#5 2
Noah Beschen, Pipeline.
SHARING
h a n g l o o s e
I A N G O UV E I A
. c o m . b r
A LO H A
VÃdeo: APP World Tour
MELHOR
Foto: Laser Wolf/DaHui
O havaiano Kai Mana Henry bem posicionado em Pipeline durante o Da Hui Shootout 2017. No ano passado, ele venceu Jamie O’Brien na final.
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A T T I T U D E - S I N C E 05
OS MELHORES PRODUTOS:
WQ FA @L NO
QSU RF .COM ACE BO OK/LOJASWQSURF LOJ AS WQSURF OS ME LHORES SHOOPING S
V A Q UEIRO
PEDRO RIBEIRO OFF THE WALL HAWAII
ÍNDICE
CAPA: Noah Beschen, Pipeline. Foto: Keale Lemos. Vídeo: Sidney Polansk. Shane Beschen passeando nos canudos do Backdoor. Foto: Lucca Biot.
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CLIQUE NO NÚMERO E VÁ DIRETO PARA A MATÉRIA
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7 DICAS PARA ONDAS GRANDES As aulas de surf continuam aqui na Surfar. Desta vez trouxemos três “professores” para dar algumas dicas que vão te fazer botar pra baixo no próximo swell.
PORTFÓLIO KEALE LEMOS Com DNA brasileiro, o havaiano herdou do pai o talento para a fotografia e já mostra resultados incríveis, um exemplo é a capa desta edição, sua segunda na Surfar.
PORTFÓLIO LUCCA BIOT Local de Itacoatiara e apaixonado por imagens aquáticas, Lucca é mais um talento que vem despontando no mercado dos fotógrafos de surf. Vale a pena conferir o feeling do garoto!
PALAVRA FINAL JADSON ANDRÉ Saiba como foi a saga do surfista potiguar para conseguir permanecer no circuito faltando apenas quatro etapas.
Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem
Quero ser campeão em Tóquio 2020, quando o surfe disputar as Olimpíadas pela primeira vez na história. Minha escolha eu já fiz: vou vencer jogando limpo. Sei que cada país tem uma regra diferente, mas a minha performance não depende de dopagem. Consulte o seu médico e a sua federação. GABRIEL MEDINA Campeão Mundial de Surfe
“
“
O controle de dopagem joga a seu favor. Protege vocĂŞ e protege o esporte. Saiba mais em abcd.gov.br.
#JOGOLIMPO
ROPAR
. E R P M E S OPAR
. A C N N
EDITORIAL NA ERA DIGITAL Ano novo sempre vem aquele sentimento de mudanças e, seja na parte profissional ou na pessoal, o importante é que seja para a gente evoluir cada vez mais em nossas vidas. E na Surfar não foi diferente. Há um ano, nessa mesma época, fizemos uma transformação radical na editora, saímos da mídia impressa para uma plataforma digital, onde a Revista Surfar passou a ser gratuita e online. Na plataforma digital, o trabalho não pode parar! São sete dias por semana, 24 horas por dia alimentando nosso site, Instagram e Facebook, sem deixar de lado, é claro, a produção da revista bimestral, de onde nasceu a editora da Surfar. Nesse primeiro ano fomos bastante exigidos pelos nossos leitores. Alguns que gostavam da revista impressa lamentavam o fim do papel, mas também recebemos muitos elogios pela coragem da mudança, pela interatividade com vídeos nas edições, por estar presente nos dispositivos móveis para toda a molecada. Já pelos nossos anunciantes fomos cobrados a mostrar os resultados com números e a manutenção de um conteúdo diferenciado, o que sempre foi a nossa força dentro de um cenário muito competitivo com mais outras duas revistas disputando o mercado. Apesar de todos esses momentos de “mar storm” que nós passamos, hoje temos a certeza que a escolha foi certa! Aumentamos em cinco vezes o número de leitores, fortalecendo ainda mais nossa plataforma digital e partindo para uma nova fase. Boas ondas e vamos todos pra dentro d’água surfar! por JOSÉ ROBERTO ANNIBAL
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Keale Lemos
Luel Felipe, Off The Wall.
Uma disputa entre dois big riders se resolve assim, no braço, ou melhor, na remada! Lucas Chumbo e o italiano Francisco Portella em NazarÊ, Portugal.
Vídeo: WSL
Foto: André Botelho/ Big Wave Awards 2017
PIOR
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Mais uma temporada chegou ao fim... Os tops do Circuito Mundial finalmente puderam tirar suas merecidas férias para curtir um pouco a folga das competições. E, é claro, aproveitaram para rechear os melhores momentos em suas redes sociais. Confira!
@y a g o d o r a acordando com o visual dos sonhos de qualquer surfista.
@f i l i p e t o l e d o aproveitou as férias para deixar as ondas um pouco de lado e “surfar” na neve.
@m i g u e l p u p o s u r f segue o “embalo� de Filipe Toledo e agora vai ser o papai da vez.
@p h i l r a j z m a n comemorando o bicampeonato mundial de longboard na China.
@j e s s e _ m e n d e s praticando surf sincronizado com sua namorada, a top do WCT @tatiwest.
@j a d s o n a n d r e o f i c i a l finalmente consegue relaxar apĂłs um final de temporada bem agitado em 2016.
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@g a b r i e l m e d i n a aproveita as férias na casa do amigo Neymar Jr para brincar de “Mario Kart” na onda formada pelo iate.
@c a i o i b e l l i se divertindo com a namorada @alessaquizon no Hawaii.
@w i g g o l l y trocou a água quente e os tubos havaianos para praticar snowboard.
@i a n g o u v e i a precisou de um lugar para guardar suas parafinas. Será que sua filha gostou?!
Não deixe de ficar por dentro de tudo que acontece no mundo do surf. Siga @surfar no Instagram.
CR E ATO RS
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I N N OVATO RS
C A M
R I C H A R D S
G a r d e n C it y B oa r d s h o r t C ol l e c t i on vissla.com /visslabrasil
FUNCIONÁRIO DO MÊS
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Foto: Cestari/ WSL
Aos 18 anos de idade, o australiano Ethan Ewing terminou 2016 com motivos de sobra para comemorar. Se classificou para elite mundial na segunda posição do QS logo em sua primeira participação! E mal este ano começou, ele sagrou-se campeão mundial Pro Junior de 2017 na Austrália. Nesta temporada, Ethan será o mais jovem dentre os 34 surfistas que vão disputar o WCT. Esse moleque vai dar trabalho!
# DESURFISTAPARASURFAR
Quer ver sua foto na Revista Surfar? Siga @surfar + @lostbrasil e marque suas postagens com a hashtag #desurfistaprasurfar e @lostbrasil. As cinco melhores serão publicadas nesta coluna. De quebra, levam um kit ...LOST de roupas cada uma.
@BERNARDO.MX –– “Luzes tropicais em águas capixabas.”
@lostbrasil lostenterprisesBR lost.com.br
@D O R I C A R D O _ –– “À espera da série!”
@ F L AV I O M O N T E I R O –– “Remei ‘sem medo’ e coloquei no maior túnel que já vi!”
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@ R A FA E L S A N TO S C N –– “Final de tarde mágico de altas ondas!”
@R A P H A E L R E I S 9 3 –– “Mesmo sem patrocinador, sigo em busca do meu sonho de me tornar surfista profissional.”
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INSTAGRAM FEMININO
@hugosilvaphoto / Red BullContentpool
2017 finalmente chegou e com ele as merecidas férias.... Mas mesmo longe das competições, as tops não deixam de lado sua grande paixão: as ondas! Veja o que as melhores surfistas do mundo e freesurfers andam aprontando pelos picos do mundo afora. Com certeza garantia de show de surf e beleza recheando as redes sociais.
@nikkivandijk aproveita o belo visual de Kingscliff Beach, Austrália, para praticar yôga antes da session.
@maya não encontrou maneira melhor de comemorar sua recuperação e partiu para uma sessão de big surf em Nazaré, Portugal.
Vídeo: @lemosimages
@silnabuco mostra que a mulherada também tem muita coragem, disposição e atitude quando o mar está grande.
@sally_fitz tirando seu “uniforme de trabalho” após a session. Será que alguém consegue reparar na onda quebrando lá no pico?
@alessaquizon mostra por que está entre as 15 melhores surfistas do planeta.
@juliamunizbr agradecendo por mais um novo ano que chegou.
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@chantallafurlanetto comemorando mais um dia de sol com altas ondas.
@xococoho se divertindo na piscina de ondas do amigo @kellyslater.
@karolribeiro mostra que não foi á toa que Saquarema foi escolhida como a nova parada brasileira do Circuito Mundial.
@johannedefay bem equipada para não deixar escapar nenhum momento da sua session nas ondas havaianas.
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Q UA N D O O A S S U N TO É SURFE, N I N G U É M VA I MAIS FUNDO QUE A GENTE.
SURFE O CANAL NA WEB: WO O H O O. C O M . B R
S U R F E - S K AT E - E N T R E V I S TA S - T R I P S - M Ú S I C A S - D O C U M E N T Á R I O S - LY F E S T Y L E
Rodolfo Santiago
NA MEDIDA
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5”1’ rabeta round 19 e 1/4 de largura e 2 3/8 de borda Pouco rocker Concave suave
Natural de Jaguaribe, Ceará, CÉSAR PEIXOTO sempre teve curiosidade de como se fabricava uma prancha de surf. E não demorou muito para se aventurar no mundo dos shapes. “Em 1992 havia quebrado minha prancha ao meio e minha mãe disse que aquela seria a última que me daria. A partir daí, comecei a consertar pranchas e depois veio como necessidade shapear minha própria prancha. Sem querer, ela foi o meu maior incentivo”, conta. Não demorou muito e César decidiu investir de vez na profissão, dando o pontapé inicial para uma consolidada carreira de shaper com sua marca. “Em agosto de 93, comecei realmente a shapear as pranchas com a marca Flora Surfboard. Antes disso, levava o bloco para outros shapers e fazia o resto da prancha, desde a pintura, laminação e o acabamento”, explica o cearense, Hoje aos 47 anos, César, que mora em Fortaleza, é considerado um dos melhores shapers do Nordeste e do Brasil. No currículo, 9.647 pranchas e vários atletas de renome em seu time, entre eles o conterrâneo ITIM SILVA, com quem já mantém uma parceria de sucesso há 13 anos.
Vídeo: Alexandre Lutz
NA MEDIDA
I T I M S I LVA P O R C É S A R F L O R A
E
m 2003, o Itim Silva se inseriu no âmbito do surf profissional, então passou a necessitar de um shaper local para aprimorar o estilo próprio de surf. Sempre busquei inovação nas pranchas que crio. Além de possuir a oportunidade de visitar e trabalhar em fábricas no Hawaii, Califórnia e Portugal, tive o prazer de conhecer shapers do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo
e Recife. Logo, procuro inserir a visão do atleta sobre as pranchas nas etapas do processo criativo combinado com a minha experiência. O resultado é fantástico, pois não nos delimitamos apenas às tendências mundiais, como também concebemos padrões exclusivos.
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Quando vamos produzir uma nova prancha, eu e o Itim analisamos os pontos a serem modifi-
cados usando outras já usadas por ele como referencial. Atualmente o quiver dele está composto por uma 6”2’, duas 6”1’, duas 5”11’ e uma 5”9’. Normalmente há uma variação na rabeta e no geral todas possuem mesma configuração de volume. Mas a que considero “mágica” é a 5”9’ promodel fish quad. Desde a primeira vez que ele surfou com ela, notamos a diferença em relação às outras que vinha usando. A partir deste momento, mudamos a distribuição das outras pranchas e dos outlines de todos os tamanhos de prancha do seu quiver.
Apesar da alta estatura que possui, o Itim demonstra fluidez e imprime velocidade em ondas
Alexandre Lutz
pequenas, possibilitando a execuções
Cesar e Itim, parceria de sucesso há 13 anos.
de aéreos com naturalidade. Ultimamente estou modificando algumas coisas nas pranchas dele, mesmo sem consultá-lo. Depois pergunto a opinião dele sobre as pranchas. Dessa forma, descubro se o resultado foi satisfatório. E a modificação mais significativa para 2017 será o leve recuamento do wide point relativo aos modelos anteriores e algumas alterações no rocker, tornando a prancha com o surf mais “solto” sem perder a estabilidade.
C
omeçamos nossa parceria no meio de 2003 quando decidir virar surfista profissional. O César
Vídeo: Danilo Lima @modeonfilmes
C É S A R F L O R A P O R I T I M S I LVA é um dos shapers mais profissionais do País, com a ousadia de sempre estar inovando. Foi bem engraçado quando fizemos a primeira prancha! O César achou que ela estava muito fina para mim e aí foi aquela briga: eu puxando a prancha e falando que estava top e ele puxando do outro
lado falando que não dava (risos)! Enfim, no dia seguinte eu já tinha competição no circuito estadual profissional, onde fiquei na terceira colocação, começando com pé direito na primeira prancha.
Na hora de produzir uma nova prancha, sempre estamos bem abertos nas nossas conversas e
deixo o César à vontade para fazer qualquer alteração. E quando vão sair duas pranchas novas, ele faz uma com as minhas medidas e uma com as dele. Mas ele sempre vence (risos)! Também sempre buscamos evoluir se baseando com a galera do tour mundial, tentando seguir suas tendências. Com isso,
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evoluímos juntos, ele no shape e eu tentando voar mais alto nos aéreos ou ficando mais profundos nos tubos.
Estou com um quiver muito top, cada prancha para uma condição de mar, mas o meu xodó
é uma 5”11’ rabeta round 19 e 1/4 de largura e 2 3/8 de borda. Com ela venci o circuito estadual cearense 2013 e algumas etapas de 2013 a 2016. zendo com que eu ande com rapidez e fluidez nas ondas apesar do meu tamanho (1,90). Eu nem a uso todo dia para não detonar a “bixinha”, apenas utilizo em competições.
E com relação às mudanças no meu qui-
ver este ano, deixo com o César que é um mestre na arte de shapear, então no que for inovar eu concordo com ele. Já meus planos são de competir algumas etapas do QS no Brasil, ir para Noronha agora no início do ano e pegar alguns tubos lá, além de uma trip internacional, provavelmente no México.
O cearense Itim Silva voando com estilo.
Israel Rodrigues
Muito rápida e fácil nas trocas de bordas, fa-
Vídeo: WSL/ Bruno Lemos Gavin Shigesato/ WSL
Lucas ‘Chumbo’ Chianca dropou essa bomba em Jaws no começo da sua carreira como big rider em 2015.
O que seria preciso para um surfista “normal”
começar a pegar ondas grandes? Coragem, disposição, superação e saber nadar muito bem, é claro! Certamente esses são os itens básicos para começar a brincadeira. Mas só isso não basta! Existem muitos outros fatores que influenciam no desempenho dentro d’água.
Então, para ir direto ao assunto, convidamos três
“professores” do big surf. O carioca Pedro Calado, o pernambucano Carlos Burle e o saquaremense Lucas ‘Chumbo’ Chianca vão dar as algumas dicas para você botar pra baixo no próximo big swell. por PATRICK VILLAÇA
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Fred Pompermayer
PREPARAÇÃO FÍSICA Pedro Calado - Faço treinamento específico de natação e de fortalecimento para o corpo, carrego peso debaixo d’água, procuro sempre me alongar e vou à academia, mas tudo sem exagero. Além disso, também possuo um fisioterapeuta que me acompanha durante meus treinamentos. Carlos Burle - Para surfar ondas grandes é preciso estar com o preparo físico em dia. Indico praticar exercícios que mantenham a musculatura forte, alongada e resistente. Também trabalhe exercícios cardiovasculares pelo menos três vezes na semana.
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Lucas Chumbo - Você tem que fazer exercícios para manter o corpo forte, alongamentos e treinos de apneia. Eu pratico yôga, academia, faço um funcional bem intensivo e estou sempre dentro d’água, já que nunca se sabe quando vai entrar o swell.
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Vídeo: Instagram/ @titansofmavericks
Lucas Chianca e Pedro Scooby dividindo uma bomba em Mavericks no início de novembro.
D I C A #
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PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA Pedro Calado - O psicológico está relacionado com o preparo físico. Têm atletas que fazem acompanhamento com psicólogos, mas não é o meu caso. Se eu estiver me sentindo bem, é o que vale para mim.
Tony Heff/ WSL
Carlos Burle - Para enfrentar ondas grandes é preciso ter um bom psicológico. Utilizar técnicas que ajudem a manter a mente equilibrada, calma e focada, por exemplo; yôga, meditação e visualização. Lucas Chumbo – É muito importante se manter calmo no mar, já que não tem como lutar contra uma onda de 50 pés, só relaxar e esperar ela passar. Faço yôga e alongamentos para ficar mais calmo num momento de adrenalina, principalmente quando as ondas ficam bem grandes.
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Vídeo: Bidu/ WSL
O melhor jeito de aprender é na prática. Calado desafiando a perigosa onda de Jaws na temporada 2015/2016.
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Bruno Aleixo
RISCOS Pedro Calado - Um dos maiores riscos é o afogamento, da onda te pegar e te deixar lá embaixo por muito tempo. Esse é o pior e mais famoso para quem está surfando onda grande. O principal para evitar problemas é treinar bastante natação. Também existem riscos de lesões, como se cortar com a quilha, água no pulmão... O nível do big surf está subindo, então, surgem novas contusões. Carlos Burle – Uma boa preparação física e treinos direcionados para aumentar a capacidade pulmonar ajudam a manter a calma e prolongar sua resistência. Use as novas tecnologias que auxiliam na flutuação extra que existem no mercado, você pode precisar. Sempre proteja a cabeça com os braços quando estiver tomando um caldo forte para evitar traumas e mantenha a musculatura forte e alongada. Clima, correntes, obstáculos, pedras, corais, ventos... Procure sempre se informar e faça uma leitura do ambiente antes de acessar as ondas. É mais importante saber sair do que entrar no mar.
VĂdeo: Bidu/ WSL
O veterano Carlos Burle nĂŁo perde um swell em NazarĂŠ. No final de 2016 o pernambucano ficou em segundo lugar na temida onda portuguesa.
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D I C A #
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DROP Carlos Burle - Fazer um drop em uma onda grande é sempre o momento mais crítico. É importante treinar muito a remada, pois ela é o grande segredo para realizar um bom drop. Pedro Calado - Com certeza o drop é a parte mais difícil da onda. Mas para ele ser bem sucedido é preciso ter um bom posicionamento e uma boa remada. Sem isso fica difícil de completar o drop.
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Cestari/ WSL Vídeo: WSL
Carlos Burle durante o Pe’ahi Challenge. O surfista é sempre presença certa no famoso evento de Jaws
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VACA
Pedro Calado – Essa é a hora de colocar todo o seu treinamento em prática. Em primeiro lugar, manter a calma, pois não tem como lutar contra a natureza. Então, o segredo é ficar concentrado, parado para não gastar energia, sempre usando o colete inflável e o de espuma esperando o momento certo para alguém te resgatar. Nessas condições extremas tem que ter um jet ski te vigiando em todos os instantes.
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Vídeo: Giora Koren/ XXL
Bidu
Essa imagem rodou o mundo. Pedro Calado numa das piores vacas da sua vida em Jaws.
Lucas Chumbo - A vaca é a pior coisa no surf de ondas grandes, pois você cai sem ar junto com a pressão inteira da onda. O caldo pode ser horrível ou bem rápido, então você tem que estar psicologicamente treinado para qualquer situação.
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EQUIPAMENTO Pedro Calado - Custa caro para surfar onda grande! É preciso ter uma boa estrutura para ficar seguro dentro d’água. Como primeiro equipamento, a dica de ter uma prancha boa para cada tipo de onda. Por exemplo, Jaws é bom ter uma prancha com mais área e borda. Eu uso uma 10”6’, mas tem gente caindo com pranchas menores. Também tem que ter um strep bom e seguro, um colete inflável e outro de espuma, além de um jet ski para fazer o resgate nos dias de ondas grandes. Esses equipamentos servem tanto para os principiantes quanto para os veteranos. Carlos Burle - A prancha é o equipamento mais importante para pegar ondas grandes. Então, invista e faça pranchas com os melhores shapers. Com certeza você será recompensado! Também é bom lembrar que a cordinha deve ser sempre maior que a prancha e de boa qualidade. Calado e Lucas prontos para encarar Mavericks.
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D I C A #
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PARA QUEM QUER COMEÇAR Pedro Calado - Primeiro de tudo você tem que gostar de estar no mar e sempre se superando, ter muito foco e determinação para estar sempre bem, além de treinar bastante. Carlos Burle - Se prepare e lembre-se: as coisas boas da vida levam um tempo para serem conquistadas! Vá com calma que você será recompensado!
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Vídeo: WSL
Keale Lemos
Pedro Calado dificilmente perde um bom swell em Jaws, onde surfou uma das maiores ondas da história do big surf
Lucas Chumbo – É fundamental amar o esporte e não fazer isso só por fazer porque, você pode se machucar e ter “conseqüências” pesadas. Então, fazendo algo que você ama é mais fácil de superar. Outra dica é procurar alguém que tenha uma experiência para estar junto de você. Bater cabeça para aprender é muito ruim, pois você pode levar um caldão, se machucar... E com uma pessoa experiência por trás você acaba se saindo melhor.
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PORTFÓLIOS
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eale emos
FOTÓGRAFO e VÍDEOMAKER
les fazem parte da nova geração de fotógrafos e videomakers de surf. Keale Lemos nasceu no Hawaii e Lucca Biot é local de Itacoatiara, Niterói, Rio de Janeiro. O que eles têm em
Matheus Werneck
comum? A paixão pelas imagens aquáticas em ondas tubulares!
Jessica Biot
FOTÓGRAFO e VÍDEOMAKER
Um fim de tarde perfeito em OTW.
PORTF
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FOTÓGRAFO e
por DÉBORAH FONTENEL
FÓLIO
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VIDEOMAKER
LLE e PATRICK VILLAÇA
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om DNA brasileiro, o havaiano K E A LE L E MOS herdou do pai o talento para a fotografia. Filho do fotógrafo e filmmaker Bruno Lemos, radicado há mais de duas décadas no Hawaii, ele não tinha como seguir por outro caminho. “Cresci no meio do surf, não tinha outro caminho para mim. Um belo dia peguei a Go Pro e fui nadar em Backdoor, fiz umas imagem boas e vi que levava jeito. Comecei a entrar mais vezes até que passei a pegar o equipamento do meu pai emprestado e, aos poucos, levei a parada a sério”, conta. Mas mesmo com um “professor” dentro de casa, Keale no início encontrou dificuldade. “Demorei um pouco para entender as configurações da câmera. Meu pai me ensinou bastante, aprendi muito na prática e também no Youtube”, explica. Nascido e criado no Hawaii, o local do North Shore, não poderia ter começado melhor na carreira de fotógrafo e videomaker. “O North Shore é a meca do surf, então já comecei minha trajetória na fotografia num lugar que tem as melhores ondas e com os melhores surfistas. Além disso, por ser criado aqui, eu já tinha noção e conhecimento dos picos quando comecei a fotografar”, fala. Mas a disputa no outside não é moleza e Keale sabe muito bem disso como morador do local: “Na temporada havaiana, fotógrafos do mundo inteiro e de todos os níveis vêm para o North Shore. Todos que estão no mar em Pipeline buscam fazer uma imagem melhor do que a pessoa do lado e, ao chegar em casa, todo mundo manda as fotos para os mesmos meios especializados do surf. É uma loucura!”
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Keale Lemos
Bruno Baroni, Hawaii.
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Kiron Jabour sabe muito bem como pegar um tubo perfeito no Hawaii.
“Fotografia para mim é uma forma de guardar momentos únicos que poucas pessoas têm o privilégio de presenciar!”
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Quando o mar sobe no Hawaii, Jamie O´Brian é figura certa no outside de Pipeline.
Apesar de morar num dos melhores e mais disputados picos para fotografar e filmar, o havaiano também quer conhecer novos lugares ao redor do planeta: “Sempre gostei muito de fazer foto em Off The Wall e Pipe, mas gostaria de ir para lugares como o Tahiti que, além da beleza natural e água cristalina, tem altos tubos. Gostaria também de fotografar picos como Puerto Escondido, Desert Point e Nias.” E quem pensa que por ser filho de um experiente fotógrafo Keale nunca passou por nenhum sufoco dentro d’água, está muito enganado. “Quem já tomou uma onda em Pipe sabe: é sinistro! Já tomei uma que me senti com num acidente de carro violento, depois tomei a onda que veio atrás, mas consegui sair da água na boa. Graças a Deus nunca passei um perrengue muito bizarro de quase me afogar ou bater no coral”, diz o jovem. Hoje, aos 21 de idade e com dois anos e meio de carreira, Keale Lemos vem registrando mais momentos alucinantes e importantes no meio do surf, entre eles, podemos citar a foto de Gabriel Medina segurando a taça ao conquistar o título mundial da temporada 2014, que foi capa da edição # 41 da Surfar. No entanto, mesmo cada vez mais bem sucedido e contando com o apoio dentro de casa, ele também procura outros caminhos. “Meus pais sempre me apoiaram, mas concordam que não devo viver somente da fotografia. Estou estudando para ser bombeiro, que é um trabalho muito bom aqui no Hawaii e vai me dar a oportunidade de continuar trabalhando com foto”, conta.
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NASCIDO
KA HU K U , H AWAII, 1996
RESIDÊNCIA ATUAL
N O RT H S H O R E, O AH U , H AWA II
TEMPO DE CARREIRA D OIS A N O S E MEI O
EQUIPAMENTO
SO N Y A 6 3 0 0, SA MYA N G 8 M M , SO N Y 5 0 M M , SO N Y 1 6 M M , CAIXA ESTANQUE L IQU I D E Y E C6300 N
MELHOR PICO PRA FOTOGRAFAR / FIL MAR O FF T H E WA LL
MELHOR TRIP
CO MO F OTÓ GR A FO N EN H U M A T R IP A IN DA , M A S CO MO S UR F I STA EM NI A S
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Luel Felipe relaxado nos cilindros do Backdoor.
“O North Shore é a meca do surf, então já comecei minha trajetória na fotografia num lugar que tem as melhores ondas e com os melhores surfistas.”
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FOTÓGRAFO e VIDEOMAKER
Nem sempre tudo dá certo em Pipeline. Chris Ward vacando numa bomba.
CAPAS PUBLICADAS
S URFAR #41, COM O MEDINA S EGURANDO A TAÇA DE CAMP EÃO MUNDIAL 2014
MELHORES SURFISTAS PARA FOTOGRAFAR/ FILMAR NENHUM EM PART ICUL AR
INFLUÊNCIAS
DIOGO D’OREY, CHRIS BURKA R D, BRENT BIEL MANN, BEN THOUARD, Z AK NOYL E
QUEM MAIS TE DÁ DICAS PARA FOTOGRAFAR / FILMAR MEU PAI BRUNO L EMOS
REDES SOCIAIS
@KEA LELEMOS (INSTA GRAM )
“Cresci vendo meu pai trabalhando com foto, então a fotografia foi algo natural para mim.” Keale, ainda pequeno, com seu pai Bruno.
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“Hoje a melhor forma de divulgar o trabalho é na mídia social. Sempre posto fotos no Instagram e já fiz alguns vídeos sobre meu trabalho, o que me deu bastante retorno.”
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Balaram Stack em Off The Wall.
“Não pretendo viver somente da fotografia. Estou estudando para ser bombeiro, que é um trabalho muito bom aqui no Hawaii e vai me dar a oportunidade de continuar trabalhando com foto.”
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As fechadeiras de Off The Wall renderam uma boa foto paraTyler Newton.
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“Troquei minha antiga câmera recentemente por uma Sony a6300, pequena com a qualidade de foto e vídeo muito boa. Também estou com a parceria da Liquid Eye, que está fazendo caixas estanques de alta qualidade, e estou super amarradão com meu equipamento.”
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O potiguar Italo Ferreira em OTW.
“Sempre soube que o mercado de vídeo é maior que o de foto e só precisava de um equipamento que eu pudesse fazer os dois com qualidade. Agora que peguei essa câmera, eu estou conseguindo fazer isso.”
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FOTÓGRAFO e VIDEOMAKER
QUA L A IM AG E M PERF EITA PRA VO CÊ? Procuro muito fazer ângulos diferentes de fisheye, visão do tubo e ângulos de baixo. Mas a melhor imagem é sempre a que estar por vir.
As direitas de Off The Wall nem sempre têm uma saída. Na onda,Johnny Noris.
A capa da edição #41 da Surfar foi a primeira feita pelo havaiano.
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PORTF
FOTÓGRAFO e
por DÉBORAH FONTENEL
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Wiggolly Dantas desfilando na passarela de Pipeline.
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empre tive o gosto pela prática de surf. Vendo todo aquele ambiente dentro d’água, criei dentro de mim uma vontade de ter aquilo tudo registrado, porque muitos daqueles momentos me impressionavam. E ver depois o resultado daquilo aumentava ainda mais minha vontade.” Foi assim que o jovem niteroiense LUCCA BIOT começou seu interesse pela fotografia, isso aos 17 anos. Logo ele decidiu comprar sua primeira câmera para dar o pontapé inicial em sua carreira e, apesar das dificuldades no começo, não se intimidou e seguiu em frente. “No início, eu tinha uma maior dificuldade por causa do meu equipamento. Tinha que me virar com minha Go Pro e era mais difícil disputar com aqueles que tinham um equipamento melhor. Entrar nos mares também é algo sempre desafiador, onde existem muitas dificuldades e medos”, conta. Hoje, dois anos depois, Lucca já conta com um equipamento mais completo e, segundo ele, ideal para fazer o que precisa, além de também estar alcançando novos voos coma a produção de vídeos. “Tenho uma Sony a6300, uma câmera excelente para fazer imagens em slow motion e em 4k, sendo excelente também para as fotos; e uso uma Nikon D7100 com mais prioridade.
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Lucca Biot.
Kelly Slater
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“Desde pequeno, eu gosto de praias e do esporte. Sempre fui muito apegado. Meu pai sempre surfou e também foi da praia. E um dos motivos da minha paixão por fotografia foi o surf e esse tipo de estilo de vida.”
Pipeline
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Para essas duas câmeras, utilizo caixas estanques da SPL para poder fazer as imagens aquáticas. Tenho também uma Go Pro Hero 5, que é uma câmera mais versátil e muito boa também. E para fechar, um drone para fazer as imagens aéreas”, diz Já com relação à produção de vídeos, o jovem niteroiense, de 19 anos de idade, também está investindo no mercado de “pilotos” de drones para suas filmagens. “Sempre achei muito legal as imagens aéreas e percebi que estava dando muito certo. Então, decidi comprar um drone e estou gostando muito. É mais uma coisa para dar uma variada no meu material e trazer um resultado ainda mais completo”, fala. Mas quem pensa que Lucca vai abandonar a fotografia pelos vídeos está muito enganado. “Sempre gostei tanto de fotografar como de filmar. Meu gosto maior é pela fotografia, mas produzir vídeos também despertou um grande interesse em mim. O mercado da fotografia está sendo substituído cada vez mais pelos vídeos. Isso também me motiva a fazer mais. Sempre gostei muito também de filmar e editar. É importante variar e trazer um material ainda mais completo”, explica Lucca, que investe nas redes sociais como principal forma de divulgar seu trabalho, conhecer pessoas do meio e fazer novos contatos.
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NASCIDO
NITER ÓI , RI O D E JAN EIR O - 1998
RESIDÊNCIA ATUAL
I TA C OAT I A RA, NITER Ó I, R IO DE JANEIRO
TEMPO DE CARREIRA DOIS A N O S
EQUIPAMENTO
S ON Y A 6 3 0 0 E NIKO N D 7 100, AMBAS COM C AIX A E S TA NQ U E SPL. G O PRO HERO 5. DRONE DJI P H AN TO M 4
MELHOR PICO PARA FILMAR
DIFÍC I L D I ZER U M . M AS O FF THE WAL L , H AWA I I E M GER AL, PR IN C IPAL MENT E O N OR T H S H O R E , E O SH O C K
MELHOR TRIP H AWA I I
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“Itacoatiara foi um lugar que me ajudou muito a fotografar. Considero uma onda muito pesada e, com certeza, qualquer um que convive com o pico leva uma vantagem consigo para os outros lugares.”
A paixão pela fotografia fez com que Lucca buscasse novos ângulos para fotografar.
PORTFÓLIO
FOTÓGRAFO e VIDEOMAKER
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Pedro Carraro aproveitando um swell no Rio de Janeiro.
MELHORES SURFISTAS PARA FOTOGRAFAR / FILMAR BRUNINHO S ANTOS , FEL IP E CES ARANO, P EDRO CARRARO, RAP HAEL REIS E P RINCIPAL MENTE OS S URFIS TAS QUE NÃO “P UXAM O BICO”
INFLUÊNCIAS
Z AK NOYL E, CL ARK L IT TL E, HENRIQUE P INGUIM, ENT RE OUTROS
QUEM MAIS TE DÁ DICAS PARA FOTOGRAFAR / FILMAR
TENHO MUITOS AMIGOS QUE S EMP RE CONVERS AM COMIGO S OBRE O AS S UNTO, DANDO DICAS E T ROCANDO CONHECIMENTO
REDES SOCIAIS
Henrique Pinguim/ Liquid Eye
@LU C C A BIOT
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“Para mim a imagem perfeita é aquela que junta uma ação extrema de um surfista com toda a beleza do lugar. É difícil dizer qual eu considero a melhor, mas posso pegar algumas como favoritas.”
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“O lugar que mais gostei de fotografar foi no Hawaii, um cardápio para os fotógrafos de surf. A pequena área que vai de Pipeline até Off The Wall é uma região que junta três picos perfeitos. Mas não posso deixar de falar também do Shock, uma laje incrível no quintal de casa, que também é um dos meus lugares favoritos.”
Lucca Biot
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Jamie O´Brien
“Tenho vontade de conhecer o máximo de lugares possíveis pelo mundo, principalmente aqueles não só com as ondas mais perfeitas, mas também de muita beleza natural. Lugares surpreendentes de diferentes culturas. Se fosse para dizer um agora, acho que escolheria o Tahiti, na Polinésia Francesa, mas especificamente Teahupoo.”
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PORTFÓLIO
FOTÓGRAFO e VIDEOMAKER
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“A última vez que entrei no Shock, o mar estava bem grande e tivemos que entrar de jet ski pela praia. Tentamos passar pela arrebentação algumas vezes, mas não paravam de vir séries enormes. Até que o Trekinho acelerou no melhor momento, passando por ondas que me jogaram de um lado para o outro no jet. Minha caixa voou da minha mão ficando presa só pelo strep. Mas chegamos bem no outside.”
Tradicional fim de tarde dourado em Waimea.
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Drone Hawaii
“Meu gosto maior é pela fotografia, mas produzir vídeos também despertou um grande interesse em mim. O mercado da fotografia está sendo substituído cada vez mais pelos vídeos. Isso também me motiva a fazer mais. Sempre gostei muito também de filmar e editar. É importante variar e trazer um material ainda mais completo.”
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“Sempre achei muito legal as imagens aéreas e percebi que estava dando muito certo. Então decidi comprar um drone e estou gostando muito. É mais uma coisa para dar uma variada no meu material e trazer um resultado ainda mais completo.”
Felipe Cesarano
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O QU E A FOTOGRA F I A SIGNIF ICA PARA VO CÊ? “Eternizar momentos que passem da melhor forma as emoções que foram vividas em determinadas situações.”
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PORTFÓLIO
FOTÓGRAFO e VIDEOMAKER
Ezekiel Lau no salão azul do Backdoor.
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Cestari/ WSL
A alegria de Jadson ao sair da bateria que garantiu a permanĂŞncia no circuito de 2017.
A SAGA DE JA D S O N A N D R É “Já é difícil estar na elite sem patrocínio, imagina fora?” Foi com esse pensamento que se deu início a saga de Jadson André, 26 anos, para se manter no WCT em 2017. E a missão não foi nada fácil. Sem bons resultados na primeira divisão, ele precisava nas quatro últimas etapas do Qualifying Series dar um salto da posição 174º no ranking para entrar na zona de classificação dos 10 primeiros do QS que garantem vaga na elite. Mas de onde tirar tanta inspiração em um ano inteiro sem um patrocínio principal e ainda sofrer com duas lesões na perna esquerda? Eis que, de repente, uma frase mudou a trajetória do surfista potiguar! Genésio Cabral, amigo de Jadson, disse: “Me surpreende você. Um cara que tem tanta fé em Deus falar que algo é impossível!”. E essa mensagem ficou na cabeça do atleta. “Isso ficou na minha mente e fui buscar pelo QS”, contou Jadson André. O potiguar conseguiu atingir o feito histórico obtendo seus melhores resultados nos últimos quatro eventos (2º no Hang Loose em SC, 7° no Vans World Cup e 5º no Hawaii Pro, ambos no Hawaii, e 9º no Billabong Pro Cascais em Portugal), chegando na oitava posição da divisão de acesso e alcançando, assim, a permanência e seu sétimo ano no Circuito Mundial. por João Pedro Rocha
COMO FOI COMPETIR DESDE O INÍCIO DO ANO PASSADO SEM UM PATROCÍNIO PRINCIPAL? Foi e ainda está sendo difícil! Mas se você não focar em fazer o seu da melhor forma possível, vai se prejudicar mais ainda. Continuo na missão, mas, sem dúvida, o meu foco é treinar, independentemente de ter ou não patrocínio!
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A SAGA D E JAD S O N AN DR É Smorigo/ WSL
PALAVRA FINAL
Jadson André comemorando o vice-campeonato no Hang Loose Pro Contest, etapa que deu o início da arrancada histórica.
MUITAS LESÕES, SEM PATROCÍNIO... COMO FOI SUPERAR TODOS ESSES DESAFIOS? A única coisa que se passava na minha cabeça era que se eu ficasse de fora iria ser a pior coisa na minha carreira. Já é difícil estar na elite sem patrocínio, imagina fora?! Então, me apeguei na fé e em momento algum desisti. No fundo eu sentia que iria conseguir de alguma forma, seria lá no QS ou no WCT. Mas dentro de mim algo mais forte falava para eu ir para cima.
E QUAL TRABALHO FÍSICO VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARA NÃO VOLTAR A TER LESÕES? É o mesmo trabalho de sempre, o treino funcional que evita lesões e fortalece. A onda que me machuquei em Bells Beach foi uma muito grande e uma sessão bem pesada. Uma fatalidade mesmo! E a lesão do joelho foi consequência da lesão do tornozelo. Estou me tratando com o Fernando da FC Fisio e fazendo os meus treinos físicos com o Rafael Wan Der, que são dois atletas super profissionais..
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Antes de fazer a final em Santa Catarina, o meu foco era mesmo no WCT, sendo que depois daquela minha bateria contra o Julian Wilson, um amigo meu chamado Genésio Cabral me disse que ainda tinha o QS. E respondi para ele: “É impossível eu me classificar pelo QS’’. Daí ele me deu uma resposta que ficou na minha cabeça até o final: “Me surpreende você. Um cara que tem tanta fé em Deus falar que algo é impossível!’’. Isso ficou na minha mente e fui buscar pelo QS.
Poullenot/ WSL
Em ação durante a etapa do mundial em Portugal.
Vídeo e foto: James Thisted
SEUS MELHORES RESULTADOS FORAM JUSTAMENTE NAS TRÊS ÚLTIMAS ETAPAS, HANG LOOSE, VANS WORLD CUP E HAWAII PRO. DE ONDE VEIO TODA ESSA FORÇA?
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VOCÊ CONSEGUIU RESULTADOS IMPORTANTES EM ETAPAS DISTINTAS EM 2016. QUE TIPO DE ONDA ACHA QUE SEU SURF SE ENCAIXA MAIS NO MOMENTO? Quando apareci no Circuito Mundial, eu era conhecido como um surfista bom em ondas razoáveis. Até concordo, mas os tipos de ondas que mais gosto são as grandes, pesadas e tubulares. Acredito que o meu surf se encaixa melhor em ondas como Tahiti, Fiji, Pipe e até mesmo na perna europeia quando as condições ficam grandes e tubulares.
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Henrique Pinguim/ Liquid Eye
Smorigo/ WSL
O potiguar fez bonito nas ondas da Joaquina.
O QUE PASSOU PELA SUA CABEÇA DURANTE A ETAPA DE SUNSET QUANDO FALTAVA UMA BATERIA PARA SE CLASSIFICAR? Na realidade, o evento de Sunset foi um dos mais incríveis da história do QS. Praticamente chegaram às fases finais oito atletas que poderiam se classificar. Eu era sempre o último a competir, todos foram passando e sempre jogando toda a pressão para cima de mim. A bateria contra o Joel, Jordy e Ethan foi, sem dúvida, a mais difícil. Eu só pensava em fazer o meu trabalho. Para ser sincero, não consigo lembrar alguns momentos antes dessa bateria, que por sinal foi a que me garantiu. Estava assistindo aos vídeos do último dia e havia várias imagens minhas me preparando que não me lembro. Eu estava muito focado, com muita vontade e fé que tudo iria dar certo.
Kirstin/ WSL
Jadson em JBay durante uma das suas melhores baterias do ano.
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E COMO SURGIU A PROMESSA DE VOLTAR PARA CASA USANDO A LYCRA? ESSE É O TIPO DE MICO QUE VALE A PENA PAGAR (RISOS)? Fiz essa promessa com o Mateus Navarro e o Gustavo Ramos. Disse que se me classificasse em Sunset, eu iria voltar para o Brasil com a lycra da classificação. Para falar a verdade, estava morrendo de vergonha! Mas é um mico que eu pago pelo resto da minha vida com todo orgulho (risos)!
CONTE-NOS TAMBÉM UM POUCO DA SUA BATERIA COM WIGGOLLY DANTAS EM J-BAY? Aquela bateria de J-Bay foi foda, muito apertada e é sempre difícil perder somando 17 pontos. Além disso, esse foi o segundo ano consecutivo que eu perdi em J-Bay somando 17. Não tem muito que falar, mas se for para perder somando 17, eu prefiro passar todas somando seis pontos (risos)!
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WSL
“Os tipos de ondas que mais gosto são as grandes, pesadas e tubulares. Acredito que o meu surf se encaixa melhor em ondas como Tahiti...” 107
PALAVRA FINAL
A SAGA D E JAD S O N AN DR É
Cestari/WSL
No Hawaiian Pro, onde ele manteve viva a luta pela permanência na elite.
COMO É SUA CONCENTRAÇÃO ANTES DAS BATERIAS? TEM ALGUM MANTRA PARA ENSINAR (RISOS)? Na realidade, depende da situação… Muitas vezes eu escuto músicas e nem sempre o mesmo ritmo. Às vezes ouço as evangélicas, DJ, outras para relaxar… Sempre depende do momento! Mas quando estou me sentindo super bem, eu fico bem de boa mesmo e nem música escuto.
A WSL FEZ UM VÍDEO SEU NO FIM DO ANO ENALTECENDO SUA ARRANCADA. COMO VOCÊ VÊ ESSE RECONHECIMENTO? Fiquei muito feliz com o reconhecimento da WSL! É muito gratificante quando o seu trabalho é reconhecido! Sem dúvida, os vídeos também me motivaram bastante para eu conseguir pular mais de setenta posições em quatro eventos.
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JÁ ESTÁ PENSANDO NA PREPARAÇÃO PARA O MUNDIAL QUE COMEÇA NO MÊS DE MARÇO NA GOLD COAST. QUAL ESTRATÉGIA PARA SURFAR BEM AQUELA ONDA? Já sim. São ondas incríveis, principalmente Bells e Gold. Mas não tem muito segredo! É pegar a onda certa que encaixa bem na bancada e quebrar. Tudo bem que Bells não é qualquer onda que um goofy vai quebrar. Este ano vou mais cedo e vou competir os dois QS que têm antes de começar as etapas do WCT.
E QUAIS LIÇÕES VOCÊ APRENDEU COM TANTAS DIFICULDADES PARA SE RECLASSIFICAR?
Cestari/WSL
Cara, na realidade, não me julgo por ter tido um ano difícil. Foi consequência das lesões e eu não estava 100% em nenhum evento desde março do ano passado. Posso garantir que a maior lição que tiro disso é que você NUNCA pode desistir e parar de lutar, porque tudo, absolutamente tudo, é possível!
Momento de êxtase de Jadson após boa onda em Sunset.
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PATROCÍNIO RIO SURF HOUSE APOIO ACQUA FITNESS, CANOA BRRJ, SEA CULT, FABIO QUADRA, SANAVITA, ESPAÇO INTEGRATIVO e COLÉGIO FUTURO VIP SURFISTA PREFERIDO TATIANA WESTON - WEBB LUARA THOMPSON, 17 anos
SHAPER BASE MANOBRA PREFERIDA RASGADA
@allangandraphotography
LUARA THOMPSON
Luara rasgando com estilo na praia do Recreio, seu quintal de casa.
Vídeo: Instagram
NOVA GERAÇÃO
L
ocal do Recreio dos Bandeirantes, LUARA THOMPSON, 17 anos, tem o surf no DNA. Sua irmã Mainá Thompson é bicampeã brasileira de Longboard e foi a principal influenciadora de Luara. E a carioca começou bem cedo nas ondas. “Comecei a minha história no esporte com três anos de idade. Minha família sempre me incentivou muito e, aos quatro, entrei nas competições e percebi que era isso o que eu queria”, conta. O ano de 2016 foi muito especial para a surfista do Recreio. Luara conquistou o título de campeã brasileira amadora e ainda teve a oportunidade de participar do campeonato mundial da categoria no Hawaii, onde terminou na quinta colocação. No entanto, o surf feminino sofre com a falta de patrocinadores e isso é um grande desafio para todas as meninas. “A minha maior dificuldade no surf é conseguir um patrocínio. Aqui no Brasil é muito mais difícil”, fala a surfista sobre o assunto. Mesmo com ótimos resultados na última temporada, a atleta carioca mostra humildade e acredita que ainda tem o que melhorar. “Não me acho 100% boa durante a competição, ainda posso melhorar em tudo. No momento, estou sem técnico, treinando sozinha, mas espero que tudo dê certo. Estou melhorando a cada treino e fazendo de tudo para evoluir”, diz. E quando o mar fica flat, Luara foca na parte física com academia e natação para melhorar seu rendimento dentro d’água. Para 2017 sua meta é competir todos os campeonatos importantes da sua categoria, evoluir no surf e conseguir um patrocínio principal.
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EXPEDIENTE
Colunista: Bruno Lemos. Colaboradores edição - Fotos: Alexandre Lutz, @allangrandaphotograph, André Botelho/Big WaveAwards 2017, Bidu, Bruno Aleixo, Cestari/WSL, Fred Pompermayer, Fred Rozário, Gavin Shigesato/WSL, Giora Koren/XXL, @hugosilvaphoto/red bull contest poll, Israel Rodrigues, Jessica Biot, Keale Lemos, Kirstin/WSL, Laser Wolf/DaHui, Lucca Biot, Mateus Werneck, Poullenot/WSL, Smorigo/WSL, Tony Heff/WSL, WSL . Vídeos: Alexandre Lutz, APP World Tour, Bidu/WSL, Bruno Lemos/WSL, Keale Lemos, @lemosimages, Lucca Biot, Sidney Polansky, @titannofmavericks, WSL.
A Revista Surfar pertence à Forever Surf Editora e as matérias assinadas não representam obrigatoriamente a opinião desta revista e sim de seus autores. Endereço para correspondência: Av. Ayrton Senna, 250, sala 209, Barra da Tijuca, Cep: 22793-000. Contato para publicidade: (21) 2433-0235 / 2480-4206 surfar@revistasurfar.com.br Surfar #52 é uma publicação da Forever Surf Editora.
Publicidade: Marcelo Souza Carmo - marcelo@revistasurfar.com.br Financeiro: Aline Andrade – financeiro@revistasurfar.com.br Jornalista Responsável: José Roberto Annibal - MTB 19.799
Felipe Cesarano caminhando sobre as pedras de Waimea, com um clássico visual havaiano ao fundo.
Lucca Biot
Editor Chefe: José Roberto Annibal - annibal@revistasurfar.com.br Editora: Déborah Fontenelle - deborah@revistasurfar.com.br Redação: Patrick Villaça - patrick@revistasurfar.com.br João Pedro Rocha – joaopedro@revistasurfar.com.br Arte: João Marcelo - joaomarcelo@revistasurfar.com.br