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Escola Superior de Propaganda e Marketing Graduação em Design | Turma DSG 3A 2020-1

Produção Gráfica Mara Martha Roberto Marketing Estratégico Leonardo Aureliano Módulo Cor e Percepção Paula Csillag Projeto III Marise de Chirico Ergonomia Auresnede Pires e

Matheus Passaro

Projeto Editorial e Projeto Gráfico Anna Victoria Simonian Martins Isabela Alves Lais Fiorentini Tereza Pardini



Olá, tudo bem? Você deve estar se perguntando o que é a mariajoão. Bom, somos uma revista inovadora que nasceu da urgência de debater sobre as questões de gênero além das telas. Estamos em tudo e somos feita para todos. De conversa em conversa, viemos para te abraçar, seja você Maria ou João. Somos uma revista educativa diferente de tudo que você já viu, estamos aqui para tirar todas as suas dúvidas sobre questões de gênero, seja ela de igualdade ou diversidade. Buscamos abordar o gênero, sob a ótica do feminismo e comunidade LGBTQIA+. Vamos te escutar e aprender juntos, acreditamos que trocar experiência nos une e torna o mundo um lugar melhor. Embarque nessa odisseia com a gente e descubra o que os deuses vieram te contar… contranarciso

Tereza

Lais

Isabela

Anna Victoria

em mim eu vejo o outro e outro e outro enfim dezenas


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mensageiros dos deuses

A fotógrafa Sharon McCutcheon, estadunidense nativa de New England, EUA. Fotográfa de temáticas LGBTQIA+, possui um conteúdo vibrante e inclusivo

Ilustradora e artista plástica, Kika Klat de Berlim, possui um traçado único, abusando das cores e contrastes, em suas obras abordam de diversas temáticas

Gloria Pires, é atriz e nossa colunista convidada, iremos conversar sobre educação e inclusão, um papo cabeça com uma das mãe mais queridas do Brasil

Bruno Branquinho, é psiquiatra e colunista da mariajoão! Dissertará sobre temas a respeito do mundo LGBTQIA+ e da relacão entre pais e filhos

Xan Ravelli é influenciadora, apresentadora e nossa colunista, toda edicão ela irá trazer um pouco de suas experiências sobre tema sociais e muito necessários, assim como ela

vam n e s os sa?


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dia nacional da visibilidade trans

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meninos dançam

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gênero e orientação sexual

carta aos pais de um filho gay

12 fiquem atenados 16 papos (Eros)ticos 18 a curiosidade matou Pandora 28 para além de Afrodite 32 ágora vem aí 40 Hera uma vez

feminismo: a luta por igualdade

educação sexual salva vidas

46 a lista de Apolo 54 Hermes mandou avisar 56 dionisidades 60 com amor, Anteros 68 eclésia a dois 80 assinado por Clíope


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fiquem atenados

PRECISAMOS FALAR DE EDUCAÇÃO SEXUAL

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NeONBRAND

Educação sexual: A escola trata com de papéis masculinos e femininos. A seguir, uma discussão sobre sexo, sexualidade e gênero

Romeo Clarke, tem 5 anos e adora usar vestidos para as atividades do dia a dia. Ele virou notícia em maio do ano passado, quando o projeto de atividade extracurricular de sua cidade (Rugby, no Reino Unido), considerou as roupas impróprias. E afastou o menino até que decidisse – palavras da instituição – “se vestir de acordo com seu gênero”. Situações em que crianças e jovens que descumprem as regras socialmente aceitas sobre ser homem ou mulher fazem parte da rotina escolar. Ironicamente, quem tem ensinado a escola a agir no respeito à diversidade são os próprios estudantes. Precisamos falar sobre sexo, sexualidade e, sobretudo, gênero. Três ideias, três conceitos Vale desfazer a confusão entre esses conceitos. O sexo é biológico. Nascemos machos ou fêmeas. Já a sexualidade está relacionada às pessoas por quem nos sentimos atraídos. E o gênero está ligado a características atribuidas socialmente a cada sexo. Ele diz respeito ao que se atribui como características típicas dos sexos masculino e feminino. É surpreendente notar como determinados comportamentos são mais aceitos em uma fase da história e reprimidos na seguinte. Na Grécia antiga,


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Sharon McCutcheon

É preciso apoiar alunos que busquem educadores para discutir sexualidade

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era comum os relacionamentos com Papel da escola no combate à pessoas de ambos os sexos. Já na homofobia, machismo e rótulos Idade Média, esse comportamento A instituição deve ser um lugar em era punido com a fogueira. Hoje, o que todos os alunos se sintam acosofrimento assume a forma de pia- lhidos. Para que isso aconteça, é das, agressões e exclusão. importante que a sexualidade seja Você deve estar se perguntando discutida, mostrando que não há onde a escola entra nessa discussão. uma única maneira possível de exPara que ela respeite a diversidade, plorá-la. Também é preciso apoiar as formações de professores preci- alunos que busquem os educadores sam abordar o assunto. É o melhor para discutir sua sexualidade. Nas caminho para disseminar o que as regras de convivência e nas ações pesquisas já descobriram sobre a de gestores e professores, deve estar construção dos gêneros e sua relação claro que situações de homofobia e piadinhas não são toleráveis. com o sexo e a sexualidade. Mesmo em casos de crianças peÉ preciso deixar de naturalizar quenas, em que não há relação entre o machismo e o assédio contra as o comportamento da criança e sua mulheres. Meninos devem respeitar sexualidade, o comum é convocar os o corpo da mulher. Cantadas despais para uma conversa sobre o su- respeitosas e situações de assédio posto problema e encontrar manei- podem ser comuns, mas não são ras de “corrigi-lo”. É papel da escola aceitáveis. Não se deve, ainda, usar agir com profissionalismo. O que, critérios diferentes para o comportanesse caso, significa tratar o tema mento de meninos e meninas, como com naturalidade e não reportá-lo se apenas garotos demonstrassem aos pais. Se há algum problema, é interesse sexual e indisciplina. Outro com os olhos de quem vê. tema da pauta é a responsabilização


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da vítima. É comum escutar questões como: “Você não provocou?” e “Como você estava vestida?”. Atitudes e roupas, quaisquer que sejam, não justificam ataques. Assédio e atos violentos são culpa do agressor. Indagar desde a Educação Infantil as normas e os padrões associados a cada um dos gêneros é um passo inicial. A definição do que é roupa de menina e o que é roupa de menino também é feita por convenções que variam de acordo com a cultura e o local. Assim, não há porque proibir que um menino vista saia, se ela fizer parte do uniforme definido pela instituição. Se o uso causar comoção na escola, a situação pode ser utilizada para debater como se construíram as regras que diferenciam homens e mulheres. É preciso deixar de naturalizar o machismo e o assédio contra as mulheres. Meninos devem respeitar o corpo da mulher. Cantadas desrespeitosas e situações de assédio podem ser comuns, mas não são aceitáveis. Não se deve, ainda, usar.

Markus Spiske

Devemos indagar desde a infancia as normas e os padrões de gênero


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papos (Eros)ticos

PAPO DE SEXO COM ADOLESCENTES

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kika klat

Vamos conversar sobre educação sexual e o “papo” que devemos ter com os adolescentes!

A educação sexual para adolescentes é uma ferramenta de orientação e autoconhecimento, que através do diálogo, leva os jovens a refletirem e elaborarem sentimentos sobre conhecimentos e comportamentos relacionados à sexualidade. A reflexão sobre a vivência da sexualidade na adolescência estabelece uma relação entre explorar a sexualidade com saúde, com o próprio corpo e sua autoestima. A educação sexual para adolescentes propicia um entendimento, livre de preconceitos, capaz de elucidar dúvidas sobre o corpo, formas de obter prazer, riscos de alguns comportamentos, objetivando promover a saúde e a exploração da sexualidade de maneira responsável. A adolescência é a fase do desenvolvimento que marca a transição entre a infância e a vida adulta e por isso se destaca como uma fase de grandes mudanças, dentre as quais, o amadurecimento sexual reprodutivo. A educação sexual para adolescentes induz a reflexão e elaboração de sentimentos, comportamentos e conhecimentos compartilhados face à sexualidade, levando em consideração suas angústias e inseguranças relacionadas ao tema, e concentrando-se em dialogar sobre os aspectos afetivos envolvidos na vivência da sexualidade.


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kika klat

e meninos no urologista, já que os médicos podem estabelecer um diálogo num ambiente propicio para desenvolver a educação sexual destes jovens cheios de dúvidas. Há casos de adolescentes tímidos que não querem ter uma conversa sobre educação sexual com os pais. Para estes casos, é possível estabelecer um diálogo através de entretenimento, como a indicação de livros, filmes e documentários que abordam a sexualidade como tema central, ou mesmo material mais didático como livros de educação sexual. Na atualidade a internet se transformou no grande guia dos jovens, mas sabemos que muitas informações não possuem fontes seguras para orientá-los sobre sexualidade e educação sexual. Toda troca de informações deve ser feita livre de constrangimentos, uma vez a conversa será conduzida de forma simples, de acordo com a idade e necessidade de exploração do tema. Um recurso extremamente.

No Brasil, apenas 25% dos pais falam sobre sexo com os seus filhos

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Quando falamos de educação sexual para adolescentes pensamos logo na explosão de hormônios que expõe os adolescentes aos riscos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a gravidez precoce, não planejada. Os pais de adolescentes devem estabelecer um diálogo bem claro e objetivo, que ofereça a oportunidade de discutir angústias e inseguranças relacionadas a sexualidade. Vale ressaltar que a sexualidade é inerente ao ser humano e influenciada por fatores externos como relações sociais e elementos culturais. Sabemos que educar para a sexualidade é uma tarefa difícil, pois ela é intrínseca e privada a cada um. Toda troca de informações deve ser feita livre de constrangimentos, uma vez a conversa será conduzida de forma simples, de acordo com a idade e necessidade de exploração do tema. Um recurso extremamente importante é levar os adolescentes ao médico, meninas no ginecologista


a curiosidade matou Pandora

OS TERMOS USADOS PELO MOVIMENTO LGBTQ+

K2rte

Você sabe qual diferença entre gênero, sexo e sexualidade? Entenda com o nosso guia

O início do movimento LGBT contemporâneo se deu a partir dos anos 60. Mas, desde então, diversos termos nasceram ou mudaram para tornar o movimento mais representativo. Ainda que alguns termos estejam em constante revisão, os debates sobre gênero e sexualidade acontecem diariamente. Além disso, entender as palavras que fazem parte dessa discussão ajuda a avançar seus conhecimentos sobre a causa.

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LGBTQ+: um dos termos usados para se referir a todo o movimento de pessoas que contestam as formas naturalizadas de gênero e sexo. Em ordem, significa: lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers e o símbolo de “+” representa toda e qualquer outra manifestação de gênero que não está delimitada. As diversas variações têm como especificar o grupo da qual está se falando. Sexo biológico: é designado por características fisiológicas de machos e fêmeas, como no caso de outros animais. Incluem cromossomos, genitália, composição hormonal etc. Em alguns casos (mais comuns do que imaginamos), o filhote ou bebê tem características de ambos os sexos e, em alguns casos, essa ambiguidade é classificada portanto como intersexualidade.


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Mara Drozdova

O movimento LGBTQ+ moderno se deu a partir dos anos 60, por isso é necessário entender seus termos e discussões

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Gênero: é determinado por constru- definidas entre “homossexualidade” ções sociais moldadas ao longo dos (pessoa que só sente atração pelo anos sobre o que se espera do com- mesmo sexo), “heterossexualidade” portamento de uma pessoa a partir (pessoa que sente atração pelo sexo do seu sexo biológico. Esse conceito oposto), “bissexualidade” (pessoa de distância das determinações bi- que sente atração pelos dois sexos) nárias da Biologia e, muitas vezes, e “assexualidade” (pessoas que não está relacionado ao julgamento do sentem atração sexual ou não têm constitui a “feminilidade” e a “mas- interesse na atividade sexual). culinidade”. Por exemplo: quando dizem que a agressividade é parte Cisgênero: uma pessoa cujo sexo constituinte do ser masculino ou o biológico e anatomia estão alinhados cuidado com a cria, constituinte do com sua identidade de gênero. Por ser feminino. exemplo: uma mulher que nasceu com o sexo biológico feminino e se Identidade de gênero: é o gênero identifica como mulher é cisgênera. com o qual uma pessoa se identifica. Essa identidade pode ou não Transgênero: esse termo é usado estar em consonância com o sexo como oposto ao conceito de cisgebiológico, os órgãos genitais. Está neridade. São pessoas trans aquerelacionada a como a pessoa se vê e las que não se identificam com o como se percebe no mundo. sexo biológico com que nasceram. De modo geral, elas transgredem Orientação sexual: refere-se à sexua- e transcendem os padrões sociais. lidade de uma pessoa, ou seja, por qual sexo alguém se sente atraído. Drag queen: homem que se “monta” Essas orientações são comumente com roupas, acessórios, maquiagem,


Kristen Ulve

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partir de características do sexo oposto para performances artísticas. A drag não está associada a uma identidade de gênero ou orientação sexual, ela é usada apenas como forma de expressar, ou seja, uma arte. A drag queen Pabllo Vittar e Gloria Groove são nomes populares atualmente na cultura brasileira. Apesar de não serem tão comuns, também existem os “Drag Kings”, mulheres que produzem como homens.

como outras formas de expressão e identificação são marginalizadas ou perseguidas por normas institucionais, políticas ou crenças religiosas. Gay: homens que sentem atração por homens. Lésbica: mulher que sente atração por mulheres. Bissexual: pessoa que sente atração por ambos os sexos não necessariamente ao mesmo tempo.

Agênero: pessoa que tem identidade de gênero neutra ou não se identifica com nenhuma identidade de gênero. Pansexual: pessoas que sente atração por outras pessoas independenteNão-binário: essa identidade de gê- mente do sexo, do gênero e de como nero é usada quando uma pessoa se apresentam para o mundo. acredita que sua expressão de gênero não se limita às definições binárias Intersexual: pessoas que, naturalde “masculino” e “feminino. mente (sem intervenção médica), têm características sexuais consideHeteronormatividade: O termo é radas masculinas e femininas. usado para apontar a norma socialmente imposta sobre gênero e orien- Assexual: pessoas que não sentem tação sexual. Ele descreve a forma desejo sexual.


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MENINOS

DANÇAM Famílias de pequenos bailarinos apaixonados pela dança contam como superaram as barreiras dos estereótipos de gêneros texto Juliana Malacarne foto Cottonbro


O balé traz benefícios físicos e emocionais às crianças e, é claro, isso não tem NADA a ver com o gênero. Melhora a postura, desenvolve os músculos, aprimora a agilidade, a flexibilidade e a coordenação motora e estimula a disciplina e a persistência. De acordo com um estudo da Universidade das Artes de Helsinque, na Finlândia, dançar junto com os colegas ajuda também a construir a confiança dos pequenos, reduz os preconceitos em relação à expressividade corporal, tem efeito positivo na interação social, no espírito de grupo, no senso de empatia e reduz o medo de se apresentar. Por que então ainda existem tantos meninos que, apesar de quererem, não tem oportunidade de experimentar esse tipo de arte? Para as mães de dois pequenos bailarinos a resposta está em estereótipos de gênero e preconceitos que partem principalmente dos adultos. Elas contam as barreiras que precisaram enfrentar para que os filhos apaixonados pela dança clássica pudessem fazer o que gostam:

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Fernanda Librais conta:

“O Nicolas sempre teve interesse por dança. Desde muito pequenininho, ficava dançando em casa, fazendo posturas de ioga e de contorcionismo! Preocupados com a segurança na execução dos movimentos, meu marido Kleverson e eu, decidimos, quando ele completou 4 anos, levá-lo para uma escola de dança, onde ele pudesse ser orientado e supervisionado por profissionais.

Ele ficou ainda mais apaixonado pelo processo de aprendizagem, fez novos amigos, melhorou coordenação motora, memorização, condicionamento físico, aprendeu a ter foco, disciplina, e não teve mais crise de asma após a prática regular dessa atividade física. Realmente só identificamos efeitos positivos! Agora, fora da escola de dança, ouvimos comentários maldosos até de familiares por ele fazer balé. Pais dos colegas do Nicolas também chegaram a dizer a ele que isso não era atividade de menino e que ele se daria melhor no futebol, lutas, hipismo... Mas nunca balé! As crianças acabaram reproduzindo o mesmo comportamento dos pais e já fizeram comentários como ‘Mas balé é coisa de menina’. Apesar disso, nunca nos deixamos abater e nem deixamos de apoiá-lo. Sempre defendi a prática da dança também para os meninos, em todos os lugares por onde passei, tentando mostrar que ela é para todos. A arte não tem gênero e nem cor, pois arte é poesia, amor! O Nicolas lida bem até com os comentários maldosos. Ele tem paciência para explicar, para quem quer que seja, adulto ou criança, que dança não é só para meninas e que todos podem fazer o que gostam. Meninas podem jogar futebol e meninos podem dançar. E ainda completa dizendo que não podemos ligar para pessoas preconceituosas. Admiro demais a determinação e o esforço do meu filho em se manter firme no que ele realmente


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Nunca nos deixamos abater e nem deixamos de sempre apoiá-lo Lorrana Silva conta:

“Minha família sempre gostou muito de música e dança, embora não tenha nenhum artista na família (ainda). Meu filho Lorran tem uma tia da idade dele e os dois foram criados juntos, como irmãos. Quando ele descobriu que ela tinha se inscrito no balé, perguntou: ‘E eu mamãe, também vou fazer aulas de ballet?’. Na hora foi um susto porque eu não esperava. Conversei com ele e expliquei que não era brincadeira, que as aulas eram um compromisso, mesmo assim ele quis entrar, aos 6 anos, e está até hoje. Desde bebê, ele gosta de dançar, de música e de instrumentos musicais. O Lorran sempre foi uma criança interessada em tudo que faz. O início das aulas de balé foi difícil porque não tinha nenhum menino na turma dele, mas ele acabou se acostumando e cada dia que passava ficava mais interessado e amando as aulas. Ele aprendeu a ter mais disciplina, a cumprir regras, a se comportar melhor com as pessoas e o desenvolvimento físico melhorou bastante. A vida de um bailarino requer regras rígidas, então até a nossa rotina teve que mudar para seguir com as atividades dele. Nossa alimentação ficou mais balanceada e é regra de ouro aqui em casa o sono de no mínimo 8 horas por noite para que o corpo consiga acompanhar os treinos. Ele recebe muito apoio de todos que o acompanham. Mas infelizmente, passamos por várias situações de preconceitos, inclusive vindo do pai

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Nas academias de dança, a falta da presença masculina ainda é um problema nas aulas


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dele, de quem sou separada. A situação com o pai foi muito ruim porque, querendo ou não, era uma pessoa de quem o Lorran esperava apoio e, em um momento de raiva, ele virou para mim e disse: ‘Você está colocando coisas na cabeça dele, inventando moda e vai fazer o menino virar gay’. Isso me machucou muito e feriu o Lorran também. A escolha nunca foi minha e sim dele. O Lorran ama o que faz e a dança não vai fazer com que ele seja homossexual. A dança não influencia a sexualidade dele. E se for para ser gay, ele será um gay médico, um gay advogado, um gay dentista ou qualquer outra profissão. O Lorran é uma criança que não leva nada na maldade. Em relação ao pai dele, ele ficou bem chateado no começo. Depois entendeu que nem todas as pessoas pensam da mesma forma e a criação que o pai teve não é a mesma que ele tem. Ele entende que cada um tem uma opinião sobre o assunto e cabe a nós respeitá-la. Se o pai pensa assim, é a opinião dele. Nós temos a nossa e o que importa é como Lorran se sente. Já vivemos outras situações de preconceito também em ônibus ao voltar das aulas de balé e até mesmo dentro da própria escola de dança onde ouvimos comentário pejorativos por ele ser menino. Aqui em casa, sempre mantive um diálogo aberto com meus filhos, sobre todos os assuntos. Minha mãe me criou assim e acho isso muito importante, principalmente nos tempos atuais. Sempre expliquei ao Lorran que, em algum

momento, poderia acontecer alguma situação desagradável por ele ser menino e dança balé e, quando aconteceu, ele soube lidar bem com o ocorrido. É triste que a dança ainda seja vista como “coisa de mulher” e associada à homossexualidade. A arte é lugar de meninos e meninas! É lindo de ver os espetáculos e ainda mais lindo estar presente na vida de um bailarino. É difícil e às vezes cansativo, mas gratificante”.

A dança não influencia a sexualidade dele


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Quando o balé surgiu, em meados do século 15, apenas homens podiam dançar


para além de Afrodite

OS FILHOS E AS EXPECTATIVAS DOS PAIS

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Anthony Tran

A situação entre pais e filhos em uma sociedade ainda hostil em relação ao público LGBT+

Não há um manual único orientando e definindo como e quando surgem nas pessoas questões envolvendo as identidades de gênero e a orientação sexual, conceitos que costumam ser confundidos como sinônimos. A única certeza, segundo os especialistas, é que elas se expressam ainda na primeira infância e podem se transformar e se tornarem complexas ao longo dos anos, culminando, na maioria das vezes, na adolescência e na fase adulta. A família ou os responsáveis são fundamentais na jornada, para ajudar a lidar com medos e incertezas. Foi o que ocorreu na casa do bailarino e auxiliar administrativo Gabriel Porto, 21 anos, de Porto Alegre. Autodenominado um homossexual com gênero fluido, ele teve inúmeras dúvidas durante o processo de afirmação de uma identidade de gênero e expressão da sexualidade. Foi a mãe, a dona de casa Carla Rosane Porto, 53, quem o encorajou a falar, quando ele tinha 12 anos. Mesmo admitindo ainda não ser fácil ver o filho usando maquiagens, por exemplo, Carla o apoia nas próprias escolhas para demonstrar que o ama e está ao lado dele. Como aconteceu com a estudante de Relações Públicas Brenda Cruz, 25, também da Capital, as dúvidas começaram na infância e aumentaram


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Denise Chan

de pós-graduação em Educação na faculdade UFRGS na Linha de Pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, ressalta ser impossível definir uma idade para que as escolhas se delineiem ou se revelem. O que os responsáveis têm de fazer, destaca, é acompanhar e entender como se dá o desenvolvimento da criança, em todos os seus aspectos, respeitando-a nos seus modos de ser, nos seus desejos, curiosidades, dúvidas e angústias. — As famílias precisam entender que crianças brincam de qualquer coisa, desde a mais tenra infância. Não há uma “essência” que determine que meninas brincarão “naturalmente” de bonecas ou casinha e que meninos vão preferir carrinhos e bola. A sociedade tenta cercear a liberdade de ambos, determinando como se devem se comportar, do que devem gostar, fazer, falar, pelo simples fato de serem meninos ou meninas. Há uma compreensão equivocada por parte das famílias,

37% das famílias brasileiras não aceitam um filho homossexual

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na pré-adolescência. Quando os pais descobriram que a filha gostava de se relacionar com meninas, o pai brigou com ela, e a mãe, a pedagoga Flávia do Evangelho, recorreu à religião para tentar fazê-la mudar de ideia. Hoje, Brenda quase não tem contato com o pai, que mora em outro Estado, mas é grande amiga da mãe. Para o psicólogo Angelo Brandelli Costa, professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e coordenador do Grupo de Pesquisa Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais da PUCRS, a sociedade ainda avalia de forma negativa as pessoas LGBT+. — Na ausência de políticas públicas amplas de saúde, educação, garantia de direitos e proteção social, cabe também à família o papel de acolher esses jovens, auxiliando na criação de mecanismos de proteção e enfrentamento, uma sociedade que pode ser bastante hostil — aponta. Já com a psicóloga Jane Felipe de Souza, que é professora no programa


Bee Grandinetti

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e das escolas, confundindo identi- o Supremo Tribunal Federal (STF) dades de gênero com identidades concedeu liminar cassando a decisão sexuais, que se evidencia através de que permitia a prática de “reversão um pânico moral expressado pelo sexual”, também conhecida como temor de que os filhos sejam ou se “cura gay”. “tornem” homossexuais. Os pais, diz Jane, precisam sempre se informar corretamente sobre Especialistas reforçam que homossexualidade não é doença e que os conceitos de gênero, sexualidade e o Supremo Tribunal Federal (STF) orientação sexual, evitando preconconcedeu liminar cassando a decisão ceitos e sabendo ouvir, apoiar, amar que permitia a prática de “reversão e proteger: É esta a função principal sexual”, também conhecida como Especialistas reforçam que ho“cura gay”. mossexualidade não é doença e que Os pais, diz Jane, precisam sem- o Supremo Tribunal Federal (STF) pre se informar corretamente sobre concedeu liminar cassando a decisão os conceitos de gênero, sexualidade e que permitia a prática de “reversão orientação sexual, evitando precon- sexual”, também conhecida como ceitos e sabendo ouvir, apoiar, amar e “cura gay”. Os pais, diz Jane, precisam semproteger: É esta a função principadas pre se informar corretamente sobre famílias.e das escolas, confundindo identidades de gênero com identida- os conceitos de gênero, sexualidade e des sexuais, que se evidencia através orientação sexual, evitando preconde um pânico moral expressado pelo ceitos e sabendo ouvir, apoiar, amar e temor de que os filhos sejam ou se proteger: É esta a função principadas “tornem” homossexuais. famílias.e das escolas, confundindo Especialistas reforçam que ho- identidades de gênero com identidamossexualidade não é doença e que des sexuais, que se evidencia através.


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ágora vem aí

BICHA DE ALUGUEL Criado por Airam Castro, o aplicativo oferece serviços de manutenção de reformas em geral. Criado durante a pandemia como meio de auxiliar em sua renda. Airam se encontra em Florianópolis e seu contato é através do whatsapp, linkado na biografia de sua página do Instagram.

bichadealuguel

HAIR PERUCAS BRASIL Criado por Augusto Lima, em Boa Viagem, Ceará. Com 17 anos decidiu se desprender do seu medo de arriscar e criou o site de vendas exclusivo de perucas. Hoje a marca tem escritório em Mogi das Cruzes e vende para todos os lugares do mundo. O site ganhou destague no segmento e as influênciadoras como Pablo Vittar e Giovanna Ewbank passaram a entrar em contato para parcerias. Hoje em dia vende em certa de 80 a 90 perucas por mês.

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hairperucasbrasil


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COLETIVO DE DOIS Marca de roupa paulista, fundada por Hugo Mor e Daniel Barranco em 2014, logo depois que começaram a engajar no relacionamento. Localizada na rua Augusta em São Paulo, a marca autoral é conhecida por suas modelagens amplas com muita cor e estampa. Sua proximidade com o público LGBT ocorre de forma muito natural.

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Fundada pela Duda, uma mulher trans, a Mina é uma marca de posicionamento, informação e reinvidicação por direitos, representatividade e liberdade da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Seus produtos são nomeados em homenagem à mulheres trans históricas e abordam muito do assunto em seu Instagram. Seus produtos vão desde colares, brincos, peças de roupa e acessórios para o cabelo.

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MINA



DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE

TRANS A Mariajoão realizou uma entrevista com Jacque Cortês, para falar sobre os tabus da sexualidade e a importância de serviços de saúde que inclua a comunidade transexual entrevistada Jacque Cortês texto Julianna Motter


A sexualidade não é uma coisa que se escolhe, se sente Com uma trajetória marcada pela luta pela inclusão e pelo respeito à diversidade, Jacqueline Côrtes é uma das ativistas mais reconhecidas no Brasil no trabalho por políticas públicas para a população LGBT. Mulher trans e que vive com o HIV há mais de duas décadas. Para marcar o Dia Nacional da Visibilidade Trans – 29 de janeiro – nós realizamos uma entrevista onde ela fala sobre os tabus da sexualidade, segurança, cidadania e a importância de serviços de saúde sexual e reprodutiva que incluam travestis e transexuais.

O tabu em relação ao debate sobre a sexualidade de pessoas trans ainda existe na sociedade? A sexualidade humana ainda é um tabu. Nas famílias, a sexualidade não é abordada. E quando é, acaba sendo com muita dificuldade. No decorrer do tempo, o assunto sexualidade é cada vez mais discutido, existe mais produção de conhecimentos sobre os vários fatores que formam a sexualidade humana. Mas falar sobre esse assunto continua sendo um grande tabu. Se a sexualidade é um tabu para a sociedade inteira, você imagina para a questão da transexualidade e da transgeneridade.

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Por que você acha que existe essa dificuldade? Existe uma dificuldade, devido ao grande preconceito em entender que a sexualidade humana é individual, inclusive para as pessoas trans.

Em 2020, foram 175 travestis e mulheres transexuais assassinadas. A alta é de 41% em relação a 2019


Maio | 2021 Como o ambiente familiar e a escola influenciam esse tabu? Muitos pais acham que falar sobre sexualidade humana com seus filhos é incentivá-los a fazer sexo. Isso é um grande engano. Sexualidade humana não necessariamente é sobre sexo, porque sexo, relação sexual, é uma parte da sexualidade humana. A sexualidade é muito mais ampla do que propriamente o ato sexual. Essa conversa deveria acontecer primeiro com a família e o segundo lugar deveria ser a escola.

Justamente para poder promover reflexões sobre sexualidade humana que não são promovidas dentro do seio familiar. A escola deveria ser o lugar onde as crianças e os adolescentes pudessem conversar sobre sexualidade humana de uma maneira mais natural.

Qual a importância de discutir sobre saúde sexual e reprodutiva adequada para a população trans? É fundamental. Especificamente, para orientar as pessoas trans sobre suas diversas possibilidades. Muitas crescem sem ter acesso aos conhecimentos sobre saúde sexual, por exemplo, sobre como se prevenir de uma IST. Se o acesso à saúde sexual e reprodutiva for mais constante, universalizado, e humanizado, você tende a incluir as pessoas trans nos serviços de saúde. Então a gente está falando de uma palavra-chave que se chama inclusão. A sexualidade não é uma coisa que se escolhe, se sente. A criança nasce com um determinado sexo biológico, genital. Mas pode acontecer de um menino começar a crescer e se entender menina. Ninguém ensinou isso para ela e ninguém nunca vai ensinar, por que é uma coisa que vem dela. E aí ela vai crescer dizendo “eu não sou menino, eu sou menina. Sinto assim, penso assim, vivo assim, me reconheço assim”. Até o momento da vida dela em que ela vai buscar uma transição para que o corpo dela fique alinhado, compatível com aquilo que ela se identifica.

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A sexualidade não é uma coisa que se escolhe, se sente. A criança nasce com um determinado sexo biológico, genital. Mas pode acontecer de um menino começar a crescer e se entender menina. Ninguém ensinou isso para ela e ninguém nunca vai ensinar, por que é uma coisa que vem dela. E aí ela vai crescer dizendo “eu não sou menino, eu sou menina. Sinto assim, penso assim, vivo assim, me reconheço assim”. Até o momento da vida dela em que ela vai buscar uma transição para que o corpo dela fique alinhado, compatível com aquilo que ela se identifica. Discutir sexualidade humana é muito mais amplo. Discutir sexualidade humana não é se expor. Então, continua sendo um tabu justamente pelas culturas, pela cisheteronormativação, pela questão de gênero. Isso melhorou muito, claro, com a evolução do planeta, dos conhecimentos, mas ainda assim é um tabu.


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E de que forma os profissionais de saúde e podem trabalhar para essa inclusão?

Também é a mudança de mentalidade, é a inclusão, é a visibilização da população, a não violência. É mostrar pessoas trans na escola dando aula, em Não temos hoje conhecimento adquirido cientifi- uma empresa, em um tribunal como juiz ou juíza, camente a ponto de já poder normatizar condutas e não simplesmente mostrar travestis e transexuais e procedimentos médicos, clínicos e ambulatoriais. fazendo ponto no meio da rua como prostitutas, Você não tem uma literatura específica, porque a porque é isso que a sociedade entende. própria medicina está aprendendo com a popuAproximadamente 90% de travestis e mulheres lação. Há uma diversidade que tem acontecido trans que vivem do sexo profissional, relatam e ninguém pode frear. Então conversar com as que preferiam ter uma outra atividade, que não pessoas trans, dialogar com elas, é fundamental. fosse tão violenta, que pudessem ter estabilidade. Porque não adianta você ter uma clínica, uma Pessoas trans precisam de oportunidades de traUBS toda cheia de aparatos, aparelhada, com balho e educação, de poder estudar para ter um uma equipe extremamente profissional, mas onde trabalho mais digno. chega uma travesti e a pessoa é chamada de “SeEntão para você ter um trabalho melhor renhor João”. Acabou ali, a pessoa não volta nunca munerado você precisa de estudo, e para você mais naquele lugar, porque não é “Senhor João”, é ter estudo você precisa ter acesso à escola. E aí “Senhora Maria”. Então a primeira coisa é inclusão, entra a palavrinha: inclusão. Para você ter acesso e a primeira coisa que se pensa em inclusão é o à escola, a escola tem que ser inclusiva. Quando nome social. Mas o que tem a ver o nome social eu falo de um ambiente mais inclusivo, eu falo com saúde? Tudo. Tem a ver com saúde mental. de ambiente amigável. E a primeira coisa para ser Se a sua existência é negada e de imediato, que inclusivo é respeitar a pessoa como ela é. Então saúde que você vai ter? Que busca você vai ter? para você ter um trabalho melhor remunerado você precisa de estudo, e para você ter estudo Qual você acha que é a pauta mais você precisa ter acesso à escola. E aí entra a palavrinha: inclusão. Para você ter acesso à escola, urgente para a população trans a escola tem que ser inclusiva. Quando eu falo brasileira? de um ambiente inclusivo, eu falo de ambiente Eu diria que a pauta mais urgente da população amigável. E a primeira coisa para ser inclusivo é trans é poder existir sem que a sua existência seja respeitar a pessoa como ela é. meira coisa para uma ameaça ao mundo e, consequentemente, ela ser inclusivo é respeitar a pessoa. seja alvo de ódio e de crimes. A segunda pauta


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O Brasil é o pais que mais mata transexuais no mundo


Hera uma vez

HISTÓRIAS DE AMOR E ACEITAÇÃO

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Três mães contam que a descoberta da transexualidade nem sempre é fácil e dão conselho unânime: acolhimento

Entre medos, expectativas, erros e acertos, três mães narram aqui o processo de descoberta, os diálogos e o que mudou – ou não – na relação entre elas e seus filhos transexuais. São mulheres que nunca deixaram de acolher aqueles que amaram desde sempre. Que provam no cotidiano a premissa do amor incondicional. Isso não significa que o processo de aceitação tenha sido fácil. Na maioria dos casos, foi o oposto disso. Para as mães de transexuais, a apreensão existe pelo simples fato de os filhos serem quem são. Medo de agressões na rua, da repressão na escola e da rejeição da própria família. Problemas que enfrentam com coragem e orgulho. Em comum, são relatos de aprendizagem. Elas contam o que os filhos ensinaram sobre transexualidade, disforia de gênero, redesignação sexual e outras palavras complexas. Mas o conselho que dão para quem está passando por este momento de descoberta é simples e unânime: aceitação e amor. Mais nada. Gretchen Miranda, mãe de Thammy, de 36 anos: “O começo foi difícil, como é para todos os pais. O processo de descoberta foi complicado, principalmente para uma mãe que conviveu com uma


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incondicional que você tinha pelo bebê ainda na sua barriga. O que eu digo para as mães que estejam passando pela mesma situação é: não demorem! Não demorem para perceber e, depois disso, chamem o filho ou a filha para conversar. Sejam sinceros e sejam abertos, por mais dolorido que possa ser. É mais difícil chegar para um filho viciado e dizer ‘Eu sei que você se droga’ do que ‘Eu sei que você é homossexual, eu vou ajudar, não quero que você passe por discriminações nem por preconceitos. Estou do seu lado para o que der e vier’. Eu sou muito feliz com o meu filho trans. Considero um presente.” Érika de Souza, mãe de Vinícius e Victor,de 19 anos: “Quando tinha 16 anos, o Vinícius me contou que era um menino trans. Eu sempre achei que ele fosse uma menina lésbica, mas por mimnão tinha nenhum problema. Nós sempre conversamos muito sobre sexualidade,

Filhos trans merecem aceitação, respeito e amor

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menina extremamente sensual como o Thammy foi. Mas se tornou um aprendizado conjunto, porque ela também não sabia como lidar com aquilo que estava acontecendo e o que fazer com o sentimento de se sentir atraída por outras mulheres. Hoje, eu tenho um filho com a força e a determinação de um menino, e a delicadeza e sensibilidade de uma menina. O grande problema entre nós foi mais o que não conversamos. Ela não me contou, fui eu que descobri. Sempre que eu perguntava, ela negava e dizia que era coisa da minha cabeça, que eu estava inventando. Então, o que me machucou mais foi a omissão, porque eu, com minha experiência de mãe, já sabia que algo estava acontecendo. Qualquer pessoa LGBTQI+ precisa, em primeiro lugar, do carinho de mãe. Aquele carinho que você sentiu desde o primeiro momento da gestação, antes de saber se era um menino ou menina. É esse amor


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mas me imaginar como mãe de uma não tem o conhecimento. Ele é o pessoa trans era algo que nunca pas- mesmo filho que corria para mim sou pela minha cabeça. Quando ele e eu protegia. Nada mudou, exceto me disse, à mesa do jantar, que tinha que agora ele tem a oportunidade de contar uma coisa… Eu sabia que de ser quem realmente é. era algo sério. Um ano depois, o irmão dele se O Vinícius, uma vez me disse: sentiu seguro e disse que também ‘Existe um grupo, o Mães Pela Di- era trans. Algumas mães relatam que versidade, e eu acho que você vai passam por um período de luto, que precisar conhecê-lo, porque eu sou haviam “perdido” a filhinha. Mas eu um menino transexual’. Na hora, a não tive isso. Os pais precisam ter minha cabeça virou uma geleia e eu gentileza e amor no coração. E olhar não entendi o que aquilo queria dizer. para os filhos com esse carinho. São Só respondi: ‘Beleza, tô aqui para o as mesmas pessoas, mas que hoje que você precisar, não mudou nada’. desabrocharam. São mais felizes e Entrei no quarto e chorei por quatro melhores. Aprendo com eles todos dias. Achei que ninguém pudesse me os dias.” entender. A não ser a Gretchen – e Adriana Sampaio, mãe de Victor eu não tinha o telefone dela. Meu filho é um super desbrava- Summers, de 23 anos: dor, por toda a paciência que teve “Eu tive uma formação que acabou comigo. Eu não sabia de nada e ele me auxiliando no processo de desexplicava tudo, me dava os recursos coberta. Nunca nada para mim foi para entender, quantas vezes fosse complexo, incrível ou estranho. Não necessário. Não foi fácil no início, porque eu seja uma supermãe e as mas depois eu descobri que era algo outras sejam horríveis, não mesmo. comum nos seres vivos, a gente que A minha facilidade vem do fato de


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que esse tema é algo naturalizado Eu achei que ele cresceria e se para mim. Quando eu era pequena, assumiria uma menina lésbica, mas morei em um morro do Rio de Ja- eu sabia que não era o meu lugar neiro e convivi com muitas pessoas perguntar isso. Ele me diria quando travestis, transexuais e drag queens. estivesse pronto. Porque às vezes Andávamos todos juntos. E a única nem a pessoa se identifica assim, está maneira de sobrevivermos era um preparada ou tem maturidade para sempre ajudando o outro. Para mim, lidar com isso. Depois, realmente o mundo era aquilo ali, o que me aconteceu. Foi quando ele tinha por foi apresentado desde que eu nasci. volta dos 14 anos. Primeiro, senti Só quando vim para a Bahia que alívio. Imaginei que a sensação de entendi como as coisas não eram inadequação que ele sentia com o sempre assim. corpo, o rosto e o cabelo iria passar. Por aqui, não podia ser gay afe- Mas só piorou. Fomos a um psicólogo. Ele disse minado, travesti só saía de casa à noite. Eu fiquei deprimida demais na que não se tratava de um caso de infância, mas aos poucos me acos- orientação sexual, mas sim de identumei. Aos 24 anos, tive o Victor. tidade de gênero. Aí o alívio finalPercebi que o comportamento dele mente veio. Vi que o Victor poderia não era Percebi que o seu compor- desenvolver seu potencial e parar de tamento não era adequado ao que as se sentir triste. Sou pobre, assalapessoas entendem como ‘de menina’. riada e mãe solteira, mas perguntei: Enquanto ele crescia, houve um pro- ‘E agora? O que a gente faz?’. Victor cesso muito grande de não-identifi- me disse que queria fazer cirurgia cação com a própria imagem. Ora o e tomar hormônios. Respondi que cabelo estava feio, ora o rosto, depois faríamos isso, mesmo que precisasse não gostava do peso… pegar em um empréstimo no banco.



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a lista de Apolo

LAERTELA-SE

TOMBOY

Retrata a trajetória da cartunista e chargista brasileira Laerte, considerada uma das mais proeminentes do gênero no Brasil. Tendo vivido parte de sua vida como homem, ela assumiu sua transexualidade aos 57 e, de lá pra cá, experimenta uma jornada única e pessoal sobre o que é, de fato, ser uma mulher.

Um dia, Laure conhece Lisa (Jeanne Disson) que a confunde com um garoto. Laure aceita a confusão e lhe diz que seu nome é Mickaël. Desse momento em diante ela passa a levar uma vida dupla, escondendo-a dos pais, que não sabem sua identidade.

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Lançamento: 1 de Maio de 2017 Onde encontrar: Netflix Direção: Eliane Brum

Lançamento: 13 de Janeiro de 2012 Onde encontrar: Telecine Play Direção: Céline Sciamma


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BENDITA CURA

VIAGEM SOLITÁRIA

Bendita Cura é uma história em quadrinhos, que retrata o que é ter a vida marcada pelo preconceito familiar e os efeitos de terapias de reversão, que tentam curar algo que simplesmente não é uma doença.

Viagem solitária é um emocionante testemunho de que o ser falante não é de forma alguma natural, no que se refere a sua identidade sexuada. Essa autobiografia é uma importante leitura para quem está disposto à escuta do sujeito, e das questões da identidade sexual.

Lançamento: 2001 Onde encontrar: Amazon Autor: João W. Nery

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Lançamento: Junho de 2018 Onde Onde encontrar: Amazon Autor: Mário César



CARTA AOS PAIS DE UM FILHO GAY Queridos pais, essa carta é para vocês que estão cheios de dúvidas e sentimentos desconhecidos. Eu só peço cinco minutinhos da atenção de vocês texto Ruth Manus fotos Any Lane


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Um dia vi uma amiga da minha mãe chorando de forma tão desesperada que tive certeza que um de seus filhos havia morrido. Meu coração foi à boca. Sabendo que todos estavam vivos, comecei a perguntar-me qual deles teria descoberto que sofria de uma grave doença. Nenhum. O choro da mãe era porque um dos filhos tinha revelado ser homossexual naquela manhã. Eu não vou dizer que vocês, pais de filhos gays, não tenham razão para se preocupar. Têm sim. Todos os pais têm. Preocupar-se é a mais natural das características dos pais. Preocupam-se com a nossa alimentação, com os nossos agasalhos, com nossos estudos e, sobretudo com a forma como as pessoas que povoarão nosso caminho nos tratarão. E, sim, nesse ponto eu entendo a preocupação dos pais de um filho gay. Porque tem muito imbecil por aí. Mas o mais importante é que os primeiros imbecis desse caminho não sejam os próprios pais dessa pessoa. Escrevo esta carta, de coração, aos pais que não sabem bem como agir. Aos que teoricamente aceitam-nos, ou pelo menos pensam aceitar. Escrevo também aos pais que suspeitam ter um filho homossexual e não sabem por onde ir. Escrevo aos bons pais, que se esforçam para apoiá-los e que estão dispostos a fazer o melhor que podem. O fato é que existem muitas léguas de distância entre o ato de aceitar e o ato de acolher. Entre a mera tolerância e a necessária compreensão. Entre o mero olhar sem censura e o tão esperado

abraço que diz “eu te aceito, te acolho, te amo e me orgulho de você, independentemente de qualquer coisa”. Aceitar não é tudo. É só um primeiro passo. Lembro-me bem da madrugada na qual um namorado terminou um relacionamento de 7 anos comigo. Destruída, fechei a porta para ele ir embora pela última vez e corri para o quarto dos meus pais, às 3 da manhã. Eu sabia que não estava sozinha e que a minha dor seria suportada por eles. Eu sabia ter rede. Já um amigo, gay, quando sofreu a mesma dor, foi chorar no banho. Saiu do banho olhando para baixo, fechou-se no quarto, esperando que seus pais – que aceitam sua homossexualidade – não perguntassem nada. Porque eles nem sabiam que ele vivia um relacionamento estável que já durava cerca de 3 anos. A questão é: até quando tantos pais esconderão a poeira debaixo do tapete? “Seja gay, a gente tolera, mas saiba que nunca trataremos isso com naturalidade”. Esse é o discurso que ninguém diz e que segue velado em tantas famílias. É preciso abrir este caminho, mostrar aos seus filhos que vocês se interessam pela vida afetiva deles tanto quanto se interessariam pela de um filho hétero. É preciso sair da zona de conforto, que foca as conversas no trabalho, no dinheiro e nas amenidades, buscando fugir de tudo o que diz respeito à homossexualidade em si. Não tenha medo de perguntar quais são os lugares que ele frequenta. Nem com quem ele vai, nem qual música toca. A vida de um gay não é


Maio | 2021 mais nem menos promíscua que a de um hétero. Não é a orientação sexual que determina se a pessoa vai dormir com uma pessoa a vida inteira ou com 3 na mesma semana. Isso não tem nada a ver com ser gay ou não. Tenho amigos gays super caretas e amigas solteiras super liberais. Ninguém é melhor nem pior por isso. Livrem-se destes dogmas. Participe da vida do seu filho gay. Pergunte sobre seus sonhos. Se ele quer casar, se vai querer festa, se vai querer um buquê, seja ele homem ou mulher. Pergunte se ele sonha com filhos. Se vai querer adotar, se pensa em inseminação ou numa barriga de aluguel. Pergunte se ele gosta daquelas camisas brancas que você compra para ele ou se preferia que elas fossem floridas. Pergunte à sua filha se ela se protege no sexo, ainda que saiba que o tipo de relação que ela mantém não resulta em gravidez. Mostre que você se importa e que o espaço de diálogo entre vocês pode ser cada vez maior. Mostre que você está disposto a abrir mão destes seus “amigos” que ficam escandalizados com a homoafetividade, em respeito a ele. Mostre que este tipo de gente não te interessa mais, porque quem julga que seu filho não é bom o bastante por amar pessoas do mesmo sexo, merece todo o seu desprezo. Faça com que eles percebam que, por você, tudo bem se a Tia Loló ficar chocada com o fato do sobrinho neto ser gay. Tia Loló deu sorte de

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Aceitar a questão continua sendo difícil para muitas famílias


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A aceitação leva tempo, porque o preconceito ainda persiste


Maio | 2021 Acima de tudo, não permitam que a noção de “amor incondicional” torne-se uma farsa na relação de vocês. Mostre ao seu filho todo dia que seu amor por ele é infinitamente maior do que a miséria humana que julga, aponta e condena determinadas formas de amar. Mostre ao seu filho que o mundo pode virar-se contra ele, mas que seus braços serão sempre um lugar seguro onde ele é bem-vindo por ser exatamente quem ele é.

Mostre ao seu filho que seu amor por ele é super maior

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estar viva em 2016 e ela precisa conviver com isso. Mostre ao seu filho que você não está mais preocupado em poupar a Tia Loló, o Tio Tonico, a prima Rosângela e seus trigêmeos, do que em fazer com que ele se sinta bem e livre na festa de família pela primeira vez. Quando a Tia Loló perguntar “como vão as namoradinhas do Rafael?” responda tranquilamente “é namoradinho, Tia Loló, ele se chama Mateus, é engenheiro, um rapaz ótimo.”. Se a Tia Loló engasgar com o amendoim, bata nas costas dela. Mas não bata no ego do seu filho, trancafiando-o num eterno armário de vidro. Você nunca deixou seu filho chorar sozinho quando era criança. Você nunca se envergonhou do nariz escorrendo, nem da roupa suja no fim do dia. Você sempre se orgulhou daquela criança e dizia para quem quisesse ouvir “Sim! É meu filho!”. Por que isso haveria de mudar agora? Quais os olhares que passaram a ser mais importantes do que os olhares de amor dele para você e de você para ele? A quem você confere a legitimidade de julgar o seu filho a ponto de te tornar omisso na vida dele? A quem você se rende para não abraçá-lo da forma mais sincera e entregue? Já é hora, mãe. Já é hora, pai. Acolham seus filhos de forma integral antes que seja tarde demais. Não compactuem com mais choro no banho, mais segredos, mais mentiras. Não abram mão de ouvir histórias boas, histórias alegres, histórias de amor. Nem abram mão da convivência com seus novos genros e noras.


Hermes mandou avisar

XUXA LANÇARÁ LIVRO COM CONTEÚDO LGBT PARA CRIANÇAS

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reprodução xuxamenegheloficial

Além do tema, ela abordará, de forma lúdica, a importância de amar os animais e os valores do veganismo

A rainha dos baixinhos contará a história da pequena Maia, uma menina ‘arco-íris’, que tem duas mães. A proposta é abordar o conteúdo LGBT com as crianças. “Fiz esse livro pensando em tudo o que a gente está passando, tanto preconceito, tanta discriminação, tanta gente julgando as pessoas pelas suas escolhas, condições ou vontades. Aí eu tentei colocar de maneira lúdica, bonita, para que as crianças possam entender que o amor é mais importante do que qualquer coisa”, afirmou Xuxa na live com Otaviano Costa, no UOL. Ainda não foi divulgada data do lançamento do livro, que deve ter o selo da Editora Globo. Nas redes sociais, Xuxa foi alvo de aplausos e críticas pela publicação. “Deixe nossas crianças em paz”, escreveu uma internauta. Outros defenderam a iniciativa: “Se Jesus voltasse agora, ele estaria muito triste com vários daqueles que se dizem cristãos. Viva o amor, tenha ele qualquer forma”. No Instagram, Xuxa decidiu compartilhar um texto enviado ao companheiro, Juno. “Olha que lindo o texto que o Ju recebeu de uma seguidora. Serve bem para a polêmica do livro que escrevi e que ainda nem saiu”, disse. O texto fala sobre a importância de perceber que a culpa pode ser uma verdadeira inimiga


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reprodução xuxamenegheloficial

Daqueles que querem liberdade para viver sua orientação sexual. “Eu acredito na cura gay. Sabe quando ela ocorre? Quando, como vi hoje em um post, o pai pede que o filho dê um beijo no namorado para ele tirar uma foto. Também ocorre quando o neto pergunta para a avó: ‘O que a senhora faria se eu trouxesse meu namorado aqui na sua casa?’ E a avó responde: ‘Café.’ Ou quando alguém pergunta a uma criança: ‘O que você acha de um homem se casar com outro homem ou de uma mulher se casar com outra mulher?’ e a menininha pergunta: ‘ai ter bolo?’”, diz o trecho do texto de Renata Cortezac. Xuxa também comentou que vai apresentar o mundo vegano aos baixinhos. “A importância da criança olhar para o animalzinho e não ser aquela coisa especista ‘eu gosto de cachorro e gato, mas não to nem aí para a vaca, para a galinha ou para o peixinho’, acho que eu vou conseguir chegar onde quero”, concluiu. mas não to nem aí para a vaca, para a

Capa livro “Maya bebê arco íris” de Xuxa Meneghel Xuxa Meneghel em foto para lançamento de seu livro

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daqueles que querem liberdade para viver sua orientação sexual. “Eu acredito na cura gay. Sabe quando ela ocorre? Quando, como vi hoje em um post, o pai pede que o filho dê um beijo no namorado para ele tirar uma foto. Também ocorre quando o neto pergunta para a avó: ‘O que a senhora faria se eu trouxesse meu namorado aqui na sua casa?’ E a avó responde: ‘Café.’ Ou quando alguém pergunta a uma criança: ‘O que você acha de um homem se casar com outro homem ou de uma mulher se casar com outra mulher?’ e a menininha pergunta: ‘ai ter bolo?’”, diz o trecho do texto de Renata Cortezac. Xuxa também comentou que vai apresentar o mundo vegano aos baixinhos. “A importância da criança olhar para o animalzinho e não ser aquela coisa especista ‘eu gosto de cachorro e gato, mas não to nem aí para a vaca, para a galinha ou para o peixinho’, acho que eu vou conseguir chegar onde quero”, concluiu. mas não to nem aí para a vaca, para a


dionisidades

FILHOS TRANSGÊNEROS

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Amber Pithie Renfrey

Entenda mais sobre a transgeneridade com opiniões de uma psicóloga renomada no assunto e confira dicas relacionamento melhor com seus filhos

Quando falamos de gênero muitas dúvidas podem surgir e é comum que alguns termos sejam interpretados de maneira errada. Ao lidar com a transgeneridade dos filhos, por exemplo, muitos pais se sentem despreparados para a situação, na maioria das vezes por pura falta de informação. Mas e você, sabe o que é uma pessoa trans? Uma pessoa trans é quem não se identifica com seu gênero biológico e todos os significados que são atribuídos a esse gênero, tais como: tipos de roupas, cores, atividades e comportamentos que são socialmente construídos e vistos como típicos do gênero feminino ou masculino. Uma pessoa trans é, portanto, uma pessoa que transita de seu gênero biológico para o gênero com o qual se identifica. Quanto à identificação de uma pessoa trans no ramo da saúde mental, existem diversos embates e embora alguns profissionais ainda vejam a situação como uma patologia, muitos outros profissionais da área lutam para acabar com essa concepção preconceituosa e garantir que cada pessoa agencie seu próprio gênero. “Uma identidade decorre do protagonismo de cada pessoa, não decorre de procedimentos cirúrgicos ou adequações a estereótipos e preconceitos”, explica a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus.


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Amber Pithie Renfrey

Negar padrões definido para um gênero, não significa que a criança é uma pessoa trans

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As manifestações de identidade ou adolescente é uma pessoa trans. de gênero podem ocorrer em qual- “Os pais podem saber se seus filhos quer idade. “Desde crianças cresce- agem conforme os comportamentos mos nos reconhecendo ou não nos reconhecidos para este ou aquele padrões culturais valorizados para gênero, e nem por isso podem ser este ou aquele gênero”, comenta Ja- apontadas como crianças trans”, exqueline. Portanto, uma pessoa ainda plica Jaqueline. O reconhecimento na infância pode se identificar com o da transgeneridade ocorre, portanto, gênero biológico e todas as constru- a partir da identificação individual ções sociais impostas a esse, ou então de cada pessoa. se identificar com o gênero oposto. Todos sempre merecem respeito, No entanto, negar padrões esta- essa afirmação deve ser levada em belecidos para um gênero, não sig- conta na convivência com qualquer nifica necessariamente que a criança pessoaos crianças e adolescentes não ou adolescente é uma pessoa trans. conformes a esse apartheid de gê“Todas as pessoas crescem sendo es- nero, elas costumam ser muito retimuladas ou reprimidas a agirem primidas e sofrerem grande estresse”, de acordo com o gênero ao qual são explica a psicóloga. designadas socialmente, e quando No entanto, sabemos que alguns temos crianças e adolescentes não grupos tendem a sofrer preconceitos conformes a esse apartheid de gê- em ambientes sociais e muitas vezes, nero, elas costumam ser muito re- dentro do ambiente familiar. Abaixo, primidas e sofrerem grande estresse”, com a incrível ajuda de Izabela Fourexplica a psicóloga. nier, mulher trans, e da pscicóloga Os sinais podem aparecer, mas Jaqueline, listamos maneiras de concomo havia dito anteriormente, eles viver de maneira respeitosa com os podem não significar que a criança trans. Confira:


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01.Busque criar um ambiente seguro para seu filho dentro de casa; 02.Tenha empatia, coloque-se no lugar dessa pessoa; 03.Nunca reprima a identidade de gênero da criança ou adolescente; 04.Tenha sempre em mente que seu/ sua filho/a não tem problema algum e o que o problema está na maneira com que a sociedade lida com as questões de gênero; 05.Busque informar-se com leituras que permitam aprendizados sobre as questões de gênero; 06.Busque apoio na escola para que a pessoa trans não sofra repressão nesse ambiente; 07.Procure apoio com profissionais da saúde mental bem informados que valorizem diversas formas de vivenciar os gêneros;

08.Faça contato com outros pais que estão na mesma situação, para que aprendam e se fortaleçam juntos; 09.Lembre diariamente ao seu/sua filho/a o quanto ele/a é amado/a por você e pela família. Basta uma busca rápida na internet para constatar que pessoas transgêneras são vítimas de muitos casos de violência motivada pelo preconceito diariamente. Se o seu filho ou filha é uma pessoa trans, lembre-se de que ao menos o espaço familiar deveria ser um ambiente seguro e respeitoso para essa pessoa. Procure informar-se sobre o assunto e garantir ao seu filho ou filha um.



com amor, Anteros

MEU FILHO ME CONTOU QUE ERA TRANS PELO CELULAR

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Leia o depoimento emocionante de Aline Scaff, 41, sobre sua relacão com seu filho trans e sua experiência com o assunto

“Sou policial militar, tenho 41 anos e tenho quatro filhos, de 24, 20, 15 e 11 anos. A segunda me contou que é lésbica quando tinha 15, e agora está dando a maior força para o meu caçula, que acabou de me confessar que se identifica como um menino trans. Quando eu tinha seis anos de idade, no Rio de Janeiro, de onde é minha família, um cabeleireiro gay, amigo da minha mãe, cuidava muito de mim quando ela saía para trabalhar. Então convivo com esse tema LGBTQ+ desde cedo. Nunca tivemos preconceito com nada. Sempre falei para meus filhos que eles podem ser o que quiserem, desde que sejam bons e honestos. Nunca tentei traçar caminhos para eles. São indivíduos que botei no mundo e têm que ter sua própria trajetória. Mesmo assim, quando minha filha contou que era lésbica, ela chorava de alívio, como se já quisesse falar sobre isso havia muito tempo. E, ao perceber que o meu caçula também poderia ser gay, me antecipei antes que ele falasse algo, para que não acontecesse a mesma coisa. O Ravi, meu caçula, tem um grupo de amigos muito bacana, que gosta de ler. E todos vinham na nossa casa jogar xadrez. Uma vez, quando ele ainda se identificava com o gênero feminino, meu marido falou: “Esses meninos ficam muito atrás dela. Daqui a pouco, está namorando”, e


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Jordan Whitt

Entre as mulheres brasileiras, a rejeição a filhos gays caiu para 35%

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eu respondi: “Acho que não”. Eu ti- um beijo e um abraço nele. Ainda nha essa ideia de que ele gostava levei alguma coisa para comer, só de meninas, mas não de que seria para marcar a data e depois virou um uma pessoa trans. Até que um dia assunto comum. A gente não evita. descobri uma cartinha dele se declaTenho um medo diário de que rando para uma amiga. Ela era muito meus os filhos sofram preconceito. fofa. Eu não queria que ele soubesse Quando minha filha, Ana Clara, me que eu tinha visto, porque a gente contou que era lésbica, falei que, se respeita a privacidade um do outro. pudesse, a colocava numa caixinha Aí eu comecei a falar: “Sabia que sua de vidro para ela viver feliz e protegiirmã namora uma menina?”. “Sabia dinha. Com o Ravi, perguntei se ele que hoje é dia do orgulho gay?” Eu está preparado para o mundo, que ficava tentando dizer para ele que não é legal. Tudo aconteceu agora, estava tudo bem. Foi só então que durante a pandemia. Ele está em ele me mandou uma mensagem de casa com uma família que o ama, e texto bonitinha pelo celular, falando minha preocupação é com o ano que que era LGBTQ+, e que às vezes se vem, quando ele voltará para a escola. identifica como menino, às vezes Isso me assusta bastante. Existe um como menina, que era gênero fluido. estereótipo de que o meio policial Mas depois conversamos melhor e é preconceituoso, mas o pai dele ele afirmou que era mesmo um me- também é e temos muitos amigos. nino. Falou também que já estava Não existe preconceito entre a gente. namorando com essa amiga, para Até agora eu fui simpática à causa quem escreveu a carta. Eu estava no LGBTQIA+. Agora sou mais que trabalho e respondi que estava tudo isso: sou membro da causa, quero ser bem e que eu o amava do jeitinho ativista no processo de tentar criar que ele era. Cheguei em casa e dei um mundo onde meus filhos possam



FEMINISMO: A LUTA PELA

IGUALDADE O feminismo nada mais é do que a luta pela igualdade de gênero. Suas origens remontam movimentos sociais pela liberdade texto Gabriela Rassy foto Tima Miroshnichenko


Estudiosos do tema entendem que o ponto de partida para esse pensamento, esteja na Revolução Francesa (1789). Talvez a primeira feminista documentada seja Olympe de Gouges, sob pseudônimo de Marie Gouze. Ela foi dramaturga, ativista política e feminista, defensora da democracia e dos direitos das mulheres. Em sua obra “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” (Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne) de 1791, ela mostrou oposição ao patriarcado de época e ao modo pelo qual a relação entre homem e mulher se expressava. Acabou guilhotinada por seus textos e posicionamentos.

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Feminismo no Brasil

Aqui no Brasil, o início do movimento feminista está no século XIX, quando mulheres de vários pontos do país começaram a buscar uma maior participação política e cultural na sociedade. Na metade do mesmo século, surgiram jornais femininos em vários pontos do Brasil e através deles as mulheres defendiam sua (a minha, a nossa) emancipação. Considerado o fundador do periodismo feminino brasileiro, surge em 1852 Uma mulher que marcou a história foi a feminista Bertha Lutz. Depois de 10 anos de luta, Bertha foi a grande responsável pela conquista do voto feminino no Brasil lá em 1932. Depois de 10 anos de luta, Bertha Depois de 10 anos de luta, Bertha Depois de 10 anos de luta, Bertha.


Maio | 2021 Nos anos 60, 70, a militante Amelinha, lançaram o jornal feminista Brasil Mulher, lá em 1975. “O principal impasse que nós feministas sofremos durante os anos de 1970 foi viver uma ditadura militar. Não havia liberdade de opinião, de manifestação, e mesmo as forças que almejavam a democracia não compreendiam a vontade das mulheres de ser livres, de conhecer e decidir sobre seus corpos”,conta Amelinha.

O feminismo negro

“Um dos maiores avanços do movimento feminista é a intersecsionalidade que reconhece a história de cada mulher individualmente em relação a sua classe social, racial e de gênero”, coloca Melina de Lima, historiadora e neta de Lélia Gonzalez. Mulher, negra, e ativista Lélia Gonzalez foi pioneira nas discussões sobre relação entre gênero e raça, propondo uma visão diferente do feminismo. “Para mim, o feminismo negro, se deu quando mulheres como Lelia Gonzales por exemplo, não se sentia representadas no movimento feminista por ser negra e nem no movimento negro por ser mulher. Enquanto mulheres brancas lutavam por igualdade de direitos, de emprego, as mulheres negras lutavam pelo direito de ter um emprego”, explica Melina. A escritora, pesquisadora e ativista Djamila Ribeiro sintetiza bem a necessidade de um olhar que abranja a negritude: “Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito”

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38% das mulheres com 16 anos ou mais se considera feminista no Brasil


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45% das mulehres brasileiras acreditam que o feminismo traz mais benefícios para as mulheres


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Feminismo em forma de lei

Algumas mulheres achavam que a luta feminista atrapalhava a luta pela democracia

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Uma mulher que marcou a história do feminismo foi a da farmacêutica cearence Maria da Penha. Seu caso, contato no livro “Sobrevivi… posso contar” (1994), representa a violência doméstica à qual milhares de mulheres são submetidas em todo o Brasil. Maria da Penha era casada com Marco Antonio Heredia Viveros, nativo da Colombia. A partir do momento que ele conseguiu sua cidadania brasileira e se estabilizou profissional e economicamente, passou a agredir Maria e suas filhas. As atitudes violentas foram ficando cada vez mais contínuas, até que ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia, deixando-a paraplégica. Além disso, a manteve em cárcere privado durante 15 dias e tentou eletrocutá-la durante o banho. O caso ficou conhecido mundialmente e, em 2006, o então presidente Lula sancionou a Lei Maria da Penha, para proteger as mulheres contra a violência. Tristemente hoje ainda enfrentamos dificuldades dentro do próprio sistema legislativo já que a sociedade segue votando em maior número em homens que fazem a lei como os convém. O caso ficou conhecido mundialmente e, em 2006, o então presidente Lula sancionou a Lei Maria da Penha, para proteger as mulheres contra a violência.O caso ficou conhecido mundialmente e, em 2006, o então presidente Lula sancionou a


eclésia a dois

ACESSO A DIREITOS BÁSICOS É UM OSTÁCULO PARA PESSOAS TRANS

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Em nossa entrevistas vamos conversar com Isabella e Lucréia mulheres trans que vivenciam essa questão na pele

Data pra marcar no calendário e no coração, com muito amor: dia 29 de janeiro é o dia da Visibilidade Trans. Em visão da data e seguindo o tema de representatividade, abordaremos a problemática da sociedade quando se trata de pessoas transexuais e travestis. A data comemorativa foi criada no ano de 2004 para firmar a representatividade e ressaltar a importância do respeito às pessoas transexuais e travestis. Mesmo porque, ainda hoje, mais de dez anos depois da criação da data, o grupo ainda enfrenta dificuldades relativas ao acesso à saúde, segurança, educação e acesso ao trabalho. Por isso, não é apenas durante a data que é comemorado o dia da Visibilidade Trans que devemos lembrar de todo o contexto social em que vivem, muito menos a única data em que devemos respeitá-las. A visibilidade e respeito devem ser exercidos todos os dias, e não é preciso ser transexual ou travesti para lutar pela causa! As pessoas transexuais e travestis ainda estão lutando por algo super básico: o respeito! Lutam pelo direito de andar livremente pelas ruas sem ser incomodadas e discriminadas. Em uma sociedade marcada pela intolerância e falta de amor ao próximo, é necessário, antes de mais nada, criar espaços seguros para que mulheres


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e homens trans e travestis tenham Como é ser transgênero no voz e acesso à educação, trabalho, serviço de saúde? segurança e saúde, direitos garan- Isabella: Olha, é bem complicado, tidos pela Constituição. porque quando a gente vai no serviço O Brasil é o país que mais mata de saúde, logo no atendimento eles transexuais e travestis no mundo. não querem respeitar nosso nome Entre 2008 e 2014, foram registradas social! Nos chamam pelo nome ci689 mortes de pessoas trans e traves- vil, então a gente já chega lá sendo tis. Em 2016, uma pesquisa feita pela desrespeitada. E quando entra no Rede Nacional de Pessoas Trans no consultório do médico, da médica, Brasil registrou 144 mortes, além de enfermeira, não importa, é outra inúmeros casos de violações contra confusão, porque eles não respeipessoas trans. tam a gente, descriminam a todo A expectativa de vida de homens momento. e mulheres trans no país é de 35 anos, sendo que para resto da população E para você Lucrécia, como é sua brasileira a expectativa é de 73 anos. experiência no serviço de saúde? O preconceito e a falta de acesso aos Lucrécia: No meu estado, Tocandireitos básicos estão por traz dessa tins, você é reconhecido como você violência. se apresenta. Se você está com apaPara iniciar o debate e melhor rência masculina, você é reconhecompreender os obstáculos enfren- cido como menino, tudo isso porque tados pela população trans no Brasil, eles não respeitam o nome social. a AJN conversou com as jovens mu- Agora se você está toda “feminina”, lheres trans Isabella Santorinne, se- eles ainda questionam se na verdade cretária da Rede Paraense de Pessoas é um “homem”. Acham que nós só estamos brincando. Trans, e Lucrécia Borges.


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E o que é ser trans para você? Lucrécia: Ser trans é ser forte! É ser uma pessoa determinada nessa sociedade machista, heteronormativa, hegemônica e cheia de padrões arcaicos e antigos. Posso dizer que ser trans é ser guerreira! É bater de frente, correr atrás dos direitos, se auto afirmar, sempre encarar o preconceito, encarando a transfobia.

passar é respeito ao próximo. Vamos fazer amor, vamos nos beijar, vamos se abraçar, vamos transar, vamos ser feliz! Mais amor, menos transfobia!

Lucrécia: Primeira coisa, não deixe de estudar! Busque a qualificação profissional, porque isso pode proporcionar a ascensão social. Busque seus direitos, a gente consegue exigir direitos quando a gente sabe, quando Você falou de preconceito. O que a gente tem conhecimento, a partir é transfobia para você? da educação. A educação pode sim Lucrécia: A transfobia não se carac- mudar toda sua realidade, pode busteriza somente pela agressão física, car políticas públicas. Então o recado mas naquele preconceito, sabe, na- que eu deixo é esse: estude, se qualiquela piadinha tipo: ah é homem, é fique, tenha contato com ONGs, com mulher, tem pênis, não tem vagina. movimentos sociais, seja engajada. As trans que têm que ser visíveis e E vocês têm algum recado para têm que ter seu lugar na sociedade dar aos leitores ? A data comemorativa foi criada no Isabella: Quero dizer que todos ano de 2004 para firmar a represennós somos seres humanos, e mere- tatividade e ressaltar a importância cemos respeito e dignidade, sendo do respeito às pessoas transexuais cis, sendo trans, ou sendo o que for, e travestis. Mesmo porque, ainda as pessoas têm que respeitar umas hoje, mais de dez anos depois da às outras. A mensagem que quero criação da data, que o grupo ainda

Pessoas trans tem o direito de pedir para atualizar o seu cadastro com seu nome social,que deve ser garantido pelo SUS


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EDUCAÇÃO SEXUAL SALVA VIDAS Ao aprenderem sobre o assunto, as crianças conseguem reconhecer abordagens inapropriadas de adultos e se salvarem do abuso infantil texto Diana Carvalho fotos Anna Shvets


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Uma declaração do recém-empossado ministro da Educação, o advogado e pastor Milton Ribeiro, trouxe à tona a discussão sobre educação sexual no Brasil e as tentativas do atual governo de frear qualquer menção ao assunto na rede de ensino do país. Segundo ele, as universidades brasileiras ensinariam a “fazer sexo sem limites”. Plataforma de governo, quando Bolsonaro ainda era candidato à presidência, o movimento Escola Sem Partido chegou a propor um projeto de lei para proibir o termo “gênero” nos planos nacionais de educação. O texto dizia: “A educação não desenvolverá políticas de ensino, nem adotará currículo escolar, disciplinas obrigatórias, nem mesmo de forma complementar ou f acultativa, que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual’. Em 2019, Bolsonaro, já eleito, chegou a sugerir que pais rasgassem páginas sobre educação sexual da Caderneta de Saúde da Adolescente, por conter ilustrações que mostram genitália feminina e ensinam como usar camisinha. Os efeitos sobre não educar uma população sobre o tema podem ser graves: violência sexual, gravidez na adolescência, ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e até início precoce da vida sexual. Para as crianças, esse conhecimento pode ser especialmente valioso ao aprender a reconhecer aproximações inapropriadas de pessoas mais velhas. Mary Neide Damico Figueiró, mestre em Psicologia Escolar pela USP e doutora em Educação

pela Unesp, aponta que a onda ultraconservadora que tenta combater uma inexistente “ideologia de gênero” caiu como um tsunami no meio educacional. Em uma conversa com a MariaJoão, ela aponta a insegurança e o desespero de professores em lidar com questões de educação sexual. “Se nós tivéssemos na rede pública de ensino do Brasil mais professores bem preparados para a educação sexual, o efeito dessa onda conservadora não seria tão drástico como vem sendo. Por que nesse momento a gente vê também muitos professores se deixando levar por um discurso ultraconservador, que realmente não entende o que é um trabalho sério de educação sexual, para que ele serve e quais os objetivos.” Educação sexual é importante para combater o abuso infantil


Maio | 2021 A educação sexual é toda oportunidade que a criança, o adolescente, ou qualquer outro indivíduo, tem de receber informações, esclarecimentos, sobre tudo que diz respeito ao seu corpo. Do desenvolvimento da sexualidade às questões de gênero. O principal objetivo é promover conhecimento sobre o corpo e o sexo de forma natural, positiva e sincera. No entanto, a falta de preparo para lidar com temas ligados a esses dois assuntos podem fazer com que o aprendizado aconteça de uma maneira não satisfatória, tanto em espaços escolares quanto em casa. Podem fazer com que o aprendizado aconteça de.

Os pais, mesmo quando não falam direito sobre o assunto, já estão educando, mas com uma mensagem negativa para criança ou adolescente. Por exemplo, quando uma criança faz uma pergunta sobre sexualidade e é reprimida recebendo: “Fica quieta, esse assunto não é coisa de criança!”. Essa atitude, por si só, é uma maneira de educar. Uma forma negativa, mas é. Por isso a educação sexual também está presente, principalemte, nas relações cotidianas, nas interações, nos olhares dos adultos, nas conversas e na forma como eles lidam com todas as questões e dúvidas sobre o corpo e o sexo. Os pais, mesmo quando não falam direito sobre o assunto, já estão educando, mas com uma mensagem negativa para criança ou adolescente. Por exemplo, quando uma criança faz uma pergunta sobre sexualidade e é reprimida recebendo: “Fica quieta, esse assunto não é coisa de criança!”. Essa atitude, por si só, é uma maneira de educar. Uma forma negativa, mas é. Por isso a educação sexual também está presente, principalemte, nas relações cotidianas, nas interações, nos olhares dos adultos, nas conversas e na forma como eles lidam com todas as questões e dúvidas sobre o corpo e o sexo. Os pais, mesmo quando não falam direito sobre o assunto, já estão educando, mas com uma mensagem negativa para criança ou adolescente. Por exemplo, quando uma criança faz uma pergunta sobre sexualidade e é reprimida recebendo:

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O que a educação sexual ensina


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O “tabu”

qualquer aproximação de inapropriada de um Quando não se tem abertura para dialogar sobre adulto.Além disso, a educação sexual é importante a educação sexual, seja na sala de aula ou em um para a criança porque ela tem direito de conhecer espaço de conversa proposital, em que o adulto sobre o seu corpo, de saber e entender a diferença tenha intenção de sentar e conversar abertamente, entre um menino e uma menina. É saudável. A criança tem o direito de entender, por exemplo, cria-se o “assunto tabu”. Por muito tempo, até os anos 2000, a sociedade de onde vem os bebês: dentro da barriga da muvinha progredindo paulatinamente no sentido lher, da mamãe. É um direito da criança não ser de pais aceitarem que a escola pudesse fazer o enganada, não ser ludibriada, com histórias da trabalho de ensinar educação sexual, uma vez cegonha. Essas explicações fantasiosas são um que a maioria não se sente preparado para falar desrespeito com a criança. sobre isso com os filhos em casa. Então, a educação sexual nas escolas estava caminhando, até vir essa O momento certo onda ultraconservadora, como um tsunami no As explicações sobre o corpo, relações, são gradameio educacional. tivas. Por exemplo, quando uma criança ouve falar E esse tsunami na educação não só criou, como de camisinha na TV. “O que é camisinha?”, ela também aumentou, o receio de professores com vai perguntar. Então os pais podem dizer: “Olha, relação a possíveis reações dos pais ao tratarem igual a gente coloca uma meia no pé, a camisinha temas tão importantes, como a diversidade, a é como se fosse uma meiazinha para o homem questão de gênero, a masturbação, o aborto, pre- por no pênis”. Entende? Para a criança, basta uma venção a Infecções Sexualmente Transmissíveis explicação. E ali você está respondendo a verdade, (IST), temas que permeiam a educação sexual. não uma mentira ou criando uma situação em que ela percebe que está sendo enrolada a gente A importância de tratar do coloca uma meia no pé, a camisinha é como tema na infância se fosse uma meiazinha para o homem por no Uma criança bem informada vai estar menos pênis”. Entende? Para a criança, basta uma exvulnerável a ser vítima de violência sexual. Isso plicação. E ali você está respondendo a verdade, já é um ponto de extrema importância. A criança não uma mentira ou criando uma situação em bem esclarecida, que conhece o seu próprio corpo, que ela percebe que está sendo enrolada mentira que foi ensinada a partir, digamos, dos 4 anos, ou criando uma situação em que ela mentira ou sobre suas partes íntimas, já sabe reconhecer criando uma situação em que ela.


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Familiares e professores têm a obrigação de informar sobre o tema dentro de uma perspectiva protetiva


Relação de confiança

Quando se tem um adulto que responde a perguntas com serenidade, ela desenvolve uma postura de entender que pode perguntar para a mãe, para o pai, e também para professora sobre esse assunto. Agora, se ela percebe que foi enrolada com uma historinha ou é repreendida, o que ela faz? Busca a resposta para sua dúvida com os amiguinhos, na internet. A importância de se começar a educação sexual na infância é justamente essa: a criança aprende que esse é um assunto conversável e que os pais, os professores, são de confiança. Durante todo o seu desenvolvimento, ela vai entender que o sexo pode ser tratado com naturalidade.

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Principais desafios

São vários fatores que interferem para que a educação sexual não ache espaços, de fato, para ser discutida e ensinada. O primeiro deles é a nossa própria cultura, como falamos, que enxerga isso como um tabu e não tem o hábito de conversar abertamente sobre o corpo e relações sexuais. Outro grande peso está na formação, nos cursos de licenciaturas, que não preparam profissionais para lidar com o tema. Outro ponto é que não há políticas públicas de formação continuada, para que os professores acompanhem o ritmo de discussões e debates que vão surgindo. Provavelmente, hoje, talvez não estaríamos enfrentando tantos desafios para falar sobre essas questões. mente, hoje, talvez não estaríamos enfrentando

A primeira reação do professor em sala de aula diz muito sobre o quanto ele está preparado para lidar com questões de gênero e sexualidade de uma maneira positiva e saudável. Vamos supor que ele tivesse o mínimo de preparo, ele poderia propor uma reflexão. Chamar todos os alunos, explicar que as pessoas são diversas em vários quesitos, desde o corpo, a cor da pele, a nacionalidade, e que também há também diversidade do ponto de vista sexual. Questionar o que os alunos sabem sobre isso é dar oportunidade para que entendam o que é a homossexualidade, que a pessoa não escolhe, que não é uma opção. É uma oportunidade de aprendizado riquíssima, que muitas vezes se perde por falta de preparo, o que leva apenas para ações punitivas imediatas sem promover uma mudança de comportamento.

Como melhorar...

Muitas pessoas nos perguntam quando é que nós vamos alcançar um nível bom de diálogo, de pais que saibam conversar com seus filhos sobre sexualidade. E nós respondemos: quando essas crianças que estão hoje nas escolas tiverem professores que promovam o debate, o aprendizado positivo em sala de aula. Assim, elas se tornaram jovens mais conscientes e responsáveis, depois adultos, pais e mães, que vão conseguir constituir uma família onde o diálogo aconteça dentro de casa. Só vamos melhorar quando tivermos uma educação sexual


Maio | 2021 As escolas brasileiras, não possuem uma educação sexual em seus currículos

desde o corpo, a cor da pele, a nacionalidade, e que também há também diversidade do ponto de vista sexual. Questionar se os alunos sabem sobre isso é dar oportunidade para que entendam o que é a homossexualidade, que a pessoa não escolhe, que não é uma opção. É uma oportunidade de aprendizado riquíssima, que muitas vezes se perde por falta de preparo, o que leva apenas para ações punitivas imediatas sem promover uma mudança de comportamento. A primeira reação do professor em sala de aula diz muito sobre o quanto ele está preparado para lidar com questões de gênero e sexualidade de uma maneira positiva e saudável. Vamos supor que ele tivesse o mínimo de preparo, ele poderia propor uma reflexão. Chamar todos os alunos, explicar que as pessoas são diversas em vários quesitos, desde o corpo, a cor da pele, a nacionalidade, e que também há também diversidade do ponto de vista sexual. Questionar o que os alunos sabem sobre isso é dar oportunidade para que entendam o que é a homossexualidade, que a pessoa não escolhe, que não é uma opção. É uma oportunidade de aprendizado riquíssima, que muitas vezes se perde por falta de preparo, o que leva apenas para ações punitivas imediatas sem promover uma mudança de comportamento. Aprendizado riquíssima, que muitas vezes se perde por falta de preparo, o que leva apenas para ações punitivas imediatas sem promover uma mudança de comportamento.

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de base sólida para entender que esse assunto é natural. O corpo, o sexo, não é tabu. Faz parte de nós, da vida, das relações humanas. Enquanto esse aprendizado não acontecer nas escolas, o reflexo em casa e na sociedade será negativo, como vem sendo até agora. A primeira reação do professor em sala de aula diz muito sobre o quanto ele está preparado para lidar com questões de gênero e sexualidade de uma maneira positiva e saudável. Vamos supor que ele tivesse o mínimo de preparo, ele poderia propor uma reflexão. Chamar todos os alunos, explicar que as pessoas são diversas em vários quesitos,


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O DRAMA DA “SAÍDA DO ARMÁRIO” 80/81

Estudos têm mostrado que se assumir pode ter impactos muito positivos na saúde mental, mas ainda há muito o que enfrentar texto Bruno Branquinho ilustração Freepik


Maio | 2021 Uma boa notícia é que alguns estudos têm mostrado que “sair do armário” pode ter impactos muito positivos na saúde mental, com melhora da autoestima, da confiança e do bem-estar geral. Por outro lado, pesquisas também mostram que, quando a pessoa não consegue ou não pode “sair do armário”, isso pode impactar negativamente sua vida, levando-a a situações de isolamento, comportamentos de riscos e a um aumento da chance de desenvolver transtornos mentais. Por isso, é uma pena que vivamos ainda num mundo em que as pessoas LGBT não possam ou não consigam mostrar suas identidades. É crucial que trabalhemos para acabar com o estigma e o preconceito para que ninguém mais precise “sair do armário”, para que tenhamos uma sociedade em que todos os gêneros e sexualidades sejam celebrados e reconhecidos como normais e para que tenhamos orgulho não apenas de nossas identidades, mas também do mundo em que vivemos e que ajudamos a construir. Sociedade em que todos os gêneros e sexualidades de nossas identidades, sempre mas.

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Chegamos ao fim de junho e no dia 28 de junho comemoramos o Dia do Orgulho LGBT+. A data faz referência ao dia 28 de junho de 1969, quando ocorreu, no bar Stonewall Inn em Nova Iorque, nos EUA, um evento que é visto por muitos como um marco e um símbolo da liberação e do ativismo do movimento LGBT. Desde então, o movimento ganhou força e voz, com muita luta, conquistas de direitos e eventos como as Paradas do Orgulho LGBT, que acontecem para celebrar todas as nossas vivências e diversidade. No entanto, mesmo com todos os avanços e mais espaço na política, na mídia e no cotidiano das grandes cidades, ainda hoje é comum que me procurem, com a seguinte pergunta: “como eu conto pra minha família/pros meu amigos que eu sou gay?” Não é fácil se dizer LGBT. Crescemos ouvindo que ser LGBT é “sujo”, “imoral”, “anormal”; Então, não é por acaso que as pessoas LGBT encontram dificuldade em revelar essa parte de suas identidades aos outros e, por vezes, até a si próprios. Para essas pessoas que ainda não conseguiram “sair do armário”, é preciso ressaltar que não tem uma “receita de bolo” que explique a melhor maneira, a melhor idade e a melhor ocasião. Cada um tem a sua hora, aquele momento em que você decide que não vale mais a pena se esconder, que o estresse de não poder se dizer LGBT supera o preconceito e as reações negativas que você poderá sofrer.


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TRANS-

FORMAÇÃO A ONU anunciou no Objetivo 04 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a inclusão da educação sem preconceito e equitativa para todos

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texto Gloria Pires ilustração Freepik


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Salve, Gloriosxs! O Objetivo 04 da Agenda 2030 Educação inclusiva para o Desenvolvimento Sustentável, da ONU, transforma tem o compromisso de: “Assegurar a educação Já existem algumas iniciativas pioinclusiva e equitativa de qualidade, e promover neiras, como o TransEmprego, que oportunidades de aprendizagem ao longo da oferece capacitação em parceria vida para todos”. OS 190 países que assinaram o com empresas e instituições, além documento devem incluir as populações margi- de reunir diversas oportunidades nalizadas em suas políticas. profissionais para transexuais em A educação transforma vidas quando ela é uma só plataforma; O Trans-Forusada de forma inclusiva, ampliando o acesso mação, que visa o empoderamento e garantindo que todas as pessoas tenham as da população trans no Brasil e faz mesmas condições e segurança para frequentar o parte da campanha mundial Livres espaço de ensino, como reza a nossa Constituição. & Iguais, e a Transvest, uma ong Porém, entre a população trans brasileira, 82% que objetiva a inclusão, com apoio não chegam a completar o ensino médio por pedagógico e combate à transfobia conta da violência. A expectativa de vida de uma em Belo Horizonte. Sua presidente pessoa trans é de 35 anos! Por preconceito e des- é Duda Salabert, professora de Liconhecimento, elas são excluídas do mercado de teratura e ambientalista. trabalho. Essa grande parcela da nossa população perde, mas o país também ao abrir mão desse contingente de trabalhadores. Como prosperar neste cenário? Transformando. Por isso, o Instituto Brasileiro Trans de Educação disponibilizou um dossiê sobre a realidade nas escolas brasileiras, tanto para estudantes quanto para professores trans. Há também um mapa com os todos os cursos preparatórios e as universidades que já oferecem cotas para que pessoas trans possam ingressar no ensino superior.ns. Há também um mapa com os todos os cursos preparatórios um mapa com os todos os cursos preparatórios


assinado por Calíope

PAIS, CONVERSEM! Abuso infantil: veja 5 dicas para falar de sexo e consentimento com criança

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texto Xan Ravelli ilustração Freepick


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Mostre exemplos e referências:

Aproveite reportagens ou produtos da cultura pop para conversar sobre relacionamentos saudáveis com sexo consensual e seguro.

Seja didático e compreensivel:

É preciso abrir espaço para diálogo sem julgamentos para que os adolescentes se sintam confortáveis ao compartilhar relatos, tirar dúvidas sobre gravidez e riscos do sexo sem maturidade.

Atenção em casa com parentes:

Mantenha os olhos abertos e atentos dentro de casa, perto da família, lembrando que a maior parte dos crimes sexuais acontecem smepre no ambiente doméstico

Dê nome às partes do corpo:

Ensine os termos corretos às crianças. Apelidos são naturais, mas é importante que elas identifiquem e compreendam o que significa seio, pênis e vagina desde pequenas. Enfatize que NINGUÉM pode tocá-las, exceto os cuidadores responsáveis pela higiene. Para adolescentes que já se relacionam, reitere que os toques devem ser consensuais e prazerosos para ambos que participam da ação.

Cuidado com a internet:

Observe em quais sites as crianças navegam na internet, com quem falam nos chats e que tipo de jogos que baixam. É preciso abrir espaço para diálogo sem julgamentos para que os adolescentes se sintam confortáveis ao compartilhar relatos, tirar.

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Trabalhei por muitos anos com crianças vítimas de abuso sexual. Ouvi suas histórias, vi seus traumas, acompanhei o crescimento e a transformação de meninas em adolescentes e mulheres. Ouvi os choros, as dores, as mágoas. Ainda me lembro do sentimento que me acompanhava na volta para casa, sozinha no carro, até chegar a um lar cheio de afeto, comida e segurança. É de extrema necessidade, acredito, a promoção da educação sexual em escolas e em casa. Nem vou entrar no mérito de que isso não quer dizer ensinar crianças e adolescentes a transar ou expor menores à pornografia. A base fundamental da educação sexual consiste em estabelecer quais limites devem ser respeitados em relação ao nosso próprio corpo e ao corpo de outra pessoa. Por isso, separei algumas dicas que podem ajudar na prevenção e detecção de casos de abuso. Elas servem para todos que convivem com crianças, ainda que só de vez em quando:



GÊNERO E ORIENTAÇÃO

SEXUAL

Por que as escolas precisam discutir a questão de gênero e orientação sexual? por Ingrid Matuoka


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Isabela, aos 4 anos, tem um sonho: construir uma Desamparo legal grande máquina que a transforme em menino, para a equidade para que ela possa correr livremente e jogar bola Nos últimos anos, porém, sob a falácia de uma como eles. Esse sentimento de limitação, expresso “ideologia de gênero” políticas públicas que se no desejo da menina, foi o ponto de partida para propuseram a tratar explicitamente do tema foram que a professora Vânia Oliveira percebesse a ne- barradas, a exemplo da supressão das menções cessidade de trabalhar as questões de gênero, aos termos gênero e sexualidade de importantes documentos educacionais como o Plano Muniorientação sexual e diversidade na escola. “Se hoje a Isabela acha que não pode jogar cipal e Estadual de Educação. Para Maria Cristina Cavaleiro, professora de futebol, amanhã talvez ache que não possa ser Ciências Humanas e Educação da Universidade cientista“, diz a professora que leciona na Escola Municipal de Educação Infantil Deborah Sayão, em Rio Grande (RS). Falar sobre gênero e A preocupação de Vânia é fundamentada. Sesexualidade gundo a pesquisa Por ser menina: a desigualdade é parte da de gênero começa cedo e em casa. O levantamento construção revelou, que 37,3% das meninas declararam que as do respeito pessoas da família ficariam chateadas se quisessem à diferença fazer coisas que geralmente os meninos fazem. Diante deste cenário, as escolas têm papel central na discussão e promoção da equidade, desde a Educação Infantil. “É nessa fase de ensino que as crianças começam a ser inseridas em uma sociedade maior do que a família, e constroem seu entendimento sobre como lidar com o outro. É um momento precioso para fazê-las entender o respeito, a diversidade, a tolerância”, afirma Vânia. sociedade maior do que a família, e constroem seu entendimento sobre como lidar com o outro. É um momento precioso para fazê-las entender o respeito, a diversidade, a tolerância”, afirma Vânia.


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Estadual do Norte do Paraná (UENP), a escola Diálogo como prevenção da quando não traz o debate de gênero e orientação violência sexual, está priorizando outro discurso. Ao contrário do que pregam os que repudiam o “Se omitindo, a escola está ensinando que as debate de identidade de gênero nas escolas, trazer violências, o preconceito, as desigualdades que esse tema para perto das crianças não significa ocorrem lá dentro podem continuar acontecendo. “desmoralizar as famílias” e nem “ensinar a ser gay”. E isso é prejudicial para todos os alunos, que A discussão passa por outros caminhos: trata de deixam de acessar informações científicas im- ensinar limites pessoais, respeito à diversidade portantes sobre diversidade humana e realidade humana, que é também racial, social, sexual. portantes sobre diversidade humana e realidade “Pode ter certeza de que não foi na escola que social”, afirma. eu aprendi a ser transexual. Eu nasci assim”, diz Paula Cruz, a primeira diretora trans da rede estadual de ensino de São Paulo, que há 15 anos está à frente da escola Santa Rosa de Lima, no Capão Redondo. A escola, na verdade, foi o lugar que tentou coibi-la de ser quem é. “Eu era agredida constantemente por colegas. Mas hoje me sinto realizada por poder exercer a profissão que sempre quis, e tenho ciência da minha responsabilidade, pois represento todo uma população em um espaço que historicamente excluiu os estudantes LGBT. Tenho a oportunidade de mostrar que somos seres humanos e podemos ser o que desejarmos”, conta Paula. Mas a história de Paula Cruz infelizmente não é compartilhada. Só em 2017 foram 445 vítimas do ódio, sobretudo mulheres trans, segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), A Pesquisasobre o Ambiente Educacional mostra ainda que 73% dos alunos LGBTs já foram agredidos verbalmente e 36% fisicamente na escola.


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Pode ter certeza de que não foi na escola que eu aprendi a ser transexual. Eu nasci assim A professora Maria Cristina Cavaleiro aponta Formação de professores ainda a relação destas violências estruturais com Em sua vivencia como aluna, Paula Cruz relembra a evasão escolar. As meninas abandonam a escola que os professores faziam pouco para impedir as porque, muitas vezes, são responsabilizadas uni- violências que sofria e chegaram a sugerir que sua camente por cuidar dos filhos, irmãos e casa. No mãe a levasse ao médico. “Mas esses profissionais caso dos LGBTs, a evasão é causada sobretudo não sabiam lidar, não adianta culpar. O que prepela exclusão. cisamos é de uma formação inicial e continuada “Não é que o aluno desiste da escola, é que ele de professores que olhe para isso”, aponta.Paula não consegue permanecer nela”, resume a edu- Ribeiro, professora no Instituto de Educação da cadora, acrescentando: “Não é somente com os Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e LGBTs, por exemplo, que tem que ser feita essa coordenadora do grupo de pesquisa Sexualidade discussão, porque o problema não está neles, mas e Escola da FURG, avalia que a formação dos nas pessoas que expressam o ódio.” professores é inexistente ou insuficiente para o assunto, e que “toda a comunidade escolar deveria Aproximação com as famílias participar dessa discussão.” Escola e professores, no entanto, não podem Para dialogar com as famílias sobre as questões de gênero e sexualidade na escola, Vânia, pro- mudar toda uma realidade educacional sozinhos, fessora da EMEI Deborah Sayão, programou especialmente se não estiverem amparados, lemuma semana de atividades com as crianças e as bra Maria Cristina. “Em um mundo que tende a restringir possifamílias pautada no tema. bilidades, o acesso ao conhecimento do próprio Em um dos dias, as famílias visitaram com as crianças uma tenda montada no pátio, onde corpo, dos sentimentos, pode gerar insegurança e metade do espaço estava coberto por objetos azuis, medo. Logo, debater gênero e orientação sexual na como carrinhos, bola e super-heróis, e a outra escola ensina as crianças a se relacionarem melhor, metade, de rosa, com bonecas, panelas e fogão. entendendo que ninguém é igual ao outro, mas “No momento em que as crianças entravam, que são todos seres humanos”, coloca. elas começavam a bagunçar tudo, brincando de um lado e do outro. E quando um menino dizia que não podia brincar com a boneca, eu perguntava se o pai dele não cuidava dele, da irmã, se o pai não fazia comida também”. diz Vânia.


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A escola escolar é um dos principais lugares de construção dos saberes da criança, incluindo sua identidade



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