O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ATRELADO À APRENDIZAGEM E À AUTONOMIA A autonomia está diretamente ligada ao desenvolvimento e relacionada ao aprendizado da criança, na relação com a família, com a escola e com outras crianças, o que, de outra forma, não seria possível de acontecer. Há que se considerar, entretanto, que existem momentos para cada tipo de aprendizagem e, assim, é necessário considerar qual o tipo de aprendizagem que deve ser ensinado, a saber: nem um bebê de quatro meses e nem uma criança de dois anos pode ser ensinada a ler e escrever.
Os processos de aprendizagens são adquiridos e se desenvolvem a partir de um nível de maturidade das funções psíquicas, desencadeando novas funções ainda não estabelecidas no desenvolvimento da criança. Nesse caso, o desenvolvimento é resultado do aprendizado. Ao consolidar-se, esse desenvolvimento que estava em formação passa a exibir um novo nível, que, por sua vez, torna-se a base para a formação de novos conhecimentos para que a aprendizagem aconteça. A partir da aprendizagem, inicia também o desenvolvimento da autonomia, um processo que permite à criança compreender e agir sobre si mesma e sobre o ambiente, formando, assim, a função social e a condição de desenvolvimento até a vida adulta. A autonomia promove na criança, a segurança para realizar tarefas, analisar situações e tomar iniciativas de forma consciente e com confiança. O desenvolvimento da autonomia na infância permite a formação de uma personalidade saudável, possibilitando as condições de resolver conflitos ao longo da vida, além de ajudar no processo de aprendizagem. Algumas famílias costumam fazer tudo para os filhos desde bebês. Tudo, até mesmo encaixar um bloco de brinquedo que ele não está conseguindo e elas nem percebem os prejuízos que essas atitudes podem causar. Quando a família estimula a autonomia da criança, ocorre um salto de desenvolvimento na chamada função executiva, um dos pilares do desenvolvimento cognitivo. Como sabemos, essa função abrange a memória de trabalho, o raciocínio, a capacidade de resolução de problemas e a flexibilidade de tarefas, além da capacidade de planejamento e execução de diversas atividades. Portanto, quanto mais cedo a família e a
escola começarem a estimular a autonomia da criança, melhor será o desenvolvimento. Atos simples, como pegar o lanche na bolsa, lavar as mãos, organizar o material, guardar os brinquedos, auxiliarão na autonomia, porém, se a criança estiver acostumada com seus pais fazendo tudo, outras vezes ficam esperando que outra pessoa faça por ela e não tenta, ocorrerá um atraso no desenvolvimento, o que pode comprometer uma vida inteira da criança. É necessário estar preparado para entender a evolução da criança, incentivando-a realizar tudo que ela já pode fazer sem ajuda. Essa prática resultará no aprendizado e desenvolvimento saudável. Espera-se que toda criança se torne um adulto independente um dia, que saiba tomar decisões e arcar com as consequências de suas escolhas. Para isso, no entanto, o aprendizado precisa começar na infância. Com um pouco de independência, um dos primeiros aprendizados será a capacidade de pensar, mas a falta de estímulo pode gerar insegurança e lentidão no raciocínio, mesmo para as questões mais fáceis. Sendo incentivada a procurar soluções, a criança desenvolve melhor e mais rapidamente a condição de executar tarefas, assim como melhora a interação com outras pessoas, sem a intervenção dos pais. Essa habilidade será necessária, por exemplo, na escola, quando a criança terá que interagir com o professor e com os colegas. Existem algumas tarefas práticas que podem ajudar a criança a se sentir mais independente e a desenvolver a autonomia de forma saudável. O ideal é permitir que o pequeno faça a tarefa completa, começando com uma supervisão mais forte, que vai diminuindo ao longo do tempo, como por exemplo: arrumar a cama; colocar a
mesa; guardar os brinquedos; comer sozinho; escovar os dentes e tomar banho. O processo de autonomia deve ser gradual e observados pelos pais, porque cada idade tem seus limites a serem respeitados. Desse modo, é bom não sobrecarregar a criança e nem esperar que ela faça tarefas das quais ainda não consegue fazer sozinha. No processo de autonomia, a cada idade, as atividades representam as fases de aprendizagem. Aos 3 anos, já podem: guardar os seus brinquedos; se alimentar com talheres sem a ajuda dos pais; separar as roupas sujas e ajudar em pequenas atividades em casa. Nessa fase, é bom que os pais transformem esses afazeres em momentos lúdicos para que a criança se divirta enquanto faz as tarefas. Aos 5 anos, já podem: escovar os dentes sozinha; se trocar; cuidar da higiene após usar o banheiro; andar de bicicleta e praticar um esporte. Aos 7 anos: passear com outros familiares; ir à casa de amigos e dormir na casa dos avós. E, aos 10 anos, podem colaborar com quase todas as tarefas em casa, principalmente cuidar do quarto e higiene pessoal completa sem ajuda. Lembrando que a criança está em fase de aprendizado e que errar faz parte do processo, a forma de falar sobre isso deve ser compreensiva, a fim de não causar desmotivação na continuidade do processo de aprendizagem. A Psicopedagogia defende a prática da autonomia, visto que o desenvolvimento é resultado do aprendizado. Ambos são interligados, ou seja, a aprendizagem é parte integrante ao desenvolvimento, pois, desde o nascimento, o que aprendemos é a base fundamental para o desenvolvimento, conforme o período da vida e determinados pela autonomia de realizar tarefas.
MARLI CABRERA SOARES Psicopedagoga Clínica – ABPp- 13280 CURRÍCULO • • • • • • • •
Mestre em Desenvolvimento Humano e Processos Educativos; Neuropsicopedagoga Clínica; Psicopedagoga Clínica e Institucional - ABPp - 13280; Especialista em Análise do Comportamento Aplicada - ABA; Especialista em Atendimento Educacional Especializado; Especialista em Educação Especial e Inclusão; Especialista em Orientação e Supervisão Escolar; Pedagoga - MEC 5359.
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Revista Saúde | Abril . 2022 | rsaude.com.br
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