r$42|n°1|nov2023 # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Dê o primeiro passo.
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A mude/mood é uma grande aliada dos universitários e recém-formados que tão na correria da vida adulta! A gente tá aqui pra te dar aquele help pra entender como que funciona o mercado de trabalho, principalmente de comunicação, e quais são seus direitos. Nós sabemos que o mercado tradicional pode ter uma vibe meio frustrante, mas não se preocupa, a gente tá aqui pra te deixar por dentro do que rola e também ligado no que a galera da nossa geração tá buscando. Queremos te instigar a ser parte da mudança que queremos em um novo mercado de trabalho. Diferente de outras revistas por aí que só falam do lado do ceo ou de quem já tá super bem estabelecido no mercado, a nossa pegada é toda focada em você, empregado ou autônomo que tá iniciando a própria jornada. Então, se liga na Revista mude/mood para ficar atualizado e pronto para encarar e mudar o mundo do trabalho! Nessa edição, você encontrará um mood para relaxar, levar a vida do trabalho e pessoal com um pouco mais de equilíbrio, além de se atentar para uma das síndromes mais famosas do mundo do trabalho. Já no estilo da mudança, trouxemos os novos experimentos sobre a semana de 4 dias, lay-off, economia criativa e muito mais. Esperamos que o mood te traga todo o acolhimento e conforto que muitas vezes falta no ambiente de trabalho. E que ao recarregar a energia, você se prepare para estar por dentro das novidades de um mercado de trabalho contemporâneo, no qual você mude tudo aquilo que não faz mais sentido para uma nova geração.
ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING Graduação em Design Turma dsg 3a 2023.2 PROJETO INTEGRADO TERCEIRO SEMESTRE Projeto III: Marise de Chirico Cor, Percepção e Tendências: Paula Csillag Ergonomia: Auresnede Stephan e Matheus Passaro Finanças Aplicadas de Mercado: Paulo de Faria Marketing Estratégico: Luis Americo Tancsik Produção Gráfica: Mara Martha
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PROJETO EDITORIAL E GRÁFICO André Krassuski Fonseca Danielly Biguinati Jardim Eduarda Machado Ohara Fernanda Rodrigues da Costa Marília Castilho da Silva
Fê MERCADO DE TRABALHO CONTEMPORÂNEO
Marília
Dani
Dani
André
Duda Fê
Duda
CAPA N° 1 Conceituação: Fernanda Rodrigues Fotografia: Milton Kakai Projeto Gráfico: Danielly Jardim
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COLABORADORES
de projetos audiovisuais. É criadora e roteirista-chefe da série "As Seguidoras", primeira série original da Paramount+ no Brasil, produzida pelo Porta dos Fundos, demonstrando parte do seu trabalho e realizações. Laura Müller é uma sexóloga brasileira conhecida por seu trabalho no programa “Altas Horas” da Rede Globo, onde aborda questões relacionadas à sexualidade, oferecendo conselhos e informações educativas. Seu trabalho quebra tabus sobre o tema no Brasil.
Senhorita Bira, estudante de 24 anos de Políticas Públicas na Universidade Federal do abc, ministra aulas de sociologia no YouTube, incorporando citações acadêmicas, palavrões e referências da cultura pop. Usando suas únicas experiências de vida e histórias marcantes.
Tiago Henriques é “Escrevilustra” e cria vídeos no Tira do Papel. Explora a interseção da criatividade e desenvolvimento pessoal. Busca o equilíbrio entre a mão na massa e o respeito. a saúde.
Manuela Cantuária trabalha com criação, desenvolvimento e roteiro
Julia Tolezano da Veiga Faria, conhecida como Jout Jout, é uma escritora e jornalista brasileira. Julia é conhecida pelo seu canal no YouTube, "JoutJout Prazer", que possui mais de dois milhões de inscritos atualmente, e seu livro “Tá todo mundo mal: O livro das crises”, lançado no ano de 2016.
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o esporte como equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
como a psicologia e a música podem te ajudar nos estudos
mood 10 tarja preta
síndrome de burnout
14 crônicas
a crise do escritório
38 folguei
bom e barato: restaurantes em SP por até R$ 50
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m o o d
40 marmita
saladinhas práticas no pote
42 horóscopo
os astros estão com tudo para esse mês
44 isso é fod@
não é para se comparar, se inspire
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se organizar direitinho, todo mundo consegue transar e trabalhar
COMO E QUANTO COBRAR PELO SEUTRABALHO
O CICLO DO ASSÉDIO SEXUAL NO MERCADO DE TRABALHO
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VOCÊ SABE O QUE É ECONOMIA CRIATIVA?
LAYOFF E O MERCADO DE TRABALHO
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MUDE 48 ISSO É FOD@
TUDO TEM LIMITE
50 OSSOS DO OFÍCIO
BLOQUEIO CRIATIVO, COMO LIDAR?
52 TOP 10
10 MELHORES EMPRESAS BRASILEIRAS
54 PILOTO
AS EMPRESAS E A SEMANA DE 4 DIAS NO BRASIL
96 LABUTA
56 NADA
ESTAGIAR EM TEMPOS DE PRECARIZAÇÃO
CONVENCIONAL
ENTREVISA COM EDNUSA RIBEIRO
98 BOLHAS
90 O PORQUÊ DAS
TRABALHO SOB DIFERENTE PERSPECTIVAS
COISAS
A ORIGEM DO SISTEMA CAPITALISTA
94 CLT (CAOS NO
102 COLUNA
LOCAL DE TRABALHO) HISTÓRIAS QUE SÓ UM CLT TEM O (DES)PRAZER DE CONTAR
106 POEMA VISUAL
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O que usar pra trabalhar? Escolher uma roupa em que você se sinta bem mas que também seja condizente com as normas do escritório pode ser uma tarefa difícil - por isso, decidimos deixar algumas indicações com vocês.
CASUAL Para você que busca peças básicas sem perder estética e identidade, separamos algumas marcas que se especializam no estilo street-casual, onde você, sem dúvidas, irá encontrar roupas versáteis que te ajudarão a compor o visual na correria do dia-a-dia. Seguem abaixo nossas indicações de marcas nacionais que entregam esse estilo: Love Delivery Studio @lovestudio baw Clothing @baw_official Brand Liso @brand_liso SOFISTICADO Também é importante destacar confecções que se especializam em peças de teor mais elegante e sofisiticado - para aqueles que preferem, ou, que optam por esse estilo devido ao seu local de trabalho. Aqui vão nossas indicações nacionais para looks mais sérios: Loja Sinna @loja.sinna Leone Store @leoneclstore Florence @shopflorence.rio UPCYCLYING Se você preza por roupas da slow fashion, pensamos em alguns brechós que ofertam desde peças básicas que todo mundo precisa no guarda-roupa, até peças de afirmação, sempre com muito carinho e capricho. Fiquem com os selecionados: Brechó Zamboni – @brechozamboni Esteves Club – @estevesclub Sonho Brechó – @sonho_brecho
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Os programas de estágio estão abertos! As empresas buscam personalidades diferenciadas, que sabem o que querem e podem agregar às empresas. Mas elas estão prontas para ouvir o que os jovens que prestarão seus processos seletivos têm a falar? Esse pode ser um novo método e diferencial dos processos seletivos,a nossa dica é ficar de olho para não pegar o bonde andando. Afinal, os processos seletivos demoram, mas as incrições passam em um piscar de olhos...
Onde você deve procurar:
Crédito: Shutterstock
LinkedIn www.linkedin.com Nube www.nube.com.br Cia de Talentos www.ciadetalentos.com.br
Escuta só!
Tem muito podcast bom pra quem curte a nossa revista! Uma ótima alternativa para quando estiver no trânsito, em direção ao trabalho.
dá uma fuxicada por aqui:
O Boa Noite Internet, apresentado por Cris Dias, é um podcast envolvente que desvenda o mundo por meio de histórias interessantes. Ele explora diversos temas, transformando assuntos complexos em narrativas acessíveis.
dá uma fuxicada por aqui:
Créditos: Spotify
Marcela Ceribelli, do Bom dia, Obvius, recebe convidadas para conversas abertas sobre assuntos atuais do universo feminino: saúde mental, autocuidado, carreira, autoestima
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tarja preta
síndrome de burnout a síndrome que vem tomando conta de toda uma sociedade pautada no estresse e esgotamento por MARIA HELENA VARELLA BRUNA ilustrações FELICIA CHIAOW
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síndrome de burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes. Professores e policiais estão entre as classes mais atingidas. A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no grupo 24 do cid-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) como um dos fatores que influenciam a saúde ou o contato com serviços de saúde, entre os problemas relacionados ao emprego e desemprego. Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso - profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno.
Diagnóstico de burnout
O diagnóstico é basicamente clínico e leva em conta o levantamento da história do paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho. Respostas psicométricas a questionário baseado na Escala Likert também ajudam a estabelecer o diagnóstico.
Tratamento do burnout
O tratamento da síndrome de burnout inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia. Atividade física regular e exercícios de relaxamento também são altamente recomendados para ajudar a controlar os sintomas e experiências.
Recomendações para pacientes com burnout
Não recomendamos usar a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou mesmo tratar a síndrome de burnout;
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Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para resolver o problema; Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental. Avalie também a possibilidade de propor uma nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais. Ouça a opinião de seus familiares, amigos e colegas: Quem tem burnout, muitas vezes não percebe. Não hesite em procurar ajuda profissional. A saúde mental é tão importante quanto a física. Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso - profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno. A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. Por isso, é impotente pensar em omo um dos fatores que influenciam a saúde ou o contato com serviços de saúde, entre os problemas relacionados ao emprego e desemprego.
Perguntas frequentes
Tenho receio de atar meu estado ao RH e sofrer alguma punição. O que fazer? A principal recomendação é procurar primeiramente atendimento médico ou psicoterápico. Ao relatar esse temor, o profissional poderá conduzir o caso de forma que você não seja prejudicado. Portadores de burnout têm direito a licença médica? Sim. Portadores de burnout têm esse direito e, em casos considerados graves, até à aposentadoria por invalidez. Qual profissional devo procurar? Um psicoterapeuta ou psiquiatra. Ele pode receitar terapia cognitiva comportamental ou outro tipo de atendimento psicológico. Eventualmente, medicamentos entram em cena, com o uso de antidepressivos. Existe tratamento no SUS? O tratamento para problemas relacionados a transtornos mentais é oferecido de forma integral e gratuita por meio SUS. Basta procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), responsável pelo primeiro atendimento ao paciente, e o caso será encaminhado aos centros especializados. Quando desconfiar que uma pessoa está passando por problemas de esgotamento profissional? Geralmente conseguimos notar quando uma pessoa está estressada além da conta no trabalho. Repare se há exagero no uso de estimulantes, como café, refrigerante e cigarro para permanecer alerta. O uso assíduo de álcool e drogas como forma de relaxamento também pode aumentar, e quem convive com o paciente muitas vezes é capaz de perceber a mudança no consumo. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Brasil é o 2º país no ranking dos mais estressados no trabalho
1 em cada 4 pessoas sofrem de burnout no Brasil
Segundo uma pesquisa realizada em 2021 pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, 18% dos brasileiros são vítimas da Síndrome de Burnout, sendo a maioria da população afetada tem menos de 30 anos. Fonte: ISMA-BR (International Stress Management Association)
as mulheres são as mais afetadas
42% são mulheres
A sobrecarga da dupla jornada da mulher, equilibrando trabalho e responsabilidades domésticas, pode ser combustível para um caso de burnout. Nos Estados Unidos e Canadá, 65 mil pessoas ativas no mercado de trabalho entrevistadas sofrem de sintomas da Síndrome de Burnout.
35% são homens
Fonte: McKinsey & Company e Lean In
prevenção & tratamento
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• mudança no estilo de vida • criar um espaço saudável no • ambiente de trabalho o o d • mafastamento do trabalho
• psicoterapia • medicamentos • mudança organizacional
trabalho
vida
Cargas de trabalho muito pesadas Pressão para obter melhores resultados
Alta demandade trabalho em equipes reduzidas.
Falta de equílibrio entre vida pessoal e profissional
Poucas atividade de lazer com amigos e familiares Consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas
sintomas
consequências • isolamento • estresse contínuo • desgaste físico e mental • negatividade constante
• redução da produtividade e perfomance • afastamento das atividades # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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crônicas
a crise do escritório para todos aqueles que estão incomodados ao invés de acomodados no auge dos 20 anos por JOUT JOUT ilustrações TOM HAUGOMAT
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u queria desesperadamente trabalhar em uma editora. No primeiro ano do ensino médio fiz uma orientação vocacional daquelas que você desenha sua casa de infância. Coisa séria. Um dia a psicóloga me chega com uma revista de profissões para mostrar um grande achado que tinha tudo a ver com minha performance nas orientações: produção editorial, também conhecida como “trabalhar fazendo livros”, que na minha imaginação virou “ser paga para ler”. Eu nunca pensei que existiam pessoas que faziam os livros. Fiquei fascinada com a sugestão. Imediatamente fui checar todas as faculdades que ofereciam esse curso do qual eu nunca tinha ouvido falar e nem imaginava que existia. Achei em uma única: ufrj. Finalmente, um rumo na minha vida! Eu não fazia a menor ideia do que queria fazer, apesar de ter dezesseis anos, que, claro, é uma idade supermadura para você tomar decisões sobre sua profissão. Por incrível que pareça, fui uma das primeiras a decidir de verdade o que queria fazer. Eu tinha certeza. Já podia imaginar minha rotina. Acordar cedo com a luz do sol entrando pela janela, sair da minha cama imensa com lençóis brancos de bilhões de fios egípcios, tomar um café da manhã leve na minha cozinha aberta para a sala, com louças impecáveis, pegar minha bicicleta, ir para o trabalho, usar óculos de grau, ler livros, discutir títulos e voltar para casa de bicicleta, com o sol ainda no céu, ver umas séries, receber amigos, tomar vinho, dormir, e logo ver o sol de novo. Eu passava horas imaginando isso. Horas e horas. Eu ficava mais tempo vivendo essa fantasia do que estudando defato. Um erro crasso, já que não passei na única faculdade que eu de fato queria. Chorei em todos os cômodos da minha casa, em posições diferentes, fazendo atividades diferentes. Até que parei de chorar e me inscrevi em jornalismo na puc, porque ninguém tem tempo para mais um ano de cursinho. Mas meu sonho não havia acabado. Entrei na faculdade já de olho na Editora puc, que fazia uns livros acadêmicos. No segundo semestre já estava lá dentro, estagiando depois de implorar por uma vaga e fazer um teste com outras pessoas que nem sabiam que teste era aquele, só queriam um estágio-em-qualquer-lugar-pelo-amor-de-deus. Uma vez lá dentro, comecei a procurar editoras do mundo real que eu admirava para enfim trabalhar do jeito que minha imaginação havia pro-
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créditos: Haley Tippmann
ilustradora Americana de Rochester, Nova Iorque, que ilustra o cotidiano das pessoas na cidade.
metido. Lembrei de um livro que eu amava foi a resposta. Até então não havia pensado neles como algo e fui checar de onde era. Coincidentemente feito por seres humanos. Para mim eles simplesmente sura editora ficava ao lado da minha faculdade. giam nas livrarias. Não havia uma história anterior. Quando Deus. O nome disso é Deus. Quase enlouqueci soube que existia a possibilidade de trabalhar em uma de frio na barriga. Quando me dei conta de editora, rodeada de livros, entrei em alfa. que estava ao lado de uma editora do mundo Com a minha pequena, mas ainda assim válida experiência real que eu admirava horrores, quase vomitei. de vida, posso ressaltar alguns pontos que acho úteis em Mas em vez disso saí feito uma enlouquecida uma editora: fazendo meu currículo para mandar para eles. 1. Já trabalhei na parte administrativa de um salão de beleza, Depois de três segundos, terminei o currículo. o que me obrigou a exercitar meu senso de organização, Ele incluía: três provas de Cambridge, alguns que tenho de longa data, e mais importante, tive que lidar meses de estágio na Editora puc-Rio, uma constantemente com clientes. Não apenas clientes: mulheres diagramação muito bonita feita no Word. apressadas, agoniadas, irritadas, esbaforidas, impacientes, Esse é exatamente o tipo de currículo que pedantes, simplórias, autoritárias, reservadas, entre outras. você guarda para nunca mais olhar, a não Ao chegar à editora puc-Rio, percebi o quanto mulheres que ser para anotar um telefone quando acaba frequentam salões e autores são parecidos e quanto jeito e o Post-it, pensei. Comecei, a escrever a carta paciência se deve ter com eles. Para isso já estou treinada. com motivos para eles me contratarem: 2. Estudei treze anos de inglês e passei dois meses na Irlanda Desde que li um livro de vocês, criei uma exercitando-o. Tenho diversos certificados de Cambridge enorme simpatia pela editora. Quando leio que garantem o quão fluente sou na língua. Sempre assisti um livro — qualquer livro — não reparo muitos seriados e com isso aprendi cada vez mais expresapenas na história. Sempre prestei atenção sões e formas de linguagem que não se ensinam tanto em aos detalhes, às páginas, à numeração, ao cursos de inglês. formato, à letra etc. Hoje fico ainda mais 3. Leio desde pequena e é uma das coisas que mais gosto de interessada, já que trabalho em duas edito- fazer. Já trabalhei com pessoas que amavam o que faziam e ras — uma formalmente, outra não — e vivo outras que odiavam, e posso garantir o quanto os ambientes em busca de espaços duplos, linhas viúvas, de trabalho mudam de um caso para o outro. Eu adoraria erros de toda sorte. fazer parte dessa editora, não só pelo prazer de estar onde Quando me perguntavam o que eu queria sei que quero, mas também pela identificação imediata com ser quando crescesse, nunca tinha muita cer- o estilo de vocês. Sempre achei muito importante o quesito teza. Alguns anos antes do vestibular, quando “confortabilidade” do lugar. Quando me sinto confortável com fiz um trabalho de orientação vocacional, tive um livro, com um espaço físico, em geral, logo me identifico. que procurar o que estava sempre presente e o E foi isso que aconteceu. Gosto do conceito da editora, dos que me dava prazer invariavelmente. “Livros” livros, da escolha de temas e até o site me atraiu! # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Aprendi a seguir um padrão de perfeição que só um livro de estudos pode exigir. Nada pode escapar, senão os professores enlouquecem. Já revisei, fiz releases, pedi fichas catalográficas, arrumei estoque, fiz consignação, lidei com autores, fiz entrevistas, peguei cafezinho para o chefe… É uma experiência excelente no campo editorial, mas sempre sonhei em trabalhar com outro tipo de livros. Livros sem fórmulas, mas que ensinem coisas que eu julgo mais importantes do que leis e pesquisas religiosas. Já aprendi muito com os livros que li. Aprendi como sou, como não sou. Aprendi como me expressar não só textualmente, como verbalmente. Enfim, gostaria de fazer parte de uma editora que possibilita a disseminação desses ensinamentos. 6. Pessoalmente, não sei me avaliar tão bem, mas pelo que escutei falar de mim a vida inteira posso fazer umas tentativas. Sempre me disseram que sou essencialmente feliz, e passo isso adiante. Deixo uma pessoa, que estava cabisbaixa, feliz da vida em minutos. Sei ser séria quando necessário, mas nem sempre o é. Tenho um jeito original de ser que nem sempre me ajuda nas situações em que preciso (como esta), mas se eu mandasse apenas um currículo em tópicos, sem tentar por outros meios, não estaria sendo totalmente fiel a mim mesma. Não costumo me meter onde não sou chamada e passo longe de brigas, mesmo as necessárias. Quando fico nervosa ouchateada com alguém, basta uma noite de sono para tudo ser esquecido sem mágoas guardadas. Nas entrevistas tento sempre me podar para não parecer muito fora da linha-padrão, mas descobri que para trabalhar forçando uma personalidade, é melhor nem se candidatar. Espero que gostem do que eu tenho a oferecer. 7. Estudo na puc e ano que vem começarei o quarto período. Vou fazer matérias de jornalismo e de letras para seguir o caminho editorial. Estudarei de manhã, o que significa que à uma da tarde estarei livre como um pássaro, sem chances de atraso, já que estudo na mesma rua da editora. 8. Nasci no dia 14 de março: dia do vendedor de livros! 18
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Eu realmente adoraria trabalhar aí e estou às ordens para qualquer ligação, e-mail, entrevista… Peço que considerem meu caso e me avisem qualquer decisão. A resposta: Olá Julia, Para comecar desculpe a falta de acentos e caixa altas e baixa (isso para um editor e o fim…), mas estou na Feira de Frankfurt, meu laptop nao esta nada catolico hoje, e os teclados alemaes sao infernais! adorei seu cv, sua apresentacao e gostaria de conhece-la. estarei fora ate o final do mes, e retorno dia 1 nov. por favor mande uma msg depois do dia 2 nov para marcarmos um papo, ok? Eu fui lá, bati um papo e logo me chamaram para conversar com o dono da editora que me disse “nós não temos uma vaga para estágio, mas como você mostrou muito interesse e como queremos gente que ame essa empresa trabalhando aqui, vamos abrir uma vaguinha para você”. Pronto. Eu estava dentro. E dentro fiquei por quase dois anos. Depois de nove meses de estágio, fui contratada, passei a morar perto do trabalho, comecei a fazer remo (e parei na semana seguinte porque minha lombar não aguentava tamanho esforço), mudei minha vida completamente. E isso durou uns bons seis meses. Até que um dia me dei conta de que eu não podia trabalhar mais ali. A crise teve dois momentos. O primeiro começou quando passei a observar algumas das minhas coworkers que, apesar de amarem muito o trabalho que faziam ali, passavam
* Falei Arthur como se todo mundo conhecesse Arthur. Arthur foi o meu primeiro melhor amigo. É um rapaz muito sábio, gosta de objetos amarelos, vai sozinho a shows, come salada sem a necessidade de temperos, usa tampão de ouvido no ônibus porque às vezes é melhor o silêncio, e um dia terá uma fazenda onde vai cultivar uma horta — mas por ora é engenheiro.
crédito: Tom Haugomat
grande podia ter vinte e poucos anos e já ter uma vida toda traçada desse jeito. Precisava das aventuras que as amigas das minhas amigas estavam vivendo. Meus amigos me apoiaram, meus familiares me apoiaram, até algumas amigas do trabalho me apoiaram e confessaram secretamente que queriam fazer o mesmo. Decidi largar tudo, como boa garotinha mimada que sou, e me libertei daquela vida de salário todo mês, plano de saúde e vale-refeição. Uma vida segura, quem precisa disso? Irc! Irc! Peguei minhas coisas e marchei de cabeça erguida para Niterói e toda a segurança de ter tomado uma decisão tão séria durou exatos dois dias. No terceiro eu já estava desesperada porque não tinha ideia do que queria fazer da minha vida. De novo.
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o esporte como equilíbrio entre trabalho e vida pessoal HOJE NO NOSSO DIA A DIA FOCAMOS MUITO NOS RESULTADOS DO TRABALHO E NOS ESQUECEMOS DA IMPORTÂNCIA DE MANTER UM CORPO SAUDÁVEL ASSIM COMO A MENTE por GIULIANA CAPELLO ilustrações TATA MIMIC
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exercício físico não é apenas positivo para as pessoas em suas vidas pessoais, mas também em suas vidas profissionais. François-Pierre Puech, diretor da Robert Walters Brasil, comenta: “Se chegarmos ao trabalho encorajados e psicologicamente descansados, nossas habilidades de trabalho e produtividade aumentarão em alta porcentagem”. Segundo o inegi, em 2019, do total de pessoas que declararam praticar atividade física, 63% o fizeram por motivos de saúde. Essa proporção cresceu para 70,6% em 2020 e subiu para 73,9% em 2021.
Ações que podem ser promovidas pelas organizações para buscar uma melhor saúde física e mental: O impacto da prática de esportes Pausas: É fácil ficar sentado o dia todo em frente ao comem sua vida profissional putador, mas é fundamental que você se levante regularmente O esporte nos ajuda a liberar a tensão e combater o estresse, e se movimente, seja para passear pela casa, se alongar, causando bem-estar em nós mesmos, o que favorece que beber água; o que funciona melhor para aliviar o estresse haja mais atitude e descontração ao executar nossas tarefas e liberar endorfinas. no dia a dia. Inicialmente necessitamos refletir sobre os elementos Fazer pelo menos 30 minutos de exercício intenso provoca mais significativos que carregam esse contexto, ou seja, as a liberação de endorfinas, o que aumenta nossa autoestima, empresas, seus colaboradores e as competições esportipromove a calma, melhora o humor, retarda o processo de vas. Iniciaremos pelo aspecto competição. Competir é um envelhecimento, melhora as funções e reduz a ansiedade. ato humano, inerente inclusive a sobrevivência humana, sua A aparência física melhora e isso ajuda a melhorar nossa capacidade de se adaptar às mudanças e condições diversas autoconfiança, enquanto nosso corpo também estará em e adversas impostas pelos diferentes ambientes, inclusive o melhores condições internamente, com reação e velocidade profissional. Se olharmos atentamente, o ato de competir de pensamento mais ágeis. está presente todos os dias, quando acordamos na hora certa Desta forma, podemos obter melhores negociações, tra- e conseguimos cumprir nossos compromissos e objetivos balhar mais e obter melhores resultados laborais, mentais diários, muitas vezes ditados por um “juiz¨ de competição e desportivos. Alcançar um melhor relacionamento entre implacável, o tempo. Viver está intimamente ligado ao tempo, colegas, amigos, familiares e parentes, por meio da realização que nos condiciona a fazermos escolhas pessoais e profisde atividades em conjunto, favorece o ambiente de trabalho sionais. No ambiente das empresas, sejam elas indústrias, e o trabalho em equipe ao encontrar um esporte comum. comércios ou serviços, o tempo é um referencial de produFrançois acrescenta: “O networking que você consegue ção e, muitas vezes, impõe não somente a quantidade, mas através de qualquer esporte é muito poderoso, você conhece também a qualidade com que os profissionais entregam pessoas de todos os tipos de indústrias e setores. Além disso, seus serviços. Logo, aprender a utilizar o tempo diante dos o esporte nos ensina que metas exigem sacrifício e não são desafios de “competições” em nossas jornadas de trabalho, cumpridas da noite para o dia, basicamente os grandes também poderá ser ensinado pelas vivências nos esportes valores da persistência e perseverança.” e nas competições esportivas. Caso não possam ir à academia, experimente sessões de Caso não possam ir à academia, experimente sessões de exercício on-line. Existem academias e centros de bem-es- exercício online. Existem academias e centros de bem-estar que oferecem aulas gratuitas e que possuem benefícios tar que oferecem aulas gratuitas e que possuem benefícios organizacionais para as empresas e seus funcionários Caso organizacionais para as empresas e seus funcionários. não possam ir à academia, experimente sessões de exercício Gestão do Tempo: A formação constante é fundamental online. Existem academias e centros de bem-estar. para os colaboradores, por isso, dentro do seu plano de formação, procure incluir sessões de gestão do tempo que ajudem os colaboradores a ter um melhor equilíbrio entre a sua vida pessoal e profissional. Aulas online: Algumas empresas alocam horas da semana para contratar um treinador que pode dar sessões na hora do almoço ou fora do horário de trabalho. Desconexão: Em média, as pessoas estão trabalhando mais 28 horas de acordo com uma pesquisa realizada pela Mental Health Foundation e LinkedIn; Isso fez com que o risco de burnout aumentasse significativamente. 22
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Ao trabalhar em casa, alguns funcionários acham tentador trabalhar mais para melhorar sua progressão na carreira e mostrar ao chefe que estão sendo produtivos, mas isso pode ser prejudicial à saúde. Incentive um horário de trabalho com limites saudáveis e razoáveis. François conclui “A disciplina e paixão que o esporte exige, ajudam a movimentar na parte profissional, sendo mais disciplinado, organizado e focado em atingir objetivos. Simplesmente fazendo isso, em sua pessoa você forja estrutura, disciplina e encontra habilidades que nunca imaginou alcançar. Mas o mais importante é que sua mente e corpo cresçam na medida em que você será imparável em qualquer objetivo ou aspecto que estabelecer para si mesmo na vida.” Em geral, os profissionais hoje em dia trabalham além do horário comercial. Para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e entender o que mais os afeta nessa longa jornada de trabalho, François-Pierre Puech, country director da Robert Walters Brasil da algumas dicas de como encontrar um balanço entre a rotina corporativa e a vida pessoal.
Tire um tempo para você
Isso pode parecer óbvio, mas tire férias! Trabalhar por um longo período sem um descanso pode te levar para o burn out, então uns dias off longe da rotina corporativa pode ser exatamente o que você precisa para ajudar a equilibrar a sua vida. Uma escapadinha pode fazer você se sentir totalmente novo e pronto para retornar as suas atividades.
nossas habilidades de trabalho e produtividade aumentarão em alta porcentagem
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A corrida é um ótimo jeito de iniciar a se exercitar
Mude a sua rotina
Pense sobre seu hábitos diários e tente adaptá-los de forma que melhor se encaixe no seu dia. Seus e-mails são a primeira coisa que você checa quando acorda pela manhã? Não sinta medo de se desligar – pelo contrário, espere até chegar no escritório antes de olhar seus e-mails e gaste seu tempo de outra forma. Você pode considerar meditação pela manhã ou ler um livro enquanto você se desloca ao trabalho. Caso você dirija ao trabalho, crie uma playlist com as suas músicas preferidas para se distrair do trânsito. Se você sempre vai à academia pela manhã, por que não tenta ir durante o seu intervalo de almoço? Pode ser uma boa forma de te relaxar e te deixar mais focado na parte da tarde.
Converse com alguém
Não tenha medo de conversar com alguém internamente (seja seu chefe, um mentor ou alguém do rh) e dizer que você está não está bem. Se possível, eles podem ajudar a diminuir sua carga de trabalho e criar uma rotina mais balanceada. Você pode se surpreender com a forma como os empregadores podem ser compreensivos e cautelosos quando percebem que você está achando as coisas difíceis ou complicadas e as medidas que eles podem tomar para tentar melhorar as coisas. 24
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Opções a longo prazo
Trabalhe com flexibilidade. Trabalhar com flexibilidade significa mudar seus horários ou localização dependendo das suas circunstâncias. Tente trabalhar de casa uma ou duas vezes na semana – não apenas vai te economizar tempo de viagem, mas também aumentar potencialmente sua produtividade por estar longe das distrações do escritório. Ou, se você tiver filhos, talvez você prefira estar em casa na parte da tarde e então poderia pensar em começar o seu dia mais cedo.
Home-office
Geralmente, funções internas significam não ter a pressão adicional de monitorar e registrar horas faturáveis; inevitavelmente, permitindo maior flexibilidade. No entanto, trabalhar em casa não significa que você estará trabalhando menos – significa apenas que você pode trabalhar com mais foco sem as distrações do escritório e poupar o tempo que gastaria no trânsito por exemplo. Todos nós compreendemos que as atividades físicas e esportivas são importantes para nossa qualidade de vida plena e saudável, tanto no ambiente familiar e social, quanto profissional. Todavia, em virtude do ativismo, da amplitude de atuação e das atividades frenéticas que envolvem diaria-
mente as empresas, seus colaboradores e suas obrigações laborais, acreditamos ser necessário desmistificar as competições esportivas para as empresas. Inicialmente necessitamos refletir sobre os elementos mais significativos que carregam esse contexto, ou seja, as empresas, seus colaboradores e as competições esportivas. Iniciaremos pelo aspecto competição. Competir é um ato humano, inerente inclusive a sobrevivência humana, sua capacidade de se adaptar às mudanças e condições diversas e adversas impostas pelos diferentes ambientes, inclusive o profissional. Se olharmos atentamente, o ato de competir está presente todos os dias, quando acordamos na hora certa e conseguimos cumprir nossos compromissos e objetivos diários, muitas vezes ditados por um “juiz¨ de competição implacável, o tempo. Viver está intimamente ligado ao tempo, que nos condiciona a fazermos escolhas pessoais e profissionais. No ambiente das empresas, sejam elas indústrias, comércios ou serviços, o tempo é um referencial de produção e, muitas vezes, impõe não somente a quantidade, mas também a qualidade com que os profissionais entregam seus serviços. Logo, aprender a utilizar o tempo diante dos desafios de “competições” em nossas jornadas de trabalho, também poderá ser ensinado pelas vivências nos esportes e nas competições esportivas. O esporte, seja ele individual ou coletivo, possui vários valores como: ensinar a construir e valorizar as regras; ensinar a reconhecer os limites e a superar as dificuldades; elaborar metas claras; objetivar resultados; corrigir e aprimorar movimentos e formas de execução; construir o sentimento
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O esporte carrega elementos importantes para as relações humanas de equipe e pertencimento do grupo, onde os indivíduos passam a refletir sobre si mesmos como membros importantes e integrantes de uma coletividade. Coletividade essa que possui identidade, marca, compromisso e objetivos comuns, onde a força e o resultado do grupo certamente serão muito maiores e mais produtivos. O esporte carrega elementos importantes para as relações humanas, como o respeito ao próximo; o uso do diálogo, enquanto ferramenta de resolução dos conflitos; a justiça, como elemento de aproximação e equilibração dos direitos e deveres de cada um; a cooperação e solidariedade dentro de uma competição com sentimento Fair Play (ética, lealdade, companheirismo e coletividade no esporte). Presença também dos sentimentos positivos de confraternização e fraternidade na proposta de lazer e integração das competições esportivas; além dos benefícios à saúde, com todas as questões de funcionalidade do corpo humano envolvidos (liberação de hormônios e neurotransmissores importantes ao organismo humano, como: serotonina, dopamina, adrenalina, etc). Essas substâncias estão presentes nas atividades físicas e esportivas auxiliando na manutenção dos estados fisiológicos, físicos e mentais, promovendo bem-estar e equilíbrios emocionais e psicológicos, direcionando a superação dos desafios, limites e dificuldades. O esporte poderá ser ferramenta de controle e combate a vários males da atualidade, tais como: estresse e seus desdobramentos, ansiedade, depressão, fobias, suicídio etc. O estímulo à prática de esportes promove a inclusão do colaborador dentro de um grupo com identidade, objetivos 26
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e hábitos que favorecem uma atmosfera mais saudáveis para ele, proporcionando melhores escolhas alimentares, hidratação adequada, cuidados com o corpo, redução ou eliminação do uso de cigarros, bebidas ou mesmo drogas mais danosas; contribuindo substancialmente para a elevação do autoestima e imagem do colaborador junto aos seus colegas de trabalho e familiares. Também irá impactar no seu relacionamento com seus parceiros de trabalho e seus superiores para harmonização do espírito de equipe. Diante de tamanho cabedal promovido pelos esportes e suas competições esportivas, avaliamos que existem inúmeros benefícios associados aos colaboradores das empresas com reflexos diretos no ambiente corporativo O esporte carrega elementos importantes para as relações humanas, como o respeito ao próximo; o uso do diálogo, enquanto ferramenta de resolução dos conflitos; a justiça. Competições esportivas organizadas dentro ou mesmo fora do ambiente corporativo para seus colaboradores, ou mesmo estendidas às pessoas do seu entorno e sua rede de relacionamento, poderão fortalecer as relações pessoais e profissionais, trazendo melhoria na capacidade de enfrentar desafios e dificuldades na resolução de problemas. Além dessa ampliação de relações, promoverá novas parcerias entre empresas, com estreitamento dos laços comerciais e relações empresariais. A empresa também poderá incluir anualmente em seu calendário eventos competitivos esportivos que valorizem seu investimento e a sua marca, associando-a aos valores do esporte e/ou como benefício diferenciado aos seus colaboradores. Também como retorno corporativo, as empresas estarão atuando diretamente no combate ao sedentarismo, absenteísmo, presenteísmo e diferentes males físicos, sociais, cognitivos e emocionais que afetam seus trabalhadores. Diante de tamanho cabedal promovido pelos esportes e suas competições esportivas, avaliamos que existem inúmeros benefícios associados aos colaboradores das empresas com reflexos diretos no ambiente corporativo O uso do diálogo, ferramenta de resolução dos conflitos; a justiça. Outros benefícios associados às competições esportivas estão relacionados com a estimulação da criatividade e das capacidades cognitivas de memória, concentração e raciocínios estratégicos dos seus colaboradores, através dos inúmeros fundamentos técnicos e das táticas (ataque e defesa) inerentes ao esporte.
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como a psicologia da música pode te ajudar a se concentrar nos estudos? DIVERSAS UNIVERSIDADES JÁ COMPROVARAM QUE MÚSICA MELHORA SIGNIFICATIVAMENTE OS ESTUDOS E REDUZ O ESTRESSE, DENTRE OUTRAS VANTAGENS por JULIO ITO ilustrações BE FERNANDEZ
Para memorizar
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música tem sido uma presença constante na vida humana ao longo da história, proporcionando entretenimento, expressão emocional e uma conexão profunda com a cultura. No entanto, a sua influência vai muito além do simples prazer auditivo, sendo amplamente reconhecida pelos cientistas como uma ferramenta poderosa para otimizar o desempenho intelectual e criativo, especialmente durante atividades como estudar e trabalhar. Nesta matéria, exploramos os benefícios comprovados através de pesquisas, pela música quando utilizados como uma combinação em experiências de aprendizado e produtividade. Após muita pesquisa, criamos um perfil no Spotify especialmente pensado para potencializar o foco e a produtividade durante os momentos de estudo e trabalho. Nossa cuidadosa seleção de playlists abrange uma ampla gama de gêneros musicais, desde músicas instrumentais relaxantes que estimulam a concentração até faixas motivacionais que impulsionam a criatividade. Acreditamos que a música tem o poder de transformar o ambiente, tornando-o propício para absorver novos conhecimentos e realizar tarefas de forma eficiente. Explore nosso perfil no Spotify e deixe que a harmonia das melodias auxilie você a atingir seus objetivos acadêmicos e profissionais com um toque inspirador.
Foco no estudo
A música tem o poder de direcionar a atenção, bloqueando distrações externas e facilitando a concentração em tarefas específicas. Estudos indicam que a música instrumental, em particular, pode ajudar a criar um ambiente propício para a imersão em atividades cognitivas. A pesquisa realizada por Lesiuk em 2005 descobriu que os participantes que ouviam música clássica apresentavam um aumento significativo na qualidade e velocidade da tarefa realizada em comparação com aqueles que estavam em silêncio. A música clássica, em particular, mostrou-se eficaz para melhorar a precisão e a eficiência. Um estudo mais recente publicado na revista Applied Cognitive Psychology de Yehuda et al. (2017), investigou os efeitos da música clássica na concentração e na produtividade. Os resultados revelaram que a música instrumental clássica melhorou significativamente o desempenho em tarefas de leitura e escrita, enquanto a música pop teve um efeito neutro. Isso reforça a ideia de que a música clássica sem voz pode ser uma aliada poderosa para o foco. 30
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Quando usada de forma estratégica, a música também pode auxiliar no aprendizado de idiomas e na memorização de informações. O ritmo e a melodia das canções podem ajudar na retenção de palavras e conceitos, tornando o processo de aprendizagem mais envolvente e eficaz. Músicas com ruído branco e a "Sonata K448" de Mozart podem desempenhar um papel interessante no processo de memorização durante o estudo e o trabalho. Embora pareçam ser abordagens distintas, ambas têm seu próprio conjunto de benefícios para melhorar o foco, a atenção e a memória. De acordo com um estudo da Universidade de Chicago, ouvir um volume moderado de ruído branco proporciona maior criatividade e pode ajudar nos momentos de estudo e concentração. Os pesquisadores da Sapienza Università di Roma, afirmaram que: “Esses resultados podem ser representativos do fato de que a música de Mozart é capaz de ‘ativar’ circuitos corticais neuronais (circuitos de células nervosas no cérebro) relacionados a funções cognitivas e de atenção”. Para o estudo publicado na revista Consciousness and Cognition, os pesquisadores disseram: “Os resultados do nosso estudo mostram um aumento na potência alfa e no índice de frequência mf da atividade de fundo em adultos e idosos saudáveis depois de ouvir "K448" de Mozart, um padrão de atividade de ondas cerebrais ligada ao quociente inteligente (QI), memória, cognição e (ter uma) mente aberta para a resolução de problemas.”
Estudo intenso
Para os momentos em que precisar aprender algo novo ou adquirir foco, experimente melodias mais suaves. A música ambiente pode ajudar a mascarar ruídos externos, criando um ambiente mais tranquilo. Contextos sociais como bares, aeroportos com aviões decolando ou simplesmente conversas ao seu redor com objetos em movimento funcionam num aspecto mais psicológico do que cognitivo. Isso pode evocar uma sensação de lugar, tempo ou situação, enriquecendo a experiência auditiva. Sons da natureza, como o som da chuva, do vento ou das ondas do mar, podem criar um ambiente relaxante que melhora o foco e reduz o estresse. Isso porque o cérebro humano relaciona as notas musicais conforme lemos, criando, assim, uma composição por imagem. Dessa forma, há mais chances de manter a lembrança do tema estudado. A seguir, tratamos de produtividade.
Criatividade
A criatividade é um aspecto vital da cognição que sustenta atividades como design de produto inovador, avanço científico e publicidade eficaz e comunicações de marketing. O efeito da música na criatividade e no desempenho de tarefas tem sido objeto de estudo em várias áreas, incluindo psicologia, neurociência e educação. A música de fundo auxilia na resolução de problemas aumentando potencialmente a criatividade gerando estado de fluxo, onde você está totalmente imerso na tarefa e experimenta um alto nível de foco e engajamento, pois você estará mais disposto a explorar diferentes abordagens e soluções. Certos tipos de música podem estimular a mente e melhorar a capacidade de pensamento divergente, que é a habilidade de gerar uma variedade de ideias e soluções, inspirando para novas conexões e perspectivas. Considerando que a música é capaz de mobilizar desde a nossa fisiologia Produtividade (batimentos cardíacos, pulsação, neurotransmissores etc.) até Ritmos musicais podem sincronizar nossas atividades, aju- o nosso estado de espírito (humores, emoções, pensamentos dando a manter um ritmo constante de trabalho ou estudo. e sentimentos), a ideia é que utilizemos esse potencial ao A batida da música pode estimular o cérebro a manter um nosso favor de maneira consciente. fluxo constante de energia e foco. Isso é especialmente útil No nosso exemplo, João sem querer, num movimento para tarefas que exigem repetição, como a execução de despretensioso, pôde por meio da música revigorar sua tarefas administrativas ou a escrita de relatório. energia – os batimentos cardíacos diminuíram acalmando Batidas ritmadas e melodias energéticas têm o potencial a ansiedade, seu cérebro liberou dopamina que, por sua vez, de estimular a motivação e manter o ritmo de trabalho. despertou uma sensação de prazer e motivação e alterou seu Isso pode ser especialmente útil em ambientes de escritório, humor para uma atitude mais positiva – para um segundo onde a música pode ajudar a criar um ambiente mais ani- round nos estudos. Ana, infelizmente, não teve o mesmo mado e inspirador. A música mais popular para melhorar resultado, quando colocou música para auxiliá-la, achou a a produtividade, segundo um estudo da CloudCover Music, melodia irritante e continuou estudando sem música. Nesse é o rock clássico, seguido pela alternativa e pop. Por outro sentido, ocorre a pergunta “como me concentrar nos estudos lado, hip-hop, heavy metal, edm e country foram considerados ou em outra atividade que requer atenção?”. A seguir, vamos os mais distrativos. É claro que, não se pode generalizar o abordar esse tema. Confira como entender o que funciona efeito mental que uma melodia terá, mas, é uma boa base. para a sua mente, e para o seu corpo.
a música é capaz de mobilizar a nossa fisiologia; batimentos cardíacos e sinapses
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Canção e concentração
Bem, temos uma tendência racional a interpretar e a querer entender as palavras. A parte cantada de uma música pode vir a acentuar isso, retirando o foco da atividade que se queira realizar ao invés de acentuá-lo. É como se parte de seus recursos disponíveis fossem direcionados para entender e acompanhar a letra da música. Ou seja, seria contraproducente nesse contexto. Visto isso, de um modo geral, as músicas que possuem letras cantadas (canções) – como as populares que ouvimos em rádios – não seriam indicadas para compor um pano de fundo musical durante um estudo ou alguma outra atividade que requeira atenção concentrada. Porém, isso pode variar de pessoa para pessoa: a alma humana é um mistério e nesse quesito não existe uma resposta simples. Em psicologia cada caso é um caso e o que podemos fazer então são experiências com nós mesmos! Pode ser que você consiga estudar numa boa com canções conhecidas ou desconhecidas.
que o pesquisador e compositor canadense Murray Schafer chamou de Paisagem Sonora. Portanto, é importante que a Paisagem Sonora seja agradável e a música pode fazer diferença nesse momento de execução de uma atividade. Com uma música mais rápida, os olhos tendem a se dilatar e as batidas do coração acelerar. Com música mais lenta, as pálpebras tendem a ficar pesadas e as batidas do coração desacelerar. Porém, como em psicologia não existem regras tão fixas e rígidas, falamos apenas Música instrumental ajuda na em tendências. A mesma música que acalma os ânimos de concentração? uma pessoa pode perturbar uma outra pessoa e pode induzir A música instrumental – aquela sem letras cantadas seja o sono em uma terceira. Lembram do início desse texto? do estilo que for: rock, mpb, eletrônica, clássica, e por aí Conclusão: mas como eu vou saber que a música que eu vai – possui a característica de não ter palavras que são escolher vai funcionar? E se as que eu goste, não funcionam? cantadas, o que já não daria motivos para gastarmos foco e De antemão não há mesmo como saber se a música escoenergia tentando entender e acompanhar a letra da música. lhida irá melhorar ou piorar seu ambiente externo e interno Nesse sentido, você pode usar a sua imaginação para esco- – a não ser que você já tenha um suficiente autoconhecimento lher a que mais lhe agrada, segundo seu estilo de preferências: musical. Ou seja, é necessário e importante que você faça as plataformas de streaming hoje (Youtube, Spotify, Deezer, experiências se descobrir melhor. Soundcloud etc.) possuem uma grande diversidade de estilos musicais. Escolher desde uma bossa nova, um folk apenas Recomendações com um violão, um jazz até um eletrônico com batidas Mas, chegando ao fim desta pesquisa, quais seriam consimais aceleradas e marcantes para tornar mais agradável derações finais àqueles que realmente estão interessados e seu ambiente. Sendo assim, até descobrir novos estilos que dispostos em seguir as dicas deste conteúdo? Separamos nem sabia que existiam. algumas sugestões de sites que usamos e aprovamos com coletâneas de melodias que ajudam a dar um boost no foco Paisagem Sonora agradável quando mais precisamos - no trabalho e nos estudos! Confira É importante que a música escolhida seja agradável. Por abaixo a lista de sites escolhidos. quê? Imagina você estar se preparando para uma atividade difícil ao som ininterrupto de uma furadeira no andar de cima. Provavelmente, além de não conseguir se concentrar, passe a associar a atividade de estudar a uma experiência Do nothing for 2 minutes: para meditar e relaxar ruim. O ambiente precisa ser o mais agradável possível. Em seu aspecto sonoro, os sons e a música compõem o Calm: faixas de white, pink e brown noise Simply noise: sons ambientes reconfortantes Simply rain e Rainy mood: barulhinho de chuva Conffitivity: sons ambientes com músicas vintage Spotify: coletânea de playlists de Lo-Fi
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se organizar direitinho, todo mundo consegue trabalhar e transar TER UMA ROTINA SEXUAL (AINDA QUE AGENDADA), SABER DIVIDIR A LIBIDO ENTRE AS DIFERENTES ESFERAS DA VIDA E ENCONTRAR ESPAÇO PARA SI SÃO ALGUMAS DAS CHAVES PARA AS PORTAS DO EQUILÍBRIO ENTRE ROMANCE E TRABALHO por ANA MOSQUERA
ilustrações HELEN BEARD
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Essa intenção do ato sexual também precisa continuar existindo
escritório em casa, a casa no trabalho, o trabalho na cama, a cama vazia. Pois sexo e trabalho, duas esferas aparentemente tão distintas, estão mais conectados do que se pensa – positiva e negativamente, a depender das circunstâncias. Carga excessiva de trabalho, home office, tripla jornada feminina, falta de comunicação entre parceiros e preconceito sobre incluir o sexo na rotina são alguns dos fatores que influenciam na relação entre vida laboral e sexual. Falar do ato sexual saudável e como fonte de prazer é bastante recente, entretanto, e remete ao avanço do movimento feminista, em meados dos 1980, quando também atinge seu auge a participação da mulher no mercado de trabalho. Assim, ainda são raras as pesquisas quantitativas sobre o tema. Não há nenhuma, por exemplo, que comprove que a diferença salarial entre parceiros seja fator determinante 1. Não se constranja em ter encontros para esse equilíbrio. Por outro lado, estudos já mostram marcados na agenda que o sexo influencia na produtividade dos trabalhadores, “O sexo, quando vira obrigação, deixa de ser prazer”, diz trazendo benefícios para mulheres e homens, e para as Fernanda Robert, psicóloga clínica, sobre a ideia de incluir próprias organizações. a prática na agenda. De acordo com ela, reservar dia e hoSegundo um estudo feito em conjunto por pesquisado- rário para estar a dois é fundamental para uma vida sexual res da Universidade Estadual de Oregon, Universidade de saudável, sobretudo daqueles que vivem juntos e têm filhos. Washington e Universidade de Oregon, publicado no Journal “Não precisa necessariamente que nesse dia você faça sexo. of Management, os casais avaliados apresentaram melhor Pode ser para assistir um filme juntos, conversar sobre algo desempenho no trabalho em até um dia após o ato sexual, importante da relação, sobre uma viagem”, ela exemplifica. e demonstraram envolvimento e satisfação na execução Em resumo, um dia para lembrar que há vida sexual além das tarefas. O estudo também comprovou que problemas do cotidiano enfadonho. Mas, para isso, é preciso desmistifino trabalho e na família afetam diretamente o exercício da car a ideia de que rotina é algo ruim e ligado exclusivamente O estudo também comprovou prática ao final da jornada a tarefas desassociadas de prazer. Ela explica: no começo diária dos mesmos trabalhadores. da relação, tudo é novidade e os encontros são totalmente Para entender melhor a relação entre sexo e trabalho, três intencionais – seja para sexo, para jantar ou para conversar. mulheres especialistas da área trazem dicas aos leitores Então por que, com o passar dos anos e a mudança das da Gama, mostrando que é possível ver uma luz de prazer circunstâncias que envolvem a relação – dividir casa, dia a no fim do túnel do dia de labuta. dia e filhos –, fica tão difícil retomar certos hábitos desse estágio inicial? “Você ‘ensinou’ que era intencional. Essa intenção do ato sexual também precisa continuar existindo”, complementa a psicóloga clínica, que também é especialista em desenvolvimento sexual. Para entender melhor a relação entre sexo e trabalho, três mulheres especialistas da área trazem dicas aos leitores da Gama, mostrando que é possível ver uma luz de prazer no fim do túnel do dia de labuta. Em resumo, um dia para lembrar que há vida sexual além do cotidiano enfadonho. Mas, para isso, é preciso desmistificar a ideia de que rotina é algo ruim e ligado exclusivamente a tarefas desassociadas de prazer. Ela explica: no começo da relação, tudo é novidade e os encontros são totalmente intencionais – seja para sexo, para jantar ou para conversar. Então por que, com o passar dos anos e a mudança das circunstâncias que envolvem a relação – dividir casa, dia a dia e filhos –, fica tão difícil retomar certos hábitos desse estágio inicial? “Você ‘ensinou’ que era intencional. Essa intenção do ato sexual também precisa continuar existindo”, complementa a psicóloga clínica. 36
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Para Mariana Stock, fundadora da Prazerela, psicanalista e terapeuta orgástica, incluir o sexo em uma agenda que já rege a vida das pessoas nos dias atuais pode não ser de todo mal. O difícil é manter o compromisso em dia. “Que essa agenda não caia na primeira tentativa de uma reunião do trabalho que apareça para esse mesmo horário”, ela fala. Para os casais que também trabalham juntos – como é o caso dela e do companheiro, Claudio Serva – é bom lembrar de deixar as discussões laborais fora dessa ocasião especial. Para engrenar na rotina sexual, a dica é não ir com tanta sede ao pote, mas buscar qualidade. Segundo Robert, aumentar o número de situações de contato sexual é importante e melhora a vida conjugal, mas quantidade quase nunca significa qualidade. Vale se perguntar: “Vale a pena repetir esse sexo que você tem hoje?” A psicóloga clínica sugere que, para aumentar a expectativa, vale enviar mensagens ao longo do dia. “Pode ser até um jogo ou uma brincadeira que você faça no WhatsApp, um ‘te espero em casa…’ Pode ser uma coisa descontraída. Precisa ter em mente que a hora marcada tem que ser olhada como uma coisa gostosa, não como um peso.”
2. Cave (nem que seja na unha) espaço para a sua individualidade
“O principal desafio é ter mais espaços de individualidade. E quando a gente mora e trabalha juntos e tem filhos, esses momentos têm que ser buscados com mais afinco”, afirma Stock. Além de incluir no calendário os momentos do casal, é preciso reservar um tempo para si também “porque o zesejo sexual é movido pela falta”, como ela explica. “Criar espaços de novidade, de distanciamento, é algo bem importante na relação”, comenta a fundadora da Prazerela, iniciativa que tem a missão de apoiar mulheres na apropriação dos corpos por meio do prazer. Melhorar a comunicação, abrindo o jogo sobre as reais necessidades de cada um dos indivíduos, para além das do casal, é a primeira chave para o “país das maravilhas” do prazer sexual e de uma vida conjugal satisfatória. Além de incluir no calendário os momentos do casal, é preciso reservar um tempo para si também e isso deixa o relacionamento muito melhor. “É comum que casais cheguem em descompasso na clínica. Mas, geralmente, o casal que se comunica bem tem uma vida mais satisfatória, pois fica menos espaço para dissonância”, comenta Robert.
Quando se fala de casal, vale lembrar que são três unidades envolvidas: cada um dos indivíduos e a conjugal. Ela recorda ainda que, quando se fala de casal, vale lembrar que são três unidades envolvidas: cada um dos indivíduos e a conjugal. O primeiro passo, segundo ela, é entender se a demanda é dos dois ou de cada pessoa, separadamente. Ao atender, na sua maioria, pacientes inseridos no mercado de trabalho, ela considera, sim, que a pandemia afetou a vida sexual das pessoas. Sobretudo dos casais com algum tipo de desalinho ou daqueles cuja dinâmica foi muito afetada. Assim, ainda são raras as pesquisas quantitativas sobre o tema. Não há nenhuma, por exemplo, que comprove que a diferença salarial entre parceiros seja fator determinante para esse equilíbrio. Trazendo benefícios para mulheres e homens, e para as próprias organizações. Se alguns tiveram que conviver diariamente no home office, dividindo cama e escritório, outros enfrentaram todo o estresse da linha de frente no combate à covid, por exemplo. “Cada dinâmica laboral trouxe uma dificuldade para os casais”, ela diz e cita os casos de famílias que passaram a dividir a mesma casa por um tempo, com avós, pais e filhos todos reunidos no mesmo ambiente.Quando se fala de casal, vale lembrar que são três unidades envolvidas: cada um dos indivíduos e a conjugal. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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3. Não gaste toda a libido no trabalho
“É como se todo dia a gente acordasse e tivesse o tanque cheio de libido. Se a gente precisa usar muito da nossa libido no trabalho, é óbvio que não vai sobrar pra libido estar no corpo, na sexualidade”, esclarece Stock. Curiosamente, estudos apontam que o sexo matinal pode ajudar no rendimento do dia de trabalho. Isso porque o ato sexual auxilia na liberação de hormônios como endorfinas e oxitocina, que melhoram o estado de ânimo, além de garantir efeitos psicoemocionais, já que a troca de “abraços e carinhos e beijinhos sem ter fim”, como diria Tom Jobim, Ter consciência de que o aspecto emocional e sexual precisa melhora a autoestima das pessoas. Embora manter uma ser cultivado é importante. “A relação afetiva também dá vida sexual de qualidade afete diretamente a produtividade trabalho, mas precisa ser, antes de tudo, lugar de aconchego”, no trabalho, a recíproca nem sempre é verdadeira. coloca Ana Canosa, psicóloga clínica, terapeuta sexual e Mulheres que estão batalhando para serem reconhecidas educadora em sexualidade. pagam um alto preço, que é se desconectar da visceralidade “Quem trabalha muito, em geral, não transa muito”, fala 4. Não deixe o esgotamento no trabalho Stock. É que na lógica capitalista atual nem sempre é fá- chegar à cama (e vice-versa) cil incluir o sexo no cronograma diário, sobretudo para o “Assim como o trabalho pode atravessar negativamente as público feminino, que sofre mais exigências do mercado, , relações, ele também pode ser fonte de prazer para compene muitas vezes conta com jornada tripla – trabalho, casa, sar uma relação pouco satisfatória”, lança Canosa. Cuidado filhos. “Boa parte das mulheres que buscam a Prazerela são para não “mergulhar no trabalho para alimentar a vida”. O muito mentais. São mulheres que estão batalhando para excesso de cansaço, insegurança e ansiedade ocasionados serem reconhecidas. Só que isso tem um alto preço, que é nesse cenário de dedicação extrema podem afetar ainda se desconectar da nossa visceralidade”, ela comenta. mais o lado afetivo. Desse modo, não demora para o trabalho virar réu, sem que as pessoas se dêem conta de que o problema está nas relações que se mantêm com essa esfera da vida. Tome nota: quando se atinge um quadro de insatisfação profissional, em que falta propósito, reconhecimento e respaldo financeiro, e sobra alta carga de trabalho e uma interação pouco saudável com os colegas, o âmbito afetivo e sexual tem grandes chances de ficar comprometido. A sexualidade não é uma dimensão separada de todas as outras da nossa existência, ela é intrínseca ao nosso ser interior. “A sexualidade não é uma dimensão separada de todas as outras da nossa existência”, recorda a profissional. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde ), inclusive, a saúde sexual é fundamental para a saúde e bem-estar geral das pessoas e das famílias, e para o desenvolvimento socioeconômico da sociedade. Enxergar sexo e trabalho como áreas diferentes, mas cujas dinâmicas se tocam e influenciam mutuamente é imprescindível para manter relações nada abusivas com os dois. Antes de sair culpando o trabalho pelos problemas na cama – ou fugir de resolver as questões afetivas se afundando no escritório – vale avaliar como anda o manejo das duas esferas. É garantir que os problemas na cama não levem ao burnout, e que o esgotamento profissional não atinja ainda mais os afetos diários. Não desaparecendo os problemas, procurar uma terapia sexual ou orgástica pode ser a solução.
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restaurantes em SP por até R$ 50 EM TEMPOS DE CRISE, CHEFS INVESTEM EM MENUS QUE CABEM NO BOLSO por MARINA CONSIGLIO
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pesar dos desafios econômicos em São Paulo, a vibrante cena gastronômica persiste, revelando constantemente novidades acessíveis para os paulistanos enfrentando orçamentos mais apertados. Em meio à estagnação econômica e preços em ascensão, a cidade testemunha o surgimento de uma variedade de opções gastronômicas que não só se destacam pela qualidade, mas também pela acessibilidade financeira, especialmente em bares e lanchonetes. Esses estabelecimentos inovadores têm desafiado a narrativa de que uma experiência culinária de qualidade deve necessariamente ser cara. Com pratos que não ultrapassam os 50 reais, eles oferecem uma resposta à busca por alternativas econômicas sem sacrificar o sabor e a diversidade. São iniciativas que refletem a resiliência e criatividade da comunidade gastronômica, proporcionando aos paulistanos opções deliciosas e acessíveis em meio aos desafios econômicos enfrentados pela cidade. Explore essa cena gastronômica emergente e saboreie a diversidade de opções que a cidade tem a oferecer, mesmo em tempos de incerteza financeira. Essa tendência de estabelecimentos acessíveis reflete não apenas a adaptação à conjuntura econômica, mas também uma resposta à demanda crescente por experiências gastronômicas de qualidade sem comprometer o bolso. Essa oferta diversificada não apenas atende às necessidades financeiras dos consumidores, mas também enriquece a experiência culinária, tornando-a acessível a uma gama mais ampla de públicos.
Créditos: Tim Blink
A Baianeira
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Em uma tranquila rua na Barra Funda, a casa de Manuelle Ferraz remete ao aconchego do interior. O estabelecimento hoje serve café da manhã e almoço. Durante a semana, tem pratos do dia (até R$ 45) ou os combinados chamados ali de triviais, que incluem arroz, feijão, salada, legumes e creme do dia —o cliente escolhe a proteína (R$ 26 a R$ 30). Aos sábados, tem combos de café da manhã (R$ 35) e receitas como a carne de panela e creme (R$ 42). R. Dona Elisa, 117, Barra Funda, região central Ter. a sáb.: 9h às 17h
Bánh Mì Vietnam
Casa de Ieda
O restaurante mudou para um endereço maior recentemente —mas manteve a simpatia, os temperos e os preços amigáveis. O vietnamita Yann Dupierre conta com receitas como o sanduíche que dá nome ao local (R$ 21), além do pho, ensopado com que lembra o lamen (R$ 39 o grande).
Ieda de Matos presta homenagem à Chapada Diamantina com um menu rotativo acessível em sua casa. Destaques incluem bolinho de pirão de queijo de coalho (R$ 20), godó (R$ 32) e baião de dois (R$ 32). Não deixe de experimentar o aluá (R$ 10), uma bebida de abacaxi, gengibre e rapadura.
R. Dr. Seng, 44, Bela Vista, região central Qua. a sex.: 12h às 16h e 18h às 22h. Sáb.: 13h às 22h
R. Ferreira de Araújo, 841, Pinheiros, região oeste Ter. a sex.: 12h às 15h. Sáb.: 12h às 16h
Cepa
O chef Lucas Dante apresenta uma cozinha autoral destacando ingredientes, com opções como a tábua de curados (R$ 26) e pratos do dia no almoço por R$ 30, como peixe com batata, beterraba e molho hollandaise. Sendo um lugar acessível onde se tem uma experiência autoral. R. Antônio Camardo, 895, Vila Gomes Cardim Seg. a qui.: 19h às 22h30. Seg. a sex.: 12h às 23
Conceição Discos e Comes
Ícone da casa, o pão de queijo aparece em versão simples (R$ 5) ou recheada, com pernil e ovo frito (R$ 19). Do fogão instalado logo atrás do balcão, a chef Talitha Barros interage com a clientela enquanto prepara arrozes, com uma sugestão diferente a cada dia. R. Imaculada Conceição, 151, Vila Buarque, centro Ter. a sáb.: 10h às 21h # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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marmita
saladinhas práticas no pote CONFIRA IDEIAS DESSA NOVA TENDÊNCIA SUPERPRÁTICA! TRÊS RECEITINHAS PARA VOCÊ LEVAR PRO TRABALHO, ESTÁGIO, FACULDADE E APROVEITAR UMA REFEIÇÃO NUTRITIVA E SABOROSA por REDAÇÃO GUIA DA SEMANA
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Crédito: Shutterstock
á havíamos falado por aqui que as comidinhas em potes eram tendência, e realmente virou febre. Uma das refeições que caem superbem para reduzir em um potinho são as saladas. Além do resultado ficar visualmente lindo, as saladas em pote são práticas e ótimas para dar aquele incentivo de comer mais verde no nosso dia a dia. Mas não basta apenas colocar ingredientes aleatoriamente num vidro, é preciso seguir uma técnica. Para sua salada ficar perfeita, primeiramente deve vir algum molho com temperinhos, depois é a vez dos ingredientes densos (tomate, pepino, milho, etc), e por último vêm as folhas. Assim, o pote fica organizado e os alimentos preservados. E é importante lembrar que as saladas no pote duram até uma semana na geladeira, dependendo dos ingredientes utilizados. Além do resultado ficar visualmente lindo, as saladas em pote são práticas e ótimas para dar aquele incentivo de comer mais verde no nosso dia a dia. Mas não basta apenas colocar ingredientes aleatoriamente num vidro, é preciso seguir uma técnica. Para sua salada ficar perfeita, primeiramente deve vir algum molho com temperinhos, depois é a vez dos ingredientes densos (tomate, pepino, milho, etc), e por último vêm as folhas. Assim, o pote fica organizado e os alimentos preservados. E é importante lembrar que as saladas no pote duram até uma semana na geladeira, dependendo dos ingredientes utilizados Além do resultado ficar visualmente lindo, as saladas em pote são práticas e ótimas para dar aquele incentivo de comer mais verde no nosso dia a dia. Mas não basta apenas colocar ingredientes aleatoriamente num vidro, é preciso seguir uma técnica. Para sua salada ficar perfeita, primeiramente deve vir algum molho com temperinhos, depois é a vez dos ingredientes densos (tomate, pepino, milho, etc), e por último vêm as folhas. Assim, o pote fica organizado e os alimentos preservados. E é importante lembrar que as saladas no pote duram até uma semana na geladeira, dependendo dos ingredientes utilizados
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Salada colorida no pote
Ingredientes
Tomate seco Cenoura cozida Milho (pode ser de latinha!) Cebolinha Radicchio ou repolho roxo Folhas de espinafre
Modo de preparo Primeiramente use o tomate seco para fazer a base da salada no pote. Depois acrescente a cenoura cozida cortada em pedaços pequenos, o milho e a cebolinha. Para finalizar, pique as folhas de radicchio e espinafre e coloque por cima.
Saladas no pote são alternativas saudáveis para uma boa alimentação
Saladinha tropical Ingredientes
Azeite a gosto Sal a gosto 1 rabanete cortado em fatias Vinagre a gosto Folhas de rúcula 1/2 cenoura ralada 3 colheres de milho 1/2 beterraba ralada 2 tomates cerejas 1 folha de manjericão para finalizar
Modo de preparo Antes de colocar os ingredientes, coloque no fundo do pote os temperos de sua preferência (azeite, sal, vinagre, etc.). A ordem de ingredientes vai pela sua preferência. Na hora de se servir, é só virar o pote e o tempero irá se espalhar por todos os ingredientes.
Salada estilo poke Ingredientes
4 colheres (sopa) de arroz integral 3 brócolis 2 colheres de manga picadinha 1 colher de tomates cerejas cortados ao meio 1 colher de alface, agrião ou rúcula
Modo de preparo Comece colocando o arroz, para criar uma base. Depois acrescente o brócolis, manga, tomate e finalize com as folhas verdes. Está pronto!
# Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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horóscopo
os astros estão com tudo para esse mês DESCUBRA O QUE OS ASTROS REVELAM SOBRE SUA VIDA AMOROSA, FAMILIAR, FINANCEIRA E PESSOAL por REDAÇÃO TERRA ilustrações MICHELA TABONE
Áries
Gêmeos
(21/03 - 20/04)
(21/05 - 20/06)
Fim de ano chegou e você só o pó? Continue trabalhando com foco e empenho, pois existem chances altas de receber uma notícia repentina das boas! Será que vem aumento, promoção, bônus? Acho que sim! O alerta de cuidado vai para o fim da semana, sobretudo ao lidar com finanças de outras pessoas. Segure os impulsos, exageros e rispidez pra evitar confusão, hein!
Touro
Câncer
(21/04 - 20/05)
(21/06 - 22/07)
Sua hora de brilhar chegou! Com muitos estímulos, é bom sair do comodismo e agir. Bora colocar suas aptidões em campo e buscar apresentar o que você faz de melhor no trabalho. Vejo também que as suas relações pessoais e profissionais devem ganhar destaque, mas, como as emoções estão em alta, segure seu lado possessivo pra não sufocar nem tretar com ninguém!
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Previ notícias maravilhosas pro seu futuro! Pra começar com o pé direito, você deve esbanjar energia e versatilidade pra fazer suas tarefas e resolver problemas. É a hora de terminar um contrato ou projeto e faturar dinheiro. Ufa! Mas como há risco de surgirem incertezas na profissão, ainda mais se trabalha em casa ou com parentes, aconselhamos rever suas metas e objetivos.
Previsões especiais? Siiimmm! O céu promete te dar força pra agir e fazer acontecer, sobretudo no trabalho. Misturando instintos e criatividade com lógica e praticidade, deve conseguir bons resultados em suas iniciativas. Aproveite pra fazer contatos, já que seu magnetismo pessoal e originalidade tendem a fazer o maior sucesso, até mesmo em entrevista de emprego.
Leão
Capricórnio
(23/07 - 22/08)
(22/12 - 20/01)
Os humilhados devem ser exaltados! O céu manda avisar que é tempo de se expor, socializar, solucionar o que for preciso, seguir firme nos seus propósitos e vontade de realização. Podem até embolsar uma grana a mais com o seu trabalho - talvez receba mais vendas, bônus, comissão ou promoção. Mas, cuidado! Vemos riscos em relações onde há dinheiro compartilhado entre duas pessoas.
O astral desta semana tá agitado! O céu traz good vibes, e avisa que vem aí os resultados dos seus esforços (em forma de notas). Aleluia! Só não vá se empolgar e se endividar! Com a vontade de aprender em alta, é hora de investir nos estudos, numa faculdade para se perfeiçoar e/ou especializar. Tem tudo pra se dar bem, até mesmo num curso a distância.
Virgem
Escorpião
(23/08- 22/09)
(23/10 - 21/11)
Nova semana chegando e tudo indica que o céu vai aguçar suas emoções! Bora investir no autoconhecimento e descobrir o que traz satisfação pra sua vida, inclusive profissional. Pode finalizar projetos e serviços com chave de ouro. Nas finanças, você tende a se preocupar com a sua situação e deve contar com força, motivação, planejamento e praticidade pra conseguir o que quer.
Anota o recado de milhões aí: você tem tudo arrasar essa semana! E a pergunta que não quer calar: vai rolar grana? A sorte está no ar e há sinal de abundância. Bora unir razão com intuição e fazer uma fézinha. Mas, melhor dar uma segurada na teimosia e agressividade pra não causar uma torta de climão no seu local de trabalho, em especial, com seus chefes e/ou clientes.
Aquário (21/01 - 19/02)
Trago notícias pra lá de vantajosas, porém alertas de tensão também. Para a profissão, você tende a mostrar do que é capaz, esbanjando competências, criatividade e ideias brilhantes. Só atenção com especulações e negócios complicados, pois frustrações não estão descartadas. Um pix inesperado tem tudo pra cair na sua conta, inclusive de um parente. Bora organizar as finanças, viu?
Libra
Sagitário
Peixes
(23/09 - 22/10)
(22/11 - 21/12)
(20/02 - 20/03)
O céu promete muita coisa boa nesta semana, sobretudo pra sua carreira e bolso! Contando com uma baita força e energia, momento perfeito pra fazer novos contatos e aprofundar os antigos, terminar tarefas e colher os frutos do que plantou. Quer surra de pix? Tudo indica que sua criatividade, coragem e determinação vão te ajudar a vencer desafios e ganhar mais dindim.
Os astros levantam a sua bola pra marcar vários gols, especialmente na área do trabalho e dinheiro. É o momento excelente pra mostrar seus jogos e talentos, venda o seu peixe e alcance as suas metas. Seu lado prestativo pode ficar on e atrair aliados importantes como resultado. Tanta generosidade, e popularidade prometem te render até um aumento!
Alerta de spoiler: a energia é de realização e você tem tudo para colher agora os frutos de tudo o que vem plantando. Bora detonar qualquer empecilho que esteja impedindo o seu crescimento, concluir negócios, tarefas e projetos, mostrar os seus talentos e ver os seus esforços se transformarem em sucesso profissional e financeiro, tudo de bom!
# Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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isso é fod@
não é para se comparar, se inspire JOVENS QUE FAZEM TRABALHOS FOD@S E QUE VOCÊ DEVERIA CONHECER - TEM MUITA GENTE FAZENDO COISAS MASSAS NESSE MUNDO
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hiago de Campos Costa, ilustrador curitibano que está ganhando destaque no mundo das artes. Ele deu início à faculdade de engenharia, mas após um tempo viu que sua paixão era o design. Durante a pandemia, decidiu começar a criar através de sua mesa digitalizadora. Nesse processo, percebeu que a arte era a sua verdadeira paixão. Thiago não manteve sua paixão e talento exclusivamente para si. Pelo contrário, adotou a filosofia de compartilhar abertamente seus projetos e criações. Ele acredita que o ato de mostrar ao mundo suas produções não apenas inspira os outros, mas também gera uma atmosfera de motivação coletiva. Sua mensagem é clara: "Sempre compartilhe seus projetos, deixem verem suas produções, compartilhamento gera motivação."
Crédito: Amanda Torres
THIAGO COSTA, 23 ANOS @tchaggo
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ISSO É FOD@
TUDO TEM LIMITE um breve relato de nosso leitor sobre como nossos direitos muitas vezes são violados no ambiente de trabalho por JOÃO DIAS
E
u iniciei minha jornada na agência cheio de entusiasmo como um recém-formado em omunicação, mergulhando em projetos empolgantes. Contudo, a linha entre dedicação e exaustão se desfez à medida que as expectativas da agência se intensificaram. Meu comprometimento se tornou uma jornada sem fim, com prazos apertados e uma busca incessante por resultados, levando-me a trabalhar até altas horas e sacrificar meus fins de semana. Minhas tentativas de garantir horas de descanso foram minimizadas, refletindo a cultura da agência. Diante do impacto na minha saúde e vida pessoal, busquei reavaliar a importância do equilíbrio entre trabalho e vida, reconhecendo a necessidade de estabelecer limites para preservar minha saúde e qualidade de vida. Minha história destaca os desafios enfrentados por muitos jovens profissionais em ambientes de trabalho intensos, sublinhando a importância de repensar práticas laborais e promover uma cultura que valorize o bem-estar dos colaboradores. - João Dias, 24 anos
Crédito: Adam Fuit
Tá na legislação!
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A legislação trabalhista, por meio do artigo 66 da clt, determina que “entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 horas consecutivas para descanso”. Esse é um período que não deve ser negociado ou fracionado e que, caso seja desrespeitado, implica no pagamento de indenização ao trabalhador. Mesmo que a legislação não imponha um limite de horas extras que podem ser feitas mensalmente, o limite semanal e diário é esse. Da mesma forma, durante esse período de descanso, o trabalhador não pode ser convocado para uma nova jornada até que o pereíodo seja cumprido.
# Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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OSSOS DO OFÍCIO
BLOQUEIO CRIATIVO, COMO LIDAR mais comum e frequênte do que as pessoas pensam, é um problema para muitos, mas tem solução por MARIANA CARAM
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bloqueio criativo é uma experiência frustrante e desafiadora enfrentada por muitos indivíduos envolvidos em atividades criativas, sejam eles escritores, artistas, músicos ou designers. Embora seja uma questão muito mais comum em profissionais que utilizam a criatividade para desenvolver seus trabalhos, o bloqueio criativo pode acontecer em qualquer pessoa. Esse bloqueio pode interferir de forma significativa no desenvolvimento de qualquer atividade e, por consequência, torna a frustração cada vez mais presente na vida da pessoa. No entanto, compreender as causas e aprender a superar o bloqueio criativo pode ser um ponto de partida para recuperar a produtividade e a expressão artística. Podemos começar o entendimento com a história deste termo. Criado em 1947, o termo writer's block veio através do psiquiatra Edmund Bergler, que estudava o motivo pelo qual alguns escritores tinham certa dificuldade para produzir ou dar continuidade no que já haviam começado a desenvolver. Situação muito comum atualmente nos cargos de criação. Porém, hoje em dia há uma diferença onde o que chamamos de bloqueio criativo não se limita apenas aos escritores. O bloqueio criativo é um fenômeno psicológico no qual uma pessoa enfrenta dificuldades em gerar ideias, soluções ou expressar sua criatividade de forma fluente. É caracterizado por uma sensação de estagnação, falta de inspiração e dificuldade em produzir ou avançar em projetos criativos. Ele pode ser causado por diversos fatores, como pressão externa, autocrítica excessiva, falta de motivação ou estresse. Superar o bloqueio criativo envolve explorar técnicas e estratégias que ajudem a liberar a mente, recuperar a confiança e estimular a criatividade. De forma geral, extravasar o cérebro. O bloqueio criativo pode ter diversas causas, e elas podem variar de pessoa para pessoa. Alguns dos principais fatores que podem ocasionar o bloqueio criativo incluem:
Crédito: Unsplash
Estresse
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A primeira e mais comum causa fisiológica do bloqueio criativo é o estresse, que é decorrência de um desgaste físico e emocional. Altos níveis de estresse podem afetar negativamente a capacidade criativa, pois a tensão e a pressão podem dificultar o processo de pensar de forma livre e espontânea.
Falta de planejamento
A ausência de um plano estruturado ou de um roteiro claro pode levar a um bloqueio criativo. A falta de direção pode tornar difícil para a mente encontrar um ponto de partida ou desenvolver ideias.
Falta de domínio do tema
Quando não se tem um bom conhecimento aprofundado sobre o assunto em questão, pode surgir um bloqueio criativo. A insegurança em relação ao conhecimento necessário pode inibir a geração de ideias originais.
Paralisia por excesso
O excesso de informações, opções e possibilidades pode sobrecarregar a mente e dificultar a tomada de decisões criativas. Essa paralisia pode surgir quando se está diante de uma grande quantidade de ideias ou de um projeto complexo.
Procrastinação
O hábito de adiar tarefas importantes pode levar a um bloqueio criativo. A procrastinação pode gerar ansiedade, pressão e falta de tempo, o que dificulta o processo criativo. Isso acontece muito quando aquela determinada tarefa que precisa ser desenvolvida não é tão interessante assim para a pessoa ao ponto de manter seu foco e prender sua atenção, isso pode ocasionar o bloqueio, afinal, nosso cérebro fica buscando alternativas e meios para se distrair.
Perfeccionismo
O desejo de alcançar a perfeição em cada aspecto do trabalho criativo pode levar à auto exigência excessiva e à autocrítica constante. Essa busca pela perfeição pode bloquear a capacidade de experimentar e explorar novas ideias.
Como superar o bloqueio criativo?
A criatividade é uma habilidade valiosa e poderosa que todos possuímos, mas, às vezes, podemos nos deparar com um desafio chamado bloqueio criativo. Quem nunca se viu diante da tela em branco, do papel vazio ou da mente vazia, lutando para encontrar uma faísca de inspiração? O bloqueio criativo pode ser frustrante e desanimador, mas é importante lembrar que ele é uma experiência comum e superável. Para superar o bloqueio criativo, é essencial adotar uma abordagem abrangente que engloba diferentes aspectos. Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar: A melhor maneira de superar o bloqueio é começar. Muitas vezes, esperamos pela inspiração perfeita ou pelas condições ideais para iniciar um projeto criativo. No entanto, a realidade é que a criatividade raramente surge do nada. Ela se desenvolve à medida que nos envolvemos ativamente com o processo criativo. Portanto, a melhor maneira de superar o bloqueio criativo é simplesmente começar. Ao iniciar, mesmo que você se sinta inicialmente sem inspiração, está abrindo espaço para a criatividade fluir. Dê o primeiro passo, coloque suas ideias em ação e o processo criativo ganhará impulso.
Algumas dicas
Às vezes, a mente precisa de um descanso para recarregar as energias criativas. Faça pausas regulares durante o processo de trabalho para relaxar, descontrair e permitir que novas ideias surjam naturalmente. É importante reconhecer quando nosso cérebro pede descanso. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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TOP 10
10 MELHORES EMPRESAS BRASILEIRAS great place to work e época negócios e valor econômico anunciam a 27ª edição do ranking gptw 150 melhores empresas para trabalhar no brasil de 2023 por GPTW BRASIL
1 Itaú Unibanco
6 Porto Seguro
2 Accenture do Brasil
7 Vivo
3 Gazin
8 McDonald’s
4 Sicredi
9 Localiza&Co
5 Magazine Luiza
10 Banco Santander
Criado a partir da fusão entre o Banco Itaú e o Unibanco, duas das maiores instituições financeiras do país.
Multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing.
Uma das maiores redes varejistas do Brasil, focada em varejo, colchões, molas e estofados.
Crédito: Mercado&Consumo
Sicredi foi a primeira insituição financeira cooperativa do Brasil. Oferece linhas de crédito, e opções de investimento.
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Magalu reúne mais de 8 mil sellers, e também é dona das palataformas Netshoes e Zattini.
A Porto engloba um conjunto de serviços de seguros prestados desde bens domésticos, a seguro auto e de portáteis.
Referência em telefonia móvel, banda larga e tv por assinatura, Vivo é uma companhia especializada em telecomunicações.
Arcos Dorados é hoje a maior e mais reconhecida marca do mundo, com mais de 1,5 milhão de funcionários.
Empresa de locação de veículos, com lançamento de 3 novas marcas com foco em atendimento de motoristas.
Fundado em 1857 na Espanha, expandiu-se e hoje é o terceiro maior banco privado do Brasil.
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PILOTO
A SEMANA DE 4 DIAS NO BRASIL pilotos em diferentes países registraram aumentos no lucro, produtividade e bem-estar dos funcionários por FERNANDA DE ALMEIDA
A
semana de quatro dias de trabalho já é realidade em empresas do Reino Unido, Estados Unidos e Portugal e, ainda este ano, começará a ser testada também no Brasil. A 4 Day Week Global, que lidera os projetos ao redor do mundo, anunciou hoje que 20 empresas brasileiras farão parte do piloto. Companhias em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre estão na lista. Serão 400 funcionários envolvidos.
Menos horas de trabalho, mais produtividade
As empresas poderão escolher quais funcionários vão participar e como será, na prática, a semana de trabalho: sem a segunda-feira, sem a sexta ou sem metade desses dias, por exemplo. “Se os líderes não participarem, podem causar uma incoerência. A gerência também precisa descansar”, diz Gabriela Brasil, head de comunidade da 4 Day Week Global. Os resultados da redução da jornada de trabalho semanal para quatro dias – ou 32 horas por semana –, refletem aumento na produtividade, no bem-estar e até mesmo nos lucros das companhias participantes. “Estudos também mostram que a experiência da semana de 4 dias reduz emissões de carbono e contribui para a equidade de gênero”, diz Renata Rivetti, ceo da Reconnect Happiness at Work, consultoria que faz parte do projeto no Brasil.
Crédito:Fernanda Melo
Resultados do teste, segundo a 4 Day Week Global
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redução no esgotamento dos profissionais (68%) aumento na atração de talentos (63%) aumento na capacidade para o trabalho (54%) diminuição nas demissões de funcionários (42%) aumento da receita em relação ao ano anterior (36%) A Vockan, empresa brasileira de sistemas de gestão empresarial, adotou a semana de 4 dias de trabalho em novembro de 2022 e entrou para o projeto-piloto. O ceo, Fabricio Oliveira, implantou a medida depois de acompanhar a tendência fora do Brasil e percebeu um impacto na produtividade e também na atratividade da sua marca empregadora. Hoje, segundo ele, o turnover voluntário, a taxa de rotatividade de funcionários, é zero. Empresas em setores de hospitalidade e saúde, por exemplo, vão precisar contratar mais pessoas para fazer uma escala de profissionais se quiserem
adotar a semana de trabalho mais curta. “A prestar assessoria jurídica para as empresas participantes redução do absenteísmo, a atração de ta- e também participará do piloto. As advogadas Soraya Clelentos e o aumento das vendas compensam mentino e Raquel Teixeira orientam que as empresas deixem isso”, diz Gabriela. claro que se trata de um projeto-piloto com fins acadêmicos As técnicas de aumento de produtividade que pode ser revertido e façam acordos coletivos ou individas empresas participantes serão as mesmas duais, a depender do caso. “Não há nada que garanta qual usadas pelo projeto da 4 Day Week em outros será a interpretação caso isso seja judicializado”, diz Soraya. países, mas de olho nas especificidades do Para Gabriela, da 4 Day Week, os principais desafios de Brasil. Como uma primeira etapa, reuniões trazer a experiência para o Brasil giram em torno da cultura. serão redesenhadas para serem mais pro- “O país tem uma cultura forte do presenteísmo e as pessoas dutivas e reduzir o tempo de comunicação têm dificuldade de entender o que vão fazer no tempo livre”, síncrona entre as equipes para, depois, a diz ela. Diferentemente de experiências na Europa e nos gestão de tempo ser repensada – em proces- eua, onde o dia de folga foi ocupado principalmente com sos, por exemplo, de priorização de tarefas compromissos pessoais e familiares, mas também projetos e automatização de processos. “O brasileiro paralelos, há a preocupação de que os brasileiros usem esse trabalha muitas horas, mas produz pouco”, momento para buscar uma renda extra. diz Gabriela Brasil, que é adepta da semana de quatro dias desde 2018. Em outubro, serão conduzidas pesquisas para mapear a situação das empresas e as Quais empresas vão fazer parte da semana de 4 dias no Brasil perspectivas dos funcionários antes do projeto-piloto. Eles voltarão a ser consultados Editora Mol Ab Aeterno depois de três meses e também ao final do Thanks for Sharing GR Assessoria Contábil programa. As pesquisas serão conduzidas Oxygen Brasil dos Parafusos pela Fundação Getúlio Vargas (fgv). Haze Shift Plongê Smart Duo Alimentare Dificuldades de implementar a Soma, do Grupo Dreamers Piu Comunica semana de 4 dias no Brasil Inspira Innuvem As empresas demonstram preocupação Clementino & Teixeira Advocacia Vockan com as questões jurídicas envolvidas no processo – especialmente se, ao final, quiserem retomar a semana de 40 horas de trabalho. O escritório de advocacia Clementino e Teixeira, especializado em direito do trabalho, vai # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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NADA CONVENCIONAL
ENTREVISTA COM EDNUSA RIBEIRO
cofundadora do coletivo meninas mahin alerta para dificuldades de ter um negócio próprio e diz que a periferia está “no limite” por causa dos efeitos da pandemia da covid-19 por ALLAN BRITO imagens MARIA ALICE FERREIRA
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uitas vezes, o empreendedorismo é apontado como solução para os desempregados do Brasil. Há quem acredite na tese de que basta abrir um negócio, ter força de vontade e se beneficiar de diversas vantagens. Ednusa Ribeiro, cofundadora do Meninas Mahin, coletivo que busca fomentar o empreendedorismo das mulheres negras, conhece bem essas dificuldades. Na periferia, especialmente para mulheres negras, empreender significa fazer sacrifícios. E a pandemia só agravou essa situação. O Coletivo Meninas Mahin, que existe desde 2016 e já organizou 155 eventos para ajudá-las, teve que se adaptar ao cenário pandêmico, mas continuou fornecendo apoio. Transmissões ao vivo foram organizadas para troca de informações. E diversas ações foram realizadas para atender o básico. A situação fica mais difícil com o passar do tempo. Ednusa entende que a periferia está “no limite do fio”, porque as dificuldades se agravaram ainda mais com a segunda onda da Covid-19. Contudo, ela enxerga um futuro promissor para o setor de eventos, porque entende que as pessoas vão querer sair mais do que nunca quando a pandemia estiver mais controlada. Entretanto, Ednusa acredita que o setor público deva criar soluções a curto prazo, como parcerias com quem já conhece as periferias, além de organizar eventos que integrem diversos setores da sociedade.
Entenda estas questões, a partir das experiências, vivências e experiências do coletivo Meninas Mahin, nesta entrevista com Ednusa Ribeiro. Quais foram os principais efeitos da pandemia da Covid-19 para o coletivo? Fizemos várias ações na pandemia, mas inicialmente surtamos. Depois, com parceiros, tivemos ajuda para manter o coletivo. Desenvolvemos crowdfunding, lives do Comitê de Impacto da Periferia, doações de máscaras e insumos. Mas o coletivo se recolheu para entender o que estava fazendo. Voltamos aos editais. Depois, com parceiros, tivemos ajuda para manter o coletivo Não fomos contempladas em vários. Mas conseguimos passar por acelerações e mentorias. E fomos nos entendendo como um negócio de impacto global, de economia colaborativa, que tem que buscar recursos. É aquela premissa: eu quero subir, mas quero mais pessoas subindo junto comigo.
# Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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A maioria empreende na dor, não porque quer, mas para completar renda As empreendedoras que chegam ao coletivo para pedir ajuda são pessoas que não tiveram acesso ao mercado de trabalho? Há esta situação, sim. Nosso coletivo tem recorte de gênero e raça. Quando começou, em 2016, tinha recorte de território também. Só atuava na Zona Leste paulistana, mas a dinâmica cresceu. Acolhemos e hoje temos mulheres de várias regiões da cidade. Contudo, vale dizer, a mulher preta e da periferia empreende desde cedo, mesmo trabalhando. A maioria empreende na dor, não porque quer, mas para completar renda. Mesmo trabalhando, empreende por necessidade. Temos que falar sempre: empreender não é romântico. Vai fazer seu horário? Vai. Das 7 da manhã à meia noite. Ainda, sobre escala de trabalho, a mulher tem que empreender e chefiar a casa. Então, pesa mais, porque há contas para pagar e, ao mesmo tempo, precisa empreender. Trabalhamos com recortes de micro e nano negócios, onde, não-raro, a mulher não se vê como empreendedora e gestora de seu próprio negócio.
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Quais são as principais dificuldades para fazer com que essas mulheres se tornem gestoras de um negócio? Podemos dividir em dois momentos: antes e depois da pandemia. Antes da pandemia, havia uvvm cenário onde as mulheres chegavam no Coletivo porque não tinham espaço adequado e seguro para vender produtos. E elas também tinham dificuldade de entender conceitos comuns do vocabulário do empreendedorismo em oficinas. No cenário pós-pandemia, você mantém esses cenários e acrescenta o mundo digital. Acessar o mundo digital não é só acessar a internet. Muitas mulheres tinham as ferramentas e mal sabiam utilizar WhatsApp. Agora tem que fazer negócios por WhatsApp. Quando falo isso para uma adolescente, tudo bem, ela entende. Mas quando falo para uma mulher de 50 anos, ela questiona: “é necessário isso?”. E, sim, é necessário, porque essa é a linguagem de hoje. Tem Reels, Tik Tok e remix. Mas a informação não chega, porque, às vezes, não há internet. O problema está na raiz. Está muito mais embaixo. Estamos tirando sangue de pedra. Outra dificuldade é que todo mundo entrou em pânico e precisava pensar no modelo de entrega. E os serviços dos Correios tiveram excesso de pedidos, não estavam esperando a demanda. Além disso, é preciso pensar como será a taxa cobrada, pensar se o produto está preparado para custar três vezes mais, devido ao valor do frete e outras variáveis.
Por outro lado, você acha que as empreendedoras podem fazer o movimento contrário e, assim, desistirem dos negócios próprios, já que terão mais acesso ao mercado de trabalho? Às vezes, sou mais otimista; outras vezes, não tanto. Temos que deixar explicado que empreender não é fácil. A pessoa tem que gostar e querer muito. Tem que estar bem explícito que ela não pode parar de estudar. Não digo com meio acadêmico, mas com oficinas e todos meios de comunicação. E quando falo do cenário governamental, cada vez mais teremos menos acesso à clt (Consolidação das Leis de Trabalho) e a contratação será como pj (Pessoa Jurídica). Quando falo de contratação pj, é mei (Microempreendedor Individual). A pessoa precisa ter educação para pagar impostos e fazer plano de saúde pelo mei. Ela terá que fazer isso. Eu não gosto. É minha opinião. E a pandemia não pode durar muito. Estamos no limite do fio. Se o acesso à vacina continuar demorando, ficará difícil para o nosso coletivo, por exemplo. Quem está na periferia continuará com subempregos por um tempo. Diante dessa realidade, o que você enxerga como possíveis soluções a curto prazo? Temos parcerias público-privadas no Governo. Mas é necessário começar a pensar em parceria público-públicas. Ou público-coletivos. Ou público-territórios. Temos praças subutilizadas e galpões. Quem está
nesse território são os pequenos coletivos fazendo coisas grandes (oficinas, feiras, consultorias, mentorias e palestras, por exemplo), por que não fazer parceria pública com esses coletivos? Como contrapartida, eles precisam cuidar do espaço e entregar ações determinadas. E o coletivo, além de usar bem o espaço, traria valorização à pessoa. Quando você vê uma praça bem utilizada, não irá destruir. A sensação de segurança muda, porque tem movimento. Existem locais para ginástica e lazer, espaços para feiras. O resultado desse tipo de ação é moroso, mas acontece se for recorrente. Podemos chamar outras secretarias, não apenas a Secretaria da Cultura. Por exemplo, pode-se chamar a Secretaria da Educação para fazer uma aula temática ou a Secretaria da Saúde para um evento de higiene bucal. Em uma praça com quadra, posso trazer a Secretaria de Esporte para fazer uma competição ali. Veja quantas questões resolvemos em um espaço só, em uma comunidade que possui as mesmas necessidades. O formato atual do coletivo, com lives, é o ideal na pandemia. Mas futuramente isso deve ser mantido? O coletivo é híbrido. É físico e digital. Vamos continuar com ações digitais, mas explico às empreendedoras que estamos nos preparando para o mundo físico. O cenário de feiras e eventos, quando abrir a porteira, será o mais promissor. As pessoas vão querer sair. Se eu fizer feira de segunda a domingo, terão pessoas. Quero estar organizada física, psicologicamente e mentalmente para aguentar esse novo normal. Haverá ainda muita imersão no mundo digital, mas o ser humano precisa de contato e viver em sociedade.
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COMO E QUANTO COBRAR PELO SEU TRABALHO dar um preço para seu trabalho é uma tarefa desafiadora. aqui estão algumas dicas de como valorizar o seu trabalho e criar um critério para uma cobrança justa por EFÍ
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e a crise econômica fez disparar o número de empreendedores no Brasil, certamente eles se depararam com muitas dúvidas. Primeiramente, existe a incerteza na definição sobre o melhor negócio para investir. Depois vem a dúvida sobre o quanto cobrar pelo serviço. Afinal, se a grana tá curta para todo mundo, nada mais apropriado que estipular um valor justo. No entanto, o conceito de “justo” varia de acordo com diversos fatores. Mas, de antemão, dá pra adiantar que não existe um valor definitivo para quem é freela e trabalha por conta própria. O preço varia de acordo com o projeto, o grau de dificuldade do serviço e a experiência do profissional. Por isso, preparamos 8 dicas incríveis para não errar na hora de cobrar pelo serviço. A dificuldade em definir o quanto cobrar por um serviço existe porque, ao precificar nosso trabalho, também estamos julgando-o. Pense bem: ao procurar um serviço simples, não desconfiamos de um preço menor do que o imaginado? E quando o preço está alto demais? Assim, ao precificar um trabalho, tenha em mente que o preço não é colocado somente a partir de um esforço. Ele também deve levar em conta um valor agregado do seu trabalho, principalmente. Depois de descobrir o preço de custo chegou a hora de estipular o preço de venda do seu produto ou serviço. Neste momento, não esqueça. Um único centavo pode parecer pouco quando pensamos em um único produto. No entanto, se pensarmos em um grande número de unidades vendidas, esse R$ 0,01 pode se transformar num valor considerável. Então, o que deve ser considerado para criar o seu preço e saber quanto cobrar?
Reconheça o quanto você vale
A experiência de um profissional é um fator fundamental na escolha do preço. O primeiro passo para aprender a precificar um serviço é entender em qual nível o profissional está. Em geral, o mercado trabalha com as seguintes classificações: Junior: até 5 anos de mercado. Pleno: entre 6 e 9 anos de mercado. Sênior: a partir de 10 anos de mercado.rcompetitivo Facilitem as opções para receber pagamentos, isso mostra a maturidade de um negócio. Existem empresas, como a Efí, que dispõem de Contas Digitais para facilitar a vida de empreendedores e ajudar a reduzir custos.
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A regra é uma só. Se você for menos experiente deve cobrar um pouco menos Pesquise a concorrência
Caso você seja um profissional autônomo e não se enquadre na política de níveis profissionais, tente olhar para a concorrência. Até porque de nada adianta estipular um valor x e os seus concorrentes cobrarem um valor muito abaixo ou o contrário. Não é só questão de ganhar mais dinheiro. Alguns clientes, ao verem um orçamento com valores muito abaixo ou muito acima dos demais, podem desistir de fechar negócio. Por isso, corra atrás. Pergunte aos seus consumidores, a conhecidos, a outros profissionais ou até ao Google. A regra é uma só. Se você for menos experiente deve cobrar um pouco menos. Já quem está há vários anos no mercado, poderá cobrar um pouco mais. Vale também ficar de olho nas tendências do mercado. Se o mercado em questão está em alta, o preço a cobrar pode ser um pouco maior. Mas, caso esteja em queda, o preço terá de ser automaticamente mais reduzido. É a lei da oferta e da procura.
Estabeleça uma meta
Outra dica importante para estabelecer quanto cobrar por um serviço é saber o quanto você precisa. Se essa será a única fonte de renda, faça as contas do valor necessário para viver. Por isso, estipule o seu “salário”. Considere a carga tributária que irá recolher e jogue cerca de 30% a mais no valor determinado. Esse será o valor mensal que você terá como base nos próximos cálculos. Por exemplo: se você supõe um salário mensal de valor r$ 2500,00, considere o acréscimo de 30%. Dessa forma, o total será de r$ 3250,00. A dificuldade em definir o quanto cobrar por um serviço existe porque, ao precificar nosso trabalho, também estamos julgando-o. Pense bem: ao procurar um serviço simples, não desconfiamos de um preço menor do que o imaginado? E quando o preço está alto demais? Assim, ao precificar um trabalho, tenha em mente que o preço não é colocado somente a partir de um esforço. Ele também deve levar em conta um valor agregado do seu trabalho, principalmente. No entanto, o conceito de “justo” varia de acordo com diversos fatores. Mas, de antemão, dá pra adiantar que não existe um valor definitivo para quem é freela e trabalha por conta própria. O preço varia de acordo com o projeto, o grau de dificuldade do serviço e a experiência do profissional.
Descubra os custos principais
Por isso, corra atrás. Pergunte aos seus consumidores, a conhecidos, a outros profissionais ou até ao Google. A regra é uma só. Se você for menos experiente deve cobrar um pouco menos. Já quem está há vários anos no mercado, poderá cobrar um pouco mais. Vale também ficar de olho nas tendências do mercado. Se o mercado em questão está em alta, o preço a cobrar pode ser um pouco maior. Mas, caso esteja em queda, o preço terá de ser automaticamente mais reduzido. É a lei da oferta e da procura. Por exemplo: se calcula um salário de r$ 3.500, incluindo os benefícios, divida r$ 3.500 por 160 horas. Esse é o número Identifique as despesas equivalente a 40 horas semanais. Dessa forma, chegaremos Um erro comum aos autônomos e empreendedores na hora ao valor de r$ 21,87 por hora. de cobrar é não considerar os custos envolvidos. É preciso Sob o mesmo ponto de vista, faça uma estimativa de horas colocar na ponta do lápis o que é gasto. Não é preciso embutir que serão gastas para completar um serviço. Por exemplo: a soma de tudo isso num único cliente ou projeto. Por isso, se você precisa de 6 horas para prestar um determinado tenha noção de que esse é um custo que se tem como empresa. serviço, multiplique 6 pela hora trabalhada. Nesse exemplo, o orçamento deveria ser de r$ 131,25 Calcule o valor da hora trabalhada Assim, ao precificar um trabalho, tenha em mente que o Para o profissional recém saído do mercado de trabalho preço não é colocado somente a partir de um esforço. Ele formal, uma dica é olhar para o salário que recebia. Não também deve levar em conta um valor agregado do seu deixe de contabilizar também o valor dos benefícios, como trabalho, principalmente. plano saúde e vale-alimentação. Mas, por que deveria? É preciso levar em conta também Feito isso, divida o valor total, que normalmente é quase o os outros custos envolvidos, conforme descrito no tópico dobro do salário, pelo número de horas mensais trabalhadas. anterior. Some o valor dos custos extras e divida pelo número Assim, você terá o primeiro indício de quanto deve cobrar de horas que você pretende trabalhar durante todo o mês. por hora. Dessa forma você começa a ter noção dos seus Acrescente o resultado ao valor da sua hora trabalhada e essa esforços e tempo gastos no trabalho. será a quantia a ser cobrada pelas suas horas trabalhadas. O primeiro passo para descobrir o preço de venda é saber quanto custa fornecer o serviço. Isso porque muitas vezes é necessário comprar materiais e insumos de terceiros. Por essa razão, é importante fazer uma boa gestão de compras. Depois de descobrir o preço de custo chegou a hora de estipular o preço de venda do seu produto ou serviço. Neste momento, não esqueça. Um único centavo pode parecer pouco quando pensamos em um único produto. No entanto, se pensarmos em um grande número de unidades vendidas, esse r$ 0,01 pode se transformar num valor considerável.
Valor da hora trabalhada: R$ 21,87 Custos fixos mensais: R$ 1000,00 Custos fixos / 200h = R$6,25 Total do valor da hora trabalhada: R$ 21,87 + R$ 6,25 = R$ 28,12. Ou seja, o orçamento final para ser apresentado ao cliente deverá ser de R$ 168,72. O valor é, portanto, referente a 6 horas de trabalho.
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Crédito: Blog iPlace
Acrescente uma margem de lucro
É possível acrescentar ao orçamento uma margem de lucro, termo que todo empreendedor precisa conhecer. Esse é o retorno que a empresa terá ao vender um produto ou serviço. O lucro é o dinheiro que financia o crescimento de um negócio. Em resumo, o lucro é a diferença entre o faturamento obtido com as vendas de um produto ou serviço e os custos de execução do trabalho. A fórmula para calculá-lo é: lucro bruto = receitas totais – custos. A margem de lucro bruto é um valor percentual obtido da relação entre o lucro bruto e a receita total. A fórmula é: margem de lucro = lucro bruto / receitas totais.
Tenha flexibilidade no seu orçamento
Por fim, tenha em mente que cada projeto e cada cliente tem suas particularidades. É sempre bom ter um valor médio para cada serviço, mas, ao ser questionado pelo cliente, que tal conversar? Dessa forma, entenda mais sobre o projeto e as expectativas que o cliente tem para o seu trabalho. Essa é a melhor maneira de fazer um orçamento justo para você e para a empresa que pretende contratá-lo. Dá até para pensar em fazer um desconto. Além disso, uma boa conversa pode ajudar a evitar demandas que se tornam mais complexas ao longo do tempo. Elas podem comprometer seu tempo em um orçamento de baixo valor. Ao chegar aqui, você deve ter percebido que não existe fórmula mágica. É preciso entender o mercado em que atua, o serviço que presta e, principalmente, as dificuldades de seus potenciais clientes. Portanto, apesar de investir um bom tempo fazendo as contas a cada orçamento que enviar, esse investimento valerá a pena. Confiante do quanto cobrar pelo serviço você poderá negociar valores ou, até mesmo, negar propostas descabidas. Uma dica final é não cair na tentação de aceitar valores muito baixos só pela ansiedade em ganhar dinheiro. No fim, você poderá se ver na obrigação de atender um monte de clientes que não pagam o suficiente para você cobrir seus gastos e ter um pequeno lucro. Foque em prospecção, num bom marketing (inclusive considere uma estratégia de marketing digital) e capriche nas propostas. Com o tempo, você vai encontrar clientes dispostos a pagar o valor que seu trabalho merece!
Confiante do quanto cobrar pelo serviço, você poderá negociar valores 66
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conecte-se com o mercado
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O CICLO DO ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO uma pesquisa relizada pela Think Eva traz à tona as questões relacionadas ao assédio sexual, uma reinvenção do mundo do trabalho está em curso e agora ele pode e deve ser livre de assédio por THINK EVA E LINKEDIN
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violência contra a mulher é um dos maiores problemas da sociedade e já se tornou uma epidemia. Falar sobre o assunto com seriedade e dar suporte às vítimas é um dever de todos e também das empresas. A pesquisa realizada com o apoio da Think Eva revela dados alarmantes e evidencia a dificuldade do mundo corporativo em lidar com o problema. Reinventar o ambiente profissional inclui combater o assédio sexual O assédio sexual é sabidamente um dos grandes entraves para o ingresso e o desenvolvimento das mulheres no mundo do trabalho. Para dar contorno, dimensão e profundidade a este grave problema, a Think Eva e o LinkedIn se uniram, no início deste ano, para a realização da primeira pesquisa nacional sobre assédio sexual em ambientes profissionais on e offline. Resultados em mãos, o inesperado aconteceu: o confinamento pelo novo Coronavírus transformou nossas vidas de repente e trouxe novas necessidades e debates urgentes. Do aumento exponencial da violência doméstica e sexual contra meninas e mulheres, passando pela perda de renda generalizada das trabalhadoras informais e enormes barreiras de acesso à saúde da mulher, as desigualdades de gênero nunca estiveram tão evidentes. O assédio ultrapassou a barreira imposta pelo distanciamento social. É importante entender que durante conversas e reuniões online deve-se manter a mesma postura ética. Mas o assédio não deixou de existir. Com a migração do trabalho para o contexto online, o LinkedIn, que é a maior rede profissional do mundo, registrou um aumento de 55% no volume de conversas entre os usuários na plataforma de março de 2019 a março de 2020. Mais conversas e mais assédio aconteciam na internet.iAs reuniões online se transformaram em uma realidade para os grupos mais privilegiados, cujos assediadores são encorajados pela sensação de proteção que a tela do computador lhes dá. Os homens, infelizmente, não se intimidam tão facilmente e seguem vitimizando mulheres profissionais em todo o país, o que representa um gravíssimo problema. Falar sobre assédio nunca deixou de ser urgente, mas hoje recobramos seu sentido de prioridade. Mas o assédio não deixou de existir. Os escritórios, as fábricas, as oficinas começam a se repovoar. Os ambientes digitais seguem sendo uma ferramenta essencial, mas que acaba favorecendo esta violência. Por isso, retomamos aqui nosso compromisso.
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Desigualdade social e de raça provoca uma maior suscetibilidade a trabalhos precarizados
Raiva. Nojo. Impotência. Medo. Humilhação. Mas o assédio não deixou de existir. Esses são alguns dos sentimentos que as participantes da pesquisa “O ciclo do assédio sexual nos ambientes profissionais” disseram sentir por serem vítimas do assédio sexual no ambiente de trabalho. No início de 2020, a Think Eva entrevistou mulheres para esta pesquisa ao redor do Brasil e constatou que, para a maioria delas, o assunto é recorrente e um velho conhecido. Com um índice de confiabilidade de 99%, o questionário online recebeu 414 respostas. Conscientes da diversidade brasileira -e de como alguns contextos podem tornar determinados grupos sociais mais ou menos suscetíveis a violências-, a mostra, que teve o recrutamento via Instituto Netquest, é representativa da população brasileira em relação à raça, região, idade e renda, considerando o público presente na internet.
O que é assédio sexual?
Definido por lei como o ato de “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função” (Código Penal, art. 216-a). Diante deste contexto, olhar para o mercado de trabalho com uma lupa interseccional é fundamental para compreender a origem dessas violências. Historicamente, a população negra enfrenta os piores indicadores de empregabilidade no Brasil. A desigualdade social e de raça provoca uma maior suscetibilidade a trabalhos precarizados e, por consequência, à violação de direitos. O cruzamento de outros dados com o quesito racial também escancara outras disparidades. O Atlas da Violência lançado em 2020 mostrou que, em 2018, uma mulher foi assassinada no Brasil a cada duas horas, totalizando 4.519 vítimas. Dessas, 68% são mulheres negras. Em outra vertente, o estudo ‘A cor da violência: Uma análise dos homicídios e violência sexual na última década’, desenvolvido com base nos dados do Sistema Único de Saúde (sus), aponta que, em 2017, mulheres negras sofreram 73%
dos casos de violência sexual registrados no Brasil. Para as mulheres brancas o percentual é de 12,8%. E é necessário ainda reconhecer que a hiperssexualização do corpo da mulher é, historicamente, um símbolo das narrativas que compõem a publicidade, filmes e novelas brasileiras. Portanto, a coisificação do corpo feminino faz parte do imaginário e da cultura nacional. Este é mais um aspecto que atinge mulheres negras de forma particular, já que o corpo negro foi desumanizado, visto como reprodutor e objeto sexual por séculos, herança do nosso período escravocrata, resultandoo no panorama atual. Partindo deste cenário, a pesquisa “O ciclo do assédio sexual nos ambientes profissionais” reconhece o racismo como um dos fatores que agravam a condição das mulheres negras. Por isso, combater o ciclo do assédio sexual no ambiente de trabalho também passa por considerar essas especificidades, para que não sobrem brechas. Estabelecer políticas que combatam o assédio precisa caminhar junto com a construção de organizações que vislumbrem um futuro antirracista, antissexista e mais igualitário para todas as mulheres.
disseram não saber. A renda familiar tem uma influência neste aspecto. Quanto maior o rendimento, maior a frequência com que as discussões relativas a esta pauta acontecem. Esse processo de conscientização das mulheres tem feito com que empresas e organizações busquem opções para a promoção de mudanças organizacionais estruturais. O relatório Tendências Globais de Talentos 2019, criado e publicado anualmente pelo LinkedIn, analisa perspectivas comportamentais, reúne estudos de casos e dicas de especialistas para inspirar e nortear empresas a caminharem para o futuro do trabalho. Entre as recomendações de 2019, uma das quatro tendências que aparecem como fundamentais no mundo dos talentos é o desenvolvimento de políticas antiassédio e a necessidade de implementar ações para a construção de um ambiente de trabalho livre da violência sexual. Mesmo assim, na atualidade, a identificação dos casos continua sendo um desafio. As participantes mostraram um entendimento mais literal sobre o que é ou não assédio. Neste âmbito, a associação tende a ser às violências mais explícitas, como a física, deixando de lado as mais sutis, como a verbal e a psicológica.
Sabem o que é e falam sobre assédio, mas falta apoio para reagir
Ações mais associadas ao assédio sexual
Portanto, ao mesmo tempo em que as mulheres conversam mais sobre o assunto, existe um desconhecimento sobre as melhores formas de identificar situações de assédio sexual. Esse contexto aparece quando 10% das entrevistadas dizem não saber se já passaram por algum episódio de assédio, assim como outros 10% não sabem identificar situações correlatas em seus ambientes de trabalho.
crédito: Shutterstock
As mulheres estão cada vez mais vocais em relação à violência sexual. A pesquisa mostra que este é um assunto recorrente. Elas conhecem o tema e sabem do que se trata. Do total de entrevistadas, 51,4% disseram conversar frequentemente sobre isso e 95,3% afirmam saber o que é assédio sexual no ambiente de trabalho. Apenas 0,3% das mulheres ouvidas
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Nos casos em que a mulher reconhece ter sido vítima de um caso de assédio, existe uma distorção entre a identificação e a reação. Os principais sentimentos que as vítimas relatam são raiva, nojo, medo, impotência, vergonha, humilhação e culpa. E 10% acham que a culpa pela violência é delas. O sentimento de insegurança é 11 pontos percentuais maior entre classes econômicas mais baixas. Aqui, a intersecção de classe e raça traz aspectos específicos para as mulheres negras e mais pobres. A sensação de insegurança é maior entre mulheres com renda de até 2 salários mínimos (50,8%). Este mesmo grupo, assim como as participantes pretas e pardas (54%), também são maioria em afirmar que sentem vergonha por serem vítimas de assédio sexual. O índice chega a ser 10 pontos percentuais superior à média de mulheres com outros perfis. A perda da autoconfiança é relatada com frequência, assim como um impacto negativo na performance profissional, a sensação de que seriam culpabilizadas pelo que aconteceu ou de que provocaram o episódio. Mulheres com um rendimento financeiro menor lideram os percentuais. Evidencia como o ciclo do assédio sexual no ambiente de trabalho traz impactos emocionais e profissionais para a vítima. No Brasil, as mulheres têm o menor índice de ocupação. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (pnad Contínua) do quatro trimestre de 2018 mostraram que, embora representem 52,4% da população em idade de trabalhar, mulheres correspondiam a 45,6% da população empregada, enquanto os homens, 64,3%. Uma das constatações da pesquisa é que enquanto o agressor sai impune, a vítima é a única que sofre as consequências Após o período de pandemia, este cenário só agravou. Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipea), indicou que a participação das mulheres no mercado de trabalho é a menor em 30 anos. Portanto, o risco de perder o posto de trabalho e enfrentar o desemprego por mais tempo é mais eminente para mulheres. E o contexto de desigualdade social pode trazer impactos estruturais muito graves para grupos sociais mais vulnerabilizados. 92% solicitação de favores sexuais 91% contato físico não solicitado 60% abuso sexual
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Além disso, as participantes afirmam terem sentimentos como cansaço (31,7%) e falta de confiança em si e nos outros (30,3%). Sintomas de ansiedade e depressão também são comuns e aparecem em quarto lugar no ranking.
A área de Recursos Humanos não é vista como aliada
Poucas corporações encaram, solucionam e amparam as vítimas de uma forma transparente e comprometida. Mudar este caminho é o maior desafio para evitar que mais profissionais afastem-se dos seus objetivos. Para 78,4% das respondentes, a impunidade é a maior barreira para a denúncia, seguida de políticas ineficientes (63,8%) e medo (63,8%). A sensação de impotência faz com que o silêncio e a solidão sejam os resultados mais recorrentes. Metade delas prefere dividir o ocorrido apenas com pessoas próximas; 33% não fazem nada e 14,7% optam pela demissão.
O silêncio em torno do assédio
Frequentemente, a responsabilidade recai sobre a mulher, assim como a necessidade de arcar com as consequências deste ciclo, como o desenvolvimento de doenças mentais, por exemplo. Enquanto isso, o comum é que o agressor mantenha seu emprego, sua rede de relacionamentos e a carreira intactos. Neste contexto, a falta de políticas organizacionais que respondam de forma mais resolutiva e apropriada para as vítimas endossa a perpetuação dos casos de assédio. As participantes relataram que a maior barreira para a denúncia
crédito: Shutterstock
Facebook 4,13 Instagram 4,12 Whatsapp 4,08
Twitter 3,29 LinkedIn 2,32
Ainda assim, a plataforma começou a acumular alguns casos. Do total, 13,4% das mulheres afirmaram ter passado por casos de assédio no LinkedIn. O principal canal por onde os assédios ocorrem são as mensagens privadas, seguidas por comentários em notícias e artigos. Além disso, as participantes afirmam terem sentimentos como cansaço (31,7%) e falta de confiança em si e nos outros (30,3%). Sintomas de ansiedade e depressão também são comuns e aparecem em quarto lugar no ranking.
Maiores barreiras para a denúncia
O LinkedIn aumentará o suporte às mulheres vítimas de assédio
é a impunidade: 78,4% delas acreditam que nada de fato acontecerá caso denunciem o crime dentro das corporações em que trabalham. Além disso, 63,8% afirmam que há um ciclo de descaso e que as pessoas diminuem os casos de assédio sexual. A responsabilidade recai sobre a mulher, assim como a necessidade de arcar com as consequências deste ciclo, como o desenvolvimento de doenças mentais, por exemplo. Enquanto isso, o comum é que o agressor mantenha seu emprego, sua rede de relacionamentos e a carreira intactos.
78% impunidade – nada de fato acontecerá 64% descaso – as pessoas diminuem o que aconteceu 64% medo de ser exposta 60% descrença – as pessoas dificilmente acreditam 60% medo de ser demitida 41% colocariam a culpa em mim 27% falta de certeza se foi um assédio sexual 16% sentimento de que a culpa foi minha
Hoje, o nível de solução se encontra apenas sob responsabilidade da própria vítima. E isso acaba por gerar um ciclo de adoecimento que, por vezes, pode resultar no afastamento das mulheres de suas carreiras profissionais. A perda da autoconfiança é relatada com frequência, assim como um impacto negativo na performance profissional, a sensação de que seriam culpabilizadas pelo que aconteceu ou de que provocaram o episódio. Mulheres com um rendimento financeiro menor lideram os percentuais. Evidencia Assédio sexual nas redes sociais como o ciclo do assédio sexual no ambiente de trabalho traz profissionais e não profissionais impactos emocionais e profissionais para a vítima. Além da amostragem colhida pela parceria com o Instituto Embora representem 52,4% da população em idade de Netquest, com um total de 418 respondentes, o LinkedIn trabalhar, mulheres correspondiam a 45,6% da população também aplicou um questionário feito dentro da própria empregada, enquanto os homens, 64,3%. plataforma. No total, 1600 pessoas participaram da pesquisa. A perda da autoconfiança é relatada com frequência, assim Neste caso, o foco era analisar como as usuárias são atingidas como um impacto negativo na performance profissional, a por casos de assédio sexual nas redes sociais. sensação de que seriam culpabilizadas pelo que aconteceu O LinkedIn é a rede mais utilizada com fins profissio- ou de que provocaram o episódio. Mulheres com um rendinais. Segundo as participantes, 69,3% preferem este recurso, mento financeiro menor lideram os percentuais. Evidencia seguido do Whatsapp (60,4%), que é mais comum entre como o ciclo do assédio sexual no ambiente de trabalho traz pessoas com rendimentos financeiros mais baixos. O Fa- impactos emocionais e profissionais para a vítima que se cebook aparece logo em seguida (41, 2%) e o Instagram está torna casa vez mais vulnerável. na quarta posição (36,7%). É possível quebrar este ciclo e construir um ambiente Com relação ao espaço virtual com maior suscetibilidade seguro para as mulheres. Para isso, é fundamental criar ao assédio, o LinkedIn aparece na última posição. Numa mecanismos e estratégias para não apenas ouvir e encamiescala de vulnerabilidade de 1 a 5, sendo 5 mais vulnerável nhar as denúncias, mas acolher a vítima e agir para evitar a e 1 menos, o LinkedIn recebeu uma nota média de 2,32. sistemática repetição do crime de assédio sexual. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Assédio sexual nas redes sociais profissionais e não profissionais
Além da amostragem colhida pela parceria com o Instituto Netquest, com um total de 418 respondentes, o LinkedIn também aplicou um questionário feito dentro da própria plataforma. No total, 1600 pessoas participaram da pesquisa. Neste caso, o foco era analisar como as usuárias são atingidas por casos de assédio sexual nas redes sociais. O fato do LinkedIn ser a rede em que as pessoas se sentem menos vulneráveis pode estar relacionado ao fato desse ser um espaço mais ligado ao ambiente profissional e, por isso, estar associado a um comportamento que carrega estes valores. O LinkedIn é a rede mais utilizada com fins profissionais. Segundo as participantes, 69,3% preferem este recurso, seguido do Whatsapp (60,4%), que é mais comum entre pessoas com rendimentos financeiros mais baixos. O Facebook aparece logo em seguida (41, 2%) e o Instagram está na quarta posição (36,7%) do ranking. Com relação ao espaço virtual com maior suscetibilidade ao assédio, o LinkedIn aparece na última posição. Numa escala de vulnerabilidade de 1 a 5, sendo 5 mais vulnerável e 1 menos, o LinkedIn recebeu uma nota média de 2,32. As redes com maior possibilidade de sofrer assédio sexual, segundo as participantes, são o Facebook (4,13), Instagram (4,12), Whatsapp (4,08) e Twitter (3,29). O fato do LinkedIn ser a rede em que as pessoas se sentem menos vulneráveis pode estar relacionado ao fato desse ser um espaço mais ligado ao ambiente profissional e, por isso, estar associado a um comportamento que carrega estes valores. A principal forma de reação, nesse caso, é bloquear a interação. A maioria das mulheres não denunciam as mensagens pelos canais oficiais do LinkedIn (clicando nos três pontos disponíveis no canto superior de publicações, comentários e conversas), para que a plataforma tome uma ação. Dentre os estímulos à denúncia, as participantes destacam que é fundamental garantir que a corporação se posicione oficialmente nestes casos e que a plataforma invista em políticas e encaminhem para a resolução do problema. Neste sentido, 40,9% afirmam que o ideal seria ter a garantia do problema resolvido. Em segundo lugar está a importância que o público vê em um posicionamento oficial do LinkedIn em relação a esse tema (36,4%).
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Fundamental garantir que a corporação se posicione oficialmente nestes casos
Desenvolvimento de Ações Preventivas
Ações de conscientização sobre assédio na plataforma, tanto para assediadores quanto para possíveis vítimas como: informar às pessoas o que elas devem fazer, conscientização e estatísticas dos casos, monitoramento das redes e de perfis já denunciados, além de um processo transparente de denúncia e com acesso à resolução do problema. O LinkedIn é a rede mais utilizada com fins profissionais. Segundo as participantes, 69,3% preferem este recurso, seguido do Whatsapp (60,4%), que é mais comum entre pessoas com rendimentos financeiros mais baixos. O Facebook aparece logo em seguida (41, 2%) e o Instagram está na quarta posição (36,7%). Os feedbacks levantados neste estudo deram início a uma série de iniciativas e projetos do LinkedIn para proteger ainda mais suas usuárias contra o assédio. Entre as iniciativas, a empresa fortaleceu suas Políticas da Comunidade A principal forma de reação, nesse caso, é bloquear a interação. A maioria das mulheres não denunciam as mensagens pelos canais oficiais do LinkedIn (clicando nos três pontos disponíveis no canto superior de publicações, comentários e conversas), para que a plataforma tome uma boa ação. A principal forma de reação, nesse caso, é bloquear a interação. Os feedbacks levantados neste estudo deram início a uma série de iniciativas e projetos do LinkedIn para proteger ainda mais suas usuárias contra o assédio. Entre as iniciativas, a empresa fortaleceu suas Políticas da Comunidade Profissional para casos de condutas inadequadas de assédio agressão ou antiprofissionalismo, além da implementação de modelos de inteligência artificial para detectar possíveis abusos nas mensagens privadas. Agora, antes mesmo das destinatárias as receberem, a rede oculta conteúdos abusivos e oferece à usuária a possibilidade de revelar, visualizar e, opcionalmente, fazer a denúncia. Outras ações incluem a implementação de novo ciclo de feedbacks para as usuárias que denunciam conteúdo impróprio, informando-as sobre as medidas que foram tomadas em relação a sua denúncia, além da criação de campanhas educacionais recorrentes, como é o caso deste projeto.
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LAYOFF E O MERCADO DE TRABALHO o layoff, um mecanismo legal para suspender temporariamente os contratos de trabalho, é uma medida adotada por empresas em momentos de crise para reduzir custos e manter o capital humano, mas exige cuidados para evitar impactos negativos por LUIZA MACHADO
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ruto de um cenário econômico desfavorável, os programas de layoff são cada vez mais comuns. Muito confundidos com demissões em massa, eles são postos em prática pelas empresas visando reduzir os custos, tendo sido amplamente utilizados durante o período de pandemia. Entretanto, por conta disso, podem ser especialmente difíceis de lidar, tanto para o Capital Humano quanto para o RH. Os programas de layoff são uma das grandes pautas do momento no mundo corporativo. O termo, que ganhou maior visibilidade recentemente, diz respeito a uma medida tomada pelas empresas visando reduzir custos e adequar as O que é layoff? atividades empresariais a novas demandas mercadológicas. Em uma interpretação literal, o termo layoff se traduz como E se engana quem pensa que esse tipo de medida é tomado "período de inatividade", o que por si só oferece uma visão apenas por empresas pequenas e médias: nos últimos tempos, significativa de sua essência. Layoff refere-se à dispensa gigantes como a Amazon, a Meta (dona do Facebook) e até temporária de um profissional, motivada por razões que não o Spotify passaram por esses processos. estão vinculadas ao seu comportamento ou desempenho, Para os colaboradores, a ideia de sofrer um layoff pode ser sendo a redução de custos o principal impulso. Essa prática bem assustadora, uma vez que também implica em sus- também pode ser adotada quando uma empresa enfrenta pender uma vaga por determinado período. Entretanto, é processos de reestruturação, necessitando ajustar seu Capital importante ressaltar que demissões e layoffs não tratam da Humano, ou em situações de encerramento sazonal, além mesma questão e, ao contrário do que muitos pensam, esses de ser uma estratégia aplicada em momentos de recessão recursos são aplicados como uma medida para tentar reter econômica, como foi evidenciado durante a pandemia. os talentos em um momento futuro. Inclusive, os programas É crucial ressaltar que o layoff está respaldado por lede layoff estão previstos em lei e, caso o colaborador sofra gislação, conferindo às empresas uma base legal para sua um, existem diversas disposições legais a serem cumpridas. implementação. Isso significa que as organizações podem Mesmo assim, é necessário que o departamento de Re- fazer uso dessa medida quando buscam se recuperar de cursos Humanos e as lideranças das empresas possam se períodos de crise, instabilidade econômica ou quando se preparar para lidar com essas questões – afinal, é sempre deparam com possibilidades que demandam uma reconmais interessante evitar a necessidade de fazer um layoff. figuração temporária de seus recursos humanos.Também Além disso, apesar de as suspensões temporárias serem mostra a necessidade de amporo legal para a ação. aplicadas com o intuito de reduzir custos, para os profisEssa prática, além de servir como um mecanismo de resionais, viver sob a “ameaça” de ter o contrato suspenso dução de custos, também pode representar uma estratégia provoca insegurança e instabilidade. Esse cenário pode proativa por parte das empresas, permitindo a preservação de causar quadros de estresse e desmotivação, que afetam o empregos a longo prazo ao evitar demissões permanentes em potencial produtivo do negócio como um todo. Mas, como momentos de adversidade. Portanto, o layoff se destaca como fazer layoffs da melhor forma possível? É o que você vai uma ferramenta flexível e regulamentada, proporcionando descobrir no artigo de hoje! Para os colaboradores, a ideia às empresas uma maneira de enfrentar desafios econômide sofrer um layoff pode ser bem assustadora, uma vez que cos de curto prazo sem comprometer irremediavelmente a também implica em suspender por determinado período. estabilidade de seu quadro de funcionários. O layoff, inclusive, é uma medida prevista em lei que serve para ajudar as empresas em momentos de instabilidade. Os profissionais com contratos suspensos têm uma série de direitos que os demitidos não têm, como a manutenção do salário e dos benefícios durante o tempo de suspensão. Evidentemente, ambos os cenários são preocupantes para os colaboradores, uma vez que os layoffs são utilizados em momentos de crise financeira e instabilidade – o que significa que as condições da empresa não são nada boas. Entretanto, no caso do layoff, os esforços também estão relacionados a não demitir funcionários nem arcar com os gastos de multas rescisórias. No caso da dispensa definitiva, o vínculo com o profissional é cortado, as multas são pagas e cabe a ele se recolocar no mercado, esses recursos são aplicados como uma medida para tentar reter os talentos em um momento futuro.
O layoff é uma medida prevista em lei que serve para ajudar as empresas em momentos de instabilidade
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Paul Schneider
Como o termo surgiu?
tivas foram muito utilizadas durante a pandemia, diversas O layoff como conhecemos hoje teve origem na década empresas usaram o termo layoff para tentar tirar o peso de de 1970, nos Estados Unidos. Nesse contexto, a palavra ações que poderiam afetar negativamente a reputação delas surge como um processo de diminuição de carga horária no mercado. Mas é importante ressaltar que existem diversas ou mesmo de suspensão total da jornada de trabalho dos diferenças tanto conceituais quanto legais sobre os termos. profissionais em tempos de instabilidade econômica. Outro Enquanto o layoff pressupõe a suspensão do trabalho por contexto dessa época normalmente associado aos layoffs um tempo determinado (que pode variar entre dois e cinco eram os períodos de inatividade entre contratos de trabalho. meses), as demissões em massa são definitivas e cortam É válido ressaltar que, com o tempo, o conceito passou a vínculos com o funcionário. ser associado somente às suspensões temporárias – não às O layoff, inclusive, é uma medida prevista em lei que serve definitivas, como se fazia no início. para ajudar as empresas em momentos de instabilidade. Já no Brasil, o termo passou a ser muito utilizado durante Os profissionais com contratos suspensos têm uma série a greve das montadoras em 2015, quando milhares de fun- de direitos que os demitidos não têm, como a manutenção cionários das fábricas tiveram seus contratos suspensos do salário e dos benefícios durante o tempo de suspensão,. temporariamente para evitar desligamentos em massa no Evidentemente, ambos os cenários são preocupantes setor. Outras medidas adotadas pelas empresas na época para os colaboradores, uma vez que os layoffs são utilizados foram a redução da jornada de trabalho, adoção de férias em momentos de crise financeira e instabilidade – o que coletivas e utilização do banco de horas. significa que as condições da empresa não são nada boas. Os layoffs também foram muito utilizados durante outro Entretanto, no caso do layoff, os esforços também estão período de recessão mais recente: a pandemia. Com diversos relacionados a não demitir funcionários nem arcar com os setores comprometidos por conta dos danos na economia, gastos de multas rescisórias. No caso da dispensa definitiva, muitas empresas optaram por reduzir a carga horária de o vínculo com o profissional é cortado, as multas são pagas seus colaboradores. Houve, inclusive, acordos com o Governo e cabe a ele se recolocar no mercado. para conseguir cumprir o salário integral.
Diferença entre layoff e demissão em massa
Layoff no Brasil: como funciona?
No Brasil, o layoff está previsto na lei da clt. Logo, as O layoff e as demissões em massa vêm sendo tratados como empresas podem acionar a medida caso estejam passansemelhantes nos últimos tempos, o que gera bastante con- do por um momento de instabilidade – esse, inclusive, fusão sobre os processos. Afinal, como as dispensas cole- foi o caso de organizações durante a pandemia. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Quando o recurso é utilizado, é possível escolher entre duas possibilidades: redução de jornada de trabalho e de salário ou suspensão do contrato de trabalho com finalidade de qualificação profissional. Caso a organização opte pela primeira alternativa, a lei prevê redução de até 25% da jornada e, consequentemente, do salário do profissional. Nesse caso, no entanto, a empresa continua responsável pelo pagamento de salários e benefícios. Durante a pandemia, a Medida Provisória 936/2020 concedeu a redução de até 70% de carga horária e salário, o que foi muito importante para garantir a manutenção de diversas empresas. Já no caso de suspensão, o profissional precisa ser notificado com antecedência de pelo menos 15 dias. Nesse caso, a lei permite a suspensão de dois a cinco meses de serviço, desde que o profissional participe de um curso de qualificação durante o período. Nessa modalidade de layoff, o salário é pago pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (fat). Também é preciso que haja um acordo firmado para que seja possível acionar essa medida ou uma convenção coletiva de trabalho. Todas essas questões estão descritas na medida provisória 2.164-41, que foi acrescentada ao artigo 476-6 da clt. A possibilidade da redução temporária de salário, por sua vez, aparece na Lei 4.923/65. De acordo com o art. 2, “a empresa que, em face de conjuntura econômica, devidamente comprovada, se encontrar em condições que recomendem, transitoriamente, a redução da jornada normal ou do número de dias do trabalho, poderá fazê-lo, mediante prévio acordo com a entidade sindical representativa dos seus empregados”. Sobre a redução salarial, o artigo diz: “não excedente de 3 (três) meses, prorrogável, nas mesmas condições, se ainda indispensável, e sempre de modo que a redução do salário mensal resultante não seja superior a 25% (vinte e cinco por cento) do salário contratual, respeitado o salário-mínimo .
Os direitos do trabalhador no layoff
Direitos dos profissionais que entram em layoff. É preciso que haja um acordo entre empregador e empregado, com convenções e/ou acordos coletivos que também envolvam os sindicatos. Também é um direito do trabalhador que haja notificação prévia antes de sofrer um layoff – e os profissionais precisam assinar um termo autenticado por organizações governamentais confirmando que estão cientes e concordam com o que foi estabelecido.
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O trabalhador não pode ter o contrato suspenso mais de uma vez em um intervalo de 16 meses. Além disso, independente da modalidade de layoff, é preciso que o salário e os benefícios dos colaboradores continuem sendo pagos durante a suspensão, seja de forma exclusiva pela empresa ou com o auxílio do Governo. Também é possível compensar o valor dos benefícios com auxílios pré-determinados. A suspensão não pode passar de cinco meses, uma vez que ela também é paga com recursos do fat e o Governo não pode extrapolar o teto de gastos públicos. Além disso, cabe ressaltar que alguns profissionais específicos não podem ser incluídos nos layoffs, devidos as suas prórpias especificidades. Pessoas que estejam de licença médica, por exemplo, não podem fazer parte do layoff nem ser demitidos. Cabe mencionar, ainda, que um layoff com o profissional trabalhando normalmente ou sem programas de qualificação, por exemplo, configuram situações que adulteram o acordo (fraude). Nesse caso, a empresa fica sujeita a medidas judiciais, quem podem ser acionadas de diversas formas. A análise aprofundada desse cenário revela que o impacto do layoff vai além das evidentes quedas na produtividade e motivação. Ao reduzir a jornada de trabalho dos profissionais, o layoff não apenas diminui o tempo efetivo dedicado às atividades laborais, mas também influencia significativamente a dinâmica e o ritmo de trabalho. Essa mudança na carga horária pode resultar em processos mais lentos e menos produtivos, tendo impacto no cotidiano.
que os profissionais estejam preparados para explorar novas oportunidades no mercado de trabalho, o que torna a transparência e a abertura para diálogo ainda mais essenciais para este período de mudança.
O que fazer para evitar o layoff na sua empresa?
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Reduzir os custos Para mitigar a necessidade de recorrer aos layoffs, é crucial priorizar a identificação e implementação de oportunidades de redução de custos o mais cedo possível. Como mencionado anteriormente, as suspensões temporárias são medidas de emergência que devem ser acionadas somente em situações de aperto financeiro significativo. Assim, a prevenção eficaz passa por uma alocação mais estratégica dos recursos da empresa. Desenvolver uma cultura de conscientização em relação aos gastos, envolvendo tanto gestores quanto funcionários em todos os níveis, é fundamental para criar um ambiente propício à redução de custos. Essa conscientização, quando compartilhada em toda a organização, estabelece uma base sólida para obter o apoio total do Capital Humano na busca por alternativas à medida emergencial do layoff.Investir em tecnologia Desenvolver uma cultura de conscientização em relação aos gastos, envolvendo tanto gestores quanto funcionários em todos os níveis, é fundamental para criar um ambiente Desvantagens do layoff propício à redução de custos. Essa conscientização, quando Apesar das vantagens, o layoff não é garantia de que a empresa compartilhada em toda a organização, estabelece uma vai conseguir se reestruturar. A medida é uma resposta a base sólida para obter o apoio total do Capital Humano situações de crise e, por isso, sempre vai gerar incertezas – na busca por alternativas à medida emergencial do layoff. tanto para a empresa quanto para os profissionais. Caso o layoff não alcance os resultados esperados, pode ser necessário Investir em tecnologia dispensar os colaboradores de vez – o que, obviamente, vai O investimento em tecnologia é um aliado importante na gerar uma série de gastos com multas rescisórias. Assim, redução de custos. Com ela, é possível criar processos autoé preciso considerar que há uma crise iminente para que matizados, o que aumenta a assertividade e a agilidade do a medida seja tomada. Pode acabar tendo a reputação no serviço ao passo em que diminui o custo operacional. Dessa mercado manchada ou mesmo ter que fechar as portas de vez. forma, a empresa não precisa contratar mão de obra (ou gastar Outro fator que vale destacar é que, com o layoff, há quedas tempo dos profissionais que já estão inseridos na organização) na produtividade e na motivação. Afinal, se os profissio- para desempenhar funções que um software poderia fazer. nais estão com parte da jornada suspensa, eles trabalham por menos tempo. A isso, é somada a insegurança causada Capacitar os colaboradores pela medida, uma vez que os colaboradores não sabem o Investir em treinamento e desenvolvimento para os proque será do próprio futuro na empresa. Logo, a tendência é fissionais aumenta seus níveis de prontidão, o que os torna que o desempenho caia sob essas circunstâncias. A isso, é mais eficientes e produtivos. Por isso, mesmo que os cussomada a insegurança causada pela medida, uma vez que tos sejam altos, esse tipo de investimento gera retorno os colaboradores não sabem o que será do próprio futuro na empresa. Logo, a tendência é que o desempenho caia sob essas circunstâncias. Além disso, a incerteza que permeia o ambiente de trabalho durante um layoff pode gerar ansiedade e desmotivação entre os colaboradores. É crucial que a empresa mantenha uma comunicação transparente, fornecendo informações sobre os desenvolvimentos e os progressos da medida, de modo a permitir que os funcionários compreendam o panorama geral. Em algumas situações, pode ser necessário # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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financeiro direto para a organização. Em médio e longo prazos, essa pode ser a diferença entre haver ou não a necessidade de implementar um layoff. Gera retorno financeiro direto para a organização. Em médio e longo prazos, essa pode ser a diferença entre haver ou não a necessidade de implementar um layoff.
Crédito: Fernanda Ferreira
Manter um controle financeiro O controle financeiro também é algo importante para prevenir o layoff. A empresa deve estar atenta aos gastos e, se houver a necessidade, implementar reduções antes mesmo uma prioridade para a empresa, ela garante de antemão que seja necessário adotar o layoff. Esse tipo de cuidado é que vai contratar um profissional com potencial de profundamental para manter a saúde financeira do negócio. dutividade maior e com menos espaço para desmotivação, o que também traz resultados mais significativos quanto Flexibilizar a jornada à produtividade e à rentabilidade. Manter o modelo presencial de trabalho todos os dias gera Aliás, para realizar processos seletivos mais assertivos, é gastos com luz, água, alimentação e custos de desloca- importante contar com um software potente, capaz de auximento. Uma alternativa interessante para diminuir custos liar a empresa a encontrar os colaboradores mais adequados em uma organização sem abrir mão da produtividade é para as funções em aberto. O ETALENT Pro é uma ferramenta adotar modelos de trabalho mais flexíveis, como o híbrido com usos diversificados, que pode ajudar a organização a ou o remoto. Uma alternativa interessante para diminuir aumentar sua produtividade usando o comportamento de custos em uma organização sem abrir mão da produtivi- seus colaboradores como motivador. dade é adotar modelos de trabalho mais flexíveis, como o híbrido ou o remoto. Além de serem populares entre os profissionais, os gastos são reduzidos dramaticamente O que esperar para os próximos anos? sob essas condições. Nos últimos anos, os profissionais brasileiros têm testemunhado uma crescente incidência de layoffs em suas empreContratar de forma otimizada sas, especialmente no setor de tecnologia. Esses eventos, Quando a empresa realiza processos de Recrutamento e caracterizados por demissões em massa disfarçadas como Seleção otimizados, ela leva em conta não apenas as com- suspensões temporárias, têm se tornado uma realidade preopetências técnicas dos candidatos, como também as cha- cupante desde 2022. Este fenômeno reflete as complexidades madas soft skills. Isso porque o perfil comportamental e desafios enfrentados pelos negócios, sendo uma resposta pode e deve ser utilizado para contratar os candidatos direta às condições adversas que marcaram esse período. mais adequados às demandas da função. Se esse match é Contrariamente à percepção comum, os programas de layoff não são simples sinônimos de demissões em massa; eles são concebidos como uma alternativa legal para preservar o capital humano durante crises e períodos de baixa rentabilidade. Essas suspensões temporárias, previstas em lei, têm o objetivo de oferecer uma solução que permita às empresas enfrentar desafios econômicos sem a necessidade imediata de cortes permanentes na força de trabalho. Entretanto, é crucial reconhecer que a adoção do layoff não é isenta de consequências e, muitas vezes, gera instabilidade e insegurança entre os colaboradores. A falta de clareza na comunicação dessas medidas, muitas vezes, pode ampliar o impacto negativo, levando a uma deterioração do ambiente de trabalho e comprometendo a moral da equipe. Diante desse contexto, torna-se imperativo que as empresas implementem medidas proativas para prevenir a necessidade de recorrer ao layoff. Estratégias eficazes de gestão, como a diversificação de receitas e a adaptação rápida às mudanças do mercado, são fundamentais para fortalecer a resiliência organizacional e garantir uma empresa mais bem estruturada. 82
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ECONOMIA CRIATIVA: VOCÊ SABE O QUE É? A economia criativa tem ganhado cada vez mais relevância. Mais e mais pessoas se vêem atraídas em colaborar para que trabalhos criativos cheguem a um público mais abrangente, fomentando a cultura por SAMIRA CHEDID
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tualmente, ao se pensar em novas formas de desenvolvimento que ultrapassem a visão exclusiva de crescimento econômico, o termo Economia Criativa entra em pauta, pois busca estabelecer uma relação entre a tecnologia, a inovação, cultura, criatividade e sustentabilidade. Mas como e onde surgiu a Economia Criativa? Quais são as áreas envolvidas nesse meio? E no Brasil, como funciona? Diante disso, neste texto abordaremos essa nova perspectiva de olhar sobre os modos de produção econômica, relacionando-a com a área de políticas públicas representado em âmbito nacional por meio do Plano da Secretaria Sustentável, a "Rio+20", que aconteceu em 2012 no Brasil da Economia Criativa. também trouxe essa discussão sobre a Economia Criativa por meio da cultura, a colocando como o quarto pilar do Como surgiu a economia criativa? desenvolvimento sustentável. Por outro lado, este é um O conceito de Economia Criativa é relativamente novo, por- processo gradual de reconhecimento da cultura e da criatitanto, não há uma definição “pronta” e única sobre o termo. vidade, que depende dos objetivos de cada nação em firmar O que podemos afirmar é que a ideia da Economia Criativa, ou não este compromisso. como o próprio nome diz, é unir economia com criatividade, possuindo como matéria-prima o capital intelectual, isto Quais os setores da economia criativa? é, carregado por valores simbólicos. Assim, de um lado A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desentemos a Economia, que diz respeito à ciência que regula a volvimento (unctad) elaborou um modelo que classifica produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços. E, as indústrias criativas em quatro eixos, que são: patrimôde outro lado, temos a criatividade, que significa ser capaz nio, artes, mídia e criações funcionais, sendo que juntas se de criar algo ou transformar algo que já existe. Ambas de desmembram em nove setores. A seguir, desmebramos o igual relevância e importância neste estudo. modelo em cada eixo. O pesquisador britânico e especialista na área, John Howkins, sustenta que é justamente a relação que se dá entre a economia, a criatividade e o campo simbólico que constitui a Economia Criativa. Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento Eixo do Patrimônio (unctad) a economia criativa é: “[…] um conjunto de atiExpressões culturais tradicionais vidades econômicas baseadas no conhecimento com uma Sítios culturais dimensão de desenvolvimento e ligações transversais a níveis macro e micro à economia global.” (unctad, 2010, Eixo das Artes p.10, tradução nossa). Artes visuais Antes mesmo de surgir o termo Economia Criativa, já Artes dramáticas havia a noção de indústrias criativas, criado por volta da década de 1990 na Austrália e muitas vezes esses conceitos Eixo da Mídia são usados como sinônimos, mesmo que não sejam. Nesse Audiovisual período ocorreu a publicação do relatório chamado Creative Publicidade Nation: commonwealth cultural policy, que trouxe a importânMídia impressa. cia de se levar em consideração o potencial econômico das mais variadas atividades culturais. Outro evento importante, Eixo das Criações Funcionais a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Design Novas mídias Serviços criativos
Assim, todos os empregos e ocupações que se relacionam a esses setores são considerados como ocupações criativas. De acordo com o Plano da Secretaria da Economia Criativa, os setores criativos são “aqueles cujas atividades produtivas 86
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Créditos: esuimarina
O segmento cultural, por exemplo, foi o mais afetado pela pandemia têm como processo principal um ato criativo gerador de indústria ou empresa se volte exclusivamente à Economia um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é Criativa. Por exemplo, um designer pode trabalhar em uma determinante do seu valor, resultando em riqueza cultural, indústria automobilística e esta indústria pode não fazer econômica e social”. É importante ressaltar que muitos dos parte como um todo da Economia Criativa, mas emprega setores criativos não se submetem às leis tradicionais do profissionais que se encaixam nos setores criativos. Dessa mercado, por essa razão a Economia Criativa se constitui forma, pode haver uma mistura entre a Economia dita como uma forma de inserir muitos dos profissionais dessas “tradicional” com a Economia Criativa. áreas numa economia sustentável. De acordo com um mapeamento realizado pela firjan Como funciona no Brasil? (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Como deu para perceber, os setores de consumo e tecnologia podemos reconhecer a Economia Criativa ou a Indústria são os mais promissores dentro da economia criativa por Criativa através de três categorias: estarem mais alinhados à indústria da transformação pela qual passamos. Após a pandemia de covid-19, o Brasil viu Indústria Criativa o setor de comércio eletrônico crescer em ritmo exponencial. É aquela em que as ideias criativas formam o ramo principal Uma pesquisa da Mastercard e Americas Market Intelligence das atividades desenvolvidas por um profissional ou empresa; (ami) identificou que 46% dos brasileiros aumentaram seu volume de compras online durante a pandemia, o que fez Atividades Relacionadas com que muitas empresas investissem em mais profissionais São aquelas atividades que fornecem algum tipo de serviço dedicados a trabalhar com tecnologia. ou material para determinada indústria criativa; Quem ainda tinha dificuldades de fazer qualquer tipo de compra na frente do computador ou celular quebrou Apoio essa barreira por conta do isolamento social. Com diversos Contribuem para a indústria criativa de maneira indireta. comércios fechados, muitas pessoas fizeram suas primeiras Seguindo esse raciocínio, um exemplo seria: uma empresa compras durante esse período. que desenvolve conteúdo e distribuição na área do audioSegundo especialistas, essa primeira compra é importante, visual (1-Indústria Criativa) precisa comprar aparelhos visto que muitas pessoas ainda se sentiam inseguras de de gravação e transmissão de som e imagem (2-Ativida- realizar esse tipo de transação por meios digitais. Porém, des Relacionadas), e fazer a manutenção desses aparelhos alguns segmentos da economia criativa passaram por maus (3-Apoio). Além disso, não é necessário que determinada bocados após 2020. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Qual é o futuro da economia criativa?
Com o mundo cada vez mais digitalizado, a demanda por profissionais da indústria criativa tem aumentado, principalmente quando observamos o mercado de tecnologia. Segmentos tradicionais, como varejo e serviços, têm sido cada vez mais impactados pela digitalização. Se antes as pessoas costumavam realizar vendas por meio de contato físico, atualmente diversos sites e produtos digitais têm facilitado a vida dos consumidores. Nos últimos anos, o e-commerce tem feito com que mais pessoas comprem O segmento cultural, por exemplo, foi duramente afetado os artigos dentro de casa (algo que foi bem acelerado por pela pandemia. Devido às restrições de mobilidade como conta do isolamento social da pandemia). Com o aumento resultado do isolamento social, diversos shows, apresenta- de produtos por assinatura, software como serviço (SaaS) ções e outras formas de se contemplar presencialmente uma e o streaming, que permite assistir conteúdos em vídeo sem apresentação artística tiveram que ser cancelados. a necessidade de uma tv por assinatura, por exemplo, as Para se ter uma ideia, quase 49% dos agentes culturais pessoas têm encontrado novas formas de entretenimento, perderam 100% de sua receita entre maio e julho de 2020, educação e consumo de conteúdo digital. quando houve o pico de isolamento social nas principais Isso fez com que grandes empresas se adaptassem a essa cidades do país. Além disso, existe um percentual elevado realidade. As principais empresas de varejo, por exemplo, de informalidade no setor, que contribui para uma incerteza atualmente possuem aplicativo e site e incluem em seu caainda maior: de acordo com dados do Instituto Brasileiro tálogo produtos de pequenos e médios vendedores (modelo de Geografia e Estatística (ibge), 44% dos trabalhadores do conhecido como marketplace). Novos hábitos e modelos de setor cultural eram autônomos, sem salário fixo ou carteira negócio têm sido criados de forma acelerada nos últimos assinada. Com mais vacinas e o vírus mais controlado, a anos - tudo isso devido ao avanço da tecnologia, à facilitendência é que shows em locais abertos e outros tipos de dade de criar novos produtos digitais e, principalmente, à evento voltem à programação. E, para evitar ficar em casa construção de novos hábitos, que foram importantes para a após quase dois anos de isolamento social, talvez as pessoas adesão de serviços hoje considerados essenciais, como o Uber queiram sair, passear, admirar e consumir nesses eventos. nas grandes cidades, o Spotify para ouvir música ou a Netflix Um dos setores mais incrédulos com a retomada é o de para assistir às séries favoritas. Do especialista em produzir artes cênicas, que teve perda significativa de receita no conteúdo ao programador que fará com que tudo isso seja período. Na verdade, um em cada dois profissionais da possível, a economia criativa vive um ciclo de crescimento, cultura como um todo perderam o seu trabalho por conta que carece cada vez mais de profissionais qualificados. da pandemia. No total, de 659,9 mil profissionais ligados ao Além dos profissionais que tornam a criação possível, setor, o número caiu para 333,7 mil postos, segundo o Painel um novo tipo de economia sob demanda tem se fortalecido. de Dados do Observatório Itaú Cultural. Dentro do setor da É aí que entram os motoristas de Uber, os entregadores de economia criativa cada vez menos pessoas são registradas serviços como Loggi e iFood, entre muitos outros - todos eles como trabalhadores formais. Segundo a firjan, para cada sem vínculo empregatício, o que tem gerado novas discussões 5 empregados formais criativos, existe uma pessoa jurídica sobre os verdadeiros rumos do mercado de trabalho. Por que trabalha formalmente com criatividade. Esse volume é mais que se tenha uma luz no horizonte, ainda é preciso bem superior ao do total da economia brasileira – em que discutir as relações de trabalho em alguns desses setores. O a relação é de 18 empregados para apenas um pj, segundo fato é: a economia criativa veio para ficar e deve se adaptar a dados de 2017. Esse fenômeno, chamado de ‘pejotização’, novos conceitos tecnológicos, como blockchain e metaverso. é baseado em um regime em que não há nenhum vínculo Diferentemente da economia tradicional, de manufatura, empregatício entre empregador e empregado. Isso gera agricultura e comércio, a economia criativa, essencialmente, menor custo para a empresa mas, por outro lado, gera maior flexibilidade para o trabalhador. Com menos impostos para pagar para o governo, essas empresas conseguem proporcionar remunerações mais altas aos profissionais. Já o profissional, porém, tem menos direitos trabalhistas e perde diversos benefícios de estabilidade associados à clt. Além disso, precisa se organizar para pagamento de aposentadoria, impostos e, em alguns casos, até mesmo escritório de contabilidade para lidar com a quantidade de despesas. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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foca no potencial individual ou coletivo para produzir bens e serviços criativos. De acordo com as Nações Unidas, as atividades do setor estão baseadas no conhecimento e produzem bens tangíveis e intangíveis, intelectuais e artísticos, com conteúdo criativo e valor econômico. Grande parte dessas atividades vem do setor de cultura, moda, design, música e artesanato. Outra parte é oriunda do setor de tecnologia e inovação, como o desenvolvimento de softwares, jogos eletrônicos e aparelhos de celular. Também estão incluídas as atividades de televisão, rádio, cinema e fotografia, além da expansão dos diferentes usos da internet (desde as novas formas de comunicação, compartilhamento, interação, até seu uso mercadológico), por exemplo. A edição especial do Relatório de Economia Criativa 2013, elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unesco) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (pnud), destaca que a economia criativa se tornou em uma poderosa força transformadora no mundo de hoje. É um dos setores que está crescendo mais rápido no mundo econômico, não apenas em termos de geração de renda, mas também na criação de empregos e em ganhos na exportação. Segundo a publicação, criatividade e inovação humana, tanto individual quanto em grupo, se tornaram a verdadeira riqueza das nações no século 21.
Cenário mundial
O Relatório de Economia Criativa 2013 informa que o comércio mundial de bens e serviços criativos totalizaram um recorde de us$ 624 bilhões em 2011 e mais do que duplicou entre 2002 e 2011. Além disso, nesse mesmo período, as exportações de produtos do segmento registraram aumento médio anual de 12,1% nos países em desenvolvimento. De acordo com as Nações Unidas, as atividades do setor estão baseadas no conhecimento e produzem bens tangíveis e intangíveis, intelectuais e artísticos, com conteúdo criativo e valor econômico. Grande parte dessas atividades vOutra parte é oriunda do setor de tecnologia e inovação, como o desenvolvimento de softwares, jogos eletrônicos e aparelhos de celular. em do setor de cultura, moda, design, música e artesanato. Outro dado da publicação mostra que a contribuição de atividades culturais privadas e formais representa, em média, 5,2% do pib (Produto Interno Bruto) em 40 países
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pesquisados pela Unesco. Como exemplo, são citados países como Bósnia e Herzegovina, com contribuição da indústria criativa em 5,7% do pib, Equador (5%), Argentina (3,5%) e Colômbia (3,4%). Além dos benefícios econômicos, a economia criativa também contribui significativamente para o desenvolvimento social. Seu potencial para gerar bem-estar, autoestima e qualidade de vida em indivíduos e comunidades, por meio de atividades prazerosas e representativas das características de cada localidade, estimula o crescimento inclusivo e sustentável, defende a publicação. Para atuar na área da economia criativa é preciso desenvolver habilidades de negócios e soft skills, já que as profissões relacionadas são aquelas que exigem produção criativa e intelectual. Logo, cursos de capacitação são recomendados para quem pensa em trabalhar no setor de economia criativa, de acordo com a área de interesse.
Profissões com maior tendência de crescimento
Desenvolvedor Mobile Profissional especializado na criação e manutenção de aplicativos para dispositivos móveis, como smartphones e tablets. Devem possuir conhecimentos em linguagens de programação como Java, Swift ou Kotlin, e são responsáveis por transformar projetos em aplicativos funcionais e de qualidade. Designer de Games O papel de um designer de jogos é desenvolver todo o conceito criativo e ambientação por trás de um videogame. Isso envolve aspectos como o universo, estilo de jogo, enredo, personagens, jogabilidade, estética, objetivos, fases, interface e experiência do usuário. Diretor de arte Um diretor de arte é um profissional criativo e estratégico que desempenha um papel fundamental na indústria da publicidade, do design gráfico, do cinema e de várias outras áreas relacionadas. Sua principal responsabilidade é traduzir conceitos e ideias em comunicações visuais atraentes e impactantes. Produtor de conteúdo para web A produção de conteúdo para web está inserida no Inbound Marketing como um dos pilares do Marketing de Conteúdo. A mudança no comportamento dos consumidores e a digitalização das empresas impulsionam essa estratégia, que garante visibilidade, conversões e brand awareness, aspectos competitivos no contexto de Transformação Digital.
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O POR QUÊ DAS COISAS
A ORIGEM DO SISTEMA CAPITALISTA descubra como o capitalismo surgiu e passou por diferentes fases ao longo da história, moldando nossa sociedade moderna por TALITA DE CARVALHO
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sistema capitalista é adotado em quase todo o mundo e começa a dar seus primeiros sinais de existência no século xv, com o enfraquecimento do sistema feudal. Há um certo consenso entre os estudiosos de que o capitalismo está hoje em sua terceira fase – capitalismo financeiro –, as duas primeiras foram comercial e industrial. Apesar de nos referirmos ao capitalismo como um sistema econômico, é fundamental ter em mente que o modo de produção vai interferir diretamente em aspectos políticos, sociais e econômicos, ou seja, o sistema vai influenciar na organização de todos os aspectos de uma sociedade. Nesse texto, vamos explicar como o capitalismo surgiu e suas fases. Achou interessante? Então vem com a gente!
Quando o sistema capitalista começou?
A transição do sistema feudal para o sistema capitalista é um processo complexo e fascinante na história. Durante a longa vigência do feudalismo, que se estendeu desde o século v até o século xv, ocorreram mudanças sociais, econômicas e políticas que sutilmente pavimentaram o caminho para o surgimento do capitalismo. O declínio do sistema feudal e o surgimento do capitalismo foram marcados por um contexto de mudança social, econômica e reconfiguração das estruturas políticas. Essa transformação gradual desempenhou um papel crucial na formação da sociedade moderna como a conhecemos hoje.
Crédito:Juan Machado
Primeira fase: Capitalismo Comercial (Século xv – xviii)
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A fase do capitalismo comercial é também chamada de pré-capitalista. Naquele momento ainda não havia industrialização e o sistema estava baseado em trocas comerciais. O modelo econômico adotado nesse período foi o mercantilismo, que tinha como principais características: o controle estatal da economia, o protecionismo, o metalismo e a balança comercial favorável. A crença naquele momento era de que a riqueza disponível no mundo não poderia ser aumentada, apenas redistribuída. Assim, os países buscavam a acumulação de riquezas por meio da proteção da economia local e acúmulo de metais decorrente das trocas comerciais que realizavam com outros países e potências da época.
Charge de Nuvolanevicata que expõe a desigualdade no capitalismo
Segunda fase: Capitalismo Industrial (Século xviii – xix)
O modo de produção vigente nos séculos de capitalismo industrial permitiram o aumento da produtividade, a dimiA passagem do capitalismo comercial para nuição dos valores das mercadorias e a acumulação de capital; o capitalismo industrial se deu em meio à por outro lado, esses avanços só foram possíveis a partir de revoluções tecnológicas e políticas. A Re- condições precárias de trabalho, jornadas de trabalho muito volução Industrial se inicia na Inglaterra altas, diminuição dos salários e aumento do desemprego. em 1760, e tem como seu marco principal a introdução da máquina a vapor na produção, Terceira fase: Capitalismo Financeiro (Século xx) o que deu início à transição de uma produção O capitalismo financeiro se inicia no século xx, depois manufatureira para uma produção industrial. do final da Segunda Guerra Mundial. Essa nova fase tem A produção industrial tornava-se neces- seu início quando bancos e empresas se unem para obter sária, pois com o crescimento demográfico maiores lucros. É nesse momento que surgem as empresas e expansão das cidades era necessário que multinacionais e transnacionais, e se fortalecem as práticas os produtos fossem criados e distribuídos monopolistas. Esse modelo, vigente até hoje, é baseado com mais eficiência e escala. nas leis das instituições financeiras e dos grandes grupos As revoluções também tiveram um cará- empresariais presentes no mundo todo. ter político. Em 1789 inicia-se a Revolução É um período caracterizado por elevada concorrência Francesa, movimento que buscava o fim da internacional, monopólio comercial, evolução tecnológica, organização política, social e econômica globalização e elevadas taxas de urbanização. É chamado de vigente na época; que oferecia privilégios a capitalismo financeiro, pois as grandes empresas passaram pequenas parcelas da população e concedia a vender parcelas de seu capital na bolsa de valores, e a partir poucos direitos ao povo. de então, passou-se a produzir riqueza por especulação. Nessa fase do capitalismo, o poder passou Nesse momento, a acumulação do capital chegou a níveis para as mãos da burguesia, que começou a nunca vistos antes. Em decorrência das políticas liberais, crescer com a intensificação do comércio. A em 1929, o sistema capitalista vive uma das piores crises economia durante o período do capitalismo econômicas da história. Por conta de uma produção em industrial estava baseada no liberalismo excesso nos Estados Unidos e da redução da demanda por econômico. Essa corrente de pensamento produtos desse país, as empresas perderam valor e houve a – cujo principal pensador foi Adam Smith quebra da bolsa de valores. – defendia o Estado mínimo e a não interNesse momento, a acumulação do capital chegou a níveis venção estatal na economia. Segundo seus nunca vistos antes. Em decorrência das políticas liberais, defensores, a lei de oferta e procura e a com- em 1929, o sistema capitalista vive uma das piores crises petição do mercado, garantiriam melhores econômicas da história. Por conta de uma produção em resultados para a sociedade como um todo. excesso nos Estados Unidos e da redução da demanda por # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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Representação do proletariado no capitalismo industrial, por James Arthur
produtos desse país, as empresas perderam valor e houve a quebra da bolsa de valores. A ascensão do neoliberalismo, fundamentada nas diretrizes delineadas pelo Consenso de Washington, permeou não só o Brasil, mas também diversos países da América Latina, impondo uma nova ordem nas políticas de desenvolvimento. Ao se debruçar sobre as implicações dessas abordagens liberais, é imperativo revisitar um dos episódios mais marcantes da história econômica global: a Grande Depressão de 1929. Nesse contexto, o sistema capitalista, impulsionado por uma produção excessiva nos Estados Unidos, viu-se subitamente confrontado com a cruel realidade de uma demanda em declínio. O desequilíbrio entre a oferta e a procura desencadeou uma espiral descendente, resultando na desvalorização abrupta das empresas e, como seu epílogo dramático, na quebra estrondosa da bolsa de valores. Este evento histórico não apenas assinalou uma crise econômica de magnitude sem precedentes, mas também deixou um legado duradouro que reverberou ao longo das décadas subsequentes. A crise de 1929 não foi apenas um evento isolado, mas sim um divisor de águas que moldou a trajetória política, social e econômica não apenas dos Estados Unidos, mas também de países ao redor do mundo, incluindo aqueles que adotaram as premissas do neoliberalismo. As cicatrizes dessa crise ressoaram na formulação de políticas pú94
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blicas, nas relações comerciais e nas estruturas financeiras, influenciando diretamente as escolhas feitas por nações que buscavam encontrar caminhos para o desenvolvimento em um contexto pós-crise. Desse modo, a implementação do neoliberalismo na América Latina ganha contornos mais complexos e interligados quando consideramos a influência de eventos históricos cruciais, como a Grande Depressão. Por conta de uma produção em excesso nos Estados Unidos e da redução da demanda por produtos desse país, as empresas perderam valor e houve a quebra da bolsa de valores, a qual impactou o sistema econômico do país. O neoliberalismo foi implantado no Brasil e em diversos países da América Latina, seguindo as proposições do que se estabeleceu no Consenso de Washington – uma proposta neoliberal para o desenvolvimento dos países da região. Com o final da Guerra Fria e a vitória do capitalismo como sistema hegemônico, grande parte dos países que estavam do lado da União Soviética começaram a implementar o capitalismo.
Capitalismo informacional
O capitalismo informacional não é uma nova fase do capitalismo, mas um novo momento da fase do capitalismo financeiro. O conceito de capitalismo informacional foi discutido pela primeira vez por Manuel Castells, em seu livro Sociedade em rede, publicado em 1996 e está relacionado à revolução tecnológica dos últimos tempos. O capitalismo informacional é caracterizado pela globalização e pelos avanços nas tecnologias de informação, na aceleração e crescimento dos fluxos de informações, pessoas, capitais e mercadorias. Segundo esse autor, essas transformações tecnológicas mudam nossas práticas culturais e sociais e constroem uma nova estrutura social.
Encontre um lar para chamar de seu.
CLT (CAOS NO LOCAL DE TRABALHO)
HISTÓRIAS QUE SÓ UM CLT TEM O (DES)PRAZER DE COMPARTILHAR quem nunca passou por um perrengue no trabalho? aqui estão histórias de amigos e leitores que facilmente entrariam para um show de stand up
Providenciem um banheiro para cachorro-quente, por favor.
Parque de diversão nos elevadores da Faria Lima :)
Carteira assinada graças a uma vespa!
É muito carinho para uma relação estritamente profissional...
"Trabalho como promotor de eventos: distribuo anúncios "Eu trabalhei um tempo em uma agência publicitários vestido de cachorro-quente. Dentro da fan- em um dos prédios mais famosos da Faria tasia, o calor é sufocante, então eu costumo usar apenas Lima e duas vezes, depois de chegar no 10° cueca. Hoje, justamente na hora do pico do trabalho, pre- andar, o elevador caiu comigo e outras pescisei ir ao banheiro. Penso que é fácil imaginar o olhar soas dentro. Tipo aquelas torres de parque, desconfiado das pessoas diante de um cachorro-quente mas sem o aviso de que vai despencar kkk que tentou, furiosamente, mas sem sucesso, entrar em uma (hoje eu dou risada no dia até abracei estradas cabines públicas reservadas para esse propósito e, logo nhos no desespero)". depois, histericamente, tirou a fantasia para entrar correndo - Beijamim Vannis, 23 anos apenas de cueca". - Lucas Ricardo, 18 anos
"Uma amiga minha tinha uma entrevista de emprego, mas, "Como resultado de viajar com frequência no caminho, foi mordida por uma vespa. Além disso, a mor- a negócios e ainda precisar realizar reudida não foi num lugar discreto, mas em seu rosto (e o bicho niões, como regra geral organizamos uma acabou ficando preso em seus cabelos). Sua face, claro, videoconferência via Skype. Em um desses inchou imediatamente, mas minha amiga, como se nada dias aconteceu de primeiro, minha esposa tivesse acontecido, decidiu ir ao compromisso de trabalho me ligar para eu falar com minha filha mais mesmo assim. Um de seus olhos nem estava mais visível. Ela nova e, então, quase imediatamente depois, disse que sua aparência estava bem melhor antes da picada receber uma ligação do trabalho. Então da vespa, mas, se não quisessem entrevistá-la, poderiam adiar algo em minha mente deve ter se confundido, isso. E foi contratada imediatamente. Eles lhe disseram que, porque eu me despedi de meus colegas com se ela apareceu nesse estado, então provou ser uma pessoa a seguinte frase: “Eu amo vocês, amores responsável, exatamente o que precisavam". da minha vida”. Nunca ouvi tantos gemidos - Maitê Marcondes, 24 anos espirituosos antes". - Claudio Mendes, 28 anos
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LABUTA
ESTAGIAR EM TEMPOS DE PRECARIZAÇÃO a justiça do trabalho é uma importante aliada dos estudantes de graduação que precisam de maior proteção e responsabilidade social das empresas por DANIEL VON HOHENDORFF
Crédito:Philippe Bout
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rabalhar para poder estudar e estudar para poder trabalhar. A competitividade no futuro mercado de trabalho leva os universitários a ter uma jornada dupla: durante o dia trabalham e à noite estudam ou vice versa. Essa famosa dicotomia entre estudo e trabalho não é de hoje. Durante os anos 70, acadêmicos como Ophelina Rabello, pesquisadora da unicamp, já discorriam sobre o tema. Para Rabello, a conciliação dessas duas atividades pode ser possível, mas só é desejável se o trabalho estiver relacionado com o processo educativo, isto é, se houver “integração entre conhecimento e ação, teoria e prática, informação e formação, democratização e eficácia, desenvolvimento econômico-social e maturidade individual, diálogo e metodologia didática”. Hoje em dia, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua, os jovens de 19 a 24 anos que estudam em instituições privadas e trabalham aumentou de 45,4% em 2016 para 48,3% em 2019. Entretanto, o trabalho nem sempre é sinônimo de carteira assinada e suas garantias, de estabilidade ou de salário no final do mês. Trata-se de um tema sensível e, nesse sentido, como abordar o velho direito civil, a função social e a responsabilidade social da justiça do trabalho após a reforma trabalhista aprovada em 2017 que intensifica a uberização, a iFoodização, os estágios, os contratos temporários, a terceirização… enfim, a precarização do trabalho? É necessário atentar para a oposição entre a precarização e a responsabilidade social. Conforme se verifica, há normas orientadoras de responsabilidade social das empresas, como a iso 26000, em que há pressupostos para a certificação, tais como: Comportamento ético; Respeito pelo Estado de Direito; Respeito pelas Normas Internacionais de Comportamento e Direito aos humanos. No mesmo sentido, vale discutir o caráter facultativo do Decreto 9571 de 2018, por meio do qual se estabeleceram as Diretrizes Nacionais sobre Empresas e Direitos Humanos para médias e grandes empresas. Garante itens como a obrigação do Estado com a proteção dos direitos humanos em atividades empresariais; responsabilidade das empresas com o respeito aos direitos humanos; acesso aos mecanismos de reparação e remediação para aqueles que, nesse âmbito, tenham seus direitos afetados, além de implementação, o monitoramento e a avaliação dessas Diretrizes.
Parte da luta é estar cientes de seus direitos como universitário, para que seja possível garantí-los
Sendo os principais afetados pela falta de responsabilidade social das empresas, inclusive à margem da legislação, é fundamental que universitários tenham consciência da violação de seus próprios direitos. E a ferramenta essencial para aproximá-los e fazê-los compreender a importância da justiça do trabalho é utilizar o cotidiano dos próprios discentes. Conforme ressalta a professora doutora Raquel von Hohendorff, do programa de pós-graduação em direito da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, “No plano do real, o estudante tem de optar em escolher estudar para a prova ou receber a remuneração por duas corridas completas, por exemplo.” Certamente podemos afirmar, a partir desse e de outros exemplos, que a terceirização e outros processos de precarização não atendem a esses requisitos mínimos de convergência entre trabalho e estudo – o jogo é simples: se não trabalha, não recebe! Por isso, em um cenário de discussão acerca do fim da Justiça do Trabalho, o mercado vai passar a exigir a iso 26000 e as medidas do decreto 9571 de 2018? Haverá adequação? As empresas precarizantes sairão do mercado abrindo um novo mercado dos certificados? Ou os jovens não poderão estudar, tampouco se preparar para o mercado de trabalho? Estamos falando de futuro e o aprimoramento da prestação jurisdicional pela Justiça do Trabalho, com decisões que visem à não
precarização são fundamentais. Afinal, o próprio direito civil no Art. 442 elenca que a liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Conforme ressalta a professora doutora Raquel von Hohendorff, do programa de pós-graduação em direito da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, “No plano do real, o estudante tem de optar em escolher estudar para a prova ou receber a remuneração por duas corridas completas, por exemplo.". Por isso, em um cenário de discussão acerca do fim da Justiça do Trabalho, o mercado vai passar a exigir a iso 26000 e as medidas do decreto 9571 de 2018? Haverá adequação? As empresas precarizantes sairão do mercado abrindo um novo mercado dos certificados? Ou os jovens não poderão estudar, tampouco se preparar para o mercado de trabalho? A luta contra a barbárie chama a necessidade de reflexão aos atuais e aos futuros profissionais e aos do direito e a necessidade, sim, de a universidade ser novamente um polo de desenvolvimento de uma doutrina anti-barbárie a ser aplicada pela Justiça do Trabalho.
O jogo é simples: se não trabalha, não recebe
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BOLHAS
O TRABALHO SOB DIFERENTES PERSPECTIVAS a diversidade de pensamentos e visões sobre o tema do trabalho, experiências individuais moldam percepções por MÁRCIA SANTOS fotografia VITOR MASSAT
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esta edição da seção Bolhas fizemos 10 perguntas para o Frederico Mitzel, que tem 31 anos, é Analista de Dados Sênior no mercado financeiro, natural de São Paulo e morador do bairro Pinheiros. Também entrevistamos, com as mesmas perguntas, a Marina Castanho. Ela tem 26 anos, trabalha como Head de Criação em uma agência de comunicação, é do interior do Espírito Santo, mas se mudou para São Paulo aos 18 para cursar aa faculdade e mora atualmente no bairro Santa Cecília. Acompanhe um pouco das diferentes perspectivas possíveis sobre um mesmo assunto. É interessante pensar como a mesma pergunta pode ter diferentes visões a depender da bolha em que você está inserido. Além disso, te convidamos a se abrir para novas ideias e modelos de pensamento divergentes dos que você carrega. É interessante pensar como a mesma pergunta pode ter diferentes visões a depender da bolha em que você está inserido. Além disso, te convidamos a se abrir para novas ideias e modelos de pensamento divergentes dos que você carrega.
Pergunta 1: Qual é o propósito do trabalho na sua vida?
Frederico Mitzel: O trabalho é uma oportunidade para crescer, aprender e contribuir para a sociedade. Vejo-o como um meio de encontrar propósito e significado, uma maneira de construir uma carreira gratificante. Marina Castanho: É uma rotina cansativa que consome a maior parte do meu tempo que muitas vezes oferece pouca realização. Mas hoje, busco encontrar maneiras de trabalhar para viver e não mais a máxima de “viver para trabalhar”, acredito que posso ter propósito mesmo sem me matar de trabalhar.
Pergunta 2: Como você lida com o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal?
Frederico Mitzel: Para mim, o trabalho é prioridade. Dedico a maior parte do meu tempo a ele, buscando constantemente a excelência profissional. A vida pessoal muitas vezes fica em segundo plano, mas vejo isso como um sacrifício necessário para o sucesso. Marina Castanho: Recentemente eu quase sofri um burnout, cheguei muito perto. Então, encontrar um equilíbrio saudável entre trabalho e 100 100
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Frederico Mitzel e Marina Castanho no ensaio, dirigido por Vitor Massat de forma conceitual e explorando suas individualidades, para a revista
vida pessoal é crucial. O trabalho não deve consumir toda a nossa existência. Valorizo momentos de lazer, família e autocuidado, acreditando que isso contribui para um desempenho melhor no trabalho.
Pergunta 3: O que significa sucesso no trabalho para você?
Frederico Mitzel: Sucesso no trabalho está diretamente ligado ao status, poder e riqueza. Busco constantemente posições mais altas e salários mais elevados para alcançar uma vida luxuosa. Marina Castanho: Sucesso para mim é encontrar um propósito significativo no que faço. Busco contribuir para algo maior do que eu mesmo, mesmo que isso signifique sacrificar ganhos financeiros em prol de impacto positivo.
Pergunta 4: Como o trabalho contribui para a sua identidade?
Frederico Mitzel: Minha identidade está profundamente ligada à minha profissão. Vejo-me como uma extensão do meu trabalho, e minhas realizações profissionais definem quem sou. Marina Castanho: Embora valorize meu trabalho, minha identidade vai além disso. Sou um ser humano com interesses diversos, relações pessoais e paixões que não estão necessariamente relacionadas à minha carreira.
Pergunta 5: Como o trabalho pode impactar a sociedade como um todo?
Marina Castanho: Vejo o trabalho como uma ferramenta de reprodução das desigualdades sociais. Certas estruturas impedem o acesso igualitário a oportunidades, perpetuando injustiças. Ainda tem muita desigualde de gênero, raça… Frederico Mitzel: O trabalho tem o poder de transformar
a sociedade. Através de práticas comerciais éticas e da busca por igualdade, podemos criar um impacto positivo que se estende além dos limites do escritório.Por essa razão eu acredito que quem corre atrás, consegue de um jeito ou de outro atingir seus objetivos.
Pergunta 6: Como você lida com o estresse relacionado ao trabalho?
Frederico Mitzel: Encaro o estresse como parte inevitável da jornada profissional. Busco desenvolver resiliência, enfrentando desafios de frente e aprendendo com cada obstáculo. Marina Castanho: O estresse no trabalho é um sinal de desequilíbrio. Valorizo práticas de bem-estar, como meditação e exercícios, para enfrentar o estresse e garantir uma abordagem mais saudável ao trabalho.
Pergunta 7: Qual é a importância do networking em sua carreira?
Frederico Mitzel: O networking é fundamental para o sucesso profissional. Invisto tempo em construir e manter uma extensa rede de contatos, acreditando que as conexões certas podem abrir portas cruciais na carreira. Marina Castanho: Não dou grande importância ao networking. Acho importante, mas estou longe de virar puxa saco das pessoas em troca de algo. Inclusive, acho isso de grande má índole e totalmente fora de cogitação. # Tr a b a l h o C o n t e m p o r â n e o
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A competição exagerada pode criar um ambiente tóxico
Pergunta 8: Como você encara a ideia de mudar de carreira?
Frederico Mitzel: A estabilidade é prioridade para mim. Prefiro permanecer na mesma carreira, construindo uma expertise sólida ao longo do tempo. Mudanças drásticas podem comprometer a segurança profissional. Marina Castanho: Vejo a mudança de carreira como uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Estou sempre em busca de novos desafios e não hesito em mudar de direção quando vejo uma chance de evolução.
Pergunta 9: Como você percebe a competição no ambiente de trabalho?
Frederico Mitzel: Vejo a competição como um impulsionador de alto desempenho. Acredito que a rivalidade saudável pode motivar a busca pela excelência e impulsionar o crescimento profissional. Marina Castanho: A competição exagerada pode criar um ambiente tóxico. Prefiro colaboração e trabalho em equipe, acreditando que o sucesso compartilhado é mais valioso do que o individual.
Pergunta 10: Como você enxerga a aposentadoria?
Frederico Mitzel: A aposentadoria não é uma prioridade para mim. Amo o que faço e pretendo continuar trabalhando enquanto encontrar satisfação e propósito na minha atividade profissional. Marina Castanho: Estou constantemente planejando minha aposentadoria, economizando e investindo para garantir um futuro financeiramente seguro. Vejo a aposentadoria como uma fase para desfrutar de tanto tempo trabalhando em sociedade. Quero que seja uma fase tranquila. na minha vida. 102
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COLUNA
ENTRE A ACADEMIA E A RUA: MINHA JORNADA DE VIDA entre idas e vindas, Senhorita Bira conta suas experiências como estudante e jovem do mundo real por SENHORITA BIRA ilustrações por PABLITO
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Senhorita Bira uma jovem estudante de 24 anos, dá verdadeiras aulas de sociologia no YouTube. Sempre intercalando citações a autores como Gilberto Freyre e Arthur Schopenhauer
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s vezes, é preciso dar um passo atrás para ganhar clareza sobre a própria jornada. Minha história é um exemplo eloquente dessa ideia. Em minha busca por conhecimento e compreensão do mundo, transitei entre o mundo acadêmico e a dura realidade da rua, aprendendo lições valiosas ao longo do caminho. Eu quero trazer temas acadêmicos de uma forma muito simples e acessível para todos, quero compartilhar conhecimento de qualidade. E eu acho que a rua dá um pé no chão que a academia me tira. A universidade te dá muita firula, te desconecta da realidade. Isso destaca a importância de tornar o conhecimento acessível e prático, levando-o das torres de marfim acadêmicas para as ruas onde as pessoas vivem suas vidas reais. A ideia de que a academia pode se tornar distante da realidade é um ponto de vista que muitos compartilham, e eu vivenciei isso de perto. No entanto, minha jornada pessoal foi além. Eu reconheço que, apesar de minha origem em uma família de classe média, minha busca pelo conhecimento me levou a me envolver na prostituição devido a uma carência afetiva. Essa revelação é profundamente humana e me lembra que cada um de nós enfrenta desafios únicos em nossa busca por crescimento e compreensão. “A universidade te dá muita firula, te desconecta da realidade.” Essa crítica à academia levanta questões importantes sobre como as instituições de ensino superior podem melhorar sua relevância e acessibilidade. A educação de qualidade não deve ser uma fuga da realidade, mas sim uma ferramenta para entendê-la e melhorá-la. Finalmente, embora eu me identifique como um “gay orgulhoso,” rejeito discussões sobre identidade de gênero e pronomes. Esse aspecto da minha identidade ilustra a diversidade de perspectivas dentro da comunidade lgbtqia+ e destaca a complexidade dessas questões. Minha história nos lembra que a jornada pelo conhecimento e compreensão é única para cada um de nós. Às vezes, é na interseção entre a academia e a rua que encontramos as lições mais valiosas. Minha busca pelo conhecimento, quando feita com empatia, me levou a uma compreensão mais profunda de mim mesmo e do mundo que me cerca.
COMO CORTEJAR UMA DAMA NOS DIAS DE HOJE curiosa com o pensamento de alguns homens da sociedade atual, Manuela vai atrás de respostas para sua teoria por MANUELA CANTUÁRIA ilustrações por PABLITO
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Manuela Cantuária roteirista e escritora, faz parte da equipe do canal Porta dos Fundos. Trabalha com criação, desenvolvimento e roteiro de projetos audiovisuais
ais uma vez somos sobrecarregadas e quem reclama são os homens? É curioso o saudosismo de alguns homens de um passado não vivido. Uma nostalgia delirante dos tempos em que as mulheres eram submissas e relacionar-se com elas, do ponto de vista masculino, seria mais fácil. O discurso é absurdo em vários níveis, mas vamos no ater ao ponto de que, hoje em dia, para cortejar uma dama, impera a lei do mínimo esforço. Curtir um punhado de stories ou enviar um emoji de foguinho demanda um singelo movimento dos músculos tenares do dedo polegar que leva cerca de um segundo. Depois de muita luta e alguns avanços, mulheres agora ceos da própria vida e donas do próprio desejo têm mais um item a ser riscado em sua checklist: tomar a iniciativa. Ou seja, mais uma vez somos sobrecarregadas e quem reclama são os homens? Por isso, me lancei em um experimento social, sendo a mudança que não quero ver no mundo. Em outras palavras, passei a usar os aplicativos de pegação para flertar à moda antiga. Já ia sair no zero a zero de qualquer jeito, então não tinha nada a perder. Ele copiou e colou alguns sonetos no chat, mas ainda não era o suficiente. Avisei que ele precisaria pedir a bênção de meu querido pai, oferecendo a ele algumas cabeças de gado. Mas o rapaz não possuía um rebanho e infelizmente não preenchia o pré-requisito. Em outra ocasião, impus a condição de receber uma serenata. Meu match fez corpo mole só porque moro no vigésimo andar. Ainda me dei ao trabalho de apontar o caminho das pedras: era só fazer aulas de canto, aprender a tocar um instrumento, alugar um carro de som e arcar com a multa por desrespeitar a Lei do Silêncio. Obtive o silêncio como resposta. Para outros dois matches, já botei todas as cartas sobre a mesa logo de cara. Falei que tinha outro pretendente na jogada e que eles precisariam duelar por mim. Coisa simples, usando a arma de fogo da preferência deles, e o que saísse com vida teria direito a ficar comigo. Tamanha foi minha surpresa ao descobrir que nenhum dos dois estava disposto a morrer por mim. Não se fazem mais homens como antigamente.
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É HORA DE FALAR SOBRE O MUNDO JOVEM E A EREÇÃO com insegurança presente na mente de tantos jovens, Laura comenta sobre os possiveis motivos e como lidar por LAURA MULLER ilustrações por PABLITO
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Laura Muller psicóloga clínica, comunicadora e especialista em educação sexual. É autora de 'Educação Sexual em 8 Lições', entre outras obras
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or que será que problemas acontecem com o corpo masculino nesta etapa da vida, quando a saúde física está boa? Hoje vamos falar de um tema que angustia uma parcela significativa dos homens, em variadas etapas da vida, que é a dificuldade de ter e de manter a ereção. No entanto, nesta coluna, o foco será o mundo jovem: por que será que isso ocorre nesse universo, sendo que está tudo pra lá de bem com o corpo masculino nesta etapa da vida, ou seja, a saúde física está nota mil? Aqui adentramos o terreno pantanoso das questões emocionais. Sim, são elas que prioritariamente comandam as possibilidades de prazeres, ou desprazeres, especialmente nesta fase da vida. No corpo masculino ocorre assim: quando o rapaz está muito ansioso, uma descarga gigante de adrenalina entra em sua corrente sanguínea. Isso, ao chegar ao pênis, atrapalha todo o mecanismo da ereção, e faz com que o órgão fique flácido. Pode estar com medo também de ejacular precocemente, ou seja, de ser rápido demais. Ou o contrário: de ter dificuldade para sentir prazer, chegar ao orgasmo e, portanto, demorar para (ou nem conseguir) ejacular. Você pode estar também muito inseguro com a questão da experiência. Por estar na fase de iniciação sexual, há muito ainda a descobrir sobre si mesmo e sobre como lidar com quem estiver ao seu lado. Como funcionam os seus mecanismos de prazer? O que é estimulante ou não? Você pode estar com muita vontade de viver logo tudo o que puder viver no sexo. E, por fim, você pode estar muito preocupado com as conquistas amorosas e sexuais. Será que vai conseguir que a outra pessoa goste de você? O que você precisa fazer para conquistar alguém? Como convencer a outra pessoa a estar ao seu lado, seja amorosa e/ou sexualmente? Como encantar? Como lidar com tudo isso? Não tem fórmula mágica, já falei por aqui outras vezes, para lidar com as dificuldades que emergem na cama. Você vai precisar encontrar o seu caminho e ir com calma. Mais do que isso: vai precisar acreditar que, com as vivências, tudo pode ir se ajeitando. Para melhor, é claro! Então, acredite em si! E até a próxima coluna!
SÍNDROME DE IMPOSTOR(A) E DICAS PARA VENCÊ-LA lidando com esse mal que tem assolado muitas pessoas da nossa geração, como lidar? por TIAGO HENRIQUES ilustrações por PABLITO
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Tiago Henriques autor de Erra uma vez, criador do Tira do papel e especialista em Criatividade & Processos Criativos
ue você faz quando sente a temida síndrome de impostor(a)? Recentemente, fiz essa pergunta em meu Instagram e recebi uma enxurrada de respostas, entre 150 e 100 delas. Após uma análise cuidadosa de todas as contribuições, compilei um resumo prático que pode ser útil sempre que você se deparar com esse desafio. Portanto, vou compartilhar duas ferramentas valiosas que podem ajudá-lo a lembrar das suas capacidades e recuperar a confiança para seguir em frente. Além disso, incluí algumas dicas que complementam essas ferramentas. Uma das estratégias mais mencionadas por aqueles que colaboraram nessa pesquisa foi a importância de recordar as conquistas passadas, momentos em que conseguiram superar a síndrome de impostor(a). Lembre-se daquela vez em que conquistou um emprego, mesmo achando que não estava pronto para a vaga? Pense quando a síndrome de impostor(a) bateu. ? Escolha uma plataforma online acessível de qualquer dispositivo, como o Google Drive ou Notion, e adote o hábito de arquivar tudo o que for útil: fotos, capturas de tela, ano - tações, e assim por diante. Lembre-se, essa pasta estará sempre em constante evolução. Além dessas ferramentas, recebi várias ou - traz sugestões valiosas para vencer a síndrome de impostor(a). Algumas delas incluem, escrever ou visualizar seus pensamentos para observá-los de uma perspectiva externa. Lembrar-se do propósito que o motivou a tomar determinadas ações. Considerar a quantidade de pessoas que você já ajudou de forma específica. Refletir sobre sua jornada e evolução desde o início. Praticar meditação ou mindfulness para acalmar os pensamentos internos. Conversar com alguém de confiança para obter uma perspectiva externa. Estas são apenas algumas das valiosas estratégias compartilhadas pelos participantes da pesquisa. Lembre-se de que você não está sozinho(a) nessa jornada de enfrentar a síndrome de impostor(a). Com as ferra - mentas e dicas certas, você pode construir sua autoconfiança e continuar progredindo em sua carreira e vida pessoal. Acredite em si mesmo(a) e em seu potencial! observá-los de uma perspectiva externa. Lembrar-se do propósito.
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always a good idea
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EMPREGADOR OU RAZÃO SOCIAL
Nº ORDEM
ATIVIDADE ECONÔMICA
CNPJ EMPREGADO Nº REGISTRO
FUNÇÃO
Nº CTPS
1ª QUINZENA
LOCAL DO TRABALHO
ANO
DIAS Trab.
H. Norm. Hor. de
EIÇÃO SAÍDA ENTRADA INTERVALO PARA REF
MANHÃ Entrada Saída
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TARDE Entrada Saída
REPOUSO SEMANAL
EXTRA Entrada Saída
Horas Extras
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