TIKETI

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Escola Superior de Propaganda e Marketing Graduação em Design | Turma 3B 2021/01 Projeto III Marise de Chirico Produção Gráfica Marcos Mello Marketing II Leonardo Aureliano Cor, Percepção e Tendências Paula Csillag Ergonomia Auresnede Pires Matheus Pássaro Finanças Alexandre Ripamonti

Projeto Editorial e Gráfico Ana Villaça Fernanda Fujiwasa Gabriela Ortega João Victor

Artistas colaboradores da edição Marcos Mello Artista, tipografia Letterpress Brasil Oficina tipográfica São Paulo Instagram: @mellotipografo

Nelson Kon Fotógrafo especializado em arquitetura e cidades www.nelsonkon.com.br

Luiza Leiva Artista, caligrafitti, lettering e bodypaint Instagram: @leiva.arte

Tiago Costa Artista, xilogravura Integrante do coletivo de gravura Atelier Piratininga Instagram: @tiagocostaartes


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C A T R A C A

O SEU NOVO TIKETI Entendemos que ser um jovem artista pode gerar inseguranças e aflições, desta forma, criada para impulsionar estes profissionais emergentes que desejam entrar no mercado das artes, a TIKETI se mostra como um objeto que favorece o ingresso deles neste meio tão desafiador. Respondemos as perguntas que vocês não sabem que precisam fazer e te contamos o que é indispensável para se manter atualizado. Aqui você encontrará repertório, explicações burocráticas sobre o meio artístico, dicas e vivências de artistas já estabelecidos no mercado e referências do que há de novo na arte. Além de apresentar apenas os melhores conteúdos, a TIKETI se preocupa em providenciar uma experiência exclusiva para seus leitores, enriquecendo e alavancando ainda mais suas carreiras. Você tem a oportunidade de participar da revista, mandando seus trabalhos que serão analisados por curadores e, quando selecionados, ganharão um espaço exclusivo ao lado de outros artistas. Isso dará visibilidade aos seus projetos. Nossa primeira edição tem o papel de mostrar nosso valor e importância no mercado, deixando clara a posição exclusiva que nossos leitores ocupam. Desta forma, trazemos uma curadoria de conteúdos inéditos, trazendo mais informações sobre os tão falados nfts, debate sobre inclusão de pessoas com deficiência no mundo das artes, uma entrevista exclusiva com a famosa performancer Marina Abramovic, expectativas e opiniões de diversos profissionais sobre a primeira publicação da revista e outros conteúdos indispensáveis para ser um artista bem sucedido. Ingresse conosco nessa edição e reconstrua sua visão sobre o mercado das artes.

GABI

ANA

JOÃO


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CATRACA nossa visão e o que há nessa edição

GUIA é possível viver de arte?

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CAFEZINHO

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ESCRITÓRIO

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um café com Marina Abramović

direitos autorais na revenda de obras

PILARES colunistas falam sobre experiências da vida

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FEEDBACK

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PROGRAMAÇÃO

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INDICAÇÕES

o que falam sobre a TIKETI

lista com os principais eventos que estão vindo nos próximos meses

recomendações de livros, filmes, séries, documentários, podcasts e músicas

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CATÁLOGO conheça algumas das revelações do trimestre

PORTFÓLIO sobre o trabalho de Giulia Panzetti

BUSINESS mercado.com

EXPOSIÇÃO PRINCIPAL o cenário dos ntfs: hype, direito e arte

PALCO a não inclusão


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G U I A

É POSSÍVEL VIVER DE ARTE? Um guia para artistas que querem emprender

Quando me formei na faculdade de Belas Artes há 15 anos, eu dominava todas as técnicas e as teorias de pintura –mas não sabia nada sobre gestão de empresas e muito menos sobre como vender arte on-line. Foi durante a graduação que realizei um projeto de um ano de duração, no qual era necessário criar um portfólio virtual; não era uma loja de e-commerce, mas sim uma página com algumas amostras do meu trabalho e minhas informações de contato. Durante as primeiras semanas no mundo adulto dos graduados, aprendi uma dura lição: para ser bem-sucedida no mundo das artes, não basta ser uma boa artista. É necessário também ser uma empreendedora de sucesso. E logo ficou claro que o meu simplório site em Flash não daria conta desse recado. Para ser bem-sucedida no mundo das artes, não basta ser uma boa artista. É necessário também ser uma empreendedora de sucesso. É claro que, naquela época, as plataformas de e-commerce não eram tão acessíveis como são hoje, e as redes sociais simplesmente não existiam. Para uma artista desconhecida como eu, o caminho para o sucesso tomava a forma de trabalhos esporádicos de publicidade para outras empresas. No entanto, a possibilidade de vender a minha própria arte on-line mudou completamente o jogo. Atualmente, aquela velha imagem do artista vivendo em miséria está ficando no passado, até porque o e-commerce e as redes sociais se tornaram canais extremamente úteis para aqueles artistas que buscam financiamento para seus

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projetos. Além disso, é por meio desses novos canais virtuais que nós, artistas, podemos criar e vender a nossa própria arte diretamente para os nossos públicos-alvo. Essa modernização também foi proveitosa para as galerias de arte. Hoje, os curadores podem não só representar um número muito maior de artistas, como também ampliar as tiragens de seus produtos para alcançar um público ainda maior.

como vender arte na internet Se você se dedica às artes plásticas, design, ilustração ou artesanato, você certamente saberá que é uma boa ideia profissionalizar o seu método de venda. Além de ter uma estratégia de vendas nas redes sociais, divulgar suas peças em um site especializado pode ajudá-lo. Quando comecei a cogitar a possibilidade de vender minha arte pela internet, decidi entrar em contato com dois conhecidos –uma artista e um curador –que estavam usando a plataforma da Shopify para comercializar seus projetos autorais. Essa dupla –Maria Qamar, também conhecida como Hatecopy, e Ken Harman, curador do império artístico Spoke Art– conseguiu construir uma carreira de sucesso vendendo suas artes e trabalhos originais on-line. Por isso mesmo, alguns conselhos que eles me deram lá atrás vão aparecer ao longo do post. Mas, embora as histórias da Maria e do Ken sejam incrivelmente inspiradoras, este post também vai mostrar alguns exemplos de lojas e marcas brasileiras que estão trilhando um caminho de sucesso no mundo das artes. Vamos começar?


defina seus objetivos antes de começar Nada melhor do que começar um guia sobre como vender arte on-line pela parte mais básica do processo, né? Antes de correr para abrir uma loja virtual, você precisa primeiro definir: Se você é artista, está trabalhando na sua arte em tempo integral? Ou ainda é um passatempo? Como você pretende equilibrar essas duas demandas? Você quer vender apenas a sua arte ou quer vender também a arte de outros artistas que admira? Já decidiu se vai vender apenas artes originais ou também vai trabalhar com reproduções? A seguir, explicamos cada um desses pontos em detalhes.

JOÃO VICTOR

arte : passatempo ou trabalho ? Hoje em dia, é comum que novos artistas consigam encontrar espaço nas redes sociais, acumulando um alto número de seguidores e compartilhando fotos e vídeos de seus trabalhos. Afinal, é dessa maneira que eles se relacionam com comunidades virtuais compostas por outros artistas e por fãs interessados. A Maria, por exemplo, decidiu seguir o sonho de se tornar uma artista em tempo integral depois de ser demitida do seu emprego na área de publicidade. Contudo, o sucesso não veio da noite para o dia. Enquanto ela trabalhava para aumentar seu número de seguidores no Instagram, precisou fazer alguns bicos para conseguir pagar as contas. “O começo é sempre mais difícil. No meu caso, eu não estava ganhando dinheiro algum com a minha arte. Por isso, fazia bicos aqui e ali.”– Maria. No entanto, largar tudo para o alto e começar do zero também é uma opção. O Ken, por exemplo, se viu obrigado a assinar um contrato de aluguel de dois anos para firmar seu sonho de montar uma galeria. Essa aposta arriscada fez com que ele abandonasse seu emprego fixo de garçom poucos meses depois. “Em 2010, eu fiz a curadoria para uma exibição de um artista australiano. Ele me enviou vários dos seus quadros e eu aluguei um local temporariamente, mas, duas semanas antes da inauguração, o local que eu havia alugado fechou as portas. Comecei a procurar desesperadamente por um local disponível – e foi aí que achei um espaço abandonado, que costumava ser uma loja. Era o lugar perfeito para a exposição, mas o dono do imóvel queria um contrato a longo prazo. Eu não tinha outra opção. Assinei.” – Ken.

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G U I A vender arte original ou reproduções ?

vender sua arte ou de outro artista ? É possível que você não tenha o talento necessário para ser artista, mas ainda assim queira fazer parte desse mundo. Não tem problema: você pode atuar como um curador(a) ou marchand, vendendo o trabalho de outros profissionais. Afinal, é muito comum que artistas confiem o aspecto mais mercadológico da profissão a agentes, galerias, curadores e outros. Você pode, por exemplo, vender obras originais ou impressões, ou mesmo negociar os direitos autorais para que o trabalho original de um artista seja reproduzido em outros produtos. Nesses casos, o artista ganhará um valor fixo de acordo com o número de trabalhos vendidos.

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Não há como negar que projetos como esculturas, por exemplo, serão mais difíceis de serem reproduzidos ou utilizados em outros produtos (no entanto, há a possibilidade de usar uma impressora 3D ou então de firmar uma parceria com um fabricante de miniaturas e brinquedos). Contudo, a maioria dos meios tradicionais de divulgação e fabricação conta com várias opções para a geração de vendas ilimitadas de um único produto. Veja abaixo algumas das principais opções: Artes exclusivas; Tiragens limitadas, telas ou coleções exclusivas do tipo giclée (com moldura ou sem); Downloads digitais, como papeis de parede, vídeos, imagens, frases inspiradoras etc.; Encomendas personalizadas, como trabalhos originais em papel ou em arquivos digitais; Produtos como bonés, canecas, camisetas, pins esmaltados e outros; Reprodução de estampas em camisetas, almofadas e canecas; Licenciamento do seu trabalho para que ele possa ser vendido em outras lojas; Colaborações com outros artistas e marchands.


PEXELS

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LUIZA LEIVA



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CATÁLOGO JULHO 2021

Sem título Pintura Barbante sobre tela 64 x 20 x 21 cm 2018

JULIE DIAS

ACERVO DO ARTISTA

Nasceu em 1997 em São Paulo, onde mora e trabalha. É artista multimídia com uma pesquisa que se volta para objeto e o corpo, com trabalhos experimentais que orbitam entre o sarcasmo, a política e a sexualidade. Além de trabalhar com as entidades gráficas do desenho e da gravura em diversas linguagens. contato

juliedias.com.br julie.dias@outlook.com

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À espera de que eu ainda vá nascer Série: Cartografias de cisão Acrílica, nanquim e pastel seco sobre papel craft 95,5 x 65 cm 2020

C A T Á L O G O Nasceu em São Paulo, em 2000. Cursa Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, deu início a sua produção através do desenho, aquarela e pintura, pairando entre o gráfico, as abordagens do corpo e a palavra como materialidade. Recentemente, sua pesquisa tem se expandido para novas abordagens além do desenho, envolvendo diferentes materialidades e espacialidades como escultura, vídeo, fotografia e a utilização de objetos como portadores de significação em novos contextos. Buscando estruturar novas experimentações, a pesquisa tem investigado o campo dos afetos, e de tais eixos poéticos, constroem-se novas narrativas e imagens que apontam para questões de identidade, fragilidade, origem, e a repetição ligada ao traumático no contexto contemporâneo. contato

Instagram: @gggsbo

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ACERVO DO ARTISTA

GABRIELLA BARBOSA


Casa Gravura expandida Matriz: 30x21 cm Projeção: 180x120 cm Acetato, tinta, água, refratária de vidro, mesa de vidro e lanterna do celular. 2021

MARIANA ORTEGA

ACERVO DO ARTISTA

Nasceu em 1999 em Mogi das Cruzes, sp. É estudante do 7º semestre de Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e desenvolve sua pesquisa em experimentações cromáticas, reflexivas e gráficas. Atua principalmente com projeções e materialidades têxteis. contato

prefiromari@gmail.com Instagram: @ortegamarianaa

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Anteface Máscara de argila 27,5x 26,5x 08 cm 2021

Nascida em São Paulo no ano de 1998. Sempre teve a arte presentes em seu cotidiano,no campo do teatro, da plástica e na passarela. Atualmente cursa o último ano de Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Faz parte de duas galerias de arte online, Galeria Cobracolis e a Galeria Catarse, nas quais atua na administração. Participou de exposições dessas galerias e da icasaa galeria de arte contemporânea. Seu estilo artístico consiste principalmente em formas abstratas, no universo de seres, monstros e rostos com máscaras abstratas e geométricas, espirais e triângulos, utilizando a simetria e repetição. contato

helenadeseta@gmail.com Instagram: @limaa.artes

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ACERVO DO ARTISTA

HELENA LIMA


Depois de Otto Mühl O consumo da arte Performance Disponível em: youtube.com 2020

MARINA MORATTO

ACERVO DO ARTISTA

Estudante de Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, tem como pesquisa a exploração do corpo no espaço e como a figura feminina é vista na sociedade atual de diferentes culturas, se apoiando em fatos históricos e referências artísticas como Regina José Galindo, Berna Reale e Ana Mendieta. Marina explora seus temas nas linguagens performáticas, de fotografia, pintura, escultura e vídeo arte. contato

gabriaraujo.com.br gabiaraujo@gmail.com

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Cantiga Bordado em algodão cru 165x45,5 cm 2020

C A T Á L O G O Nascido em Duque de Caxias, rj no ano de 1996, é um estudante de arquitetura e urbanismo que busca expressar suas questões pessoais em várias escaladas, moda, arte, dança, música arquitetura e outros. Atualmente uso muito o bordado como forma de expressar questões não resolvidas. contato

yagovcs@gmail.com Instagram: @yagoviana_visuais

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ACERVO DO ARTISTA

YAGO VIANA


Retratos Sonoros Infogravura em papel couchê 250g 20x30cm 2018

Trecho de aula

Metro

WESLEY BRITO Segredo

Ida à faculdae

ACERVO DO ARTISTA

Nasceu em São Paulo em 1995. É formado no curso Técnico em Redes de Computadores no Centro Educacional e Assistencial Pedreira (ceap), atualmente curando Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Sua linha de pesquisa se desdobra em três áreas: arte sonora (com experimentações acerca do cotidiano e o som), cultura indígena (abordando aspectos culturais indígenas por meio de releituras e apropriações) e por fim, a cidade (onde aborda a rotina, o movimento, tempo, deterioração de espaços, pixações e contrastes sociais). contato

wesleylimabrito@hotmail.com Instagram: @wlbkuase

Sinal Fechado

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R E P R E S E N T A Ç Ã O

GIULIA PANZETTI

Comecei a refletir mais sobre eu como indivíduo e entender a incostância que existe dentro de mim, assim uso os meus sentimentos como inspiração para as minhas imagens –muitas que ainda não foram capturadas, mas já estão formadas na minha cabeça esperando o momento ideal para virarem narrativa.


contato

giuliapanzetti.myportfolio.com giulia.panzetti@gmail.com @diasdenevasca

Giulia Panzetti é uma fotógrafa e produtora artistica nascida em São Paulo, em 2002. Durante sua vida sempre esteve em contato com Arte, mas a fotografia ganhou um lugar especial, se tornando sua paixão, quando tinha 10 anos. A fotografia surge em sua vida como um passaporte para o desconhecido, um mecanismo para explorar ‘o novo’, que se dá a partir de diferentes experiências, indivíduos e sentimentos, assim constroi suas narrativas em forma de imagens. A partir disso seu olhar esteve sempre direcionado a criação de novos cenários e histórias, enquanto explora

diversos campos da imagem, como o retratista, o da moda, o documental, o da gastronômia, e o de produçao cultural. Durante a pandemia, usou a sua própria imagem para criar autorretratos que investigavam sua relação com seus sentimentos e com o mundo. Atualmente, é estudante de fotografia pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e de História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo (unifesp), como também fotografa independente e produtora de arte no Estúdio Gastronômico Luna Garcia.

1. O mundo de quem está só. Quarentena, dia 53 2. Ar pt.2 3. Cores pt. III 4. Cores pt. II 5. Cores pt. I 6. Girl with stars on her eyes 7. Retrato Maria Milagres 8. Retrato de afeto 9. Gonzaga, Santos 10. Pela Janela 11. Retrato Mafe Peccin

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C A F É Z I N H O

UM CAFÉ COM MARINA ABRAMOVIĆ Alison Beard entrevista Marina Abramović, cujos trabalhos exploram a body art, a endurance art e a arte feminista, até a relação entre o performer e o público, os limites do corpo e as possibilidades da mente

Como funciona o seu processo criativo?

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Eu nunca tive um estúdio de verdade. Um estúdio deixa você preguiçoso e confortável, e você se repete. Eu não saio de férias. Eu faço viagens de pesquisa para lugares que não têm Coca-Cola ou eletricidade, longe da civilização. Estou interessada na natureza e nas pessoas de diferentes culturas que pressionam seus corpos e mentes de uma forma que não entendemos. Eu me exponho à vida e, a partir disso, as ideias surgem como uma surpresa. Eu rejeito totalmente as que são agradáveis ​​e fáceis. Estou interessada apenas naqueles que realmente me perturbam e pelos quais fico obcecada. Eles são o que me trazem a um novo território. Quando digo: “Oh meu Deus, devo fazer isso?” Eu sei que preciso. Adoro o que John Cage disse: “Cada vez que sou aceito pelo meu público, vou para o lugar onde não sou”.

Por que você escolheu um meio tão difícil e mal compreendido?

No começo eu era pintora, mas no momento em que me posicionei diante do público e expressei minhas ideias usando meu corpo como objeto e sujeito da obra, imediatamente ficou claro que este é o meu melhor meio. Eu lutei com aceitação; meu início de carreira foi um inferno. Mas levei todos esses anos para criar uma base para que a performance fosse aceita da mesma forma que a fotografia e o vídeo. Você tem que acreditar que está certo, mesmo que todos acreditem que você está errado.

Como você lidou com tanta rejeição no início da carreira como artista?

Não aceitei não como resposta. Sempre fui assim. Se eu penso no meu íntimo que estou certa, eu faço isso. Você tem que ter esse tipo de convicção. Caso contrário, eu teria desistido há muitos anos. Após a década de 1970, todos os artistas performáticos começaram a fazer pinturas e esculturas ou arquitetura; atuar era muito difícil. Estou tão feliz por não desistir.


Durante décadas, Marina Abramović ultrapassou os limites da arte performática contemporânea. Embora ela tenha começado com shows marginais, trilhou seu caminho até locais importantes, como a Bienal de Veneza e o Museu de Arte Moderna de Nova York

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C A F É Z I N H O

Como você faz para alcançar suas metas artísticas, físicas e pessoais?

Como você lidou com sua transição para a fama?

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Você tem que treinar o corpo todo: treinar fisicamente, pensar na alimentação, não usar drogas, nunca beber. E eu aprendo com monges tibetanos, aborígines na Austrália Central, xamãs no Brasil. Para poder sentar na cadeira em O Artista Está Presente, treinei meu corpo por um ano inteiro. Eu não almocei, então meu corpo não estava produzindo ácidos para me deixar doente. Eu bebia água apenas à noite para não ter que fazer xixi. As pessoas que amam você começam a odiá-lo quando você se torna aquela estrela do rock. Todo mundo está examinando. Eles querem que você seja pobre, sofra, lute. Não pude pagar minha conta de luz até os 50 anos, e agora posso. Acho que não devo ser criticado por isso. Essa é a parte negativa. O que é mais importante é a plataforma – na cnn, ted, Bloomberg– para falar sobre arte performática. Sempre trabalhei com artistas, sempre dei aulas. O livro de memórias está saindo para que o público em geral possa entender minha vida. Acontece o mesmo com o filme The Artist is Present. Fiquei gravado com um microfone por um ano e a equipe poderia vir a qualquer hora.

Você comentou que existem três versões da Marina. Você mantém alguma delas afastada?

Não. Eu apenas exponho todas elas. É muito importante ser vulnerável e mostrar as coisas que você tem medo e vergonha para todos –não apenas para as pessoas que você ama, mas também para o público. Dessa forma, temos uma conexão. Criamos confiança. Meu trabalho é emocionante e nunca escondo nada. Mas demorei muito para chegar a esse ponto.

Quando você falha, como aprende com a experiência?

Eu estava conversando com alguns amigos pintores meus. Eles fazem uma pintura e, quanto mais trabalham nela, pior ela se torna. Em seguida, eles pegam a próxima tela e, em dois minutos, fazem uma obra-prima. Quanto mais você falha, mais entende o que causou a falha e pode tornar a próxima peça excelente. Você não é consistente porque está correndo riscos, explorando territórios diferentes.

Qual seu posicionamento em relação às críticas sobre sua descrição polêmica dos aborígines?

A controvérsia é profundamente perturbadora. Apesar do que está sendo dito, eu sei o que está em meu coração. Minhas palavras –trechos de diários de 1979– foram mal escolhidas, mas vieram de um lugar de admiração, respeito e amor. O ano em que [meu parceiro] Ulay e eu passamos morando com os povos Pitjantjatjara e Pintupi no Deserto de Little Sandy me transformou.

Como você desenvolve sua resistência?

Meus pais foram heróis de guerra na Sérvia, e durante toda a minha infância fui ensinado que deveria sacrificar minha vida privada e tudo o mais pela causa. Por que você está aqui neste planeta? Qual é a sua função? Qual é a sua responsabilidade? Foi assim que fui criada e é isso que tenho feito.


Você tem que acreditar que está certo, mesmo que todos acreditem que você está errado” Você diz sobre a importância de não somente fazer o trabalho, mas também de garantir que seja visto no lugar certo pelas pessoas certas e na hora certa. Como você aprendeu essas habilidades de marketing?

No início, eu tinha que me apresentar em qualquer lugar que pudesse. Meu público era de 10 a 40 pessoas. Aí comecei a ser convidada para os festivais, encontrando curadores interessados em apresentar novas formas de arte e ir a exposições importantes. Muitos artistas não têm esse tipo de resistência. Eles precisam de colecionadores para comprar a obra ou galerias para cuidar deles. Eu não tive uma galeria por pelo menos 30 anos. Eu tive que fazer tudo sozinha. Mas agora eu realmente só faço projetos que me interessam. Recebo muitos convites e, a partir deles, escolho o que realmente levará meu trabalho a um novo nível.

Que lições você tenta passar para os artistas no ínicio de suas carreiras?

Investigamos primeiro qual é a motivação deles, depois qual é o trabalho certo, como desenvolver a ideia, como iniciar e terminar a performance, como se preparar e condicionar, como respirar. Também os ensino como não serem explorados por galerias. Em um de meus primeiros shows, todas as minhas fotos foram vendidas, mas nunca ganhei um centavo. Não quero que isso aconteça com jovens artistas. Eu também vou para sua casa e estúdio. Eu os faço escrever cada coisa que eles têm, e eles ficam completamente alarmados com a quantidade de merda que eles colecionam. Em seguida, limpamos todo o local e recomeçamos.

Quando as pessoas criticam o seu trabalho, qual sua reação?

Só fico com raiva de mim mesma se souber que não dei meus 120%. Mas se eu der tudo, você pode criticar, você pode ridicularizar, você pode fazer qualquer coisa, e isso não me toca. Se não fui forte o suficiente para levar minha ideia completamente adiante, então sei que falhei, e isso é pior do que qualquer pessoa me dizendo.

Como você faz quando atinge seu limite?

A mente é um grande inimigo porque, cada vez que você tenta fazer algo fora de sua zona de conforto, você não o fará. Mas todos nós temos essa energia extra em nosso corpo. Podemos usá-la quando estivermos em situações extremas, presos ou em um acidente de avião ou incêndio, e pudermos acabar. Mas não precisamos esperar por esse drama.

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Como você se sentiu estando nua em público?

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Fiquei incrivelmente constrangida em particular porque, você sabe, sou muito gorda, ou tenho uma barriga grande demais, ou meus joelhos não são bons. Mas quando estou em público não me importo, porque não me apresento, apresento puramente o corpo feminino, seja o que for: jovem, não jovem, não me importo. Em particular, sou todo problema, como todo mundo!

Quando você Tive meu primeiro show aos 12 anos se considerou –tinha muito ciúme de Mozart porque uma artista pela ele começou aos sete! As primeiras primeira vez? coisas que pintei foram os meus sonhos, porque para mim isso era fácil. Tenho uma carreira artística desde então. E você atraiu público naquela época?

Foi uma exposição oficial e as pessoas compraram minhas pinturas. Lembro-me de assiná-las do tamanho de Picasso: Marina! Minha mãe comprou algumas delas de volta, porque ela tinha muito orgulho delas. (Ela odiava tudo o mais! Mandei meus livros para ela –fiz 46 livros, realmente grandes, como 300, 400 páginas– e quando ela morreu eu olhei para eles e não pude acreditar. Todos eles tinham cerca de 35, 45 páginas. Todas as fotos [nas quais] eu estava nua, ela apenas arrancava– ela não podia mostrar para os vizinhos! Eu as tenho agora; são como uma edição especial.

As pessoas que conheceram você quando criança ficariam surpresas ao saber no que você se tornaria?

Sabe, quando eu tinha seis, sete anos, eu desenhava em todo lugar, nas paredes, nos lençóis… E minha mãe apoiava muito essa atividade, porque era diretora do Museu da Revolução e da Arte de Belgrado. Eu ia com ela o tempo todo, então eu tinha contato com a arte e estava sempre pensando no El Greco, coisas assim. Então, eu tenho que dar isso a ela.

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Quando seu corpo passou a ser o foco de sua arte?

É uma longa história, muito gradual. Quando eu tinha 18 anos, comecei a pintar acidentes de caminhão. Eu colocaria pequenos caminhões de brinquedo na estrada para que os grandes [os quebrassem], mas eles nunca o fizeram; então fui para o estúdio e pintei o contrário: os carrinhos de crianças quebrando grandes caminhões socialistas, [para mostrar que] a inocência pode vencer. E então comecei a pintar nuvens –estava sempre olhando para o céu. Um dia, eu estava deitado na grama e vieram talvez 12 aviões de caça supersônicos e eles criaram um desenho incrível no céu, e eu tenho uma revelação. Eu digo: “Isso é incrível! Por que devo fazer algo bidimensional quando posso usar tudo? Posso usar o fogo, posso usar a água, posso usar o céu. Posso usar meu corpo.” Fui primeiro ao quartel-general militar para pedir 12 aviões. Chamaram meu pai: “Você sabe quanto custaria para ela fazer desenhos no céu com nossos aviões? Ela está louca?”. Aos poucos, comecei a envolver o corpo –e assim que comecei a usar meu corpo, tudo mudou. Você sabe, para um artista, o mais importante é encontrar a ferramenta certa. A pintura é uma ferramenta, a escultura é uma ferramenta, o vídeo é uma ferramenta e a performance é outra ferramenta, porque eu poderia realmente fazer algo com essa energia. Eu fiz Freeing the Body [1976] –eu só danço no ritmo da música até que depois de seis horas eu caio. Em Freeing the Voice [1976], eu grito até não ter mais voz. E Freeing the Memory [1976] –isso é maravilhoso, isso você deveria ver!– é um vídeo [no qual] eu apenas olho para a câmera e digo todas as palavras [eu consigo pensar até minha mente ficar em branco].

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C A F É Z I N H O

Sabendo que muitas de suas performances são vistas como exorcismo ou exibicionismo, como você define “arte” quando diz que é uma artista?

Você faz arte para si mesma, para o público ou para ambos?

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Nunca exibicionismo! Essa é uma palavra que o público colocou em mim, mas isso significa que todo ritual nas culturas antigas e indígenas é exibicionismo; e não é. Existe um propósito, para abrir a mente de uma certa maneira. Se alguma criança me diz: “Eu gostaria de ser um artista”, eu digo a ele imediatamente: “Você não é.” Porque você não pode gostar de ser um artista –você é ou não é. Ser artista é como respirar. Se você não respirar, você morre, porra. Se você acorda de manhã e tem esse desejo de criar, você certamente é um artista, porque, como respirar, é uma necessidade. Isso faz de você um artista; isso não faz de você um grande artista. Para um grande artista, as regras são diferentes. [É preciso] muito sacrifício, um desejo ardente, ficar obcecado, ficar doente por aquela criatividade que pode realmente queimar você por dentro. Então, essa é a minha definição. Sempre fiquei impressionada com artistas que dizem: “Não me importo com o público, estou apenas fazendo isso para mim mesmo”, mas para mim tem que servir a um propósito: tem que comunicar uma mensagem às pessoas. Quando você vê um bom desempenho, isso muda sua vida. Infelizmente, há muitos desempenhos de merda que apenas incomodam você, e esse é o problema. Para mim, o propósito de fazer qualquer coisa é elevar o espírito humano. É tão fácil colocar o espírito humano para baixo –você pode fazer isso em três segundos– e estou tão farta da arte que mostra como a realidade é uma merda, porque já sabemos como ela é uma merda. Eu quero saber o que posso fazer para mudar isso. Mesmo que seja a menor contribuição, ainda é uma contribuição. E se todos tivessem esse tipo de ideia, o mundo seria um lugar diferente.

Você já sentiu que está do lado perdedor?

Não sei. Só sei que agora as pessoas me ouvem mais do que nunca. Levei 40 anos para chegar a esta posição em que as pessoas levam meu trabalho a sério –nos anos 70, ninguém pensava que era arte. Se eu der uma palestra e conseguir 3.500 pessoas na plateia, já é alguma coisa! E a maioria dessas pessoas é superjovem. Quero dizer, acabei de receber uma carta de 24 páginas de um garoto que me disse que [512 horas] havia mudado sua vida. Ele tem 11 anos! É simplesmente alucinante. E também Lady Gaga me trouxe todas essas crianças. Ela tem 42 milhões [de seguidores] no Twitter; agora tenho milhões de interessados ​​ em meu instituto e em caminhada em câmera lenta, que estariam [de outra forma apenas] interessados e ​​ m drogas. É uma coisa boa! Levei 40 anos para colocar a performance no mercado. Se eu realmente posso encorajar a atenção plena na geração mais jovem, isso é uma grande, enorme vantagem. Algo precisa ser feito para elevar o espírito humano e acho que estou alcançando algo.



THIAGO COSTA



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E S C R I T Ó R I O

DIREITOS AUTORAIS NA REVENDA DE OBRAS A maioria dos artistas brasileiros não conhecem a lei que dá direito a 5% do aumento do preço na revenda de suas obras

Posso afirmar com segurança: a grande maioria dos artistas plásticos brasileiros desconhecem os seus direitos autorais. Será que eles sabem, por exemplo, que pela atual lda (Lei de Direito Autoral), Lei nº 9.610, de 1998, o artista plástico tem direito a 5% da mais-valia (aumento do preço) na revenda de suas obras? Tentarei explicar, resumidamente, esse direito autoral do artista plástico, denominado pela doutrina jurídica de direito de seqüela (também direito de seqüência e direito de participação). Comprar uma obra de arte é sinônimo de investimento a médio e longo prazo. Um quadro de um artista em início de carreira, ainda desconhecido, pode adquirir uma valorização gigantesca, se, anos depois, ele se tornar consagrado pelo público e/ou pela crítica. A morte de um artista já consagrado traz uma valorização de suas obras. A raridade é a essência da valorização. O afã pela procura de originais de uma obra de arte plástica deve-se ao seu valor primário, que, obviamente, é mais elevado que o da cópia. A primeira encarnação da obra, o primeiro contato da idéia criativa do artista com o mundo real, materializado, é a essência da valorização da obra primígena. É possível também que um artista ainda não consagrado se torne tal somente a partir de sua morte, como aconteceu com tantos artistas que, atualmente, são reconhecidos internacionalmente. Inúmeros exemplos são encontrados na história das artes que confirmam essa possibilidade, como Vincent Van Gogh (1853-1890) e Amadeo Modigliani (1884-1920).

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Na moderna sociedade burguesa de consumo em que vivemos, que valoriza o ter e é amante compulsiva da compra de bens, a raridade de uma obra de arte torna-se um luxo muitas vezes bastante rentável. A atual Constituição Federal Brasileira, de 1988, em seu art. 5o, xxxviii, b, assegura ao autor “o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem”. O autor tem, portanto, o direito de participar da exploração econômica de suas obras. Seguindo esse raciocínio, não é justo que, no mercado das artes plásticas, somente os comerciantes se beneficiem com a revenda de obras. Não é justo que o chamado marchand, profissional que faz a ligação entre a obra e o mercado consumidor de artes plásticas, através da divulgação e comercialização, seja o único beneficiado, sem a participação do criador. Não é justo, pois, que o criador de obras valorizadas, juntamente com sua família, deixe de participar dessa valorização econômica. Um dos fundamentos do direito de seqüela do artista plástico é a participação na mais-valia. Daí porque é também chamado no direito espanhol de direito de participação (derecho de participación). Outro fundamento de grande importância do direito de participação reside na diferença entre corpus mysticum e corpus mechanicum. O primeiro elemento é o espiritual, imaterial, incorpóreo. O segundo, é o suporte material, o mundo físico onde a obra se exterioriza.


JOÃO VICTOR

Quem adquire uma obra de arte plástica está adquirindo apenas o corpus mechanicum. O corpus mysticum, elemento imaterial, não é transferido na compra e venda. Logo, o comprador não poderá, por exemplo, reproduzir a obra de arte sem a prévia e expressa autorização do autor. É o que prevê o art. 77 da nova lda (Lei de Direito Autoral). In verbis: Art. 77 “Salvo convenção em contrário, o autor de obra de arte plástica, ao alienar o objeto em que ela se materializa, transmite o direito de expô-la, mas não transmite o direito de reproduzi-la.” Existem duas modalidades de direito de seqüela nas legislações de direito autoral de inúmeros países: (a) um percentual de participação calculado sobre o preço das sucessivas vendas (Portugal e Espanha, por exemplo); (b) um percentual calculado sobre o aumento do preço (mais-valia) resultante das sucessivas vendas. O Brasil adotou a segunda modalidade. A meu ver, errou novamente o legislador pátrio. A questão funda-se em questões de aplicabilidade, de ordem prática. É dificílimo calcular a mais-valia, que pressupõe a necessidade de provar dois valores, o da venda precedente, por vezes realizada há anos, e o da venda atual. A moeda brasileira sempre foi instável, e a inflação, uma realidade concreta em nossa economia. O cálculo dessa mais-valia torna-se, na prática, tarefa árdua e penosa. Muitas vezes impossível. Por exemplo, supondo-se que uma obra de arte tenha sido adquirida graciosamente, ou seja, tenha sido doada (presenteada) pelo artista, e, posteriormente, vendida. Não existe nesse caso um preço imediatamente anterior para que se possa aplicar o percentual sobre a mais-valia. Estaria o autor desprotegido em tal circunstância? Nas transações entre particulares, onde o controle é bem mais difícil, como seria possível fiscalizar essa mais-valia?

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E S C R I T Ó R I O

De nada adianta ter um instituto elogiável, mas de aplicação prática complexa e duvidosa. Seja pela modalidade escolhida ou porque não foi implantado no Brasil um sistema de informação das alienações de obras de arte, fazendo com que nem o autor nem seus titulares tomem conhecimento da circulação de suas obras, através das sucessivas revendas. A matéria do direito de seqüela encontrava-se disciplinada no art. 39 e seus parágrafos da antiga Lei de Direito Autoral, Lei nº 5.988, de 1973, já revogada. Naquela época esse dispositivo foi uma conquista na defesa dos direitos autorais do artista plástico. Até então, somente comerciantes poderiam se beneficiar com a manipulação de obras de arte plástica, não tendo o autor nem seus herdeiros qualquer participação na valorização dessas obras. Mas essa conquista permaneceu na frieza do texto legal, não ocorreu na prática. Afinal de contas, a modalidade utilizada pelo legislador nacional (percentual calculado sobre o aumento do preço resultante das sucessivas vendas) é de aplicabilidade bastante remota. Após vinte e cinco anos (de 1973 até 1998), revogou-se a lei autoral nº 5.988, de 1973, sob o pretexto de que o Brasil precisava de uma legislação mais avançada. Em desacordo com a tendência internacional, a atual Lei de Direito Autoral Brasileira (Lei 9.610, de 1998), no que se refere ao direito de seqüela, não trouxe nenhuma conquista para o artista plástico. Pelo contrário, retrocedeu, agravando ainda mais a sua situação. A nova lei autoral, em seu art. 38, reduziu o percentual sobre a mais-valia de 20% para apenas 5% . A nova lei utiliza a expressão “no mínimo, cinco por cento”, que, na prática, inviabiliza um percentual maior. A modalidade sobre o aumento do preço (mais-valia) foi reutilizada equivocadamente. A carência de profissionais especializados em Direito Autoral e a falta de uma mobilização organizada da classe artística, que ainda não assumiu uma postura ativa na luta por seus direitos autorais, foram os principais motivos desse retrocesso legal. O direito de participação (seqüela) é reconhecido internacionalmente desde 26 de junho de 1948, através da Convenção de Berna, da qual o Brasil é signatário. Esse direito de seqüela é uma imposição legal, que limita a autonomia da vontade das partes. É um direito irrenunciável e inalienável.

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A inalienabilidade tem a finalidade de evitar a cessão do artista por motivo de pressão das circunstâncias ou da necessidade de sua subsistência. O direito de seqüela somente deixa de existir quando a obra cai em domínio público. Ou seja, somente após decorridos 70, contados de 1º de janeiro do ano seguinte ao do falecimento do autor. A realidade do mercado de artes no Brasil, e certamente em diversos outros países, é longe do ideal de Lei de Direito Autoral. O artista é desvalorizado não somente em vida, como também depois de sua morte. Mas ele precisa e deve reagir. Não pode mais assistir passiva e silenciosamente o enriquecimento ilícito de terceiros à custa de suas criações espirituais. Os beneficiários na circulação de obras de arte não devem ser somente aqueles que direta ou indiretamente comercializam. Os criadores devem, também, participar efetivamente desses lucros provenientes das valorizações de suas obras. Sem o ato de criação, não haveria direito de participação, nem marchand, nem museus, nem exposições, nem galerias, nem leilões, nem Direito Autoral. O criador, quase sempre desapegado de bens materiais, precisa ser reconhecido não somente depois de sua morte, mas, principalmente, em vida, percebendo uma retribuição econômica digna e justa pela criatividade de seu labor intelectual. Precisa participar não somente da história criativa de um povo, como também dos lucros gerados por suas próprias criações. Essa última participação, infelizmente, ainda não foi conquistada pela classe artística.


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NELSON KON



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PEXELS

MERCADO.COM Enquanto jovens comprar online, compradores mais velhos, que têm mais dinheiro, resistem por scott reyburn

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om tudo o que está acontecendo, os colecionadores internacionais de arte parecem ser as últimas pessoas sobre as quais deveríamos nos preocupar no momento. Mas esse pequeno grupo de indivíduos endinheirados é a base que sustenta uma indústria mundial que movimenta us$ 60 bilhões ao ano e que, segundo estimativas, envolve 310 mil empresas, que empregam cerca de 3 milhões de pessoas, de acordo com um relatório publicado este ano pela Art Basel e pelo banco ubs. E essa indústria, como tantas outras, está sofrendo. A pandemia do coronavírus causou uma paralisação quase total do mercado da arte em abril e maio. Leilões e feiras de arte foram adiados ou convertidos em eventos online. As vendas despencaram. Galerias comerciais continuam a fazer negócios por meio de salas virtuais de exibição, mas a receita caiu acentuadamente. Muitas estão cortando empregos e enfrentam a possibilidade de fechar. Diferentemente da indústria da música e de outros setores do varejo, o mercado da arte demorou a se adaptar à era digital. A singularidade das obras de arte originais faz com que os colecionadores encarem com nervosismo a ideia de comprar peças diretamente de sites sem vê-las em pessoa, especialmente nos níveis mais elevados de preços. Mas agora o setor está tentando persuadir os compradores a gastar milhares —ou mesmo milhões— de dólares online. Os colecionadores mais jovens, cuja mentalidade é mais digital, são previsivelmente mais receptivos às compras online, ainda que em níveis de preço relativamente baixos. Em contraste, os colecionadores mais experientes, conscientes das questões de proveniência e de conservação que podem existir, continuam ressabiados —e são os gastos deles que fazem o mundo da arte girar. Como os setores de esporte, turismo e hospedagem, os comerciantes de arte internacionais dependem muito da capacidade dos clientes

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Vista da exposição AAA - Antologia de Arte e Arquitetura, exposição será exibida de maneira online por conta da pandemia de coronavírus


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EDUARDO ORTEGA


ELLE DECOR

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Saloni Doshi, 40, colecionadora radicada em Mumbai falando em seu ateliê sobre o mercado da arte

O mercado de arte funcionará totalmente online pelo futuro previsível"

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de viajar e de se reunirem. A Art Basel e o ubs estimam que colecionadores com pelo menos us$ 1 milhão em ativos líquidos compareceram em média a sete feiras de arte no ano passado e a um número semelhante de mostras comerciais. As viagens frequentes, que se tornaram um estilo de vida, agora estão paralisadas, e com elas os bilhões de dólares em gastos que costumavam acompanhá-las. Algumas galerias reabriram, os leilões ao vivo recomeçaram, em cidades como Berlim, Paris e Hong Kong, e os organizadores de feiras de arte têm a esperança de que seus eventos ao vivo possam ser retomados no quarto trimestre. Mas os organizadores da Art Basel, o principal evento do setor, anunciaram no sábado que a edição de 2020 foi cancelada, depois de a terem transferido de junho para setembro, originalmente. Uma versão online acontecerá neste mês. Com tantas restrições relacionadas ao vírus ainda em vigor, simulacros digitais dos eventos que mantêm o setor em movimento são a única maneira de manter os negócios em operação. Mas as transações exclusivamente online representam apenas 9% das vendas estimadas em us$ 64,1 bilhões que o mercado registrou no ano passado, de acordo com a Art Basel e o ubs. “O mercado de arte funcionará totalmente online pelo futuro previsível”, disse Saloni Doshi, 40, uma colecionadora radicada em Mumbai. “E isso não é necessariamente uma coisa negativa”. “O custo-benefício é bom, o processo é visualmente eficiente, requer menos tempo e pode ser usado democraticamente”, acrescentou Doshi, se referindo à maneira pela qual as plataformas online removem uma aura de exclusividade que pode intimidar os compradores iniciantes. “É questão de tempo que os colecionadores mais velhos se acostumem com isso.”

Doshi disse que comprou online obras de artistas contemporâneos do sul da Ásia, durante o período de confinamento, na faixa de preço dos us$ 10 mil aos us$ 35 mil. O conflito de gerações entre compradores de idades diferentes pode demorar a se resolver. O Hiscox Online Art Trade Report constatou, em sua edição de 2019, que 29% dos colecionadores com idade inferior a 35 anos que foram entrevistados disseram preferir a experiência de comprar arte online. Em contraste, apenas 10% das pessoas com mais de 60 anos disseram preferir comprar arte online. “A resistência dos colecionadores mais velhos continua a existir”, disse Anders Petterson, fundador da ArtTactic, empresa de análise de mercado sediada em Londres que preparou o relatório. (A edição de 2020 deve sair este mês.)

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B U S I N E S S

“Quando não existe um mundo físico da arte, como substituir essa experiência?”, ele questiona. “As pessoas mais jovens se adaptam com muito mais rapidez”. Andre Gordts, 69, colecionador de arte contemporânea radicado em Bruxelas, está entre as pessoas que privilegiam o conhecimento adquirido em estreito contato com a arte. “As iniciativas online não substituirão as feiras ao vivo, os leilões e as exposições”, disse Gordts. “São aceitáveis como forma de distribuir informações, e nada mais”. “Não comprei peças online até agora”, ele acrescentou. “É preciso contato físico com uma obra de arte para compreender sua essência. Remover o elemento analógico vai acabar com a ideia de colecionar arte”. Howard Rachofsky, 76, dono de uma coleção de arte moderna e contemporânea digna de um museu, em Dallas, disse que não estava seguro de que um dia voltaria a querer visitar uma feira internacional de arte. “Os colecionadores mais ativos e vorazes que conheço são pessoas da casa dos 50 à casa dos 80 anos”, ele disse. “Essa é a faixa etária que mais corre riscos, na atual crise de saúde.” “Não visitarei uma exposição prévia aberta ao público. Não quero correr o risco de adoecer”, disse Rachofsky. Mas ainda assim ele não adquiriu obras de arte online durante o período de confinamento. “É mais provável que eu vá a uma galeria e tenha uma interação social de pessoa a pessoa”, ele disse. “É um método à moda antiga e continua a ser usado como era anos atrás.” Tiqui Atencio, uma colecionadora venezuelana radicada em Mônaco que começou a comprar arte na década de 1980, é outra participante experiente do mercado que ainda não adquiriu obras nas plataformas online. Ela disse que as apreciava como fonte de informação.

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“Eu digo a mim mesma que nunca vou comprar arte online, mas estou me acostumando à ideia”, diz. “Fico feliz por descobrir artistas emergentes. Estou de olho messe mercado e pensando a respeito”. “Não vou comprar um quadro de us$ 1 milhão em uma sala online de exposição”, afirma Atencio, que em 2013 vendeu um quadro de Jean-Michel Basquiat na Christie’s por us$ 48,8 milhões. Ela acrescentou que não venderia quadros online, tampouco. “Se eu tivesse uma obra de arte que vale milhões e milhões de dólares, eu a guardaria.” A relutância dos colecionadores em oferecer peças excepcionais online, ou comprá-las, resultou em uma redução dramática nas vendas de peças de arte de alto valor durante a pandemia. Em abril, os calendários de leilões da Sotheby’s, da Christie’s e da Phillips consistiram exclusivamente em leilões online, pela primeira vez na história. A receita total de us$ 44 milhões obtida pelas três casas de leilões foi 92% mais baixa do que o valor do mês de abril de 2019, de acordo com dados fornecidos pela Pi-Ex, empresa de análise do mercado de arte sediada em Londres.


Fonte: The Art Market Report 2021 realizado por Art Basel & ubs report

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MARCOS MELLO



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O CENÁRIO DOS NTFS Fenômenos como esse, que movimentam alto volume de capital e impactam toda uma cadeia produtiva, trazem questionamentos relevantes e de alta complexidade por barbara mastrobuono

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Momento colecionável de passe de Ja Morant à venda no site nba Top Shot.

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o dia 11 de dezembro de 2019, Temetrius Jamel “Ja” Morant, com dezenove anos, enterrou uma bola de basquete durante um jogo na Phoenix Arena, no estado de Arizona (eua), garantindo a vitória para o seu time Memphis Grizzlies. Para quem perdeu o jogo de dois anos atrás é possível assistir os highlights da partida em diversas páginas do Youtube. Também é possível comprar, por $240.000,00, o “momento” registrado em nft no mercado virtual nba Top Shot. O nft (Non-Fungible Token, em inglês) é, explicado de forma simples, um token que representa a propriedade sobre um item sem par. Criptografados pela tecnologia blockchain, os nfts lembram em sua essência uma escritura, uma forma representativa de posse que pode ser transferida à medida que o item em questão é revendido. A diferença que vem com a tecnologia do século 21 é que, por meio do blockchain, é possível traçar um rastreio infalível ao dono daquele item e verificar quando e onde ele trocou de mãos. Em um paralelo bastante brasileiro, podemos pensar na “grilagem”, tradição de falsificação de escrituras, que se constitui na exposição dos documentos ao contato com grilos, garantindo-lhes uma aparência mais antiga e, assim, facilitando a posse de terras alheias por meio de documentos falsos. Em suma, o blockchain e a subsequente criptografia do nft são à prova de grileiros virtuais. E, embora uma gama infinita de itens possa ser certificada com o nft, desde coisas concretas, como propriedades ou edições especiais de tênis, à colecionáveis virtuais, como os lances de basquete comercializados na nba Top Shot,

O NFT é uma forma representativa de posse que pode ser transferida à medida que o item em questão é revendido”

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Everydays: the First 5000 Days Artista: Beeple Último lance: 11 de março de 2021 Preço: US$ 69 milhões (33 mil ETH) A obra é do artista Mike Winkelmann, conhecido profissionalmente como Beeple. Ele fotografou todos os dias, de 1° de maio de 2007 a 7 de janeiro de 2021, e juntou as imagens em uma obra, o nft mais caro já vendido até hoje. A Christie’s, famosa casa de leilão britânica fundada em 1766, realizou a venda.

mas isso é arte ? Recentemente temos visto uma movimentação intensa no ambiente da criptoarte, pontuada pela venda da primeira obra nft na casa de leilão Christie’s, arrematada por $69.346.250,00 (a obra em questão se chama The First 5.000 Days, do artista Beeple). Além da obra de Beeple, têm sido registrados diversos movimentos na casa dos milhões em compras de obras nft, como é o caso dos vídeos feitos pela cantora Grimes. Mas o que é tão atraente na ideia de obras nft? O nft é um certificado e não uma qualidade da obra em si. O debate sobre os critérios de monetarização de obras de arte já vem dominando discussões há séculos, assim como os questionamentos acerca da transição entre mídias e a validade delas —o famoso “mas isso é arte?” que domina corredores de museus e galerias desde a inserção de qualquer arte não-figurativa nos espaços expositivos e nos livros de história da arte.

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Também não há nada de novo na compra de uma obra de arte que não seja física: performances podem ser compradas e integrar acervos particulares ou museológicos. Em 2019, por exemplo, a performance Atoritoleituralogosh de Cristiano Lenhardt passou a integrar o acervo da Pinacoteca de São Paulo por meio do Prêmio Aquisição sp-Arte. O nft parece partir de um princípio simples: o item tem valor por ser único, e por pertencer a alguém. “Possuir a coisa real verificável sempre terá mais valor do que não a possuir”, resume o faq sobre nfts do ethereum.org. Também vemos surgir a questão da reprodutibilidade versus original. Na versão do mundo da arte do exercício filosófico se uma árvore cai na floresta e ninguém está perto para ouvir, será que faz som?, se uma obra é reproduzida de forma idêntica, a noção do original ainda faz sentido? Talvez o que seja mais valioso sobre a obra nft é o fato de ter uma autoria verdadeiramente verificável. A aplicação de blockchain ao pensamento crítico sobre arte e, simultaneamente, ao mercado dialoga com a ansiedade de capturar o “verdadeiro”, o “real” e o insubstituível. Vivemos no mundo do deepfake, onde a imagem —mesmo filmada— não é mais atestado de realidade. A moral de qualquer noção de “realidade” foi substituída pela nomenclatura desgastada do “controle da narrativa”, fazendo com que o negacionismo —político, geográfico, científico— vire um fator ativo na realidade física da vida das pessoas: libertado do antro do discurso, agora é imbuído da autoridade de criar políticas públicas que determinam, inclusive, se as pessoas vivem ou morrem.

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O nft, dessa forma, segue a lógica daquilo que é verdadeiro, ao se entender que o fato de algo ter sido criado por si só já o faz verdadeiro, seja lá o que isso signifique. Embora a veracidade de obras de arte sempre tenha sido uma grande questão não só no mercado de compra e venda como também para aquisições de acervos, a dimensão com a qual o assunto é capturado no caso da nft parece maior que uma simples questão de autoria. A obra virtual pode ter diversos formatos, desde desenhos a vídeos ou, ainda, a momentos marcantes de nossa vivência social, como é o caso da comercialização de memes específicos. Os memes são um exemplo particularmente interessante: sua autoria e relevância social se dão pela via da criação coletiva, e justamente pelo fato de serem tão facilmente replicados. Empregar um dispositivo como o blockchain para protagonizar a autoria de um meme não seria, por esse ponto de vista, ir de encontro ao próprio objetivo do meme? A certificação nft, portanto, parece ter mais valor pela captura do momento de criação e pelo registro de que algo foi criado do que pela relevância de seu autor.


Não há nada de novo na compra de uma obra de arte que não seja física: performances podem ser compradas e integrar acervos particulares ou museológicos”

Site ethereum.org, que serve como mercado virtual para a compra e venda de critpoarte com nft.

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ntf e mercado da arte No outro lado da moeda metafórica e literal, vemos a atuação do nft dentro do mercado da arte. Junto com a habilidade de manter um registro de transações, é possível que o artista cobre royalties em cima de cada venda de uma única obra. Similar ao que acontece com os direitos autorais na indústria editorial e fonográfica, quando um autor recebe uma porcentagem em cima de cada exemplar vendido de seu livro ou música, agora o artista tem a opção de obter lucro direto em cima da revenda de seu trabalho. Seth Siegelaub e Robert Projanski, que em 1971 criaram um contrato de venda para artistas conhecido como The Original Transfer of Work of Art fazendo polêmica ao exigir que artistas recebam 15% do valor de venda sobre cada transação em cima da mesma obra, ficariam agora orgulhosos. O artista começa a recuperar a agência sobre sua atuação no mercado, que se viu reduzida nas últimas décadas devido ao inchaço das infraestruturas necessárias para divulgação e comercialização da arte.

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“[O nft] é também uma resposta do mercado de arte e um desdobramento curioso sobre a cultura do artista capaz de mediar o acesso à sua produção com menos intermediários.” constata o jornalista Cauê Madeira. Afinal, quando a obra vendida existe apenas no universo virtual, não são necessários uma transportadora, um seguro ou mesmo um espaço expositivo. A habilidade de acompanhar a jornada de sua obra pelo mundo também dá ao artista um controle e uma voz maior em relação às coleções que seus trabalhos podem vir a integrar.


The Original Transfer of Work of Art, também conhecido como Artist’s Contract, criado por Seth Siegelaub e Robert Projansk em 1971.

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A inserção da estética popular dentro do circuito institucionalizado da arte é algo que vem se repetindo ciclicamente desde que o mundo é mundo. Vale lembrar que a criação dos museus de arte moderna na década de 1950 suscitam o mesmo nível de choque que sentiríamos hoje com a abertura de um Museu de Memes (no âmbito físico, claro — no mundo virtual essa façanha já vem sendo desbravada há tempos). A compra e venda de “arte virtual” na forma de memes em nada se difere das aventuranças de Andy Warhol com sua lata de sopa Campbell’s. Mas algo muito particular chama a atenção nas obras que estão sendo devoradas por cifras Quando abro o site da nba Top Shot a milionárias no mercado. Afinal, o que o primeiro tweet de primeira frase que surge aos meus olhos Jack Dorsey, fundador do Twitter, uma remasterização do é “Seja dono dos melhores momentos clássico meme Nyan Cat, e a bola de basquete enterrada da história da nba”. Em entrevista com por Ja Morant em 2019 têm em comum? a Eileen Kinsella, da Artnet News, o Todos capturam um momento do tempo, uma parcela da colecionador Twobadour (não é seu história humana como a conhecemos. Cristalizam pontos nome real) fala sobre a experiência cruciais de nossa trajetória coletiva globalizada em um de ter comprado The First 5.000 Days. momento extremamente particular de nossa história, em que “Como você está se sentindo agora que a própria ideia de futuro nos parece cada vez mais impro- acabou?” pergunta Kinsella, se refevável e impossível. Nos tornamos, assim, colecionadores rindo ao acirrado leilão na plataforma de nossa própria trajetória, imbuindo valor ao efêmero na virtual da Christie’s. “Isso vai ser uma esperança de que possamos catalogar todos os passos que peça de um bilhão de dólares algum damos daqui para a frente. dia.” responde Twobadour. “Isso tem o potencial de ser a obra de arte desta geração. Estamos muito felizes por fazer parte da história, e ainda estamos digerindo o fato de que fazemos parte da história.” Primeiro tweet de Jack Dorsey à venda como nft.

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CRÉDITOS PEXELS

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A NÃO INCLUSÃO Artistas refletem sobre os dilemas da inclusão de pessoas com deficiência no mundo das artes e falam sobre capacitismo e acessibilidade nas experiências estéticas por giulia garcia

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o Brasil, mais de 12 milhões de pessoas têm alguma deficiência física ou intelectual, o que corresponde a 6,7% da população segundo dados do ibge. O número aumenta para 24% quando consideradas pessoas que apresentam alguma dificuldade em menor grau de locomoção, visão ou audição. Entretanto, ainda é pouco comum vermos esses corpos ocupando os palcos, ou as plateias, sendo os responsáveis pelas obras de uma exposição ou por admirá-las nos corredores dos museus, em especial quando saímos do eixo Rio-São Paulo. “Não são as pessoas com deficiência (pcd) que não têm interesse em arte, são os produtores artísticos e culturais que não têm interesse em produzir um conteúdo que seja acessível”, afirma Moira Braga. Para a bailarina, atriz e professora, o processo é cíclico: se a produção artística não é acessível para pcds, torna-se mais difícil delas desenvolverem interesse ou se tornarem artistas. O escultor Rogério Ratão faz coro e complementa que em qualquer caso as pessoas só gostarão das artes se forem estimuladas. “E quando temos deficiência, tem muito uma coisa das pessoas acharem que sabem o que é e o que não é necessário pra nós.” Porém, o estímulo artístico não está em apenas sinalizar aspectos concretos de uma pintura, ou na transmissão das palavras de uma canção através da Libras. Deficiente visual, Ratão exemplifica com a acessibilidade nas artes plásticas: “Se você descreve A Noite Estrelada do Van Gogh, precisará explicar as pinceladas, o acúmulo de tinta e outros aspectos da obra”, pois é pela descrição que ele consegue compreender o quadro. Em seu caso, como pessoa que já enxergou, ele cria a imagem na cabeça, como quem lê um livro, mas compartilha que pessoas que nasceram cegas tendem a construir a obra em suas mentes a partir de outras referências sensoriais. Logo, se você descreve A noite estrelada apenas como uma cena de uma cidade noturna, com céu estrelado, árvores no primeiro plano e as casas na parte inferior do quadro, “a casinha que vem à mente é o mesmo desenho que uma criança poderia fazer na escola. Então quero entender qual é a casinha do Van Gogh, qual é a casinha do Cézanne, qual é a especificidade de cada artista?”.

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80 É ao sinalizar as técnicas, o estilo e as características do pintor que se permite de fato o acesso à obra e não a um desenho qualquer. O escultor compartilha que em muitas viagens foi aos museus na companhia de seu irmão, para que esse pudesse descrever as pinturas mais detalhadamente. Em alguns casos, quando os museus tinham tempo limitado de visita frente a determinadas obras, permitiam que eles tomassem mais tempo, para que Ratão pudesse de fato admirá-las. Em outros casos, deparou-se com instituições que contavam com estruturas táteis que através de relevos o permitiam sentir os trabalhos, ou com espaços expositivos que liberavam horários específicos para que pessoas cegas ou com baixa visão pudessem tocar algumas esculturas e dessa forma melhor compreendê-las. Em sua experiência profissional, Leonardo Castilho nos dá outros exemplos sobre o estímulo artístico. Seja na peça Cidade de Deus –apresentada em linguagem de sinais no Brasil e na França– nas suas atividades como educador no Museu de Arte Moderna de São Paulo (mam-sp), no Slam do corpo, ou nos shows de música –nos quais trabalhou com a interpretação em Libras– ele buscou ir além da simples informação, permitindo que pessoas surdas (como ele) tivessem acesso àquela arte em forma e conteúdo. Como explica Castilho, a acessibilidade precisa ir além do protocolar. Não se trata apenas de incluir Libras ou audiodescrição, mas de transmitir a experiência estética que a arte propõe –o que envolve um refinamento dos recursos, um maior preparo sobre eles e uma consultoria constante com pcds. “Os realizadores de eventos dificilmente pensam em públicos mais amplos quando estão concebendo o projeto e o orçamento”, explica. “Isso pode acarretar num sucateamento”, acrescenta Moira, que também tem deficiência visual, referindo-se a verba destinada aos recursos, que muitas vezes é menor do que a necessária.

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“O recurso de acessibilidade é uma possibilidade que você está dando de um espectador usufruir aquela obra, então se você faz de qualquer jeito quer dizer que você não se importa com esse público”, pontua. De forma a garantir uma melhor transmissão de seus conceitos e propostas estéticas, a performer e videoartista Estela Lapponi agiu de outro modo. Nas primeiras oportunidades com recursos, os construiu em diálogo com os profissionais da área e, em um de seus últimos projetos, o filme Profanação, fez da audiodescrição não ferramenta de acessibilidade, mas linguagem, parte constituinte da obra. Porém, ela aponta que essa responsabilidade em alguns casos vai além dos produtores e artistas, está ligada às leis de incentivo e aos editais. “Penso que o que recebo ainda é muito pouco dependendo do projeto. Se não aumentar a verba, vai virar evento: é um dia só de recurso, porque não consigo tê-lo sempre.”


O recurso de acessibilidade é uma possibilidade que você está dando de um espectador usufruir aquela obra”

João Paulo Lima no espetáculo Devotees, apresentado no programa Zona de Criação do Hub Cultural do Ceará Porto Dragão.

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A gente começa a trabalhar o corpo e vai se entendendo melhor, nos libertando das nossas crenças limitantes”

seja bem - vindo ao mundo bípede Esta postura, para Estela, tem uma raiz estrutural: vivemos em um mundo bípede. O termo está ligado ao conceito largamente utilizado pelo diretor, dançarino e coreógrafo Edu O., que não se restringe apenas à definição científica da palavra, mas à ideia estrutural de que todo corpo anda sobre suas próprias pernas, vê e ouve, desconsiderando outros corpos possíveis de existência –ou vendo-os como algo que precisa de conserto. A experiência de João Paulo Lima corrobora com essa visão. Aos 26, ingressou no curso técnico para Intérpretes Criadores em Dança Contemporânea da Escola Porto Iracema das Artes em Fortaleza. Amputado de uma das pernas desde os 12 anos de idade, o artista conta: “Lá precisei me desvencilhar do corpo bípede. Por memória, já tinha me desvencilhado, mas socialmente não, porque acho que mesmo se você nasce com uma deficiência, é socialmente cobrado a ser bípede”. Para Moira também foi a dança que a permitiu ir além das possibilidades que entendia para si: “A gente começa a trabalhar o corpo e vai se entendendo melhor nos libertando das nossas crenças limitantes”. Foi durante os estudos artísticos que tanto Estela quanto João passaram a se identificar com o conceito de “corpo intruso”, um corpo dissidente que causa estranhamento ao ocupar os diferentes espaços. Para eles, é por essa invisibilização da não bipedia que frequentemente não são vistos como simplesmente artistas, mas como artistas com deficiência,

e assim “somente são lembrados na arte em datas comemorativas ligadas à deficiência, como a Virada Inclusiva, o Dia do Surdo etc.”, pontua Castilho. Para Estela, isso se dá porque “a inclusão é unilateral. Não existe relação de troca, pois não tem autonomia nenhuma do outro lado. Não tem desejo, é um objeto e é mercantilizado. Quem ‘inclui’ gera lucro, se põe bem na fita e isso corrobora para um pensamento da caridade– que é uma construção que alivia o Estado e que as pessoas privilegiadas se sentem garantindo seu espaço no reino dos céus”. Por isso, como continuidade de sua pesquisa sobre o corpo intruso, a artista cria o manifesto anti-inclusão. “Quando Boaventura de Sousa Santos traz a ideia de que o pensamento ocidental é um pensamento abissal, que cria distinções, ele elucida muito bem a problemática da inclusão; porque existe uma linha que separa o mundo visível –a bipedia, a branquitude, a heterocisnormatividade– e o invisível”, explica. baseia na lógica visível e padrão.

jun 2021


84 MEU BEM

P I L A R E S

Como a arte me instigou a construir minha história, me fez desejar estar vivo

por fernando henrique ilustração fernanda naomi Aos 15 anos, ocupava o posto de office-boy na Leitor Em 2001, Marcy me incentivou a fazer faculdade. Pensei: Recortes, de clipping, e entregava notícias sobre tudo e “Surtou”. Eu pagava as contas de casa, minha mãe não todos a assessorias de imprensa e a famosos. Falava alto e trabalhava e meu pai tinha arrumado outra família. Mas em bom som: “Eu faço entrega na casa de gente ‘conhe- de alguma maneira eu acreditava ser um dos que dariam cida’ ”. O ponto alto da fofoca no meu bairro era que eu certo e dizia a mim mesmo: “Vou fazer artes plásticas, tem entregava na casa da apresentadora Hebe, que morava no tudo a ver comigo”. Ao saber do preço do curso na Faap, Morumbi. Nunca a encontrei ou ganhei um selinho, mas essa desisti. Rolaram um choque de realidade e uma conversa atividade me rendeu o carinhoso apelido de “famosinho da com minha mãe, que disse: “Arte? Você se acha branco? Casa Verde” na vizinhança, bairro periférico na Zona Norte Depois que começou nesse emprego novo, perdeu a noção”. de São Paulo. E, confesso, amava esse rótulo. Era 1997. Quando entrei na faculdade, saí do ninho e achei que No ano seguinte, mudei de emprego para ser office-boy podia voar sozinho. Outro sacode: era o negro do lugar. da Marcy Junqueira, da Pool, a agência de cultura mais Não havia outro na faculdade, nas galerias ou nos centros cool da cidade. Feliz com a mudança, não entendia o que culturais. Mudo de faculdade. Entre idas e vindas, eu estava a empresa fazia de fato, mas lembro claramente de cinco ali também na luta do ganha-pão. Não era fácil. Precisava mulheres que não paravam de comentar o tempo inteiro ter uma renda maior para dar conta do recado. Começo a de exposição de arte na galeria X, no centro cultural Y, e tal rede de relações e finalmente decido ir a Paris. que tinha de ligar para o jornalista Z para falar da artista W. Um sufoco. Sem dinheiro e sem passaporte europeu. Pouco depois, estava habituado. Lia tudo o que saía Todo mundo me achou maluco. Ir à polícia sem ser detido sobre exposições e me transformei em um amante da era algo novo no meu pedaço. Saí com um passaporte nas arte. Marcy, a chefe, sempre me dava uma aula: “Fê, muito mãos. Em 2007, tudo era novo de novo. Em Paris, além de conhecer algumas das obras de arte bem, mas lê este livro aqui”. Quando voltava à Casa Verde, contava tudo com o mesmo entusiasmo de quando ia à mais importantes do mundo, percebi, com o respeito, o casa dos famosos, mas ninguém se interessava. Ninguém sentido da vida. Nessa época, me chamavam de monsieur com quem eu convivia tinha ouvido falar de Arthur Barrio, de Oliveira (com um leve acento no A, bem francês). Passei Bispo do Rosário, Hélio Oiticica. De “famosinho da Casa no curso de língua francesa com nota máxima e entrei para Verde” virei o “viado retardado das artes”. Dessa vez gostei a graduação em história da arte com bolsa de estudos na menos do apelido. Universidade de Sorbonne.

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Depois da graduação e de um estágio no Palais de Tokyo, maior museu de arte contemporânea da Europa, voltei ao Brasil acostumado a ser tratado como ser humano e com tristeza por deixar para trás o respeito e o vocativo de senhor. De volta ao Brasil, não havia mercado para negros nas artes. Todos os (vários) espaços em que bati na porta em São Paulo eram 100% brancos –ainda não estava na moda ser negro e pouco se questionava a diversidade racial. Na fiac (Feira Internacional de Arte Contemporânea), uma das feiras mais importantes de arte de Paris, várias etnias coabitavam porque o setor ali tinha entendido que exibir diversidade vende. O acesso e a oportunidade de todo mundo se enxergar ali mudavam tudo na comunicação com o público. Eu sabia muito de muita coisa, só não sabia como ficar branco para ser escutado e trabalhar no circuito das artes. “Vamos a um leilão de arte com meus pais?”, me convida a Monica Charoux, neta do artista Lothar Charoux e minha vizinha em Pinheiros. Vi muita coisa naquela noite, de Waltércio Caldas a Degas, e um universo que me aproximava daquelas pessoas tão diferentes de mim: o amor pela arte. Naquele endereço chique dos Jardins, nunca haviam visto pessoas como eu, negro, sentado, de pernas cruzadas, para dar lance em uma obra. Eu estava fascinado pelos lances e os preços em escalada. Era uma maluquice, um universo paralelo.

Já no final, um Cícero Dias, litografia, 88/200, 64 x 51 centímetros, é anunciado. A obra intitulada Mulheres é um misto de amor e esperança, com um vai e vem de barcos no lado esquerdo que permite a alusão entre o ser, o estar e o movimentar-se, que me tocou. Cícero foi perseguido pelo Estado Novo e, com o apoio de Di Cavalcanti, foi para Paris, onde conheceu Henri Matisse, Fernand Léger e Pablo Picasso. Reinventou-se. Dei um lance de R$ 210. Ouço uma voz do fundo da sala que propõe R$ 260. Rebati R$ 300 e comecei a chorar. Em 12 de dezembro deste ano, comemoro o décimo aniversário dessa obra de arte na minha parede. Foram três décadas para perceber que o mundo é um bem, que carrega não só o valor monetário do poder de compra mas as fragilidades e a essência de um objeto que tem poder transformador. Essa obra me fez desejar estar vivo. Acreditar na arte me fez voltar a Paris e ser mestre pela Universidade de Sorbonne em história da arte, depois em economia da cultura e a escrever outra tese para projetos culturais em espaços públicos. Fui instigado pela arte a construir minha história.

Fernando Henrique é jornalista e produtor cultural, mestre em Economia da Arte e em Projetos Culturais para Espaços Públicos pela Sorbonne, na França. É correspondente da cnn Brasil em Nova York.

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86

LINHAS, FIOS E PONTOS ( DE ENCONTRO)

P I L A R E S

O ponto de encontro (e de partida) no momento não é físico, mas ele definitivamente não é um ponto final

por tatiana zacariotti ilustração fernanda naomi Venho de uma família com certa tradição nas artes têxteis –minha avó paterna, portuguesa da Ilha da Madeira, bordava e vendia belíssimos enxovais com as técnicas típicas da região onde nasceu. Já minha avó materna trabalhou em fábricas têxteis, costurou o próprio vestido de noiva e gostava de pintar e crochetar panos de prato. Minha mãe, legítimo exemplo de mulher que trabalha fora desde muito jovem e “não tem jeito para essas coisas”, cresceu afastada do fazer manual e só foi capaz de me ensinar a fazer um pequeno e simples quadrado em tricô, que transformei em uma manta de bonecas não muito bonita. Sem orientação e contato maior com a técnica, esse conhecimento acabou desaparecendo –ou é o que acreditei durante duas décadas. O ano é 2010. Com 30 anos recém-completos, comecei a trabalhar no Sesc cuidando da programação de Artes Visuais, minha área de formação e estudo. Um dia, buscando referências, deparei-me com uma matéria curiosa: ela falava sobre um pequeno mas potente movimento de jovens mulheres que buscava o resgate de técnicas manuais tidas como arcaicas, ultrapassadas ou “coisa de avó”: tricô, crochê, bordado e afins; já não mais em panos de prato ou enxovais e sim em quadros, toy art ou roupas com modelagem atual. Algumas praticavam desde crianças; outras entraram nesse universo já adultas, encontrando ou formando grupos de estudos ao vivo e através da internet. Impulsionadas pela

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filosofia punk do “faça-você-mesmo” e por uma maior autonomia perante a massificação do mercado, essas mulheres desafiavam o status quo convidando todas as pessoas interessadas a unirem-se nesse fazer manual. Esse convite falou tão diretamente comigo que não só voltei a me aventurar nas agulhas e lãs com o apoio dessas jovens incríveis, como imaginei que o Sesc seria um local perfeito para unir pessoas interessadas nas mesmas condições que eu –com muita disposição e pouco conhecimento–, proporcionando esse compartilhamento de saberes tradicionais com uma abordagem contemporânea. No mesmo ano, sob olhares curiosos e de estranhamento, passamos a oferecer cursos de tricô, bordado, crochê e outras técnicas têxteis junto de nossa programação já tradicional de desenho, gravura, cerâmica, fotografia e outras tecnologias. Uma das coisas mais incríveis que o Sesc possui é a formação de diversos coletivos artísticos nascidos nessas oficinas; pessoas que entraram completamente cruas em um curso de bordado e tornaram-se artistas relevantes no cenário nacional. Vi nascerem casais, grupos de amigos, clubes e pequenas associações; todos unidos pelo amor ao fazer artístico proporcionado por um ambiente criativo e acolhedor. E vejo, com alívio e alegria, que mesmo em uma situação de restrição de mobilidade e distanciamento social esses grupos continuam existindo, nascendo e se alimentando através das redes sociais e da internet.


QUEM TEM MEDO DOS NFTS? É preciso separar o negócio da arte da sua apreciação. Essencialmente, quem ama arte não precisa possuí-la, enquanto quem a possui não necessariamente ama

por marcello dantas ilustração fernanda naomi A arte não nasceu para ser possuída mas como necessidade de expressão de quem a fez. A arte como investimento existe para dar lastro a liquidez excessiva do mundo capitalista. Esse negócio é uma das práticas mais vulneráveis do mundo. Algo pode valer muito, ou nada. Recheado de obras falsas, ou de procedência questionável, reconhecimentos tardios, e uma constante subjetividade em valorar o artista. Este que, na maioria das vezes, menos vê o dinheiro da especulação em torno de sua obra. Nas últimas semanas o mundo da arte foi assaltado com o advento de uma nova tecnologia que colocou por terra boa parte dos paradigmas que sustentam este ecossistema: os ntfs (non-fungible tokens). Os ntfs são uma evolução das criptomoedas que geraram repentinamente uma imensa riqueza sem nenhum lastro na economia real. De 2017 para cá, os bitcoins multiplicaram o seu valor em quase 60 vezes, criando uma nova classe de milionários virtuais, sem que por trás deles houvesse alguma ideia, empresa ou economia real. O grande protagonista do século xxi talvez não seja nenhuma pessoa e sim um algoritmo. É disso que estamos falando. Quem rege o que lemos nas redes sociais, com quem nos relacionamos e como seremos classificados neste novo mundo é um critério matemático baseado em vetores que desconhecemos. A escala de valores criados pelos blockchains são ajustáveis por algoritmos que parametrizam o valor das coisas com base em cálculos de oferta e procura

indomináveis por mentes humanas. Seria ingênuo pensar que algo tão simbólico e vulnerável como o mercado da arte não seria impactado por essa revolução que impacta a tudo e a todos. Além disso, ntfs não são arte mas são o certificado da arte, algo que para o mercado vale mais do que a própria obra. A falsificação da arte é algo tão antigo quanto a sua valoração; e a confiabilidade dos ntfs, que usam a tecnologia de blockchain para garantir sua autenticidade e procedência, são a chave para revolucionar o uso da arte como uma moeda. Estes criptoativos possibilitam também que o artista seja remunerado a cada vez que a obra é vendida. Parte dos lucros que antes era mantida somente por galeristas, colecionadores e casas de leilões agora é embutido no algoritmo. Isso permite que exista um percentual de remuneração automática para os criadores das obras, quando negociadas na plataforma virtual. Toda vez que uma tecnologia disruptiva apresenta-se à sociedade, precisamos refletir sobre o seu potencial de transformação, do que nos é tido como sólido e certo. Entender que arte é uma ideia e não um suporte e que pessoas podem colecionar ideias e não átomos tem a potência de desafiar a artistas e criadores a repensar suas práticas. Com certeza, a arte virá com uma resposta altamente criativa a mais esta nova provocação. Este é o seu papel.

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88

F E E D B A C K

M. M. L. tiketi.com

MARISE DE CHIRICO Artista residente no masp São Paulo - sp Como artista me sinto feliz de achar conteúdos que nos represente.

MATHEUS PÁSSARO

M.

MARCOS MELLO Artista gráfico Salvador - ba Acredito que o projeto gráfico da revista está bárbaro! Tenho altas expectativas.

Fotógrafo Rio de Janeiro - rj Se tivesse acesso a conteúdos como esse no início da minha carreira, teria sido mais fácil.

LEONARDO AURELIANO Diretor de arte Cuiabá - mt Acredito que a revista faz todo sentido, do ponto de vista de um produto consistente para seu mercado, ainda trazendo uma certa inovação.

A.

AURESNEDE PIRES Curador de conteúdo Pernambuco - pe Nunca pensei que uma revista falaria tão abertamente sobre o mercado das artes. Hoje, vejo que essa proposta tem um grande potencial.


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92

CURSO

EXPOSIÇÃO

PROTOCOLO VOLPONE

MERCADO DA ARTE SE FOI, TEMPO

05

14

P R O G R A M A Ç Ã O

ESPETÁCULO

até

a partir de

J U N

20 até

J U N

J U N

O espetáculo é uma adaptação de Volpone, a comédia da ganância, escrita por Ben Jonson. Volpone é um homem sem filhos, especialista na arrecadação de riquezas e para acumular mais, finge estar agoniado e diverte-se com o desfile de bajuladores que o enchem de favores.

Aprenda os trâmites do mercado da arte, suas conexões, cadeias de valor e entenda suas possibilidades de negócios. Compreenda sobre fluxos de orçamento, precificação, prospecção, estudo de casos e práticas mercadológicas contemporâneas, mesmo sem qualquer estudo, conhecimento prévio ou experiência na área.

Durante a pandemia, Mary passou a refletir sobre o tempo com o auxílio de uma máquina de escrever. Assim nasceu o conceito da exposição Se foi, tempo., composta por pinturas que refletem as particularidades de cada dia. Cada quadro foi criado no momento exato do seu tempo e no seu contexto.

sextas e sábados 20h00-22h00 no Youtube do Protocolo Volpone youtube.com.br

terça e quinta 9h00-13h00 via Zoom ebaconline.com.br

terça a sábado 12h00-19h00 Centro Cultural Correios RJ correios.com.br

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EXPOSIÇÃO

EXPOSIÇÃO

ESPETÁCULO

IM.FUSION

INHOTIM

IRETI

20

27

19

até

J U N

até

J U N

divulgação

até

J U L

Criada por pessoas do Brasil, Chile e Estados Unidos, a experiência é composta por três cenários multicoloridos apresentados durante 12 minutos. Desde o micro ao macro, a instalação cria uma reflexão sobre a imensidão do universo. Tudo isso acontece dentro de uma sala escura, onde tudo acontece.

Maior Museu de Arte contemporânea da América Latina. Essa mescla de arte e natureza pulsante é um dos diferenciais. Obras de arte, moderna e contemporânea, instalações, da década de 60, do século xx até hoje, de artistas renomados, conhecidos internacionalmente, contendo exposições fixas e itinerantes.

A distopia narra a saga de uma mãe preta e pobre que ergueu o Brasil e seu povo com os próprios braços, mas foi preterida pelo país. Mergulhada em um contexto de miséria, violência e fome, ela deseja a matéria da criação de volta para si, buscando uma maneira de acabar com um mundo desequilibrado.

terça a domingo 11h00-17h00 Museu da Imagem e do Som de São Paulo mis-sp.org.br

sexta a domingo 09h30-17h30 Instituto Inhotim inhotim.org.br

segunda a domingo 20h00-20h30 no Youtube da Cia. Magunzá de Teatro youtube.com

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94 CURSO

EXPOSIÇÃO

EXPOSIÇÃO

MERCADO DE ARTE COLECIONADORES OSGEMEOS: E PRECIFICAÇÃO DE FOTOGRAFIA SEGREDOS

P R O G R A M A Ç Ã O

23 a partir de

01 até

J U L

08 até

A G O

A G O

Tratar arte como simples mercadoria não é o foco, já que arte tem especificidades que não permitem uma única fórmula para definição de preço. Este curso oferece os conceitos básicos para compreensão, sistemas e práticas do mercado da arte, e da indicação de caminhos para precificação de obras de arte.

Reúne obras de 107 artistas que passaram a integrar o acervo do museu e também as coleções particulares de centenas de pessoas que fizeram parte do Clube. Esta exposição é uma homenagem a esses colecionadores que impulsionam o circuito de arte, e a importância do papel social de instituições culturais.

Os visitantes podem ver pinturas, instalações imersivas e sonoras, esculturas, intervenções, fotografias, desenhos e cadernos –esses últimos, da fase adolescente e apresentados ao público pela primeira vez, antecedem os famosos personagens amarelos, abrindo caminho para a compreensão da raiz de seu surgimento.

quinta e sexta 18h00-20h00 via Zoom adelina.org.br

terça a domingo 12h00-18h00 Museu de Arte Moderna de São Paulo mam.org.br

quarta a segunda 11h00-19h00 Pinacoteca de São Paulo pinacoteca.org.br

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EXPOSIÇÃO

EM CASA

EM CASA

ENCICLOPÉDIA NEGRA

BIENAL

MUSEU DE ARTE DE RUA 360º

08

18

02

até

a partir de

N O V

até

S E T

A G O

A exposição é um desdobramento da Enciclopédia Negra e se conecta com o novo olhar apresentado pela coleção do museu, que se apoia em questionamentos contemporâneos e reverbera narrativas inclusivas e diversas. Assim, todas as obras serão incorporadas ao acervo da instituição.

Conteúdos e ações de comunicação digital, com o objetivo de dar maior acessibilidade de seus eventos para todos os públicos. É um mergulho profundo na história da cidade por meio da arte que invadiu o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, também conhecido como Pavilhão da Bienal, localizado no Parque do Ibirapuera.

Chamado de mar 360º, o passeio percorre 110 km, em todas as zonas da cidade, e utiliza realidade virtual para garantir uma experiência 100% imersiva para o público. Ao acessar a plataforma, os visitantes podem navegar por um mapa e escolher quais obras desejam ver.

quarta a segunda 11h00-19h00 Pinacoteca de São Paulo pinacoteca.org.br

segunda a sexta 12h00-18h00 no site da Bienal bienal.org.br

segunda a sexta 12h00-18h00 no site do MAR mar360.art.br

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UM

SURGE


NOVO

OLHAR


98

COM AMOR, VAN GOGH

Conta a história de Christian, um respeitado curador de arte que tenta desesperadamente atrair mais visitantes ao seu museu. Apontando questões como o que é arte e como um grande museu se relaciona.

Um ano após o suicídio de Van Gogh, Armand Roulin encontra uma de suas cartas que nunca chegou ao seu destino. Então decide entregá-la, mas ao longo do percurso procura saber sobre a morte de Van Gogh.

telecineplay.com.br

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Seis fotógrafos amadores em busca de uma linguagem autoral. No primeiro reality de fotografia do país, participantes desenvolvem ensaios temáticos e são avaliados por Eder Chiodetto e Cláudio Feijó.

Examina esta interseção complexa de prática artística e ativismo social como visto através da vida e arte do artista contemporâneo e ativista Ai WeiWei, proeminente da China.

arte1play.com.br

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ARTE NA FOTOGRAFIA

AI WEIWEI: NEVER SORRY

I N D I C A Ç Õ E S

THE SQUARE

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LIXO EXTRAORDINÁRIO

Clarisse Linspector traz uma linguagem ricamente metafórica, em que ações e emoções do dia-a-dia se transformam em grandiosas digressões indagadoras sobre o sentido da existência e sobre a vida.

Localizado nos arredores do Rio de Janeiro, Jardim Gramacho, é o maior aterro sanitário do mundo. Vik Muniz seleciona seis catadores de lixo para posar para umaem uma série de fotografias que imitam pinturas famosas.

Clarisse Linspector, Editora Rocco

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Reúne uma série de exercícios, reflexões e ferramentas para ajudar você a despertar sua criatividade, recuperar a autoconfiança, ter sucesso e se livrar dos bloqueios criativos.

Em cada episódio, uma dupla de artistas e pensadores discutem como a arte molda, eleva e muda nosso ponto de vista –assim como as reviravoltas do processo criativo. Produzido pela galeria David Zwirner.

divulgação

ÁGUA VIVA

Julia Camaron, Editora Sixtante

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O CAMINHO DO ARTISTA

DIALOGUES jun 2021


100 FRIDA

A PIECE OF WORK

Biografia da vida ousada da artista Frida Kahlo. Suas atitudes artísticas, políticas e sexuais com visão de futuro são exploradas quando testemunhamos uma mulher apaixonada e beberrona do início dos anos 1900.

Produzido pelo moma e pelo wncy Studios, A Piece of Work vai de RuPaul, explicando a arte da performance; a minimalismo, falando de conceitos e movimentos das artes visuais. spotify.com

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I N D I C A Ç Õ E S Billie Holiday Sings é o seu primeiro álbum completo, lançado nos eua em 1952. O álbum de Bille foi renomeado para Solitude, com uma nova capa de álbum fotográfica dramática e lançado como um lp de 12 polegadas.

A série investiga a multiplicidade de linguagens nas obras de 10 grandes nomes da arte contemporânea mundial que têm em comum ter obras importantes no museu-parque Inhotim.

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SOLITUDE

INHOTIM

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O QUE É ARTE

GUIA DO ARTISTA VISUAL

Demonstra um “moralismo incessante”, avaliando as obras de arte à luz de sua ética cristã radical, e exibindo uma disposição para dispensar mestres aceitos, bem como a maior parte de seus próprios escritos.

O Guia do artista visual é uma publicação importante e completa. Foi elaborada por uma equipe de profissionais do setor de artes visuais, coordenada pela Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura.

Leo Tolstoy, Editora Hackett

ocupe.arte.com.br

Investiga o significado histórico e cultural de compormos uma sociedade que crê mais do que tudo nas imagens. Um conjunto de considerações agudas sobre os atos de fotografar e de disseminar fotografias.

Conta sobre a vida, obra e morte do artista José Leonilson. É contada por quem o conheceu bem, revelando como sua arte sempre foi uma forma de projetar seu eu interior para o público.

Vilém Flusser, Editora É Realizações

itaucultural.org.br

A FILOSOFIA DA CAIXA PRETA

SOB O PESO DOS AMORES jun 2021







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