Surfar #51

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Ian Gouveia, Sumbawa.


SHARING

h a n g l o o s e

I A N G O UV E I A

. c o m . b r

A LO H A







CAPA: Ian Gouveia, Sumbawa. Foto: Tom Toledo. Vídeo: Caio Faria, Paulo Kid e João Collor.

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Vídeo: James Thisted

ÍNDICE

Michael Rodrigues rasgando com estilo no litoral sul do Brasil. Foto: James Thisted.


CLIQUE NO NÚMERO E VÁ DIRETO PARA A MATÉRIA

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PORTFÓLIO PAULO BARCELLOS De bodyboarder campeão mundial a fotógrafo aquático, Paulo agora é dono de uma produtora de vídeos que vem conquistando seu espaço no disputado canal OFF.

7 DICAS DE POWER SURF As aulas de surf continuam aqui na Surfar. Desta vez trouxemos quatro professores para dar algumas dicas que vão deixar você com o surf afiado.

PALAVRA FINAL MATEUS HERDY Um dois maiores talentos da nova geração do surf brasileiro fala sobre sua carreira, títulos e expectativas para o futuro. Esse moleque tem futuro!

SURFAR TRIP NICARÁGUA Considerada a “joia” da América Central, a Nicarágua é um lugar incrível e super democrático, com várias opções de passeios para todos os gostos e, é claro, muito surf.




Annibal

EDITORIAL Rocky Point, Hawaii.

PLATAFORMA DIGITAL

Mantendo a proposta de trabalhar forte a plataforma digital no site, Instagram e Facebook, estamos trazendo mais uma Surfar, nossa quarta edição digital este ano, com muitos vídeos e interatividade para os leitores. Convidamos o casca-grossa campeão mundial de bodyboard, agora fotógrafo, produtor e videomaker aquático, Paulo Barcellos para nos presentear com seu Portifólio de fotos e vídeos espetaculares. Barcellos também fez uma capa histórica para Surfar do Ricardinho em Pipeline, foto que foi muito disputada por todas as mídias especializadas na ocasião. Dando continuidade na “sala de aula” da Surfar, trazemos mais uma matéria de dicas. Agora chega a vez do Power Surf com “professores” especialistas no assunto! Lucas Silveira, Marco Giorgi, Wiggolly Dantas e Adriano de Souza mostram para você como melhorar sua performance dentro d’água com vídeos irados! Na Palavra Final, entrevistamos o catarinense Mateus Herdy, uma revelação do surf brasileiro que vem despontando no cenário nacional. Filho do ex-profissional de surf, o niteroiense Alexandre Herdy, Mateus mora em Floripa com o pai e promete dar muito trabalho nos próximos anos. E para fechar nossa edição, uma Trip Surfar na Nicarágua, que vai deixar você instigado para sua próxima viagem de surf. Um feliz 2017 com muita onda boa! por JOSÉ ROBERTO ANNIBAL

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MAIOR

O californiano Nic Lamb fazendo de tudo para controlar sua prancha numa bomba surfada durante a semifinal do Pe’ahi Challenge em Jaws, Hawaii. Essa onda lhe rendeu um 7,12 e uma vaga na grande final.


015 Richard Hallman/ WSL

Vídeo: WSL




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COMO VER A SURFAR DIGITAL

ÍNDICE Toque sobre o número e vá

direto para o início da matéria que você deseja ler.

VÍDEO Assista à onda surfada,

ao acerto da manobra ou a mais imagens do surfista fotografado.

VÍDEO YOUTUBE/VIMEO

Clique para assistir ao conteúdo extra (funciona melhor com os apps do Youtube e Vimeo instalados no celular).

SEQUÊNCIA Veja todos os detalhes das O círculo com a mãozinha representa conteúdo extra para você ter uma experiência ainda melhor com a nova Surfar.

manobras e tubos nas sequências de fotos (disponível apenas no aplicativo).

ÁUDIO Toque no ícone para ouvir (disponível apenas no aplicativo).

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Jordy Smith apostou todas suas fichas em uma direita no fim da bateria contra Sebastian Zietz nas quartas de final do MEO Pro Portugal e foi recompensando com a melhor onda do campeonato.


Vídeo: WSL

Cestari/ WSL

MELHOR

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INSTAGRAM

A temporada 2016 do WCT ainda não acabou, mas o clima já é um pouco de “férias” com a conquista antecipada do título mundial por John John Florence na etapa de Portugal. Agora só resta o Pipeline Pro para definir quem entra e quem sai da elite. Mas enquanto as disputas em Pipe não acontecem, os tops aproveitam para aliviar um pouco a tensão e rechear suas redes sociais.

@i t a l o fe r r e i r a agradeceu o carinho dos 100 mil seguidores no Instagram com uma foto em Baía Formosa, sua cidade natal.

@k e l l y s l a t e r homenageando o primeiro título mundial de @John_ John_ Florence.


@j o s h _ k e r r 8 4 e sua família usaram muita criatividade na “beca” para a festa à fantasia.

@i a n g o u v e i a aproveitou o tempo no aeroporto entre uma escala e outra para tirar uma soneca junto com a sua filha.

@k o l o h e a n d i n o 2 2 e sua namorada preparados para uma partida de baseball no Halloween.

@t o m a s h e r m e s aproveitou um momento de folga para renovar a “decoração” da sua casa com seus foguetes.

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@j a d s o n a n d r e o f i c i a l comemorando com o americano @keanuasing o segundo lugar em Floripa com direito a praia da Joaquina lotada.

@F i l i p e t o l e d o e sua filha acordados de madruga para assistir Ă conquista de @John_ John_ Florence em Portugal.

@m f a n n o mostra orgulhoso o resultado de um dia de pescaria no Alaska.

@j o r d y s m i t h 8 8 fez essa montagem divertida para comemorar sua nota 10 na etapa de Portugal do WCT.

NĂŁo deixe de ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do surf. Siga @surfar no Instagram.


C R E ATO R S

&

I N N OVATO R S

A N D R E W

S E R R A N O

T h e S u i c i d e R e e f C ol l e c t i on vissla.com /visslabrasil


PIOR

Pedro Calado vem obtendo cada vez mais prestígio no surf de ondas grandes, mas nem sempre as coisas saem como o planejado. Calado em queda livre durante a semifinal do Pe’ahi Challenge nas ondas de Jaws, Hawaii.


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Vídeo: WSL

Heff/ WSL


PARABÉNS AOS CAMPEÕES, AOS AT TODOS QUE PRESTIGIARAM O ANO QUE VEM T


TLETAS, A ORGANIZAÇÃO E A CIRCUITO SUB-14 2016. TEM MAIS.


Vídeo: WSL

FUNCIONÁRIO DO MÊS

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Ed Sloane/ WSL

Após 12 anos, a taça de campeão mundial volta para o Hawaii. Aos 23 de idade, John John Florence tornouse o melhor surfista do mundo ao vencer em Portugal, garantindo assim o título do Tour de 2016 com uma etapa de antecedência. Para começar o ano, o havaiano venceu o Eddie Aikau, mas teve um início discreto na perna australiana do WCT, ofuscado pelo “cavalo paraguaio” Matt Wilkinson. A arrancada de JJ veio na etapa da Barra, onde conquistou a vitória e levou o público ao delírio. Depois ele seguiu destruindo um evento aqui, outro ali, massacrando uns adversários, atropelando outros... Agora John John Florence vai atrás da Tríplice Coroa Havaiana para fechar a temporada com barba, cabelo e bigode.


# DESURFISTAPARASURFAR

Quer ver sua foto na Revista Surfar? Siga @surfar + @lostbrasil e marque suas postagens com a hashtag #desurfistaprasurfar e @lostbrasil. As cinco melhores serão publicadas nesta coluna. De quebra, levam um kit ...LOST de roupas cada uma.

@ZERODOISZOOM –– Gabi e Duda praticando Tandem Surf no Posto 6 de Copacabana, Rio de Janeiro.



@ FA B R I C I O _ M A N D U K –– Essa é a imagem do único rio com ondas de água doce do Brasil. Ilha do Mosqueiro, Belém do Pará.

@ I VA N _ A LTA S –– Compartilhando de perto a emoção que emerge no ato fotográfico e me faz clicar as ondas do #surfe. Algo que eu sinto, mas que poucos podem ver.

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@ T I A G O M O R I T Z F O TO S –– Interação máxima que se pode ter no surf: o tubo. Milésimos de segundos eternizados.

@L P L O P E S –– Diogo Gusmão decolando no seu quintal com esse belo cenário ao fundo.

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Vídeo: WSL

FUNCIONÁRIO Surf DO MÊSFeminino

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Smith/ WSL

A cearense Silvana Lima confirmou o seu retorno à divisão de elite da World Surf League com chave de ouro na Austrália. Nossa guerreira venceu a última etapa do Circuito Mundial de acesso, o QS 6000 Sydney International, no início de novembro e marcou sua volta ao Top-17 do ranking do WCT feminino. Assim, Silvana recoloca o Brasil no grupo das melhores surfistas do mundo e, com 32 anos de idade, será a mais experiente entre as atletas da elite em 2017.


INSTAGRAM FEMININO

@anacatarinaphoto

Assim como no WCT Masculino, também já conhecemos a nova campeã mundial, a australiana Tyler Wright. E enquanto a última etapa da temporada 2016 não chega, as melhores surfistas do planeta aproveitam para mostrar muita beleza dentro e fora d’água em suas redes sociais, com imagens e vídeos de suas performances pelo mundo afora.

@tylerwright – entubando com muito estilo. Não é à toa que ela conquistou o título mundial este ano.

@stephaniegilmore ficou encantada ao assistir com suas amigas o show de formas e cores da aurora boreal.


@silvanalimasurf relaxa nas ondas da praia da Macumba com sua mais nova companheira no surf, a cadelinha Aloha.

@maliamauel e a pintura perfeita de um tubo na fachada desse prédio.

@chloecalmon e as imagens de drone da sua session num dia de boas ondas no Rio de Janeiro: “Um dia que um passarinho me seguiu no mar.” Vídeo: @bidudigital.

@tatiwest talento “havaiano” com sangue brasileiro. Vídeo: @scottseasmith.

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stevenlippman

@alanarblanchard se divertindo em algum pico alucinante pelo mundo.

@courtneyconlogue postou essa bela imagem dela em comemoração ao seu aniversário de 24 anos.

@andreamollermaui sem palavras para definir essa imagem impressionante captada durante a filmagem do documentário @sheistheocean.

@brontemacaulay mostra que não há nada melhor que esse belo visual para finalizar um dia perfeito de surf.

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NA MEDIDA

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5’11” Modelo Lobster 19 de meio com 2 de flutuação 28Litros

O pernambucano FABIO GOUVEIA dedicou grande parte da sua vida ao surf como competidor e, agora, está começando uma nova jornada: a de shaper. “Tudo começou em 2008. Fiz o curso da máquina de shape em Recife, onde criei meu primeiro modelo com o professor Julio Marques a partir de uma prancha 5’11’ que o Mdio havia feito para mim”, explicou. Após o pontapé inicial com a ajuda da tecnologia, ele resolveu ir além: “Depois de finalizar o curso, resolvi aprender a prática manual, um estágio que mesmo os novos shapers precisam passar, que é a arte artesanal.” E assim surgiu a FG SurfBoards. Este ano Fabinho resolveu focar de vez na profissão de shaper e, além do filho Ian Gouveia, ele conta no seu time com o surfista profissional JUNIOR LAGOSTA. “Eu estava sem patrocínio de shaper e não tinha equipamento para competir no QS. Na mesma hora, ele me fez uma proposta e aceitei ser o primeiro atleta profissional patrocinado pelo meu ídolo”, contou Lagosta sobre o início da parceria.



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Vídeo: Arq. Pessoal

NA MEDIDA

JUNIOR LAGOSTA POR FABIO GOUVEIA

Fotos: Arq. Pessoal

inha parceria com o Junior Lagosta começou este ano quando realmente entrei no foco de shapear. Não que eu tenha deixado de lado a carreira de surfista, mas passei a dar mais atenção também ao meu negócio de pranchas. Eu acompanho o Junior desde cedo, pois morava em Recife e tinha casa em Porto de Galinhas. Surfávamos juntos de vez em quando, além dele frequentar a minha casa. Então, tudo aconteceu de uma forma muito natural, uma coincidência de momento. O Junior estava dando um gás na nova fase da carreira dele e eu também na minha de shaper, quando, numa conversa informal, ele me disse que estava sem equipamento. Me disponibilizei a fazer uma prancha para ele e, assim, começamos a trabalhar juntos. 044 As primeiras quatro pranchas que produzi para o Junior foram todas feitas à mão (hand shape), e agora fiz mais duas na máquina 3D para dar seguimento a esse trabalho. Há pouco tempo passamos uns dias em Porto de Galinhas, onde surfamos juntos e conversamos bastante sobre as pranchas que estamos fazendo. Isso contribui muito no desenvolvimento do equipamento. Hoje o quiver dele tem somente pranchas maroleiras, com tamanhos que variam entre 5’6” a 5’10”. A que ele melhor se adaptou foi a 5’6” por ser menor e Junior Lagosta e seu ídolo Fabio Gouveia. mais “arisca”. No entanto, o trabalho vai continuar em cima da 5’9”, uma prancha do dia a dia e melhor para o biotipo dele. As principais características do ‘Lobster’, apelido do Junior, dentro d’água são os aéreos e as manobras fortes. Então, vamos trabalhar área de bico, curva e bordas neste primeiro momento em cima dos modelos que já foram feitos. E caso ele vá para o Hawaii nesta temporada, aí vamos aumentar os tamanhos das pranchas.


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FABIO GOUVEIA POR JUNIOR LAGOSTA

@irairodrigues

empre fui fã do Fabinho e aprendi a surfar vendo o filme dele, “Fabio Fabuloso”. Nossa parceria começou há seis meses quando num bate-papo disse para ele que não iria correr o QS por não ter um patrocínio de shaper. Na mesma hora, o Fabio me fez uma proposta para ser o primeiro atleta profissional patrocinado por ele e claro que aceitei! Ele me conhece desde criança, me viu evoluir no esporte e entrar para a elite. Eu o tenho como um pai e espero que juntos a gente consiga evoluir cada vez mais. O legal é que escolhemos um ao outro. Nós estamos sempre em contato conversando sobre o equipamento e o que pode melhorar para que eu aperfeiçoe ainda mais o meu surf. Sempre acreditei no potencial 045 dele dentro d’água e não teria como ser diferente fora dela. A parceria com ele me deixou mais confiante e hoje não tenho medo de quebrar uma prancha. Isso tem ajudado muito nos meus treinos e campeonatos, me sinto livre para fazer o que tenho vontade dentro d’água e não me poupo em fazer manobras arriscadas e voar alto. Nesse início do nosso trabalho, estou usando uma 5’10” no meu dia a dia, uma 5’6” para marola, uma 5’11” para ondas mais fortes e uma 5’9” para os aéreos. Para cada condiJunior Lagosta e seu surf irreverente. ção de mar existe uma prancha mais adequada, então, a magia está em identificar essas condições e cair com o equipamento certo. Atualmente estou bem adaptado com a 5’6”, tenho me surpreendido com ela! A gente pretende mudar algumas coisas ainda para o final do ano. Como só corri os campeonatos no Brasil, eu estava usando mais pranchas para marola. Então, agora vamos aumentar o tamanho das pranchas focando em ondas maiores e no circuito mundial de acesso.


WAINUI “Driblando” a morte Andrea Moller dropando uma bomba em Jaws.

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Foto e vídeo: Bruno Lemos / Liquid Eye

por BRUNO LEMOS


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om mais uma temporada de ondas grandes se iniciando, sempre fica na mente dos surfistas aquela questão: Será uma boa temporada? Se usarmos como parâmetro o último inverno, onde o efeito climático conhecido como El Niño proporcionou ondas gigantes com bastante frequência, os amantes destas condições terão, com certeza, uma experiência única novamente. Quem pôde acompanhar as fotos e vídeos dessas ondas, provavelmente deve ter notado que o nível do big surf está num patamar que, talvez, as pessoas nunca tivessem imaginado antes. Ondas que no passado só se pegava de tow in, hoje em dia são surfadas com sucesso na remada.

Muita gente vem questionando se o tow in estaria sendo extinto. Existem aqueles que acreditam que o surf rebocado realmente esteja em baixa em alguns lugares do mundo, principalmente onde a modalidade foi literalmente criada. Em Maui, por exemplo, durante a última temporada houve pelo menos um ou dois dias onde as condições estavam extremamente difíceis para a remada e excelentes para o tow in. Mas, mesmo assim, nenhum dos surfistas ousou pegar na corda. Depois disso, o comentário foi de que realmente havia sido desperdiçada uma boa oportunidade de se fazer uma sessão épica de tow. E, se por acaso no futuro condições similares a essa acontecessem, que a pratica do tow in iria acontecer. A impressão é que os big riders chegaram num nível de confiança e de segurança muito grandes. Até nos maiores dias, onde seria óbvio a necessidade de surfar com o auxílio do jet ski, eles talvez, por uma mistura de orgulho e de vontade de testar seus limites, prefiram ver ondas gigantes passarem sem serem surfadas para, quem sabe, ter a chance de pegar uma onda enorme na remada. Isso de certa forma mostra que, sem dúvidas, a coragem

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desses seres humanos está mais alta do que nunca. É claro que os equipamentos de segurança também ajudam: colete de flutuação, colete inflável, jet ski para o resgate, pranchas apropriadas para as condições... Tudo colabora. Mas acho que o que realmente motiva e faz esses caras desafiarem essa força da natureza é algo maior. Ondas gigantes são extremamente perigosas e quando alguém consegue surfar com sucesso um “vagalhão” desses, a sensação é uma das mais incríveis que existe. Energia pura que acaba sendo transformada em combustível para que eles consigam sobreviver às quedas, aos caldos e aos perigos que o mar raivoso apresenta. Imagino que todos eles que encaram essas condições saibam perfeitamente do risco que estão correndo. A impressão é que eles estão sempre “driblando a morte”, passando por um perigo eminente cada vez que entram no mar e que é superado a cada onda surfada. Um dos pioneiros do big surf, Mark Foo, que faleceu em 1994 em Mavericks surfando ondas gigantescas, parecia já saber um pouco sobre tudo isso. Uma das suas frases favoritas e que depois ficou muito conhecida foi: “Se você quer ter a sensação mais incrível, você tem que está disposto a pagar o preço mais alto”. Que esta temporada seja de altas ondas, mas que todos possam entrar e sair do mar com saúde e segurança! Aloha! BRUNO LEMOS é fotógrafo carioca radicado há duas décadas no North Shore.

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A temida e perigosa onda de Jaws quebrando em um dia clássico.

WAINUI Um erro em Mavericks pode levar um surfista do céu ao inferno em questão de segundos.

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PORTFÓLIO

Paulo Barcellos FOTÓGRAFO & VIDEOMAKER

por PATRICK VILLAÇA

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Owen Wright terminando o dia da melhor forma.

fotos PAULO BARCELLOS

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paulista PAULO BARCELLOS é um daqueles videomakers que adaptou sua paixão pelo mar com a profissão. No fim dos anos 90, ele era um dos principais nomes do bodyboard no mundo e veio a ser campeão mundial em 2000. Após parar de competir, Paulo ingressou na carreira de fotógrafo aquático e logo depois passou a produzir vídeos. “Sou atleta de bodyboard há 22 anos, então mais da metade da minha vida me dediquei ao esporte. Como sempre estive dentro d’água, essa transição foi bem tranquila,” disse Barcellos.

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JAMIE O’BRIEN PIPE


Leonardo Dale

Paulo Barcellos após um dia de trabalho no Hawaii. 055

Você era bodyboader profissional, depois virou fotógrafo aquático e agora videomaker. Como foi essa transição? Sou atleta de bodyboard há 22 anos, então mais da metade da minha vida me dediquei ao esporte. Como sempre estive dentro d’água, essa transição foi bem tranquila. E com o crescimento da demanda por produção de vídeos aumentando, eu acabei comprando uma filmadora.


NASCIDO

25/01/1976 – GUARULHOS, SÃO PAULO

RESIDÊNCIA ATUAL

H AWA I I E R I O D E JANE IR O

EQUIPAMENTO

R E D S C A RLE T W E SO NY FS 700, A MBA S C O M C AIXA ESTANQUE

TEMPO COMO VIDEOMAKER/ FILMMAKER CIN C O A N O S

MELHOR PICO PARA FILMAR P IP E L I N E

MELHOR TRIP D IFÍC I L E S C OLH E R , M AS TENHO U M C A RI N H O E SPEC IAL PE LA TEMP O R A D A H AVAIAN A. LÁ SE A PR E N DE M U ITO R ÁPID O, P RIN C I PA LM E NTE PE LA A GR E S S I V I DAD E D AS O N D A S E P E LOS B O N S SU R FISTAS. S EM CO N TA R N A E NO R M E Q U AN TIDADE D E P RO FI S S IO N AIS PO R M ETRO Q UA D R A D O


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John John Florence no salĂŁo azul de Pipeline.


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O videomaker possui imagens incrĂ­veis como essa em seu portfĂłlio.


PIOR TRIP N U NCA T IVE UMA EXP ERIÊNCIA RUI M, SEMP RE TENTO AP RENDER E TIRA R O P ROVEITO DE L UGARES E P ES S OA S N O VAS QUE VÃO APARECENDO

MELHORES SURFISTAS PARA FILMAR TODA A GALERA QUE COMPETE NO WCT E WQS É MUITO PROFISSIONAL. AGORA VOLTEI A TRABALHAR COM O MINEIRINHO QUE, ALÉM DE SER UM DOS MEUS MELHORES AMIGOS, TEM UMA CONEXÃO GRANDE COMIGO NA ÁGUA. ADORO TRABALHAR TAMBÉM COM O CARLOS BURLE E, LÓGICO, COM O MEDINA, QUE PEGA UMA QUANTIDADE DE ONDA ABSURDA EM UMA CAÍDA

FILMMAKERS FAVORITOS NÃO TIVE MUITO TEMPO PARA TER INFLUÊNCIAS. SAÍ DE UMA CARREIRA DE BODYBOARDER PROFISSIONAL E EM POUCO TEMPO JÁ ESTAVA INSERIDO NO MERCADO. TIVE A SORTE DE TER A AJUDA DE MUITOS FOTÓGRAFOS, PRINCIPALMENTE DO GUSTAVO CAMARÃO, QUE ME AJUDOU A COMPRAR O EQUIPAMENTO E DEU MINHA PRIMEIRA AULA. HENRIQUE PINGUIM, SEBASTIAN ROJAS, PEDRO TOJAL, GUSTAVO MARCOLINE, RAFASKI E JULIO FONAY FORAM OUTRAS INFLUÊNCIAS. ADORO TAMBÉM O TRABALHO DO DON KING E CHRIS BRYAN


SEUS MELHORES TRABALHOS TO DO S O S EPISÓ D IO S D O S M E U S P RO G R AM AS NO C ANAL O FF: “ R E T RATO S D O M AR ” E O “ PR A N C H A E PÉ D E PATO ”. O FIL ME DO JO H N JO H N É ES P EC I A L, P O IS FO I A PR IMEIRA V E Z QU E T I V E Q U E E NTR AR COM U MA C Â ME R A R E D . E AG O R A ES S E N O VO P RO G R AM A D O M INE I RINHO ES TÁ S E N D O M ÁG IC O PAR A MIM. VOLTA R A T RABALH AR C O M UM G RAN DE A M IG O NÃO TEM P REÇO

CONSELHO PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO PA RA OS C ÂM E R AS AQ U ÁTICOS , CO MO E U, FA Ç A IM AG EN S TODOS O S DI A S , I N D E PE ND E NTE DO TAM A N H O DO M AR . SEM PR E ES T E JA N A S M AN H ÃS E FINAIS D E TA RD E , OND E A LU Z NO S A JU DA C A D A VE Z M AIS, E TEN TA R V I A JAR AO M ÁXIM O PARA A P R I MO R A R O O LH AR

SITE / REDES SOCIAIS

FA C E B OO K : /BARCELLOSIMAGES IN STA G R A M : @PAULO_BARCELLOS

PORTFÓLIO

Paulo Barcellos FOTÓGRAFO & VIDEOMAKER


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Ian Gouveia pedindo permissĂŁo para aterrizar.


Como foi seu início como videomaker? Estava fotografando para uma revista e precisava produzir uns vídeos para o site deles. Como a minha máquina fazia os dois, foto e vídeo, deu para dar conta do trabalho. Mas vi a necessidade de comprar uma filmadora de uma qualidade e investi na Sony FS 700, que filma a 240 fps e dentro d’água ela fica perfeita!

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PIPE TUBO


No que você mais precisou se adaptar quando fez a transição da fotografia para as filmagens? Na verdade, eu tive que aprender tudo porque não usei uma câmera fotográfica que filma. Eu já comprei uma filmadora, onde o conceito é totalmente diferente dessas máquinas que fazem os dois. É meter a cara e estudar! Acabei de terminar um curso de Cinema que incluía direção de fotografia. O ideal é nunca parar de estudar, ainda mais porque as câmeras vão mudando as tecnologias. A meu ver, a base de tudo é o estudo.

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YAGO DORA


Quais programas de TV que você já produziu? “Prancha e Pé de Pato” e “Retratos do Mar”, ambos sou protagonista e faço as imagens aquáticas. Também filmo para o programa do Gabriel Medina, Carlos Burle e Pedro Scooby. E como agora tenho uma produtora, estou produzindo a nova série do Adriano de Souza, todos para o Canal OFF.

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Adriano de Souza bem à vontade no Hawaii.


Kai Barger conhece bem os tubos de Pipeline.

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O que mais gosta de explorar em suas produções? Imagens aquáticas, porque posso levar ao telespectador aquela sensação que temos quando estamos dentro d’água e, lógico, mostrar os lugares incríveis que viajamos!


O tubo espetacular de Ricardo dos Santos que ficou eternizado como capa da Surfar.



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WIGGOLLY

Como são feitas as pautas para apresentar aos canais? Ficar sempre atento às coisas que estão acontecendo. Uma boa relação com os diretores de conteúdo e propor o que acha que vai dar uma boa produção.


WIGGOLLY

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Y DANTAS

Qual foi a sensação de gravar o programa “Prancha e Pé de Pato”? Não tem como separar meu nome do bodyboard. Quando surgiu a ideia para fazer o programa, eu fiquei muito feliz de poder mostrar como esse esporte é maravilhoso e casca-grossa. Apesar de ser muito desgastaste, pois preciso filmar e surfar, é um prazer viajar e rever meus amigos da época do circuito.


Recentemente você produziu uma série de entrevistas com fotógrafos aquáticos. Como foi gravar a própria profissão? Esse programa se chama “Retratos do Mar” e o diferencial dele é gravar todas as ações de dentro d’água com um microfone. É muito gratificante mostrar meus parceiros de profissão e lendas da fotografia.

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TUBO


Tahiti.

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PIPELINE


Yan Daberkow em Pipeline.

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PORTFÓLIO

Paulo Barcellos FOTÓGRAFO & VIDEOMAKER

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O havaiano Kalani Chapman nos trilhos de Pipeline .


Quais as dificuldades das filmagens aquáticas? É uma carreira difícil. Para ter um diferencial no mercado, você tem que fazer imagens de ângulos diferentes, e isso vai te causar grandes problemas. Já bati com a caixa estanque no rosto várias vezes, bati o ombro na pedra e tive que operar... Mas a profissão é essa! Eu sempre falo para os meus amigos que não tem como nadar contra a corrente, tem que entender ela... Quem manda é a corrente!

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E como é disputar o outside com os fotógrafos, já que o equipamento de filmagem é maior e mais pesado? Como o equipamento de filmagem é mais pesado que o de fotografia, eu não consigo ficar tão lá em baixo do pico igual ficava com a fisheye. Eu gravo o programa “Retratos do Mar”, onde mostro os fotógrafos trabalhando, Então, quanto mais gente na minha frente, melhor. Na fotografia e na filmagem, eu sou 076

do mesmo jeito que era como bodyboarder. Vou conquistando respeito aos poucos e hoje em dia todos me respeitam. Chego no Hawaii e as pessoas me respeitam. Vou trabalhar nas etapas do Circuito Mundial e já sabem quem eu sou. Estou sempre com um surfista específico, não sou um freelancer que pega imagens de todos. Quando chego dentro d’água, já falo com quem eu estou trabalhando. Tem que respeitar para ser respeitado.


GABRIEL MEDINA

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PORTFÓLIO

Paulo Barcellos FOTÓGRAFO & VIDEOMAKER



O porto-riquenho Brian Toth durante a temporada havaiana.



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As aulas de surf continuam aqui na Surfar e desta vez trouxemos quatro professores para dar as dicas. O integrante do WCT Wiggolly Dantas, o renomado freesurfer Marco Giorgi e os campeões mundiais Adriano de Souza e Lucas Silveira, do Pro Jr, um time de primeiríssima qualidade para te ensinar a fazer aquele leque bonito na próxima caída. p or LU ÍS FIL L IP E REBEL

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VĂ­deo: Mormaii/ Angelo Possenti James Thisted

Marco Giorgi surfando sempre n parte crĂ­tica da onda.

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CAVADA MARCO GIORGI - Para uma manobra ser boa e power, toda a qualidade dela virá da cavada. Se você tiver uma cavada com projeção, força e pressão, isso já é 80% do que está por vir. Você precisa saber aonde tirar velocidade da onda cavando no lugar certo de forma que ela te jogue para frente. A cavada depende da onda e da manobra que você vai querer dar e, como cada onda é diferente, isso torna a leitura uma das coisas essenciais. Leitura de onda você aprende treinando em onda longa, point break e vendo muito filme de surf. A cavada é tudo. Cavar bem para manobra projetando velocidade é tudo.

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Vimeo Marco Giorgi James Thisted

Uma boa cavada para atacar o lip.

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PRA N C HA WIGGOLLY DANTAS - A minha dica é usar uma

Vídeo e foto: WSL

prancha round pin com quilha grande. Quanto maior a sua quilha e a rabeta sendo round pin, você pode puxar com mais força e bater mais forte no lip. Assim, você terá que colocar bastante força na manobra para sair muita água.

Wiggoly, Saquarema.

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James Thisted

Vraauuuuu!!!

MARCO GIORGI - É importante a prancha que tem uma rabeta com a entrada de água mais apertada e estreita, onde ela vai cortar mais. Uma round, round pin ou uma squash com uma saída de água mais fechada. Eu sempre usei quilha grande, não consigo surfar com uma pequena. Quilha grande não só vai deixar a prancha um pouco mais dura, como também vai te dar mais velocidade. Tem gente que acha que quilha pequena vai deixar a prancha solta, mas, na verdade, não. A quilha grande vai te dar velocidade para você depois fazer a manobra e a rabeta soltar indo rápido para dar as manobras.

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Adriano de Souza - Os tamanhos da prancha e da quilha são diretamente vinculados ao tipo e ao tamanho da onda que você surfa. O importante é saber se adaptar e adequar o seu equipamento ao tipo físico e ao pico que você está surfando. Hoje em dia existem muitas combinações diferentes para os tipos de onda.

Lucas Silveira - O equipamento vai muito de cada pessoa. A prancha tem que ser o mais fácil possível de surfar para você sentir bem ela no seu pé. Com a prancha te obedecendo bem, você vai conseguir começar a forçar também. Se ela estiver muito solta, em um mar mais cavado e mais forte, você pode tentar botar uma quilha grande que as manobras vão sair mais fortes naturalmente. A prancha ficando cada vez mais dura, pode sair mais power. Mas se ficar muito dura, você não vai conseguir mexer e vai ficar atolado sem sair água nenhuma nas manobras. Você tem que achar um equilíbrio.

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VĂ­deo e foto: @reina_andrade_

Cestari/ WSL

Mineiro trabalhando com as bordas.

Lucas surfando agora de Rusty.

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P R EPA RO F Í S IC O WIGGOLLYDANTAS - Você precisa treinar e malhar muito. Treinar bastante perna porque, quanto mais forte ela for, mais água vai sair. ADRIANO DE SOUZA O importante é ter um tipo físico adequado, fazer um trabalho funcional e de musculação. Por exemplo: um cara muito magrelo não tem força para fazer manobras nas ondas maiores e mais consistentes, como são as do circuito da WSL.

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VĂ­deo: Surforama Tiago Navas

Para surfar bem em certos lugares, o preparo fĂ­sico precisa estar em dia.

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Vídeo e foto: @reina_andrade_

P RE PAR O F Í SIC O

Lucas, Portugal

LUCAS SILVEIRA - Muita gente acha que o power é você ficar forte, com a perna grande, mas acho que isso não é o mais importante. Ter mobilidade, ser solto, vai fazer você conseguir surfar melhor e aí, sim, poder começar a trabalhar o power e forçar mais as manobras. Depois que você já está surfando bem, quanto mais fit estiver melhor. Não é porque o cara é grande, forte ou gordo que a manobra vai ser power. Têm vários caras que são magricelos e surfam muito forte. Você vê o Filipe Toledo que é muito magro, muito leve, só que dá manobras muitos fortes também.

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MARCO GIORGI - A parte física é importante

Vídeo e foto: James Thisted

para o surf em geral, principalmente para o de alto nível. Quem é mais pesado vai jogar mais água, mas até os magrinhos, mais leves, quando botam a prancha no lugar certo a manobra sai com raiva e pressão também. Dá para ver. O Mineirinho é um cara baixo e leve, e as manobras dele saem explosivas. Ele usa bastante a velocidade. Sempre tem uma cavada lá embaixo. A cavada é tudo. Cavar bem para a manobra projetando velocidade é tudo. Mas a maioria dos pesados acabam que são mais feitos para o power surf.

Marco, Hawaii.

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LO CAL C ERTO LUCAS SILVEIRA - Um ponto muito importante para começar a manobra é onde você vai entrar nela. Então, por exemplo, uma rasgada. Quanto mais perto da espuma você começar e quanto mais perto dela finalizar, a manobra vai sair mais crítica e mais power. Para chegar ao lugar certo, você tem que escolher antes da cavada onde quer entrar para manobrar. O olhar é muito importante. Olhar para o lugar onde você quer entrar e depois onde quer finalizar a manobra. Isso, consequentemente, vai guiar o seu corpo a tender para o lugar certo, sempre tentando entrar o mais vertical possível. Têm vários caras que são especialistas em encontrar o lugar certo para colocar a prancha, e a manobra levanta muita água sem eles nem botarem muita força. Na batida de backside, que é muito usada nas competições, você tem que saber ler a onda perfeitamente para colocar a prancha no lugar certo e explodir a água. Pois, se você forçar mais do que deve, ela acaba ficando escondida porque atola a prancha. Esse é o ponto principal, começar a trabalhar a técnica da manobra.

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Bidu

Lucas Silveira, Hawaii.

VĂ­deo: @reina_andrade_

Bidu


Vídeo e foto: @reina_andrade_

F O RÇA

Pela quantidade de água, já dá para ter uma noção da força do surf do Lucas Silveira.

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LUCAS SILVEIRA - Depois que estiver dominando a técnica, vendo que está entrando nos lugares certos e a manobra saindo perfeita, aí você pode começar a botar força. Porque, muitas vezes, se você botar força antes de saber dar a manobra, antes de ter a técnica, vai ficar horrível, feio, atolado e não vai sair água nenhuma na manobra também. O principal é ir aos poucos. Igual ao cara que começa a dar aéreo. Ele vai dando aéreo mais baixo, começa a voltar e depois vai dando mais alto. As manobras tradicionais são iguais. MARCO GIORGI – Depois de cavar no lugar certo e conseguir bastante velocidade, você precisa ter um pouco de raiva também. É bom você botar força e ver até onde vai a prancha assim. Errar várias manobras porque você botou muita ou pouca força e, a partir daí, ir descobrindo. Acho que o power surf tem um pouco disso. Você vai dar umas manobras muito brutas e errar muito. Depois vai tirando um pouquinho dessa raiva e botando um pouco mais de sensibilidade, mas com aquela mesma velocidade, aquela mesma projeção. Isso que vai fazer uma manobra ser explosiva.

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VI D EO S

MARCO GIORGI - Ver muito vídeo dos caras que “criaram” o surf. O Tom Curren, Tom Carroll, Martin Potter... Estudar esses caras que fizeram o surf ser o que é hoje em dia. Ao invés de ver só o que tem atualmente, você tem que ver de onde veio tudo isso. Vale bastante se inspirar nisso.

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James Thisted

Vimeo Marco Giorgi

Marco, Hawaii.

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MOV IM ENTO D E T RO NC O E B R AÇ O LUCAS SILVEIRA - O jogo de braço e de tronco, principalmente, vai fazer a manobra ficar muito mais expressiva do que você simplesmente passar a prancha no lugar. O braço tem que acompanhar e ter a torção do tronco todo depois que você começa a dar a manobra. Esse movimento que você faz muda muito a manobra, faz toda a diferença numa rasgada. MARCO GIORGI - Os braços influenciam muito. A cabeça acompanha os braços. Os dois sempre vão para o mesmo lugar, principalmente na rasgada de frontside. Você vai cavar, subir e vai olhar para o teu braço da frente e vai puxar ele para baixo acompanhando com o olhar. O pescoço e a olhada são essenciais no surf. Você sempre tem que olhar para aonde vai.

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VĂ­deo e foto: @reina_andrade_

Lucas Silveira, Portugal

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James Thisted

“O ano não poderia ter sido melhor”, disse Mateus Herdy. Satisfeito com a temporada 2016, Mateus será o novo representante brasileiro no Circuito Mundial do QS em 2017.


PALAVRA FINAL Aos 16 anos, Mateus Herdy já é reconhecidamente uma das maiores promessas do surf brasileiro. Pronto para encarar o circuito do Qualifying Series pela primeira vez, Mateus usou o ano de 2016 para consolidar seu surf e conquistar notoriedade internacional em viagens e campeonatos. Filho de Alexandre Herdy, ele treinou em picos perfeitos como os de Mentawai e percorreu a costa californiana de motorhome, pegando altas ondas sem crowd. Agora, o catarinense segue instigado para uma curta temporada havaiana para em seguida começar a trilhar o caminho dele no QS na Austrália. p or LU ÍS FI L L I PE R EBEL

HANG LOOSE PRO CONTEST NA JOAQUINA Competir em casa foi o máximo! Foi a primeira vez que competi em um evento internacional na minha casa mesmo, na praia onde nasci e sempre treino. Acredito que eu poderia ter me saído muito melhor nesse campeonato. Além de ter uma grande vantagem, que era de conhecer a onda, eu estava focado e preparado para aquilo. Poderia ter passado mais baterias. Porém, foi muito bom para mim. Eu competi com vários ídolos meus e vi eles surfando. Evoluí com isso e tentei adquirir o máximo para mim porque, além de ser um QS 6000, o nível ali estava absurdo com vários surfistas do WCT e do Prime. Foram apenas coisas boas para mim.

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Vídeo e foto: James Thisted

PALAVRA FINAL

“O tubo é uma sensação muito boa. Não depende só de você, depende da natureza. Então é ainda mais importante.”

CAMPEÃO DO VOLCOM TCT NA CALIFÓRNIA Essa vitória até agora é a mais importante da minha vida. É uma vitória que até eu demorei em acreditar. Lógico que treinei e foquei bastante para conseguir aquele objetivo. O título me jogou um pouco na mídia internacional. A galera ficou sabendo mais sobre quem é o Mateus Herdy. Isso me ajudou um pouco. Além de ser um nível absurdo, porque eram os melhores grommets do mundo. Tinha gente da França, Portugal, Indonésia, Califórnia, Hawaii, enfim, de todos os lugares. Então, isso foi o que me deixou mais contente com a vitória. Eu consegui vencer os melhores grommets do mundo naquele dia!

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Vídeo e foto: James Thisted

“O Mateus é bem consistente nos aéreos: reverse, girando, aéreo normal, com todas as pegadas e grabs que eles têm”, disse Marcelo ‘Trekinho’.

PRIMEIROS PASSOS Comecei a surfar por meu interesse, além de vir de uma família de surfistas. Às vezes, as pessoas pensam que isso é tudo, mas não é. Eu que sempre quis. É uma coisa que veio para mim. Deus mostrou que tenho esse dom, que posso chegar lá se eu quiser e me preparar para isso. Eu decidi traçar esse caminho desde muito pequeno. Sempre foi uma coisa muito agradável para mim. Sempre me senti confortável no mar desde os meus dois, três anos de idade, quando comecei a surfar nas praias aqui perto. Todo mundo que está em volta de mim me incentivou, então sempre foi muito bom.

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RESUMO DA TRAJETÓRIA NO SURF Eu comecei bem novo, passei por algumas dificuldades, perdi bastante quando era pequeno... Bem pequeno, né?! (Risos). Consegui alguns resultados no amador, logo depois vieram os patrocinadores e a cada ano vinha um resultado melhor. O surf, o erro que cometi nas baterias... Tudo isso me fez ser quem eu sou hoje. Além de agora estar mais conhecido na mídia internacional. Até o momento acho que é isso. Gostaria de ter mais coisa para contar, mas o Mateus Herdy ainda é só isso. Um dia eu pretendo contar uma história bem longa de quem foi o Mateus Herdy.

A ESCOLHA PELAS COMPETIÇÕES

Vídeo: James Thisted

“O que eu pretendo melhorar no meu surf é ter um pouco mais de power e poder jogar um pouco mais de água para cima.”

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Henrique Pinguim/ Liquid Eye

Eu admiro muito o trabalho de um freesurfer. Acho irado, gosto bastante de assistir e sempre sou um dos primeiros a ver quando sai alguma coisa. Mas me dou bem com competição, gosto muito de competir. Não gosto de desapontar ninguém, então quero ir lá e ganhar. Eu amo essa sensação e preciso disso para minha vida.


A INTERNACIONALMENTE ELOGIADA LINHA DE SURF O surf sempre foi uma coisa muito próxima. Sempre tive exemplos na família que seguiram o caminho no surf. Então, eu sempre acompanhei tudo bastante de perto. Lembro que, por incrível que pareça porque sou jovem, eu sempre admirei o Tom Curren, vi milhares de filmes dele. Gostava muito de assistir os filmes do Mick Fanning também. Eu acho que isso sempre me inspirou e até hoje me inspira.

PARTICIPAR DOS TIMES DA MORMAII E DA VOLCOM

“O aéreo seria minha carta na manga. Além de me deixar tranquilo na bateria, eu consigo fazer bons pontos.”

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Vídeo: James Thisted

Henrique Pinguim/ Liquid Eye

Graças a Deus eu estou nessas duas marcas que sempre gostei e respeito muito. A Mormaii está comigo desde que eu era bem pequenininho e a Volcom há alguns anos também. Eu tenho muito que agradecer a eles. Quando a gente está em uma trip que vai atletas da mesma marca, você acaba aprendendo bastante com eles. Eu já aprendi bastante com o Pato, da Mormaii, e com o Treko, que é da Volcom. São essas pessoas que têm mais experiência. O Yago é um pouco mais velho do que eu, mas já aprendi muita coisa com ele também. É muito bom aprender e seguir os passos deles.


“Ele lembra muito o Taj quando era moleque, mesma linha com estilo e manobras parecidas. É uma mistura de Taj Burrow, Bruce Irons e ainda tem um pouquinho de Tom Curren”, fala ‘Trekinho’.

DIFICULDADES NO CAMINHO As maiores dificuldades que encontrei até agora foram o mar grande, lógico, e os reef breaks (os corais), mas são coisas que eu já venho alcançando. Agora estou de frente com o QS, que vai ser um desafio para mim em 2017. Até o momento, como sou novo, eu não tive tantas barreiras, mas sei que vou ter e quero estar preparado para isso.

TRIPS QUE AINDA SONHA EM FAZER Nunca fui para a Europa e nem para o México, então estes são os lugares que eu mais quero ir. Eu sonho em um dia poder estar no México e ir para a Europa pegar altas ondas.

EXPECTATIVA PARA 2017 2017 vai ser o ano que eu vou mais competir na minha vida. Pretendo competir o máximo de QS que eu conseguir e fazer o máximo de pontos. Focar no Pro Jr também porque é muito importante. É um título que acho que todo mundo quer, até quem já passou queria. Vou estar bastante focado nesses dois e vou treinar o máximo para isso.

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109 VĂ­deo e foto: James Thisted




C

onsiderada por muitos como a “joia” da América Central, a Nicarágua é um lugar incrível e super democrático, com várias opções de passeios para todos os gostos e, é claro, muito surf! A melhor época de onda seria entre março e setembro. Mas, além das ondas, as paisagens e os vulcões são um espetáculo à parte. Maior país da América Central em área territorial, a moeda local é chamada de Córdoba e pode se encontrar ATM por toda parte para fazer retiradas em dinheiro, caso necessário, pois cartões são aceitos em todo o país. Agora, é só juntar sua galera é fazer sua surf trip dos sonhos!

Texto LUIZ MIGUEL PIRES JÚNIOR

fotos FRED ROZÁRIO


A JOIA RARA DA AMÉRICA CENTRAL

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Beto Dias, Popoyo.

COMO CHEGAR Existem algumas opções de voos e caso queira gastar menos terá que fazer mais escalas. É sempre bom aproveitar a mesma trip para curtir alguns dias em outro lugar, como El Salvador. Também vale muito a pena ficar dois dias em Sunzal. Ou você pode fazer escala pelo Panamá, Costa Rica e Lima. Os preços variam de $450 até $750 e as empresas que fazem esse trajeto são Avianca, Copa e American Airlines. Esses pacotes podem ser fechados por empresas especializadas em surf trip. 114


A caรงa aos turistas. Panga Drop.

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ONDE SE HOSPEDAR A Nicarágua é um lugar onde se encontra hospedagem de todos os tipos: pousadas, hostel e até casas de luxo para um grupo maior. O melhor é escolher uma base fixa e fazer a busca pelas ondas de barco ou 4x4. Apesar das praias serem perto, muitas delas têm 116


Betinho Dias. Los Perros.

difícil acesso. O local mais indicado seria Popoyo, pois existem pousadas com preço mais em conta e é a onda mais constante da região. Uma segunda opção seria procurar flats super espaçosos dentro de Hacienda Iguana e Rancho Santana. Dependendo da quantidade de pessoas, o preço pode variar de $15 em hostel até $80 dividindo uma casa para um grupo maior. 117


Popoyo.

AlimentaCAo Caso você fique em algum flat ou casa, a melhor opção é ir num mercado em Rivas, assim você mesmo pode preparar suas refeições. Algumas pousadas fazem All Incluse e, se preferir, existem também restaurantes, como Magnific Rock, com um visual que o próprio nome já diz, magnífico. 118


O QUE LEVAR Tudo vai depender do swell. Uma boa opção é levar uma 5’9” e outra 6’1”. Caso você vá com um grupo grande, sempre sobra uma prancha diferente para testar ou te salvar se o mar passar de 6 pés. Mas essa última opção somente se tiver muita sorte ou azar, se não gostar de ondas grandes! Também não se esqueça do kit básico de surf, muito protetor solar e roupas bem leves, pois na Nicarágua faz muito calor, além de dinheiro extra para as saídas de barco, com preço médio de $250, podendo dividir com a galera. E o que é muito importante e não pode faltar: a vacina de febre amarela. Juninho, Panga Drop.

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Magnific Rock.

MELHORES PICOS Existem vários picos muito conhecidos. Ondas de qualidade por receber vento terral o ano todo, destacando-se point breaks e beach breaks de esquerdas e direitas que funcionam em sua maioria na maré alta. O melhor pico depende do tipo de onda que você quiser pegar. Algumas praias são bem privadas, como Rancho Santana e Hacienda Iguana, onde somente cadastrados ou convidados podem ter acesso pela estrada. Os picos mais conhecidos são Colorado, Popoyo, Outer Reef Popoyo, Lances Left e o famoso Playgrounds. Para pegar onda em Colorado, Lances Left e Playgrounds, você precisaria de um barco. Na Playa Gigante, que fica logo depois de Hacienda Iguana, você encontra esse serviço. Uma dica seria chegar cedo para aproveitar antes de entrar o vento. 120


Beto Dias. Panga Drop.

2 0 1 6

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A JOIA RARA DA AMERICA CENTRAL

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Juninho, Panga Drop.

LOCALISMO O único lugar onde você pode ter algum tipo de localismo seria em Popoyo. Mas vai depender muito do seu comportamento dentro d’água. Fora isso, você não terá problemas.

O QUE FAZER QUANDO TA FLAT... Existem vários passeios, mas o que chama mais atenção para os surfistas é o Volcano Board. O hostel Big Foot, que fica em Léon, faz saídas diárias para esse passeio. Outra opção seria ir para San Juan Del Sur, onde você pode encontrar bares, restaurantes e bastante diversão. 124


Panga Drop.

Beto Dias, Los Perros. 125


QUEM LEVA: Widex Travel Tel: (11) 3565-1260 widextravel.com.br facebook.com/widextravel www.instagram.com/widextravel www.youtube.com/channel/UCFrQ_34uMqGKo10X4LVDZcw 126


Panga Drop.

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RYAN KAINALO

Ryan Kainalo rasgando com muito estilo.

PATROCÍNIO Billabong QUIVER 4’10”, 4’11”, 5’0” e 5’1” SURFISTA PREFERIDO GABRIEL MEDINA SHAPER MAYHEM SURFBOARDS RYAN KAINALO, 10 anos

MANOBRA PREFERIDA LAYBACK

Arq. Pessoal

NOVA GERAÇÃO


C

om apenas 10 anos, RYAN KAINALO já é considerado uma das maiores promessas da nova geração do surf no Brasil. Motivado pelo sucesso dos brasileiros no WCT, o moleque decidiu começar a competir cedo, com o sonho de um dia se tornar campeão mundial. E os resultados logo começaram a aparecer. “Eu sempre gostei muito de surfar e meu pai me empurrava nas ondas desde pequeno. Daí, comecei a competir e ganhei vários eventos. Minha maior dificuldade é a derrota, mas até que me saio bem quando perco, meu pai é que fica bravo!”, conta o surfista rindo. E o ano de 2016 está sendo muito especial para o atleta local de Ubatuba, com várias conquistas importantes. “Venci três etapas do Hang Loose Surf Attack, sendo bicampeão na Petit com uma etapa de antecedência. No carioca estadual, fiz final em todas as etapas e estou liderando duas categorias. Venci duas etapas do Ubatuba Pro Surf e também lidero duas categorias. E no campeonato do Gabriel Medina, venci duas categorias e recebi o troféu das mãos do meu ídolo. Foi demais!”, conta cheio de orgulho. Para não dar moleza para seus adversários dentro d’água, Ryan mantém uma rotina forte de treinos nas ondas de Itamambuca e nas do Guarujá. E, apesar da pouca idade, ele acumula na bagagem algumas surf trips, como Hawaii, Fernando de Noronha e Califórnia, e já planeja outra para o fim de temporada. “Vamos para o Hawaii, onde ficaremos por três meses. Mas devo ter duas competições na Califórnia antes disso”, diz o paulista, que se considera um competidor nato: “Gosto de estar na bateria e de toda aquela disputa.”

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HAWAII

Annibal

PRÓXIMO NÚMERO

Temporada havaiana.

EXPEDIENTE Editor Chefe: José Roberto Annibal - annibal@revistasurfar.com.br Editora: Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Redação: Luís Fillipe Rebel - luisfillipe@revistasurfar.com.br Patrick Villaça - patrick@revistasurfar.com.br Arte: João Marcelo - joaomarcelo@revistasurfar.com.br Colunista: Bruno Lemos Colaboradores edição - Fotos: Bruno Lemos, Cestari/WSL, Ed Sloane/ WSL, Fred Rozário, Heff/WSL, Henrique Pinguim, James Thisted, Leonardo Dale, Paulo Barcellos, @reina_andrade_, Richard Hallman/WSL, Smith/WSL, Steven Lippman, Tiago Navas e Tom Toledo. Vídeos: Mormaii/Angelo Possenti, @bidudigital, Bruno Lemos, Caio Faria, James Thisted, João Collor, @irairodrigues, Paulo Barcellos, Paulo Kid, @reina_andrade_, @scottseasmith, Surforama e WSL. Publicidade: Marcelo Souza Carmo - marcelo@revistasurfar.com.br Financeiro: Aline Andrade – financeiro@revistasurfar.com.br Jornalista Responsável: José Roberto Annibal - MTB 19.799

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A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep: 22793-000. Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 surfar@revistasurfar.com.br Surfar #51 é uma publicação da Forever Surf Editora.


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