Revista Incógnita

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Ano 1, nยบ 1, novembro 2020








O que é masculinidade hoje? O que é ser homem? Você já se perguntou? Se não, faça seu café, sente em uma cadeira e se prepare para uma aventura contínua, sem resposta, uma verdadeira incógnita. Como o próprio nome da revista já diz, não estamos aqui para dar respostas, mas sim apresentar todas as cartas do baralho e todas as peças do xadrez. Onde nesse jogo de perguntas, não existe um só vencedor. Com conteúdos, como comportamento, discutiremos juntos todas as possibilidades de ser masculino e como aceitá-las, respeitá-las e talvez, quem sabe um dia, aderir a elas. Moda, saúde, sexo, tecnologia e arte são outros assuntos que estão envolvidos nesse universo e que são do interesse do leitor. Pretendemos conversar tanto com o jovem universitário “rolezeiro”, até o pai de primeira viagem caseiro, trazendo conteúdos diversificados a cada número. Nesta primeira edição você encontrará assuntos como home office na quarentena, como tirar um nude com classe e como as diversas masculinidades são aplicadas no mundo da moda. Além de entrevistas exclusivas com pessoas influentes nesse assunto. Antes que seu café acabe, venha desfrutar desse universo de questionamentos, mas de muito entretenimento e diversão.

Escola Superior de Propaganda e Marketing Graduação em Design Turma DSG 3A 2020/2 Projeto III Marise de Chirico Comunicação e Linguagem II Celso Cruz Marketing II Neusa Santos de Souza Nunes Módulo de Cor e Percepção Paula Csillag Produção Gráfica Mara Martha Projeto Editorial e Gráfico Catherine Alarcon Koch Isadora Bossolan Correia Yasmin Silveira Magalhães Ferreira

Cada edição apresentará uma capa conceitual com diferentes homens, somente um lado da face visível, para representar as possibilidades do masculino. Modelo: Isaiah B Fotógrafa: Kelly Smith Maquiador: Adam Fisher


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COLABORADORES

Yud Koga Formado em jornalismo, dança e atuação. Dedica a sua inspiração a escrita e sua paixão pela dança o que é perceptível em seus trabalhos.

Damon Baker Fotógrafo reconhecido por ter uma estética dramatiza, que realçada o preto e branco das fotografias, representando vulneravel e autenticidade do ser.

Frédéric Monceau Fotógrafo que é visto mais talentosos de Paris, suas fotos são conceituais e criativas. Inspirando-se em Newton, Avedon e em Bourdin.

Odile Jimenez Maquiadora profissional, sua criatividade é visível e já realizou trabalhos para as revistas Since, L'Officiel Hommes, Glow, Mauboussin.

Danko Steiner Fotógrafo e ex-diretor de Design da Vogue demonstra em seu trabalho novas percepções para o modelo editorial.

Ana Steiner Estilista que busca apresentar em seus projetos inovação e roupas marcantes que permitem uma auto reflexão.

Gary Gill Cabelereiro, no seu trabalho é possível observar uma grande influência da música e da cultura, como o movimento punk.

Marise de Chirico Designer amante do editorial, busca transitar por diversas áreas e transmitir seus conhecimentos para inspirar seus alunos.



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014 homens não sentem 016 necessidade de repensar papéis 024 horizontais e verticais 026 crepúsculo do macho 032 quando o homem é a vítima 034 discutindo sobre gênero 042 homem que é macho

masculinidade na moda 080 verão 2021: o neoclássico 086

80

free style: coleção Louis Vuiltton 096 coleção Burberry: outono 2020 106


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012 notas rápidas 122 aproximada 124 indicações 126 horóscopo 128 poema visual

depressão e desinformação 046 home office no distanciamento 054

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matuê bate recorde nas paradas 052 guia para tirar nudes com classe 070


Shampoo adequado

A barba acumula diversas impurezas e sujeiras ao longo do dia como as células mortas da pele que ficam presas nas cerdas da barba causando incômodo e coceira. Por isso é fundamental limpar a barba em todos os dias. Você precisa usar um shampoo para barba adequado na hora de lavar ela. As principais vantagens de usar um shampoo específico é que ele pode nutrir adequadamente as cerdas da barba, dos seus fios. Além disso, a oleosidade e limpa a barba de impurezas e pele morta. Felps Men Poker Shampoo Disponível em: dafiti.com.br

Ceras, óleos e balms

Depois da barba limpa por um bom shampoo, o idealm é melhorar a nutrição dela com bons produtos para barbas. Entre eles estão as ceras para bigode, os balms e é claro os óleos de barba. Ceiras para controlar e deixar os pelos bem alinhados no desenho e estilo de barba que se costuma usar. Óleos dão uma melhor hidratação aos folículos da barba, o que protege a pele embaixo da barba. Balm age assim como um condicionador para os pelos da barba, mantendo a barba fixada no desenho escolhido, além de suave e macia ao toque. Cera Modeladora Granado Disponível em: amazon.com.br

Garagem Barbearia e Estética

Avenida Agami, 183 – Moema

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Barbearia 9 De Julho

Rua Augusta, 1371 – Consolação

Barbearia Cavalera

Rua Conselheiro Carrão, 451 – Bixiga

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Bigode cobrindo a sua boca

O próximo passo para manter a barba sempre em dia e com qualidade, saúde e estilo é não deixar o bigode cobrir a boca. E a razão é, um bigode que cobre a boca tende a acumular facilmente muita sujeira e restos de comida. Para evitar isso, sempre apare bem o bigode de forma que ele não fique muito próximo da linha do lábio superior. Isso pode ser feito penteando ele para baixo e então apará-lo na linha do lábio com uma tesourinha.Para dar mais beleza e estilo ao bigode você pode usar uma boa pomada modeladora para bigodes Pomada Modeladora Urban Men IPA, Urban Disponível em: amazon.com.br

Apare da forma certa

Por fim, aparar regularmente. Preferencialmente, a cada duas semanas. Nem todos os fios da barba crescem de forma igual, se não apará-los com frequência pode causar falhas na barba. A melhor forma de aparar a barba é a partir das orelhas para baixo até chegar no pescoço. O ideal é usar cremes adequados para aparar a barba. Óleos específicos também são altamente recomendados. Outra coisa, não utilize lâminas para aparar a barba. O recomendado é utilizar aparadores elétricos que tem maior precisão. Barbeador Eletrico Maquina Philips Disponível em: magazineluiza.com.br

Big Boss

Rua Madre de Deus, 530 – Mooca

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Barbearia Corleone

Rua Dr. Renato Paes de Barros, 390 – Itaim Bibi

Barbearia Dr. Jones

Rua Bela Cintra 2.149 – Consolação

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NECESSIDADE DE REPENSAR PAPÉIS VINÍCIOS RODRIGUES A construção de uma masculinidade que “limita” os homens têm reflexos principalmente para aqueles que fogem dos padrões (cis, héteros, brancos, ocidentais) Luiz Felipe Stevanim

Arquivo pessoal

POR


VinĂ­cius Rodrigues da Silva diz sobre as dificuldades masculina fora do padrĂŁo


Gustavo Borges

Homens tem a dificuldade de expor o que sentem

E

ntre livros de química e de literatura, na mesa de Vinícius Rodrigues da Silva (https://medium.com/@viniciuxdasilva), estudante de 19 anos no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) campus Nilópolis, destaca-se um tema desperta seu interesse: a busca por outras masculinidades. Leitor e tradutor de textos de bell hooks [pseudônimo da feminista Gloria Jean Watkins, grafado assim em minúscula], ele defende uma forma mais afetuosa de ser homem. “É preciso que os homens repensem seus papéis”, destaca. Segundo ele, a construção de uma masculinidade que “limita” os homens têm reflexos principalmente para aqueles que fogem dos padrões (cis, héteros, brancos, ocidentais). “Em uma sociedade patriarcal, há uma masculinidade esperada. Para homens negros gays, como eu, tem sido difícil viver publicamente, pois vivemos um Brasil muito perigoso para os nossos”, aponta. Ele conversou com a Radis sobre masculinidade tóxica, LGBTIQA+fobia e a busca por amor “para romper com a sociedade patriarcal”. Como nós, homens, estamos construindo a nossa própria subjetividade. Visto que estamos vivendo em uma sociedade fortemente patriarcal, há uma tendência a construirmos nossas masculinidades de acordo com esse sistema Essa masculinidade, que a bell hooks chama de “masculinidade patriarcal”, é construída com base em relações de violência, de outridade, relações hierarquizadas.Primeiro, conte um pouco de sua história, sua trajetória de estudos, seus projetos para o futuro.

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Para homens negros gays, como eu, vivemos um Brasil muito perigoso para os nossos Para você o que é ser homem? Como você vem construindo sua relação com a chamada masculinidade hegemônica? Essa pergunta sobre o ser homem é especificamente difícil para mim, talvez um psicanalista ou sociólogo consiga responder melhor que eu. Historicamente, a construção do masculino tem passado por inúmeros ritos de violência e demarcação, no que tange o papel assumido por homens hoje em nossa sociedade e é exatamente isso que me preocupa. Como nós, homens, estamos construindo a nossa própria subjetividade. Visto que estamos vivendo em uma sociedade fortemente patriarcal, há uma tendência a construirmos nossas masculinidades de acordo com esse sistema, esse modo de vida. Essa masculinidade, que a bell hooks chama de “masculinidade patriarcal”, é construída com base em relações de violência, de outridade, relações hierarquizadas. Particularmente, tenho tentado construir meus modos de vida longe dessa concepção violenta de masculinidade, onde eu precisaria exercer um papel de dominação. É isso que eu chamo de masculinidade hegemônica e penso que é isso que temos que combater. Como nós, homens, estamos construindo a nossa própria subjetividade.

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O Brasil é, hoje, um dos países que mais matam pessoas negras e lgbt+s no mundo Que dificuldades você enfrenta e que pressões já sofreu (familiares, na escola, na sociedade) por conta da sexualidade, da orientação sexual e simplesmente por ser um “menino diferente”? Como disse, em uma sociedade patriarcal há uma masculinidade esperada. Os atores sociais propagam essa concepção, isso nos fica claro em comerciais de tv, em novelas, em programas televisivos, em igrejas, etc. Essa repetição de atos, acredito, contribui para a construção de um padrão. Esse padrão é a masculinidade patriarcal. Homens que não se encontram dentro dos padrões [cis, héteros, brancos, ocidentais] enfrentam algumas dificuldades em sua trajetória. Para homens negros gays, como eu, tem sido difícil viver publicamente, pois vivemos um Brasil muito perigoso para os nossos. O Brasil é, hoje, um dos países que mais matam pessoas negras e lgbt+s no mundo. As estatísticas não param de crescer. Além disso, o Brasil também é um país que encarcera em massa a população negra. Nesse contexto, performar uma masculinidade fora dos padrões, sobretudo para homens negros, não é algo confortável a se fazer, mas também não é algo impossível. Acredito que devemos tentar e aos poucos lutar contra esse quadro.

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E como é sua vivência no espaço escolar? A escola é um lugar cruel para aqueles que não performam uma masculinidade esperada. E isso acontece com muitos garotos jovens. Coleciono inúmeros episódios de repressão no ambiente escolar; nesse sentido, o Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual do meu Campus tem sido a instância que nos apoia. É na escola que aprendemos sobre cores e seus usos, sobre papéis de trabalho e é onde construímos um imaginário. Eu sou um homem jovem, tenho 19 anos, e acredito que esse é o momento onde devemos nos “mover contra a correnteza”, nos posicionar contra a cultura dominante. Somos jovens e, por isso, temos mais abertura para alguns espaços. Devemos ocupar esses espaços para a propagação de uma nova masculinidade, que seja humanizadora e nãoviolenta. É isso que eu venho discutindo em alguns espaços. É isso que eu tento expressar no texto Masculinidades feministas e não-violentas. A noção de uma masculinidade feminista é de bell hooks que, no livro The Will to Change, conclama a construção de um novo modelo de masculinidade e que ele seja oposto à masculinidade patriarcal. O uso da palavra “feminista” aqui não é um esvaziamento do movimento feminista.

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Créditos: Rodrigo Silva

Homens fora do padrão hetero branco sentem medo de sair de casa

Você pode citar alguns exemplos de repressão que tenha sofrido? Em 2017, quando eu estava participando de um ensaio fotográfico para o II Dia da Visibilidade lgbt+ do ifrj, estávamos passando pelo corredor, tirando algumas fotos e um funcionário da instituição sussurrou algo do tipo “todas as cores são de deus”, em tom de repressão, em alusão às cores da bandeira que eu segurava. Levei o caso para meus superiores, mas a instituição não tomou nenhuma medida e o funcionário está ativo até hoje. Esse foi um episódio que me marcou profundamente, mas através dele eu pude entender como as relações institucionais funcionam. Infelizmente aprendi assim, mas o meu trabalho como monitor do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual era justamente impedir que novos alunos passem por isso. Trata-se da incorporação do que o feminismo significa para hooks: “o feminismo é um movimento para acabar com o sexismo, exploração sexista e opressão.” Nesse sentindo, a construção de masculinidades feministas, sobretudo para homens negros, é algo importante e que nos permite imaginar um novo amanhã. Essa é a história que eu gostaria de contar a meus netos. Esse é o nosso desafio.

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O ideal cultural do masculino, onde a força é tudo

Na sua opinião, essa imposição de padrões pode Você acha que os homens são preparados para lidar adoecer as pessoas, como levar à depressão, com a questão do afeto? A gente vive escutando infelicidade, até mesmo suicídio? “Homem não chora”, “Homem tem que ser durão”, Sim, infelizmente. Definitivamente eu não sou a pessoa “coisa de mulherzinha”, negativando o afeto como que mais sabe sobre isso, mas eu percebo que essa algo feminino. Pra você, o afeto é importante? “padronização”, digamos, causa uma sensação de nãoComo você busca ser uma pessoa mais amorosa? pertencimento e isso pode contribuir e agravar quadros Percebo que não, mas isso não significa que não de depressão ou ansiedade. Creio que isso não as há homens que não conhecem o amor. Essas frases e causas diretamente, mas pode contribuir. A sensação estigmas já internalizados no imaginário social reforça de não-pertencimento é cruel e, às vezes, a única saída a noção de uma masculinidade patriarcal. Acredito que a pessoa pode pensar é o suicídio, infelizmente. que para romper com esse cenário, precisamos, É na escola que aprendemos sobre cores e seus necessariamente, de afeto. Nesse sentido, ler bell usos, sobre papéis de trabalho e é onde construímos hooks me fez uma pessoa muito mais afetuosa um imaginário. Em 2017, tive a oportunidade de fazer e, através de sua leitura, pude perceber a real importância do amor. Discuti isso em Políticas do amor uma Iniciação Científica em Filosofia Política e creio e sociedades do amanhã, onde proponho a centralidade que esses estudos moldaram parcial ou completamente as minhas concepções hoje. Já em 2018, estudei um do amor e das relações comunitárias na construção de pouco de Filosofia Africana e tive uma oportunidade um novo amanhã. Gosto bastante da discussão sobre de aprofundar meus estudos sobre masculinidades novos amanhãs, é algo que me deu esperança. E não também. Particularmente, tenho tentado construir só lendo a bell hooks, mas lendo mulheres negras, essa meus modos de vida longe dessa concepção violenta esperança se intensifica. Isso é importante. Há algo de masculinidade, onde eu precisaria exercer um papel que eu não disse no artigo, mas gostaria de reforçar de dominação. Acredito que para romper com esse aqui: na construção de um novo imaginário social, é cenário, precisamos, necessariamente, de afeto. preciso que os homens repensem seus papéis.

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Sandra Jatahy

E como é sua vivência no espaço escolar? A escola é um lugar cruel para aqueles que não performam uma masculinidade esperada. E isso acontece com muitos garotos jovens. Coleciono inúmeros episódios de repressão no ambiente escolar; nesse sentido, o Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual do meu Campus tem sido a instância que nos apoia. É na escola que aprendemos sobre cores e seus usos, sobre papéis de trabalho e é onde construímos um imaginário. Eu sou um homem jovem, tenho 19 anos, e acredito que esse é o momento onde devemos nos “mover contra a correnteza”, nos posicionar contra a cultura dominante. Somos jovens e, por isso, temos mais abertura para alguns espaços. Devemos ocupar esses espaços para a propagação de uma nova masculinidade, que seja humanizadora e nãoviolenta. É isso que eu venho discutindo em alguns espaços. É isso que eu tento expressar no texto Masculinidades feministas e não-violentas. A noção de uma masculinidade feminista é de bell hooks que, no livro The Will to Change, conclama a construção de um novo modelo de masculinidade e que ele seja oposto à masculinidade patriarcal. O uso da palavra “feminista” aqui não é um esvaziamento do movimento feminista.

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COMPORTAMENTO

CREPÚSCULO DO MACHO O batido e inconveniente machismo, apreendido desde a infância, já não cola e começa a ser vigiado pela Justiça e controlado com aulas de reeducação

Propaganda Broomsticks, 1967

por Jennifer Ann Thomas


Propaganda mostra cinco homens brincando com uma garota de lingerie


Propaganda Calças Mr. Leggs (1950)

Uma mulher como tapete (objeto de decoração) sendo pisada por um homem e, logo abaixo, a frase (em inglês): “é bom ter uma garota pela casa”

H

omens de todo o mundo, unidos contra a masculinidade tóxica — a tola postura velha de guerra, ultrapassada, agressiva, segundo a qual homem não chora, homem não fraqueja, homem é o provedor da casa, homem, homem… A expressão, que começou a grassar com rapidez desde que o movimento #MeToo expôs os abusos sexuais de um predador como o produtor Harvey Weinstein, é, a rigor, a tradução moderna, e até então restrita aos trabalhos acadêmicos e manifestos políticos, de um antigo modo de ser: o machismo. Está no dicionário Houaiss: “comportamento que tende a negar à mulher a extensão de prerrogativas ou direitos em geral do homem”. No início deste ano, um anúncio da Gillette pôs lenha nessa fogueira cotidiana em segundos que parecem revisitar décadas de má postura — na propaganda, veem-se amigos detendo companheiros que brigam, repreendendo outros que assediam mulheres, exigindo de parceiros que as deixem falar, sem interrupção. Movimentos feministas celebraram — no entanto, houve ameaças de boicote aos produtos da Gillette, o que diz muito sobre nosso tempo. Até a semana passada, o vídeo no YouTube contava 33 milhões de visualizações. É muita coisa. A boa-nova é que a masculinidade tóxica, o machismo, vale insistir, já não tem a vida fácil de antes, apesar da multidão que criticou a Gillette e acha que Weinstein não fez nada de tão grave assim. Cabe questioná-la, e é o que se tem feito.

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Os homens tentam justificar seus atos culpando a mulher, que na visão deles teria ‘começado’ o conflito diz Jennifer Ann Thomas

Vêm crescendo os casos de apresentação voluntária a palestras e encontros de reeducação e também as convocações compulsórias diante de juízes. Um grupo de dezessete homens denunciados por agressões contra mulheres se apresentou ao juiz Mário Rubens Assumpção Filho, numa sala do Ministério Público de São Paulo. Eles estavam ali, dentro de um projeto chamado Tempo de Despertar, para entender que é possível deixar de lado a educação de base machista para substituí-la por alternativas adequadas (leia abaixo). Não existe distinção de classe social entre os alunos machões — nos encontros, há executivos de empresas, policiais e profissionais autônomos do setor de entretenimento. Os encontros acontecem a cada quinzena e são previstos na Lei Maria da Penha, de 2006 — Socos, empurrões e até ameaças de queimaduras com ácido, entre outras atitudes abomináveis, figuram entre as denúncias que orbitam a turma. No início das conversas, a promotora de Justiça Gabriela Manssur, idealizadora do projeto, explica as diferenças entre legítima defesa e lesão corporal. “Os homens tentam justificar seus atos culpando a mulher, que na visão deles teria ‘começado’ o conflito”, costuma dizer Gabriela a ouvidos atentos e olhos arregalados. “Mas defenderse é diferente de agredir. Quase sempre, o homem é fisicamente mais forte. Se fosse defesa, ele não precisaria machucá-la para se impor.” O resultado da iniciativa legal já pôde ser sentido: desde a implementação, a reincidência dos agressores caiu de 65% para 2%.

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Cigar institute of america, INC

o slogan das Gravatas Van Heusen nos anos 50, com o slogan “mostre à ela que este é um mundo de homem”

Convém ressaltar que a postura dos indivíduos colocados diante de autoridades do Judiciário é a parte visível, violenta, de um comportamento que muitas vezes parece ingênuo, sem importância, mas que pode crescer e fazer brotar do ovo da serpente uma monstruosidade. “Sou um machista em recuperação”, resume o enfermeiro e psicólogo Fledson de Souza Lima, de 40 anos, que participou, voluntariamente, de um treinamento em torno da questão da toxicidade masculina. “Nunca agredi fisicamente minha mulher, mas cometia abusos psicológicos ao tentar induzi-la a sempre concordar comigo.” Lima, com algum esforço, conseguiu enxergar sua dificuldade, fez a autocrítica e tenta ir em frente. Não é uma atitude comum, e as barreiras são cuidadosamente erguidas ao longo da vida. Um levantamento mostrou que a grande maioria cresceu aprendendo a não expressar as emoções, a não demonstrar fragilidade, e quase nunca conversou com os pais a respeito de boas maneiras com o sexo oposto. “A permanente distinção, ser garanhão ou ser mulherzinha, como dizem, é uma prisão”, afirma o psicólogo Tales Furtado, coordenador do Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde. “Aceitar a ideia de que existe um meio-termo é libertador”. Libertação complicada, porque a masculinidade tóxica talvez seja uma das mais adesivas práticas de nosso tempo, alimentada em canções, em filmes e sobretudo na publicidade (e por isso, repita-se, a peça da Gillette foi tão ruidosa). O que fazer? Especialistas ouvidos são unânimes ao declarar que a solução estaria em um novo olhar para a educação de meninos.

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DISCUTINDO SOBRE GÊNEROS CARLOS EDUARDO era uma mulher lésbica. Ao passar pelo processo de mudança de gênero, se tornou um homem trans. Agora, se define como um homem trans bissexual

Arquivo Pessoal do Enteevistado

por Paulo Sampaio


Então, pela primeira vez, fez sexo com outro homem – um cis gay


Getty Images

pessoas e organizações transgêneras ao redor do mundo são amplamente representadas pela bandeira azul, rosa e branca

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sobre sua saga em relação à identidade de gênero – e à solidão decorrente dela – que ele vai falar em uma palestra marcada para amanhã, no teatro da Aliança Francesa, em São Paulo. O evento faz parte do primeiro encontro de organizadores de paradas LGBT de 37 municípios de SP, em parceria com o CRT (Centro de Referência e Treinamento DST/Aids da Secretaria do Estado da Saúde). Que vem a ser o homossexual que se identifica com o gênero designado no nascimento. Então, pela primeira vez, fez sexo com outro homem – um cis gay. Que vem a ser o homossexual que se identifica com o gênero designado no nascimento.Pacientes como Carlos Eduardo, que mantiveram a genital, teoricamente esperam menos tempo, já que se submetem apenas à mastectomia masculinizadora – que pode ser realizada por mais de um hospital – e à terapia hormonal. No caso dele, o laudo foi assinado por uma psicóloga particular, indicada por uma profissional do CRT, e a cirurgia foi um presente de seus pais."Ela é real. Mas se no começo pode parecer triste, depois você observa a dificuldade que as pessoas têm em manter um relacionamento estável, e dá graças a Deus de estar só."Pergunto se ele não receia cair em uma nova armadilha e se tornar um personagem de si mesmo. Ele reconhece que existe o risco, mas diz: "Não sei o que pode acontecer no futuro."e tem contado sua experiência para plateias relativamente grandes.

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Mulheres trans, cuja feminilização pode levá-las a esperar até sete anos FILA PARA TRANSIÇÃO Em dois dias, dirigentes da parada de SP e técnicos do CRT vão transmitir a lideranças regionais sua experiência em prevenção, saúde e também em instrumentalização de marchas (captação de recursos, segurança e marketing). "Nossa ideia é articular uma ação conjunta para tentar atingir a população vulnerável em regiões onde a sociedade civil alcança, mas o poder público tem dificuldade de chegar", segundo psicóloga Fabíola Lopes, do crt, onde Carlos Eduardo chegou a passar por uma triagem, entrou em uma fila mas acabou não sendo chamado. Segundo Fabíola, há no momento 1.800 pessoas que usam o Ambulatório de Saúde Integral para Transexuais e Travestis, o que inclui pessoas dispostas a fazer a transição de gênero e também as que desejam se submeter à redesignação de sexo – cirurgia de reconstrução das genitais. A maior parte destas últimas são mulheres trans, cuja feminilização pode levá-las a esperar até sete anos. "O único hospital que faz a cirurgia é o Mario Covas, em Santo André", explica a psicóloga. Ela diz que o Hospital das Clínicas tem uma regulamentação própria, e lá a fila é maior.

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RETIFICAÇÃO DO NOME Na semana passada, quase quatro anos depois de iniciar o processo de transição de gênero, Carlos Eduardo puxou o RG do bolso e mostrou com indisfarçável orgulho sua nova identidade. "Precisei entrar com uma ação na Justiça, porque ainda não havia a possibilidade de fazer a retificação do nome no cartório", conta ele, que trabalha como auxiliar administrativo. Diz que conseguiu a documentação em seis meses, sem custos, com a ajuda do crd (Centro de Referência e Defesa da Diversidade), da Prefeitura de São Paulo. Desde agosto, os transgêneros podem fazer a retificação de nome e gênero diretamente no cartório, sem necessidade de apelar para a Justiça nem de passar pela cirurgia de redesignação de sexo. O provimento 73 da Corregedoria Nacional da Justiça (cnj) regulamenta uma decisão tomada em março deste ano pelo Supremo Tribunal Federal (stf), quando seis ministros votaram a favor do direito a mudar o nome e o gênero no registro, incluindo a presidente do supremo, Carmen Lúcia. Foram votos vencidos o relator, Marco Aurélio Melo, e os ministros Alexandre Moraes, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

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Cecilia Pederzoli

Para obter êxito no pedido de alteração de nome são necessários outros recursos

TRANSEXUALIDADE QUEM? Enquanto cofia a barba, Carlos Eduardo conta que até os 19 anos nunca tinha ouvido falar em transexualidade. "Eu nem imaginava que existia", lembra. Informações sobre o assunto não chegavam a Franco da Rocha, no extremo da zona oeste de São Paulo, onde ele mora até hoje com os pais e duas irmãs mais velhas. Antes da transição, quando se contentava em ser lésbica, ele manteve um relacionamento de três anos com uma garota da sua idade, mas não era exatamente feliz. O apoio da família não resolvia o desconforto em relação ao próprio corpo: "Quando tomava banho, cobria o espelho com uma toalha para não me ver. Eu não tinha mais vida social. Mal saía de casa", conta. Foi então que ele descobriu grupos de homens trans na Internet, e começou a se informar. Embora seus pais, servidores públicos, o acolhessem como homossexual, ambos ficaram assustados quando ele informou que pretendia fazer a transição. "A psicóloga me ajudou a explicar a eles que não se tratava de uma doença", diz. Carlos Eduardo parece encantado com esse público que o especula com um interesse, digamos, romântico, supostamente sem preconceito.

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OBJETO DE ESTUDO CIENTÍFICO A primeira vez em que procurou o CRT foi em 2014; depois de um hiato de um ano, retomou o processo e terminou em 2017, por conta própria. A "pós transição" trouxe um certo conforto social, mas ainda há muito a conquistar no campo do relacionamento íntimo. Ele fez sexo com poucas pessoas e não desenvolveu nenhum namoro. Por outro lado, apesar de não frequentar bares e baladas, nem se considerar uma pessoa "sexualmente ativa", Carlos Eduardo se descobriu atraente para ambos os sexos. Então, surgiu o, "porém" mais complicado. Segundo conta, a maioria dos potenciais parceiros querem “matar a curiosidade" de transar com um homem sem pênis: "Você se sente um fetiche, ou um objeto de estudo científico.". O eventual receio de frustrar expectativas, e de se revelar uma fraude, não o faz cogitar a cirurgia de redesignação do sexo. "Nem me passa pela cabeça." Mas o mantém em uma certa inércia no campo da conquista. "Tenho preguiça de sair de Franco da Rocha, passar quase uma hora em um ônibus, e ainda ter de explicar tudo desde o início para uma eventual interessada", diz. Por enquanto, a solidão tem sido sua companheira mais assídua.

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Quando tomava banho, cobria o espelho com uma toalha para não me ver. HÉTERO Na tentativa de resolver a parte concernente ao relacionamento, ele fez incursões pelos aplicativos de paquera. Graças a eles, se permitiu fazer sexo com outros homens. Um ineditismo. Ele conta que a aversão que desenvolveu pelo sexo masculino, atribuída a um episódio de violência sexual sofrido na infância, está razoavelmente superada. Sua queixa em relação aos dois parceiros que teve, ambos gays cis, remete curiosamente à parte feminina de sua personalidade: "Tudo se resume a penetração." Nesse caso, ele mesmo diz que foi levado pela curiosidade. O convívio com heterossexuais cis é ainda mais remoto. "Em espaços heteronormativos, as falas são muito indelicadas. Ouço pérolas como: 'Se você ficou com homem, então você não é homem."' Carlos Eduardo aproveita o que a transição trouxe de positivo – o trânsito social, em determinado nicho. A palestra de amanhã não é a primeira desde a transição. Ele tem contado sua experiência para plateias relativamente grandes. "Falar sobre identidade de gênero agrega conhecimento não só a quem ouve, mas também a mim. Repetir a minha própria história me ajuda a elaborar melhor tudo o que eu vivi", diz.

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HOMENS NÃO SENTEM colunista Yasmin Magalhães 100% do tempo surtada e preocupada com tudo. Levemente estressada, mas nada que um desenho não cure. Personificação da alma deste ser incompreencível é arte. ilustradora Larissa Campos

Dentre os poucos textos que já escrevi, arriscaria dizer que este foi o mais difícil, porque apesar de ter contato direto com homens, não tenho a capacidade de redigir este texto em primeira pessoa, pois nunca vou saber como é ser homem. Como um artista em frente a uma tela branca, me vi num vazio, não sabia por onde começar. Então fui pedir ajuda para meu namorado, e através de um breve diálogo com ele e pela percepção que tenho dos homens que conheço, cheguei a um questionamento: por que os homens não expõem seus sentimentos? A cultura que estamos acostumados a ver sobre o ser masculino é sempre relacionada a algo forte, viril, inabalável, e muitos outros adjetivos, no sentido de um homem sem qualquer tipo de sensibilidade. O homem que mostra seus sentimentos é muitas vezes julgado cruelmente por essa escolha. Mas por quê? Por que só as mulheres pode sentir e os homens não? A cada dia e momento em que um homem passa por um problema, ele é muitas vezes obrigado a lidar com isso sozinho, mas não por opção, e sim porque foi ensinado a lidar com seus sentimentos assim, algumas vezes pela família, até mesmo pelas pessoas a sua

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volta, nas escolas ou que estao em seu convívio direto. Essa questão, não tem muita repercussão, mas atualmente tem aumentado o numero de pessoas que se movimenta pelo direito de expor seus sentimentos. A cada dia aumenta a quantidade de homens suicidas. Segundo a oms, a população masculina comete 3 vezes mais suicídio do que as mulheres, totalizando 76% no número total no Brasil. Se levarmos em conta que a melancolia e a depressão sao provocadas pela falta de abertura para que seja possível conversar e potencialmente expor pensamentos e aflições, compreendemos a necessidade de mudanças. É de grande importância para todo o mundo colocar suas angústias e dialogar sobre elas, pois isso salva vidas, e pode salvar a de pessoas que estão a sua volta e que você nem sabe que estão passando por dificuldades. Influenciem os homens a desabafar, conversem com seus amigos sobre seus sentimentos, ensinem seus filhos a sentir. Juntos podemos diminuir essas 10 mil vidas perdidas por ano e mostrar que apenas um desabafo pode salvar essas vidas.

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PAÍS DAS MASCULINIDADES colunista Ísis Mariana Designer, fã, filha e aluna. Várias caras, roupas e amante de manhãs com café e leite gelado. Diagnóstica com um vício crônico em músicas e desenho, vive um vida leve na cidade do interior que tem muita capivara.

ilustradora Catarina Valentina

Ultimamente tenho pensado que essa pandemia me trouxe vários pensamentos. Quando digo pensamentos, me refiro ao famoso “expandir os horizontes”, mas acho que fui além, expandi até as verticais, sim, aqueles pilares que a gente constrói durante a vida, e só decide por uma reforma quando percebe que a necessidade está grande. Bom, para mim foi assim, foi repentino, mas foi ao meu encontro na hora certa. Esses meses em que a gente só vê concreto e tapete, me deparei que nunca passei tanto tempo solteira como estou agora. Sim, solteira. Me chamar de Alice, no país das maravilhas, seria minha definição nesse momento que mais curiosa e perdida, só a própria personagem mesmo. Nesse novo mundo de maravilhas, o pensar diferente é meu verdadeiro tesouro quarentenal. Todas as vezes me relacionei com homens, ou a qualquer nome que possa se referir à esta palavra, e um deles estava na minha vida desde que eu nasci: meu pai. Ô figura complexa, hein? Me lembro desde pequena observá-lo aguentar perrengues de boca fechada e sorriso no rosto, vindo de uma má compreensão de que a sociedade o rejeitaria se fosse diferente. Sim, meu pai chora e meu pai sente.

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Mas ele também usa várias máscaras que não são a seu favor, e que, muitas vezes, só quem consegue diferenciá-las é minha mãe. A ideia de ser sensível, muitas vezes, para ele, é sinônimo de fraqueza, e creio que você, leitor, saiba do que eu estou falando. É a famosa antiga trama que o machismo tece desde sempre de que não sentir, é pré requisito de ser homem. “Sociedade doente e autoritária” é como eu chamo a dona de tudo isso. Só que ela não sabe o quanto é bom ter homens por perto. Não, não aqueles que abrem a porta do carro, mas aqueles que sentem, aqueles que falam, aqueles que expressam, aqueles que exalam a beleza de uma ou duas, ou mais masculinidades que ele pode ter. Mas homens como seu pai, seu irmão, seu avô que talvez não tiveram a oportunidade de parar pra pensar que, ser homem, é ser humano, é ser amado, é sensível, é ser escutado, é dar escuta, é dar espaço, é ter espaço e é ser luz ao meio de tanto outros vazios que nos deparamos por aí. É por esses homens que minha solteirice se abala, e isso que me move a escrever aqui, sobre alguém que eu tenho tanta esperança e fervor. Meu pai é a horizontal que talvez não se tornará vertical, mas estou feliz que, dentro de seus limites, ele tentou dar o melhor de si.

incógnita



QUANDO O HOMEM É A VÍTIMA colunista Débora Everdeen Escritora, atriz, artista, com mania de pefeccionista. Que sempre faz a falsa promesa de comprar um livro novo depois que acabar de ler os outros da sua estante e acaba nunca terminando, mas mesmo assim nunca deixa de ler um livro.

ilustradora Kiara Collins

Não somente nós mulheres enfrentamos assédio, mas os homens também sofrem com isso, de forma diferente, claro, porém esse assunto ainda é pouco abordado na nossa sociedade. Como vítimas de assédio, muitos homens não sabem como responder a isso –se é que essa resposta existe–, alguns ficam constrangidos, outros tentam ignorar, e assim como para as mulheres, é muito difícil para eles compreender que sofreram assédio e contar seus relatos. Mesmo que estejam em uma posição de privilégio na sociedade, ainda assim podem ouvir de outros amigos que são sortudos por serem assediados, o que é um absurdo, pois além de menosprezar o assédio e o sentimento da vítima, essa fala ainda pode incentivar a crença de que isso é algo positivo. Se não possui consentimento, foi assédio e ponto. Não é algo exclusivo de um gênero específico. Infelizmente, todo ser humano pode sofrer assédio, seja no trabalho, na rua, na escola, na faculdade, em festas, baladas... Um dia, João (nome meramente ilustrativo) estava passando pela rua, avistou uma mulher se aproximando e continuou andando. Ela, quando passou ao seu lado, deu um tapinha em sua bunda. João nunca havia visto aquela mulher na vida. Ficou perplexo, envergonhado,

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paralisado. Não sabia ao certo o que fazer e por isso continuou andando. Ele se sentiu como um objeto, impotente e perdido. Não foi culpa de João. Nem de suas roupas– afinal, o que uma pessoa veste não impede ou determina o acontecimento do assédio. Não foi culpa dele estar naquele lugar, naquela específica hora do dia. Não foi culpa dele. Muitas histórias assim ou parecidas acontecem no dia a dia e elas incentivam a cultura do estupro e da objetificação. Enquanto o assédio não for tratado como um ato repugnante e ao invés disso continuar sendo velado como brincadeira, elogio, afeto ou qualquer outro sinônimo, mais atitudes como essa serão reproduzidas na sociedade. Por isso também se deve dar importância muito grande a conversar, debater e denunciar em comunidade. Não é uma tarefa fácil, mas é algo necessário para podermos evitar esses atos, conseguir superar e nos tornarmos seres humanos melhores. Nós também estamos nessa luta com vocês e não devemos desistir. Somente assim talvez conseguiremos nos libertar desses males. Sem nos esquecer que as palavras são muitas vezes nossa maior arma para nos defender desse mundo caótico. Não é elogio, não é carinho, não é sorte, é assédio.

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HOMEM QUE É MACHO colunista Yud Koga

Ator e Jornalista. Escritor por inspiração. Dançarino por paixão. ilustrador Thais Monim

Homem que é macho não lava louça e Porque dois caras se agarrando no nem limpa casa. Fala grosso o tempo chão só se for na violência, por favor! todo. Coça o saco na frente de todo Jamais por amor. Filme romântico é mundo e abre bem as pernas na hora pra mulher, né? O negócio é ação, tiro, de sentar. Não leva desaforo pra casa, sangue e morte. Na hora de beber, tem que resolver tudo na porrada. cerveja. Da mais amarga possível se Chorar? Nunca, em hipótese alguma! tiver. Homem que é macho tá sempre Engole esse choro senão vai levar. querendo. Tem que ser grande e não Tem que ser forte, bruto, senão não pode falhar, hein? Rosa? Virou menina presta. Tem que ter carrão e ainda agora? Mermão, sai daqui que já xingar no trânsito. Viu uma mulher deu sua hora. passando na rua? Assovia e torce o Homem que é macho segue todos pescoço pra olhar, é regra! Tá perdido? esses mandamentos e muitos outros Ai de você se perguntar pra alguém, não citados sem reclamar. Tem que se afinal, homem que é macho não sentir superior. Mostrar quem manda, precisa da ajuda de ninguém. nunca obedecer. Desrespeitar quem é Cabelo curto sempre. Comprido diferente, menosprezar o sexo oposto, é só se gostar de rock, aí pode. assim que deve ser. Desodorante é opcional, quem precisa Ele só não percebe que, no fim de disso? Depilação? Tá me tirando? tudo isso, acaba levando um tiro no Maquiagem já é passar do limite, pra próprio pé. Porque, afinal de contas, não falar outra coisa. Homem que querendo tanto ser um homem que é é macho tem que gostar de futebol, macho, “homem” e “macho” é tudo o corrida e ufc. que ele não é.

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SAÚDE

DEPRESSÃO E DESINFORMAÇÃO O desconhecimento sobre a depressão impede que as pessoas busquem ajuda médica, aumentando os casos de suicídio entre jovens e homens texto MedPrev foto Damon Baker


Desinformação que causa o maior número de mortes entre homens

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Depressão, suicídio Ae tabu no Brasil

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egundo a Organização Mundial da Saúde (oms), o Brasil é o país com os maiores índices de depressão na América Latina: por aqui, 5,8% da população sofre com essa doença, o que representa 11,5 milhões de pessoas Mesmo atingindo tanta gente, mais da metade dos brasileiros não sabe o que é depressão ou não considera que ela seja uma doença. Além disso, o assunto ainda é motivo de vergonha e desconfiança, principalmente entre os jovens e os homens adultos. Essas informações foram obtidas pela pesquisa intitulada “Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental”, que foi realizada em 2019 pelo Ibope Conecta com 2 mil brasileiros acima de 13 anos residentes na cidade de São Paulo ou nas regiões metropolitanas do Distrito Federal, Fortaleza, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A depressão é uma doença, mas nem todo mundo sabe disso. De acordo com a pesquisa do Ibope, apenas 47% dos participantes classificaram a depressão corretamente como um transtorno mental, enquanto os demais afirmaram que ela seria resultado de uma fase difícil da vida ou um estado de espírito. Os mitos relacionados às causas da depressão se mostraram mais presentes entre a população jovem, pois 26% dos entrevistados de 18 a 24 anos declarou que ela se trata de uma “doença da alma”, demonstrando desconhecimento sobre suas verdadeiras origens. Enquanto isso, apenas 15% dos participantes com mais de 55 anos concordaram com essa afirmação.

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Os homens são os que mais sofrem com a falta de informação

diz medprev

OS JOVENS SENTEM VERGONHA DE FALAR SOBRE A DEPRESSÃO Outra conclusão da pesquisa feita pelo Ibope é que a população jovem se sente mais constrangida a falar sobre a depressão com a família, na escola ou no trabalho. Perguntados sobre como se sentiriam diante de um diagnóstico de depressão, 39% dos entrevistados de 13 a 17 anos declararam que não se sentiriam à vontade para conversar com um familiar. Entre a população em geral, essa taxa foi de 22%. Além disso, 49% dos adolescentes disseram que ficariam constrangidos em falar sobre. Além disso, mais da metade (55%) dos entrevistados do sexo masculino acredita que “manter uma atitude positiva” e “ter alegria de viver” seriam suficientes para sair de um quadro de depressão. A confusão se manteve entre os adolescentes de 13 a 17 anos: na pesquisa, 23% dos participantes dessa faixa etária disseram que a depressão seria “apenas um momento de tristeza”, não uma doença. Em consequência disso, esse grupo não acredita que os sintomas da depressão possam se manifestar fisicamente.Além do desconhecimento, essa visão equivocada acaba limitando as possibilidades de tratamento. Quando não se admite que a depressão é uma doença tal qual a diabetes ou uma infecção, a pessoa não busca auxílio profissional e, muitas vezes, não acredita que o problema pode e deve ser tratado.

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29% deles acreditam que a doença é ou pode ser um sinal de fraqueza diz ibope

Já entre os participantes de 18 a 24 anos, o maior problema seria revelar um diagnóstico de depressão no trabalho, pois 56% deles declararam que se sentiriam envergonhados de falar sobre o assunto nesse ambiente. O principal motivo para isso é a percepção de que os colegas de trabalho não veem a depressão como uma doença verdadeira. O desconhecimento sobre a depressão leva a opiniões equivocadas sobre a doença entre toda a população, mas com maior destaque entre os homens. Para 17% das mulheres entrevistadas, a depressão é ou pode ser causada pela “falta de fé”, o que não tem nenhum respaldo científico. Já entre os homens, o cenário foi ainda mais grave, pois 30% dos participantes revelaram que pensam dessa forma. Essa desinformação é apenas um dos fatores que impedem que os homens busquem tratamento médico, pois 29% deles acreditam que a doença é ou pode ser um sinal de fraqueza ou um resultado da falta de força de vontade. Além disso, mais da metade (55%) dos entrevistados do sexo masculino acredita que “manter uma atitude positiva” e “ter alegria de viver” seriam suficientes para sair de um quadro de depressão. Embora esses elementos sejam importantes, eles sozinhos não constituem um tratamento para esse transtorno mental, assim como não podem curar doenças de qualquer outra natureza das tendências do suicídio no Brasil. Quanto o restante do mundo apresentou uma queda nesse parâmetro. Boa parte disso pode estar relacionada à recusa em buscar tratamento.pois 34% dos entrevistados de 13 a 17

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incógnita


O tabu se torna motivo das mortes e dos suicídios da população masculina

anos e 23% dos participantes de 18 a 24 dizem que não aceitariam tomar antidepressivos prescritos pelo médico. As principais justificativas para isso são conceitos equivocados, como acreditar que esses medicamentos não funcionam, que os antidepressivos mais modernos não são tão eficazes porque causam menos efeitos colaterais ou que eles “viciam”. Além da idade, o sexo é um fator determinante para o risco de suicídio: embora as taxas de depressão sejam mais elevadas entre as mulheres (5,1% para elas e 3,6% para eles), os homens cometem três vezes mais suicídio. Esse fato pode estar relacionado às tendências reveladas pela pesquisa, que mostraram que os tabus sobre a depressão estão mais presentes entre os homens, tornando-os mais resistentes a buscar ajuda médica e a aceitar o tratamento medicamentoso (21% entre os homens e 16% entre as mulheres). Vale mencionar também que o estudo revelou um grande desconhecimento sobre o papel do psiquiatra, o médico responsável por diagnosticar e tratar os transtornos mentais. Na maior parte dos casos, os participantes disseram acreditar que a depressão não era um transtorno tão grave ou importante quanto os demais, causando uma recusa em buscar a ajuda desse profissional devido ao estigma de “médico de loucos” – que não corresponde à realidade. Ao apresentar sintomas da depressão como tristeza, apatia ou irritação persistentes, perda de interesse nas atividades, sentimento de culpa ou vazio. Sentimentos que sufocam o paciente.

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A ignorância daimportância do psiquiatra, é super prejudicial para o tratamento de doenças como depressão

Boa parte disso pode estar relacionada à recusa em buscar tratamento, pois 34% dos entrevistados de 13 a 17 anos e 23% dos participantes de 18 a 24 dizem que não aceitariam tomar antidepressivos prescritos pelo médico. As principais justificativas para isso são conceitos equivocados, como acreditar que esses medicamentos não funcionam, que os antidepressivos mais modernos não são tão eficazes porque causam menos efeitos colaterais ou que eles “viciam”. Além da idade, o sexo é um fator determinante para o risco de suicídio: embora as taxas de depressão sejam mais elevadas entre as mulheres (5,1% para elas e 3,6% para eles), os homens cometem três vezes mais suicídio. Esse fato pode estar relacionado às tendências reveladas pela pesquisa, que mostraram que os tabus sobre a depressão estão mais presentes entre os homens, tornando-os mais resistentes a buscar ajuda médica e a aceitar o tratamento medicamentoso (21% entre os homens e 16% entre as mulheres). Vale mencionar também que o estudo revelou um grande desconhecimento sobre o papel do psiquiatra, o médico responsável por diagnosticar e tratar os transtornos mentais. Na maior parte dos casos, os participantes disseram acreditar que a depressão não era um transtorno tão grave ou importante quanto os demais, causando uma recusa em buscar a ajuda desse profissional devido ao estigma de “médico de loucos” – que não corresponde à realidade. Ao apresentar sintomas da depressão como tristeza, apatia ou irritação persistentes, perda de interesse nas atividades, sentimento

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Os homens cometem três vezes mais suicídio

diz ibope

de culpa ou vazio, dificuldade para tomar decisões, perda da libido e pensamentos autodestrutivos ou suicidas, é essencial passar por uma avaliação médica. Utilize o site ou o aplicativo do medprev para marcar sua consulta com o psiquiatra. Em consequência disso, esse grupo não acredita que os sintomas da depressão possam se manifestar fisicamente.Além do desconhecimento, essa visão equivocada acaba limitando as possibilidades de tratamento. Quando não se admite que a depressão é uma doença tal qual a diabetes ou uma infecção, a pessoa não busca auxílio profissional e, muitas vezes, não acredita que o problema pode e deve ser tratado. Os mitos relacionados às causas da depressão se mostraram mais presentes entre a população jovem, pois 26% dos entrevistados de 18 a 24 anos declarou que ela se trata de uma “doença da alma”, demonstrando desconhecimento sobre suas verdadeiras origens. Enquanto isso, apenas 15% dos participantes com mais de 55 anos concordaram com essa afirmação. Mesmo atingindo tanta gente, mais da metade dos brasileiros não sabe o que é depressão ou não considera que ela seja uma doença. Além disso, o assunto ainda é motivo de vergonha e desconfiança, principalmente entre os jovens e os homens adultos. Os mitos relacionados às causas da depressão se mostraram mais presentes entre a população jovem, pois 26% dos entrevistados de 18 a 24 anos declarou que ela se trata de uma “doença da alma”.

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TECNOLOGIA

HOME OFFICE NO DISTANCIAMENTO Home office por tempo indeterminado e adoção de soluções digitais por diferentes setores da economia são algumas das transformações impostas pela pandemia texto Ronaldo Lemos foto Adam Lang



A quarentena possibilitou novas maneiras de trabalhar e estudar em casa

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om a autorização para a retomada do trabalho presencial em decorrência de medidas de flexibilização do isolamento social adotadas por governadores e prefeitos, torna-se cada vez mais necessário refletir sobre os aprendizados trazidos pelo distanciamento social no ambiente de trabalho, por meio da adoção do home office. Trata-se de um caminho sem volta, que tende a impactar as reflexões sobre rotinas de trabalho para o futuro. Em março de 2020, com a chegada da Covid-19 no Brasil e a recomendação de isolamento social como medida efetiva de enfrentamento aos efeitos do vírus, tornou-se necessária a adoção de um regime de trabalho diferenciado, com rígidos parâmetros de proteção pelos funcionários de empresas que necessitam desenvolver presencialmente atividades consideradas essenciais, e com a adesão ao home office pelos funcionários cujas atividades podem ser desenvolvidas à distância. Em um curto espaço de tempo, foi preciso criar ou aprimorar estruturas para se adaptar à nova realidade de distanciamento social imposta pela pandemia – sem que houvesse qualquer previsão clara sobre a duração dessa nova experiência de trabalho – demandando a organização de arranjos capazes de lidar com essa situação de indefinição da forma mais adequada possível. De imediato, e antes mesmo da determinação de fechamento das atividades não essenciais, reportagem de 16 de março de 2020

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incógnita


O trabalho remoto cresceu 21,1% entre os anos de 2017 e 2018

diz ibge

relatou que certos escritórios e empresas intensificaram a adoção de medidas de higiene, instituíram revezamento entre funcionários e começaram a se organizar para permitir o trabalho remoto de parte do quadro de colaboradores. Outras empresas e escritórios instituíram o home office imediato para a integralidade dos seus quadros, movimento que se tornou praticamente inevitável com o agravamento do quadro da doença no país. Observa-se que, antes mesmo da pandemia, a adoção de atividades remotas já havia crescido no país. Por exemplo, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ibge) apontou que o trabalho remoto (seja em casa ou em outros espaços, como coworkings) cresceu 21,1% entre os anos de 2017 e 2018. Não obstante, essa tendência ainda era avaliada por determinadas instituições a passos lentos, como uma prática pouco usual e acompanhada de uma série de ressalvas e receios. De todo modo, diante do cenário gerado pela Covid-19, escritórios e empresas foram exigidos a adotar o trabalho remoto e experimentaram na prática as dificuldades e os benefícios dessa modalidade de trabalho. Em algumas empresas, o sucesso da experiência, associado às ainda presentes incertezas sobre o enfrentamento da pandemia, resultou na determinação da adoção do home office por período prolongado (como Facebook, Google, Nubank, xp, Coca-Cola, que determinaram o home office integral para certas funções até o final de 2020) ou permanente para totalidade.

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A leitura caseira se tornou mais valorizada durante a quarentena, e tem sido hobbie e ferramente de trabalho

Para essas novas configurações na rotina de trabalho, a finalidade do espaço físico de empresas e escritórios assumiria novos contornos, como a realização de reuniões, treinamentos e eventos, além da disponibilização de estações de trabalho rotativas ou permanentes, nos casos em que houver necessidade de presença do funcionário para o exercício de suas funções (a exemplo da XP). Mais que isso, empresas como Kroll, xp, Olist, Zoom & Buscapé passaram a fornecer auxílio para seus colaboradores com infraestrutura para o home office, como a disponibilização de cadeiras, laptops, softwares de segurança da informação e planos de internet. Outras empresas, como a LafargeHolcim, chegaram até a oferecer um auxílio home office para os seus funcionários. Essa experiência proporcionou aprendizados relevantes sobre rotinas de trabalhos e sobre preocupações institucionais a serem consideradas pelas lideranças, que merecem maior reflexão em momento no qual estão sendo debatidas alternativas de extensão do home office e possíveis formas de retomada do trabalho presencial. De modo a contribuir com essas reflexões, faremos um breve balanço sobre os aprendizados no home office sentidos nessa quarentena. De todo modo, diante do cenário gerado pela Covid-19, escritórios e empresas foram exigidos a adotar o trabalho remoto e experimentaram na prática as dificuldades e os benefícios. Em março de 2020, com a chegada da Covid-19 no Brasil e a recomendação de isolamento social como medida efetiva.

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Essa experiência proporcionou aprendizados relevantes

diz Ronaldo Lemos

BALANÇO SOBRE EXPERIÊNCIAS DE HOME OFFICE DURANTE A PANDEMIA Diferentemente de alguns estabelecimentos que já possuíam uma política de home office devidamente instituída e consolidada, a Covid-19 fez com que essa modalidade de trabalho, antes vista como um benefício pontual, se tornasse a única maneira possível de prosseguir com o desenvolvimento de determinadas atividades. Muitos escritórios e empresas, antes não adeptos a novas formas de trabalho remoto, embora resistentes à adoção dessa alternativa, passaram a experimentar, na prática, a sua viabilidade, com a constatação de que é possível, em muitos casos, manter os mesmos níveis de produtividade por meio do trabalho remoto. Na realidade, os resultados decorrentes dessa prática têm se mostrado ainda mais interessantes que o originalmente imaginado, razão pela qual iniciativas de home office passaram a ser incorporadas por empresas dos mais diversos setores, especialmente diante do atual contexto de flexibilização das medidas de isolamento social (que ainda impõe consideráveis riscos à saúde). Para além dos ganhos de produtividade, muitos empregadores passaram a avaliar benefícios adicionais relacionados ao regime de trabalho à distância, como a redução de custos fixos (que contemplam, por exemplo, aluguel e manutenção da estrutura física), bem como os ganhos relacionados ao maior bem-estar dos funcionários, que também contribuem para a promoção da imagem.

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A quarentena possibilitou a flexibilidade do trabalho e do descanso

Além disso, a adoção de políticas de home office pode ser entendida como medida positiva na captação e retenção de talentos, visto que fornece um ambiente de trabalho flexível ao colaborador, e possibilita maior contratação de talentos que, tipicamente, não seriam incorporados ou seriam desligados dos quadros internos devido a barreiras geográficas (ex.: desligamento de colaborador que realiza estudos no exterior ou que enfrenta dificuldades de deslocamento em grandes centros), e permite ainda que esse processo de contratação seja mais diversificado e inclusivo (ex.: contratação de profissionais com mobilidade reduzida, que teriam maior dificuldade no deslocamento aos espaços físicos ou mesmo dentro desses espaços). Já para grande parte dos funcionários, essa modalidade de trabalho também tem sido vista como positiva por apresentar uma série de vantagens, especialmente em termos de bem-estar. No primeiro caso, a ausência de necessidade de comparecimento ao espaço físico da empresa ou do escriwtório auxilia na redução de gastos com transporte, alimentação e vestuário, reduz o tempo despendido em deslocamento (elencado como um dos maiores benefícios para trabalhadores de grandes centros urbanos), e permite maior flexibilidade na realização de outras tarefas benéficas ao funcionário, como exercícios físicos, atividades acadêmicas, de lazer, ou mesmo mais tempo com a família. Essas possibilidades contribuem também para aumentar a motivação do funcionário, devido à chance de colaborar com uma instituição que se mostra alinhada.

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Facilidade, estabilidade e locomoção rápida

Já em termos de produtividade, a objetividade e o foco nos debates e encontros virtuais entre membros das equipes passa a ser uma tendência, favorecidos pela menor distração e barulho ambiental (ao menos para certos funcionários). Além disso, a possibilidade de realização de reuniões remotas reduz de maneira considerável o tempo normalmente gasto com deslocamento, aumentando o período de disponibilidade do funcionário para desempenhar outras funções, inclusive com maior flexibilidade para a organização da pauta de trabalho, desenvolver tarefas organizacionais e para o aprimoramento profissional (como através da participação em cursos e palestras). Em adição a esses benefícios, estudos apontam a possibilidade de o trabalho remoto auxiliar na maior inserção de mulheres no mercado de trabalho. Essa possibilidade passa por elementos como a necessária renovação de cultura institucional provocada pelo trabalho à distância, bem como pela maior flexibilidade para conciliar a carreira com a maternidade ou com outras atividades de cuidados, que muitas vezes são atribuídas pela família às mulheres (como o auxílio a idosos e crianças). De fato, durante a pandemia parte da flexibilidade foi reduzida por não ser possível contar com a rede de apoio que pode estar presente nos deveres de cuidado. Outras empresas e escritórios instituíram o home office imediato para a integralidade dos seus quadros, movimento que se tornou praticamente inevitável com o agravamento do quadro da doença, além dos ganhos, muitos empregadores passaram a avaliar benefícios.

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ARTE E CULTURA

MATUÊ BATE RECORDE NAS PARADAS Rapper cearense fala à Incógnita sobre Máquina do tempo, álbum que superou cifras de Lady Gaga e Anitta em streaming. Ele populariza no Brasil o trap, vertente 'chapada' do rap do sul dos eua

Anderson Fetter / Agência RBS

por Gabriela Sarmento e Rodrigo Ortega


Já passa de 110 milhões de visualizações no Youtube na primeira semana


Divulgação do album

O trabalho se tornou a melhor estreia de todos os tempos no Spotify Brasil

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lista de músicas mais tocadas em streaming no Brasil nunca teve tantas faixas de rap nacional nos primeiros lugares - todas do mesmo artista.“Elas ficam bem soltas, bem aleatórias ali, né? Têm dois 'funkão', aí Matuê, aí depois dois sertanejos, e Matuê”, descreve o próprio cantor.O rapper cearense teve a melhor semana de estreia de um disco na história do Spotify no país. "Máquina do tempo" saiu em 10 de setembro e emplacou todas as sete faixas entre as 15 mais tocadas no Spotify no Brasil no dia, um feito inédito. Outra barreira quebrada: as faixas foram ouvidas 23,7 milhões de vezes em sete dias, superando recordes semanais anteriores de álbuns Lady Gaga e Anitta, segundo o Spotify. As faixas cheias de psicodelia, sexo e efeitos de voz furaram a bolha dos fãs de trap. O subgênero do rap, de batidas arrastadas e graves, é popular há vários anos nos EUA e cresce no Brasil. Depois de quatro anos de carreira, ele coleciona sucessos como “Kenny G”, com 86 milhões de streams, e “Anos Luz”, com 69 milhões de streams. Além dos números alcançados com as produções musicais, Matuê tem uma soma expressiva de público: 2,8 milhões de seguidores no Instagram, 2,6 milhões ouvintes mensais no Spotify e mais de 2 milhões de inscritos no canal 30PRAUM do YouTube. Em 2019, o trapper entrou para a lista de 20 artistas "para ficar de olho", dilvulgada pelo You Tube Music. Além de Matuê, o cearense Avine Vinny também estava entre os nomes. Para o lançamento do seu primeiro álbum, o cantor assinou um contrato com a gravadora Sony Music.

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incógnita


E com o passar do tempo, quando você começa a conquistar o básico, começa a ter uma vida digna QUEM É MATUÊ? Máquina do tempo é o primeiro álbum de Matheus Brasileiro Aguiar, 26 anos. Mas sua carreira já ganha força há quatro anos em faixas avulsas. Com sucessos como "Anos luz" e "Kenny G", acumulou fãs e detratores. O trap feito de forma mais acessível e melódica gerou reação de gente que posa como entendida do estilo nas redes sociais. A frase "Matuê não é trap" virou quase um bordão, repetida nas redes por gente que torce o nariz para ele. O próprio Matuê já brinca com essa “acusação” de que não faz trap de verdade. Em “A morte do Autotune” (2018), ele citou de forma dramática o efeito de voz comum no trap. No hit "Kenny G" (2019), imitou com desprezo os fãs de rap que falam "eu não gosto de Matuê, não". EUA E CEARÁ Um fato em sua biografia virou lenda entre fãs e "haters". Matuê morou nos EUA entre a infância e a adolescência. Mas ao contrário do que se diz nas redes, não houve glamour. Ele resume a experiência na gringa, dos 8 aos 11 anos, como "interessante": "Meus pais botaram tudo a jogo para ir para lá e de início a gente tinha só o básico. A gente estava até em uma situação de dormir no chão inicialmente. E com o passar do tempo, quando você começa a conquistar o básico, começa a ter uma vida digna".

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Divulgação do album

Eu tive algumas experiências psicodélicas que foram importantes, fundamentais Lá, ele acompanhou os movimentos de rap e trap mais de perto. Mas a família teve que voltar para o Ceará para ficar perto da avó, que estava com câncer. Professora de artes, ela foi responsável por memórias de música do Nordeste na infância. "Apesar de não ter sido uma coisa de educação, foi mais 'vamos brincar ali', ela tocando acordeon, tocando teclado e muito forró, bem tradicional da nossa cultura. Isso ficou com certeza, ficou muito", diz. "Infelizmente ela faleceu um ano depois e, para mim, isso foi uma situação muito difícil, porque eu não tinha muita conexão com as outras pessoas da minha família. Ela, para mim, era a guia, era a pessoa que me criava", ele lembra. O adolescente com referências norte-americanas acabou mergulhando no gênero que mais representa os jovens dos EUA hoje. Mas ele não quer se prender ao trap. "Sou fã do hip hop, do trap, acompanho pra caramba, mas, para ser sincero, o que me move em relação à música está fora do trap", diz Matuê. André 3000 é referência no rap. Fora, há Bob Marley, Jimi Hendrix, Charlie Brown Jr. E estilos preferidos? "A maioria da minha playlist tem rock alternativo, indie". Entre os mais tocados está Tame Impala, o projeto psicodélico do australiano Kevin Parker."Eu não quero que [a base no hip hop] me limite, por isso dentro do disco tem músicas como "Vem Chapar", que são um pouquinho mais fora da curva do que se diz o trap tradicional". Essa faixa lembra o rap mais pop de Post Malone. Ele resume a experiência na gringa.

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Experiência com alucinógenos com toda a equipe de turnê em janeiro de 2020, ajudou a criar a ideia de “Cogulândia”

'EXPERIÊNCIA PSICODÉLICAS' "Tem um lugar que geral fica bem / E você pode ir pra lá também / Vem ser feliz na Cogulândia" são versos da faixa que abre o disco, "Cogulândia". O formato é de trap, mas a substância muda - não é o lean, xarope à base de codeína citado por 10 entre 10 ídolos do estilo. Matuê explica que, na quarentena, passou por um período de busca e de "evolução pessoal e espiritual":"Eu tive algumas experiências psicodélicas que foram importantes, fundamentais, para dar esse pulo em termos de mudança de perspectiva e entender o momento do que está se passando e como eu posso auxiliar, como eu posso ser melhor dentro do meu trabalho", diz. "Acredito nessa capacidade de certas experiências, não só relacionadas a enteógenos psicotrópicos, mas espirituais. Experiências transformadoras, de melhorar a vida. Trazer mais clareza e segurança sobre o que se está fazendo. Por isso acredito que tenha isso tão forte no disco", ele explica. Ele faz um retrato distante dos clichês tropicais de Fortaleza em "É sal". "Fortal City é uma mistura / Morando na praia / E mesmo assim a vida é dura / Tá geral suave, do nada o clima muda / Vai passar na frente, a máquina te costura"na quarentena, passou por um período de busca e de "evolução pessoal e espiritual":"Eu tive algumas experiências psicodélicas que foram importantes, fundamentais, para dar esse pulo em termos de mudança de perspectiva.

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Máquina do Tempo, faixa que era a mais esperada por todos os fãs, como também lançou ainda uma espécie de bônus track dentro dela

VIAGEM ESPACIAL E FORTALEZA REAL As letras sobre viagens espaço-temporais com arranjos climáticos já gera teorias sobre significados secretos nas redes sociais. Matuê prepara uma HQ baseada no álbum. Aquela figura de cabelos e olhos roxos dos vídeos é um personagem?"É e não é, sabe? Ao mesmo tempo em que é [personagem], sou eu, porque tudo que escrevo, falo, são coisas que são conectadas com minha vida. Tem músicas que falam sobre a minha cidade, meu lugar de origem, as expressões que a gente utiliza aqui". CHORÃO RECONSTRUÍDO A faixa-título e maior hit, "Máquina do tempo", usa a base de "Como tudo pode ser", do Charlie Brown Jr. Ela começou a ser feita em 2018. Sem saber se conseguiria a liberação do uso do sample na faixa, concebida pelo produtor de trap Celo, Matuê e o parceiro WIU regravaram a base de forma semelhante à original, como alternativa aos entraves burocráticos."Fui atrás do mesmo baixo do Champignon, da guitarra do Marcão, dos efeitos, do que ele estava usando ali no pedal board dele", explica. Mas a autorização veio e foi comemorada pela equipe: "Se a gente não tivesse conseguido, ia ficar com receio muito grande, ia torcer para música não dar certo, para ficar mocada lá e o pessoal poder ouvir", ele brinca. Matuê ocupa no trap um espaço semelhante ao que o líder do Charlie Brown Jr. ocupava no rock brasileiro - uma espécie de

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incógnita


Capa do álbum 'Máquina do tempo / Divulgação

Se você for ver, nem Jesus agradou todo mundo, né? Então a gente não tem como "Não querendo me comparar com ele de nenhuma forma, porque eu tenho ele como lenda. Mas eu acredito que ele foi um cara que veio com uma missão muito clara aqui para Terra", diz o fã sobre Chorão. "Do que ele queria fazer, do que ele queria transmitir, independente do que isso causou, ele concluiu o objetivo dele. Se você for ver, nem Jesus agradou todo mundo, né? Então a gente não tem como...". A comparação a Jesus na primeira pessoa do plural vem mais fácil do que a relutância em se comparar a Chorão - para dar uma ideia do quanto Matuê reverencia o líder do Charlie Brown Jr. Ao contrário da insolência das letras, ao conversar sobre carreira Matuê sabe que ainda tem muito a conquistar, e mostra alegria genuína com o fenômeno do álbum. Ele sempre acompanhou de perto o lado dos negócios com a produtora 30Praum, que começou com três e hoje tem 16 funcionários. "A gente começou de forma improvisada, gravando as minhas músicas num laptop quebrado do jeito que dava mesmo. Mas sempre entendendo que aquilo era um passo a se dar", ele diz. "E que eu não podia nunca ter medo do próximo passo, de melhorar, me profissionalizar", completa. "Isso foi em 2016, então o tempo foi bem curto. Acho que a gente conseguiu chegar nesse objetivo rápido. Mas foi muito trabalho, muita dedicação, muito suor, muita frustração, muita decepção, sempre passando por cima dessas barreiras para poder elevar o nível do som, Por isso ele afirma que tenha isso tão forte no disco.

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SEXO

O GUIA PARA TIRAR NUDES COM CLASSE Mandar ou não mandar? Qual ângulo usar? Luz e ambiente importam? Nunca existiu época melhor para se tornar um mestre na arte da foto sensual e nós te damos o caminho das pedras

Anderson Fetter / Agência RBS

por Vinnie Boaventura


Um bom angulo faz toda a diferenca


Atraves da fotos, pode até haver um conhecimento de si mesmo e pode ocasionar uma libertaçâo

O

isolamento social está rolando no Brasil para conter a disseminação do novo coronavírus (ou coronavairus para os mais íntimos) e isso já não é novidade, mas o efeito colateral não pode ser ignorado: todo mundo está com a libido lá em cima. Se o proibido é mais gostoso, imagina durante uma pandemia? Resultado disso é o aumento do número de visitas em sites pornôs. O Pornhub, um dos mais famosos do ramo, teve um crescimento de 13% no dia 17 de março em visitas no Brasil. Já o Sexy Hot, site nacional, aumentou 31% no período de 14 a 19 de março. Se o pessoal está mais a fim de transar agora do que antes da pandemia, isso eu não posso afirmar 100% (só 99% de acordo com as conversas no Whatsapp), mas com certeza a frequência do ato teve uma queda brusca - principalmente para os solteiros. A necessidade de conexão - sexual, especificamente - está grande. E esse é o melhor momento para as nudes. A frase "como tirar uma nude" tem mais de 10 milhões de resultados no Google. Insegurança, inexperiência. Tudo isso vem no pacote quando o assunto é tirar fotos do próprio corpo nu. Mas como fazer e quando mandar um clique sensual? É isso que eu vou te contar - com a ajuda de amigos e amigas entusiastas da arte - abaixo (anote pois são dicas de ouro). Como dar o primeiro passo: primeira regra: nunca mande uma foto nu "do nada" para a pessoa. "Bom dia! Aqui está uma foto do

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Marcela Fernandes.

Você precisa ter no mínimo confiança na pessoa ou o máximo de tesão diz Vinnie Boaventura

meu p*u." Não! Assim como no sexo, preliminares são essenciais. No caso do mundo digital, isso começa com uma conversa mais quente. Mas aqui existe uma brecha: se você já estiver em um relacionamento estável com a pessoa, surpreendê-la pode ser até divertido. Caso você não, segure a onda e nada de surpresinhas Mas como saber se chegou a hora de mandar uma foto íntima? Para Ricardo, 26, (cujo nome, como o de outros personagens desta matéria, foi alterado por questões de privacidade) "você precisa ter o mínimo de confiança na pessoa ou o máximo de tesão. Normalmente os dois sabem quando é a hora certa. A vontade tá ali, o papo esquenta e, quando vê, já tá acontecendo." Se mesmo com a conversa quente o assunto não surgir, não tenha medo e introduza a questão. "O que você acha? Curte?". Sempre bom lembrar que tem gente que prefere pedir uma nude. Seja sensível nessa hora e sinta o ritmo da pessoa. Ela com certeza vai te dar uma dica de que está com vontade de ver o seu corpo despido. Mas lembre-se: não é porque você mandou uma foto que a pessoa deve devolver. Niguém é obrigado a nada. A pessoa não retribuiu? Vida que segue. Como tirar uma nude: essa é pergunta de um milhão de reais (ou melhor, 10 milhões de resultados no Google). Eu digo que a nude é uma arte nada fácil de dominar. Pra sair bem na foto (literalmente) é necessário alguma prática. Se você é marinheiro de primeira viagem, a melhor dica é: conheça o seu corpo, descubra melhores ângulos.

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Blog Homens Quentes

Levar o celular para o vestiário no momento do banho, pode comprometer o tempo útil do dispositivo

Para Felipe, 31, "um bom ângulo e um fundo neutro sem muita informação é ideal. Banheiros bagunçados, camas desarrumadas e coisas que tirem a atenção do foco principal não são legais." Se ambiente é importante, iluminação também. Para dar aquele clima mais misterioso, aposte na meia luz. Samigo. De lado, de costas, deitado, em pé. Seja como for, tudo vale na hora de mandar aquela foto sensual.. É a dica que eu deixo", disse Ricardo. Um clique com qualidade boa é sempre bem-vindo. Ninguém merece receber foto tremida ou tirada com má vontade, né? Se esforce e você será lembrado. "Já recebi várias nudes muito boas, mas acho que a melhor foi de um boy que estava de quatro na cama e ele não usava nada além de tênis. Eu adoro quando fica só de tênis #fetiches" E agora: mandar um nude total ou seminude? "Depende. Quando você tá conhecendo a pessoa é mais interessante o seminude, que gera curiosidade e provoca muito mais. Depois que você cria intimidade a coisa muda. Você quer ver mais", disse Ricardo. Para Helena, 26, a nude mais sexy que ela já recebeu não mostrava quase nada. "Um nude de corpo todo no espelho aparecendo o abdômen com uma entrada surreal e uma parte do pênis. Foi sensacional", revelou. Para Marcelo, 32, "os atrativos nos homens são mais escassos (risos). A maioria dos pedidos acabam sendo do pinto." Mas acreditem, queridos, a bunda também nos instiga. Já pensou em mandar uma foto de toalha com parte dela aparecendo?

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Eu adoro quando fica só com tênis

diz Vinnie Boaventura

CUIDADOS NA HORA DE CLICAR O SEU CORPO NU Sabemos do potencial risco de enviar uma nude. Quantas vezes vimos notícias de fotos íntimas que vazaram na internet? Apesar de já ter passado da hora do corpo nu deixar de ser um tabu (principalmente o da mulher), infelizmente a humanidade ainda não está tão avançada. Então, todo cuidado é pouco. Não mostrar o rosto é uma prática comum (e segura) para quem quer mandar uma foto peladinho. Tatuagens podem dar um pouco mais de trabalho. Mas se você for desconstruidão, vá fundo. Caso ainda não tenha intimidade e confiança na pessoa para quem está mandando o clique, sempre bom tomar cuidado. VÍDEOS CRIATIVOS PODEM SER UM DIFERENCIAL As nudes não precisam de uma superprodução hollywoodiana, com champagne no fundo ou pétalas de rosa na cama. A criatividade deve reinar, claro, mas na maneira em que você vai clicar o seu próprio corpo. Já que em tempos de coronavírus não podemos flertar pessoalmente, flerte através da câmera do celular. Se você está com dificuldade de entrar na vibe certa pra tirar uma nude, a música pode ajudar. Quem sabe colocar aquele Marvin Gaye ou The Weeknd pra tocar, hein? Além da foto, explore também o vídeo. Se a trilha sonora sexy aparecer, melhor ainda. Ele pode ser mais orgânico e, com isso, você foge do comum e se destaca. Flor, 26, amigo. De lado, de costas, deitado, em pé.

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A criatividade deve reinar, claro, mas na maneira em que você vai clicar o seu próprio corpo diz Vinnie Boaventura

NUDE NÃO É 3X4 DO PÊNIS Entre um de seus primeiros conteúdos, o perfil Xotanista traz um Manual de Nudes Masculinos - com dicas sobre ângulo da foto, cenário e sugerindo que as fotos dos homens não sejam apenas um clique de cima para baixo do pênis ereto. "Você tem mais corpo aí além da genitália", diz um dos materiais. "Tirar o flash da câmera e não mostrar a privada no fundo já é um bom começo", orienta outro. "A ideia surgiu a partir de conversas com algumas amigas sobre a baixíssima qualidade dos nudes que estavam recebendo durante o isolamento e das fotos que recebíamos em geral, mesmo fora desse período", que afirma que a página tem o propósito de discutir a sexualidade e a pornografia "a partir de um viés anticapitalista e antimachista". Cansadas de receberem essa "foto de agora", muitas vezes, sem sequer ter pedido, a outra fundadora do Xotanista, resolveram dar umas dicas para que os nudes viessem mais excitantes. Quando Universa entrou em contato com ela para falar da pauta, SEJA VOCÊ MESMO Você não precisa necessariamente estar fazendo caras e bocas na foto. Seja sexy sem forçar. Não tente se inspirar no Christian Grey, de 50 Tons de Cinza, por favor! Curta o processo. Mandar uma nude também tem que te deixar excitado. Ela é um presente apimentado que, em tempos de pandemia, pode ser gostoso de fazer e receber. Fique em casa e bom sexting!

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@lenuarte

Nada como usufruir da meia luz

DICAS DE NUDES MASCULINOS 1. Antes de tudo, saiba se a pessoa quer receber ou trocar nudes. "Perguntar se pode é bastante sexy, acreditem!", pontua Caróu; 2. Não foque apenas em registros de seu pênis; bunda, braços, pernas, costas também podem ser cliques excitantes; 3.Arrume o cenário. Não precisa criar uma cenografia, mas é importante se atentar a objetos que podem acabar com a libido rapidinho. "Já teve relato de foto com revista do Felipe Neto aparecendo no quadro, privada aberta, cueca suja", comenta Caróu; 4. É possível fazer com celular, a única preocupação deve ser que o ambiente tenha luz. "Luz em abundância, pode ser uma luminária ou uma lâmpada", sugere Adalton. A luz natural também pode ser uma parceira, para criar sombras e pontos iluminados; 5. Os filtros do Instagram (ou de qualquer outra ferramenta digital) podem trazer bons resultados, se usados com parcimônia. Pode dispensar o flash da câmera, principalmente se o clique for em frente a um espelho; 6. Experimente poses diferentes, explore o corpo, e aposte em acessórios como toalhas, travesseiros; 7 .Se inspire: veja outras fotos de homens sem roupa (no Instagram, por exemplo, há fotos com a hashtag #mennude); Tome cuidado com sua privacidade: se não se sente seguro para tirar foto com rosto aparecendo, mantenha-se protegido. Apesar de muita gente achar que "fotos sem cabeça" são menos atrativas.

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MASCULINIDADES NA MODA VALERIE STEELE A historiadora e diretora do museu do Fashion Institute of Technology fala sobre a importância da uma ideia plural sobre a representação do homem na moda 2017

Kenton Thatcher

por Gustavo Kievel


A moda, entidade tão antiga, também entrou na discussão de como as masculinidades são refletidas nas passarelas e guarda-roupas


Edward Crutchley

Nova coleção Edward Crutchley apostam em peças como brincos e inovam o jeito de vestir

O

s desfiles de verão e resort 2021 de marcas como Dior Homme, jw Anderson, e Gucci colocaram em pauta um assunto há tempos discutido pela moda e ainda bastante urgente: a representação masculina. Ou melhor, a desconstrução da representação clássica do que constitui a imagem do homem. Valerie Steele historiadora de moda e diretora do museu do fit em Nova York dedicou alguns anos de sua carreira sobre o assunto. “Usamos roupas em nossos corpos e, embora nossos corpos tenham aspectos que não dizem respeito apenas a sexo, sexualidade e de gênero, esses permanecem os mais importantes transculturalmente”, diz ela em entrevista a elle. “As pessoas têm uma opinião muito forte sobre esses aspectos da nossa identidade a partir do que vestimos.” Para ela, a maneira para quebrar barreiras e desconstruir conceitos datados está numa visão e entendimento plural sobre nossas identidades, sexualidades e gênero. Nas últimas década, vimos que realmente há muitas tribos e que a sociedade está se movendo para uma multiplicidade de ideais, o que é ótimo se esperamos uma pluralidade de masculinidades. Antes, era tudo muito mais rígido. Na década de 50, a imagem social defendida era um homem de terno de flanela cinza e uma dona de casa esperando por ele. Houve outros momentos no passado em que esse ideal foi rompido, mas acho que a quebra de hoje vai ser muito difícil para os conservadores reverterem. Como você acha que essas novas ideias estão afetando a sociedade em geral?

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Para começar, gostaria de saber o seu ponto de vista sobre como estilistas e marcas estão abordando a masculinidade hoje. Vemos a Gucci, com sua atmosfera fantasiosa e lúdica, a Palomo Spain, com toda sua teatralidade, e Ludovic de Saint Sernin num viés mais sensual. Nada disso é inteiramente novo e muito já foi visto antes. Existe essa ideia de que roupas específicas de homem e mulher são um fenômeno ocidental moderno e não são. A distinção entre masculino e feminino sempre esteve presente na história. As pessoas sempre foram empurradas para algum pólo de gênero. Por exemplo, na Europa do século 12, se você fosse uma pessoa intersexo, era necessário escolher um gênero pelo qual seria representado a vida toda. Ninguém podia ficar indo e vindo, se vestindo como homem e depois como mulher. Mas a moda é como um aspirador gigante: ela flutua sobre todos os estilos, em todos os lugares, e qualquer subcultura pode ser sugada. Foi assim como o couro do bdsm, com o look hippie, com a estética punk e, agora, com a fluidez de gênero. De certa forma, isso pode ser ilusório por se tratar apenas de uma expressão de moda.

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Fotos do backstage da coleção que traz estampas e acessórios

Edward Crutchley

As pessoas têm opinião muito forte sobre esses aspectos da nossa identidade a partir do que vestimos

Existem vários exemplos de transgressões no uso de “roupas masculinas” nos últimos séculos, o mais recente talvez ocorrendo na década de 1960. O que você vê das semelhanças e diferenças entre esses movimentos de quebra de padrões do passado e a moda masculina atual? Havia algo realmente animador surgindo nos anos 60. Havia muitos rapazes que estavam adotando aspectos que pareciam femininos, como o cabelo comprido. Ainda me lembro do meu pai dizendo “é impossível diferenciar os meninos das meninas”. E isso era principalmente por causa do cabelo. E aí, as mulheres começaram a usar cabelo curto. Lembro da loucura das camisas masculinas floridas, uma grande tendência dos anos 1960. Mas elas eram também transgressoras, porque florais eram associados ao feminino pelas pessoas mais velhas daquela época. Houve ainda a moda dos kaftans, movimento iniciado por homens gays, como Yves Saint Laurent, mas adotado por heterossexuais, como os Rolling Stones. Na década de 50, a imagem social defendida era um homem de terno de flanela cinza e uma dona de casa esperando por ele. Houve outros momentos no passado em que esse ideal foi rompido.

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Depois de tudo isso, houve um visual macho muito distinto que começou a aparecer nos anos 1970. Quando eu morava em São Francisco, no início daquela década, morava em uma comunidade gay e lésbica, e podíamos ver que os caras estavam mudando de uma aparência feminina para algo mais viril. E as mulheres acompanharam. Foi quando começamos a vestir calças, jaquetas de couro e botas pesadas. Não era mais o look feminino butch, mas um tipo de androginia muito masculina. Ao mesmo tempo que esses estilos começavam a se afastar de uma visão binária, ainda havia uma espécie de consentimento de que o masculino era melhor para ambos. Os homens não estavam mais adotando peças do guarda-roupa feminino, não havia mais caras usando tons pastéis e seda. Todo mundo estava com botas pesadas e jaquetas de couro. Desde então, esses movimentos têm enfrentado altos e baixos. A distinção entre masculino e feminino sempre esteve presente na história. As pessoas sempre foram empurradas para algum pólo de gênero. Por exemplo, na Europa do século 12, se você fosse uma pessoa intersexo, era necessário escolher um gênero pelo qual seria representado a vida toda.

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Edward Crutchley

Brinco oficial da coleção, que evidencia que a moda não tem gênero e que essa desconstrução é valorizada

As mulheres adotaram roupas masculinas para lutar por uma maior participação na sociedade e contra a objetificação de seus corpos. Transpor os códigos de vestimenta das mulheres para os homens seria uma forma de quebrar a masculinidade tóxica? Claramente para as mulheres, as roupas masculinas eram associadas ao poder. Então, se você quer poder, você deve se vestir como um homem. Usando calças, por exemplo. Descobrimos isso no século xvii. Mas quem gostaria de estar na posição de uma mulher naquela época? As mulheres têm mais liberdade em termos do que vestem, mas é uma liberdade que não é valorizada pela sociedade. Em quase todas as culturas, nascer homem e querer ser mulher parece um passo atrás. Mulheres transsexuais dizem que foi um choque perceber como os homens as tratam mal após a transição. Acredito que os homens não gostariam de se vestir com roupas femininas para se livrar da masculinidade tóxica. Nas últimas década, vimos que realmente há muitas tribos e que a sociedade está se movendo para uma multiplicidade de ideais, o que é ótimo se esperamos uma pluralidade de masculinidades.

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A discussão sobre diferentes masculinidades precisa ser trans-racial, para todos Falar sobre masculinidades no plural é uma saída? Falar sobre masculinidades no plural é uma das coisas mais importantes que você pode fazer para quebrar a masculinidade tóxica. Há um livro do psicanalista r.w. Connell, chamado “Masculinidades”, e ele fala sobre como os meninos formam seu senso de masculinidade de maneiras diferentes. Ele mostra como algumas crianças são forçadas pelos seus entornos a obter aspectos tóxicos da masculinidade. Onde o corpo negro se encontra nessa discussão? Historicamente, o corpo masculino negro tem sido extremamente vulnerável à violência social branca e, ao mesmo tempo, todos os tipos de projeções brancas fazem o corpo masculino negro ser hiper sexualizado. Ele é agressivo, ele é mais masculino, seu pênis é maior. Tudo isso são projeções de medo e ódio que vêm da sociedade branca contra o corpo negro – e não somente o masculino, também são muito hiper sexualizadas. A discussão sobre diferentes masculinidades precisa, por tanto, ser trans racial, para todos. Os homens negros costumam ser estereotipados por serem hiper sexuais; é a ideia de que existe hierarquia de masculinidade.

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Vemos novos comportamentos sendo celebrados atualmente. Há um consumo enorme da pluralidade de estilos de vida através de vídeos e fotos em plataformas como Instagram e Tiktok. Como você acha que essas novas ideias estão afetando a sociedade em geral? Nas últimas década, vimos que realmente há muitas tribos e que a sociedade está se movendo para uma multiplicidade de ideais, o que é ótimo se esperamos uma pluralidade de masculinidades. Antes, era tudo muito mais rígido. Na década de 50, a imagem social defendida era um homem de terno de flanela cinza e uma dona de casa esperando por ele. Houve outros momentos no passado em que esse ideal foi rompido, mas acho que a quebra de hoje vai ser muito difícil para os conservadores reverterem. As pessoas agora estão realmente sentindo que têm o direito de sentir e expressar quem realmente são por dentro e é possível para eles reconhecerem outras maneiras de ser. Houve outros momentos no passado em que esse ideal foi rompido, mas acho que a quebra de hoje vai ser muito difícil para os conservadores reverterem. As pessoas agora estão realmente sentindo que têm o direito de sentir e expressar quem realmente são.

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MODA

VERÃO 2021: O NEOCLÁSSICO MODERNO Dolce & Gabbana traz seu novo sucesso nas passarelas com tons azuis e branco remetendo à vanguardas europeias texto Ronaldo Lemos foto Adam Lang



Coleção nova da Dolce & Gabbana traz roupas em tons azuis, em pandemia

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nquanto algumas marcas usam o momento em que estamos vivendo para inovar, criar novas oportunidades e buscar alternativas que possam ser adotadas em um futuro próximo, mesmo pós-pandemia, para a Dolce & Gabbana é um pouco diferente. A marca apresentou sua coleção masculina para o Verão 2021 no campus da Universidade Humanitas, em Milão, para uma platéia consideravelmente grande. Depois de a apresentação virtual da Alta Moda não retornar com a audiência esperada, Domenico Dolce e Stefano Gabbana decidiram apostar nos velhos costumes e abandonaram a alternativa digital. Os looks seguiram um padrão de cores e estampas inspiradas em mosaicos e na civilização greco-romana. Elementos inspirados nos azuis do mar são combinados com tecidos brancos leves. Os looks homenageiam a criatividade, o design italiano e a atmosfera inesquecível das férias em Sorrento. O encontro entre o contemporâneo e o neoclássico inspirou uma coleção de arquitetura sartorial pura. Em parceria com o For Funding e dentro dos regulamentos de saúde na Itália, o evento apoiou a Universidade Humanitas para pesquisas científicas, contando até com um link para doações.

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Todas as peรงas Dolce e Gabbana

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Conjunto Dolce & Gabbana

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Paletรณ e calรงa Dolce & Gabbana

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Jaqueta e calรงa Dolce & Gabbana

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Conjunto Jeans e bolsa Dolce & Gabbana

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Camisa e calรงa Dolce & Gabbana

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Calรงa e Kimono Dolce & Gabbana

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FREE STYLE: COLEÇÃO LOUIS VUILTTON Pinceladas de cor, sobreposições desconstruídas, tecidos tecnológicos e um discurso de liberdade fashion modelo Jewell Je Rey make up Odile Jiminez fotos por Frederic Monceau

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Terno completo Louis Vuiltton

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Peรงa de lรฃ Louis Vuiltton

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Conjunto corta vento Louis Vuiltton

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Conjunto completo Louis Vuiltton

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Moletom Louis Vuiltton

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Corta vento em plรกstico Louis Vuiltton

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Casaco Louis Vuiltton

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COLEÇÃO BURBERRY OUTONO 2020 Sem perder sua essência, estampas, texturas e modelagens repaginadas exaltam o novo código da casa modelo Reece Nelson fotógrafo Danko Steiner stylist Ana Steiner e Gary Gill

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Bastidores das fotos para a divulgação da nova coleção de outono de 2020

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Bolsa e conjunto Burberry

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Bolsa e conjunto Burberry

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Casaco e calรงa Burberry

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Casaco e calรงa Burberry

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Look completo Burberry

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Look completo Burberry

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1917

O enredo é relativamente simples: dois soldados ingleses precisam levar um recado para evitar que uma tropa aliada caia numa armadilha mortal. Milhares de vidas estão nas suas mãos. Foram nada menos que 10 indicações ao Oscar, incluindo como melhor filme. 30 de janeiro de 2020 Disponível na plataforma de streaming: Telecine

Jojo Rabbit

Lançado no final de 2019, esta sátira ambientada num dos períodos mais tristes da história aposta no humor para criticar a intolerância. O filme conta a história de um menino alemão da Juventude Hitlerista que descobre uma garota judia escondida em sua casa. 6 de fevereiro de 2020 Disponível nas plataformas de streaming: Telecine

História de um casamento

Nesse ano que ele deu ainda mais o que falar! Nicole e seu marido Charlie passam por um intenso e emocionante divórcio nesse filme. Uma história de amor em forma de drama, porque não há nada leve nessa história. 6 de dezembro de 2019 Disponível na plataforma de streaming: Netflix

Watermelon Sugar Harry Styles

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Dance Monkey Tones And I

Don’t Start Now Dua Lipa

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A revolução dos bichos

A leitura de A revolução dos bichos é repleta de humor e nos faz pensar sobre a nossa própria sociedade, o sistema de trabalho, as condições de vida, a desigualdade a tendência de oprimirmos (ou sermos oprimidos). Escrito por George Orwell 152 páginas R$ 23,90 Disponível no site: Amazon

Os da minha rua

O livro consegue ser ao mesmo tempo pessoal e universal porque fala de uma infância específica embora nós, leitores, também sintamos essas breves histórias ecoarem dentro de nós, falando das nossas próprias experiências singulares. Escrito por Ondjaki 168 páginas R$ 27,00 Disponível no site: Amazon

Sobre os ossos dos mortos

Janina mora em um vilarejo afastado com os dois cães. Seu drama se inicia quando os cachorros desaparecem e para completar o mistério, na pacata região em que está, duas pessoas aparecem mortas também sem motivo. Escrito por Olga Tokarczuk 256 páginas R$ 33,36 Disponível no site: Amazon

Say So

Doja Cat

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Rain On Me

Lady Gaga, Ariana Grande

Dynamite BTS

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Nialaya Jewelry

beaded hematite bracelet

R$3.590

D1 Milano

Relรณgio Shadow Polycarbonde 40,5 mm

R$ 2.226

Burberry Clutch

R$ 4.290

Burberry

Bolsa transversal com logo R$ 4.550

Thom Browne

Caderno grande R$ 4.290

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Versace

Colar com pingente medusa R$3.590

Burberry

Encharpe xadrez

R$ 2.756

Gucci Eyewear

Square-frame logo sunglasses R$ 5.082

Montblanc

Fones de ouvido sem fio bluetooth R$ 2.226

Gucci

TĂŞnis 'Ace' bordado R$ 3.450

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21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL Terão a necessidade de se auto conhecer através de novas descobertas, é previsto que os arianos passem o próximo ano desligados de bens e fatores materiais. A junção de marte e escorpião com Júpiter demandará para o próximo ano, liberdade em relacionamentos, irá tornar o ariano bastante atraente, o que lhe dará mais autoconfiança de ir ao encontro de amores.

21 DE MAIO E 21 DE JUNHO Os geminianos contarão com um ano bastante favorável para mudanças. Algo que tem lhe incomodado durante meses ou até mesmo anos, você terá força e disposição para tirar tudo do lugar. Será necessária uma atenção especial em organização, foco e trabalho. Você estará mais aberto a novas oportunidades de trabalho, você deverá focar em sua principal habilidade.

22 JULHO A 22 DE AGOSTO Na vida pessoal, o próximo ano reserva ao leonino algo diferente dos anos anteriores, seu olhar estará voltado ao sucesso, bens materiais e fama. A intensa rotina de trabalho deverá ter uma atenção especial, pois o leonino estará um pouco mais confuso na tomada de decisões, e poderá acarretar vários atrasos na entrega dos compromissos.

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21 DE ABRIL A 20 DE MAIO Na vida pessoal, o cuidado com a saúde deverá ser mantido em primeiro lugar, será necessário calma no trabalho para não afetar a pressão arterial, o ano promete muito estudo e empenho. No profissional, o taurino deverá ter paciência, pois os resultados não serão colhidos tão rápido. Com a interseção de Júpiter em Escorpião um novo amor irá se aproximar, trazendo muita vitalidade.

21 DE JUNHO A 21 DE JULHO Na vida pessoal, a paz interior estará em alta, o ano será leve, tranquilo, ideal para encontrar um novo amor e aproveitar os momentos em família. No profissional, relações construtivas poderão te permitir parcerias importantes que irão lhe impulsionar na carreira profissional. Novas possibilidades para o amor e novas amizades, a vida social estará bem agitada no próximo ano.

23 DE AGOSTO A 22 DE SETEMBRO Na vida pessoal, é preciso organização para refletir em outras áreas da sua vida. No próximo ano será necessário que você trabalhe melhor sua instabilidade nas escolhas. A vida sentimental mais flexível deixará o virginiano com a vontade de ter um relacionamento mais leve e estável e isso implicará em uma vida sexual mais ativa.

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23 DE SETEMBRO A 22 DE OUTUBRO Na vida pessoal, o ano será marcado por trazer pessoas interessantes para sua vida. Sua criatividade estará muito evidente e atividades relacionadas a cinema, fotografia e dança. Esteja atento caráter duvidoso, poderão surgir tensões e momentos desagradáveis. Novos relacionamentos podem não ser duradouros apesar de a vida sexual estar em alta.

22 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO Na vida pessoal, poco total na saúde física e mental, necessidade de mudanças de novos hábitos alimentares saudáveis e prática de exercícios físicos. Se dedique bastante ao trabalho, o sucesso nas suas tarefas resultará em um ano muito vantajoso e repleto de lucratividade. O campo emocional precisa ser controlado, você terá muitas possibilidades de viajar e curtir com a pessoa amada.

22 DE JANEIRO A 21 DE FEVEREIRO Na vida pessoal, sua energia vital está baixa. Mudanças radicais são aguardadas para o próximo ano, é aconselhável priorizar atividades ao ar livre para tomada de decisões nesta área. Ano movimentado no amor, muitas possibilidades para um novo romance a partir do início do ano. Aquarianos esperam pouca cobrança e muita fidelidade em seus relacionamentos em 2021.

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23 DE OUTUBRO A 21 DE NOVEMBRO Na vida pessoal, potencial alto para realizar sonhosque estavam engavetados, o ano será muito propicio para conhecer novas pessoas, porém é preciso ter cuidado com o campo emocional para não ter frustrações. As previsões são muito promissoras no trabalho, o escorpiano deverá plantar muitas oportunidades para colher nos próximos anos.

22 DE DEZEMBRO A 20 DE JANEIRO Na vida pessoal, o ano terá influências de diferentes ciclos lunares que contribuirão para que o capricorniano tenha que lidar com algumas instabilidades emocionais. Os capricornianos contarão com algumas dificuldades, será um ano difícil no campo amoroso, a necessidade de relacionamentos mais verdadeiros e responsáveis estará mais aflorada, portanto você estará mais criterioso com o relacionamento atual ou com uma nova possibilidade.

20 DE FEVEREIRO A 20 DE MARÇO Disposição em se apaixonar novamente, sem se apegar as decepções do passado. Será necessário manter a cabeça em foco para a tomada de decisões. O próximo ano irá garantir uma nova oportunidade de trabalho, portanto fique atento. É esperado que ele viva mais intensamente suas vaidades e fantasias amorosas, e terá muita dedicação no que ele pretende conquistar.

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