janeiro dirigindo sua Kombi com toda a família. “Vivíamos um outro mundo. As pessoas tinham dinheiro, mas as coisas eram mais simples”, lembra a historiadora. “Éramos todos amigos, era tudo mais seguro. Caminhávamos depois do jantar e as senhoras jogavam cartas à tarde”, conta. A partir da década de 1970, os políticos mudaram para Florianópolis, e o perfil de Cabeçudas foi mudando. Mas o charme do bairro permanece até hoje, com a implantação de novos empreendimentos imobiliários e o surgimento de novos pontos de encontro, sempre com muito estilo. Um deles é o restaurante Chez Raymond, que fica em uma linda casa com jardim e varanda envidraçada, onde moram os proprietários Raimundo e Vera Platz. O cardápio inclui carnes e massas, mas a especialidade são os frutos do mar – tudo com o toque sofisticado da alta gastronomia. O bairro também tem um espaço para a espiritualidade, com o Carmelo Santa Teresa. Uma casa que abriga 17 “Irmãs Carmelitas Descalças”, que, enclausuradas, vivem em recolhimento e dedicadas à oração. São lugares como esses que não deixam o bairro de Cabeçudas perder seus encantos.l
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As críticas e os comentários feitos por Graciliano durante o noticiário mobilizam a opinião pública itajaiense
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A voz da cidade COM SEU ESTILO IRREVERENTE E DIRETO, O APRESENTADOR GRACILIANO RODRIGUES É UMA REFERÊNCIA HÁ 15 ANOS NO RÁDIO E NA TELEVISÃO de Itajaí Texto Adão Pinheiro Fotos Victor Carlson
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ntre uma reportagem e outra, as mãos de Graciliano Rodrigues não param. No ar, ele gesticula o tempo inteiro e anda de um lado para outro no estúdio, sempre procurando o melhor ângulo da imagem. De repente, uma reportagem muda a fisionomia tranquila e, com o dedo indicador direito em riste, o apresentador aponta para a câmera e solta um comentário contundente, que, muitas vezes, inclui duras críticas ao sistema administrativo, independentemente se da esfera estadual, federal ou municipal. Cada recado soa como um verdadeiro puxão de orelha coletivo. Políticos e autoridades públicas ficam alerta. Mas não pense que o apresentador tem inimigos. O alvo são aqueles que dão as costas para os problemas da sociedade. Ele também elogia e fica emocionado, mas não gosta de dar notícias sobre assassinatos ou crimes bárbaros. Em mais de duas décadas de carreira, ele diz que a notícia que não gostaria de ter dado foi a da enchente de novembro de 2008, que deixou cerca de 90% de Itajaí embaixo d’água. Na época, a equipe RICTV Record ficou 72 horas no ar, ininterruptamente. Nascido José Graciliano Rodrigues, ficou popularmente conhecido como Graciliano Rodrigues. Hoje o Jornal do MeioDia, programa jornalístico que apresenta
há 15 anos na RICTV Record Itajaí, de segunda a sábado, é líder de audiência, com 46% de Share (Ibope/nov 2011). Além da TV, Graciliano é presença marcante também no rádio, no comando do programa Só Notícias, da Rádio Clube Bandeirantes. Filho de agricultores do município de Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, sonhava ser cantor, artista, narrador de futebol ou repórter, qualquer atividade que o levasse para a comunicação. Não queria para ele a vida sofrida dos pais. O sonho de pequeno ganhava força em frente a um rádio de pilha. Um sonho que, na época, parecia muito distante e difícil de alcançar. Nesse mesmo tempo, narrava jogos de futebol dos times do interior de Antônio Carlos em um rádio improvisado, a pedido dos amigos. O rádio nada mais era que uma combinação de alto-falante, microfone e bateria, pendurada em poste ou árvore, para ter mais alcance. Mal sabia ele que nascia ali a carreira que mudaria toda a sua vida. Hoje, com 22 anos de profissão, Graciliano considera que as lições que aprendeu no campo moldaram o caráter do radialista e apresentador de TV. “A roça me ensinou a batalhar em busca de dias melhores”, pontua. Com a morte da mãe, Graciliano resolveu romper as últimas amarras que ainda o prendiam ao meio rural e embarcou para São Paulo, “com a cara e a coragem”, como gosta de lembrar. Na capi-
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Almanaque4A voz da cidade
Sempre circulando pelo estúdio, Graciliano criou um estilo próprio no comando do Jornal do Meio-Dia na RIC TV Record Itajaí tal paulista, conseguiu um emprego na área de Recursos Humanos, que conciliava com o estudo à noite. “Não desperdicei um momento sequer do meu tempo”, conta. “Fui ‘rato’ de rádios como Nacional – hoje Globo São Paulo –, Tupi e TV Tupi, além de teatros, cinema e tudo o que pudesse me aproximar da área”, acrescenta.
Paralelamente ao trabalho e aos estudos, o futuro apresentador participava de seminários e congressos relacionados à comunicação, bem como cursos de oratória e discursos. Fez grandes amizades no meio artístico que o levaram a ingressar no Instituto de Dramaturgia Dulcina de Moraes – hoje Faculdade de Artes Dulcina de Moraes –, em Brasília, onde também residiu. Na
época, foi convidado para apresentar quadros de esquetes de teatro na TV Nacional. “Me deram o osso que eu tanto queria, o qual não largaria jamais.” Foi o pontapé inicial para que Graciliano começasse a trabalhar definitivamente com comunicação, sonho que acalentava desde menino e que nunca havia abandonado. Ao retornar a São Paulo, em 1983, concluiu a faculdade de Direito, casou e resolveu voltar a Santa Catarina para criar os dois filhos. Com seu jeito irreverente, o comunicador acabou tornando-se referência para quem precisa de ajuda. Em Itajaí, não é raro ouvir alguém dizer que vai telefonar para o Graciliano sempre que vê seus direitos sonegados. “Em cada comentário que faço, falo o que gostaria de ouI T A J A Í
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vir”, destaca ele, acrescentando que o estilo – que muitas vezes beira o polêmico – foi desenvolvido ao longo da carreira, misturando também um pouco do que aprendeu nas duas faculdades que cursou. Apesar da desenvoltura diante das câmeras, Graciliano garante que é introspectivo. “Às vezes não vou aos lugares porque não sei como chegar nas pessoas”, admite. Essa introspecção obrigou-o a fazer exercícios de voz e interpretação, que também contribuíram para que criasse o estilo que acabou tornando-se sua marca registrada e garantiu sua popularidade entre milhares de telespectadores e ouvintes de rádio em Itajaí e região. Faz questão de ressaltar como fundamentais para sua vida Deus, família e trabalho.l
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Almanaque Acervo Fundação Genésio Miranda Lins/Centro de Documentação e Memória Histórica
Com a Igreja Matriz ao fundo, o Marcílio Dias enfrenta o Club Atlético Paranaense no Campo do Almirante Barroso, em novembro de 1958
Memória dos gramados SEDE DO TIME MAIS ANTIGO EM ATIVIDADE NO FUTEBOL CATARINENSE, ITAJAÍ JÁ FOI PALCO DE RIVALIDADES HISTÓRICAS E DE EQUIPES LENDÁRIAS Texto Adão Pinheiro
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gol de cabeça marcado pelo ex-ponta-de-lança Paulo Afonso Fabeni pelo Marcílio Dias abriu o caminho para a vitória do rubro-anil por 2 a 1 sobre o Almirante Barroso no dia 14 de novembro de 1970, amistoso que pôs fim ao clássico mais tradicional e de maior rivalidade entre os dois clubes profissionais de Itajaí. O Almirante Barroso chegou a sair na
frente com Quarentinha, ex-Botafogo (RJ) e ex-seleção brasileira, mas não conseguiu segurar o resultado. O gol da vitória do Marcílio Dias foi marcado por Armando Gonçalves, já nos acréscimos da etapa final. Em 1972, o alviverde da Rua Silva, como carinhosamente era chamado o Almirante Barroso, desativou o futebol profissional. A data do primeiro confronto entre as duas equipes não tem registros oficiais.
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Acervo Clube Náutico Almirante Barroso
Memória dos gramadosAlmanaque
Tudo começou com o remo: à esquerda, guarnição de honra do Almirante Barroso, em 1920. À direita, atletas do Marcílio Dias, em 1921 Acervo Fundação Genésio Miranda Lins/CDMH
Tudo indica que a rivalidade histórica teve início em outubro de 1950, durante um campeonato relâmpago entre as equipes de Brusque (Paysandu e Carlos Renaux), e de Itajaí (Marcílio Dias, Almirante Barroso e o Estiva), disputado em Blumenau. Um ano depois do último confronto entre os dois times, o Marcílio também fechou o departamento de futebol, só voltando aos gramados em 1974.
Quando o rubro-anil VOLTOU O Lauro Müller por volta de 1929, dois anos antes de conquistar o campeonato catarinense Acervo Fundação Genésio Miranda Lins/CDMH
aos gramados, o Alimarante Barroso já estava fora do circuito profissional. Quarenta anos depois, os veteranos dos dois times voltaram a se encontrar no jogo que marcou a abertura da programação do aniversário de 150 anos de emancipação política de Itajaí, em 2010. A partida encerrou em cinco a três para o Marcílio Dias. A rivalidade clássica entre os times chegou ao auge nos primeiros anos da década de 60. O Almirante Barroso vinha de um título do campeonato municipal em 1959 e o Marcílio Dias acabava de montar o time que chegaria ao título estadual em 1963, além do tetracampeonato municipal entre 1960 e 1963. Paulo Fabeni, que chegou a jo-
Jogadores do Marcílio Dias se preparam para embarcar rumo à Criciúma, na década de 1960 I T A J A Í
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Almanaque4Memória dos gramados Acervo Clube Náutico Marcílio Dias
Equipe do Marcílio Dias em 1929, dez anos após a fundação daquele que é hoje o time mais antigo de Santa Catarina ainda em atividade
Marcílio contra Metropol: o maior clássico catarinense dos anos 1960 Acervo Clube Náutico Almirante Barroso
A história do futebol profissional em Itajaí começou a ser escrita em 1911 com a fundação do Itajahiense, mas pode-se dizer que ganhou mais força em 17 de março de 1919, com a fundação do Clube Náutico Marcílio Dias, uma homenagem ao marinheiro gaúcho morto durante a Guerra do Paraguai. Dois meses depois, surgia o Clube Náutico Almirante Barroso, fruto de uma dissidência entre marcilistas por conta da escolha da madrinha de uma de suas ioles (embarcações estreitas, compridas e leves, movidas a remo). Inicialmente, ambos se dedicaram somente ao remo para então desenvolver outras modalidades esportivas até chegar no futebol. O Marcílio Dias é hoje a equipe de futebol mais antiga em atuação em Santa Catarina. Mas a cidade já teve outros clubes. Em 1926, foi criado o Lauro Müller. Em 1936, surgia o CIP Football Club, que só disputou um campeonato e ganhou. Na ponta do lápis, a cidade tem três títulos estaduais: Lauro Mül-
Acervo Clube Náutico Marcílio Dias
gar nas duas equipes, conta que a rivalidade entre Marcílio Dias e Almirante Barroso era algo comparado ao de clubes como Flamengo e Fluminense. Documentos encontrados no arquivo do Almirante Barroso apontam, por exemplo, que barrositas e marcilistas se enxergavam como inimigos nas rodas sociais da cidade. Uma espécie de guerra fria do futebol local.
Ficha de atleta de Adão Goulart, comentarista do Jornal Meio-Dia da RICTV I T A J A Í
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Acervo Clube Náutico Marcílio Dias
Memória dos gramadosAlmanaque
Durante toda a década de 1960, o Marcílio Dias (esq.) e o Almirante Barroso (dir.) mantiveram uma rivalidade que se tornou histórica negro da Rua Blumenau encerrou as atividades no futebol, deixando saudades na torcida.
O comentarista do Jornal do Meio-Dia da RICTV Record, Adão Goulart, guarda ótimas lembranças do clássico entre Marcílio Dias e Almirante Barroso. “Na semana de clássico os jogadores que eram amigos nem se falavam. A disputa Victor Carlson
ler (1931), CIP (1938) e Marcílio Dias (1963). O título do Marcílio, contudo, só foi homologado 20 anos depois. É que o campeonato de 1962 tinha se estendido até meados de 1963. E como não havia mais datas para outro campeonato inteiro naquele ano, a federação resolveu organizar o Torneio Luiza Melo. Como vencedor do torneio, o Marcílio Dias foi declarado campeão estadual, tendo o Almirante Barroso como vice. A decisão do primeiro título estadual da cidade, conquistado pelo Lauro Müller Futebol Clube, também não se deu com a bola rolando. O time sagrou-se campeão depois que o Clube Atlético Catarinense, de Florianópolis, que não apareceu para a final do estadual de 1931. O único título conquistado dentro de campo foi o do Cia Itajahyese de Phósforos – o CIP Football Club – em 1938. A partida contra o São Francisco do Sul foi a primeira final do campeonato estadual sem a presença de um time de Florianópolis. Entre os craques que vestiram a camisa do CIP está Teixeirinha, que atuou no clube no começo de sua carreira, apontado até hoje como um dos maiores atletas do estado. Seis anos depois da grande conquista, o rubro-
Lunardelli: oportunidade de disputar a série D do Brasileirão não pode ser desperdiçada I T A J A Í
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contagiava a cidade e as famílias. Foi um dos grandes clássicos de Santa Catarina, com uma rivalidade muito forte. O Marcílio costumava ser mais competitivo nos campeonatos, mas na hora do clássico o jogo sempre era parelho”, lembra. Adão foi jogador do Almirante Barroso em meados da década de 1960, quando atuou na equipe que tinha Hélio Ramos, Mima, Deba e Godoberto, entre outros craques. Também foi treinador do Marcílio Dias em duas oportunidades, em 1982 e 1996. Adão lembra que o time decidiu vários campeonatos na década de 1960, mas perdia todos para o Metropol. “Era o adversário mais difícil, e eles tinham maior capacidade de investimento, o que fez a diferença”, analisa. Hoje o Marcílio Dias está disputando a série D do Campeonato Brasileiro, depois de herdar a vaga do Brusque. A oportunidade não foi desperdiçada. “O objetivo agora é crescer devagar e solidamente, numa nova visão. Não vamos criar falsas expectativas, mas as mudanças que fizemos no Departamento de Futebol vão permitir o Marcílio Dias apresentar um belo papel no campeonato”, defende o presidente Abelardo Lunardelli.l
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Arte e devoção
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No teto, a pintura de Aldo Locatelli. Nas paredes, o colorido dos vitrais. No púlpito, Moisés esculpido em madeira desce o Monte Sinai
ícone de itajaí, a Igreja Matriz do Santísssimo Sacramento REVELA OS ENCANTOS DE SUA ARQUITETURA E A BELEZA DAS OBRAS de arte que adornam seu interior Texto Luciana Zonta Fotos Victor Carlson
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s detalhes dos vitrais e das obras de arte desenhadas no teto imprimem um ar sofisticado ao edifício de perspectiva gótica e arcos romanos. Em 2012, a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento completa 57 anos de história como ícone católico de Itajaí e um dos pontos turísticos mais fotografados por quem visita a cidade pela primeira vez. Seu interior reúne obras de artistas plásticos consagrados como os italianos Emilio Sessa e Aldo Locatelli, e contribui para manter a fama de uma das igrejas mais bonitas de Santa Catarina. Os 700 mil tijolos artisticamente organizados em uma área de 30 metros de largura por 60 metros de comprimento formam o corpo do templo. Situada no terreno que abrigava o antigo Cemitério Municipal, desativado pouco antes do início de sua construção, a igreja abriga alguns tesouros particulares. Em seu exterior, estrelas e capitéis folheados a ouro na Itália servem de base para anjos com tochas acesas, enquanto sinos alemães fundidos em aço preenchem o campanário. Cinquenta e cinco vitrais formam três séries de janelas temáticas: os seis
mistérios centrais da fé cristã, os sete sacramentos e as oito bem-aventuranças. Sobre a entrada principal, a Rosácea, um enorme vitral em forma de hóstia, facilita a entrada de luz natural para o interior da igreja. No teto de estuque, Aldo Locatelli representou Nossa Senhora da Imaculada Conceição e, sobre os dois altares, as figuras dos Corações de Jesus e de Maria. Emilio Sessa reproduziu, ao redor da obra de Locatelli, os símbolos dos 49 títulos atribuídos à Virgem Maria na Ladainha de Nossa Senhora e suas inscrições latinas. Sobre o púlpito, a obra em madeira do artista alemão Ervin Teichmann representa Moisés descendo o Monte Sinai, com as Tábuas da Lei. Inaugurada oficialmente em 1955, a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento levou nada menos que 40 anos para ficar pronta, se levado em conta o tempo entre a idealização do projeto e a conclusão das obras. Em 1998, foi tombada pelo Departamento de Patrimônio Público do município. Três anos mais tarde, virou também patrimônio estadual, consagrando-a como o prédio histórico mais famoso da cidade. l
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Casas da fé Itajaí conta com outros templos religiosos de destaque. No centro histórico da cidade, a Igreja da Imaculada Conceição é considerada o monumento mais antigo da história itajaiense. Datada de 1834, substituiu a primeira capela de pau a pique erguida em 1823 e conserva interessantes exemplares de arte sacra. Na Praia de Cabeçudas está a Capela Santa Terezinha, fundada em 1920 e tombada como patrimônio histórico. A Igreja Evangélica Luterana, presente há 142 anos em Itajaí, reúne uma comunidade de cerca de 500 famílias em seu templo no Centro, inaugurado em 1894. Na Rua Heitor Liberato, bairro São João, fica a sede regional da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem outros três templos na cidade. Completando 81 anos de presença em Itajaí, a Assembleia de Deus tem seu principal templo localizado no Centro. l
Capela Santa Terezinha Rua Samuel Heusi Júnior, SN – Cabeçudas (47) 3239-6000 (Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Fazenda) paroquiafazenda@terra.com.br
Igreja Nossa Senhora da Conceição Praça Vidal Ramos, SN – Centro (47) 3348-5431 (Paróquia da Igreja Matriz) paroquiasantissimo@gmail.com
Igreja de Confissão Luterana de Itajaí Rua Dr. José Bonifácio Malburg, 425 – Centro (47) 3348-3839 pecl_itajai@hotmail.com I T A J A Í
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Igreja Universal do Reino de Deus Rua Heitor Liberato, 1800 – São João (47) 3349-0367 itajai@universalsc.com.br
Igreja Evangélica Assembleia de Deus Rua Andrade, 123 – Centro (47) 3348-1409 nemerbordin@ig.com.br
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Kendiro e sua esposa Nobo “Carmen” Cekinuchi conheceram-se no Brasil e moram, desde 1972, na comunidade rural do Rio Novo
Arigatô, Itajaí! FUGINDO DA TRAGÉDIA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, IMIGRANTES JAPONESES ENCONTRARAM EM RIO NOVO O LUGAR IDEAL PARA RECOMEÇAR SUAS VIDAS Texto Giselle Zambiazzi Fotos Marcello Sokal
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como se durante o trajeto entre a horta atrás de casa e o portão, ele viesse preparando internamente as explicações. Mesmo assim, Takachi Takahachi não altera a velocidade de seus passos nem por um minuto. Com a típica calma oriental, dá uma pausa nos afazeres, responde ao bom-dia e vai logo se justificando: “Não falo português”. Mas ele fala sim. É a timidez e o sotaque carregado
que o fazem pensar que não é capaz de estabelecer comunicação com algum estranho. Talvez por isso que a pequena comunidade japonesa instalada no Bairro Rio Novo, na BR101, passe a impressão de ser fechada. É só uma questão de tato. Conquistada a confiança, descobre-se, então, um outro mundo, de cultura diversa e histórias bem interessantes. Muitas delas remontam ao período pósSegunda Guerra Mundial. Nas décadas que se
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Quando tentarem vender um sistema de envidraçamento tipo Reiki, desconfie. Só a Reiki tem o legítimo sistema de envidraçamento que possibilita a abertura total de sacadas, janelas, varandas, salões de festa, jardins de inverno, entre outros. É a maior empresa de envidraçamento do Brasil e referência no segmento.
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Almanaque4Arigatô, Itajaí!
seguiram ao conflito, especialmente depois da bomba atômica, o Japão era um país destruído, sem comida, trabalho e condições de saúde. Todas essas lembranças ainda estão bem vivas na memória dos moradores da comunidade do Rio Novo, afinal este foi o motivo que os trouxe a Itajaí em 1972. Takahachi, agora com 75 anos, conta que nunca esqueceu dos dias de fome por que passou em sua terra natal, a cidade de Okaido, no norte do Japão. Quando souberam da possibilidade de vir ao Brasil, não tiveram dúvidas. “Viemos todos. Meu pai, minha mãe e sete filhos. Eu estava com 24 anos”, lembra. “Era um navio com mais de mil pessoas. Deixamos para trás um país destruído.” Na primeira cidade brasileira em que se instalaram – Pelotas, no Rio Grande do Sul – apareceu também a primeira dificuldade: a língua. Nenhum dos imigrantes sabia falar uma única palavra em português. “Nossa preocupação era comprar mantimentos. Levávamos um pequeno dicionário e apontávamos o que queríamos”, conta Takahachi. Sabendo da habilidade dos japoneses com a terra, onze anos depois a prefeitura de Itajaí entrou em contato com o consulado japonês a fim de criar um núcleo de produtores de hortaliças na cidade. A ideia deu certo. Embora não seja muito numerosa, a comunidade do Rio Novo conta com a assistência técnica da Epagri de Itajaí e produz até hoje. São quatro famílias que fornecem verduras e legumes para feiras e mercados de todo o Litoral Norte diariamente, o ano inteiro. Alface, brócolis, salsinha, cebolinha e couve são alguns dos itens que saem de suas hortas.
A adaptação a Itajaí foi tranquila. Tanto que Takahachi hoje se considera brasileiro. “Eu tive que me naturalizar para comprar as ter-
Fugindo de um país destruído, a família Cekinuchi encontrou um novo lar no Brasil ras”, explica. “Já estou bem acostumado aqui. Não sinto falta do Japão.” Um Japão que nem existe mais. Há 15 anos, ele voltou para sua ilha de origem. Não reconheceu o lugar. “A única coisa que ainda existia eram os rios e as montanhas. O resto estava tudo diferente. É outro país. Não é nem parecido com o que deixei”, comenta. Esse sentimento é compartilhado por sua vizinha, Nobo Cekinuchi, de 71 anos. No Brasil ela adotou outro nome: Carmen. Foi batizada na Igreja Católica e tudo. Mas não se esquece das origens. “Sou metade budista e metade católica”, afirma. Algumas práticas da religião oriental ainda são seguidas pela comunidade. Seus membros chegam a reunir-se vez ou outra para alimentar seus costumes, mas como preferem resguardar esses momentos não entram em detalhes. Carmen veio ao Brasil para se casar. Sua chegada ao país foi por Pindamonhangaba, São Paulo. Ela é do tempo em que no Japão atuavam os chamados casamenteiros. “Toda família tinha um tio, um primo, alguém que indicava com quem os jovens deveriam se casar”, conta. A pessoa que I T A J A Í
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o casamenteiro indicasse era aprovada pela família, e o casamento era logo arranjado, sem importar se os noivos se conheciam ou não. Assim como Takahachi, ela lembra com certa dor da situação em que se encontrava antes de atravessar o mundo. “Não tínhamos roupa nem comida. Não podíamos trabalhar porque tínhamos que nos esconder dos americanos. Não conseguíamos plantar.” Quando chegou a notícia de que existia um jovem de 20 anos, trabalhador, que recebia salário e gozava de boa saúde, foi uma imensa alegria para ela e toda a sua família. “Sabíamos que só era escolhido para vir para o Brasil o japonês que tivesse boa saúde, fosse educado e tivesse vontade de trabalhar”, ressalta. Antes de embarcar, Carmen fez algumas aulas para aprender português e um pouco da cultura do novo país. Também aprendeu a costurar. E está com Kendiro Cekinuchi até hoje. “Japonês não mente. Por isso, o casamento dura. Eu não tenho corrente, não tenho brincos, não tenho dinheiro, mas eu sou feliz e agradeço todos os dias por tê-lo encontrado”, diz.l