Pablo Paulino, Macumba bi-campeão mundial Pro Júnior
Não suje a cidade.
INDICE 33 Hawaii: Winter Session North Shore bombou forte no mês de fevereiro 48 Entrevista Stephan Figueiredo fala sobre a vida que pediu a Deus 54 Trip Surfar As dicas que você precisa para curtir Montañita, no Ecuador 58 Nas Oficinas Raio-X nos shapes! Respostas de quem entende do assunto 62 Miss Surfar A capixaba Renata Queiroz na sua melhor forma 68 Nova Geracao A molecada que dá um trabalho no outside
EDITORIAL UM NOVO CICLO Finalmente lançamos o primeiro número da Revista Surfar, produzida exclusivamente no Rio de Janeiro. Não dá pra falar que fomos os primeiros, pois antes já tivemos a Brasil Surf nos anos 70 e a Visual Esportivo, do saudoso fotógrafo Nilton Barbosa, nos anos 90. Não é de hoje que o Rio vive um “boom” no surf, tanto fora como dentro d´água. São milhares de novos adeptos e simpatizantes que consomem roupas, acessórios e pranchas em todo o estado. A prova disso é o crescimento do número de lojas de surf ou mesmo aquelas que se dizem “surfshops”. Dentro d´água, o número de surfistas aumentou bastante, com dezenas de escolinhas espalhadas pela orla, muita gente que nunca pensou em subir numa prancha, encontrou no surf mais energia para encarar o dia a dia de uma cidade grande. Que bom! Assim vamos ter cada vez mais leitores e leitoras para a nossa revista! Acredito que minha experiência após 15 anos trabalhando numa revista de surf, dos quais cinco como editor, me ajudou a ter uma visão editorial e comercial ampla, dessa forma vamos dar o passo inicial com muita disposição e vontade de acertar. Nossa linha editorial é mostrar o melhor do esporte e da cultura local, de uma maneira direta e gratuita, com uma tiragem de 20 mil exemplares logo na primeira edição. De cara, montamos uma matéria do Hawaii com fotos inéditas da performance dos cariocas. Para fazer a conexão direta, convidamos o surfista Felipe Cesarano para relatar o que aconteceu nesse final de temporada. E muito mais! Agora temos uma revista de surf genuinamente carioca que será o canal de comunicação para toda essa gente bronzeada mostrar o seu valor. Vamos pra dentro d´água surfar! José Roberto Annibal
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Arthur Toledo
Pipeline quando quebra atrai mídia, turistas e surfistas do mundo inteiro. Não foi a toa que essa primeira edição teve como pauta principal a onda mais disputada do planeta. Surfista entocado não identificado. Foto da capa: Pedro Monteiro
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Carlos Burle dropando Jaws com a coragem e determinação que o ďŹ zeram um dos maiores big riders do mundo.
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Arquivo MĂdia Bacana
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Arthur Toledo
Nem sempre a onda que parece ser a melhor da sĂŠrie abre pra vocĂŞ. O ubatubense, Costinha, experimentando uma nova modalidade no surf; salto Ă distancia.
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Divulgação
Kalani Brito
Dadá Figueredo incentivando o filho no pódio.
No pódio de pai pra filho
Divulgação
Pode-se dizer que o ataque de Maya Gabeira na temida bancada de Teahupoo, em novembro passado, lhe rendeu pela segunda vez consecutiva o prêmio de melhor performance feminina no Billabong XXL Global Big Wave Awards, evento que premia os melhores surfistas de ondas grandes da última temporada. Definitivamente aquele 1 de novembro de 2007 foi histórico. Maya, primeira mulher a surfar Teahupoo em condições extremas (15 pés), pegou três ondas e tomou duas vacas cabulosas. A terceira onda foi, com certeza, o maior tubo da vida dela, que recompensou toda a sua dedicação, coragem e viagens da surfista atrás das grandes ondas. A festa de premiação foi no The Grove Theater, em Anaheim na Califórnia. Maya recebeu um cheque de 5 mil dólares e agradeceu a todos que lhe apoiaram durante todo o ano, principalmente ao amigo pernambucano Carlos Burle, parceiro no tow-in e a quem dedicou o prêmio. Burle levou U$ 1.500,00 com o terceiro lugar na premiação de “Melhor Onda”, surfada em Ghost Tree, Califórnia, em Dezembro de 2007. No entanto, o grande homem da noite foi o havaiano Shane Dorian, que levou o prêmio de US$50 mil na categoria “Melhor Onda” com uma bomba surfada em Teahupoo no Tahiti. Já o carioca Gustavo Camarão, que registrou a onda, recebeu um prêmio de US$5 mil.
Alvaro Freitas
A equipe brasileira na Prainha
Jojó de Olivença arrancou a 3º colocação para o Brasil em Punta Rocas
De volta ao topo A equipe carioca venceu a segunda etapa do Circuito Maresia de Surf, que aconteceu no final de abril na praia da Joaquina, em Florianópolis. Com essa colocação o Rio pulou para segundo lugar no raking do campeonato brasileiro amador. Sem dúvida, esse bom inicio vai dar moral, já que fazia um bom tempo que os cariocas vem fazendo papel de coadjuvante. Em 2006 e 2007 obteve o 6°e 5° lugares, respectivamente. Com ótima performance, Michelle des Bouillons, levou o título na feminino junior e junto com José Eduardo, 2º na categoria mirim, foram os atletas que mais pontuaram, ajudando os cariocas a vencerem a etapa. Apesar da equipe ainda não contar um patrocinador, a Feserj (Federação do Estado do Rio de Janeiro) conseguiu através da Secretaria Estadual e da lei Pelé, que os competidores tivessem seus custos pagos, o que vem viabilizando a ida de todos com mais tranqüilidade para as competições. Ranking por equipes após segunda etapa: 1 - São Paulo 1900 2 - Rio de Janeiro 1810 3 - Santa Catarina 1710 4 - Paraná 5 - Rio Grande do Norte 6 - Bahia 8 - Espírito Santo 7 - Ceará 9 - Rio Grande do Sul 9 - Paraíba 10 - Pernambuco
eventos floripa.com
Maya conquista o bi no XXL
Foi na mesma praia, na mesma vala, durante muitas horas de treino por dia, que Dadá Figueredo consolidou seu surf e conquistou vitórias pelo mundo afora. Agora, seu filho também começa a seguir pelo mesmo caminho. Dadazinho venceu a categoria Infantil e subiu no pódio com seu pai, ídolo na década de 90. Foi nesse clima de curtição que a molecada invadiu o Circuito Hot Buttered de Surf ASBT 2008, no inicio de março. Foram mais de 160 surfistas dispostos a levar um troféu pra casa. É com esse trabalho de renovação que o futuro do surf no Rio está garantido.
Brasil leva o 3º lugar no ISA Masters 2008 Após uma bela disputa que reuniu os masters do surf, o ISA World Masters 2008 terminou sua última etapa realizada em Punta Rocas, Peru. Para a credibilidade do evento foi grande a presença de surfistas renomados acima de 35 anos, ja que esse é o único evento dessa categoria no mundo. Os brasileiros foram com um time de peso, que saiu da seletiva que aconteceu na Prainha, final de março. Entre eles estão Ricardo Toledo com o 2° lugar e Jojó de Olivença em 3º, nas categorias Masters e Grand Masters, respectivamente. No ranking a equipe da África do Sul levou o 1º lugar, o 2° lugar ficou com a Austrália e o Brasil veio logo atrás na 3ª colocação. Mesmo com o terceiro lugar, os brasileiros marcaram uma forte presença.
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aspworldtour.com
A arte do surf nas praias
O “trator” competindo em Bells, sai da frente que lá vem ele!
Ele quer mais! O norte-americano Kelly Slater ganhou a etapa de Bells Beach do WCT, realizada no final de março, conquistando a sua segunda vitória esse ano. O dono dos oito títulos mundiais e 36 troféus de WCT em toda a sua carreira, ao que tudo indica, não quer saber mais de aposentadoria esse ano. Até porque existem informações de que a Quiklsilver abriu o cofre e ofereceu 10 milhões de dólares para Slater chegar ao décimo título. Aos 36 anos, assumiu mais uma vez o ranking num total de 2.400 pontos. Logo atrás vem o australiano Bede Durbdge. Os brasileiros Adriano “Mineirinho” e Neco Padaratz alcançaram o nono e o 13° lugar, respectivamente, com 1.200 e 1.010 pontos.
Durante o Projeto Vivo no Verão, as praias do Arpoador e Pepê abriram espaço para a exposição Surf Art & Design. A idéia foi transformar em obras de arte dezoito pranchas desenhadas por artistas plásticos de renome, além das inúmeras programações. Entre elas, o Surf Nights, uma apresentação de surf noturno que tem como atividade estimular a prática do esporte de noite com iluminação especial na praia. O Cine Surf, com sessões de filmes temáticos na areia, como o bem-humoradíssimo “Fábio Fabuloso” e o documentário “Surf Adventures”. E o Museu do Surf, apresentando pranchas de diferentes épocas e uma linha do tempo que mostra a evolução do esporte no Brasil e no mundo.
Rio é notícia no Surfline.com
Pedro Monteiro
O site surfline.com publicou através das lentes do fotógrafo Jamie Brisick um retrato dos bastidores do surf na cidade do Rio, titulado Faces Brasil. Figuras importantes do meio deram seus depoimentos de como é viver numa cidade grande em sintonia com a natureza. Marcelo Bijú, o cineasta Roberto Moura, Gui Gama, Ricardo “Americano” Herriot, Renan Pitanguy e o campeão mundial de longboard Phil Rayzman, foram alguns dos personagens dessa “aventura”. Prainha, Morro do Vidigal, Ipanema, Pedra da Gávea e Rocinha constituíram alguns dos points registrados pelo americano fotógrafoescritor. Essa iniciativa foi feita por meio do surf, que defende a construção de uma boa imagem do Rio lá fora. Para conhecer o site do fotografo tecle www.jamiebrisick.com.
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Preserve! A praia é um bem de todos e para todos No final de março a orla carioca, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, recebeu um cuidado especial na última semana do verão. Voluntários do braço brasileiro da ONG internacional Surfrider Foundation, organizado por surfistas e amantes das praias e oceanos, tomaram parte do projeto “Valeu Praia – Dia Nacional de Limpeza das Praias”. Eles se espalharam por 11 locais da orla, do Arpoador a Grumari, para distribuir sacolas de lixo e guiar os banhistas para manter a limpeza das praias. Neste ano, o programa foi realizado ao longo de todo o litoral brasileiro, nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, e Amapá. No Rio, os voluntários recolheram quase uma tonelada de lixo (745 Kg de lixo), em sua maioria o chamado microlixo – como guimbas de cigarro, canudos e tampas plásticas.
Marcelo Piu
Guga entra na luta pelo bi
Hugo Bittencourt no Recreio
O campeão carioca Gustavo Fernandes, local do Recreio, defendeu o título do Free Surf Pro 2008 e se deu bem. A segunda etapa do circuito estadual aconteceu em Grussaí no inicio de março. No primeiro dia de competição, o mar apresentava boas condições, uma formação de ondas médias e um pouco de vento. Entre os finalistas estavam Bruno Santos, Eduardo Rolins e Eric Ribieri. Mas foi Guga que logo fechou a etapa com suas fortes manobras e saiu na frente com a pontuação disparada entre os outros competidores. Ribieri veio logo trás, seguido de Rollins e Bruno Santos. A próxima etapa acontecerá de 30 a 1 de junho, na praia de Itaúna.
Fotos: Alvaro Freitas
Ranking Estadual Profissional (após duas etapas) 1° Gustavo Fernandes 2° Simão Romão 3° Eric Ribieri 4°Anselmo Correia 5°Eduardo Rollins
6°Angelino Santos 7°Guilherme Sodré 8°Cristiano Silva 9° Adriano Paiva 10°Alexandre Almeida
Surfe e Apareça! Quer sair bonito na foto? Então envie seu melhor momento para Revista SURFAR! As fotos seguem para o e-mail: surfar@ revistasurfar.com.br. Não se esqueça de colocar seu nome e o local da foto. As imagens devem ser exclusivas (não podem ter sido publicadas em qualquer outro veículo), e também é preciso que seja anexada em alta resolução e a extensão do arquivo em JPG. Agora é só aguardar a próxima edição para conferir!
A PALAVRA É SUA O que você mais gosta de fazer no Rio?
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Luke Werneck, 12 anos Estudante e Músico.
Marcos Myara, 23 anos Designer Gráfico.
Bel Leal, 21 anos Estudante de Medicina (UFRJ)
André Gomes, 27 anos Surfista e Empresário
Gosto de ir no cinema, jogar boliche ou Paintball com os amigos, e tocar com a minha banda, WWW.
Dar uma pedalada de Bike pela ciclovia da Barra antes de cair na noitada na Zona Sul!
Ir ao Maracanã torcer pelo Vasco de arquibancada, pra ter mais emoção!
Depois de fazer um surf, tomar uma gelada no Parque das Rosas com a galera.
Pedro Sol, 22 anos Músico.
Priscila Barcik, 27 anos Fisioterapeuta.
Bruno Pinguim, 28 anos Treinador do CT Surf
Vinicius Durmet, 18 anos Estudante de Comunicação (PUC)
Surfar as várias opções de ondas. A Prainha é a que mais gosto; Grumari é uma onda mais em pé; Já a Macumba é uma onda mais cheia.
Ir às praias, e curtir o visual de montanhas e cachoeiras. Gosto de Grumari, Prainha, Vargem Grande e a preservação dessas praias.
A boa do Rio é curtir o samba no Largo da Barra, todo domingo a partir das oito horas da noite.
Pegar onda em frente de casa, ir lá pra cima na Prainha e curtir uma noitada que rola muita mulherada na noite carioca!
Alvaro Freitas
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Bezinho
Arquivo Pessoal
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Pedro Monteiro
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Bezinho
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Bezinho
Alvaro Freitas
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3 Bruno Lemos
2 Pedro Monteiro
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Marcio David
Bruno Lemos
Claudio Paschoa Arquivo Pessoal
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Bezinho
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1- Raoni com esposa e amigos em Saqua 2- Burle, Eraldo e Maya Gabeira curtindo o Hawaii 3- Trekinho e Bruno Santos, Noronha 4- O fotografo Piu 5- Pablo em Noronha 6- Corte de cabelo ao ar livre na Prainha. Yuri e Teozinho 7- Rodrigo Resende e Danilo Couto, parceiros no Tow-in 8- As surfistas Priscila Barcik e Michele Schlanger 9- Autor da capa, Pedro Monteiro 10- O fotografo carioca que mora no Hawaii, Bruno Lemos 11- Simão Romão e seu filho 12- A equipe Surfrider Foundation reunida, Beto, Otavio Pacheco, Alexandre Kronig e Cacau Falcão 13- Marcos Sifú com fome 14- Cristiano Figo, José Roberto Annibal e Jojó de Olivença 15- Sem comentários 16- Victor Ribas e Minduin 17- Bocão com os filhos, prestigiando noite de autografos do filme The Rock com Pedro Henrique 18- Brasinha (Electra) com filho.
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8 vezes é POUCO!
Por Pedro Robalinho
Austrália... Que país exuberante! Altas ondas por todos os cantos. Uma ilha gigante cercada de oceanos ricos em ondulações ideais para o surf. Um governo rico que apóia diversas iniciativas de incentivo aos esportes praticados nos seus mares. Uma população que já está atingindo a quarta geração de surfistas e onde se concentram as maiores marcas do surfwear do planeta, os atuais campeões mundiais Mick Fanning e Stephanie Gilmore e milhões de praticantes. Este é o cenário perfeito para realizar, todos os anos, a perna de abertura do WCT (World Championship Tour), a primeira divisão do esporte mundial. Atletas do mundo inteiro vão pra cidade de Coolangatta competir em Snapper Rocks e Duranbah na primeira etapa. Europeus, brasileiros, americanos, havaianos, sul-africanos e australianos (tops 45 no masculino e tops 16 no feminino) testam suas habilidades diante da multidão na praia, das TVs e também de transmissões via internet ao vivo. É um show! Um evento magnífico com uma grande estrutura para todos os envolvidos. Quando comecei a pensar em escrever sobre esse assunto, a primeira coisa que me veio em mente foi que o Kelly Slater ainda continua sendo o melhor surfista do mundo! Mais que isso, ele ainda dita o ritmo e a forma como as coisas são feitas. O critério de avaliação é baseado em seu surf e, o mais interessante, o octacampeão mundial mexe com a mídia e a opinião geral dos que acompanham o tour de uma forma impressionante. Além de um atleta, ele se torna cada vez mais o maior ícone da história do surf competição. Agora, tem 36 vitórias em etapas do WCT e podem esperar que vem bem mais. Apesar dos 36 anos de idade, tirando a careca, ele parece ter uns 25 e ainda promete muito, ainda mais com a suposta proposta de um bônus de U$10 milhões caso atinja a marca de 10 títulos mundiais.
O ano começou muito bem pro “Cara”. Ele foi destruindo seus adversários um a um desde a Gold Coast até Bell’s Beach, sendo bem superior em suas performances. Ainda bateu o Bede Durbidge (único top 5 que não pertence às maiores marcas do surfe), que apesar de ter surfado as melhores ondas da última final, não conseguiu vencer o astro octa. Foi incrível! Slater estava sem a prioridade, precisando de mais de oito pontos para virar o resultado, num mar ruim para os padrões de Bell’s. Todos acharam esquisito, mas o campeão remou para sessão de Rincon (mais pro fundo e em direção às falésias da praia), onde não haviam ondas muito boas e ninguém tinha competido até então, mas poderia ficar mais longe de seu adversário para escapar de uma marcação, pois já era final de bateria e o Bede ainda tinha a prioridade de escolha de onda. Resultado: a estratégia dá certo e Kelly desce uma onda regular, manda um aéreo bem alto com suas mãos agarradas nas bordas (que ele mesmo, em entrevista, disse não saber como saiu tão alto), completa com segurança, dá mais uma seqüência de manobras bem feitas e finaliza com uma rabetada numa junção pequena já na beira. Golpe de mestre. A praia inteira vibra diante do feito quase impossível. Pessoas demonstram as mais variadas formas de expressão de surpresa misturada com entusiasmo. Juízes se olham incrédulos diante da obrigação de dar a virada na bateria, apesar da má qualidade da onda. A nota sai e mais uma vez lá está o nome do americano na lista de vencedores do grande sino. O ciclo de abertura do circuito se encerra com uma consolidação ainda maior da reputação do maior campeão de todos os tempos. Os outros surfistas do tour, das diversas nacionalidades, estão cada vez melhores e mais estruturados, formando equipes de treinadores, cinegrafistas, etc, mas Kelly Slater ainda mantém uma supremacia marcante e evidente. Mick Fanning que se cuide, pois do jeito que as coisas aconteceram neste início de temporada, a coroa de campeão deve voltar pra quem sempre esteve bem mais acostumado com ela. Robalinho trabalha como treinador dos surfistas Léo Neves e Jihad Khodr. Esteve presente nas duas primeiras etapa do Tour, onde assistiu a vitória de Slater.
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Fotos: Pedro Tojal
Bruno Lemos
Para entrar no clima do inverno havaiano, convidamos o carioca Felipe Cesarano, o “Gordo”, de 21 anos, um dos surfistas de mais atitude da nova geração para passar um pouco do que aconteceu. Nos meses de janeiro e fevereiro, poucos brasileiros permanecem na ilha, porém nessa temporada a molecada invadiu o North Shore e representou bem. Num ritmo de muita zoação com os amigos, perrengue e ondas pesadas, Cesarano revela como é passar as férias no paraíso e ao mesmo tempo rodeado de locais brigões. Texto e legendas: Felipe Cesarano
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Mesmo sem patrocinio, Hugo Bittencourt, 19 anos, passou mais de 2 meses no North Shore. O resultado de todo esse trabalho rendeu a ele essa abertura da matéria com um fotão em Pipeline. A esquerda: o autor da matéria e leitor assíduo das revistas de surf.
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Luiz Blanco Com apenas 16 anos, André Pastori, pegou altas ondas e surpreendeu a todos.
Pedro Tojal
Binho Nunes não deu mole pra molecada, experiência diz tudo.
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Arthur Toledo Maia Gabeira, dropando em Waimea ladeira abaixo para o bicampeonato do XXL.
Chegando ao North Shore Chegamos em 1° de janeiro e passamos o Revellíon no avião, eu, Pedro Scooby, Gabriel Pastori, André Pastor, Malafaia, Gustavo Cavalcanti e o bodyboarder Felipe Perusin. Foi maneiro, tinha uma galera que estava indo pro Hawaii fazer um work experience, aí o avião foi bem movimentado, rolou até champagne! (risos). Logo no primeiro dia, ouvimos uma história de que o mar estava horrível, que nem novembro e nem dezembro quase rolaram ondas, mas logo na primeira semana deu uns quatro dias de Pipeline clássico. Porém, teve o evento Backdoor Shootout e só dava pra cair de manhã cedinho e final de tarde. Os locais como não tinham caído em dezembro, estavam famintos, não liberavam nada.
Acampamento
Arrumamos um camping em Rocky Point, pertinho da praia, pra pagar uma mixaria, tava tranqüilo... A princípio fomos pegar onda e não pra ter luxo, né? O custo era 140 dólares por mês em frente à praia no Hawaii, maluco! Tá barato demais... hahahaha! No começo só tinha lama e meia dúzia de malucos morando, arrumamos umas madeiras e fizemos um tablado. O banheiro era chamado de “bicho papão”. Meio sinistro, nojento, mas só colocar um chinelo pra não pisar no chão... (risos). Quando a gente chegou, moravam umas 15 pessoas, já no final da temporada eram mais de 60 no acampamento. Um chuveiro, uma privada e uma ducha pra todo mundo. Era pra quem acordasse primeiro, ou então ia correndo pra Pipe e usava o banheiro comunitário. Eu já tinha ficado lá no ano passado, só que eram uns barracos de madeira, por isso o apelido ficou “Roquinha”, é a Rocinha em Rocky Point. Esse ano só podia montar barracas. Já sabendo disso, ajeitamos tudo para comprar o material de camping.
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Arquivo Pessoal
Stanley Ciesliek, em Rocky Point, especialista em aéreos. Que foto! Bem que poderia ter um logotipo naquele bico hein!
No outside de Pipeline
Sem luxo, mas altas ondas
Na nossa barraca tinha geladeira, fogão, uma lona para não chover dentro. A gente cozinhava, “tava sinistro”, era macarrão, miojo ou cup nuddles e tortilhas, hahaha! Pegava até sinal de internet para lap top. Até mesmo o Fun, quando não tinha net na casa de Pipe, chegava na “favela” pra usar o sinal (risos).
É a terceira temporada que vou. Chegamos a uma conclusão de que, se a galera respeitar, vai pegar onda pra caramba. Se você fizer merda e rabear, pode nunca mais surfar lá, ser esculachado e até marcam a tua cara. É assim, em Pipeline se você estiver com medo de ser varrido, de tomar a série, tu não vai pegar onda. Se você ficar à vontade, sai remando, dá a volta e fica embaixo dos locais, mas corre o risco de ser varrido toda hora. Aí quando o local não entra, sobra pra você. É assim que a gente consegue pegar onda. Geralmente, se o cara deixar passar, é uma onda que não dá pra entrar (tem que ver as vacas que agente tomava!), já sabe que vai fechar, mas as vezes essa é a boa.
Abaixo: O local Reef Macintosh, entre os três melhores da nova geração de Pipe. Fotos: Lika Maia
Luiz Blanco Kalani Brito
Jeronimo Vargas, combinação de estilo classico com modernidade. Backdoor.
Eric de Souza se destacando no meio do crowd pesado de Pipe. Atitude!
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Pedro Tojal. Lika Maia
Em sentido horário: Pipe faz os olhos de qualquer um brilhar. O local marrento. kalani Chapman. também toma seus corretivos de vez em quando. Fabio Gouveia, cascudo em todas as situações. Pedro Scoby na sua primeira temporada já usou toda a sua base do Recreio para pegar esse salão em Pipe.
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Arthur Toledo
Arthur Toledo
Apitasso
Nunca rabeei ninguém e a galera também não, ninguém teve problema. Mas se entrar nas ondas dos caras, a casa da Volcom começa a apitar, nego começa a batucar e ai já descem uns três macacos lá da casa pra te pegar e dar porrada. “Rabeou é porrada!” Já vi várias vezes. Dentro d´água você está do lado dos locais, aí eles começam a rir e, como tu és o houle da parada, ou começa a rir junto ou abaixa a cabeça, senão é confusão na certa. Os caras descem da casa, ou até mesmo os que estão dentro d’água, já começam a bater ali mesmo, quebram a prancha...
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Damea Dorsey
-“Já estava querendo sair do mar puto com o crowd, quando fui remando pra Off the Wall veio essa onda e sobrou linda pra mim, remei com tudo e peguei mó tubão. Sorte minha ter um fotógrafo ali embaixo do pico pra registrar esse momento”
Lika Maia
Hugo praticando o salto a distancia, modalidade comum no hawaii pra quem está afim de se tacar nas bombas.
Eles nunca desistem da briga
No começo do ano, o mar estava demais, porém a gente não podia surfar o dia inteiro. E em fevereiro não dá nem pra falar de “um” mar, porque deu de uns “dez” a “quinze” mares clássicos. Agora, se tiver sorte de pegar um tubão, já tava feliz da vida. Se quiser esperar a boa, corre o risco de ficar a temporada inteira e pegar uma, duas, três boas... A intenção é sempre pegar onda em Pipeline. A gente acordava na madruga de bicicleta pra ver o mar, mas quando não estava quebrando e se estivesse grande, ou pegava um “Sunsetão”, ou caía em Waimea. Deram dois mares bons em Waimea esse ano, peguei altas ondas; a Maya pegou uma enorme. Até em Sunset deu uns mares maneiros de 10’, 12’ pés perfeito. Rocky Point que era o quintal de casa. né? Dava até pra rabear (risos).
Crowd
Na real, acho que só em Pipeline que é o centro. O clima é pesado, mas é até mais tranqüilo do que no Brasil. Se aqui tivesse uma onda dessas... (risos). Só como exemplo, o quebra-mar, que o clima já é pesado e nem se compara com Pipe, imagina se fosse bom?! (risos)
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Bruno Lemos
Pedro Tojal Na sua primeira temporada Gabriel Pastori mostrou que tem talento surďŹ ciente para fazer parte de uma equipe de ponta.
Pedro Tojal
O gaĂşcho Pedro Manga quer apenas se divertir e pegar umas bombas, mas foi reconhecido por sua atitude.
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Arquivo Pessoal
Ian Conseza não se intimida quando o mar sobe, fica amarradão e bota pra baixo geral em Pipeline. Aí está o reconhecimento de uns dos atletas mais focados da nova geração.
Haleiwa
Eu não surfei lá, mas uns camaradas pegaram ondas boas e a maior galera do Rio que não compete ficou por lá. Eles nunca conseguiam chegar nos picos de Rocky Point e Pipe, pois no meio do caminho você passa por umas 10 ondas, uma vala de direita longa, uma esquerda mais tubular e outra esquerdinha mais longa. Uma até se chama “marihuana”, que a gente apelidou de “Miojo”, porque não é tão boa como o Macarronis, na Indonésia, mas tem umas esquerdinhas iradas (risos)... Cara tem muita onda com pouco crowd, pode até ter muita gente, mas é a galera aprendendo, é gente mais tranqüila, não são os locais mesmo, entendeu? Então, dá pra surfar bastante.
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A mulherada
Tem umas brasileiras lá que fazem a alegria da galera (risos). Em relação à mulher, eu só escuto melhora, acho que é igual a telefone sem fio (amarelou pra não se comprometer com a namorada). Um grupo de garotas vê um lugar que só tem um bando de homem, agora está cada vez faltando menos porque elas estão indo mais pro Hawaii. Imagina a gente numa ilha que só tem as bodyboarders, pô seria o paraíso (risos)!
Na praia
Pô, não é igual ao Brasil, que a galera toma cervejinha na praia e fica com aquele clima. Lá é Pipe, né? Ficam os fotógrafos, todo mundo filmando, mas sempre tem umas meninas deitadas e tal, as namoradas dos surfistas ficam na areia. Os caras são loucos de deixarem elas lá! Eu nunca vou levar minha namorada pra Pipeline (risos).
Nova Geraçao no Hawaii
Cara deixa-me ver... Primeiro eu vou falar da minha galera, lógico! A primeira vez eu fui pro Hawaii com o Gerônimo Vargas. Depois conhecemos o Marco Giorgi e o Ricardinho, que eram da Mormaii. Na outra temporada, o Ricardinho já tinha ido pra Billabong e o “Gê” entrado na Reef, porque ele não tinha patrocínio na outra temporada. Aí começamos a cair nós quatro juntos nessa temporada. Também estava o Fun (Stephan Figueiredo) e o Paulo Barcellos (bodyboader), que eram os professores e nós ficávamos na cola deles. Onde eles se posicionavam, a gente ia porque sabia que ali nós pegaríamos onda. Nesse ano foi uma galera que não tinha ido e representou bem, o Scooby (Pedro), Gabriel Pastori, Hugo Bittencourt, André Pastori, Stanley Cieslik e o Yan Cosenza. Esse ano foram mais de dez surfistas que estavam fiéis a Pipeline, topavam qualquer onda e se tacavam. A que viesse a gente dropava. Graças a Deus, tá todo mundo vivo (risos). Fotos do mosaico: Bruno Lemos, Pedro Tojal, Lika Maia, Bezinho, Arthur Toledo, Luiz Blanco.
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Por José Roberto Annibal
Stephan Figueiredo, o Fun, 26 anos, é o tipo de surfista que não nasceu para “competições”. Seu estilo excêntrico, mais precisamente falando dos variados cortes de cabelos, traduz um cara da modernidade. Ao contrário do que traça para sua vida, que mais combina com a de um surfista da década de 70, onde o “moderno” era desbravar novas ondas e pegar o tubo mais cabuloso. Morando três meses por ano em frente para Pipeline, esse carioca da Barra da Tijuca tem que matar um leão por dia para enfrentar os locais mais temidos e botar pra baixo nas esquerdas tubulares. Porém, o que para uns seria um pesadelo, para ele é um sonho realizado. “Desde moleque eu abria as revistas e via as fotos de ondas enormes, tubos e mais tubos. Gerry Lopez, Tom Carrol, Shaun Braley, Derek Ho... E hoje vivo esse sonho, moro na antiga casa do Gerry Lopez. Nem preciso dizer mais nada.” De tempos em tempos, aparece um surfista com essa coragem e determinação, como Renan Pitanguy, Pepê, Valdir Vargas, todos ídolos na década de 80. Agora é a vez do Fun colocar seu nome na história de Pipeline.
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Fred Pompermayer
Aleko
Bruno Lemos Fun, alvo dos fotografos em Pipe.
Como foi sua infância? Morava longe da praia? Nasci e cresci na Barra da Tijuca até os 18 anos e depois mudei para a Lapa, onde morei durante seis anos. Essa foi uma fase difícil.
E o clima no outside? Esse lugar concentra muita energia, tanto dentro quanto fora d’água. Quando tem onda boa é tenso. Quem vem para cá sabe como é.
Quando e como começou no free surf? Estava com 22 anos e fiquei sem patrocínio, então, tive que voltar a correr campeonatos. Fiz uns resultados, me classifiquei no Super Surf e venci o Lost Air Simulator na Barra. Foi aí que arrumei patrocínio e fechei contrato como free surf.
Qual seu entrosamento com os locais mais temidos? Tive a oportunidade de conhecer alguns e tenho um relacionamento bom com eles. Mais isso não me faz pegar mais onda, porque nenhum local vai aliviar quando vier a boa.
Qual o tamanho e tipo de onda que você gosta? Tamanho pode ser qualquer um, desde que tenha um tubo para eu pegar. Por que você não se adaptou bem nas competições? Nunca fui uma pessoa muito competitiva. Na maioria das minhas baterias, surfava mal e isso me irritava, pois quase em todos os campeonatos as condições das ondas eram ruins. Quantas temporadas de Hawaii? São oito temporadas, mais infelizmente duas temporadas eu não pude vir porque estava sem patrocino, senão seriam dez.
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Qual a situação dentro d’água que te deixa mais apreensivo (medo)? Tomar onda na cabeça em baixo do pico é uma coisa muito chata, aí você arrebenta o leash e depois ainda vem mais umas três ondas. Nossa! Dá até falta de ar só de pensar! Quais os xerifes hoje no North Shore, aqueles que ninguém rema na onda deles? Tem uns caras que remam na onda, como o JOB, Braden Dias, Reef Mactosh, Aamion Godwin, Danny Fuller, Mark Harley. Os mais velhos têm mais prioridade, surfam sozinhos no meio do crowd e rabeiam até mesmo os locais se a onda for animal, como Derek Ho e Mike Stuart.
Fotos: Tiago Navas
Acima; Pra quem gosta de onda de verdade, Waimea não pode passar em branco. Tahiti também não. Relax total!
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Teahupoo ĂŠ o paraiso pra quem nĂŁo vive sem ondas tubulares.
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Fotos: Aleko
“Paciência se eles gostam de treinar na valinha de meio metro em frente de casa.”
Conte algum caso de localismo que aconteceu no Hawaii que ficou marcado para você? Uma vez estava surfando em Backdoor bem cedo com o Johnny Boy Gomes e ele se arrasou em umas três ondas. Voltou para o outside xingando muito, gritando e remou na minha direção, eu não queria nem olhar (só pensava que não seja comigo, o que eu fiz?). Aí ele passou por mim olhando em direção ao bodyboarder botando o moleque para fora d’água (Ufa! Não é comigo). E as expectativas com a mulherada, já que no Hawaii isso é coisa rara? Hahahha!! Hoje em dia isso não é mais problema no North Shore, já foi o tempo da galera vir pro Hawaii e voltar desesperado para o Brasil atrás de mulher. E também moro aqui com minha namorada Camila. Como é morar e m frente para Pipeline? Eu vejo tudo o que acontece. Quem chega, quem sai, quem dropa, quem amarela, quem faz merda, quem pega os tubos. Esse lugar tem muita energia, acontece muita coisa, tem muita história, pressão de todos os lados. Mas é muito bom, não saio daqui. Quem são seus ídolos? Aqui no Hawaii gosto muito de ver o JOB, ele é o que mais impressiona. Gosto também do surf do Josh Kerr e Dane Reynolds, esses caras são os melhores na atualidade para mim. Muitos atletas acabam voltando cedo. É aí que os free surfers fazem o papel que os competidores deveriam fazer no outside? Acho que cada surfista faz o que gosta. Uns de competir, outros de viajar, pegar tubo, onda grande, etc. Nós gostamos de onda de verdade, sentir a adrenalina de dropar uma bomba atrasado e tomar na cabeça. Paciência se os competidores do Brasil gostam de treinar na valinha de meio metro em frente de casa. Em sua opinião, qual o tempo mínimo de aproveitamento que um surfista profissional deve passar no Hawaii por temporada? Esse lance de tempo é relativo, o que acontece é que os competidores profissionais do Brasil vêm aqui e quase não treinam, acordam depois das 11hs e reclamam de tudo. Quer ser campeão mundial? Vai treinar ao invés de reclamar! Gosta de surfar em Waimea? Desde o ano passado. Por causa do crowd nos dias médios/pequenos, não tenho surfado muito lá. Eu era sempre um dos primeiros a entrar na água, surfava lá independente do tamanho e da condição do mar. Em todos o “Eddie Aikau” que rolaram, eu surfei antes e depois do campeonato. E o tow-in, você curte? Fui para Maui na esperança de chegar lá e arrumar alguém para me rebocar no canal. No final das contas, arrumei uma dupla, o Dave Stain, de Maui. Tem que estar 100%, fisicamente e psicologicamente, porque qualquer vacilo você pode passar os piores momentos da sua vida. E dá muita adrenalina surfar essa onda. Acho que vou gostar hahahhahah!!!! E os planos para esse ano? Tô no Hawaii agora e vou direto para o Tahiti, onde pretendo correr a triagem do WCT e fazer umas imagens insanas em Teahupoo. Depois viajar e viajar, mas ainda não tenho destino definido.
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Texto e fotos: Rick Werneck
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América do Sul ainda é uma excelente opção para quem quer desfrutar boas ondas sem gastar muito. Em dia de swell bombando, registramos direitas longas e perfeitas para a felicidade dos leitores. As dicas estão aí, agora só depende de você colocar a prancha na capa e voar pra lá.
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O Surf é uma das atividades turísticas mais exploradas no Equador. O país abriga points excelentes, a água geralmente é quente e tem ondas para todos os gostos. Montañita é dos points mais famosos, não apenas pela qualidade das ondas, mas também pela estrutura turística e astral da praia. Montañita fica no litoral Sul do Equador, bem pertinho de Guayaquil. A água é morna, o clima ameno e nada de roupas de borracha. O caminho para se chegar neste paraíso é partindo de Guayaquil, tome o rumo de Santa Helena ou Salinas. De Santa Helena, é fácil encontrar transporte até Montañita. Os hotéis são bem baratos, mas sem grande infra-estrutura. São comuns as cabanas de madeira construídas bem acima do solo. Não fossem os mosquitos, este paraíso seria totalmente perfeito.
LUGAR DE ORIGEM: Costa do Equador. Fica num pequeno vilarejo turístico localizado na “Rota do Sol”. PICO: Um point break de direita, com uma onda longa e cheia que suporta as maiores ondulações vindas do Havaí. Rola também uma esquerdinha mais curta em direção ao meio da praia. ÉPOCA DO ANO: Tem onda o ano inteiro, mas a melhor temporada é entre dezembro e abril, com ondulações vindas do norte. POR QUE: Pela sua perfeição, a onda é costuma ser fácil e pode chegar ultrapassar de dois metros. CONDUÇÃO: Pegue um avião até Guayaquil e siga de carro ou ônibus em direção ao oeste, até Salinas e depois em direção ao norte, até Montañita. INSTALAÇÃO: O ideal é ficar em La Punta perto das ondas, O dono do hotel “La Casa Del Sol” é um surfista americano que serve o café da manhã a partir de seis horas da manhã, com granola frutas sucos, etc. Para quem opta ficar em lugares mais movimentados, a opção é ficar no “pueblo” e andar cerca de dez minutos até o pico.
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ALIMENTAÇÃO: Montañita tem opções para todos os gostos. Devido a alto encontro de turistas na cidade, há uma grande diferenciação no cardápio: de vegetariana a pizzas ou de hambúrguer a frutos do mar. CROWD: Durante os meses de férias o crowd é forte, mas quando entra ondulações, tem onda para todo mundo. CLIMA LOCAL: Protetor e um chapéu para os dias de sol, casaco e uma roupa de borracha (basta um colete) para os dias de chuva. DIA E NOITE: O negócio é cair na “night” e conhecer pessoas de todas as partes do mundo em uma das boates do povoado ou conhecer as praias das redondezas, para quem não curte a noite. SE LIGA: Ligue para (21) 7820-4526 ou 2433-1716 ou entre em contato com Laila através do email: lwerneck@wnetrj.com.br
Arquivo HB
O pernambucano Ernesto Nunes, que foi morar no PerĂş, aproveitando as boas ondas do PaĂs visinho.
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Já escolheu sua próxima prancha?
Tiago Cunha
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Essa é a duvida que todo surfista tem. Como será minha próxima prancha? Nesta coluna você terá informações do que rola nos bastidores das oficinas de pranchas, os novos materiais, tendências de rabetas, fundos e outlines, detalhes que podem fazer a diferença na hora da compra daquele foguete. Chega de papo, os microfones estão abertos para os shapers!!! Fotos: aspworldtour.com
Como está o trabalho com a equipe?
Como você vê o mercado de pranchas no Rio?
Trabalho desde as categorias de base até os profissionais. Muitos shapers se prendem apenas ao status que um profissional pode trazer, porém eu trabalhando assim, posso testar diversos modelos, sempre antenado com todos. Temos usado as rabetas redondas (round) que oferecem segurança e funcionam em um determinado momento como “prancha escola”, onde o atleta precisa usar bem os espaços que a onda oferece para não comprometer o desempenho e a velocidade. Utilizamos essa variação de round e round pin nas pranchas maiores, salvo alguns testes que fazemos com os atletas mais graduados para buscarmos sempre inovações. Em ondas pequenas, tenho feito uma variação de swallow com wings ou double wings, que inclusive são utilizados com rabetas rounds também, entretanto, requer mais precisão do atleta. Geralmente nas pranchas menores de até 6’10’’ o fundo é concave, em alguns casos double concave (no caso de surfistas mais pesados e que forcem muito a prancha no pé de traz).
Tenho observado uma degradação incrível do mercado de pranchas no Rio, principalmente pela grande enxurrada de “pretensos” shapers, que vão pegar onda e se sentem “profissionais” fazendo a própria prancha e a de alguns amigos. Sendo que esses mesmos aspirantes costumam manter uma vida paralela, onde por força da falta de convicção e de compromisso, cursam faculdades na busca por empregos que lhes são razoáveis e seguro. Passando assim a tratar a fabricação de pranchas como um hobbie, tumultuando o mercado e passando a falsa impressão de que todos os fabricantes são igualmente desprezíveis. Imagina se eu poderia fazer uma operação cirúrgica ou defender alguém no tribunal só porque essa pessoa é meu amigo, ou por simples hobbie. Muito triste ver isso... O verão que passou teve alguma novidade? No último ano estive desenvolvendo junto com a Power Glass um novo acabamento mais resistente e leve ao mesmo tempo. Mudamos antigos conceitos de lixagens e adotamos novos procedimentos de produção, além disso, novos aditivos foram acrescentados as misturas de resinas para atingirmos um grau de brancura ainda maior. Foi um sucesso! Esse ano começamos a produzir em escala comercial.
Pablo Paulino, cria de Tiago, trouxe dois titulos mundiais com os foguetes TBC.
Ian Conseza, piloto de teste em viagem internacionais.
Mario Flavio Conte um pouco de sua experiência no exterior? Morei no exterior 16 anos e nesse tempo trabalhei em muitas fábricas com muitos shapers. Na Califórnia, sheipei para a equipe do Paul e Shaul Tompson (ex-campeão mundial) na Natural Progression. Minha equipe no Hawaii foi Garrity Mcnamara (town-in), André Rei (waimea guns). Tive a oportunidade de produzir pranchas com o Lance Carson (inventor do hang five) na Con Surfboards, uma das maiores e mais tradicionais fábricas na Califa. No Hawaii, trabalhei com os Wills Brothers, Classic Surfboards e no Bill Barneyfild fazendo minhas pranchas Electra. Faziam parte da minha equipe, Garrity Mcnamara (town-in) e André Rei (waimea guns). Recentemente, trabalhei com Eric Arakaua, fazendo shapes na máquina DSD. Também fabriquei pranchas para Perry Danne, Kalani Foster, Sunny Garcia e outros. Já no Japão, abri uma loja Electra e patrocinamos alguns profissionais, mandando pranchas do Hawaii. O que você tem feito de diferente em suas pranchas? De um ano pra cá, venho fazendo pranchas muito rápidas com uma performance impressionante. Tenho usado um fundo novo chamado aspiral-vee, com um kick-tail maior, mais longo e um double concave curto para aumentar o fluxo nas curvas. Isso proporciona um ataque mais agressivo na cavada à parede da
onda. Com rabetas squash, elas funcionam melhor, já que é uma prancha pra ondas pequenas. Porém, se o surfista tem uma base forte, dá pra usar numa rabeta round para ondas médias. Ninguém tem feito esse fundo no Rio, pois é um fundo radical, com muitas curvas. E os shapers aqui estão habituados a fazer um shaper mais tradicional. Este é o modelo que recomendo pra quem tem surf competitivo. Já nos longboards, tenho deitado mais a borda como nas pranchinhas de competição e tirado um pouco do veebotton e adicionado o quick-tail para funcionar como pranchinha. Como você vê o mercado de pranchas no Rio? No Rio o mercado é grande, mas por haver muitas pranchas de fundo de quintal, o cliente fica sem saber o que é uma surfboard de qualidade. Porém, aqui existem boas fábricas que produzem pranchas utilizando material nacional, como fibra, resina e tinta de airbrush, que resulta numa prancha tipo exportação de ótima qualidade para competir no mercado lá fora também. Quais são os atletas da equipe? Minha equipe profissional é o Ian Cosenza e o Stanley. Os dois acabaram de chegar do Hawaii e estão arrepiando. Alguns amadores, como o Glauco longboarder, Marcelinho life guard, Xandinho, Tarik e Igor, que treinam no CT surf com o Bruno, na Barra. E os amigos masters, José Alla e Cado Alla, entre outros que estão fora do Brasil. Sheipeio também para muitos surfistas de conceito, que estão ligados a outras marcas.
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Joca Secco O que a molecada vem pedindo mais nas rabetas e modelos de pranchas?
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Você acha que a rabeta afinou proporcionalmente ao meio da prancha?
Hoje em dia, nos circuitos mundiais e nos regionais, os shapers têm que se adaptar a linha que os surfistas querem fazer. As competições agora exigem duas ondas que contam, então, eles estão priorizando as manobras de qualidade e não de quantidade. Antigamente se contava três ondas e o percurso da onda. Atualmente não. As pranchas têm que se moldar a isso, tem que ter velocidade e firmeza na parte crítica da onda. E é isso que o juiz quer ver. Não adianta você realizar três ou cinco manobras na onda e não ter qualidade em cada uma delas. As rabetas estão muito mais fechadas do que antigamente, as pranchas são mais estreitas e normalmente com mais curva.
Mais do que diminuir no meio, o final da rabeta está mais estreita, sendo round pin ou round, mesmo para marola. O surfista leve e com boa técnica não precisa daquela área no final da prancha. Numa manobra mais crítica, aquele excesso (squash), que é mais largo, só irá atrapalhar, prejudicando o andamento, principalmente se for um movimento muito curto. Hoje em dia os surfistas buscam amplitude de movimento e isso é muito difícil. São poucos os que conseguem manter um arco com velocidade. Com a rabeta estreita fica mais fácil para manobrar, porque com uma prancha mais larga a chance de manobra é pequena. Se você abre um arco, é necessário estar com muita velocidade e a prancha não vai aturar. Então a prancha tem que ser fina, ela não pode ser larga.
E no verão passado isso continuou?
Essas são as tendências da nova escola de surf?
Pra essa galera que busca esse tipo de surf, sim. Eu acho que o esporte está amadurecendo e a gente tem hoje em dia várias categorias. Por exemplo, um cara de 40, 50 anos, às vezes, não quer usar um funboard e usa uma fish grossa, uma prancha normal grossa, mas nesse caso ele não está buscando uma linha de surf que a gente está falando. Está buscando se divertir, mandar as “manobrinhas” dele, surfar. Mas aquele garoto que, ou por idade ou por opção quer ser profissional, o aéreo é uma manobra que todo moleque é “obrigado” a realizar. Uns praticam com melhor desempenho, outros com menos, mas não deixa de ser uma obrigação. E que precisa de uma prancha com pouco volume, não dá pra mandar aéreo com prancha grossa e larga. Eles estão buscando essa linha, então, a gente tem que tentar construir a ferramenta pra eles.
É diferente do surf clássico da época do Tom Carroll. O próprio Kelly Slater acha que é o último surfista dessa força muito na base da onda. Para você ver, Andy Airons, Joel Parkinson, o próprio Mick Fanning, Jorge Smith, todos eles trabalham mais o lip. A base da onda é mais pra ganhar velocidade, não é que nem naquela época que o Tom Carroll vinha lá de baixo e “cravava” a borda... Eles não querem mais isso. A virada só serve para você desenhar a manobra em cima. E se você fizer muita força embaixo, normalmente chega em cima com pouca velocidade se não for uma onda “power”. E é tudo que os caras não querem hoje em dia. Mas se for uma onda “power”, aí sim pode cravar embaixo que você terá velocidade. Repara a linha desses caras na virada, principalmente em point break, a virada é só funcional, a manobra é no lip da onda, por isso que a prancha tem que ser firme, ela não pode escapar do lip, até falam em escapar, mas é tudo controlado.
Bruno Santos já mostrou nas ondas pesadas que as pranchas feitas no Brasil funcionam em qualquer mar.
Silvana Lima, atleta do WCT, faz parte da equipe de ponta que representa Udo mundo afora.
Udo Bastos Quais os modelos que os atletas estão usando? Os atletas usam stander, que é o modelo squash, e a sword, que é o modelo round pin. A linha que estou trabalhando é uma mistura da australiana com a californiana, considerada as melhores do mundo no momento. Juntei o melhor de cada uma com a minha experiência em nível de Brasil e cheguei a esses novos modelos. Tem sido muito elogiados por todos os profissionais, com um índice de acerto de quase 100% nas pranchas que tenho produzido. Esse verão pintou alguma novidade, os clientes pediram alguma prancha específica? São mais de 20 modelos de pranchas, mas uma que tem feito um sucesso a parte é a linha de fish, que consiste nas pranchas usadas no final dos anos 70, começo dos 80, grossas e de rabetas swallow bem grandes, onde acrescentei apenas algumas características modernas, coloquei também várias opções de quilhas. Você pode surfar de três quilhas, onde a performance fica mais próxima do “atual”; ou com quatro, dessa maneira você consegue uma prancha com muita velocidade, fica boa para ondas mais rápidas; e de duas quilhas, que é o original da época. Você tem três pranchas em uma, é uma grande diversão.
Tem bastante gente reclamando do mercado de pranchas no Rio, muita fábrica “fundo de quintal”. O que você acha disso? Não tenho nada o que falar, pois foi assim que comecei. O que procuro fazer é um trabalho diferenciado que vem sido reconhecido e, cada vez mais, sendo procurado por todas as gerações de surf, principalmente por surfistas que desejam um produto de qualidade feito com as melhores matérias primas do mercado. Não trabalho com material de segunda e nem reject. Já alguns, para obterem preços menores ou ganhar mais, se utilizam dessa prática. Em minha opinião totalmente negativa para a marca exposta na prancha e a probabilidade de ter reações que colocam em risco o produto são grandes. Tenho exportado bastante para América do Norte, por isso a necessidade de um produto de qualidade. Desde que comecei esse trabalho no exterior, já dobrei a quantidade de pranchas exportadas e tenho trabalhado em cima de cada vez mais qualidade, o nível de exigência lá fora é bem maior.
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Renata Correia
19 anos Vitoria (ES) Fotos: Marina Vivacqua
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Apoio: Biquinis Bintang
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Com uma produção de responsa, a Oakley quebrou geral numa festa onde reuniu 800 pessoas no centro da cidade para o lançamento do Split Thump: óculos com tecnologia MP3. Com open bar a noite inteira, o som rolou picapes até quase o amanhecer. Quem não levou fé (era primeiro de abril), dá uma olhada no que perdeu... Fotos: Wagner Duque e Arthur Toledo
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1- Centro do Rio de Janeiro 2- O surfista profissional Guilherme Tripa e Fred (Lost) 3- Bocão e sua esposa Luciana 4 / 5 – Mulheres , muitas mulheres 6- Os skatistas Tarobinha e Sandro Dias ( pentacampeão mundial) 7- Camila Estrela (estágiaria) ao centro, com amigas 8- Alexandre Almeida ( patrocinado surf ) 9- Muvuca 10- Esses sorrisos… 11- As simpáticas expositoras 12- Muita alegria até o amanhecer 13- Marcelo D2 fez um som de primeira 14- As maravilhosas da noite 15- Pinga ( marketing Oakley) e Danilo Costa ( patrocindado ) 16- Silvia Hartmann ( marketing Oakley) 17- Beldades esquentaram a noite 18- O fotografo Rick Werneck e a esposa Laila 19- Marcelo (WQSurf) acompanhado da mulher
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Bruno Lemos
Lucas Silveira Idade: 12 Anos Patrocinador: Quiksilver, 2Surf Apoio: CT Shaper: Ricardo Martins Quiver: 5’5, 5’6, 5’8
Carioca, atualmente morando em Florianópolis, “Lukinhas” pratica surf desde os oito anos e, através do pai e dos irmãos, deu início a uma série de competições e bons resultados. Correu no Hawaii um campeonato em Sunset e fez final na Sub- 14. Na Ca lifórnia, ganhou o Volcom (WQS) na categoria Sub- 14 e no Brasil, foi campeão Infantil Carioca 2007. Esse ano participou de duas etapas das três (em função da viagem do Hawaii) do Rip Curl Gromm Search e conquistou o vice-campeonato do Circuito 2008. Sua última viagem foi esquiar na neve em South Lake Tahoe, na Califa, que, segundo ele, é uma sensação parecida com a do surf. Lukinhas se amarra nas manobras de linha e admira Kelly Slater por causa da força do surf, além dos australianos Mick Fanning e Joel Parkinson, “pois eles têm muito estilo e são muito fluidos”. Guardem esse nome, Lucas Silveira, já está dando trabalho.
João Zampier
Arthur Toledo
Idade: 14 Anos Patrocinador: HB Quiver: 5’8, 5’9, 5’10, 6’0 Shaper: Keto
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Morador de Búzios, João Paulo pratica Surf há 10 anos e, é claro, com todo esse tempo dentro do esporte, seus pais não poderiam deixar de apoiá-lo. Esse moleque veio com um currículo cheio de campeonatos, no total foram mais de 200 e levou para casa 50 vitórias. O circuito que mais marcou J.P, como também é conhecido, foi o estadual de surf amador sub-18, onde ele conseguiu boas colocações. Mas ele já sonha em ser WCT e não é a toa que guarda vários troféus! Sua inspiração no surf é o australiano Mick Fanning. Como quase todo moleque também dá suas voltinhas de skate. Porém, quando tem onda não deixa de surfar por nada em Geriba. Em seus treinos vem aperfeiçoando os aéreos, sua manobra preferida.
Arthur Toledo
Caio Vaz Idade: 14 Anos Apoio: Insane Shaper: Ricardo Martins Quiver: 5’6, 5’8, 6’0, 6’6
Arquivo Pessoal
Caio é uma forte promessa e conquistou um lugar de destaque entre a molecada do surf carioca. Chamado de “Portatil” pelos amigos, surfa desde os cinco anos e com apoio dos pais entrava na água de bóia no braço. Treina yôga, faz bioginástica para manter o aperfeiçoamento no surf e curte dar umas pedaladas na Lagoa. Passa muitas horas dentro d´água para aumentar seu potencial, Batidas e rasgadas de backside são suas manobras preferidas. Campeão do Intercolgial/Junior e iniciante, pretende investir nas competiçoes, conhecer novos lugares, culturas e desfrutar ondas perfeitas. Se pudesse fazer uma pergunta para alguns atletas do WCT e WQS a pergunta seria: “Como eles eram quando tinham a sua idade?” Seus ídolos são o carioca Marcelo Trekinho e o americano Rob Machado. Caio também arranja espaço na sua agenda para trabalhar como modelo. Ele é considerado um dos tops da agência Rio 40 Graus, no Rio. Recém chegado da sua segunda temporada havaiana, colocou em sua bagagem mais um pouco experiência conquistada nas ondas de V-Land, Sunset, Pipeline, Off The Wall, Log Cabins, entre outros picos.
Thiago Barcellos Idade: 14 Anos Patrocinador: Cyclone Apoio: Xcel, Pontal Fitness Shaper: Ricardo Martins Quiver: 5’10, 5’11, 6’0, 6’3, 6’10
Não é de hoje que o Recreio dos Bandeirantes revela diversos atletas. Thiago Barcellos, 14 anos, vem se destacando nos campeonatos com o seu power surf. Em 2007, chegou ao podium com o 1º lugar no Volcom Surf Series, no Recreio, 3º lugar no Brasileiro Amador, em Jacaraípe – ES e ficou com o 3º posto no ranking do Intercolegial na categoria Iniciante. Mais recentemente na temporada hawaiana de 2008, conseguiu o 4º lugar no “No Fear” que rolou na praia de Sunset. Instigado pelo hip hop, já viajou para o México, Peru, Panamá e Costa Rica. Gosta de comida japonesa e tem como ídolo Kely Slater.
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Mario e sua irmã Martina em seu apartamento no Leblon
O menino Mario Cesar Pereira Carneiro, fez seu primeiro mergulho aos 5 anos de idade. Conhecer o fundo do mar e seus habitantes foi uma experiência que mudou para sempre sua vida. Em 1964, com apenas 13 anos, começou a praticar o surfe na praia do Leblon, bairro onde mora até hoje. Nesta época, os desenhos feitos nas folhas dos cadernos dos colegas faziam sua grande diversão. O menino também deixava sua marca com giz branco no quadro negro após o encerramento das aulas primárias na escola Chapeuzinho Vermelho onde estudava.
Call
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Consagrada
Vieram os anos 70, e Mario inicia seus trabalhos desenhando e imprimindo sua arte (silk screen) em camisetas para primeira loja de surf wear do Rio de Janeiro, a extinta Magno Surf Shop, de Ipanema. A partir daí, começou a utilizar latas de color jets e colorgin (air brush) para pintar as espumas das pranchas na fábrica do surfista profissional Daniel Friedmann. Criou diversos logo tipos e marcas, tendo seu trabalho reconhecido até hoje com a marca Wave (cadeia de lojas de surf wear no país). Sempre ligado ao esporte, foi precursor na locução das seis primeiras edições dos campeonatos mundiais de surf, Waimea 5000, realizados no Brasil. Em seguida, foi nomeado primeiro presidente da OSP (Organização dos Surfistas Profissionais), entidade que ajudou a fundar. Deixando a OSP em 86, começou a fazer esculturas, seguindo os passos do mestre Rodin (modelagem em barro) e cerâmica na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com os saudosos professores, Jaime Sampaio e Celeida Tostes. Nunca abandonou a arte de desenhar. Com a prática adquirida com a modelagem em barro, viu seu campo de visão em 3D aumentar, atingindo assim, maior qualidade em seus trabalhos no desenho a lápis. Despertou a atenção do pintor retratista Roberto Leal, quem lhe mostrou a obra do mestre, pintor e diretor, durante 25 anos, do Museu Nacional de Belas Artes, Oswaldo Teixeira. Foi à inserção de Mario na pintura a óleo, acrílica e pastel seco. Na mesma época Mario foi apresentado pelo saudoso Antonio Franco designer gráfico ao mestre da ilustração do Brasil, o air brusher Nilton Ramalho, que abriu as portas do seu studio no Leblon e lhe ensinou tudo de A a Z do universo da pintura com air brush.
Skabufada
Rainbowave
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Tube Rainbow
“Agradeço a minha mãe por deixar-me a filha que nunca tive. Martina, minha irmã especial, com síndrome de down e minha maior fonte de inspiração”. Seu nome artístico surgiu com a devoção a duas grandes paixões, o MAR e o RITMO das ondas no surf. A junção destes elementos está na sua assinatura, MARITMO.
Indonesiana e Divine Moment, pinturas óleo sobre tela. O evento também aconteceu em São Paulo, no MIS (Museu da Imagem e do Som), onde seus quadros também foram expostos.
A partir da década de 90, colecionou prêmios e ganhou notoriedade na mídia. Apareceu com duas obras premiadas na novela Araponga, da Rede Globo, a convite do cenógrafo Gringo Cardia, e os quadros Wild Tiger (medalha de ouro no Salão do MEC) e Mytologic Paradise (medalha de prata no Salão da Biblioteca Estadual).
Em 2007, com o sucesso que estava fazendo o artista Maritmo diante da mídia do SURF e a expectativa dos admiradores das ARTS que vinha expondo nas Mostras Anuais de Arte, foi motivo de grande incentivo para que ele apresentasse um novo olhar para o que estavam fazendo em termos de pintura do surf no mundo.
Virada do milênio. Maritmo mergulha na Pintura Digital utilizando como ferramenta uma Tablet Intuos2, sendo o pioneiro a usar esta técnica nas artes do surf. Teve quatro obras selecionadas e expostas na I Mostra Internacional da Arte e Cultura Surf 2004, no Salão da Bienal do Ibirapuera - SP. Elogios as suas obras, o credenciaram para a segunda edição do evento, em 2005, onde apresentou, em formatos maiores, três quadros, mídias digitais atuais, dando seguimento a arte na pintura digital, sem nunca ter abandonado a pintura natural.
Maritmo retorna a Pintura Digital só que desta vez com seu o PC Studio 3.40 HT + uma Tablet INTUOS 3 da WACOM, produzindo seis imagens exclusivas para os curadores e expectadores da IV Mostra Internacional da Arte e Cultura Surf expostas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina causando o maior sucesso. Devido ao verdadeiro novo na qualidade pictórica apresentada nas suas obras diante das entrevistas concedidas para grande mídia presente que envolveu neste ano de 2007, onde o nome da mostra foi “CONSCIÊNCIA”, provou para todos que seu estágio atual está muito focado na Arte do Surf.
O ano de 2006, não poderia ter sido melhor para o artista. Maritmo com duas obras selecionadas pela curadoria do evento, expôs na III Mostra Internacional da Arte e Cultura Surf, no Rio Design Barra – RJ. São elas
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Podemos aguardar as novidades do Artista da Onda em 2008 ...
Fiji Itapuca Dolphins In Guanabara Bay
SurďŹ sta Mito
Sunset Soul
Contatos Maritmo: Tel. 55 xx (21) 2259-4974 e-mail: maritmoart@gmail.com
Honolua
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A coluna Surfar Sounds é totalmente voltada para o som feito pela galera local do Rio, com o intuito de divulgar o que merece destaque. Se você também faz o seu som, entre em contato e você pode estar na próxima edição! Texto: Renato Noite
A banda WWW não deixa nada a desejar ao Rock clássico, os cinco primos “Werneck” fazem uma “sonzeira”, regada à Surf, Skate e muito Rock n’ Roll. A molecada, com a faixa etária de 13 anos, esta impressionando à todos que escutam suas musicas. “Tô bolado”, uma das mais pedidas, faz parte da trilha sonora da novela Luz do Sol, da TV Record. O quinteto, que têm lotado as matinês do Rio, está agora gravando com o consagrado produtor inglês, Paul Ralphes que é conhecido por trabalhos com Armandinho, Cidade Negra, entre outros. A WWW ainda tem muito tempo para mostrar seu talento, como aposta o lendário fotógrafo de Surf Rick Werneck, que gerência os garotos. http://bandasdegaragem.com.br/www
Lusquemana é uma banda carioca que vem mostrando seu talento influenciado pelo grande rei Bob Marley e bandas como Groundation e The Police. O som é uma mistura muito boa de Reggae Raiz (com percursões bem presentes), e um Rock nostálgico, que aparece principalmente na pegada destinta da bateria. Tocando desde 2005 em lugares como a Casa Rosa, Ilha Primeira e Empório, a banda agora se prepara para gravar seu primeiro trabalho, totalmente independente. http://www.myspace.com/bandalusquemana
Wendy K é a representação sonora da personagem criada pelo vocalista, guitarrista e compositor Tomaz Lins. Junto ao baixista Aureo Gandur e o baterista Chris Neumann, eles fazem um Rock que carrega toda a pressão assimilada aos clássicos Power Trios. Desde 2002 a banda já tocou em diversos lugares do Rio de Janeiro e seus arredores, mas tendo sua última formação concretizada em 2006, mais amadurecida, a banda vem produzindo material de altíssima qualidade e crescendo no cenário independente, chegando a abrir shows de bandas como Detonautas. Com um leque de influências desde o Rock dos anos 60 até o contemporâneo, o resultado tem agradado não só os apreciadores do gênero no Brasil, mas também no exterior. http://www.myspace.com/wendykxxx
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Arthur Toledo
O primeiro escolhido para a PALAVRA FINAL é o único representante carioca na elite do surf. No seu segundo ano de WCT, ele já conquistou o respeito dos adversários. Após duas etapas nessa temporada, Léo Neves está entre os 20 primeiros do ranking. Mas um fato recente marcante foi o vice-campeonato na etapa do WQS, na praia de Sunset, em ondas de 10 pés, com toda a comunidade do surf mundial de olho no outside. É a força do surf brasileiro sendo bem representado.
Como você se preparou para as duas primeiras etapas? Fiz uma viagem pra Marrocos e consegui pegar bastante onda pra direita, longa. E treinei num pico tipo “the box” muito tubular e onda perfeita. Qual a lição que você tirou do primeiro ano de WCT? Foi um ano bem difícil, não conhecia os tipos de ondas que ía surfar. Achei que estava preparado, mas não estava, faltaram pranchas em muitas etapas. É bom ter essa oportunidade de novo, pois vou ter uma chance a mais agora de tentar mudar e, com certeza, vai contar muito na hora de decidir nas baterias. Aquele segundo lugar no WQS, em Sunset, deu um levante, hein? Uma vitória pra mim, foi como se estivesse vencido o campeonato. As ondas não estavam perfeitas, o mar estava muito mexido e difícil. Teve um dia que deram quase 20’ pés. Surfei com uma prancha 7.4, acho que eu nunca surfaria com uma 7.4 em ondas de 8’ pés. A onda não tinha tanto tamanho, mas muito volume. E a satisfação ter chegado à final, dando uma dura no Mick Fanning (3º), no Havaiano Makua Rothman (1º) e no australiano Daniel Ross (4º). Espero ano que vem dar essa dura de novo em Sunset e em Pipe.
Na hora do pódio, o que passou pela sua cabeça? Eu estava um pouco indignado porque peguei uma onda, mas não consegui trocar os meus 7,5 pontos. Tá tranqüilo... (pausa) Muita gente achou que eu venci e achei que realmente ficou justo o resultado, pesou pro havaiano. Foi bom pra mim, o pessoal lá me respeitou bastante, me deram os parabéns, me senti bem no pódio, a galera me deixou bem à vontade e isso, com certeza, ano que vem vai me ajudar. Você vai priorizar o WCT ou irá investir no WQS também? Eu vou correr os dois circuitos e espero ter um pouco mais de dinheiro pra correr o WQS, pois o WCT está muito caro. O que eu puder correr, vou correr. Quais os adversários mais “irados” no WCT? Mick Fanning, Kelly Slater, Joel Parkinson, Bede Durbidge e C.J Hobgood. Acho que todos esses tops 16, se alguém pegar um deles vai ser mais difícil. Quais são os planos para esse ano? Tentar chegar no Brasil com chances de disputar o título. Não é tão difícil assim, tem que estar bem fisicamente e manter uma constância. Não perdi quase campeonato nenhum de cara. Espero esse ano conseguir bons resultados para me classificar mais
tranqüilo ou disputar o titulo no final no ano.
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Marcelo Piu
Alexandre Paiva, Recreio dos Bandeirantes
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