´ JOINVILLE e nº1 Março 2012
Para conhecer mais sua cidade Panorâmica
Economia cresce com o aquecimento do setor de serviços Mercado imobiliário vive dias de alta e de bons negócios Horizontes
Turismo de eventos atrai visitantes o ano inteiro Almanaque
Restaurantes conquistam clientes com pratos da cozinha internacional EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO
Festival de Dança completa 30 anos e é uma das atrações que aquecem o mercado de eventos em Joinville
161 anos A força de uma metrópole que planeja seu futuro sem esquecer suas raízes
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Editorial
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JOINVILLE
Uma publicação do Grupo RIC PRESIDENTE
Mário J. Gonzaga Petrelli
Grupo RIC/SC Vice-presidente-Executivo
Marcello Corrêa Petrelli Diretor Comercial
Reynaldo Ramos Diretor Administrativo e Financeiro
Albertino Zamarco Jr. Diretor Operacional
Paulo Hoeller Diretor-Regional Joinville
Silvano Silva Diretor de Redação Notícias do Dia
Luís Meneghim
Revista JOINVILLE É Coordenador-geral
Alexandre Gonçalves Gerente Comercial
Jackeline Moecke Editor-executivo
Diógenes Fischer Edição de arte e Diagramação
Victor Emmanuel Carlson REPORTAGEM
Claudio Fernandes, Edson Burg, João Batista e Rosana Rosar Fotografia
Carlos Júnior, Fabrizio Motta, Fabrício Porto e Rogério Souza Jr. Foto de Capa
Carlos Júnior distribuição
Josiléia Villas Boas REVISÃO
Giovanni Secco IMPRESSÃO
Gráfica Posigraf www.ndonline.com.br/revistaJoinvilleE Rua Xavantes, 120, bairro Atiradores CEP 89203-210 – Joinville/SC (47) 3419-8000
Ontem, hoje e sempre Neste dia 9 de março de 2012, Joinville festeja seu 161° aniversário de fundação. Para marcar a data, o Grupo RIC, por meio do jornal Notícias do Dia, preparou este presente especial para a cidade: a revista Joinville É. Com Joinville É, o Grupo RIC reafirma sua postura de inovar na oferta de produtos diferenciados para nossos leitores e nossos clientes. Por isso, a revista nasceu com o propósito de homenagear a cidade a partir de uma proposta editorial que privilegia ângulos e aspectos que possam surpreender e, principalmente, orgulhar quem nasceu e quem escolheu viver ou trabalhar em Joinville. A revista é para todos os que fazem a cidade ser o que ela é: uma referência de Santa Catarina. Neste contexto, Joinville É abre com uma volta ao passado para contar um pedaço importante da história joinvilense. Mostramos as raízes que ajudaram a construir a cidade que conhecemos hoje. Na sequência, Joinville É apresenta um raio X do município, dividida em três blocos de conteúdo. No primeiro – Panorâmica –, apresentamos o atual cenário econômico da cidade, incluindo um relato sobre o papel de Joinville na transformação de Santa Catarina em um polo tecnológico para todo o Brasil. Logo em seguida, no segundo bloco – Horizontes –, Joinville É mira o futuro, destacando iniciativas e caminhos que certamente ajudarão a consolidar ainda mais a importância da cidade para o estado. Por fim, fechamos Joinville É com o bloco Almanaque, em que, entre outros assuntos, mostramos as expectativas do Joinville Esporte Clube (JEC) para a série B do Campeonato Brasileiro e um trabalho fotográfico que une o passado e o futuro da cidade. Boa leitura! Marcello Corrêa Petrelli Vice-Presidente-Executivo Grupo RIC
“A revista é para todos os que fazem de Joinville ser o que ela é: uma referência de Santa Catarina”
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Índice
Joinville 161 anos
Horizontes
Como tudo começou........................................................8
Nosso Batalhão em boas mãos......34 Reprodução
Fábricas de conhecimento.............36 A indústria dos eventos................38 Carlos Júnior
História: a rua João Colin, um dos eixos da colonização de Joinville, em 1917
Panorâmica
Eventos: Festival de Dança de Joinville
Dos parafusos aos bytes...............................................12
Almanaque
Fôlego para crescer........................................................16 Divulgação
Delícias étnicas..............................42 O ano do coelho..............................47 Carlos Júnior
Esporte: o JEC e sua torcida apaixonada
Livros por toda a parte................52 Joinville de ontem e hoje...............56 Economia: o terceiro município mais industrializado da região Sul de olho no futuro
Às margens da Babitonga..............61
Cidade vertical................................................................24
Academia ao ar livre.......................64
JOINVILLE É
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Joinville 161 anos
O Museu Nacional de Imigração e Colonização, aberto em 1961, reúne cerca de cinco mil peças que contam a evolução da cidade
Como tudo começou A DATA EM QUE SE COMEMORA O ANIVERSÁRIO DE JOINVILLE marca a chegada dos primeiros europeus em uma região já ocupada por famílias brasileiras
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Texto Rosana Rosar Fotos Rogério Souza Jr.
uando se conta a história de Joinville, a chegada de 118 imigrantes na barca Colon, em 9 de março de 1851, é apresentada como o momento inicial da ocupação da cidade. Poucos sabem (ou lembram) que antes disso a região era habitada por índios e portugueses e que, há cinco mil anos, os sambaquianos – homens pré-históricos – já viviam por aqui. Antes que o príncipe François Ferdinand Philipe Louis Marie d’Orléans, da cidade francesa de Joinville, pensasse em casar-se com a princesa Francisca Caroline de Bragança, filha de Dom Pedro I, e em receber as terras como dote, o Coronel Antônio
Vieira, natural do Rio de Janeiro, já tinha um sítio entre o rio Bucarein e o rio Itaí-Guaçu (hoje Itaum), como relata o historiador Carlos Ficker no livro História de Joinville – Crônicas da Colônia Dona Francisca. O coronel morava no “Porto do Bucarein” desde 1826. Além dele, também viviam por lá João Cercal, Luiz Dias do Rosário, Vicente Dias do Rosário e seu irmão Francisco, Ana Afonso Moreira e José Cordeiro, formando as terras de Januário d’Oliveira Cercal, em uma vasta área entre o rio Cubatão e o rio “São Francisco”, mais ou menos no local onde hoje fica o Campo da Aviação. No Boa Vista já vivia Agostinho Budal e, do lado oposto do rio Cachoeira e das terras do
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Como tudo começou 4Joinville 161 anos
Coronel Antônio Vieira, no Bucarein, Salvador Gomes e Afonso Miranda tocavam uma sesmaria – terreno doado pelos primeiros donatários a quem se comprometesse a cultivar suas terras. Ao sul, estavam as sesmarias de Antônio da Veiga e João da Veiga, e de Manoel Gomes e Francisco da Maia. Com essa lista de moradores, Ficker prova que não é exato afirmar que em 1851 – data que marca a fundação da Colônia Dona Francisca pelos imigrantes – as grandes zonas destinadas à colonização europeia seriam um “ínvio e desconhecido sertão”.
FOI EM 1843, após o casamento com a princesa Francisca no Rio de Janeiro, que o príncipe da Joinville O príncipe François, da Joinville francesa, nunca francesa recebeu como complemen- visitou as terras que recebeu como dote ao se to ao dote a região onde seria criada a casar com a filha do imperador Dom Pedro I
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Joinville brasileira. Em 1849, Leonce Aubé, procurador dos príncipes, efetivou o contrato para a colonização das terras catarinenses com o senador Christian Mathias Schroeder, de Hamburgo (Alemanha). Em maio de 1850, quando Aubé, o cozinheiro e servente Louis Duvoisin, o engenheiro e encarregado da Sociedade Colonizadora em Hamburgo Hermann Guenther, e outros seis passageiros da barca Colon chegaram às terras brasileiras, o Coronel Vieira já estava aqui para oferecer serviços e escravos. A primeira grande leva de imigrantes suíços e alemães chegou em março de 1851, depois de dois meses de viagem na Barca Colon que veio vinda de Hamburgo, com 118 passageiros. No mesmo ano, um grupo de 74 noruegueses chegou no barco
Pintura retratando a barca Colon, que em 9 de março de 1851 trouxe a primeira leva de imigrantes à região que se tornaria Joinville JOINVILLE É
O Monumento à Barca, em frente à prefeitura, foi inaugurado em março de 2001 em comemoração aos 150 anos de fundação da cidade Glória dos Anjos, vindo do Rio de Janeiro após uma tentativa fracassada de seguir viagem até os Estados Unidos. Posteriormente, chegaram novos imigrantes nas barcas Emma, Louise, Gloriosa e Neptun. Segundo Ficker, a dificuldade linguística acabou separando os colonos em três grupos, que iniciaram a derrubada da floresta e a abertura de picadas na colônia em três direções diferentes.
OS SUÍÇOS ABRIRAM caminho pela atual rua 15 de Novembro, em direção à rua João Colin. Os noruegueses seguiram pela região norte, na direção da Rua João Colin, e os alemães foram na direção sudoeste, acompanhando o rio Mathias, hoje coberto pela Rua Visconde de Taunay. Em 1852, com 690 moradores, a sede da colônia passou a ser conhecida como Joinville, em homenagem à terra natal do príncipe François. Ano após ano novos navios traziam mais imigrantes. Em 15 de março de 1866, a região foi desmembrada de São Francisco do Sul e elevada à categoria de vila, sob a denominação de São Francisco Xavier de Joinville. Em 3 de maio de 1877 foi efetivamente elevada à categoria de município. No livro A industrialização de Joinville-SC: da gênese às exportações, a geógrafa Isa Rocha afirma que nas três primeiras décadas (1851–1880) o arte-
sanato foi a principal atividade dos colonos. Em seguida, vieram as primeiras indústrias. A maior parte era composta de estabelecimentos têxteis, mas logo começaram a surgir fundições e oficinas mecânicas, em grande parte devido à demanda das economias da ervamate (carroções, barricas, ferraduras, engenhos, etc.), da madeira (serrarias, etc.), do porto, da estrada de ferro e dos próprios colonos. Nas décadas de 1920 e 1940 os estabelecimentos dos setores têxtil e metal-mecânico se proliferaram, abastecendo inicialmente os mercados local e regional. De acordo com a pesquisadora, a consolidação das indústrias joinvilenses no cenário nacional veio a partir da década de 50, com o apoio governamental contribuindo para o fomento da indústria automobilística e a expansão das redes de energia e saneamento básico. “Assim se constituíram grandes grupos industriais, como Hansen, Tupy, Nielson e outros, que iniciaram as exportações industriais de Joinville, intensificadas nos anos 80 e 90”, acrescenta.
EM SEU CENTENÁRIO, em 1951, Joinville tinha uma área de 1.327 km2 e uma população de 50 mil habitantes, de acordo com o livreto Lembranças de Joinville em seu centenário, publicado pela Agência Municipal de Estatística. JOINVILLE É
A frota de automóveis era de 385, havia 15 ônibus e 8,8 mil bicicletas. Hoje, sabe-se que o número de automóveis ultrapassa os 300 mil e o número de bicicletas é bem inferior ao de 61 anos atrás. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área atual do município é de 1.130,878 km2 e sua população chega aos 515.250 habitantes. A memória dos primeiros imigrantes permanece viva em lugares como a rua das Palmeiras e o Museu Nacional de Imigração e Colonização. De acordo com a jornalista Maria Cristina Dias, autora do livro Se essas paredes falassem... Um breve olhar sobre antigas casas que marcaram a construção de Joinville, o Palácio dos Príncipes, construído por Frederico Brustlein em 1870 para ser a sede do Domínio Dona Francisca, abrigou representantes e familiares do príncipe François até 1961. O imóvel foi tombado como patrimônio histórico e artístico nacional em 1939. O funcionamento como museu começou em 1961 com objetos, imagens e documentos referentes à imigração, arrecadados por voluntários. Integram o complexo uma casa enxaimel, o galpão de tecnologia, com exemplares de engenhos de farinha e moenda de cana, o galpão de meios de transporte, com viaturas de tração animal e carroções, e o Auditório Dona Francisca.l
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Panorâmica
Edsel Simas, da Setrion, é um dos novos empreendedores que se preparam para entrar no mercado com o apoio da Softville
Dos parafusos aos bytes COM mais de mil empresas atuando na produção de software, JOINVILLE consolida-se como polo da indústria de t.i. no estado Texto João Batista Fotos Carlos Júnior
Dos parafusos aos bytes4Panorâmica
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onhecida durante anos como a “Manchester Catarinense” em referência à mais famosa cidade industrial inglesa, Joinville cresceu impulsionada por um parque fabril formado a partir dos anos 1950 por empresas dos setores metal-mecânico, metalúrgico, têxtil e plástico. Em pouco mais de meio século, muita coisa mudou e a cidade começou a diversificar sua vocação econômica, dando oportunidade a novos empreendedores, que começavam a apostar no comércio e nos serviços. É nesse cenário – marcado pela presença de novos shoppings, redes de ensino superior e grandes lojas de varejo – que desponta o mercado de desenvolvimento de softwares, com sistemas voltados para automação industrial, gestão de empresas, hospedagem de websites, telefonia e serviços via internet. A guinada dos parafusos para os bytes começou no final da década de 1990, com o incentivo de projetos de incubação como o Micro Distrito Industrial de Joinville (Midiville), do sistema Fiesc/Senai; e a Softville, formada por iniciativa de empresas de informática com o apoio do governo federal. Ainda longe de se tornar um “Vale do Silício” brasileiro, o município tem se consolidado como polo tecnológico no Estado, ao lado de Blumenau e Florianópolis. Hoje existem em Joinville mais de 1,1 mil empresas atuando no setor de tecnologia. Ao lado das incubadoras, outro pilar que sustentou esse desenvolvimento foi a Datasul, empresa fundada em 1978 e pioneira no desenvolvimento de sistemas integrados de gestão empresarial. Desbravando um mercado ainda incipiente, a Datasul teve papel fundamental como
base de lançamento de novas empresas e na formação de mão de obra qualificada. Parte desse destaque deve-se ao seu fundador, Miguel Abuhab, que, além de ser o primeiro a fornecer softwares de automação de sistemas em uma era pré-internet, foi o principal fomentador do mercado local e peça-chave para que a cidade hoje figure entre os principais centros produtores de software do Brasil. Numa época em que a Tecnologia da Informação (TI) resumia-se ao processamento de dados, Abuhab já vislumbrava o futuro das empresas sendo conduzido por sistemas integrados. No início da década de 1970 ele chegou a Joinville para implantar um sistema de controle de produção na Consul. Em 1978, quando a marca foi adquirida pela norte-americana Whirlpool, ele lançou o primeiro software nacional de gestão corporativa. Foi então que surgiu a Datasul, incorporada em 2008 pelo grupo Totvs, hoje uma das maiores empresas de sistemas de gestão do mundo. Abuhab lembra que naquele tempo não havia escolas de informática nem mão de obra especializada na região. “Nós fazíamos o treinamento ‘em casa’, formando profissionais para a área de TI. Muitos deles acabaram saindo da empresa e montaram seus próprios negócios”, conta o empresário.
Antes dE a Datasul fazer parte da Totvs, Abuhab fundou, em 1999, a NeoGrid, uma empresa que já nasceu experiente e com vocação para inovar. Atualmente uma das maiores fornecedoras de soluções de negócios para a cadeia de suprimentos, a NeoGrid opera na gestão de processos entre empresas de varejo e seus fornecedores, automatizando os processos de reposição de estoJOINVILLE É
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Miguel Abuhab: Pioneiro com a Datasul, foi responsável pela formação de muitos profissionais que hoje atuam na área
A NeoGrid foi fundada em 1999 e hoje fornece softwares de gestão para sete dos dez maiores varejistas no mundo
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Panorâmica4Dos parafusos aos bytes
Ademir Rossi, da Softville: em menos de duas décadas a fundação apoiou mais de 100 projetos, com um índice de sucesso de 80% que e controle de produção. “A gente controla o que sai das prateleiras das lojas para que os fornecedores orientem ações de produção conforme o consumo”, explica. Ao dar condições para que a produção e a comercialização sejam orientadas pelo consumo, a empresa conquistou nove dos dez maiores clientes de varejo do Brasil e sete dos dez maiores do mundo. Para o empreendedor, com a experiência de mais de 40 anos na tecnologia, a inovação vai muito além da criação de softwares. “A simples mudança tecnológica não é inovação. A inovação é caracterizada pela criação de novas regras de negócio, quando são abandonadas velhas regras da ortodoxia, ou seja, daquilo que a gente faz, não sabe por que faz, mas continua fazendo”, reflete Abuhab.
Em quase 20 anos de existência, a fundação Softville, que nasceu com a vocação de apoiar empresas de tecnologia, incentivou mais de 100 projetos de inovação tecnológica. Com um índice de 80% de sucesso dos empreendimentos, a maioria das ideias virou bons negócios ou foi absorvida por empresas do setor. Hoje são 18 empresas residentes, além de seis virtuais, com projetos que incluem sistemas de telefonia, compras coletivas, design, logística, acompanhamento de frota, criação de sites, avaliação de bens e lousa eletrônica, entre outros. Uma dessas empresas é a Setrion, que desenvolve um sistema online para gestão de chamados de helpdesk. Segundo um dos sócios, Edsel Simas, em três anos de incubação a JOINVILLE É
empresa está quase pronta para entrar no mercado. “O apoio da Sofville foi fundamental para a implantação do negócio”, afirma o empreendedor. Criada em 1993, a Softville firmou-se como incubadora tecnológica a partir de 2001, quando deu início à seleção anual de projetos. Para disputar o apoio, é preciso que a ideia seja de base tecnológica e tenha um diferencial competitivo em relação ao que já existe no mercado. Durante a incubação, de até quatro anos, a empresa recebe assessoria e compartilha a infraestrutura da entidade. “Aqui a gente faz o futuro. As empresas têm sua sustentabilidade assegurada e mais visibilidade dos projetos, até que cheguem ao mercado”, comenta o diretor executivo Ademir Rossi.l
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Panorâmica Fabrício Porto
Fundada há 74 anos em Joinville, a Tupy investe pesado para se tornar a maior fundição de blocos e cabeçotes de ferro do mundo
Fôlego para crescer Terceiro município mais industrializado da Região Sul e com o mercado aquecido nos setores de comércio e serviços, Joinville acelera nos investimentos e se prepara para uma nova onda de prosperidade
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Texto Claudio Fernandes
dobro do tamanho atual. Essa é a previsão do presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), Udo Döhler, quando questionado sobre como estará a economia joinvilense daqui a dez anos. Nas palavras do experiente empresário do ramo têxtil, “Joinville é o município do Sul do Brasil mais próximo do paraíso”. Para jus-
tificar sua afirmação, ele aponta para os índices de crescimento da cidade e região, que desde 2000 permanecem acima da média nacional. Entre 2000 e 2008 a economia brasileira cresceu 33%, enquanto em Joinville e na região norte catarinense o avanço foi de 40%. Segundo Döhler, a posição geográfica privilegiada é outra vantagem. A cidade está estrategicamente localizada, próximo a importantes portos, como
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Horizontes4Fôlego para crescer Divulgação
Dombroski, da Ajorpeme, destaca o papel das pequenas empresas na economia local os de São Francisco do Sul, Itapoá, Navegantes e Itajaí. Cortada pela BR-101 duplicada, tem na rodovia um importante corredor de escoamento de sua produção, estando a poucas horas de Curitiba e São Paulo, outros grandes polos industriais. O prefeito Carlito Merss avalia que os índices de geração de emprego demonstram que a cidade tem uma economia consolidada. “A chegada de importantes investimentos é prova disso e teremos um período de grande desenvolvimento econômico e social, seguindo a tendência do país e ultrapassando expectativas para aproveitarmos este momento precioso”, afirma. Neste cenário, Merss ressalta que, além dos números, a cidade possui ingredientes que fazem de Joinville o motor da economia de Santa Catarina. “Temos profissionais acima da média, mão de obra qualificada, localização geográfica privilegiada e uma infraestrutura pronta para o desenvolvimento das empresas aqui já instaladas e de outras que estão chegando”, diz.
Mas Joinville quer ir ainda mais longe nos próximos anos. Um estudo da consultoria McKinsey mostrou que a cidade e os municípios vizinhos serão a região urbana com mais de meio milhão de habitantes que mais crescerá até 2025. A economia deve avançar a uma média anual de 5,8%. Motivos para acreditar nessa projeção há de sobra, e um deles é o recente interesse das montadoras de automóveis pela cidade. A General Motors (GM) está prestes a colocar sua primeira fábrica para funcionar em Joinville e logo iniciará a construção da segunda. A unidade de motores vai fabricar, a partir do segundo semestre deste ano, cerca de 120 mil motores e 200 mil cabeçotes ao ano. Com investimento de R$ 350 milhões, serão gerados 500 empregos diretos. A segunda fábrica, que ficará no mesmo terreno da unidade de motores, na BR-101, produzirá componentes para transmissão. Outros R$ 650 milhões serão investidos e cerca de 600 empregos serão gerados. JOINVILLE É
No embalo de Joinville, as cidades vizinhas também aproveitam a onda de prosperidade. Araquari, por exemplo, já foi confirmada pelo Governo do Estado como a cidade que receberá a primeira fábrica de carros da BMW, inicialmente produzindo até quatro modelos completos, três da marca BMW e um da Mini. A montadora alemã deve investir R$ 1 bilhão nas linhas de montagem, o maior investimento da história de Santa Catarina. Serão 1,5 mil empregos gerados. O faturamento será o terceiro maior do Estado, chegando a R$ 8,5 bilhões por ano. Devido à proximidade entre as duas cidades, a primeira fábrica de automóveis da BMW no Brasil já está sendo chamada de “a fábrica de Joinville” pelos próprios alemães. O prefeito de Araquari, João Pedro Woitexem, reconhece que o principal motivo para a cidade ter sido a escolhida foi a proximidade com Joinville. “Nossa sorte é ter um vizinho como este”, comenta. Para o presidente da Acij, o crescimento da cidade deve tomar proporções inimagináveis. “Certamente, esses investimentos já confirmados devem atrair muitos outros, transformando Joinville e região numa grande metrópole econômica”, projeta Döhler.
Numa cidade onde os grandes crescem, os pequenos aproveitam o impulso para dar suporte e crescer juntos. Em Joinville é assim. De acordo com a Associação de Joinville e Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme), são pelo menos 20 mil empresas de pequeno, micro e médio portes bem estabelecidas e com a maior parte de seus clientes na própria cidade. Outros cinco mil empreendedores individuais já formalizados
O mercado de serviços Tem crescido e garantido destaque na economia joinvilense nos últimos anos. Em 2011, o setor foi o grande campeão na geração de empregos no município. Isso demonstra o quanto os serviços expandiram-se no mercado local e reforça a tendência entre as grandes empresas de investir na contratação de pres-
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também aproveitam para ficar com uma fatia desse bolo. Para ter-se uma noção da força das pequenas joinvilenses, a Ajorpeme é considerada hoje a maior entidade do tipo no Brasil em números de associados e foi a principal responsável pela ampliação do teto do Simples Nacional em 2011. Seu atual presidente, Gean Marcos Dombroski Corrêa, destaca a união dos empresários locais como um fator essencial para as recentes conquistas. “Somos executivos de empresas pequenas, mas sabemos que quando nos unimos somos mais fortes”, avalia. “A força da economia joinvilense vem da persistência dos pequenos. Afinal, nenhum dos grandes que começou aqui nasceu assim: eles eram pequenos numa cidade pequena e cresceram junto com Joinville”, destaca. Com oportunidades para empresas de todos os portes, Joinville é hoje a terceira cidade mais industrializada do Sul do Brasil, ficando atrás apenas das capitais Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). O parque fabril joinvilense possui mais de 1,5 mil indústrias e cresce em média 5,7% ao ano. Responsável por cerca de 20% das exportações catarinenses e quase 20% da economia de Santa Catarina, a cidade está entre as quinze que mais arrecadam tributos e taxas municipais, estaduais e federais do Brasil.
Volnei Domingues, do Garten Shopping: 88% de crescimento em vendas só no ano passado tadoras terceirizadas. No ano passado foram abertas 3.997 vagas em serviços, 43,7% do total das vagas disponíveis na cidade e quase três vezes mais que as geradas na indústria (1.384). O comércio também surpreendeu, com a abertura de 2.270 postos de trabalho em 2011, grande parte em função da consolidação do Joinville Garten Shopping, que se instalou na zona norte de Joinville em 2010 e cresceu 88% em vendas só em 2011. Para os próximos anos, a meta é continuar crescendo a percentuais bem acima do normal para o setor. “Estamos nos consolidando não somente como um polo de comércio, mas também de cultura, moda e entretenimento”, afirma o superintendente do Joinville Garten Shopping, Volney Domingues. Para 2012, a meta é crescer pelo menos 33%. Os outros dois shoppings da cidade também seguem crescendo, mesmo com a concorrência forte. “Continuamos alcançando resultados acima da expectativa, marcados por inúmeras ações, promoções e campanhas já tradicionais e alinhaJOINVILLE É
das com o público”, ressalta Aurea Raquel Pirmann, superintendente do Shopping Mueller, que cresceu 12,75% em 2011 e tem previsão para 2012 de evoluir 12,5%. No Shopping Cidade das Flores a expectativa é manter em 2012 os mesmos 15% de aumento alcançados em 2011. “Buscamos a renovação nestes últimos anos, focando nas necessidades do nosso público”, explica a gerente administrativa e comercial do empreendimento, Inês Santette.
A diversificação dos setores é o que faz a economia joinvilense ser tão dinâmica. Com os polos plástico, tecnológico, químico e têxtil bem estruturados, agora a cidade avança para outras áreas. Um dos investimentos recentes é para produzir barcos, lanchas e iates de luxo “made in Joinville”. A empresa americana Brunswick Corporation – que também atua nos mercados de motores, peças e acessórios náuticos, equipamentos de ginástica, fitness e boliches, além de mesas de bilhar e pebolim – está investindo R$ 25 milhões para instalar uma fábri-
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A norte-americana Brunswick Corporation, fabricante de barcos de luxo, vai produzir 400 embarcações por ano na fábrica joinvilense ca de 15 mil m2 no Perini Business Park, na zona norte de Joinville. O estaleiro joinvilense deve empregar cerca de 150 pessoas para a construção de até 400 barcos esportivos e iates por ano, das linhas Bayliner (a mais vendida no mundo) e Sea Ray. “Por enquanto, faremos apenas a montagem final em Joinville, mas num futuro próximo esperamos fazer boa parte da embarcação por aqui mesmo, com peças fornecidas por empresas da região”, explica o responsável comercial pelo estaleiro no Brasil, Marcelo Puscar. A expectativa é que a fábrica esteja funcionando até julho e, segundo Puscar, a expectativa é de um faturamento próximo de US$ 24 milhões no primeiro ano. O presidente do grupo na América Latina, William Gress, destacou que os barcos joinvilenses estarão entre os melhores do mundo. “Acreditamos ter encontrado na cidade a combinação certa de recursos, fornecedores e uma força de trabalho talentosa para entregar os produtos
com a qualidade e valor de nossas marcas”, afirma o executivo.
No decorrer de 161 anos de história, Joinville presenciou o nascimento e a ascensão de grandes empresas em seu próprio solo. Ciser, Lepper, Tigre, Tupy, Krona, Cipla, Schulz, Docol, Döhler, Embraco, Wetzel, entre outras, ganharam mercados e o mundo. Foi a tradição de famílias imigrantes que cultivou em Joinville a semente da prosperidade, sucesso e liderança em seus ramos de atuação. A história de cada uma delas confunde-se com a da própria cidade. Mesmo investindo em internacionalização e ampliando mercados fora do Brasil, o que essas empresas querem mesmo é continuar tendo Joinville como sua casa e gerar empregos e renda aqui. É o caso da Tupy, que comprou duas novas fundições no México, mas segue ampliando sua fábrica joinvilense rumo a tornar-se maior fundição de blocos e cabeçotes de ferro fundido do mundo. Esse negóJOINVILLE É
cio, que hoje é grandioso, começou em uma pequena oficina no Centro da Joinville de 1938, com a produção de conexões de ferro fundido maleável. O presidente da Tupy, Luiz Tarquínio Sardinha Ferro, garante que os investimentos em casa não param. “Basta observar a dimensão dos investimentos que fizemos em fundição, usinagem e em melhorias ambientais nos últimos três anos”, ressalta. Só em 2010 e 2011, esses investimentos ultrapassam R$ 400 milhões. Com uma história de 130 anos, a indústria têxtil Döhler também aposta em seu crescimento na terra natal. Para isso, a empresa se renova, com ampliações nas áreas de tecelagem e tinturaria. “O mundo acelerado de hoje cobra cada vez mais adaptações de todos nós: empresas, cidades e pessoas. Temos méritos pelas conquistas já alcançadas, mas muitas responsabilidades para seguir avançando”, avalia o diretor comercial da Döhler, Carlos Alexandre Döhler.l
Cidade vertical IMPULSIONADO PELO BOM MOMENTO NO SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL, O MERCADO IMOBILIÁRIO DE JOINVILLE VIVE DIAS de alta procura e bons negÓcios Texto Edson Burg Fotos Rogério Souza Jr.
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Cristiano Watzko, da LHW Engenharia: “Joinville tem uma localização privilegiada e um forte apelo industrial e de serviços”
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cenário outrora caracterizado por edificações históricas e de baixa altura aos poucos dá espaço a uma cidade imponente e moderna. A Joinville do século 21 evidencia-se pelo grande número de empreendimentos residenciais e comerciais em obras ou recém-concluídos – exemplos sólidos da expansão do mercado imobiliário em uma cidade que até então era lembrada principalmente por seu polo industrial. O momento é de otimismo para os empreendedores do segmento, que observam os reflexos no município dos bons índices da construção civil registrados nacionalmente. Em 2011 o faturamento das fabricantes de material de construção no país atingiu R$ 108,5 milhões, segundo a Associação
Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). O índice é 2,9% superior ao de 2010, ano já considerado excelente pelo setor. Como consequência desse desempenho, toda a cadeia cresceu: a previsão é que o PIB da construção civil este ano atinja 5,2%, impulsionado por um conjunto de fatores que incluem amplo acesso ao crédito imobiliário, aumento do emprego formal, crescimento da renda familiar e estabilidade econômica. No mercado catarinense, o crédito fornecido pela Caixa Econômica Federal para financiamento de imóveis em 2011 foi de R$ 3,4 bilhões, um crescimento de 9,67% em relação ao ano anterior. Só no programa Minha Casa, Minha Vida foi contratado R$ 1,5 bilhão, atendendo cerca de 20 mil famílias no estado. Tudo isso acabou influencian-
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Panorâmica4Cidade vertical
do os rumos da construção civil em Joinville, onde a ampliação do mercado local motivou o surgimento de empresas com perfis diferenciados e cada vez mais atentas a essa nova realidade. “Hoje a classe média é bastante elástica, então nosso foco são clientes da classe A para a classe média”, aponta Cristiano Watzko, sócio-proprietário da LHW Engenharia. A construtora nasceu há dez anos com a intenção de atingir esse novo público consumidor. “São clientes que não têm recursos para comprar um apartamento de 200 metros quadrados, mas que estão em busca de conforto e novas tendências em unidades de 75 a 90 metros quadrados”, observa o empresário.
ALÉM DE GERAR novos negócios, o surgimento desse nicho de mercado também fez as empreiteiras já existentes repensarem suas estratégias. “É uma evolução natural”, acredita Luiz Carlos Presente, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) de Joinville. “Anteriormente se buscava produção com qualidade; hoje é preciso apresentar soluções sustentáveis e de melhor desempenho, como acústica e térmica”. Ele acredita que o aumento nas linhas de crédito fez surgir uma nova classe econômica e, por consequência, novos anseios a serem atendidos. Mas alerta que agora a expansão das construtoras passa por um desaquecimento natural em compa-
ração aos picos de crescimento de 2009 e 2010. “O mercado vive hoje um momento de equiparação entre oferta e demanda e isso representa uma readequação do segmento imobiliário”, analisa o presidente do Sinduscon. “A construção civil tem uma particularidade: ela não pode exportar; trabalha só para o ‘mercado interno’. Portanto, a economia da cidade precisa absorver esse crescimento.” Na outra ponta do negócio, são as imobiliárias que agora vivem seu auge. Com o aumento no número de unidades disponíveis, a oferta de imóveis cresceu na mesma proporção. “No ano passado tivemos uma expansão de 12%. Nossa meta para este ano é crescer até 25%, devido a
O presidente do Sinduscon, Luiz Carlos Presente (esq.), e o presidente do Seconci, Jorge de Sá: setor cresceu em volume e profissionalismo JOINVILLE É
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O potencial de expansão do mercado imobiliário abrange diferentes bairros da cidade, criando novos nichos para as empresas do setor novos investimentos como contratação de corretores e ampliação da nossa sede”, prevê Ayrton Luiz Piccolo, proprietário da Galeria Imóveis e há 16 anos no mercado de Joinville. Ele destaca a criação e a ampliação de programas habitacionais como dois dos principais impulsos para o crescimento do mercado, aumentando o acesso ao crédito e gerando uma saudável sequência de investimentos e novas modalidades. “Muitas pessoas compram terrenos e aplicam na construção de um empreendimento com várias unidades, numa área que antes serviria apenas para uma casa”, analisa.
Em meio a tantas oportunidades, um grupo de dez imobiliárias da cidade decidiu unir forças e passou
a trabalhar em rede para melhor atender à demanda local. A Rede Mais Imóveis foi criada para facilitar o acesso aos clientes, integrando o sistema de todas as imobiliárias parceiras, além de promover a troca de experiências entre os empresários do ramo. “Os mercados de venda e aluguel estão realmente aquecidos”, diz a presidente da rede, Rúbia Tânia Welter. “Hoje, quem tem um imóvel próprio já compra uma segunda casa ou apartamento para investir, e isso movimenta toda a economia”, avalia. Ela acredita que iniciativas como a Rede Mais Imóveis são consequência desse bom momento no setor. “É um sinal de fortalecimento, não só de nossos associados, mas de todo o mercado. Isso dá mais segurança para as imoJOINVILLE É
biliárias e para os clientes”, conclui. Diante da possibilidade de a demanda por imóveis na cidade manter-se em alta, as construtoras vêm buscando alternativas para atrair consumidores e tentar igualar o desempenho de 2011. No caso da LHW, que no ano passado atingiu um valor global de vendas na casa dos R$ 25 milhões, a meta tem tudo para ser cumprida. Novos empreendimentos – como o Residencial Andy Warhol, por exemplo – serão concluídos com 100% das unidades vendidas, e a empresa já volta sua atenção para o potencial de novas áreas que devem surgir na cidade. “Há muito a ser explorado em diversos bairros. Joinville vai evoluir para essas áreas em busca de novos nichos”, cita Cristiano Watzko, da LHW Engenharia.
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Panorâmica4Cidade vertical
COM UM MERCADO EM EXPANSÃO e altamente competitivo, o Sinduscon observa o movimento das empresas do ramo em direção à qualidade, desde o produto final até a modernização dos canteiros de obras. “Nessa nova época as empresas investem na qualificação e na segurança de sua equipe. Com a maior procura surge a necessidade de trabalhadores mais qualificados, que são um fator essencial para o sucesso de qualquer empreendimento”, diz Luiz Carlos Presente. Por isso, iniciativas como o Serviço Social da Indústria da Construção Civil (Seconci) surgiram para atrair essa mão de obra, que hoje migra de outros segmentos. “A qualidade dos projetos fez nossos associados buscarem qualidade em sua produção. Antigamente havia muita informalidade na construção. Na fase atual isso não é mais possível”, destaca o presidente do Seconci em Joinville, Jorge Luiz Correia de Sá, que também integra a executiva do Sinduscon. Ele ressalta que, com o serviço social, os funcionários de pequenas e grandes empreiteiras obtêm assistência nas áreas de saúde, odontologia e segurança do trabalho, além de acesso a cursos de qualificação. O resultado desse ciclo virtuoso unindo construtoras, imobiliárias e entidades de classe é visível por toda a cidade, que exibe uma expansão sustentável e ecologicamente correta. “Joinville tem um crescimento ‘chinês’, com uma localização privilegiada e um forte apelo industrial e de serviços. Sempre haverá espaço, basta ter um diferencial para se destacar”, conclui Watzko.l As construtoras investem cada vez mais em qualificação e segurança das equipes JOINVILLE É
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Nosso batalhão em boas mãos sob novo comando, o 62o batalhão de infantaria reafirma seu compromisso com o atendimento à comunidade e a excelência na formação militar
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om 218 anos de história no Brasil e 94 em Joinville, o 62º Batalhão de Infantaria é conhecido pelas ações de segurança e de cidadania, que vão da preparação de soldados para missões especiais ao atendimento à comunidade em situações de emergência e campanhas de saúde pública. Essa atuação faz com que a unidade militar, apesar de ser um órgão federal, mantenha-se próxima do cotidiano da cidade. Para o novo comandante do batalhão, tenente-coronel Ronaldo França Navarro, o desafio é manter o padrão de excelência já estabelecido pelos comandos anteriores e estreitar ainda mais os laços com a população. O carioca de 42 anos chegou à cidade em janeiro, assumindo o comando no lugar do coronel Marcelo Soneghet Pacheco. A chegada, na verdade, é um retorno. Navarro serviu como 1º tenente no batalhão entre 1996 e 1997. “Deixei muitos amigos aqui e é uma satisfação voltar. Tenho uma paixão enorme por este batalhão”, comenO tenente-coronel Ronaldo Navarro, que assumiu o posto em janeiro, diz admirar o “espírito voluntário e de solidariedade” do povo joinvilense
Texto João Batista Foto Fabrizio Motta tou, ressaltando o perfil de cordialidade, dedicação, zelo e trabalho do 62º BI, que faz a unidade ser respeitada em todo o país. “O espírito voluntário e de solidariedade é muito forte em Joinville. Aqui não tem tempo ruim”, completou. Apesar das várias denominações ao longo da história, é com a expressão carinhosa “Nosso Batalhão” que o 62º BI é reconhecido pelos moradores da cidade. As origens da organização remontam à época do Brasil Colônia, quando o Regimento de Moura, de Portugal, aportou no país, em 1767. A partir desse grupo foi criado o 3º Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1793, data oficial de nascimento do batalhão. Antes de instalar-se em Santa Catarina, primeiro em Porto União e depois em Joinville, a unidade militar teve sedes ainda em Pernambuco e na Bahia. A chegada por aqui se deu em 1918, com o nome de 13º Batalhão de Caçadores do 5º Regimento de Infantaria de Ponta Grossa (PR).
A formação de soldados em Joinville tornou-se referência no preparo de forças militares para atuar em operações nacionais, como na tomada do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2010, e em missões de JOINVILLE É
paz internacionais. A primeira foi em 1996, quando 300 soldados integraram a Força de Paz da ONU – grupo conhecido pelo uso das boinas azuis – enviada para atuar em Angola. Em 2010 saiu o primeiro contingente joinvilense, com 29 militares, para a missão no Haiti, arrasado por um terremoto no começo daquele ano. Hoje uma nova companhia de fuzileiros está em pleno treinamento para a segunda missão naquele país. O embarque de 150 homens será no dia 10 de abril, com retorno previsto para dezembro. De acordo com o comandante, outro elo entre a comunidade e o quartel é a banda do 62º BI. “É o nosso cartão de visita”, resume. O grupo atualmente é formado por 34 músicos profissionais, que dividem o tempo entre os ensaios e o serviço militar. O repertório vai além das marchas militares, incluindo também jazz, samba, pagode, MPB, música clássica, sertanejo e outros ritmos. “A gente é bastante solicitado para eventos em igrejas, escolas, festas, desfiles e outros”, diz o 1º tenente José Carlos da Silva Pinto, regente do grupo há dez anos. “Isso tem criado uma afinidade muito grande com a população local, fazendo da banda um dos principais vínculos do batalhão com a cidade.”l
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Horizontes
Fábricas de conhecimento COm 30 mil alunos em sua rede de ensino superior, joinville recebe Novas instituições que vão ampliaR as opções de formação profissional na região Texto João Batista Foto Fabrizio Motta
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chegada definitiva do Centro Universitário Católica de Santa Catarina a Joinville, viabilizada por uma parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), que já oferecia dois cursos de pós-graduação na cidade, consolida-se com a inauguração da instituição no prédio da antiga metalúrgica Wetzel, no Centro. As aulas começaram no dia 27 de fevereiro, com 13 cursos de graduação e cinco de pós. Mais que um incremento de peso no mercado das instituições acadêmicas, a novidade fortalece uma nova vocação de Joinville: tornar-se um polo de formação intelectual e especialização profissional. Essa convergência começou no final da década passada com a chegada de redes de ensino nacionais, como o grupo Anhanguera, que comprou o Iesville e a Fatesc em 2008, e o fortalecimento das entidades locais, como a Sociesc, que inaugurou em 2008 seu segundo campus na cidade. As novas instituições chegam alinhadas com o perfil socioeconômico de Joinville, que mantém a base industrial, mas tem ampliado sua identidade para as áreas de tecnologia e serviços. A chaminé da antiga fábrica de sabão da família Wetzel, obra preservada nas instalações da Católica, ao lado do Shop-
ping Mueller, é símbolo da convivência entre a Joinville fabril e a Joinville moderna. Os estudantes hoje podem optar por carreiras tradicionais como administração, direito e engenharia, cursos de base tecnológica como automação, logística e mecânica, passando pelo ramo de serviços (design, moda, marketing e eventos) até áreas inovadoras como biomedicina e engenharia da mobilidade. Ao todo, a cidade conta com 13 instituições de ensino superior, que atendem mais de 30 mil alunos e oferecem 217 cursos, 137 deles de graduação.
Outra boa notícia PARA A educação joinvilense é a implantação do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), às margens da BR-101. As obras começaram em 2011, com previsão de término do primeiro bloco até 2014, quando começam as aulas de Engenharia da Mobilidade. O curso, único do gênero no Brasil, chegou à cidade em 2009, funcionando junto à Univille, e a partir deste ano passa a ser ministrado em uma sede locada no bairro Santo Antônio. A formação é voltada para dois segmentos: o de tecnologia veicular, com habilitações na área automotiva, naval, aeroespacial, ferroviária e mecatrônica, e o de tecnologia de transportes, na área de infraestrutura, tráfego e logística. “A JOINVILLE É
O professor Álvaro Lezana, da UFSC, destaca o caráter inovador do Curso de Engenharia da Mobilidade, único no país criação do curso está diretamente relacionada com as necessidades de crescimento do Brasil – principalmente em infraestrutura, como grandes obras viárias –, além de contribuir para resolver um problema, que é a falta de engenheiros no país”, comentou o professor Álvaro Lezana, diretor acadêmico do Centro de Engenharia da Mobilidade. Como o curso tem caráter inovador, sendo uma referência no país e com reconhecimento internacional, Lezana destaca que os profissionais formados aqui terão muitas oportunidades de trabalho em diversos lugares. “A UFSC está em Joinville, mas ela é para o Brasil”, afirma.l
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Horizontes
A Expogestão, um dos eventos empresariais mais concorridos de Joinville, chega a sua décima edição em 2012
A indústria dos eventos Com investimentos constantes em treinamento e infraestrutura, a cidade se destaca como sede de encontros empresariais, educacionais e culturais
J
oinville cada vez mais tem se especializado no turismo de eventos. Em 2012 não será diferente: segundo o Joinville Convention & Visitors Bureau, a cidade deverá receber 30 encontros de pequeno, médio e grande portes este ano, com um público total estimado em 500 mil pessoas. A variedade de segmentos atendidos – do setor metal-mecânico às atividades culturais e profissionais – mostra como a região tem se tornado um destino recorrente para esse tipo de turismo, consequência dos investimentos na recepção de visitantes e em equipamentos mais adequados para atender
Texto Edson Burg Fotos Carlos Júnior à demanda de eventos. O presidente da entidade, Richard Spirandelli, é também gerente de marketing da Messe Brasil, uma das pioneiras no mercado de eventos em Joinville. Para ele, o desempenho atual é resultado de uma iniciativa tomada há quase duas décadas. “Os grandes centros estão saturados. Diante disso – e aproveitando o fato de ser muito bem localizada geograficamente –, Joinville despertou, estruturou-se e tornou-se uma opção”, explica. Segundo ele, no último semestre, mais de R$ 1,2 milhão foi arrecadado pelo município apenas com o o Imposto Sobre Serviço (ISS) aplicado ao JOINVILLE É
setor de eventos. Dos 30 eventos já agendados, alguns são reconhecidos nacionalmente, como a ExpoGestão. Este ano, a 10º edição de um dos maiores congressos empresariais do Brasil deve reunir cerca de três mil pessoas. Em 2011, o encontro teve número recorde de participantes em workshops e mais de 100 empresas expositoras, 70% das quais já confirmaram presença na edição deste ano. Na área cultural, o Festival de Dança chega à sua 30a edição consolidado nacionalmente e com a previsão de atrair quase 10 mil bailarinos e visitantes para celebrar suas três décadas de aniversário. Já a Festa
Chegou a hora de abraçar esta grande cidade que sempre nos recebeu de braços abertos.
ParabĂŠns, Joinville, pelos 161 anos de muitas conquistas.
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Horizontes4A indústria dos eventos
das Flores, a mais tradicional da cidade, reuniu cerca de 250 mil pessoas nos pavilhões da Expoville em sua 73ª edição, no ano passado. Para o presidente do Convention & Visitors Bureau, esse potencial turístico demonstrado por Joinville já desperta o interesse de novos segmentos do mercado. Da lista de 29 eventos, 14 foram captados pela entidade e três farão sua primeira edição na cidade este ano. “Vendemos Joinville com argumentos turísticos fortes, pois este é um mercado que cresce junto com a cidade. Nossa intenção é planejar o setor, inclusive com uma unificação da agenda”, afirma.
Há, contudo, muito a se fazer. Joinville ainda sofre com a falta de estrutura do aeroporto e com as poucas opções de equipamentos para essas atividades – para eventos de grande porte, a cidade conta apenas com o Megacentro Wittich Freitag, o complexo do Centreventos Cau Hansen (com o Expocentro Edmundo Doubrawa, o Centro de Convenções Alfredo Salfer e o Teatro Juarez Machado) e o Pavilhão Nilson Bender, na Expoville. “Curitiba e Florianópolis, que são próximas, ainda estão à frente”, lamenta o presidente do Convention & Visitors Bureau. A Promotur (Fundação Turística de Joinville), prevê melhoras. “Nossa es-
trutura receptiva evoluiu nos últimos anos, com a instalação de postos de informação turística. Mas ainda estamos aperfeiçoando”, argumenta a presidente Maria Ivonete Peixer. Uma dessas iniciativas foi a concessão do Megacentro para a iniciativa privada, que deverá administrar o espaço, além de uma série de reparos nos pavilhões da Expoville. Outra ação, promete Maria Ivonete, é o fortalecimento das festas típicas. Ainda no primeiro semestre a Promotur deverá lançar um calendário com 22 eventos desse segmento, incluindo a Festa do Pato e a Bandoneon Fest, para divulgar essas iniciativas que se espalham por várias regiões da cidade. l
Eventos programados para 2012 4FMU 2012 - 6ª Feira de Ferramentaria, Modelagem e Usinagem 20 a 23 de março
4Expogestão 2012 12 a 15 de junho 4Exposuper 2012 19 a 21 de junho
434º Encontro Catarinense de Hospitais 19 a 21 de setembro
4Encontro Catarinense de Urologia 16 a 18 de março
4I Conferência Latino-Americana de Bioimpendância 26 a 29 de junho
49ª Home Art – Feira de Móveis e Decoração 21 a 30 de setembro
4II Jornada Catarinense de Direito da Família 19 a 21 de abril
4XII Congresso Catarinense de Cardiologia 5 a 7 de julho
413º SENI – Seminário de Negócios Internacionais 27 e 28 de setembro
4I Jornada Catarinense de Homeopatia
430º Festival de Dança de Joinville 18 a 28 de julho 4XIV Congresso Estadual das APAES
4COLAMO 2012 – Congresso LatinoAmericano de Mobilidade 25 a 27 de outubro
4Feirão Caixa da Casa Própria 25 a 27 de maio
4EuroMold Brasil 2012 – Feira de Fabricantes de Moldes, Ferramentas e Design 20 a 24 de agosto
420º CBECIMAT – Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciências dos Materiais 4 a 8 de novembro
42° CONEPRO-SUL – Congresso de Engenharia de Produção da Região Sul 30 de maio a 1º de junho
4Interplast 2012 - Feira e Congresso Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico 20 a 24 de agosto
463º Congresso Nacional de Botânica 11 a 16 de novembro
4IV Encontro Sul-Brasileiro de Doenças Inflamatórias Intestinais
429º ECA - Encontro Catarinense de Apicultores 14 e 15 de setembro
4III JOCOBRAS – Jogos Contabilistas Brasileiros 7 a 9 de junho
4Metalurgia 2012 – Feira e Congresso Internacional de Tecnologia em Fundição, Siderurgia, Forjaria, Alumínio e Serviços 18 a 21 de setembro
4FEEAI 2012 – 5ª Feira Eletroeletrônica e Automação Industrial 17 a 20 de abril 43ª Feira Sustentável 11 a 13 de maio
XII Conferência da ANPEI 11 a 13 de junho
474ª Festa das Flores 13 a 18 de novembro 4Reunião Anual de Jardins Botânicos Brasileiros 17 a 22 de novembro 4PowerGrid Brasil 2012 27 a 29 de novembro
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Almanaque
Delícias étnicas Fabrizio Motta
As pork ribs (costelinhas de porco) são uma das especialidades do Didge Steakhouse, que serve em cortes especiais à moda australiana
sem deixar de lado a culinária típica alemã, os restaurantes locais apostam na variedade da cozinha internacional adaptada ao gosto dos joinvilenses
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Texto Edson Burg
á algum tempo, cozinha internacional em Joinville era sinônimo de pratos germânicos e algumas massas italianas. Mas esse cenário mudou, e as opções gastronômicas da cidade cresceram de acordo com a exigência dos clientes. Cada vez mais abertos a experimentar novos sabores, os joinvilenses hoje têm a oportunidade de fazer uma deliciosa “volta ao mundo” com a grande variedade de restaurantes especializados em culinárias de diversos países. Claro, ainda existem casas de qualidade para quem não dispensa o marreco recheado acompanhado com repolho roxo, um dos pratos mais conhecidos da culinária germânica. Item obrigatório no cardápio dos restaurantes típicos, o marreco é servido como manda a tradição: assado no forno ou na brasa e com um cuidado todo especial com o recheio. “O pessoal dos frigoríficos manda recheado, mas nós fazemos o nosso, com os miúdos da ave, carne de boi moída e temperos”, conta Matias Dumke, proprietário do Restaurante e Pousada Grün Wald, na região da Estrada Bonita. Depois de re-
chado, o marreco recebe uma camada de manteiga para dourar e vai ao forno a lenha por três horas. À parte, o repolho roxo deve ser picado e temperado com vinagre, sal e açúcar, para quem prefere o sabor agridoce. “É um dos pratos mais procurados, principalmente por turistas do Paraná e de São Paulo”, acrescenta Matias. O cardápio do Grün Wald traz outras opções para quem deseja provar a cozinha alemã, como o eisbein (joelho de porco), que pode ser servido cozido ou assado, acompanhado de salsicha bockwurst, chucrute e batata. Na lista estão ainda o kassler (bisteca defumada), o wurstplatte (salsicha com chucrute) e o schlachtplatte, degustação de vários componentes da culinária germânica. Tudo com sabor caseiro. “Não tínhamos experiência com restaurante, então fizemos como em casa”, conta Mario Dumke, pai de Matias e fundador do Grün Wald ao lado da esposa, Edite. Se os pratos germânicos carregam tradição, os australianos têm sabor de novidade. O Didge Steakhouse Pub foca seu cardápio em carnes nobres com cortes diferenciados. O angus, por exemplo, vem de bovinos
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Almanaque4Delícias étnicas
A gastronomia japonesa é outra recentemente consolidada em Joinville. O sushiman Lourenil Costa é um dos precursores: com experiência em cozinha industrial e pratos sofisticados, ele foi convidado para preparar sushis e sashimis em um restaurante da cidade quando praticamente não havia opções do gênero. Um dos clientes era Anselmo Reynaud, que há três anos convidou Lourenil para, em sociedade, montar o Niu Sushi. “Nos primeiros meses o movimento foi tímido, até porque poucas pessoas conheciam. Mas hoje atraímos até quem anteriormente saía da cidade em busca da cozinha japonesa”, conta Anselmo. No total, entre comidas e bebidas, são mais de 200 itens no cardápio, com grande variedade de sushis, sashimis, nigiris, hossomakis e temakis, entre outras iguarias. Há ainda quem prefira a inovação e a valorização de produtos da região de Joinville. Foi com esse objetivo que
Rogério Souza
cuja gordura é distribuída de maneira uniforme no tecido muscular, o que dá à carne um sabor único. A referência australiana começa pelo nome, uma referência ao didgeridoo, instrumento musical feito com bambu e bastante comum no países da Oceania. Alguns exemplares decoram o interior da casa, ao lado de outros elementos temáticos como chapéus, chicotes e fotografias de astros do cinema australianos. “A intenção é oferecer alta cozinha com entretenimento”, argumenta o sócio-proprietário Caio Kamradt Yamaguchi. No cardápio, especialidades como as pork ribs (costelinhas de porco assadas), o didge onion (anéis de cebola empanados) e o crocodile steak (bife de jacaré), que sempre atrai degustadores curiosos. “São pratos australianos, mas adaptados ao paladar brasileiro”, completa Caio. O Didge ainda oferece uma carta com 46 rótulos de cerveja, sendo dez importadas da Austrália.
O Niu Sushi oferece mais de 200 itens no cardápio, todos inspirados na culinária oriental o chef Fábio Espinosa inaugurou o D.O.C. Cucina & Co. há um ano, com foco na cozinha contemporânea. “A ideia é mesclar uma série de técnicas em busca de novos sabores, sem usar produtos químicos, para esgotar as possibilidades de cada ingrediente”, explica. O toque joinvilense das receitas está na origem dos ingredientes. A sororoca vem do litoral norte de Santa Catarina, os queijos e a carne de cordeiro são trazidos de Campo Alegre, e a manteiga é fabricada no Rio Bonito, só para ficar em alguns exemplos. “Nossa intenção é valorizar Joinville comprando produtos daqui e de cidades próximas”, argumenta Fábio. Assim, nascem pratos inesperados, como o linguado flambado no Maracujá Joinville, bebida tradicional na cidade. “Queremos mostrar como é possível fazer alta cozinha com coisas nossas”, ressalta o chef, que acredita que a cidade vive hoje um momento de reformulação no mercado de gastronomia. “A inovação na alta cozinha é uma tendência mundial. Por isso quero brigar pelo sucesso da gastronomia de Joinville, mostrar como o nosso alimento não deve nada às grandes casas do país”, conclui.l JOINVILLE É
4Pousada Grün Wald, Rodovia Br - 101, s/n, Pirabeiraba. 4PDigde Steak House, Rua Visconde de Taunay, 368, Via Gastronomica. 4Niu Sushi, Rua Max Colin, 1589, América. 4Doc Cucina, Rua Visconde de Taunay, 146, Centro.
Outras opções 4Brasileira: Água Doce Cachaçaria, rua Visconde de Taunay, 398 / Botequim da Frau, rua Aquidaban, 1164. 4Italiana: Giuseppe, rua Otto Boehm, 604 / L’antipasti, rua Ministro Calógeras, 1385 / Don Brunno, rua Dr. João Colin, 1163 / Cantina Borgonovo, rua rua Duque de Caxias, 124 / Cantina Trento, rua Lindoia, 54 / Veneza Cucina Italiana, rua Saí, 65. 4Mexicana: Quintal Toluca, rua Pernambuco, 241/ Mango Tex Mex, rua Visconde de Taunay, 523. 4Japonesa: Myioshi, rua Visconde de Taunay, 206 / Musashi Sushi Bar, rua Visconde de Taunay, 368. 4Alemã: Gute Küche, rua Eugênio Ernesto Kunde, 1100 / Restaurante Glória, rua 15 de Novembro, 2250. 4Australiana: Albury Bay, rua Pernambuco, 241. 4Espanhola: Madrileño, rua Visconde de Taunay, 420. 4Francesa: Le Jardin Restaurant, rua Visconde de Taunay, 275. 4Chinesa: China In Box, rua Blumenau, 776 / Restaurante China, rua Abdon Batista, 131 / Xangai Chinese, rua Senador Felipe Schmidt / Chinês, rua Mário Lobo, 106.
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A campanha vitoriosa na série C no ano passado deu novo fôlego ao JEC, para alegria de sua torcida
O ano do coelho com o apoio de sua apaixonada torcida, o joinville esporte clube quer seguir fazendo história em 2012 e retomar sua vaga na série a do brasileirão Texto Rosana Rosar Fotos Carlos Júnior
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Almanaque4O ano do coelho
O grito de “é campeão” saiu da garganta dos cerca de 20 mil torcedores que acompanharam a histórica final da série C
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o time à conquista do título da série C no ano passaazer uma boa campanha na série B do do. Foram 16 jogos até a reconquista da vaga na séCampeonato Brasileiro e, se tudo der rie B, perdida em 2004, quando o clube iniciou uma certo, conseguir o acesso para a série A queda livre que parecia irreversível diante de uma em 2013. O planejamento de Márcio Vosérie de derrotas decisivas nos anos posteriores. gelsanger, presidente do Joinville EsporEm sua campanha, o JEC venceu 11 te Clube (JEC), para a competição partidas, empatou outras quatro e nacional deste ano está amparado perdeu apenas uma vez, alcançanpor patrocínios de peso. Depois de do 77% de aproveitamento – o merenovar com a Taipa Securitizadora, lhor resultado entre todos os times em janeiro, o clube oficializou parbrasileiros nos campeonatos nacerias com o banco BMG e com a cionais de 2011. Foi no dia 3 de deEletrobras. Os recursos desses e de zembro, goleando o CRB por quatro outros contratos serão utilizados a zero, sob os olhares apaixonados para reforçar o time com jogadores de cerca de 20 mil torcedores, que o que devem ser contratados gradatime devolveu à torcida o grito de “é tivamente durante o Campeonato campeão”. Catarinense. O JEC estreia na série Para Vogelsanger a conquista da B no final de maio e, se conseguir série C “foi a melhor coisa que poavançar na competição, tem calenderia ter acontecido para o Joinville dário até o fim de novembro. nos últimos dez anos”. O presidenA expectativa otimista da direto- O presidente do clube, Márcio te também acredita que o acesso à ria e da torcida é resultado de uma Vogelsanger: patrocinadores de campanha inesquecível, que levou peso vão garantir novos reforços série B direcionará mais olhares e JOINVILLE É
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Almanaque4O ano do coelho
JOINVILLE ESPORTE CLUBE Data de fundação: 29/01/1976 Estádio: Arena Joinville (20 mil lugares) Principais títulos: Campeão brasileiro da Série C (2011) e 12 vezes campeão catarinense
Entre os 7,6 mil sócios torcedores do JEC, músicos de bandas locais destacam-se por levarem para os palcos o amor incondicional ao clube. No ano passado, Fevereiro da Silva, Os Depira e V.O. (Versão Original) foram algumas das bandas jequeanas que se apresentaram na festa de comemoração do título da série C, na Expoville. A V.O. tocou o rap “Joinville Esporte Clube”, com-
posto por Lucas Vieira em 2009, mas divulgado somente no ano passado, quando o clube subiu para a série B. A Fevereiro da Silva, que já havia vestido a camisa do time no show de lançamento do disco “Posso ser o autor?”, em novembro, voltou a trajar as cores do JEC na festa de dezembro. Segundo o trompetista Hélio de Sousa Júnior, a banda também já havia tocado numa festa na sede da torcida organizada União Tricolor, em 2009. Além disso, os músicos têm um
projeto chamado “Fevereiro da Silva Recebe”, inspirado no futebol, para trazer nomes regionais e nacionais à cidade. Na primeira edição, o cartaz foi uma homenagem a Nardela, o mito da camisa 8. “Eu, Guto e Lucas somos sócios, sempre estamos no estádio e, quando dá, a gente viaja para acompanhar os jogos fora. O Ricardo, Moura e Dedé também torcem, mas não são tão ligados. Como o primeiro trio é mais presente, sempre tem um com a camisa, boné ou outro adereço nos shows”, completa Hélio. l Giu Vicente/Divulgação
investimentos para a região. “Foi excepcional. Tivemos o melhor aproveitamento entre os campeões dos campeonatos brasileiros. E a subida não tem preço. Dá outra visibilidade à cidade”, avalia. Investindo em reforços e na estrutura do Centro de Treinamento do bairro Morro do Meio, ele espera que o time volte a dar orgulho à torcida neste ano. “Estou esperançoso e bastante otimista para fazer uma grande campanha na série B. Se tudo der certo e tivermos sorte, queremos ao menos permanecer na série B e tentar o acesso para a A”, complementa.
A paixão pelo tricolor contagia artistas locais, como a banda Fevereiro da Silva JOINVILLE É
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Almanaque
O professor Mário Hoff visita assiduamente a biblioteca municipal: “Vou lendo um pouco de tudo, conforme meu estado de espírito”
Livros por toda a parte O gosto pelas letras é uma característica do POVO joinvilense, que tem À sua disposição uma ampla rede de bibliotecas e espaços de leitura
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Texto João Batista Fotos Fabrizio Motta
om as portas abertas para o conhecimento, a imaginação e as mais distantes viagens literárias, 14 espaços dedicados às letras oferecem aos joinvilenses acesso a mais de 200 mil livros dos mais diversos tipos e funções. De exemplares técnicos e de referência, de leitura obrigatória para quem é estudante ou pesquisador, até obras
de ficção, para quem deseja abstrair-se do mundo real e criar universos paralelos pela leitura, todos estão disponíveis gratuitamente à comunidade local. A cidade conta ainda com bibliotecas escolares e comunitárias além de projetos alternativos que facilitam o acesso às obras. Os principais locais abertos à comunidade são a Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin (que desde o
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Para que a cidade tenha um transporte coletivo de qualidade muitos joinvilenses se dedicam à segurança, limpeza e manutenção da frota de 350 ônibus. São cerca de 1750 profissionais das empresas operadoras que atuam 24 horas por dia em diversos setores, como os de operação, mecânica e lavação. Gidion e Transtusa parabenizam a todos os joinvilenses que trabalham para construir a história de 161 anos desta grande cidade.
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Almanaque4Livros por toda a parte
Para ler e viajar 4Biblioteca Municipal Rolf
Colin (Rua Anita Garibaldi, 79, Anita Garibaldi) 4Biblioteca Pública Gustavo
Ohde (Rua Olavo Bilac, 520, Pirabeiraba) 4Biblioteca Universitária Alire
Borges Carneiro (Univille - Rua Paulo Malschitzki, 10, Campus Universitário) 4Biblioteca Universitária Udesc
(Rua Paulo Malschitzki, s/n, Campus Universitário) 4Biblioteca Castro Alves (Bom
Jesus/Ielusc – Rua Princesa Isabel, 438, Centro) Maria de Lurdes montou uma biblioteca comunitária com 4 mil livros na garagem de casa
4Biblioteca Visconde de Mauá
(Campus Sociesc Boa Vista) ano passado funciona no Centro de Cultura e Serviços Anita Garibaldi), as unidades ligadas à Fundação Cultural (Casa Museu Fritz Alt, Casa da Cultura, Museu de Artes, Museu de Sambaqui e Arquivo Histórico) e as bibliotecas da Univille, do Bom Jesus/Ielusc e da Udesc, com acervo disponível para consulta não apenas para os universitários. O professor aposentado Mário Hoff, 60, é um dos usuários mais assíduos da Biblioteca Municipal. Pelo menos uma vez por semana ele aparece por lá para devolver livros e emprestar novos exemplares. O cardápio de leitura é bem variado. Vai de geopolítica, história e matemática até romances e poesia. “Vou lendo um pouquinho de tudo, conforme meu estado de espírito”, diz Hoff. O gosto pelos livros começou ainda na infância, com o incentivo dos professores da escola. “Mas acho que o interesse pela leitura já nasceu comigo”, reflete o professor, que integra o
rol de 25.250 utilizadores cadastrados do acervo.
Além das bibliotecas oficiais, são vários os projetos alternativos que pretendem aproximar a comunidade do mundo dos livros. Um exemplo são as Bibliotecas Comunitárias, iniciativas de moradores que funcionam em parceria com a Prefeitura. No bairro Aventureiro, a garagem da casa da professora Maria de Lurdes transformou-se no que chama de Clube de Leitura. O espaço montado há cinco anos abriga cerca de 4 mil volumes, entre livros didáticos, literários, enciclopédias e de literatura infantil. O acervo vem de doações repassadas pela Biblioteca Municipal e atende vizinhos, moradores e alunos da localidade. “É um trabalho gratificante, porque estou passando a minha paixão pelos livros também para outras pessoas”, comenta Maria, que faz todo o trabalho de controle de empréstimos e catalogação.l JOINVILLE É
4Biblioteca Marquês de Olinda
(Campus Sociesc Marquês de Olinda) 4Biblioteca do Sesc (Rua Itaió-
polis, 470, América) 4Biblioteca Alfredo Rusins
(Museu Sambaqui – Rua Dona Francisca, 600, Centro) 4Biblioteca do Arquivo Históri-
co (Av. Hermann August Lepper, 650, Centro) 4Biblioteca da Fundação Ippuj
(Av. Hermann August Lepper, 10, Centro) 4Biblioteca da Casa da Cultura
(Rua Dona Francisca, 800, Centro) 4Biblioteca do Museu Casa Fritz
Alt (Rua Aubé, s/n, Boa Vista) 4Biblioteca Harry Laus (Museu
de Arte de Joinville - Rua 15 de Novembro, 1400, América)
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A rua das Palmeiras (pág. ao lado), a Estação Ferroviária (esq.) e o misterioso “Grande Hotel” são alguns dos lugares retratados na mostra
Joinville de ontem e de hoje usando a técnica da retrofotografia, pesquisadores lançam um novo olhar sobre as mudanças ocorridas em ruas e edifícios históricos da cidade
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Texto Rosana Rosar Fotos Kleber Tobler
preto e branco dos retratos antigos e o colorido das fotos recentes misturam-se em uma única imagem para provocar uma reflexão sobre o patrimônio cultural em Joinville. A preservação das principais características dos imóveis chega a provocar dúvidas em quem observa a retrofotografia. “A imagem da estação é a que tem a representação mais fiel. Teve uma pessoa que viu a exposição e chegou a dizer: ‘até parece uma foto de 1920’”, conta a historiadora Cibele Piva Ferrari, 25 anos, uma das responsáveis pela mostra “Retrofotografia: o passado e o presente juntos, construindo o futuro”. As fotos expostas entre janeiro e fevereiro no Museu Nacional de Imigração e Colonização, no Centro, e na Estação da Memória, no bairro Anita Garibaldi, fazem parte de uma mostra itinerante que vai circular por escolas das redes
pública e privada até o fim do ano, apresentando um panorama das mudanças visuais pelas quais passaram alguns imóveis e ruas da cidade. O passeio cultural começa na Zona Sul, com a imagem de uma construção com a fachada dividida entre dois momentos no tempo: na parte inferior vê-se a Estação Ferroviária de Joinville na década de 1920 e na metade superior a atual Estação da Memória, fotografada em 2011. Depois de observar cada detalhe do prédio, é hora de percorrer as avenidas Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Chegando à rua João Colin, na esquina com a 15 de Novembro, o visitante encontra a construção conhecida apenas como “Grande Hotel”. “De lá não achamos informação nenhuma. Sabemos que era um hotel, mas só existe essa foto como registro no Arquivo Histórico”, detalha Cibele. As imagens nos levam uma quadra adiante, onde a antiga Malharia Arp transforma-se no
JOINVILLE É
Na rua do Príncipe, os automóveis dão lugar aos bondes, carroças e pedestres que compunham o trânsito da cidade no início do século 20 Shopping Cidade das Flores. Para a historiadora, esse é um exemplo de como os imóveis podem ser reaproveitados. “Não precisa tombar e esquecer. Dá para utilizar e preservar”, avalia a mestranda em patrimônio cultural. Seguindo para o Centro histórico, a mostra chega até a residência de Eudoro Batista, filho do influente político Abdon Batista, e em seguida apresenta a imagem da praça Lauro Müller, a praça da Biblioteca Pública. Esta é a imagem preferida de Cibele e também do historiador Kleber Tobler, 29, pesquisador e artista gráfico responsável pela aplicação da técnica nas imagens. “Foi a mais trabalhosa, a que mais demorei para fazer. Ela revela o apagamento histórico dos negros na história de Joinville”, comenta Tobler, que se inspirou no trabalho do russo Sergei Larenkov para compor as retrofotografias.
A IMAGEM seguinte mostra o Palacete Niemeyer, construído pelo comerciante Luiz Niemeyer em 1906, comprado pelo Banco do Brasil nos anos 80 e utilizado atualmente como Polo de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Nesse caso, o edifício foi tombado e continua preservado. Já no Theatro Nicodemus – inaugurado em 1917, posteriormente transformado no Cine Palácio, e hoje sede da Igreja Assembleia de Deus – as mudanças foram bruscas. O antigo Clube Joinville, por sua vez, inaugurado em 1913, na rua do Príncipe, manteve o estilo neoclássico do prédio palco de festas, bailes de carnaval e decisões políticas do início do século 20 e hoje abriga uma loja de confecções. Segundo Tobler, a imagem da rua do Príncipe tem o objetivo de mostrar a transformação de uma das primeiras vias de JoinvilJOINVILLE É
le, que no início do século passado era ocupada apenas por pedestres e bondes. Para encerrar o passeio, os historiadores apresentam a alameda Brustlein (mais conhecida como rua das Palmeiras) na época em que era uma rua aberta. No final do ano os dez painéis expostos – de 50 x 70 centímetros cada – serão doados ao poder público. O projeto, executado com recursos do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), viabilizou a impressão de oito das 12 imagens trabalhadas inicialmente pelos historiadores em cartões postais distribuídos nas escolas. Segundo Cibele, a campanha tem um impacto abragente em todas as faixas etárias. “Qualquer idade pode ser sensibilizada. Hoje, a criança já sabe que não deve usar água demais, não deve jogar lixo na rua, e também é capaz de aprender noções de preservação cultural”, acrescenta. l
A cada dia ajudamos a construir a cidade dos nossos sonhos Joinville, nossa cidade do coração, aqui estamos para lhe render todas as homenagens. Terra abençoada, cheia de gente trabalhadora, símbolo da pujança catarinense. Nós, da Irineu Imóveis, temos muito orgulho de pertencer a esta cidade e de estar na memória do seu povo. Somos a imobiliária mais lembrada de todo o Norte catarinense, vencedora dos principais prêmios de reconhecimento empresarial. Essa distinção faz com que aumente ainda mais a nossa motivação para ajudar mais e mais pessoas a conquistarem o sonho de ter um imóvel próprio com facilidade e segurança. Obrigado, Joinville, por nos permitir participar do seu progresso.
Rua Nove de Março, 337 - Fone: (47) 3481 7777 www.irineuimoveis.com.br
Parabéns, querida Joinville
Às margens da Babitonga com suas 83 ilhas, praias e manguezais preservados, a baía da babitonga está sendo redescoberta pelos joinvilenses
Texto João Batista Fotos Carlos Júnior
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Almanaque4Às margens da Babitonga
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sparramada entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico, Joinville cresceu de costas para a Baía da Babitonga. A economia local prosperou e expandiu-se tendo como principais rotas de escoamento as rodovias, todas do lado “de dentro” da cidade. Em contrapartida, esse movimento favoreceu a preservação de recantos naturais na Joinville do lado “de fora” que ainda hoje são desconhecidos de muitos moradores, mesmo com a urbanização das áreas de mangue. Quem visita locais como a praia da Vigorelli, a Lagoa do Saguaçu e o Morro do Amaral – ou ainda uma das 83 ilhas que integram o arquipélago da baía – depara-se com belas paisagens, marcadas pela presença de pescadores artesanais e vastos manguezais com uma diversificada fauna marinha, entre aves, peixes, moluscos e crustáceos. Às margens deste imenso viveiro natural que se estende de Itapoá até Barra do Sul estão pessoas e empresas que trazem das águas a base do seu sustento. A Ilha do Morro do Amaral é sede da mais antiga colônia de pesca da cidade, com mais de 200 anos. Pedro Rosalvo de Amorim Rosa, 46, faz parte da terceira geração de pescadores de uma das dez famílias que fundaram a comunidade, numa época em que o acesso era possível apenas pelo mar. Muitos moradores afirmam que a ilha foi colonizada antes mesmo da fundação de Joinville. Embora seja ainda predominante, a atividade pesqueira já não representa 100% da renda familiar de quem mora e trabalha às margens da baía. Pedro é um exemplo dessa tendência. Apesar de continuar pescando, há oito anos toca a Petisqueira Bela Vista, que acabou tornando-se
De pescador a fabricante de tarrafas, João Cândido tira seu sustento das águas há 52 anos uma atração turística e gastronômica local. O nome do estabelecimento é bem apropriado. Pedro trabalha de frente para a baía, tendo no horizonte os portos de Itapoá e de São Francisco do Sul. “A Baía da Babitonga sempre foi fundamental para a subsistência das pessoas da comunidade. Nossa alimentação básica vinha do que era extraído daqui”, observa. Filho dos primeiros pescadores da região, João Cândido de Oliveira Filho segue a profissão dos pais desde que tinha 12 anos de idade. Água encanada, energia elétrica e transporte coletivo são coisas que ele viu chegar recentemente. Aos 64 anos, “Barbinha” – como é mais conhecido – diz estar “mais na terra do que na água”. Hoje ele trabalha na fabricação de tarrafas, conserto de redes, confecção de remos e balaios. A experiência adquirida em mais de 50 anos de pesca torna-o referência no ofício. “O pessoal faz comigo porque sabe que os outros só tapeiam”, comenta bem humorado. Rodeado pela bela paisagem da baía, Barbinha não pensa em aposentar-se tão cedo. “Vou continuar até as pernas aguentarem”, garante o ex-pescador.l JOINVILLE É
A variedade da fauna da baía pode ser observada de perto em passeios de barco
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Academia ao ar livre o parque da cidade estimula a convivência e oferece diversas opções para a prática de atividades físicas Texto João Batista Foto Fabrizio Motta Nos três primeiros meses de atividades o parque recebeu cerca de 400 mil visitantes, uma média de 30 mil pessoas por semana
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naugurado em novembro de 2011, o primeiro parque ao ar livre de Joinville tem uma estrutura própria para as atividades físicas em meio a brinquedos infantis e espaços de convivência. Em uma área de 42,7 mil m2, o Parque da Cidade oferece quadras esportivas, equipamentos de alongamento para a terceira idade e mais de dois quilômetros de pista para quem gosta de caminhar, correr ou pedalar. Há até uma pista de skate para os mais radicais. Os equipamentos estão espalhados em quatro áreas separadas pelo eixo viário de acesso aos bairros Guanabara, Boa Vista e Bucarein. Reduto mais tranquilo, a área do Bucarein, ao lado da Arena Joinville, é sempre bem movimentada à noite e nos fins de semana. O motorista Relrison Silva, 28, é um dos usuários que batem ponto no local. São pelo menos 90 minutos de exercícios por dia nos equipamentos do parque.
“Nem precisa de academia. O espaço me oferece a possibilidade de fazer exercícios específicos”, conta. A boa forma exibida pela costureira Regina Conceição Martins, 43, é fruto de um hábito mantido desde os 15 anos. Frequentadora de academia, ela conhece bem os benefícios das atividades físicas e comemorou a chegada do parque como lugar para reforçar a rotina de exercícios. “O parque já faz parte da minha rotina. Aproveito bastante para caminhar”, diz Regina, que costuma andar duas horas nos fins de semana, enquanto o filho se diverte na pista de skate. Para a fisioterapeuta Osmarina Borgmann, o local é como uma “academia ao ar livre”. Segundo ela, além dos exercícios em si, as possibilidades de socialização e de interação com o ambiente exercem forte impacto sobre o estresse. “São vários estímulos e atividades que beneficiam o corpo e contribuem para a interação das pessoas”, destaca. l JOINVILLE É
conheça as áreas do parque Área 1 (Bucarein): pista de caminhada, bicicletário, academia para terceira idade, quatro quadras de minibasquete, praça de descanso. Área 2 (Guanabara): pista de skate, pista de caminhada, conjunto de 10 escorregadores que forma um caranguejo gigante, duas quadras poliesportivas, quadra de futebol de areia, prédio multiúso com centro de convivência, sanitários, lanchonete, auditório e administração. Área 3 (Sambaqui): ciclovia, mirante, trilha, pista de caminhada, palco cultural, parque infantil, lanchonete e mesas para jogos de tabuleiro. Área 4 (Sambaqui): ciclovia e pista de caminhada.