REVISTA SAÚDE LONDRINA - EDIÇÃO 38

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Aspectos emocionais da Endometriose Considerada uma ginecopatia que acomete mulheres em idade reprodutiva, a Endometriose caracteriza-se pela presença de tecido endometrial (revestimento da parede uterina) fora desta cavidade, podendo apresentar aderências entre os órgãos. Cada caso é único, mesmo que os sintomas físicos e emocionais se assemelhem. Entre os sintomas gerais pode-se citar fadiga, insônia, mudanças de humor, perda de memória, intensificação da TPM, ciclos irregulares, alterações no funcionamento do sistema digestivo e comprometimento da fertilidade. O sintoma mais comum é a presença de cólicas intensas e dores crônicas – sendo uma das 20 doenças mais dolorosas do mundo – ocasionando limitação à paciente, como diminuição da vida social, menor disposição e produtividade. Quando a dor se manifesta durante a relação sexual (dispareunia), observa-se também prejuízos na vida sexual/afetiva da paciente. O maior obstáculo no tratamento encontra-se no diagnóstico, podendo levar de cinco a dez anos para o mesmo, causando sofrimento às pacientes frente aos julgamentos que sofre nesse período por parte de leigos e mesmo alguns profissionais, que demonstram descaso em relação aos sintomas. Mulheres com endometriose apresentam muitas vezes sintomas depressivos

e de ansiedade, maior taxa de estresse, sensação de impotência, comportamentos de autoexigência, culpabilização e desqualificação. O atendimento qualificado e humanizado multiprofissional, onde a paciente é vista como um todo e dispõe de escuta, favorece bons resultados no tratamento, uma vez que a paciente se sente à vontade para esclarecer dúvidas e expor sua história. O tratamento, por sua vez, objetiva o resgate da qualidade de vida da mulher. A intervenção médica é medicamentosa e cirúrgica (em alguns casos), mas por ser um quadro crônico, exigirá acompanhamento contínuo. É fundamental a orientação sobre o quadro à paciente, a família (em especial ao parceiro) e todos que compõe sua rede de apoio, a fim de diminuir a resistência ao tratamento e aumentar a responsabilização pelo mesmo. A singularidade de cada quadro exige da equipe profissional um olhar cuidadoso ao informar essas mulheres a partir de suas necessidades. A avaliação e intervenção psicológica auxilia na elaboração de medidas efetivas e complementares ao tratamento

ginecológico, a fim de dar voz as suas queixas. A psicoterapia individual e os grupos de apoio e conscientização visam acolher os medos e as angústias das pacientes e servem como instrumento de empoderamento dessas mulheres, auxiliando-as a pensar sobre si mesmas e sobre o seu corpo, podendo ressignificar aspectos de sua história e a desenvolver melhores condições de enfrentamento. É possível levar uma vida normal e com melhora significativa na qualidade de vida com o apoio adequado.

ANA CAROLINA FARIAS SILVA CRP 08/26318 | Psicóloga Clínica CURRÍCULO • Colaboradora no Serviço de Aconselhamento Genético da UEL; • Especialista em Terapia Analítico Comportamental (UNIFIL); • Atendimento Individual, Casal e Família.

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Revista Saúde | Junho . 2021 | rsaude.com.br

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